A série de história da tecnologia vai falar sobre um recurso que a gente usa muito hoje em dia, alguns dizem que até demais. Salvou trabalhos de escola, dúvidas no meio da conversa de bar e buscas que levariam bem mais tempo por outros meios. Eu tô falando dos buscadores, os mecanismos de pesquisa na internet.
E aqui você vai conhecer a origem deles, a evolução, os principais e também algumas novidades recentes. Antes, deixa aquele joinha porque a pesquisa tá completa, se inscreva para não perder mais conteúdos como esse e toca no sininho pra ser avisado na hora que tiver vídeo novo no ar. Beleza?
Então vamos lá para a história dos buscadores. Antes de começar a linha do tempo, é importante falar que desde os primeiros momentos da internet unificada e do padrão WWW, existiam listas com novas páginas que aos poucos eram criadas na rede e destacadas em servidores como o do CERN. Essa é a Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear, que foi uma das pioneiras na criação da internet.
Mas o primeiro buscador mesmo, o oficial, nasceu em 1990. O nome dele é Archie, um apelido simpático que é, ao mesmo tempo, a palavra "archive" sem a letra "v". Ele foi idealizado por um trio, Alan Emtage,Bill Heelan e Peter Deutsch, que eram estudantes universitários em Montreal.
Essa ferramenta baixava o diretório de arquivos em sites FTP e criava um banco de dados buscável Logo em seguida, em 91, veio o Gopher, que na verdade era um protocolo de comunicação criado pelo também universitário Mark McCahill. Ele era um menu que exibia conteúdos encontrados na internet a partir de títulos e nomes de arquivo, e gerou subcriações chamadas Veronica e Jughead. Já em setembro de 93 vem o W3Catalog, o primeiro mecanismo de busca de toda a World Wide Web, como o nome indica.
Ele foi inventado por um estudante da Universidade de Genebra, na Suíça, que era o mesmo cara do Jughead. O diferencial era um mecanismo de funcionamento que replicava as páginas para exibir os resultados mais rapidamente Ainda em 1993, temos outros pioneiros aparecendo. O JumpStation foi criado por um universitário da Escócia e usava um mecanismo já moderno de robô que vasculhava a web por palavras-chave, mas de um modo mais rudimentar.
Só durou um ano por falta de financiamento. Já o Wanderer foi criado no MIT e era pioneiro em capturar os endereços das páginas e criar uma base de dados com isso. O seu objetivo era fixo: medir o tamanho da internet naquela época, algo que ele só conseguiu dois anos depois.
Como você pode ver, os primeiros buscadores eram bem simples, com pesquisas limitadas em termos e espaço. A maioria era até feita manualmente, como se fossem listas telefônicas ou índices. A curadoria geralmente era feita pelos próprios responsáveis, com base na experiência deles ou em sugestões enviadas pelos usuários, com o catálogo crescendo.
E 1994 é o primeiro grande ano da história dos buscadores em inovação. Isso porque surgiram vários nomes grandes, começando com aquele que mudou os buscadores: o WebCrawler. Como o nome indica, ele vasculha qualquer palavra por qualquer página e armazena o resultado, sendo um dos primeiros que furou a bolha dos entusiastas de informática.
E o nome dele virou o padrão da tecnologia que faz o serviço de indexação de sites automaticamente. É nesse ano também que nasce o “Guia do jerry e david para a world wide web” por dois estudantes prodígio de Stanford. Não reconheceu?
Tudo bem, porque só um ano depois ele vira o Yahoo, uma das maiores empresas de internet dos próximos anos. Ele usa catalogação manual, como uma curadoria de luxo que era atualizada com o tempo. E virou o primeiro “buscador celebridade”, porque ser integrado nele era grande coisa.
Outro grande avanço veio do Archie Like Indexing for the Web, o Aliweb. O funcionamento dele era baseado no Archie, como o nome dedica, mas tinha novidades: os donos de sites enviavam arquivos com descrição e localização dos dados pra construir o acervo do buscador. E a partir da segunda metade da década, o mercado começa a perceber a importância desses sites.
O Lycos, que nasceu na universidade de Carnegie Mellon, foi a primeira empresa de busca a fazer a oferta pública de ações e era um dos sites mais visitados nos EUA até o fim do século. Já a AOL em 95 adquiriu o WebCrawler, provando que o negócios de buscadores movimentaria bastante dinheiro daqui pra frente. Já em 95 nasce o Excite, um portal norte-americano que também foi uma gigante desse período e incluía um mecanismo de busca.
E olha só quem aparece em setembro deste ano: o Servidor de Apontadores Portugueses, o SAPO, pioneiro buscador de Portugal, e o buscador brasileiro Cadê. Esse projeto de Gustavo Viberti e Fábio de Oliveira era simples e de operação manual, mas um sucesso no país, tanto que foi vendido para uma empresa de mídia e em 2002 acabou absorvido pelo Yahoo. Eu usei muito o Cadê nos meus primeiros anos de internet.
Anos mais tarde, nasceu outro nacional, o Aonde. O lendário Altavista também nasceu em dezembro de 95. Ele foi muito popular e tinha uma estrutura que o tornava mais rápido que os rivais, sendo o preferido de muita gente na época.
O crawler dele era mais rápido e eficiente, e ele foi um dos primeiros a adotar buscas por frases inteiras. Já virando o ano, em 96 o navegador Netscape, que era um dos líderes do mercado, fechou um contrato com cinco mecanismos de busca para eles serem o padrão de pesquisa no programa. Esse viraria um dos negócios mais lucrativos pra buscadores nas décadas seguintes.
Voltando para as negociações, a Excite compra o WebCrawler e começa a se consolidar. Em 97, nasce ainda o Ask Jeeves, que depois vira Ask. com.
Ele era baseado em um personagem que “respondia” as perguntas feitas em forma de pesquisa, supostamente em uma linguagem mais natural. Fora dos Estados Unidos, nasce no fim da década o russo Yandex, que vira o sinônimo de pesquisa no país, e o Naver, que fez o mesmo por algum tempo na Coreia do Sul. E 1998 marca outra gigante entrando nessa guerra.
É o MSN Search, primeiro usando base de outro buscador, o Inktomi, e depois virando independente. Mas a Microsoft ficaria bem mais discreta nessa área por uns bons anos. E esse ano é marcado por outra fundação.
Em setembro, os estudantes Larry page e Sergey Brin lançam oficialmente o Google, que virou “o” sinônimo de pesquisa na internet em poucos anos. O projeto universitário começou em desenvolvimento 2 anos antes e o "crawler" dele era superior aos demais, com um ranqueamento que dava pontos para as páginas de acordo com certos requisitos, tipo número de menções e links. Esse algoritmo foi batizado de PageRank.
Outro diferencial da plataforma é o Google AdWords, que permitiu um esquema de monetização das pesquisas com anúncios. As pesquisas são personalizadas com resultados comprados de acordo com as palavras-chave usadas, e essa foi a única fonte de receita da empresa por um bom tempo. A gente já contou a longa história da Google em um episódio aqui do canal.
E tem novidade vinda da China também. Em 2000, um pesquisador chamado Robin Li criou um algoritmo de ranqueamento de sites dois anos antes do nascimento do Google e esse mecanismo foi uma das inspirações pro Larry Page. O próprio Li abriu uma empresa de pesquisas na internet e o nome dele talvez te cause alguns calafrios: é o Baidu.
Hoje, essa é uma gigante local de tecnologia, com pesquisas inclusive em carros autônomos e inteligência artificial. Do outro lado do mundo, a bolha pontocom que estoura em 2001 faz vários buscadores menores morrerem ou encolherem. Cada vez mais, sobram só os mais poderosos, os que tinham uma empresa mais estruturada por trás.
E por que só limitar as buscas por texto? Essa é uma história clássica: no Grammy de 2000, a cantora e atriz Jennifer Lopez chamou atenção ao usar um vestido Versace que foi a sensação do evento. Mas como achar essa peça no Google, só digitando e encontrando sites?
Em 12 de julho de 2001, nasce o Google Imagens para retornar resultados visuais. Esse começo de década marca ainda algumas decisões do Yahoo que serão importantes a longo prazo. Ele compra o motor de busca Inktomi e a Overture, dona do Altavista, em 2002 e 2003.
Isso permite que ele vire o seu próprio crawler, sendo que antes ele usava o motor do próprio rival Google. Nesse período, os dois viraram rivais ferrenhos e se encontraram em vários processos ao longo dos anos. Mas tem uma curiosidade aí: o Yahoo quase adquiriu o concorrente nessa época por um valor baixíssimo, em torno de 5 bilhões de dólares, mas os executivos na época acharam um preço alto demais.
De projetos diferenciados, podemos destacar o Wikia Search de 2004, que é uma inicativa do cofundador da Wikipédia, o Jimmy Wales. A ideia era legal, mas não deu muito certo e durou poucos anos. O que deu certo foi o DuckDuckGo, de 2008, um navegador focado em privacidade e que não rastreia os seus termos buscados para enviar para anunciantes ou usar para direcionar publicidade.
Já em junho de 2009 nasce o Bing, que um mês depois fecha parceria com o Yahoo já em decadência para ser o seu motor de busca. O Yahoo, aliás, rejeitou uma negociação para ser comprada pela Microsoft antes disso acontecer. O Bing nunca chegou a decolar absurdamente, mas virou uma alternativa válida.
A partir da década de 2010, passamos a ver novidades mais pontuais. Em 2010, o Inbenta Semantic Search Engine cria uma busca contextual com processamento natural de linguagem e Inteligência Artificial. E a Google implementa uma série de novidades.
Uma delas é o Panda, uma atualização no algoritmo de busca do Google que mirou reduzir spam e resultados ruins. Já em 2013 vem o Hummingbird, uma melhoria do algoritmo que permite buscas mais contextuais e que relacionavam objetos. Nesse meio tempo, em 2011 junto com o iPhone 4s, nasce a Siri e começa a era das assistentes pessoais integradas a buscadores.
E claro que as empresas do ramo nunca escaparam de polêmicas. O Google já foi expulso da China e a suposta colaboração desses mecanismos com questões de censura é frequente em alguns países. Além disso, o Google desembolsa muita grana para ser o buscador padrão em navegadores e dispositivos móveis, incluindo o iPhone, o que gera denúncias sobre supostas práticas anticompetitivas da marca.
E claro que tem debates ainda sobre que tipo de conteúdo circula nos resultados. Links que levam para pirataria e sites adultos acessíveis para menores de idade são temas frequentes de discussões e, agora em 2021, o STF negou o direito ao esquecimento no Brasil, o que significa que legalmente pessoas envolvidas em casos de grande repercussão não podem simplesmente optar por desaparecer dos resultados do Google. De um jeito ou de outro, isso passou a fazer parte das nossas vidas.
E agora? Bom, faz tempo que não temos revoluções na área, porque os buscadores já têm uma base que agora é sempre melhorada. As pesquisas atuais são totalmente contextuais, possuem vários filtros pra refinar ainda mais os resultados e conseguem achar qualquer canto da internet.
Otimizar conteúdos para que eles sejam melhor ranqueados virou um grande setor da comunicação digital e do marketing e o profissional de SEO, sigla para Search Engine Optimization, é super requisitado hoje em dia. Além disso, busca por voz usando assistentes pessoais tipo Alexa e agora por câmera com tecnologia como o Google Lens também viraram alternativas para o velho costume de só digitar. E essa é a história dos buscadores, um mecanismo que vai muito além do Google tanto no passado quanto nas perspectivas pro futuro.
Se você quiser saber mais de uma empresa, produto ou serviço, deixa o seu comentário porque você sabe que a gente lê. Lembrando que esse é apenas um resumo, um recorte, e muita coisa fica de fora. As fontes utilizadas na construção desse roteiro estão aqui na descrição.
E não se esqueça de conferir a playlist do História da Tecnologia porque aquele vídeo que você tanto pede já pode ter sido postado por aqui. Até a próxima!