[Aplausos] bom antes de eu ser Hélio de la Penha eu era héo Antônio do Couto filho quer dizer Era não Ainda sou né Às vezes até me esqueço disso eu sou engenheiro de produção formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e hoje eu quero falar aqui desses dois Hélios inspirado num milenar chinês que eu mesmo inventei se a regra não te favorece seja uma exceção e eu quero contar aqui como eu um preto pobre suburbano me tornei essa exceção para isso a educação foi fundamental tal foi a ferramenta que eu usei como alavanca pra
minha mobilidade social primeiro quero saber aqui quem lembra de mim do tempo do planeta [Aplausos] Caramba aí ó a audiência aqui era boa hein isso a Globo não mostra Olha O Caceta começou em 1992 foi até 2012 sempre líder de audiência na maior emissora do país mas a minha vida começou muito antes disso eu nasci e fui criado na Vila da Penha Subúrbio carioca minha mãe era professora primária hoje fundamental um né meu pai era escriturário de uma empresa privada e eu estudei uma escola municipal no meu fundamental um ou primário né uma escola eh
pública no meu bairro e minha mãe foi quem me alfabetizou depois ela me colocou na sala das professoras mais rigorosas para meu desespero eu não sabia que aquilo ia me beneficiar no futuro e não só eu tinha que estudar meus amigos também tinham que estudar quando um deles batia lá em casa para me chamar para jogar bola minha mãe falava Ah pera aí o Elinho já vai mas chega aqui aí meu meu amigo tinha que entrar e fazer alguns deveres de casa com a gente em pouco tempo ninguém mais aparecia para me chamar para jogar
bola isso prejudicou um pouco a minha carreira de jogador de futebol mas abriu outras portas naquela época havia uma aprovação automática do primário para o ginásio ou seja do fundamental um fundamental dois a gente saía de uma escola municipal e ia para um colégio estadual Esse colégio para o qual Eu Fui aprovado ele não estava pronto o prédio ainda estava em obras e aí eu fui transferido para uma escola normal num outro bairro o v lobo e ali eu tinha que partilhar o meu horário e em vez de 4 horas de aula eu tinha apenas
duas eu completamente sem noção achava aquilo no máximo maor zona não tinha que estudar nada minha mãe ficou preocupada e recebeu o conselho de uma amiga dela também professora que falou olha Ô Rute o Elinho é um garoto estudioso sabe um ótimo aluno ele merece estar num colégio que dê a ele um ensino de qualidade Por que que você não procura o Colégio de São Bento minha mãe chegou em casa com essa novidade meu pai descartou no ato falou Ruti você tá louca né o São Bento é o Colégio dos filhos do meu patrão tem
menor condição Colégio caríssimo mas ela teimosa foi ao São Bento e conversou com o reitor lá o Dom Lourenço entendeu a situação e falou olha Vamos abrir uma exceção o a prova de admissão do colégio acontecia em setembro estávamos em março ele falou olha ele vai fazer uma prova se ele for bem vai poder estudar aqui e ela falou assim olha mas a gente não tem condição de pagar Esse colégio é caríssimo ele falou não tem problema se ele for bem na prova eu dou uma bolsa de estudos Não se preocupe ela ficou muito agradecida
agradeceu a ele ao seu santo padroeiro São Judas Tadeu tava saindo da sala de repente ela parou voltou falou ah tem uma coisa que eu precisava contar para senhor é que o meu filho Elinho ele como é que eu vou falar isso gente ele ele é negro Dom Lourenço olhou para minha mãe de cima a baixo e falou bom isso Eu já imaginava né minha senhora e ali começou uma mudança radical na minha vida sair da Vila da Penha para cair no mundo eu não fazia menor ideia do que era o Colégio de São Bento
não tinha noção de como viviam meus colegas muitos deles chegavam de carro com motorista onde eu tinha que pegar dois ônibus para estar lar e eu lembro que meu pai até tava a primeira vez que ele me deixou no colégio que eu sumi num longo corredor e ele não sabia o que acontecer na minha vida dali em diante era como se ele tivesse ficado na ponta dos pés e me colocado numa prateleira que ele não alcançava lá tava eu preto pobre suburbano completamente diferente dos meus colegas numa época em que você quer ser igual na
adolescência eu nunca tinha sofrido nenhum assim ato explícito de racismo mas o ambiente era era opressor eu me sentia desconfortável e a situação se agravava na aula de história quando o assunto era abolição da escravatura naquele momento passava pela minha cabeça ai meu Deus agora o pessoal vai descobrir que eu sou preto eu tinha vergonha da minha condição e inveja dos meus colegas todo da zona sul não branquinho né enfim muitos filhos de gente importante Poderosa por outro lado aquilo despertou em mim uma ambição Falei pô também queria ter uma vida bacana com esse pessoal
e eu ficava perdido ali naquele mundo né mas eh enfim achei que tinha que arrumar uma maneira e sem um um uma uma estratégia deliberada me dediquei aos estudos me tornei um dos melhores alunos do colégio e cheguei até a ganhar alguns concursos de matemática e tal e não tive dificuldade para passar pra faculdade de engenharia da UFRJ e entrar na universidade realmente abriu os meus horizontes conheci ali o Beto Silva o Marcelo Madureira a gente era da mesma turma e a gente atuava também no movimento infantil e resolvemos fazer um jornal de humor para
zoar com o pessoal do movimento e com questões da faculdade como Bandejão e outras coisas o ano era 1978 e esse primeiro jornalzinho que era a caceta Popular completa agora 45 anos Poucos Anos depois nós convidamos o Bussunda e o Cláudio Manuel para integrar a equipe e o o jornal cresceu se tornou uma revista foi distribuída nas bancas do Brasil e em 1988 nós fomos contratados para ser redatores de humor da TV Globo onde criamos o programa TV Pirata ali ficamos amigos de um pessoal que fazia um outro jornal de humor que era o planeta
diário a gente se juntou começou a fazer shows pelo Brasil e um desses shows foi assistido pelo diretor-geral da Lobo o bone que nos deu a oportunidade de ir pra frente das câmeras e ali surgiu o embrião do que veia ser o cassete planeta urgente um programa de humor onde os atores eram também autores eu demorei para refletir sobre a minha condição de um artista Preto ator e autor de um programa de humor líder de audiência na maior emissora do país eu enfim por ser autor eu tinha o controle sobre o que falar né e
no programa eu não ficava confinado aos a aqueles personagens estereotipados típicos dos Artistas pretos na época como ah ser um mendigo um ladrão um traficante eu no programa cheguei a fazer paródias de personagens de galões brancos como Fábio Assunção e até atrizes uma vez a malum Mader estava fazendo uma novela e ela fazia o papel de Maria Clara a gente fez a paródia dessa novela no nosso programa Quem seria Maria escura eu não tinha noção de que era referência para os meninos pretos que queriam ser alguém na vida inclusive era contra as cotas raciais nas
universidades eu pensava pô se eu me esforcei e cheguei lá todo mundo pode chegar não tinha assim consciência da minha condição de exceção na minha casa entendeu onde a gente tinha um ambiente em que meus pais eram casados presentes e que davam valor à educação mudei de União ao perceber que poucos pretos tinham o mesmo ponto de partida que eu bem enfim as coisas deram certo o programa Foi um sucesso e hoje eu tento retribuir à sociedade um pouco do que eu conquistei entre outras coisas eu tenho um projeto social de implantar bibliotecas comunitárias nas
favelas do Rio já temos duas em atividade eu quero que elas sejam modelo para outras salas para incentivar a leitura e mostrar que a educação e a cultura podem transformar a vida de um jovem bem quem acompanha minha trajetória atribui ao meu ao meu esforço e o meu talento o sucesso que eu consegui de fato modesta parte acho que mando bem mas antes disso teve meu pai e a minha mãe seu Hélio Dona rut que se esforçaram e sempre compreenderam o poder transformador da [Música] [Aplausos] [Música] Educação [Música] [Aplausos] [Música] [Música]