é de dentro da barriga do Herói a carne da perna do Curupira Responde ao seu nome sim você ouviu certo de dentro da barriga de um personagem a carne da perna de outro personagem fala a cobra preta chuva único peito desse mãe do mato que tinha acabado de dar à luz o recém-nascido chupa entanto bem que envenenado e morre se vira uma estrela no céu sério gente dá um close nesta imagem uma obra preta mamando um peito cheio de leite e uma personagem que virou uma estrela no céu que essa imagem uma criança morta e
se transforma em pé de guaraná Estas são apenas algumas das imagens fantásticas inventiva cê singulares de Macunaíma de Mário de Andrade Um clássico da literatura brasileira seja para entender ou desentendeu Brasil essa obra continua bastante a seguir no vídeo de hoje eu vou explorar a linda edição da tanto faz fica com vocês [Música] muita gente têm elogiado a capa do livro e eu concordo gente é uma das mais bonitas até agora quando eu bati os olhos eu fiquei fisgada por esses cajus aqui em movimento caindo pelo vermelho intenso e pela tipografia tão bonita só que
isso foi só o Começo porque assim que eu abrir o livro eu fiquei encantada com as ilustrações da Camile sproesser em cada começo de Capítulo do lado esquerdo tem uma ilustração de página inteira as cores estão maravilhosas e é uma mais linda do que a outra eu vou mostrar algumas das minhas preferidas e [Música] se esqueçam de Macunaíma precisava mesmo de muitas cores porque esse é um livro que pretende falar do Brasil mas com muitos problemas mas também muita diversidade muitos modos de falar de existir muitas cores muitas danças muito são muito exuberância nas suas
diversas paisagens e muitas possibilidades de interpretação Mário de Andrade um dos maiores nomes do modernismo brasileiro escreveu esse livro em apenas seis ou sete dias mas ele vinha fazendo pesquisas há muito mais tempo esse autor tem uma obra marcada por um experimentalismo radical e ele tinha um projeto ambicioso integrar o que ele chamava de Arte Popular a formação cultural brasileira eu vou explicar melhor assim como outros artistas do modernismo Mário de Andrade se incomodava com o fato de que a arte da sua época queria imitar os modelos vindos da Europa e desse jeito se tornavam
e elitista e excludente e porque excludente porque ela não abarcava as variadas expressões populares do Brasil de norte a sul segundo Mário de Andrade essas expressões eram que temos de mais valioso e por isso as expressões populares precisavam ser Integradas à formação cultural do país Mário de Andrade percebia que a arte não integrava a linguagem oral dos povos das ruas da vida cotidiana Mário de Andrade que es coletar registrar e assimilar as diversas expressões do povo brasileiro os nossos modos de dizer nossos modos de falas nossas expressões típicas E é claro que ele sabia que
no norte você fala diferente do Sul do centro-oeste do Nordeste e do sudeste ele queria conhecer e registrar todas essas diferenças esse livro é o ponto alto de todas as investigações de Mário de Andrade o livro em que Ele devorou misturou e transformou referências de todo o Brasil e uma curiosidade a descobrir sobre ele fazendo a pesquisa sobre sua própria ancestralidade filho de pai branco e mãe preta ele trazia em si essa Mistura isso provavelmente contribuiu para o seu espírito inquieto em relação às raízes EA formação do Brasil quem fala mais sobre tudo isso ou
seja sobre o lado o pesquisador de Mário de Andrade é o Pedro Fragelli especialista em literatura brasileira pela USP e é ele quem dá as vídeo-aulas que acompanha o livro Macunaíma é composto por muitos elementos diferentes recolhidos nas pesquisas do autor narrativas de descrições dos costumes indígenas registrados por vários naturalistas e pesquisadores diferentes tradições da cultura portuguesa tradições de matriz africana e também a cultura erudita como a famosa carta de Pero Vaz de Caminha inclusive Mário de Andrade faz uma sátira em cima dessa carta mas olha que curioso gente a inspiração principal veio de uma
obra escrita em ali o Mário de Andrade inclusive leu no original de Roraima ao Orinoco é um livro de um etnólogo alemão chamado Theodoro kok grinberg e foi publicado na Alemanha em 1917 o livro chegou nas mãos de Mário de Andrade e pouco tempo depois pedra em sua primeira visita ao Brasil viajou do Alto do Rio Negro até o Rio Orinoco na Venezuela entre 1911 e1913 foi nesta viagem que ele conheceu um Pajé e contador de histórias acumule do povo indígena taurepang foi com a kulick Teodoro compilou várias histórias sobre Macunaíma Conca essas histórias foram
depois utilizadas por Mário de Andrade mas vale dizer que para compor Macunaíma Mário se inspirou em várias outras histórias de outras culturas e aldeias indígenas o escritor Cristina o wapichana autor de um dos posfácios da edição da antofagica conta que Macunaíma faz parte de várias histórias e dos em vários povos indígenas que moram na região que hoje a gente chama Roraima a casa de Macunaíma inclusive é um Monte Roraima que fica na Tríplice fronteira entre Brasil Venezuela e Guiana E olha que bonito isso que Cristino wapichana diz em seu texto as histórias existem para serem
contadas e como um presente devem ser abertas de imediato para que os atos de alegria e cumplicidade entre o dar e receber se completem foi assim que Macunaíma foi presenteado a Teodoro não deve ter sido diferente quando o Mário as leu imaginam Teodoro sabia da força deste sagrado destes povos por isso apenas escreveu as palavras já colhi ditas com alegria sacralidade e verdade uns Extra ao céu dor anotou muita coisa as travessuras do Menino Deus Macunaíma o seu poder mágico de transformar Bichos em estátuas de pedra a cidade de morrer e ressuscitar e as Suas
Aventuras que podiam ir da Bondade a maldade em um instante Cristina o wapichana completa Macunaíma era tudo e fazia tudo já ao Macunaíma com cê de Mário de Andrade nasci à beira do rio Uraricoera um dos principais rios de Roraima e também passa por diversas transformações diversas metamorfoses tanto na mata quanto na cidade e olha a gente nesse livro Acontece muita coisa com Macunaíma com seus irmãos maanape jiguê com Venceslau Pietro Pietra e com vários outros personagens eu não vou nem tentar resumir a história porque quando a gente tá falando dessa obra não faz sentido
enredo é uma aventura mostrando a tentativa de Macunaíma de recuperar a Muiraquitã um Talismã Mágico que ele ganhou desse mãe do mato e que foi parar na cidade nas mãos de um rico fazendeiro O livro é um romance mas ele é composto por diversas fábulas que compõem o uma história mais é de Andrade dizia que o seu livro tinha uma estrutura Rhapsody dica ele fazer referência aos rapsodos antigos contadores de história da Grécia clássica Que levavam história de uma comunidade para outra sempre oralmente através da voz e falando em voz um dos aspectos que eu
mais gosto de Macunaíma e que mais me chama atenção é a sonoridade do livro Mário de Andrade usa muitas rimas expressões populares faz brincadeiras com sons e muitos termos das diferentes línguas indígenas brasileiras Olha só esse diálogo do capítulo muyrakitan o Capítulo 14 é uma conversa entre Macunaíma e um chofer faz três dias que não como semana que não escarro Adão foi feito de Barro sobrinho me dá um cigarro o chofer secundou Me desculpe meu parente cigarro não lhe dou a Palio fósforo goianio caiu na água se molhou pós free no casa fósforo e o
livro assim seja de palavras abreviadas Os Pequenos enigmas eu não vou dizer que é fácil mas pode ser uma brincadeira deliciosa e super engraçada talvez você já saiba que o subtítulo do livro é o herói sem nenhum caráter e o que significa no contexto da Obra de Mário de Andrade esse sem caráter o sujeito mentiroso desregrado que não responde pelas suas acções não é bem assim aqui caráter não tem a ver com moral como quando a gente fala ah esse sujeito não tem caráter aqui caráter tem muito mais a ver com característica com identidade ou
melhor com a falta de uma identidade única original tradicional Macunaíma o herói sem nenhum caráter representaria então um Brasil que não tem uma única identidade e olha que paradoxo interessante gente Porque Macunaíma é um herói sem um caráter único mas ao mesmo tempo ele é cheio de característica porque ele se transforma age e reage canta faz um monte de coisa É verdade aqui Macunaíma é diferente dos personagens indígenas que tinham Aparecido na literatura brasileira até então como Peri Iracema ambos os personagens de José de Alencar Será que Macunaíma contribuiu para a ideia equivocada do índio
como sujeito preguiçoso como um atraso para o progresso da civilização sugiro que você leia os textos de apoio da antofagica e Assista às vídeo aulas para tirar suas próprias conclusões além do posfácio de Cristino wapichana a edição traz mais três textos um deles eu achei especialmente inspirador das pesquisadoras Virgínia Amaral e Aparecida Villaça elas abordam a definição de humanidade dos pacaás novos um povo indígena que Mário de Andrade tentou conhecer em Rondônia eles definem a noção de humanidade a partir da ideia de transformação Ou seja somente os seres com capacidade de produzir um duplo desse
com outra forma são considerados humanos nessa categoria não estão somente as pessoas em visitas mais uma série de animais como porcos do mato macacos Quatis e peixes as pessoas enxergam Esses animais como bichos Mas eles se enxergam como humanos inclusive e fazendo festas enfeitando se e olha só as pessoas quando atraídas ou agredidas por esses animais produzem então um corpo animal e passam a lendário junto de seus novos companheiros Eu adorei conhecer um pouco mais da cosmovisão desse povo indígena tão diferente do humanismo eurocêntrico o professor de Literatura da PUC do Rio de Janeiro Frederico
Coelho também faz uma reflexão nos posfácios aprofundando alguns aspectos da linguagem do livro e especificamente do narrador a a essa edição conta com dois nomes super especiais o prefácio é do ator Antônio Fagundes e falar da sua relação com a obra e um dos posfácios é do cantor e compositor tropicalista São José o texto dele é muito e o inclusive terminar com um trechinho Mário de Andrade tem a genialidade de não edificar moral para nenhuma Instância de sua fábula não prescreve cabe ao leitor desta Saga original ligada para sempre ao Brasil constituir elaborar a moral
dela e agora eu quero saber vou sair do outro lado já leu Macunaíma pretende ler se leu gostou o link para você ter a sua edição da antofagica está aqui embaixo na descrição do vídeo A gente se vê na próxima quinta-feira com mais um vídeo tchau tchau [Música]