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Video Transcript:
Muito boa noite, meus caros! Sejam bem-vindos à nossa conversa de sexta-feira. Toda sexta-feira, às 21 horas, estamos aqui no canal, sempre trazendo algum tema referente à fé, à história, à cultura; enfim, temas que podem nos ajudar a crescer não só no nosso conhecimento, mas também na nossa fé, na nossa espiritualidade. Então, sejam todos muito bem-vindos! Para aqueles que já participam normalmente aqui do canal, já estão acostumados com o nosso esquema, então sejam muito bem-vindos! E para aqueles que estão chegando, fica aqui o meu convite para que vocês se inscrevam e ativem as notificações do
canal. Eu sou o professor Rafael Tonom, professor de Filosofia, professor de História, e é um prazer tê-lo aqui comigo. Nesta noite, falaremos sobre São Francisco de Sales. Hoje, dia 24 de janeiro, celebramos a memória de São Francisco de Sales, e não poderia ser diferente: vamos falar da biografia do santo em questão e também vamos tratar a respeito de alguns pensamentos, algumas contribuições que ele trouxe para a Igreja, legou à Igreja e que nós utilizamos até os dias de hoje. Então, essa vai ser a nossa temática nesta noite, tá bom? Muito bem! Então, dia 24 de
janeiro é sempre a festa litúrgica de São Francisco de Sales. Geralmente, a festa litúrgica dos santos fica estabelecida na data da morte do santo. Na tradição da Igreja Católica, nós chamamos a data da morte de um santo de "dies natalis". O "dies natalis" é o dia do nascimento; parece uma contradição, né? Falar de dia do nascimento exatamente no dia em que o santo morreu. Mas, na realidade, numa visão sobrenatural das coisas, é exatamente isso: o "dies natalis" é o dia em que o santo morre para este mundo e nasce para a vida que não tem
fim, nasce para a vida eterna. É o "dies natalis", ou seja, todo sofrimento acabou, as tentações acabaram. Agora é hora de receber o prêmio e continuar o trabalho, porque, na verdade, os santos não encerram a sua missão quando morrem; na verdade, eles se preparam aqui nesta vida, começam a missão, mas a missão se estende, se expande na vida que não tem fim, na vida eterna. Então, os santos no céu não estão lá estáticos, parados; pelo contrário, o que eles fazem o tempo todo é interceder pelas almas dos fiéis que estão no purgatório e interceder também
por aqueles que estão na Igreja militante, aqueles que estão vivos ainda neste mundo e que necessitam, portanto, da sua intercessão, da sua proteção, do seu auxílio. A Igreja, ao propor algumas pessoas como santas, ao canonizar ou beatificar uma pessoa, o que está dizendo é: a vida desta pessoa foi heroica, ou seja, uma pessoa que praticou as principais virtudes em grau heroico, e por isso esta pessoa pode servir de exemplo para os outros. É por isso que a vida dos santos deve ser irrepreensível, e a Igreja tem critérios muito objetivos, muito sérios, para poder estudar a
santidade de vida de uma pessoa. Atualmente, eu trabalho e ajudo numa causa de beatificação de um sacerdote falecido em São Paulo, mas a causa está na diocese de Santo Amaro, e eu ajudo ali na parte histórica da causa desse sacerdote. É interessante, né? Eu sou professor de História, então investigação histórica, reunir documentação, classificar documentos, isso eu sei fazer. Mas eu nunca tinha participado efetivamente de uma causa de beatificação. Eu não sabia, na prática, o que a Igreja exige; sabia assim, por alto, o que acontecia. Aí, comecei a trabalhar na causa desse sacerdote. Uma coisa muito
interessante é perceber os detalhes do processo. Quem está como postulador dessa causa? O que é o postulador? O postulador geralmente pode ser um sacerdote ou um leigo, mas deve ser uma pessoa que entenda do direito canônico, que entenda dos processos e das leis da Igreja. Então, o advogado canônico que toma conta dessa causa é o Dr. Paulo Vilotta, um italiano que trabalhou na causa de vários santos brasileiros, como Irmã Dulce, e vários dos nossos santos e beatos brasileiros, como Minha Chica e o Beato Padre Vittor de Três Pontas. Quando eu comecei a trabalhar nesse processo,
na causa juntamente com Paulo Vilotta, ele começou a nos explicar a respeito dos critérios de documentação. E ele contou alguns casos muito interessantes, muito curiosos, a respeito do critério da Igreja. Por exemplo, ele contou que, em um determinado processo que ele trabalhou, surgiu uma dúvida a respeito da conduta de um candidato aos altares. Numa determinada situação, era um sacerdote também; ele estava trabalhando na causa, e esse sacerdote deveria ter tomado uma providência para defender uma pessoa e não fez. Aí surgiu essa dúvida, e parecia ser uma omissão. O processo parou na hora; a causa foi
suspensa, e a Igreja falou: "não, enquanto não resolvermos essa questão, não se pode seguir com a causa." A Igreja faz uma investigação profunda, uma investigação muito bem documentada sobre a vida dessas pessoas que morrem em fama de santidade. Morrer em fama de santidade foi o caso de São Francisco de Sales e de tantos outros santos. Não significa que já é santo; é um bom indício. Outro bom indício são os exemplos que essa pessoa deixou, a conversão de vida desta pessoa e a conversão de vida das pessoas que tiveram contato com ela. Outro indício são as
graças alcançadas pelas pessoas que vão até o túmulo dessa pessoa, pedem a sua intercessão e alcançam as graças da parte de Deus. Então, a Igreja é muito criteriosa mesmo. E o que acontece? Tem pessoas que são boas, tem pessoas que certamente estão salvas, estão no... Céu, mas isso não significa que Deus, às vezes, queira esta pessoa canonizada, queira esta pessoa nos altares das igrejas como exemplos, né? Então, nem sempre, às vezes, a pessoa foi boa, a pessoa foi uma pessoa muito santa, é uma pessoa que vai ser lembrada na história da Igreja, mas não necessariamente
será canonizada. Então, quando a Igreja canoniza alguém, o que a Igreja está dizendo? Nós temos certeza moral, certeza objetiva, de que essa pessoa está no céu, está no céu pela sua vida, pelos testemunhos, pelo que as pessoas que conheceram a pessoa nos dizem, pelos testemunhos, pelos milagres. Não há como negar que essa pessoa esteja no céu. Então, a Igreja propõe estas pessoas como exemplos, como luzeiros. E é interessante que, na Igreja Católica, nós vemos santos de todo tipo, de todo jeito, toda condição social, todo temperamento, todo gênio, todo jeito. Tem santo de todo jeito. E
hoje nós vamos falar de um santo que era extremamente colérico. Era um homem de um ímpeto interior que, se não fosse dominado, ele passaria por cima de todo mundo. Era um homem de um gênio forte que tinha uma sinceridade que passava da conta, chegando, às vezes, a quase ofender as pessoas pela sua sinceridade, né? Era um homem irado, que tinha uma tendência a explodir, a falar tudo o que pensava. Então, vejam: o que esse homem era? Ele era isso que eu acabei de descrever, era de um temperamento difícil, colérico, mais inclinado à ira do que
à bondade e ao entendimento da situação do outro. Gênio difícil, uma pessoa que não era fácil de conviver com outras. Isso é o que ele era. Agora, o que ele se tornou? E aqui está o núcleo daquilo que a gente vai conversar hoje. O mais importante não é o que São Francisco de Sales era; o mais importante é o que ele se tornou. E São Francisco de Sales se tornou o doutor da mansidão e da alegria. Olha que coisa: ele se converteu a tal ponto que ele mudou aquilo que ele era por natureza, uma pessoa
irada, sem paciência, colérica, e ele se tornou manso, se tornou humilde, se tornou uma pessoa alegre, feliz, agradável. Isso é fruto do quê? Conversão. Conversão. Então, é por isso que a Igreja, quando propõe alguns santos como exemplos, é para nos mostrar que, se essas pessoas [Música] alcançaram essa conversão, alcançaram essa união com Deus, nós também podemos alcançar. E, aliás, é muito interessante quando nós olhamos para a vida de alguns santos. Às vezes, a gente começa a ver que eles tinham tantos defeitos e conseguiram se corrigir com a graça de Deus, que, quando a gente olha
para a gente, às vezes, a gente tem até menos defeitos do que alguns santos tinham. Então, quer dizer, isso também é para nos animar. Quando nós olhamos para a vida de santos que tinham muitos defeitos e superaram, se nós não temos tantos assim ou se não temos, pelo menos, os mesmos defeitos, é um ânimo para nós: nós também podemos alcançar. É por isso que a Igreja propõe estes modelos. Agora, olhar para a vida dos santos nos remete a quem? A Cristo. Por que essas pessoas se transformaram? Por causa de Cristo, para Cristo, para que Cristo
vivesse nelas. É esse o segredo. Você pode pegar a pessoa que seja assim mais pura, bem-intencionada no mundo; se ela não tiver a graça de Deus, a graça de Cristo, ela não conseguirá fazer coisas que só os santos fizeram. Quando nós olhamos para a vida dos santos, nós vemos o quanto essas pessoas foram humilhadas, o quantos santos foram perseguidos, o quantos santos foram tentados, justamente naqueles pecados onde eles eram mais frágeis. São Francisco de Sales, ele era irado, onde ele era mais tentado, exatamente nisso: sempre aparecia alguém fazendo alguma colocação fora de lugar, sempre aparecia
alguém o ofendendo, sempre aparecia alguém dizendo alguma coisa muito besta. Então, imagine uma pessoa sem paciência diante dessa situação. Qual é a reação natural? A explosão. Essa pessoa explode, essa pessoa avança sobre o outro, fala de tudo. Esse é o movimento natural. Onde ele era mais tentado, exatamente nisso, onde ele batalhou, exatamente neste defeito que ele tinha, e onde ele mais venceu e triunfou sobre o pecado. Aí, agora, isso só foi possível por causa de Cristo. Você pode pegar uma pessoa que não tenha fé; ela pode fazer coisas boas, ela pode, mas ela não tem
sentido sobrenatural. Ela vai até um certo ponto. Agora, aqueles que têm sentido sobrenatural não têm limite, eles vão até a morte, até derramar o próprio sangue. Por quê? Porque têm um sentido sobrenatural. A heroicidade dos santos nós não vamos encontrar em ninguém. Nós podemos pegar os grandes líderes mundiais, podemos pegar pessoas muito boas e o que eles fizeram certamente pode até ser um bem para a humanidade, mas não será algo profundo, algo arraigado, algo heroico como foi nos santos. Isso eu garanto para você. Então, quando a Igreja propõe alguém como modelo, é para nos mostrar:
olhe de onde esta pessoa saiu e onde ela chegou. São João Bosco dizia assim: aquilo que nós somos é um presente de Deus para nós. Nós temos qualidades, todos nós temos. Às vezes, a gente não percebe as qualidades; às vezes, é mais fácil nós percebermos os nossos erros e defeitos do que qualidades. Perceber qualidades é difícil, é um exercício difícil. Só que ser capaz de reconhecer as próprias qualidades é a virtude da humildade. Uma pessoa verdadeiramente humilde, ela consegue olhar para ela mesma e saber o que é qualidade e o que é defeito. E, geralmente,
nós conseguimos identificar muito bem os defeitos e temos dificuldade com as qualidades, porque nós não temos uma reta consciência de nós mesmos. Isso é o quê? Falta da virtude. Da humildade, e às vezes a gente pensa o contrário, né? Que olhar para as nossas qualidades é falta de humildade. Não, né? Ficar olhando para a qualidade... Ah, eu não tenho qualidade! Isso é soberba: você achar que não tem qualidade nenhuma, no fundo, no fundo é soberba, porque você quer se enganar. Quer pensar que é tão humilde que você é proibido de pensar nas suas próprias qualidades.
É soberba, é uma enganação, é uma enganação demoníaca. Agora, quando nós olhamos para nós mesmos e encaramos as qualidades, são presentes de Deus para nós. E tem determinadas qualidades que nós temos mesmo, né? Nós não desenvolvemos, nós temos. E às vezes, algumas coisas, se você parar para pensar, algumas qualidades, às vezes você tem desde criança, desde pequenininho. Você já era assim. Então, é muito interessante, né? Eu já trabalhei muito tempo com crianças em idades muito diferentes, né? E alguns alunos meus eu peguei desde pequenininhos até terminarem o ensino médio. Então, são crianças com quem eu
convivi durante anos da vida delas, e é interessante que algumas dessas crianças eu observava. Eu via as qualidades, né? Eu tive um aluno, um menino que era admirável. Ele, desde pequenininho, era assim. Até hoje, hoje em dia, ele é moço, tá na faculdade e continua do mesmo jeito. Graças a Deus, é uma qualidade: ele era extremamente honesto e não fugia das responsabilidades. Isso não é muito comum numa criança. Normalmente, a criança, para ter aprovação dos adultos, né? Para ser aceita, ela simula, ela mascara às vezes os sentimentos. Ele não. Às vezes eu chegava até ele
e dizia assim: "Você fez isso aqui porque...?" Né, o seu colega comentou. Ele não fugia. Ele às vezes, com muita vergonha, abaixava a cabeça e dizia: "Eu fiz". E eu falava às vezes para ele: "Mas por que você fez isso?" Ele dizia: "Ah, eu...". Ele era sincero, mesmo assim, e tinha uma capacidade de autoanálise impressionante. Ele falava e era pequeno, né? Na época que eu comecei a dar aula para ele, ele tinha coisa de 10 anos, e ele dizia assim: "Uma vez nós tínhamos uma situação em sala de aula de uma aluna com síndrome de
Down, e ele fez uma piada com essa aluna." E aí a menina veio falar para mim que ela ficou muito chateada. Eu falei: "Não, mas com razão, e é um absurdo o que ele fez. Eu vou conversar com ele." Eu cheguei até esse menino e falei assim: "Mas você foi fazer essa brincadeira com a menina; ela veio falar comigo." Ele abaixou a cabeça e falou: "É, eu fiz." E aí eu perguntei: "Por que você fez isso?" Ele disse assim: "Ah, porque eu queria que os meninos me achassem engraçado." E aí eu fiz uma piada com
ela e todo mundo riu. Aí eu perguntei para ele: "Mas você acha que foi bom? Valeu a pena você expor uma colega sua, humilhar uma colega sua só para que os outros rissem e achassem você legal?" Aí ele parou, pensou e falou: "Não." Eu falei: "E o que você me diz, né?" E disso aí, ele mesmo falou: "Vou pedir desculpas para ela." Ele foi e pediu desculpas pra menina. E aí, depois, eu não vi isso. Depois, os pais da menina me disseram que num outro dia, na saída dos alunos, era um menino pequeno fazendo isso.
O próprio menino foi até o pai da menina e falou: "Olha, tal dia eu fiz uma brincadeira com ela assim, assim. Eu queria pedir desculpas pro senhor." E ela não tinha nem falado nada em casa. Resolveu o problema na escola, né? E ela não tinha comentado nada, mas o menino foi e falou. Olha que grandeza! Isso é um dom, é uma virtude ali que Deus deu a ele. Então, nós temos qualidades que são nossas. Então, São João Bosco dizia o seguinte, né? Que aquilo que nós somos é um presente de Deus para nós, mas aquilo
que nós nos tornamos é o nosso presente para Deus. Quando nós olhamos para São Francisco de Sales, o que ele era? Um homem impetuoso. Isso é bom por um lado, porque pessoas que são mais impetuosas, têm um gênio mais forte, podem ser empreendedores, fazer acontecer, criar projetos. Podem usar isso como uma qualidade extraordinária. É um presente de Deus pra pessoa. Só que se a pessoa não medir isso bem, não calibrar bem isso, ela sai ofendendo a todo mundo, entendeu? Então, aquilo que é um bem pode se tornar o mal. Então, aquilo que nós somos é
um presente de Deus para nós, mas o que eu faço com aquilo que eu recebi de Deus, aí é o meu presente para Deus. É a Parábola dos Talentos. Lembra lá da Parábola dos Talentos, né? Que Jesus conta que um patrão ia viajar e entregou o dinheiro nas mãos dos empregados. Um fez render, outro fez render um pouco menos e o outro ficou com medo do patrão, foi lá, enterrou o talento e devolveu exatamente aquilo que recebeu. Foi medíocre, né? E aí nós sabemos qual é a conclusão, né? O patrão vai repreender esse que não
fez o talento render. Assim somos nós: nós recebemos de Deus talentos, dons que Deus nos dá e que devemos fazer frutificar. Aquilo que nós somos, Deus já nos deu. Aquilo que nós faremos com o que nós somos, aí é a nossa resposta para Deus. É certamente Deus não quer que a gente volte para ele com os mesmos dons que ele nos deu. Deus nos dá os dons como sementes e a gente tem que plantar. ...um magistrado. Por outro lado, sua mãe, Francisca de Sion, transmitiu-lhe a fé católica de forma profunda e sincera. Embora o pai
fosse um homem de negócios e tivesse grandes expectativas em relação ao filho – aos quais pretendia que seguisse uma carreira brilhante, seja na política, como diplomata e oficial de corte, seja na magistratura – a influência da mãe também era significativa, moldando a vida espiritual de São Francisco de Sales. Ele cresceu em um ambiente que lhe ofereceu uma educação refinada, tanto do ponto de vista religioso quanto humano. Desde a infância, ele teve uma formação sólida, que o preparou para os desafios futuros que enfrentaria em um mundo em transformação, repleto de conflitos religiosos e ideológicos. A trajetória
de São Francisco de Sales é um testemunho de como Deus suscita santos para guiar Seu povo em meio às adversidades. Ele se tornou um grande defensor da fé católica, promovendo o diálogo e a reconciliação em um tempo de divisões. Sua vida e obra continuam a inspirar muitos até hoje, mostrando que, mesmo em tempos difíceis, é possível cultivar a esperança e a verdade. Um juiz, né? E se notabilizar, né, como um juiz. Então, é, e isso era muito comum na época, né? Os pais geralmente, eh, escolhiam a profissão, escolhiam o casamento dos filhos. Isso era bastante
comum, então essa era a intenção. Desde cedo, Francisco Sales eh demonstrou uma inteligência e uma inclinação para as coisas de Deus, para as coisas da religião. Então, desde muito cedo, ele lia muita coisa relacionada à doutrina, à fé, à vida dos santos. Eh, então São Francisco de Sales, nós não podemos falar que houve, assim, uma grande conversão, uma grande guinada, porque ele sempre foi católico, sempre foi de família católica e tinha conhecimento da fé. Ele estudou no Colégio Jesuíta de Clermont, em Paris, né? Então foi aluno dos Jesuítas. Ele bebeu, né, da fonte da espiritualidade,
da cultura dos Jesuítas naquela primeira hora, né, da fundação da Companhia de Jesus. Santo Inácio de Loyola fundou a Companhia de Jesus em 1534, e São Francisco de Sales, ainda menino, estudou com os Jesuítas, inclusive estudou, foi aluno de muitos Jesuítas que tiveram contato direto com Santo Inácio. Então, beberam diretamente eh da espiritualidade do carisma de Santo Inácio de Loyola. Então, isso chegou até eh São Francisco de Sales, muito cedo, né? No Colégio dos Jesuítas de Clairmont, ele se aprofundou nos estudos de filosofia e teologia. Ele se interessava muito por isso. Depois, ele se formou
em Direito e, depois, ainda estudou humanidades na Universidade de Pádua, na Itália, a fim de atender às expectativas do pai. Então, em Pádua, ele vai se especializar, sobretudo, em filosofia. Já tinha formação em Direito, então era advogado também, tinha essa formação, e a pretensão do pai era de que ele se tornasse juiz. Eh, ele também recebeu doutorado em Direito canônico e civil, mas desde a sua adolescência sentia um forte chamado ao sacerdócio. Eh, e é interessante: ele era um filho muito obediente. Embora tivesse um gênio muito impetuoso, ele era muito obediente, eh, ao pai. E
ele pretendia eh não decepcionar o pai, não deixar de corresponder às expectativas do pai, mas o chamado ao sacerdócio foi se tornando cada vez mais insistente, né, no coração e na mente eh do jovem Francisco de Sales, que escondeu isso de todo mundo. Ele não falava da vocação nem pro pai, nem pra mãe. E ele segurou isso o quanto pôde durante o período em que estava em Pádua. Ele enfrentou uma profunda crise espiritual ao se convencer de que estava predestinado à condenação eterna. Porque isso, olha que interessante, era a época da Reforma Protestante, e caiu
nas mãos de Francisco de Sales alguns livros de disputas teológicas em que as teorias de João Calvino, o reformador protestante lá da Suíça, falavam sobre predestinação. Ou seja, aquela ideia, né, de que a pessoa está predestinada; Deus já determinou o número dos que vão se salvar e dos que vão se perder. E ele caiu, né, nessa conversa da predestinação, porque na teologia católica existe também uma ideia de predestinação, que a gente encontra na teologia de Santo Agostinho, mas é totalmente diferente da predestinação de João Calvino. Santo Agostinho fala, sim, de predestinação, mas com outra visão.
O que Santo Agostinho diz? Que Deus tem um plano para todo mundo, e é um plano de amor, de salvação. Agora, nós temos que corresponder a esse plano, e Deus já sabe das opções que nós temos, o que a gente pode escolher. Então, por isso que Deus, através da sua graça, vai nos mandando meios, formas de nos atrair para si, né? Então, é uma doutrina da predestinação, mas é bem diferente da de Calvino. A teoria da predestinação de Calvino eh já era mais taxativa. Dizia: "Não, se você está predestinado à perdição eterna, à danação eterna,
não adianta você praticar caridade". Não adianta. Então, é uma doutrina teológica que mata a esperança de salvação e beira aquele pecado que Jesus condenou veementemente no evangelho. Qual é o pecado que Jesus fala? O pecado contra o Espírito Santo. E o que é o pecado contra o Espírito Santo? É a pessoa duvidar da própria salvação. E a pessoa duvidar da própria salvação, a pessoa acreditar que não pode ser salva é como Judas Iscariotes. Judas Iscariotes traiu Jesus. Ele conhecia Jesus, ele traiu Jesus, assim como Pedro. Pedro também traiu Jesus, só que com uma diferença: Pedro
amava Jesus e foi fraco. Ele amava Jesus, ele foi fraco, ele traiu Jesus, ele diz que não conhecia Jesus por três vezes, mas Pedro, depois da ressurreição de Jesus, Jesus vem até ele e pergunta se ele o ama três vezes. Pedro confirma. O que Jesus está fazendo? Estava dando chance a Pedro de se redimir. Pedro negou três vezes e Jesus perguntou três vezes se ele o amava, ou seja, pela mesma porta por onde o pecado entrou, Jesus estava dando a graça para que o pecado saísse. E Pedro vai dizer: "Eu te amo, eu te amo,
Senhor. Tu sabes tudo, tu sabes que eu te amo". Então, Pedro confiou nesse perdão. Judas se desesperou e se enforcou. É o pecado contra o Espírito Santo. E o que essa visão teológica do Calvino começou a plantar na cabeça de muita gente? Um desespero em relação à salvação. Aí, muita gente pergunta assim: "Ah, mas como saber se eu cometi esse pecado?" É muito simples. Se você, quando ouve falar do pecado contra o Espírito Santo, tem medo de tê-lo cometido, você não cometeu, porque o temor de Deus está vivo em você. O problema é que a
pessoa que já caiu neste pecado já não tem medo de ter caído. Ela já abraçou, admitiu e aceitou esse pecado. Então, a pessoa que fica: "Nossa, será que eu cometi esse pecado?", pode ficar tranquila que não cometeu. Quando a pessoa comete, de fato, ela desespera-se da salvação. São Francisco de Sales, na juventude, ao ter contato com esses escritos, começou a entrar numa crise espiritual; e essa crise espiritual foi profunda na vida dele. Ele começou a acreditar que talvez estivesse destinado à condenação porque não via na vida dele sinais de santidade como esperava ver. E, na
verdade, né? Depois, anos mais tarde, ele mesmo vai se dar conta do que aconteceu com ele, o que era que estava acontecendo com ele: a imprudência das pessoas que estão começando na vida espiritual. Então, a pessoa pode ser jovem ou pode ser velha, mas, se a pessoa decide entrar num caminho de santidade, ela está começando. Ela pode ter 80 anos, mas, se tomou a decisão agora, ela está começando, assim como aquele que tem 15. Se tomou uma decisão de entrar no caminho da santidade, ele também está começando. Então, a idade cronológica, né? Nossa idade, né?
Aqui, neste mundo, né? Diante de Deus, não quer dizer muita coisa. Nós temos santos que se tornaram grandes santos vivendo 20 e poucos anos, e nós temos santos que se tornaram muitos santos vivendo 80, 90 e poucos anos. Para cada um, né? A santidade é conquistada num tempo, num momento, de acordo com a correspondência da pessoa à graça de Deus. Então, existe essa variação. E aí, o que vai acontecer? Francisco de Sales vai entrando nessa morbidez onde ele não rezava; ele foi secando espiritualmente, por quê? É a imprudência dos iniciantes. "Ah, eu não vejo fruto."
Realmente, você não vai ver frutos. "Ah, eu me decidi a rezar agora." Muito bem, se você rezar firmemente todos os dias, falando com Deus, você vai começar a ver os efeitos disso um ano, dois anos depois. O que Deus espera de nós? A perseverança em primeiro lugar. E por que Deus não fica mostrando frutos pra gente o tempo inteiro? Senão, nós ficamos orgulhosos e começamos a pensar que o fruto é porque somos muito bons, somos muito santos, somos maravilhosos. E aí a gente peca pela soberba e cai, e volta lá do começo de novo. Então,
por isso que Deus não mostra os nossos progressos para nós mesmos, para nos manter humildes. Mas o jovem Francisco de Sales não tinha ainda essa fineza espiritual que ele vai desenvolver depois, muito rápido, e vai se tornar o grande santo que ele é. E vai ajudar muita gente a ser santa, e ajuda até hoje. Os escritos de São Francisco de Sales nos ajudam até hoje; ele continua nos ensinando até hoje. Então, primeiro, ele começa a pensar que estaria predestinado à perdição. Depois, começa a ter sérias tentações em relação à existência de Deus: "Será que Deus
existe mesmo? Será que Deus me ouve mesmo? Será que tudo isso não é uma loucura? Não é uma invenção?" E aí ele lia muito obras de filosofia. Então, você vai pegando pensamentos conflitantes, porque filosofia é isso, né? Um filósofo defende uma coisa, outro defende outra, e o outro defende uma terceira coisa, discordando dos dois. E é assim. E, quando nós estudamos a filosofia, por meio da filosofia, você começa a ficar doido, porque são tantos pensamentos conflitantes entre si que você começa a se perguntar onde está a verdade, afinal de contas. E aí você pode cair
até num certo desespero de achar que a verdade não existe, que a verdade é relativa. A verdade é o que acontece com muita gente até hoje. Então, ele começou a entrar num estado de confusão. E aí, quem o salva desse estado de confusão? Nossa Senhora. Um dia, no auge dessa confusão, desse desespero espiritual, São Francisco de Sales vai até uma igreja e se coloca diante de uma imagem de Nossa Senhora, pede e reza como nunca tinha rezado antes, pedindo a Nossa Senhora para ser liberto desse desespero, desse tormento em que se encontrava. E diante da
imagem de Nossa Senhora, ele faz um voto muito interessante, muito curioso: ele faz o voto de crer em Deus, mesmo que Ele não exista. Olha que coisa! Ele diz assim: "Mesmo que Deus não existisse, eu fiz o voto de crer nele." E se, chegando ao fim, ele morresse e não tivesse nada, ele mesmo vai escrever isso: "Eu saberia que teria sido muito feliz, porque eu tinha um sentido para a minha vida. Viver sem sentido, viver sem uma certeza, é uma vida vazia." E olha que interessante: ele fez esse pedido a Nossa Senhora e fez esse
voto. Quando ele fez esse voto, as trevas que encobriam o pensamento do jovem Francisco de Sales dissiparam-se. Deus deu a ele, naquele momento, uma graça de um entendimento tão claro das coisas da fé, que aí ele recuperou a fé que tinha. Esses problemas cessaram e ele passou a ver que estava certo; ele estava no caminho certo, ele se salvaria. Deus dava a ele os meios de salvação: ele tinha Nossa Senhora, ele tinha os santos, ele tinha os sacramentos, ele tinha a Igreja, ele tinha a fé. Então, tudo aquilo se dissipou dentro da mente dele. Mas
olha que interessante, né? Deus permitiu, na vida dele, uma situação tão difícil, tão conflituosa, que Deus poderia ter resolvido facilmente. Mas o que Deus esperou? Um movimento da parte dele. Quando ele tomou essa decisão de ir até Nossa Senhora, de suplicar a Nossa Senhora que o salvasse dessa situação de desespero, e fez o voto de crer em Deus contra toda a razão. Então, teve um movimento interior. Como deu o passo? O que Deus fez? Deus deu a graça. Olha que interessante! E é exatamente assim que Deus age na nossa vida. Às vezes a gente pensa:
"Nossa, eu não..." Situação desesperadora. Eu, numa situação que não tem solução, eu rezo. Parece que eu não sou ouvido. O que Deus está esperando de você? Um movimento, um movimento interior. O que você vai fazer? Qual é a atitude que você vai tomar? E essa atitude não é fazer grandes coisas, não. Às vezes, é um movimento interior. Olha que simples! O que São Francisco de Sales fez? Ele fez o voto de acreditar em Deus e de pedir socorro, de ter a humildade de pedir socorro. Pronto! Ele pediu, e Deus deu essa graça. E aí a
coisa vai mudar, né? Esse tormento todo cessou quando ele rezou diante de uma imagem de Nossa Senhora, né? Como eu contei aqui para vocês, ele recitou diante da imagem de Nossa Senhora um ato de consagração a ela, entregando-se completamente à vontade de Deus. Ele disse que se entregava totalmente nas mãos de Deus e na vontade de Deus. E ele disse isso diante da imagem de Nossa Senhora: "Se Deus quiser me condenar e esta for a vontade dele, eu serei feliz porque é a vontade dele. E se Deus quiser me salvar, eu também serei feliz porque
é a vontade dele." Então, olha a coragem que ele teve! E aí, aquilo tudo se dissipou, e ele entendeu que Deus quer a salvação dele, como Deus quer a salvação de todo mundo. O problema não está em Deus, o problema está em nós. Deus quer salvar a todos, mas nem todos querem ser salvos. Tem gente que quer ficar no erro. Tem gente que quer ficar na enganação. Tem gente que se apega ao erro como se fosse verdade, por orgulho, se mantém ali, se aferra no erro e não quer ouvir nada. Não sei se vocês já
tiveram a oportunidade de discutir com alguém que não está a fim de conhecer a verdade. Você pode apresentar todos os argumentos possíveis, todos os argumentos do ponto de vista racional; nada, nada faz a pessoa mudar. Por quê? Porque a pessoa está afogada no próprio orgulho. Deus quer a salvação de todos, mas às vezes a pessoa não quer, e Deus respeita a liberdade da pessoa. A partir desse momento, ele vai sentir uma paz profunda; as coisas se resolvem dentro dele e aí ele toma uma decisão: "Eu preciso ser sacerdote. Eu tenho que responder à minha vocação."
E olha que interessante: um dos motivos que levou Francisco de Sales a essa grande crise foi justamente a confusão do pensamento que existia no tempo dele. Era uma época tão confusa! As ideias do protestantismo acabavam obscurecendo a inteligência de tanta gente. E o que ele pensou? "Eu tenho que fazer alguma coisa para ajudar as outras pessoas, para salvar os meus irmãos. Eu vou ser sacerdote." Quando nós olhamos para o nosso tempo, aqui no ano de 2025, se vocês olharem neste mundo da internet, de meu Deus, vocês vão encontrar um monte de teólogos de internet, um
monte de gente discutindo problemas teológicos, criticando o Papa, criticando a Igreja... Muitos, inclusive, muitos desses rapazes aqui, eu digo especialmente para os rapazes, para os homens que gastam o seu tempo nessas polêmicas: se rezassem mais e realmente pedissem a Deus uma graça, uma luz na sua inteligência para conhecer a sua própria vocação, certamente muitos desses rapazes economizariam essas energias para gastá-las entrando num seminário, num convento e se tornando padres. Como que você vai combater o mal que você percebe dentro da Igreja sendo padre? Então, muitos jovens fariam um bem muito maior à Igreja, entrando nos
seminários, estudando, suportando as dificuldades que existem ali dentro para serem depois bons sacerdotes, que no futuro vão atender confissões, vão abençoar o povo, vão celebrar os sacramentos com piedade, vão pregar a verdadeira doutrina da Igreja. O efeito espiritual disso é muito maior do que, às vezes, ficar debatendo e discutindo e entrando em brigas e polêmicas. É o que São Francisco de Sales fez. Ele falou: "O que posso fazer diante dos problemas do meu tempo? Me tornar sacerdote para combater exatamente aquilo que causa confusão na alma das pessoas, como causou na minha." Ele pensava assim. Então,
ele vai buscar a vocação dele, né? O que acontece? Em 1593, ele comunica ao pai o seu desejo de ser sacerdote, e o pai, obviamente, resistiu; não queria. Era o filho primogênito dele, o pai tinha 100 planos e projetos, já havia uma pretensão até de um casamento que poderia se mostrar muito interessante para a família de François de Bo. Porém, no fim das contas, em 1595, ele cedeu ao desejo do filho e permitiu que Francisco de Sales seguisse a sua vocação. Nessa altura, ele já tinha estudado filosofia e já tinha estudado teologia; ele já tinha
a formação necessária para um sacerdote, né? Então, por isso que a formação dele não foi tão demorada assim, foi relativamente rápida. Então, pouco tempo depois, ele foi ordenado sacerdote e rapidamente foi nomeado cônego da catedral de Annency. Annency fica dentro do território francês, perto da Suíça. Então, ele se tornou cônego de Annency. O seu bispo, o bispo de Francisco de Sales, que o ordenou inclusive sacerdote, reconheceu a sua capacidade e o enviou em missão à região do Chablé, que havia sido fortemente influenciada pela reforma protestante de João Calvino. João Calvino influenciou muito a região norte
da França e a região ali da Suíça e outros lugares também que depois foram aderindo a essas ideias de João Calvino. E essa região do Chablé, na França, contou com muitos pregadores protestantes que passaram pelas cidades, ensinando as doutrinas de Calvino e causando uma confusão generalizada na cabeça daquelas pessoas. Então, muitos católicos já estavam com a fé um pouco confusa, misturada... Católico, mas ele já não aceitava o papado. Era católico, mas não aceitava a veneração de imagens, então começou a causar confusão na cabeça, sobretudo de pessoas simples. Francisco de Sales foi mandado em missão para
pregar nessa região. A missão na região do Chablé foi um desafio gigantesco. Os habitantes eram hostis ao catolicismo. O padre Francisco de Sales enfrentou diversas ameaças de morte porque ele pregava nas igrejas da região do Chablé e administrava os sacramentos. Ele andava de batina e foi ameaçado de morte, inclusive por usar batina. Na região do Chablé, os governantes locais queriam que os padres católicos usassem vestes civis. Mas a abordagem dele percebeu que não podia ser pautada pelo gênio dele; ele era impetuoso, ele era iracundo. Dentro dele, o zelo pelas coisas de Deus queimava. Então, o
desejo dele era pregar de maneira veemente, mostrando a verdade da fé católica. Mas o que ele percebeu? A situação era delicada demais. Eu tenho de apresentar a verdade de modo firme, consistente, porém pacífico, senão eu não atrairei essas pessoas para Deus. Essas pessoas vão olhar para aquilo que eu vou apresentar e vão ficar com mais raiva e com mais ranço ainda do que já têm pela fé católica. Então, a abordagem dele era uma abordagem pacífica, totalmente baseada no diálogo e na persuasão. Ele conversava com as pessoas e, até mesmo, aqueles que se opunham a ele,
o que ele fazia? Ele tratava a pessoa bem, ouvia os argumentos da pessoa e aí ele começava a argumentar. Ele falava: "Mas, meu amigo, veja bem, se Jesus disse isso, como que isso pode ser assim?" E aí ele ia ensinando as pessoas de acordo com a doutrina católica. Então, a questão da autoridade do Papa, a questão das imagens, a questão da presença real de Cristo na Eucaristia; ele ia argumentando e ia provando que a fé católica é, de fato, uma fé totalmente bíblica. O que era contrário à Sagrada Escritura eram, justamente, interpretações que se desligaram
da comunhão com a única igreja fundada por Cristo. Então, ele tinha uma abordagem que não era muito do gênio dele, mas ele percebeu que era o único caminho possível. Como ele não conseguia pregar abertamente nas igrejas, porque foi proibido — muitas igrejas católicas foram tomadas pelos protestantes, profanadas, os altares profanados, as imagens arrancadas — e passaram a usar o templo para os cultos calvinistas, não dava para pregar abertamente. O que ele começou a fazer? Ele começou a escrever folhetos e a imprensa já tinha sido inventada. Então, ele imprimia folhetos com perguntas protestantes e respostas católicas.
Ele colocava lá algumas objeções, como: "Como é possível que os católicos venerem imagens se o Salmo diz...?" Ele colocava as citações dos Salmos que parecem falar sobre imagens, e aí vinha a resposta católica: "Esse texto bíblico não está falando das imagens, está falando dos ídolos. Uma coisa são as imagens religiosas, outra coisa são os ídolos. Os ídolos são representações de animais, de deuses, em que as pessoas atribuem divindade e acreditam que esses ídolos possuem poderes e virtudes. Porém, as imagens religiosas são memoriais; são lembranças dos mistérios da vida de Cristo, de pessoas que foram amigas
de Cristo, servos de Cristo, mártires de Cristo. Venerar essas imagens significa prestar respeito às pessoas, e nós preservamos os objetos não pelo valor do objeto em si, mas pela pessoa representada no objeto." Ele vinha respondendo a essas questões, geralmente, imprimindo folhetos com objeções protestantes e respostas católicas. Durante a noite, ele, outros padres e muitos leigos se disfarçavam, entravam nas regiões protestantes e colocavam esses folhetos debaixo das portas das casas. As pessoas, quando acordavam, encontravam esses folhetos, liam e começavam, pouco a pouco, a se convencer de que a interpretação protestante era equivocada e a interpretação católica
era, de fato, a interpretação que estava de acordo com a Sagrada Escritura, que estava de acordo com a tradição e que estava de acordo com o Magistério. Porque Deus não instituiria uma igreja e a abandonaria a si mesma. Não! Deus, que é Cristo, homem e Deus, fundou a igreja e constituiu um chefe visível para os sucessores desse chefe visível, sucessores dos doze apóstolos, que foram fundados porque é promessa lá do evangelho de São Mateus. Então, muita gente começou a conhecer os folhetos e a converter-se à fé católica. Por isso, São Francisco de Sales é o
padroeiro dos jornalistas, porque esses folhetos que ele fazia eram, às vezes, um único folhetinho, uma única folha, mas às vezes eram pequenos jornais com várias perguntas e respostas, todas colocadas debaixo da porta das casas das pessoas. Assim, ele é o padroeiro dos jornalistas e dos comunicadores católicos, justamente por isso. Então, ele foi desempenhando um grande apostolado de conversão dos protestantes. São Francisco de Sales renunciou a qualquer indício, a qualquer possibilidade de ódio em relação aos protestantes. Ele fez justamente o contrário. O que ele ensinava, o que ele pregava? Os protestantes não devem receber o nosso
ódio, devem receber o nosso amor. E como nós demonstraremos o nosso amor? Levando até eles a verdadeira doutrina, para que eles se salvem, para que estejam conosco na barca de Pedro, na igreja. Então, São Francisco de Sales, mesmo mais tarde, quando se tornou bispo, ele disse isso para o clero dele. Ele dizia aos padres: "Nunca preguem com ódio em relação aos protestantes." Ele dizia: "Ódio ao erro, sim..." mas ódio ao erro, não às pessoas que estão no erro. Então, nós vamos odiar o erro, vamos repelir o erro, denunciar o erro e tentar salvar as pessoas.
Então, esse era o espírito do apostolado dele, né? Essa iniciativa, né? Essas publicações de São Francisco de Sales trouxeram muitas pessoas para a Igreja de volta, né? E a gente pode dizer que foi a primeira grande ação católica de apostolado da boa imprensa. Então, por isso que ele é o patrono da imprensa católica e da imprensa em geral. E esse trabalho dele teve muito êxito, né? Em poucos anos, a maioria da população da Chablé, na França, que era simpática ao calvinismo ou declaradamente calvinista, se reconverteu. Aquela região inteira foi retornando à fé católica graças ao
empenho de São Francisco de Sales. A sua paciência, a sua mansidão e a sua caridade se tornaram, assim, as marcas registradas do apostolado dele. Então, paciência, caridade e mansidão eram as virtudes que ele mais falava. Eram as que ele menos tinha, mas eram as virtudes que eram mais necessárias. E olha que interessante como São Francisco de Sales leu o ambiente. O bispo deu a ele, o bispo dele, uma missão quase impossível: reconverter uma região tomada pelos protestantes. Ele era impetuoso, ele era sem paciência, ele era explosivo. O que ele entendeu? Se o bispo está me
dando essa missão, é porque Deus quer trabalhar em mim virtudes que eu não tenho. Como que eu vou converter essas pessoas da noite para o dia? Não, então o que eu preciso fazer? Paciência. A primeira virtude que ele começou a pedir a Deus foi paciência, e a paciência é irmã da perseverança. Como que eu me torno paciente? Sendo perseverante. Eu preciso fazer uma coisa; eu não consigo, eu tento, eu tento de novo, eu tento de novo, e de novo, e de novo, até que uma hora eu vou conseguir. Perseverança é, por exemplo, eu me confessando
com o padre salesiano, né? Que os salesianos, depois eu vou falar deles, que inclusive se chamam salesianos porque o patrono da congregação é São Francisco de Sales. São João Bosco escolheu São Francisco de Sales como patrono. Uma vez, eu fui me confessar com o padre salesiano, e ele me falou isso. Ele falou: “Olha, São Francisco de Sales ensina que é necessário ser perseverante.” E por que isso? Eu me confessava sempre com esse mesmo sacerdote, que já é falecido, e o padre viu um certo desânimo da minha parte diante de uma imperfeição, de um pecado meu.
E eu até falei para ele; não me lembro direito como eu falei, mas eu acho que eu falei alguma coisa assim: “Ah, padre, de novo esse pecado. Eu luto, eu tento, mas às vezes acabo caindo de novo.” E aí ele viu e falou: “Não, não, tá errado isso aí. Você tá desanimado diante do pecado. Não, você tem que pensar assim: é um defeito, é um pecado seu. Então, você vai fazer o quê? Caiu? Você vai levantar, levantar, levantar, confessar, confessar, pedir perdão, pedir perdão, e você vai ser perseverante até o momento em que Deus —
não você, mas Deus — dará a graça.” E aí é interessante que eu fui firme. Tomei essa decisão e falei: “Não, então eu não vou me deixar vencer pelo desânimo.” Porque o que estava acontecendo comigo? Eu estava me deixando vencer pelo desânimo. O que São Francisco de Sales ensina? Que uma das maiores armas do demônio é o desânimo. Então, o que ele fala? Paciência, perseverança. Nós temos de ter paciência em primeiro lugar conosco. Mas eu tenho que ser paciente, mas eu tenho que ser perseverante. Eu estou tentando, eu não estou conseguindo, mas eu estou tentando,
tentando. E aí é interessante que passaram-se alguns anos e eu, confessando lá o mesmo bendito pecado — acho que uns dois anos ali, eu confessando volta e meia o mesmo pecado — e, em dado momento, sem nenhum esforço da minha parte ou explicação da minha parte, o único esforço meu era a perseverança de tentar lutar, de tentar evitar, mas acabava caindo. E aí, o que eu percebi? Num dado momento, Deus me deu a graça: quando aquela tentação aparecia, eu falava assim: “Não, eu vou cometer o pecado.” O que eu dizia a mim mesmo? “Não, mas
eu dizia não” com uma autoridade, com um domínio de mim mesmo que não era meu. Aí eu comecei a perceber o quê? A graça de Deus. Eu persevere e Deus deu a graça. E quem me ensinou isso? Esse sacerdote, na confissão, me ensinou isso. E aí aprendi e passei a fazer isso com os outros pecados também. Então, eu vou sempre perseguindo determinados pecados, perseverando: cai, levanta; cai, levanta. E Deus vai dando mesmo a graça. Num dado momento, Deus dá a graça e a gente vence o pecado. Mas não é porque a gente vence, é Deus
que vence em nós. Isso nos liberta. E aí a gente vai lutar contra outros e assim a gente vai indo, e assim a gente vai crescendo. Então, esse ensinamento vem de onde? São Francisco de Sales. Paciência. Ele não poderia converter Chablé, aquela região inteira tomada pelo protestantismo, da noite para o dia. Então, ele entendeu: se o bispo me colocou aqui é porque Deus me quer aqui. Se Deus me quer aqui, por que Deus me quer? Ele foi sábio, olhe como ele foi sábio! Ele leu o ambiente onde Deus o colocou. Então, falou: “Não, vamos com
paciência. Eu vou fazer a minha missão.” Imaginem vocês se ele tivesse tido todo o trabalho de escrever o conteúdo desses folhetos, imprimiu esses folhetos, colocou esses folhetos debaixo das portas uma vez, duas vezes, dez vezes, e ninguém se converteu. Se ele desistisse, nós não teríamos São Francisco de Sales. Hoje, nós não teríamos uma região inteira da França reconvertida, reconduzida à fé católica, mas ele perseverou. Ele perseverou, ele foi paciente e foi alcançando. Santa Teresa de Jesus já fala isso, né? A paciência tudo alcança, tudo alcança. Então, a virtude da paciência, a segunda virtude, a caridade.
O que é caridade? É o amor, é o amor. Amar não significa gostar. O que é amar? É uma decisão racional, é quando eu me decido a ajudar o outro. Isso é amor. Eu me decidi. Ah, mas o outro tem defeitos, o outro me irrita, o outro isso, o outro aquilo. Ótimo, o outro é tudo isso. Agora, do mesmo jeito que o outro é tudo isso, eu também tenho que pensar que eu sou um poço de defeitos e os outros me toleram também. Então, o que eu devo dar às pessoas? Amor. E o que é
dar amor às pessoas? Ah, ficar nesse "Melo Melo", agradando as pessoas e fazendo... Não, não. Uma coisa é gostar. Eu gosto daquelas pessoas que são agradáveis para mim, daquelas pessoas que têm uma conversa que eu gosto, daquelas pessoas que gostam das mesmas coisas que eu, que amam as mesmas coisas que eu, daquelas pessoas que eu tenho uma tendência natural. Isso é gostar. Agora, o mandamento de Jesus não é para a gente gostar de todo mundo. Gostar, eu gosto de quem eu quiser. Agora, amar, eu tenho que amar todo mundo. Gostar, eu não preciso gostar de
todo mundo. Eu gosto mais de uns, menos de outros e nem um pouco de outros, e tudo bem, né? O gosto não é mandamento de Deus, o amor é. E o que é o amor? É quando eu me decido a doar algo de mim, algo que é meu, para o outro. Quando eu sou capaz de ajudar uma pessoa que precisa de ajuda, isso é amor. Quando eu sou capaz de ouvir uma pessoa por caridade, por causa de Cristo, eu não ouviria as queixas, aquilo que a pessoa está falando, humanamente falando, eu não ouviria. Mas, por
causa de Cristo, eu ouço. Isso é amor. Quando eu me coloco à disposição de uma pessoa que jamais eu convidaria, por exemplo, para sentar comigo na sala da minha casa, mas eu vejo que a pessoa está precisando e eu ofereço a minha ajuda, eu me coloco à disposição. Isso é amor, isso é amor. O Papa Bento XVI dizia: "Quando eu dou ao outro aquilo que lhe pertence, isso é justiça." Aí eu tenho um funcionário, ele trabalhou para mim o mês inteiro, eu vou lá e pago o salário dele. Eu não estou fazendo caridade, isso é
justiça. Ele trabalhou, ele merece receber, é justiça. Agora, quando eu dou ao outro aquilo que é meu, isso é amor, isso é amor. Eu não precisaria dar, mas eu estou dando o meu tempo, a minha atenção, eu estou amando. Então, Jesus nos manda amar. O que São Francisco de Sales descobriu? Como eu vou salvar essa gente do protestantismo? Pela caridade, pelo amor. Se eu apresentar aqui a verdade nua e crua, aqui pode ser que muita gente se converta. Pode ser, porque a verdade tem uma potência própria. Se você apresentar a verdade, a verdade atrai por
ela mesma, é natural isso. Mas, se você apresentar a verdade sem a caridade, o efeito pode ser o contrário. Ela pode repelir. As pessoas podem não querer, ou as pessoas podem até reconhecer que há algo ali de verdadeiro, mas aí a pessoa se fecha e fala: "Não, eu não quero." Por quê? Porque nós somos fracos, cheios de defeitos, cheios de pecado. Agora, quando eu apresento a verdade com caridade, ela se torna irresistível. E São Francisco de Sales percebeu isso. Eu preciso ter caridade, amor. O que ele fazia? Ele tinha cuidado por essas pessoas. As pessoas
que o ofendiam, ele tratava bem. Imagine para uma pessoa que é colérica, iracunda, você tratar bem quem está te ofendendo. Isso é um movimento interior que é assim, sobre-humano. Só com a graça de Deus você consegue fazer isso, porque uma pessoa que é colérica tem uma dificuldade de não responder à altura. É diferente de uma pessoa que, por exemplo, tem um temperamento mais fleumático, que é mais tranquila. Aí você vai lá, ofende a pessoa, não está nem aí, né? A sua ofensa não vai ter efeito algum sobre um fleumático, porque ele é muito tranquilo, ele
é muito consciente de quem ele é, e aquilo que é externo a ele não afeta. Agora, um colérico não é assim. Justamente um santo colérico como São Francisco de Sales, ele se dominava e ele retribuía as ofensas que ele recebia com caridade. As pessoas o ofendiam e ele tratava bem, ele falava com toda tranquilidade. Até o tom de voz ele procurou moderar, né? Não para pregar. Quando ele pregava, ele era um pouco mais incisivo, mas geralmente, nas conversas, no trato com as pessoas, ele era muito manso, tinha uma caridade imensa. E, por fim, a virtude
da mansidão. São Francisco de Sales olhava muito para Jesus na sua paixão. Jesus não merecia, não merecia nenhuma ofensa. Quando a gente olha para a gente mesmo, começamos a pensar assim: "Bom, eu estou sendo ofendido, mas quantas vezes eu ofendi a Deus?" Eu ofendi a Deus muitas vezes, então é muito pior ofender a Deus do que ser ofendido por outro ser humano. Agora, Jesus foi ofendido, ele foi cuspido, ele foi batido, e ele não tinha culpa de nada. E ele foi manso, ele se deixou bater, ele se deixou amarrar, ele se deixou matar. E ainda
na cruz, o mau ladrão provocou Jesus dizendo: "Se você é mesmo filho de Deus, por que que...?" Você não desce daí; salve-se a si mesmo e salve a nós também! O mau ladrão estava tentando a Deus, desafiando a Deus. É uma blasfêmia isso: salve-se a si mesmo e salve a nós também. E o que Jesus faz? Jesus, mesmo tendo todo poder, não usou do seu poder; ele foi manso. Manso, por isso que ele é o Cordeiro de Deus. Ele se deixou sacrificar. Jesus demonstra muito mais o poder dele quando ele não usa o poder do
que quando ele usa, porque ele tem o poder, mas se esvazia, não usa. Então, São Francisco de Sales se inspirou muito nisso. Jesus é manso. Olha que interessante, né? Nas imagens de São Francisco de Sales existem pinturas que mostram São Francisco de Sales com um coração incandescente, envolvido por uma chama. E o que é esse coração incandescente? É a caridade que inflama este coração: a caridade, o amor, o amor pelo próximo para salvar o próximo e a mansidão. Vamos trazer o próximo para perto de Deus pela nossa mansidão. E como isso se expressa na prática?
Pela bondade. São Francisco de Sales insistia muito, muito, muito, sobretudo quando ele se torna bispo, para que os seus padres fossem bons, praticantes da bondade. A virtude da bondade consiste em receber as pessoas, ouvir as pessoas, ter um trato assim, mesmo que estivessem cansados, e ouvir as pessoas com atenção; que a mesma atenção que dariam a um rico, dessem ao mais pobre dos seus paroquianos. Caridade, bondade, mansidão. Então, essas virtudes foram necessárias para quê? Para salvar aquela região do Chablé, na França, região que depois vai se tornar a diocese do próprio Francisco de Sales. Ele
vai ficar bispo justamente da região que ajudou a converter. Em 1602, ele foi nomeado bispo de Genebra. Então, vejam vocês: o Papa nomeou São Francisco de Sales, no começo do século XV, como bispo de Genebra. Genebra era a Roma do calvinismo. João Calvino havia invadido a Catedral de Genebra, profanou a Catedral de São Pedro e São Paulo e transformou-a em um templo calvinista. São Francisco de Sales foi nomeado bispo de Genebra; era um bispo sem catedral, pois a sua catedral estava tomada pelos protestantes. Então, imagine a dor no coração desse bispo, mas, ao mesmo tempo,
imaginem o zelo apostólico deste bispo, que queria salvar a sua diocese e se desdobrou para fazer isso. No ano passado, em 2024, olha o que aconteceu: séculos depois da morte de São Francisco de Sales, a Catedral de São Pedro e São Paulo, pela diminuição drástica do número de calvinistas na Suíça, foi cedida para o uso dos católicos. Portanto, a catedral de São Francisco de Sales foi devolvida aos católicos no ano passado. Então, isso é curioso! Em 1602, ele foi nomeado bispo de Genebra, mas, devido ao calvinismo que havia tomado conta de Genebra, ele, como bispo
católico, não poderia entrar na sua diocese; se ele entrasse, seria morto. Aliás, João Calvino queimou muitos e muitos católicos em praça pública. O pessoal fala da Inquisição católica, mas a Inquisição calvinista alimentou suas fogueiras com muitos e muitos católicos. A Inquisição calvinista, de longe, matou mais do que a inquisição espanhola, que, do ponto de vista católico, foi uma das inquisições mais terríveis. A calvinista supera e muito. É claro, um erro não justifica o outro. A Inquisição espanhola tinha muitos problemas; o governo espanhol acabou usurpando muitos dos poderes da Igreja e também fez muita coisa em
nome da Igreja que a própria Igreja não apoiava, mas isso é assunto para outra live, né? Então, isso nos dá uma ideia da gravidade da situação de São Francisco de Sales. Ele era bispo de Genebra, mas não podia assumir a diocese. Então, ele se estabeleceu na cidade de Annecy, de onde governou a diocese com grande zelo pastoral. A primeira coisa que ele fez foi reformar o clero; ele estabeleceu, de acordo com as normas do Concílio de Trento, um plano de estudos para os seus padres, para melhorar a qualidade das pregações. Assim, ele reformou o clero,
estabeleceu uma disciplina de oração para os seus padres e foi incutindo uma visão de zelo apostólico no seu clero. Incentivou a educação religiosa e a abertura de escolas católicas para educar as crianças desde pequenas na fé. É claro que as crianças aprendiam bem latim e matemática, mas também aprendiam a fé. Ele se destacou pela direção espiritual. São Francisco de Sales teve vários dirigidos espirituais através dos quais influenciou muitas regiões da França e fora da França também. Ele fazia isso, sobretudo, através de cartas que mandava aos seus dirigidos espirituais. Foi a partir desses conselhos espirituais que
ele deu a seus dirigidos que surgiu o livrinho mais famoso de São Francisco de Sales: a "Filoteia". Aliás, a palavra "Filoteia" significa "amiga de Deus"; "filo" é amigo e "theia" é Deus. Filoteia é a alma amiga de Deus. Então, ele escreve uma série de cartas e de conselhos para Filoteia, como se fosse uma pessoa concreta, mas, na verdade, é qualquer pessoa. Quem é Filoteia hoje? Qualquer um que se coloque como discípulo de São Francisco de Sales para beber dessa sua espiritualidade é um amigo de Deus. Assim, ele é um homem que se desdobrou entre os
dirigidos espirituais. São Francisco de Sales se destaca. Sua principal dirigida, né, que era a duquesa de Chantal, né, Santa Joana Francisca de Chantal, que junto com São Francisco de Sales fundou a Ordem da Visitação de Nossa Senhora. São as monjas visitandinas delas que fica em São Paulo, na Lapa, né, o mosteiro da Ordem da Visitação de Nossa Senhora, né. E é interessante: São Francisco de Sales insistiu tanto na mansidão, na caridade, na bondade, na paciência, que foi justamente dentro da congregação fundada por ele que Jesus apareceria, 50 e poucos anos depois da sua morte, a
uma filha espiritual de São Francisco de Sales, Santa Margarida Maria de Alacoque, revelando o seu Sagrado Coração. Jesus mostra o quê? Um Coração em chamas! Jesus fala o quê a Santa Margarida Maria de Alacoque? Fala a respeito de paciência, de bondade, de mansidão, reparação, penitência, aqueles valores que já estavam presentes na vida do fundador. Então, Jesus podia ter escolhido tantas congregações, tantas ordens, escolheu o Instituto fundado por São Francisco de Sales para manifestar a devoção ao seu Sagrado Coração. É isso, não é pouca coisa, né? Então devemos ter muito isso em mente. São Francisco de
Sales, ele escreveu, né, como eu disse, a Filoteia. Além da Filoteia, né, ele escreveu também o Tratado do Amor de Deus. Então, em 1609 surge a produção A Vida Devota, que é a Filoteia, livro destinado aos leigos, ensinando a como viver a santidade no dia a dia, sem precisar abandonar a vida secular. Ele tornou-se um dos primeiros guias espirituais voltados para cristãos comuns e influenciou gerações e gerações de católicos. Influencia até hoje. Muita gente fala hoje em dia de São José Maria Escrivá porque falam: “Ah, São José Maria Escrivá fala do cotidiano, ele fala do
dia a dia”. Antes de São José Maria Escrivá, São Francisco de Sales foi um dos primeiros santos a falar da vida dos leigos, e ele falou da vida dos leigos como sendo um estado de vida onde se pode alcançar a santidade, porque até então falava-se muito da vida religiosa e pouquíssimo da vida dos leigos, né? Então, nesse sentido, ele foi bastante inovador. Em 1616, ele escreveu o Tratado do Amor de Deus, que é uma reflexão mais profunda sobre a relação entre o ser humano e Deus. E aí ele vai falar sobre o amor, a nossa
entrega confiante à vontade divina, como discernir a vontade divina, como rezar, o que rezar. É o Tratado do Amor de Deus. Essas obras vocês encontram, né, ainda hoje, na minha livraria. Mesmo o Tratado do Amor de Deus vocês acham, Filoteia também. Eu recomendo que, antes de ler até o Tratado do Amor de Deus, leiam a Filoteia. Filoteia é a obra, é a porta de entrada para os escritos de São Francisco de Sales. Ele teve também um papel, né, fundamental na Ordem da Visitação que ele fundou em 1610. Essa Congregação foi concebida para mulheres que tinham
uma intenção, desejo de consagração, mas que não podiam seguir uma disciplina muito rigorosa das ordens tradicionais devido à idade ou à fragilidade da saúde. Tinha muitas mulheres que queriam ser religiosas, mas, por exemplo, eram mulheres já mais velhas, eram viúvas; isso acontecia muito na época de São Francisco de Sales, né? Então, tinha mulheres que queriam ir pra vida religiosa, o pai e a mãe não deixavam. Aí, quando elas ficavam viúvas, elas queriam executar esse desejo, esse chamado. Só que, por exemplo, uma ordem de clausura como o Carmelo já não aceitava, porque a vida era muito
rigorosa. Essas mulheres já não dariam conta, né? Ou mulheres que tinham, às vezes, a saúde mais frágil. Então, a ideia era justamente ter uma opção de consagração de vida que acolhesse as viúvas, mulheres mais velhas ou mulheres com a saúde mais fragilizada. Então, foi aí que Santa Joana Francisca de Chantal e São Francisco de Sales fundaram a Ordem da Visitação. São João Bosco, no século XIX, quando fundou os Salesianos, ele fundou uma sociedade de sacerdotes e religiosos que se chamava justamente Sociedade São Francisco de Sales. Daí que vem os Salesianos — Salesianos porque têm como
patrono, como santo padroeiro principal, justamente São Francisco de Sales, né? Então, daí que vem essa nomenclatura, né. No dia 28 de dezembro de 1622, depois do Natal, o Bispo de Genebra, né, Francisco de Sales, que na época tinha 55 anos de idade, ele se encontrava na cidade de Lyon, na França, quando teve um AVC. Esse AVC foi fatal, né, o levou a óbito. Esse AVC foi muito rápido, né, e ele não resistiu muito tempo depois do AVC. E suas últimas palavras foram: “Deus seja bendito! Viva Jesus!” Essas foram as suas últimas palavras. Em 1661, poucos
anos depois da sua morte, ele foi beatificado; em 1665, ele foi canonizado pelo Papa Alexandre VI. No ano de 1877, o Papa Pio IX o proclamou Doutor da Igreja, o Doutor da Mansidão. Olha que coisa, né? Olha a transformação na vida deste homem! E, hoje em dia, ele é reconhecido como padroeiro dos escritores, dos jornalistas, dos comuns, pelo uso da imprensa que ele fez. E aqui, pra gente finalizar nossa conversa de hoje, eu coloco aqui alguns pensamentos dele, né. Quando ele fala da vida devota, o que é a vida devota? É uma vida santa, é
uma vida em vista da salvação. Aqui ele diz, na Filoteia: “A verdadeira devoção não exclui ninguém, a condição de cada um. Se você é casado, seja devoto dentro do casamento; se comerciante, seja devoto nos seus negócios.” E, então, aqui ele vai dizer que a santidade é para todos. Um outro pensamento interessante dele que eu separei sobre a mansidão, ele diz assim: “Nada é tão forte como a mansidão e nada é tão suave como a verdadeira força.” Vem dela então São Francisco de Sales. Ele descobriu um tesouro: ele descobriu que a mansidão, a mansidão, ela é
mais forte do que a ira, né? Olha a transformação na vida, né, desse homem pela ira. Você consegue muita coisa se você brigar, se você se impuser; você consegue muita coisa. Mas pela mansidão, aquilo que você conseguir vai ser mais duradouro, né? Então, o grande segredo dele, né, e depois a paciência, que é a outra virtude dele. Eu separei uma outra fala dele na Filoteia; ele diz assim: "Seja paciente com todas as coisas, mas, acima de tudo, seja paciente consigo mesmo, sobretudo com os pecados que você mais tem dificuldade de vencer", né? Que é o
conselho que o sacerdote me deu, né, no confessionário. Eu comentei aqui na Live. Depois, ele diz assim, ainda na Filoteia: "A santidade não está em mudar de estado de vida, mas sim em santificar o estado em que Deus nos colocou." Na época de São Francisco de Sales, era muito comum. Hoje em dia, a Igreja já não permite isso, né? Mas na época dele, era muito comum que as pessoas se casassem e, às vezes, as pessoas se casavam assim porque a família mandava; o pai mandava, a mãe mandava. E, às vezes, a mulher tinha um desejo
de vida religiosa e o marido tinha um desejo de vida religiosa. O que acontecia, ainda na época de São Francisco de Sales? Eles se casavam, tinham os filhos, cuidavam dos negócios. Quando chegava a uma certa idade, o que muitos faziam? Faziam um acordo: o marido ia para um mosteiro, a mulher ia para um convento. Então, eram casados que não deixavam de ser casados porque o vínculo matrimonial é até que a morte os separe. Mas eles iam viver em mosteiros como se fossem monges e monjas, e ficavam ali, vivendo, morando, rezando junto com os monges, mas
sem ser religiosos. Então, não era nem casado direito, nem religioso direito, né? O que São Francisco de Sales fala? "A santidade não está em mudar de estado de vida, mas em santificar o estado onde nós estamos." Como que a gente faz isso, né? Usando de paciência para com o outro, buscando fazer o bem, rezando, se confessando, pedindo discernimento a Deus do que fazer, né? É por aí. Depois, um conselho dele a respeito dos pecados: ele diz: "Não nos perturbem com nossas imperfeições, pois a perfeição consiste em combatê-las." Olha isso aqui: "Não nos perturbem com as
nossas imperfeições; a perfeição consiste em combater as nossas imperfeições." As imperfeições são necessárias; nós precisamos combatê-las. E é combatendo as nossas imperfeições que nós vamos caminhando para Deus, que nós vamos nos aproximando de Deus. Então, é assim. E aí ele vai dizendo: "O coração fala à linguagem do amor; é universal." Falando a respeito da bondade, da caridade: "Se você falar com amor, você quebra todas as objeções que os outros tenham em relação a você." O coração fala ao coração. E aí ele segue dizendo: "Onde quer que nos encontremos, podemos e devemos aspirar a uma vida
perfeita. Nada pode ser negado a um coração que ama de verdade." Amar de verdade nos faz buscar a humildade. A humildade e a doçura são as verdadeiras fontes de força para o cristão no mundo. Nós devemos fazer o que podemos e confiar a Deus aquilo que não podemos. Eis o resumo da vida cristã. Vou repetir isso aqui: devemos fazer o que podemos e confiar a Deus o que não podemos. Eis o resumo da vida cristã. Depois, aqui em outra parte da Filoteia, ainda, ele vai dizer: "A cruz que Deus nos dá sempre se ajusta perfeitamente
ao nosso ombro." Seja o que for que façamos, Deus olha para a intenção com que fazemos. Por isso, carreguemos a nossa cruz. E, antes de corrigir os outros, corrijamos a nós mesmos. E aí depois ele fala especificamente para os leigos: "Os aborrecimentos da vida no mundo não devem nos afastar de Deus, mas devem nos aproximar dele, pois os aborrecimentos são oportunidades para amá-lo." E quem quiser voar rumo a Deus deve ter duas asas: a simplicidade e a humildade. E não se esqueçam de que uma palavra amável pode suavizar até o coração mais endurecido. Isso trará
paz ao coração, e a paz do coração vale mais do que todas as riquezas do mundo. Por fim, o amor de Deus nos convida a viver neste mundo sem pertencer a este mundo. Então, que São Francisco de Sales nos ajude, assim, nessa nossa busca por uma vida cristã autêntica de verdade. Tá bom? Muito bem, vamos chegando aqui ao fim. Vamos ver aqui algumas questões que, eventualmente, vocês tenham colocado aqui. Vamos lá, vamos voltar aqui um pouquinho e vamos ver aqui. Da Maria Lúcia: "As pessoas estão precisando conhecer mais as verdadeiras histórias da Igreja Católica Apostólica
Romana." Sem dúvida, né? Conhecer as coisas da Igreja nos ajuda a amar mais a Igreja, né? Depois, aqui, a Adélia: "Boa noite, professora. A todos que estão aqui aprendendo sobre a história de mais um santo da nossa Igreja." Muito bem. É isso aqui. Estamos, né? A Gilciane: "Boa noite, salve Maria, professor. Que mente brilhante que o Senhor tem! Parabéns pelo seu trabalho." Obrigado! Deus abençoe muito aí você também. O Luís: "Boa noite, professor. Deus abençoe. Nossa Senhora sempre ali proteja e interceda pelo Senhor. Respeito e admiro demais seu apostolado; me auxilia demais no meu dia
a dia." Opa! Eu é que agradeço aqui a sua presença. A B98: "Hoje em dia, está tão difícil reconhecer os dons que nos foram dados. Quando penso em dom, logo me vêm à cabeça grandes coisas, mas pelo que compreendi hoje, essas grandes coisas são os dons que foram trabalhados." Exatamente isso! Né, na verdade, é quando a gente olha, às vezes, para uma coisa muito heroica assim que um santo fez. E, às vezes, o dom que esse santo tem é a mesma coisa que eu, você, que nós recebemos. O problema é que o santo corresponde bem,
né? E aí Deus faz; na verdade, não é nem ele que faz, é Deus que faz nele. E, às vezes, a gente também recebe a graça; às vezes recebemos até graças maiores do que graças que alguns santos receberam, mas não fazemos frutificar porque não correspondemos, né, como Deus espera. Aí que tá o problema. Cauan, a verdade é que se o livre exame da Bíblia fosse verdade, Deus revelaria coisas contraditórias, e assim estaria mentindo. Não briguem por religião se isso irá te prejudicar e não trazer o bem para ninguém. Essa é a grande questão, né? A
do livre interpretação bíblica é que essa é uma ideia humana, né? Na Sagrada Escritura não está dito que a Sagrada Escritura pode ser interpretada por todo mundo, e na Sagrada Escritura não está dito, né? Esse é o grande argumento protestante: nós acreditamos só na Escritura. Muito bem, então onde está na Escritura que você pode interpretá-la como quiser? Não tem. Onde está na Escritura que só a Escritura é a regra da fé? Também não tem. Entendeu? Então, mas nós devemos ser prudentes nisso, né? Se vamos argumentar em relação a isso, devemos argumentar com quem esteja, assim,
minimamente aberto a isso, a entender, mesmo se a pessoa quiser realmente debater, porque do contrário, se for para brigar, se for para causar inimizade, não vai produzir efeito nenhum, né? Aprendamos aí com São Francisco de Sales, que fez isso muito bem, né? Vamos ver aqui: isso aqui chegou aqui, já. Wesley, é isso que um verdadeiro cristão faz. Quando ninguém acredita e não tem esperança, ele se recusa a recuar. É isso aí, né? É a perseverança, né? Enquanto todo mundo pode recuar, mas um verdadeiro cristão sabe em quem ele colocou a confiança e, dele, então ele
não recua, né? Então não é uma confiança humana. Vamos ver aqui quem mais. Adriana Pereira, São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas. Eu sou jornalista, com a graça de Deus, feliz em conhecer mais sobre esse santo. Muito bem, Deus abençoe. Parabéns para você, então, né? É o dia do seu padroeiro, aí, né? No dia de hoje. Muito bem. Tomás Viana, preciso da intercessão de São Francisco diante da falta de lógica. Me imagino com o chicote de montaria na mão. Diz: é exatamente, né? Às vezes, a gente, nós temos aí esses amigos do céu que podem
nos ajudar nisso, né? Os santos são sempre exemplos a serem seguidos, pois cada qual, à sua maneira, buscava imitar a Cristo, nosso Senhor. Sem dúvida alguma, né? Esse é o fundamento mesmo da santidade, né? Ana Maria, São Francisco de Sales iniciou a evangelização pela rede social do seu tempo, né? São Francisco de Sales fazia quase que lives para evangelizar, não é mesmo? É o santo que usou o recurso disponível na sua época, e o melhor recurso da época era na imprensa. E é realmente o que ele lançou mão e fez, assim, um bem tremendo, né?
Então isso é fato, né? Hoje ouvi a pregação do Frei Gilson: “amor caminha com a verdade, e também a verdade caminha com amor.” Verdade, caridade, paciência, perseverança são as virtudes aí, né? Que São Francisco de Sales colocou, né? De fato, é o que nós todos devemos perseguir, né? Temos aquela sensação de calor que surge dentro de nós, misteriosamente, quando somos injustiçados, caluniados ou contrariados. Essa chama interna do pecado original, para ser controlada, é difícil, de fato. Nós temos um movimento interior de defesa que é quase imediato, né? Mas, com a graça de Deus, nós conseguimos
controlar, né? Vamos ver aqui as outras. Juliana, muita teoria, né? Por que muita teoria? Aqui nós estamos falando da vida de um santo. A vida de um santo não é teoria, é vida prática, né? Então o que eu apresentei aqui foi o que ele fez, foi o que ele buscou na vida dele, né? Então não sei qual é a intenção do seu comentário, aí, mas se é dizer que isso aqui é algo vazio, é um blá-blá-blá, você está desprezando a vida de um santo, alguém que já alcançou o céu, né? Então, no mínimo, para dizer
que a vida de um grande santo é muita teoria, nós, você, eu, qualquer um de nós, para dizer isso, nós teremos que ser muito mais santos que ele para, no mínimo, poder dizer uma coisa dessas, né? Não sei se foi essa a sua intenção ao dizer isso, mas se foi, aí, você me desculpe, eu discordo, né? Completamente, do começo ao fim, de que isso é muita teoria. Vida de santo não é teoria, são pessoas concretas que viveram os desafios do seu tempo e são luzes para nós. A gente olha para eles e olha para a
nossa vida e a gente vai ver que os desafios são muito parecidos. Os tempos mudam, mas os seres humanos são muito iguais, né? Em todos os tempos. Então é uma luz para iluminar o nosso caminho. Então, eu discordo dessa visão, dessa visão, né? Vamos ver quem mais aqui. A Marinette, né? O que aconteceu com esse calvinista que fez tantas pessoas passarem a ser protestantes? Na verdade, foram vários, né? Seguidores de João Calvino que espalharam uma certa confusão. Só que essa confusão que foi espalhada nessa região onde São Francisco de Sales pregou também em... parte. Isso
foi um pouco culpa da Igreja Católica, pois se os pregadores católicos tivessem instruído essas pessoas devidamente na fé católica, essas pessoas não seriam alvos fáceis do protestantismo. Então, por isso, o bispo, né? Na época, o bispo de São Francisco de Sales o mandou para lá: "Olha, você vai ter que resolver um problema, mas é um problema que em parte a Igreja Católica também tinha culpa por não ter instruído, né? A Igreja Católica local, que eu digo ali, né? Os bispos, os padres não instruíram adequadamente o povo e, por isso, o povo acabou aderindo ao erro,
né? Então, temos de olhar aí também os dois lados da coisa, né? Eh, Bambola tá dizendo: "Não, Juliana, você está equivocada." Eu acho que é o mesmo comentário que eu respondi. Há muitos ensinamentos práticos e preciosos nessa aula, né? É o que eu procuro fazer aqui, né? É sempre apresentar algo que seja concreto, que seja, né? Prático aqui pra nossa vida, né? Essa é a ideia. Eh, a Alba: "É preciso ser humilde para aprender com aqueles que alcançaram o céu aqui na terra." É, a humildade é a virtude que nos faz aprender. Quando a gente
toma consciência de que nós somos pecadores, somos cheios de defeitos, que a gente tá longe de alcançar o que a gente precisa, e a gente aprende. Agora, o soberbo não aprende, né? Se eu acho que já sei tudo, que tudo tá pronto, né? Aí eu vou aprender pra quê, né? Então, a humildade é uma virtude que todos nós precisamos conquistar, e não é coisa que a gente conquista de uma vez, não. A gente leva a vida inteira pra avançar nisso, né? Muito bem, eh, aqui o perfil Carla Cut: "Santidade." Eh, ele consumia as unhas, andava
debaixo da mesa para não ofender ou se irar com o próximo. É verdade, né? A mesa do escritório do bispado de São Francisco de Sales, né? Quando ele morreu, ele queria que a mobília dele fosse vendida. Quando foram vender a mobília, viram que a mesa dele era toda arranhada por baixo porque, às vezes, quando alguém falava alguma besteira, alguma coisa, ele, para não explodir, para não ser mal-educado com a pessoa, ele arranhava a mesa, né? Então, também é um exemplo de santidade ali, né? O controle para não ofender, né? O próximo. Né, a Kate de
Oliveira: "Por que comemorado no dia de hoje se ele morreu dia 28/12?" Boa pergunta. Ele morreu dia 28 de dezembro, mas dia 28 de dezembro é dia de Santo Estevão, que é protomártir, é o primeiro mártir da Igreja Católica. Então, Santo Estevão é uma festa litúrgica de primeira classe. Então, não dava para mexer na festa de Santo Estevão. E aí, como depois tem outros santos que também não dava para mexer, então, São Francisco de Sales foi colocado no calendário litúrgico há muito tempo, isso lá no dia 24 de janeiro, né? No dia de hoje, né?
Então, saiu de dezembro, foi parar lá no fim do mês de janeiro, quase um mês depois. Eh, justamente, eh, por não poder ocupar. É o que aconteceu, por exemplo, com Santa Terezinha do Menino Jesus também. Santa Terezinha morreu dia 30 de setembro, que é dia de São Jerônimo, doutor da Igreja. Aí, a festa dela passou pro dia primeiro de outubro, né? Porque, na época, ela não era ainda declarada doutora. Hoje em dia, nós temos São Jerônimo no dia 30 de setembro e Santa Terezinha dia primeiro de outubro, ele doutor, ela doutora, né? Então, muito bem,
eh, vamos ver aqui. Adriana: "Quais são os melhores livros sobre a vida dos Santos ou seus ensinamentos para quem tem a profissão de professor?" Olha, quem é professor tem que conhecer a padroeira dos professores, que é Santa Teresa D'Ávila, né? Fica aqui o convite para vocês acompanharem as meditações diárias. Eu faço todo dia de manhã, às 6 da manhã, nos dias de semana e às 7 da manhã, nos finais de semana. São meditações sobre as obras de Santa Teresa de Jesus. Eu falo um pouco da vida dela e vou falando também dos ensinamentos dela, né?
Recomendo aí e recomendo que vocês tenham o livro, né? Nós estamos fazendo na meditação diária aqui no canal a leitura do livro "Caminho de Perfeição". Depois, nós vamos ler o livro "A Vida", né? De Santa Teresa e depois "O Castelo Interior", né? Então, fica aqui a minha recomendação, né? Eh, aqui, o Bruno Brandão: "Boa noite. Poderia falar um pouco dos motivos de São João Bosco ter escolhido São Francisco de Sales para padroeiro de sua ordem, né? De sua congregação?" São João Bosco, ele leu dois grandes santos bispos, assim, né? Podem-se dizer que as duas grandes
paixões, duas grandes devoções de Dom Bosco. Quais eram? São Francisco de Sales e Santo Afonso de Ligório. Esses dois santos bispos influenciaram muito a obra salesiana, os escritos de São João Bosco, mas São Francisco de Sales foi descoberto antes por Dom Bosco. Dom Bosco era jovenzinho quando ele leu a vida de São Francisco de Sales e ele adquiriu uma devoção pessoal muito grande. Então, por isso, eh, quando ele percebeu esse carisma que nascia no seu coração, ele viu que esse carisma era muito baseado nas ideias de São Francisco de Sales, sobretudo, né? A caridade, a
mansidão, a paciência. E Dom Bosco transplantou isso para onde? Para a educação. E São Francisco de Sales foi um santo muito interessado pela educação, porque ele entendeu que a fundação de escolas e a formação de crianças, eh, academicamente bem formadas e também do ponto de vista religioso, se fossem bem formadas, seriam bons católicos que influenciariam a sociedade. São Francisco de Sales tinha percebido isso e, como o carisma de Dom Bosco é um carisma educacional, então, casou direitinho. Isso que ele vai eleger São Francisco de Sales como seu patrono, né? Aqui, ó, Eugênia corrigindo uma informação
que eu dei. A Eugênia está corrigindo a minha informação. Obrigado, Eugênia! O Mosteiro da Visitação de São Paulo fica no bairro da Vila Mariana. Eu falei na Lapa, mas é na Vila Mariana, na Rua Inácio. E há uma outra casa delas em Barbacena. Ah, essa casa de Barbacena, eu não conhecia. Então, aí ó, tem uma outra casa: uma em Barbacena e uma na Vila Mariana, na Rua Inácio. Então, obrigado, Eugênia, pela correção da informação! Então, vocês podem conhecer o Mosteiro das Filhas de São Francisco de Sales, tanto em Barbacena quanto em São Paulo. O Luan
falou da devoção das Sete Dores de Nossa Senhora. Eu faço dentro da coroa das Lágrimas, e assim eu recebo as graças prometidas. São devoções diferentes; o ideal é você rezar uma e outra. Isso é o melhor! Vamos ver aqui, Glaudiston Lima. Boa noite, professor! Maravilhosa aula na Filoteia de São Francisco de Sales. Diferencia devoção e delícias. Muitos buscam as delícias e consolações na igreja, mas pouca devoção. Devoção seria a vida concreta, né? Sacramentos, confissão, conversão de vida. Exatamente, é isso mesmo! [Música] Aqui o Adriano. O livro "Palestras Íntimas de São Francisco de Sales" também é
repleto de conselhos e ensinamentos deste santo. Realmente, vale muito a pena! Muito bem, meus caros. Aqui não dará tempo de chegar a todas as mensagens. A Maria Ângela diz: "Professor, boa noite! Maravilhosa live!" Falando da meditação, eu acompanho todos os dias. Comprei o livro da sua loja, mas percebo que, na leitura, não é a mesma coisa, mas com o mesmo significado. É, às vezes as traduções têm variações. De Santa Teresa, eu vou até mostrar aqui, eu estou usando este aqui, ó. Tem lá na minha livraria também. Isso aqui são as obras completas, tudo que Santa
Teresa escreveu. E eu estou usando aqui o "Caminho de Perfeição" a partir dessa coleção, mas tem um livro solto também. O livro solto é bom, é a mesma coisa, só alguma diferença na tradução de alguma palavra, que pode dar algum barulho. Às vezes, eu estou lendo, e você vê uma palavra diferente ali, mas o sentido é o mesmo. Meus caros, a hora vai avançada! Agradeço muito a presença de todos vocês. Faço aqui o convite para quem não é inscrito no canal: se inscreva! Envie esse conteúdo para outras pessoas; isso nos ajuda a expandir o canal.
Para aqueles que ainda não contribuíram com o canal e consideram fazê-lo, na descrição deste vídeo tem os modos que você pode ajudar o canal, adquirindo qualquer produto na nossa livraria. A livraria está com saldão de começo de ano, alguns livros que serão reeditados estão com os últimos volumes em promoção lá na minha livraria. Aliás, tem livros que estão mais baratos do que na Black Friday, então dê uma olhada lá. Adquirindo qualquer coisa, você contribui aqui. Você também pode fazer uma doação direta pela chave Pix: LR Tonon @ yaru.com.br. É um e-mail que é a chave
Pix. Qualquer valor, R$ 1, R$ 5, você contribui com o canal. E tem também o link do minicurso sobre Nossa Senhora Aparecida. Adquirindo o minicurso, você também contribui com o apostolado, com o trabalho do canal, tá bom? Deus abençoe vocês. Ótima noite! Amanhã cedinho, às 7 da manhã, estamos aqui na meditação diária. Fiquem com Deus! Tchau, tchau!
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