em 1929 froid propôs ao mundo uma grande reflexão com o seu texto mal estar na civilização onde elencou situações de impasse que leva o ser humano a sofrer um declínio natural do corpo as imperfeições das nossas leis e as exigências internas de satisfação há mais de 100 anos a questão do sofrimento humano gerou o nascimento da psicanálise hoje ela nos ajuda a compreender o mal estar presente à nossa sociedade contemporânea depressão ansiedade com funções e tantos sintomas individuais somados à insegurança intolerância isolamento e tantos outros sintomas sociais nossos dias o que tudo isso revela sobre
a nossa forma de viver mal estar sofrimento sintoma como eles podem indicar caminhos para a transformação tanto pessoal quanto social esse é o tema desta série o café filosófico são muitas as coisas que nos afetam tem afectos que nos movem outros são capazes de nos paralisar como medo por exemplo o mesmo acontece na nossa sociedade é um circuito de afectos que transita em todos os níveis da vida social será que temos consciência de quais afectos estão constituindo os nossos laços sociais acho que é possível pensar sociedade de uma forma relativamente tradicional ou seja pensar a
sociedade como sistemas de normas de regras e de leis então você tem regras você tem normas que mesmo não sendo denunciado do ponto de vista jurídico elas são partilhadas pelas tradições elas são partilhadas pelos hábitos certo elas constituem então constituiriam um sistema relativamente estável e relativamente claro de coesão então a partir dessa análise das suas de um sistema de normas regras e leis nossa questão fundamental seria então pensar como que as normatividade os operam no interior da vida social o que é legítimo que é ilegítimo o que é tacitamente aceito que é explícito e por
aí o que é implícito que é explícito tão só que acredita que há também uma outra maneira se pensar a vida social ea meu ver eu diria muito mais muito mais rica e muito mais problematizadora né eu diria que a pensar a vida social como um circuito de afetos o que constrói os laços sociais sejam entre sujeito seja entre indivíduos e instituições seja no interior de instituições tanto instituições como a família como a escola como igrejas como instituições políticos como por exemplo o estado tanto é aquilo que nós poderíamos chamar de um circuito de afectos
nós somos afetados no interior da vida social somos afetados de diversas formas esses afectos produzem efeitos esses afectos criam disposições de conduta disposições de comportamento que podem muitas vezes nem ser objetos de representações conscientes mas vocês sabem tão bem quanto eu tanto que muitas vezes o que nos move a ação não são projetos conscientemente anunciados não são representações conscientemente construídas mas são muitas vezes afectos e inconscientemente vivenciados e eles estão em circulação em todos os níveis da vida social eles estão não só em circulação no nível das relações imediata às relações afetivas das relações intersubjetivas
mais imediatas né mas eles estão em circulação no interior das relações institucionais dentro das relações entre sujeito entre corporações no sentido mais forte do termo muitas vezes nós fazemos uma distinção que consiste em dizer mais ou menos o seguinte o comportamento ideal dentro da vida democrática é um comportamento racional nacional entenda se a princípio aquele tipo de comportamento guiado pela procura do melhor argumento então se comportar racionalmente está dentro de uma espécie de universo comunicacional onde nós podemos então anunciar nossos interesses nós podemos anunciar nossos projetos nós entramos em conflito a respeito de projetos de
interesse mas graças a um espaço comunicacional relativamente neutro ou idealmente neutro nós poderíamos então chegar a certas experiências de consenso porque nós nós partilharemos aí uma espécie de gramática comum que nos permitir então avaliar quais são os melhores argumentos no interior da vida social tanto isso nos permite dar lhe então o eixo de uma vida própria a chutá sociedade democrática contra isso nós teríamos de uma maneira ou de outra de colocar para fora da vida política as paixões porque as paixões desestabilizo que as paixões não permitiriam que os sujeitos tivessem então essa capacidade de encontrar
um campo comum perto onde uma experiência comunicacional pudesse de uma maneira ou de outra servir como mediador dos conflitos sociais então essa essa distinção de um lado a razão do outro lado a paixão de um lado a norma tacitamente aceita de outro lado as fantasias essa é uma uma distinção muito mais arraigada em nós do que nós gostaríamos de imaginar então exatamente contra esse tipo de perspectiva eu insistiria na ideia que eu com ao contrário na verdade a se há algo de uma certa forma racional na vida social são os nossos afetos eles constroem estruturas
de relação eles produzem porque é uma suma essa espécie de instauração sensível da vida psíquica nossa maneira como nós somos afetados a maneira como nossa vida que se quer construída constituída a maneira com que de uma certa maneira nós vamos mobilizar nossas fantasias nossas crenças nossos desejos no interior da vida social então se nós quisermos compreender o que nós somos capazes de fazer e que o quilo bloqueia nossas ações o que nos impede de fazer certas coisas acho que a primeira questão importante é saber quais afectos nos mobilizam eu diria que só é possível ter
uma uma outra experiências da vida social só é possível operar transformações na vida social se nós pudermos ser afetados de outras formas de outras formas enquanto nós fomos afetados das mesmas formas que nós somos afetados hoje nós agiremos sempre da mesma maneira nós teremos sempre as mesmas representações nós teremos sempre as mesmas disposições de conduta nós repetiremos sempre as suas coisas então eu diria de uma certa forma a transformações políticas não são questões de novas idéias são as formações políticas são questões de novos afectos não só novas idéias que produzem grandes transformações são novos afectos
que produzem grandes idéias estão pensando nisso é que eu achei que seria interessante discutir com vocês que tipo de afeto está por trás da lógica do condomínio que é tão presente na nossa vida social porque é muito é muito claros trata se na verdade de uma bela metáfora z é uma metáfora no sentido de que como há como a vida social brasil essa estrutura como ela se organiza o ato como ela se sind como ela vai se defendendo de uma maneira ou de outra estátua de inimigos reais ou imaginários estão tendo essa pergunta em mente
minha tendência quase digamos espontânea de começar o debate seria dizendo não é possível entender nada do que está sendo dentro desse contexto se nós não partirmos de uma idéia a meu ver absolutamente central e que ela tem uma tradição filosófica de séculos a idéia de que talvez pra nós até agora larga medida para em larga medida o afectos o silo que construiu nossos vínculos sociais foi o medo ea disse pensar sobre isso se pensasse boa parte do nosso bloqueio da nossa criatividade política e social tudo é incapaz nossa incapacidade nossa dificuldade de traçar novos futuros
possíveis não venha do fato de que o afeto que larga medida construiu nossa sociedade foi o medo e esse é um dado me parece muito interessante talvez um belo ponto de partida porque primeiro diria existe uma tradição filosófica que vai assistir exatamente nessa idéia de que o medo afeto político central eu poderia lembrar aqui pra vocês o thomas hobbes ver com essa sua compreensão de que afinal de contas à sociedade ela é composta de uma associação de indivíduos os indivíduos seriam a célula elementar da vida social só que esses indivíduos eles não teriam relações entre
si naturais uma sociedade é uma relação de termos sem relação com a sociedade é uma construção seria pelos nessa perspectiva roseana uma construção de relações entre indivíduos que naturalmente não têm relações entre si porque eles não teriam relações entre si porque os indivíduos são movidos por desejos que não tem mais lugares naturais não há mais um lugar natural para cada um desses indivíduos assim como não há mais lugar natural para os seus desejo por isso eles têm um desejo que primeiro ele não desconhece limite e segundo ele têm eles tendem a desejar no final das
contas as mesmas coisas eles tendem necessariamente a entrar relações profundas de concorrência relações profundas violentas de concorrência os hobbies todos são mais ou menos iguais em força todos têm a mesma pulsão de desejo todos procuram mais ou menos as mesmas coisas é muito natural que cada um comece a entrar em concorrência com que o outro tem uma suma se vocês percebem nós estamos descrevendo uma situação aparente de insegurança total uma insegurança que o hobbs descreveria como a guerra de todos contra todos há uma tendência natural na vida social de que nós entremos numa guerra de
todos contra todos porque essa guerra de todos contra todos claro um estado de natureza mas não está na natureza que poderia ter sido superado de uma vez por todas o estágio natureza uma latência da vila assunção é o que pode a todo momento voltar a tratar de papão de maneira a maneira ou de outra para todo momento explodir agora o que é interessante no interior digamos dessa dessa perspectiva de compreensão da vida social é que o que mobiliza então as pessoas a criarem instituições a criarem relações antes de mais nada é o medo que os
indivíduos têm uns dos outros o medo da morte violenta é o medo da disposição dos bens é o medo da perda é o medo de que o objeto que eu trabalhei o fruto do meu trabalho me seja me seja espoliado e ser roubado perto esses são os afectos centrais então quando o estado aparece por exemplo o estado apareceria como a ele que de uma certa maneira tem toda a força necessária para me proteger do medo que eu tenho dos outros à minha volta qual que é a função antes de mais nada das instituições do estado
a proteção se esse for o caso a legitimação do estado então viria de uma capacidade que o próprio estado deveria ter de me lembrar a todo momento do risco iminente que o corro se eu sair do círculo da proteção do estado a segurança é possível mas é aquele que vai sempre lembrar você veja mas a insegurança está à espreita mas a segurança está todo mundo está estaria todo momento que é importante quem segurança esteja à espreita para que você possa entre outras coisas assumir e aceitar de uma maneira relativamente não problemática todas as correções todos
os árbitros todas as restrições vindas do fato de que a partir de agora nós somos cidadãos de um estado isso me parece um dado muito interessante muito importante porque demonstra o que mais do que eu seja o medo que os que os cidadãos teriam relação com o estado na verdade ele é simplesmente uma astúcia para esconder o medo maior é o medo que eu tenho do outro mesmo que eu tenho daquele que está ao meu lado mesmo que eu tenho que de uma certa de uma certa forma ou de outra nada do que a minha
propriedade nada do que é objeto da minha propriedade está realmente assegurado a nossa vida em sociedade tem sido afetada de maneira profunda pelo medo o medo do outro do estado medo que tem nos levado a um isolamento cada vez maior a viver entre muros e agir como indivíduos desconectados de uma estrutura muito mais amplo então nós temos aí uma série de características muito interessantes a primeira delas é não é possível eu insistiria nesse aspecto a uma sociedade pensada como uma associação entre indivíduos retirar o medo como afeto fundamental faz parte é um dos elementos fundamentais
da idéia de indivíduos indivíduos temem os indivíduos têm medo porque onde os indivíduos são antes de mais nada aqueles detentores de interesses que são detentores de interesse de se entender esses interesses significam eu exponho os meus desejos no interior da vida social eu quero que eles sejam reconhecidos esses interesses são meus atributos são minhas propriedades estão no sentido forte dos predicados que eu tenho são os interesses que o spam que expõe esses interesses podem a todo momento aparecer para o outro como um ato lesivo ou eles podem a todo momento aparecer para mim como algo
que não consegue circular de maneira de maneira segura porque nós estamos nós não temos como nós estamos numa sociedade onde as pessoas não têm lugares naturais tom é a questão onde começa em última instância aquilo que é a minha exigência em relação a você e onde começa sua exigência em relação a mim e quem vai legislar esse respeito daí a ideia é essa ficção social fundamental de que uma sociedade entre indivíduo só uma maneira de se relacionar sob a forma do contrato o rei última uma brincadeira onde falava nós temos uma sociedade onde tendencialmente até
as relações afetivas são pensadas como relações contratuais ele falava por exemplo vejam que é o casamento se eu pegar uma definição do casamento por exemplo do cante sorrelfa comentando kant falava o casamento é uma união é um contrato entre pessoas de sexo diferente em tudo isso era no século 19 era um contrato entre pessoas de sexo diferente pelo usufruto das suas qualidades sexuais dizia bem se isso é verdade essas relações são também relações contratuais não vejo eu chego em casa eu lá quero transar com a minha esposa e ela não quer chamar a polícia uma
relação contratual porque o contrato aqui ó ele faz esse grande para dizer o que veja como a metáfora do contrato para analisar as relações sociais é uma aberração é aberrante é incapaz de compreender o que realmente está em jogo certo nesses vínculos afetivos inconscientes que mobilizem constrói efetividade relações afetivas tudo isso para dizer mas dentro de um modelo de pensamento onde a sociedade é uma associação de indivíduos os indivíduos se associou de forma contratual todas as relações que existem entre indivíduos entre instituições são pensadas de maneira contratual é impossível retirar o medo como afeto central
mas vejam como dentro das nossas sociedades neoliberais esse tipo de perspectiva ele ficou claramente presente porque se eu pudesse falar um pouco sobre o que é o que vejo neoliberalismo não é simplesmente um sistema de trocas econômicas ligados por exemplo uma maximização das atividades empresariais de uma desregulamentação do poder de organização a princípio a modernização do estado na verdade no liberalismo é uma forma de vida que entendeu isso muito bem por incrível que pareça foi afinada maia taxa ela disse em uma entrevista uma frase ela pelo menos uma virtude da clareza não temos isso ela
tinha um café de uma entrevista que foi realmente impressionante ela falava a economia é o método o objetivo é transformar os corações e mentes não está falando só de economia já está fazendo uma engenharia são de médico criar um modelo de sociedade e é muito importante entenderem isso porque de fato se vocês pensarem bem existe uma maneira muito típica da nossa sociedade que são as sociedades que entraram dentro de uma lógica muito próprio do capitalismo neoliberal que é uma modelo de sociedade ligada a um certo tipo de organização da vida psíquica esse tipo de organização
da vida pensei que eu pudesse sintetizar ele tem um elemento central que é os ideais de condutas porque afinal de contas nós estamos falando de como as pessoas internalizam ideais e constitui então suas posições de condutas a partir de ideais ideal de conduta fundamental é uma espécie de ideal empresarial de se veja nós somos empreendedores de nós mesmos que nós vemos nossos nossas qualidades como capital humano nós vemos nossas emoções como inteligência emocional tanto nós sabendo nós nós somos de uma certa maneira é ensinados nós somos pedagogicamente ensinados a relacionar a nós mesmos como se
nós fomos os nossos nos organizássemos a partir de uma espécie de forma empresa nós somos empresários de nós mesmos em larga medida nós nós investimos em nós mesmos não pode você num você não um não paga uma mensalidade de uma academia de ginástica você investe na sua nas suas qualidades físicas tanto esse investimento é esperado que existe um retorno então você espera um retorno a partir de um certo cálculo de benefício sabe de custos e benefícios é que vão que vai cada vez mais se internalizando porque nós vamos aprender só nós começamos a aprender a
não exatamente seguir normas nós aprendemos a calcular custos benefícios que é algo tem um pouco diferente eu acho que o brasil tem sempre essa via essa virtude de colocar as coisas de uma maneira muito interessante por exemplo eu diria essa lógica é eu nunca vi uma uma expressão mais bem acabada dela do que uma revista que circula no brasil que tem um título fantásticos título impagável é você s a sim mais claro impossível entender você não precisa mais acrescentar nada de fato trata-se de uma sociedade anônima trata se uma sociedade anônima que o esforço funciona
mais ou menos da mesma forma é muito interessante porque aí começa algumas questões z dentro de uma de uma ideia empresarial disse como o desejo funciona que tal como numa empresa o desejo funciona por mais maximização de intensidades de intensificação tanto ver tal como numa empresa onde o pouco importa exatamente o que é produzido importa como eu consigo circular capital e fazer com que ele cresça todo momento certo o que o fundamento fundamental é que você tenha uma uma maximização cada vez maior dos investimentos seja é a medida da intensidade que conta é intensidade um
impulso impulso em direção a intensidade que conta este elemento central ou seja não é objeto específico mas é um movimento não é não é exatamente o que você quer tem uma um livro muito feliz que depois foi transformado em filme de david cronenberg imagino que alguns de vocês devem ter visto esse time só cosmópolis o filme cosmopolis traz a figura de um milionário que atravessa uma caótica nova york manifestações e protestos questiona o capitalismo e ameaçam seu império durante o trajeto diferente as pessoas entram e saem de sua limusine em uma dessas entra uma guru
uri de nicholas manning ela vai explicar pra ele faz de conta só as maravilhas do mundo contemporâneo e não tenho uma frase a uma fala muito interessante porque ele acabado de comprar um aquário com o tubarão e um elevador panorâmico e todas essas coisas né aí ela vira pra ele perguntando mas era que o que você acha que você comprou na verdade acha que você comprou aquário que comprou o tubarão que comprou elevador panorâmico acha que você comprou o helicóptero não acha realmente comprou isso não é verdade tudo isso custou quanto 140 milhões de dólares
você comprou 140 milhões de dólares eu não compro o objeto num você comprou um número 140 milhões de dólares é isso que você comprou o que é isso que moveu o seu desejo de ver o seu desejo foi o impulso foi um impulso em direção à desmedida só uma desmedida tio monetariamente quantificável certo mas o impulso em direção à intensificação cada vez maior cada vez mais forte é certo que faz com que qualquer parada seja uma covardia qualquer parada de falar não só está bom uma covardia dizer é porque há por trás desse dado o
impulso funcional existe também uma moral de uma uma com a copa uma ideia moral de que quanto mais mais certo quanto mais mais correto quanto menos pior então veja é claro que passar horas escrevendo como esse tipo digamos assim de de internalização de ideais foi um elemento fundamental para uma um funcionamento da vida social que é baseado entre outras coisas na desregulamentação na flexibilização perto e nessa ideia de que afinal de contas você é responsável pelo seu sucesso e pelo seu fracasso mas ninguém você é responsável pelo que você conseguiu mais ninguém então haja você
isoladamente pense em você e isoladamente e pare de ficar imaginando que você faz parte de algum tipo de de estrutura maior onde se têm interesses comuns de coisa dessas andanças que só existem duas coisas famílias indivíduos o resto da abstração sociológica z estão dentro desse tipo de perspectiva o dia veja que coisa interessante existe um elemento fundamental e falou do elemento digamos de de intensificação dos desejos mas não tem nenhuma estrutura social que funcione simplesmente através da maneira com que ela mobiliza os desejos há sempre um jogo duplo desejo e medo entre promessa e punição
todo poder funciona desse jeito com a ideia é assustadora de que a insegurança está o tempo todo à espreita nos fechamos em condomínios em grupos de iguais viver em alerta na iminência do risco da violência sempre com medo tem nos limitado falamos das mesmas coisas lemos sempre as mesmas notícias seguimos vivendo o mesmo circuito de afectos assim parece que o sentido de tudo isso é nos manter paralisados para não enxergar nos propostas de futuro qual seria um caminho possível para as novas idéias nós temos um medo fundamental dentro da sociedade neoliberais é se você não
for capaz de organizar sua vida no interior de uma racionalidade econômica tanto que a forma fundamental da racionalidade se você não nós governo da sua vida na sua vida profissional sua vida profissional sua vida afetiva é a sua vida à vida das suas relações sua vida com com a sua empresa com seus com o estado com a sua escola com as constituições estão à sua volta todas elas devem obedecer a uma lógica empresarial porque você faz ver fundamentalmente como empresa nós vemos o estado como empresa nós vemos as escolas como empresas isso é uma forma
geral de organização da vida social o modelo de racionalidade que vai se espraiando em todas as esferas da vida né esse modelo de racionalidade ele aparece como um modelo de sobrevivência se nós quisermos sobreviver nós devemos saber aplicar a racionalidade econômica em todas as esferas da nossa vida em larga medida não significa a recusar a racionalidade econômica antes de mais nada dar dois passos em direção à morte social a maneira com que hoje nós entendemos a aaa a sociedade ela tem como condição fundamental transformação do medo como afeta político central então nesse contexto e voltando
um pouco há a discussão inicial há a idéia de que nós viveríamos uma sociedade seria cada vez mais organizada a partir do espectro de uma lógica do condomínio era perfeito de uma certa forma era perfeito porque ela dava uma figura muito clara do que do que nos move até agora é muito provável que boa parte da experiência de risco em segurança que nós entendemos como um dado não só constitutivo da nossa vida social mas um dado absolutamente em progressão tanto não seja muito diferente da insegurança dos riscos que nós sempre tivemos interior da vida social
o medo da morte violenta e as a solo e assalta muitos atualmente não é muito diferente do medo da morte violenta de 30 40 anos atrás z é claro que falando assim mas é a nossa primeira tendência é falar isso é um absurdo né todos nós temos muita clareza que antes encontrava nos filhos na rua e agora não é possível é mais possível agora pense nos riscos todos os riscos seus filhos corriam quando estavam soltos na rua quantas histórias das pessoas caíram no banheiro x que foram seqüestrados pelo fulano y que o sujeito com os
do saco levou fio a criança aqui aliás uma das empresas para dizer o seguinte a vida social ave é é uma é uma esfera constante e contínua de riscos ela sempre será uma esfera constante e contínua de riscos a questão é por que a nossa sensibilidade aos riscos mudou de maneira tão brutal será que é porque os riscos aumentaram porque também nós temos várias outras segurança ou é porque é fundamental para a consolidação da coesão social alimentar continuamente a sensação de risco é fundamental que todos nós lembremos a todo momento que nós estamos em situação
de risco é fundamental que todos nós lembremos a todo momento que nós temos medo em relação ao que pode ocorrer e para que isso seja entre outras coisas um uma justificativa para um certo modelo de funcionamento da vida social seja é um me parece um dado muito interessante porque se esse sucesso hipótese foi correta se de fato nós formos obrigados a aceitar que uma boa parte da experiência do risco social é uma elaboração fantasmática é uma fantasia social mas só que na fantasia social do ponto de vista positivo uma fantasia social do ponto de vista
negativo como a guerra de todos contra todos é em larga medida uma fantasia social e não não uma descrição exata de uma situação concreta mas era uma era um conceito fundamental para nós poder pudéssemos entender melhor ou pelo menos uma maneira ou de outra fornecer uma hipótese sobre as tensões fundamentais inteira da vida presente no presente se esse for o caso nós tivermos diante de uma fantasia social então a minha pergunta seria não seria função maior dessa fantasia social limitar nossa capacidade de produzir afeto não seria maior função dessa fantasia nos fazer contar sempre a
mesma história sempre viver basicamente os mesmos fatos sempre procurar a mesma história sempre ir atrás das mesmas histórias assombrosas que aparecem aqui e ali certo a e sempre precisar de ler essas mesmas histórias sabe por que nós possamos repetir as mesmas nativas nós precisamos alimentar os mesmos afectos estamos justificar para nós mesmos as nossas próprias limitações dizer se essa foi em tons se isso for de fato verdade então minha pergunta seria não seria essa no fundo a maior razão da nossa impotência da nossa impotência de transformação social não assim capacidade de transformação ou seja nós
nos deixamos aprisionar a um certo circuito de afeto de uma forma tal tão natural tão absolutamente digamos a evidente para todos como não ter medo né dentro dessa situação atual como não ter medo dentro de todas é todas essas modalidades de insegurança desde a insegurança na segurança interior da brigada violência urbana a insegurança ligada à a instabilidade da inscrição na vida social e suas múltiplas as últimas figuras como não ter medo nós fixe transformou em algo tão base tão básico tão evidente tão natural que vem sendo assim a pergunta seria então e como produzir novos
outros afetos se esse parece tão evidente e tão necessário mas vejam mais uma vez a a circulação de afectos é um modo de constituição não só da vida psíquica mas é um modo de construção dos meus possíveis do que me é possível e do que me é impossível o modo de definição afinal de contas do que eu sou capaz de fazer o que eu não sou capaz de fazer porque eu sou capaz de pensar de que eu não sou capaz de pensar então eu insistiria nada absolutamente nada se modificará nunca em situação nenhuma ainda mais
o nosso país se nós não pararmos nos deixarmos afetar da mesma forma sempre que o medo como dizia o próprio o espinosa medo uma expectativa de um mal que pode ocorrer é uma projeção eu vivo uma parte do tempo num futuro que o projeto daí porque por exemplo espinosa dizia também mesma maneira como meio à expectativa de que o mau ocorra esperança uma expectativa de que um bem ocorra por isso que os dois são tão parecidos porque não se combate o medo com a esperança porque o medo e esperança são tem alguma coisa de irmãos
siameses não há esperança sem medo não há medo sem esperança é muito fácil passar de um sentimento a outro num continuum jogo com o infinito ruim contínuo então vejam nós é como nós fomos de uma certa maneira na naturalizando essa idéia de que é necessário pensar a partir da criação de um sistema de expectativas que vai para nós sendo visto ou sendo vendido como se fosse na verdade a expressão de uma capacidade de responsabilidade como se a responsabilidade fosse isso fosse saber lhes criar e lidar com as expectativas então fica muito fácil você paralisar as
pessoas basta que você controla a visão do futuro mas bem controlar a visão do futuro não é das 10 coisas mais complicadas basta você limitar radicalmente a sua visão do futuro basta você fazer com que as pessoas fiquem vindo sempre basicamente as mesmas coisas basta você eliminar a dimensão de retardar radicalmente a dimensão do possível radicalizar diminuí la a quem controla o futuro controlo passado encontrou no presente desde os gregos as tragédias nos ajudarão a pensar os conflitos sociais os conflitos políticos e como a gente sabe as tragédias eram 11 o dispositivo pra fazer a
catarse dos afectos elas eram uma espécie tratamento social para os afectos né os gregos a piedade eo temor e pra nós hoje quais são os afectos que precisam ser elaborados segundo um novo modelo se é que você pensa assim de tragédia o modelo de tragédia para a nossa época eu entenderia a lembrar de uma passagem do donna assistia talvez uma uma das características mais fortes da nossa vida contemporânea é a nossa incapacidade de lidar com o sentimento trágico eu acho que essa é uma bela idéia da nossa dificuldade em lidar com o sentimento trágico mas
o que o sentimento trágico do interior desses com desse contexto que a tragédia nesse contexto vejam poderia lembrar de uma idéia mais ou menos clássica tragédia onde o elemento fundamental da tragédia é um tipo de conflito onde é de uma certa maneira as duas partes conflitantes elas estão no mesmo nível elas têm as suas o mesmo conjunto de razões por isso que é trágica porque se de uma certa forma as duas partes conflitantes estão no mesmo nível de razões se elas têm as mesmas só sem a mesma legitimidade para dizer não há nenhuma delas está
de uma certa maneira e erro de uma forma ou de outra então a tragédia ela espreme na verdade a dificuldade da situação social atual de conseguir dar conta e modificar aquilo que têm direito e legitimidade então seja ela mostra uma limitação da nossas da nossa possibilidade de resposta porque a tragédia ele é tão importante porque a consciência da limitação da nossa possibilidade de resposta não deve nos levar nenhum tipo de que ti mesmo um deve nos levar a um tipo de resignação deve nos levar a uma certa inquietação uma inquietação que fala bem então de
fato é necessário ir em direção caminhar em direção alguma coisa que até agora é vista como impossível eu diria se há alguma característica fundamental dos fatos históricos é que eles até então eram vistos como absolutamente impossíveis z a nossa história é composta de os impossíveis que se tornaram possíveis intensa' weiss que se tornaram pensava-se foi inimaginável que se tornou imagino soltou imaginava não só no sentido negativo mas também no sentido positivo das coisas que pareciam absolutamente é sem lugar no interior da nossa experiência que de uma maneira ou de outra quebraram as condições de possibilidade
da experiência fazendo com que essas mães condições se reconfigura se nós vivemos continuamente um processo relativamente contínuo de reconfiguração das nossas condições de experiência então a primeira coisa que nós deveríamos ter é desconfiar certo da nossa idéia de possível porque ela diz muito pouco de simplesmente sobre quais são as condições atuais de experiência e só mais nada do que mais nada do que isso então eu diria a uma uma alma um caráter fundamental da experiência trágica que circula mal hoje em dia têm dificuldade de circular hoje porque a há porquê de uma certa maneira a
assumir a dimensão da tragédia exige um tipo de afeto é muito mais próximo da coragem do que do medo por outro lado eu diria que se eu pudesse indicar o que me parece um afeto importante a ser pensado como um afeto que pode criar de uma forma ou de outra a modelos de vínculos sociais por incrível que pareça quem trabalha isso muito bem é o fred o desamparo eu diria que o desamparo pode ser o afeto político central no sentido de que só pessoas realmente desamparados são tão capazes de agir de criar politicamente porque o
desamparo que veja é claro eu poderia pensar o desamparo com uma coisa do tipo bem nós não temos mais grandes ilusões nós não temos mais grandes expectativas nós não temos mais a grandes esperanças estão estudos nos desampara de uma forma ou de outra né então o a vida democrática uma vida onde nós sabemos lidar com as nossas finitude das nossas limitações então isso seria um elemento fundamental pode isso tem cara eu diria de sabedoria mas é muito mais próximo de covardia porque porque na verdade diria o que é interessante no caso fred e desamparo o
tempo o termo alemão é muito bom reflore caip filoso caetano sentindo mais concreto termo é a condição de estar sem ajuda porque a condição de estar sem ajuda que eu não sei que eu posso esperar mais do outro eu não eu não tenho uma relação de cooperação no sentido forte do termo certo mas é e do outro não sei exatamente o que eu posso esperar no entanto esse outro me concerne eu estou implicado com ele estou dedicado a um veículo entre nós o vínculo só em relação ao a a de uma certa maneira a a1
a uma alteridade aí veio uma idéia muito interessante da judith butler que ela só vai lembrar quando eu quero ser reconhecido pelo outro eu muitas muitas vezes eu não quero simplesmente que o outro a reconheça os meus atributos os meus interesses e coisas dessa natureza como servir com confirmasse na minha própria identidade às vezes eu quero ser conhecido por outro porque eu quero quanto me dês possua ele diz possuir da sua inconsciência em mente eu quero que ele me desse possui da minha identidade porque eu sei que é uma condição para que eu possa de
uma certa forma operar transformações que são importantes essas relações de reconhecimento são relações hoje poderia pensar como entre duas dois indivíduos que já têm suas confirmações assentar é sobre si mesmo definidas e eles entram como quem como quem simplesmente procura uma visibilidade para o que foi decidido anteriormente você pode pensar o reconhecimento como como uma um processo através do qual os dois termos que entro em relação se transformam seja os dois são despossuídos das suas de um assim das suas identidades fixas das suas identidades prévias eles se abrem para situações contingentes em prejudicar weiss das
quais nós não sabemos quais são as consequências dos quais são as as jóias e os desdobramentos eu diria por isso que é por isso que essas relações nos desamparo mas eu diria que essa é um tipo de de experiência absolutamente central como experiência política certo a compreensão de que nós só conseguiremos criar quanto de quando de uma certa forma nós somos despossuídos quando nós nós aceitarmos nos abrir para contingências que nos colocam diante de situações que nós não sabemos mais como prejudicar nós não sabemos mais como controlar nós não temos mais um curso nosso controle
completo mas aí teria toda uma discussão interessante que é passado mas afinal de contas fora o síndico do condomínio quem precisa de controle fora os índios que vai dizer afinal de contas ora nessa piscina pode entrar quatro pessoas por cinco pessoas já não tem mais condição se você trouxer alguém ficar até às 10 e 27 centésimos a melhor performance de controle fora se for essa lógica como assim eu tento eu tento prever todas as possibilidades para que o feche completamente todas elas a pergunta interessante seria nós realmente precisamos de controle congresso internacional do medo provisoriamente
não cantaremos o amor que se refugiou mas abaixo dos subterrâneos cantaremos o medo que esteriliza os abraços não cantaremos o ódio porque este não existe existe apenas o medo nosso pai nosso companheiro o medo grande dos sertões nos mares dos desertos o medo dos soldados o medo das mães o medo das igrejas cantaremos o medo dos ditadores medo dos democratas cantaremos o medo da morte eo medo de depois da morte depois morremos de medo e sobre nossos túmulos nasceram flores amarelas e medrosos mas debates no site e facebook do instituto cpf vamos então começar a
tentar discutir muito claramente quais são as reais causas da violência no brasil de onde nós tiramos essa idéia estapafúrdia absurda de que nós precisamos de um conceito de família dado pelo estado