Christian Laval: Comum, a revolução no século XXI [dublado]

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TV Boitempo
Esta aula é a segunda de um trio de conferências intitulado "Do neoliberalismo ao Comum", ministrada...
Video Transcript:
[Música] debates desigualdades do contexto econômico brasileiro a um segundo momento com o professor doutor cristiano naval que é da universidade de paris na terra é ele agora vai proferir com a gente é de uma em uma hora 17 30 até às 18 30 uma apresentação da obra dele é traduzido em português mais recente que é essa aqui é comum em ensaio sobre a revolução no século 21 ela é escrita por cristianne naval e perdoa e do brasil está à venda pela editora boitempo que aliás lanuf dançava tem é possível comparecer este livro também é uma
apresentação breve alguns já viram antes então agora vou fazer um pouquinho mais curta só para localizar quem é não está o cristiano aval é professor de sociologia na universidade para reinar até é especialista em liberalismo e em particular na filosofia utilitarista de jeremy metano é doutor em sociologia e membro do centro betano também investigador e vice-presidente dos 12 to the richest de federação sindical reúne terra também é membro de uma série de outras instituições e seus trabalhos sem tenham se em três grandes temas a história do utilitarismo a história da sociologia clássica ea evolução dos
sistemas de ensino e junto com o píer do ele é autor de inúmeras obras podem procurar no google que poderão encontrar uma série delas destacar mais recente que está em francês pela editora brinque com fé agora de 2000 e abril de 2008 a em francês é focou e ela questiona lb rádio e destaca as duas que estão em português ou então ele vai falar agora que é essa do comum ensaio sobre a revolução no século 21 e uma outra que temos é também a venda lá atrás que é a nova razão do mundo ensaios e
saiu sobre a sociedade neoliberal esses são os dois que teríamos aqui à disposição e chama a atenção também para visitar o nosso site ou th 'o que em www e h ou direto e h o ponto unisinos.br basta escrever ainda busca o aval e vou acessar a os artigos que temos dele entrevistas é materiais relacionados a ele pessoas que sintam duas entrevistas por exemplo o imaginário de estado nação não é o imaginário alternativo ao neoliberalismo e uma outra os estados construíram o atual sistema neoliberal eu tenho uma série de materiais e uma última informação é
logo mais à noite às 19 30 teremos é crise do neoliberalismo ea emergência de movimentos emancipatórios também confessou ela vá ela não será que é na escola de direito para assumir esse corredor aqui do lado subir até chegar lá em cima do fratello num bar e lá dobrar à direita que chegaram ao auditório bruno ramis ou seja a nota o número seu caso e 12 101 é lá que estaremos hoje à noite o professor muito obrigado mais uma vez pela presença e vamos ouvi lo com muita satisfação obrigado míssil em julho muito obrigado pela apresentação
e nesta segunda sessão eu preparei uma fala sobre o livro os comuns e eu gostaria de dizer algumas palavras da maneira como concebemos em 2009 quando escrevemos a nova razão do mundo nós nos interessamos evidentemente por uma lógica normativa dominante ao mesmo tempo também nos interessamos por uma forma de resistência essa racionalidade neoliberal como chamamos nos interessamos pela maneira como os movimentos se opunham um pouco aqui como ali na europa na américa latina e no resto do mundo a inflação essa lógica normativa e o que percebemos longo foi que todas essas lutas e movimentos de
oposição experimentos foram conduzidos por uma racionalidade alternativa e para aqueles que tenham o livro nova razão do mundo vocês podem ver que a última palavra que escreveremos em 2009 foi a razão do comum então desde já em 2009 tínhamos a idéia de que precisávamos e então nos preocupar com o modo pelo qual indivíduos muito diferentes pessoas que não se conheciam necessariamente ou que intervinham 11 setores diferentes compartilhavam de uma racionalidade inversa oposta à racionalidade concorrencial ea e empresarial do neoliberalismo e logo percebemos que essa racionalidade devia trazer o nome a denominação de comum vou tentar
explicar rapidamente porque mas algumas palavras sobre a preparação ea gestação desse livro para aqueles que estavam aqui hoje à tarde na primeira sessão eu expliquei que o primeiro livro que escrevi com quer dar dó com o título salvar marx com um ponto de interrogação e que era uma crítica às teses de arte negri com certa influência na época e antonio negri que criticamos severamente e sistematicamente criticamos também nesse livro veio nos procurar a minha pierre para nos dizer que no seu modo de ver éramos seus adversários teóricos mais sérios ou seja para ele nós tínhamos
realizado um trabalho que até então ninguém tinha feito de leitura crítica sistemática da sua maneira de abordar o diagnóstico do mundo e isso as alternativas e foi neste âmbito e junto com ele através dele que pensamos em fazer um trabalho comum sobre o comum sobre os comuns a partir do momento em que ele nos a considerava como pessoas que podiam contribuir com ele à época era diretor de programa no colégio internacional de filosofia de paredes e depois dessa proposição modifiquei totalmente o programa de pesquisa e durante três ou quatro anos trabalhamos juntos com antonio negri
e outros pesquisadores que compartilhava das suas ideias e produzimos então um livro apresentando uma versão uma interpretação do comum muito diferente da interpretação de negri estabelecendo ao mesmo tempo e mantendo relações cordiais com ele nós quisemos escrever um texto bastante crítico sobre algumas maneiras de ele pensar oh como isso talvez possa ser abordado depois na discussão vou passar agora o texto que eu preparei para essa sessão e vou tentar me limitar a ele porque a gente tem pouco tempo a primeira constatação é que assistimos alguns anos a uma verdadeira explosão do t do comum tanto
no campo das práticas quanto nas reflexões teóricas tornou se a referência central para múltiplos focos de lutas experimentos políticos e econômicos movimento só ter globalistas ecologia e ecológico estas defesa dos serviços públicos se encontramos também esse tema dado como em cooperativas resistências camponesas ou também de forma mais difusa provavelmente mas também muito importante nos estados unidos e na europa no mundo digital porque muitos experimentos foram realizados justamente com referência a essa temática do comum tornou se então o nome genérico de certa forma para lutas atuais e alternativas táticas isso mostra uma coisa importante que nós
já havíamos identificado que é o fato de que as resistências são muito mais do que resistência são também práticas inventivas e criadoras não é novo socialismo do século 19 nasceu de movimentos de oposição opor-se significa or por teses formas de atividade ou de vida até mesmo diferentes daquelas que nós que se combate se o termo comum tem hoje um efeito viral isso se deve ao fato de ele remeter conserta eloquência ao contrário do neoliberalismo eu expliquei anteriormente na outra conferência que o neoliberalismo era primeiramente uma lógica normativa de concorrência e eu penso que se o
próprio termo comum tem um sucesso considerável hoje isso se deve ao fato de que ele diz justamente que a concorrência como modo de organização da sociedade como um tipo de relação entre os indivíduos não é sustentável não é duradouro é uma palavra com muitas possibilidades de contestação valores e promessas e ao mesmo tempo é dirigida a contra duas formas de apropriação a proteção política das instituições públicas por políticos profissionais o que pôs justamente em crise há a democracia liberal clássica mas esse termo comum também se dirige contra a apropriação privada dos recursos produzidos nessas oligarquias
na sua empresa isso está muito ligado ao aumento das desigualdades como na palavra comum a idéia de fazer juntos de decidir em comum ea exigência então de uma verdadeira democracia mas também a exigência de que aquilo que se produz seja destinado a todos tenham uso comum em todo caso podemos observar que estamos lidando com um movimento mundial que se refere ao comum dirigido contra o neoliberalismo e o que dá a esse movimento sua unidade o fato de se opor a uma racionalidade global e nesse sentido a oposição que se refere ao comum é uma posição
ela mesma global essa maneira de se referir ao comum pode gerar confusão é claro há quem defenda o meio ambiente que faz do clima um bem como sendo mundial há também indivíduos que lutam em grande número por uma de campanha a favor de uma democracia real todos os movimentos que alguns anos a investir nos movimentos das praças a todos aqueles que defendem os serviços públicos ou que lutam para que os serviços públicos sejam muito mais acessíveis gratuito para todos ou para os pobres e por fim a todas aquelas pessoas como citei antes que se engajaram
em redes de cooperação redes colaborativas na área do digital de fato há muitos experimentos na área da cultura e da educação que também trata dessa temática podemos dizer então que o movimento do comum surgiu da convergência de preocupações aspirações e novas possibilidades de agir coletivamente contra tudo aquilo que vai destruir as condições de resistência hoje condições de existência climática ea destruição dos serviços públicos empobrecimento de parte da população etc podemos dizer também creio eu que este movimento dos comuns é amplamente determinado pela conscientização de que o modo de produção predominante hoje é é a em
determinado prazo insustentável e não podemos viver com ele e talvez isso proporcione a temática do comum com maior força paralelamente a essa aspiração de produzir ou gerado comum acho que é um conjunto de trabalhos realizados na esfera acadêmica trabalhos de economia história direito sociologia e que hoje estabelece um campo de pesquisa ou 1 o programa de pesquisa os campeõs estares os estudos sobre o comum os comuns acho que é preciso lembrar os trabalhos de chon sobre o governo dos comuns isso é uma pesquisadora americana já falecida muito conhecida por ter recebido o prêmio nobel de
economia de 2009 os seus trabalhos permitiram renovar profundamente a reflexão sobre a questão dos calmantes baseando se em pesquisas empíricas realizadas em muitos países e muitas situações ela estudou práticas de gestão e de uso coletivo envolvendo como os naturais ou tradicionais com os comuns das florestas o uso os costumeiros que permitiam a exploração de recursos florestais sistemas de anne estudos sobre sistemas de irrigação com grande importância em muitos países também as práticas de pastagens em situações como o assalto pajem suíças enfim uma grande variedade de situações que tinham em comum o fato de que as
velhas práticas costumeiras da idade média como os historiadores às estudarão a identificar estavam longe de desaparecer em no mundo e que se mantinham tinha uma certa solidez e a perenidade e que nem sempre seguiu as práticas hamburgo táticas está pais ou práticas e econômicas tipo de tipo capitalista ela mostrou também que no japão nas filipinas e na suíça havia práticas costumeiras de uso coletivo dos recursos que proviam de uma longa história de até às vezes mais de mil anos de existência conhecida e os antropólogos também mostraram que essas práticas de uso coletivo eram extremamente freqüentes
muito correntes e até universais em sociedades tradicionais e ele noras o som no seu estudo governem hangover nyon com ons mostrou em 1990 mostrou que havia uma maneira de ferro a fazer nas unidades muito antiga essas maneiras que eram formas e qualitativas e eficazes no plano tanto demográfico enquanto ecológico e o sucesso desse trabalho contribuiu o sucesso acadêmico desse trabalho é a sua importância contribuíram em grande parte para que movimentos sociais dos mais diversos começassem a se referir aos comuns no sentido que se atribui aos usos coletivos e práticos nas sociedades de acordo com os
costumes ela também demonstrou que esses usos coletivos supunham a existência de regras não eram práticas digamos assim naturais eram práticas que envolviam o fato de que as coletividades estabeleciam regras de funcionamento de tomada de decisão e até mesmo regras de sanção para que tais usos coletivos não fossem predatórios eu enfatizo isso é um ponto importante porque um autor que esperou muito os neoliberais chamado ótim um investigador um pesquisador um biólogo e demógrafo que enfatizou já em 68 1968 o fato de que qualquer comum provocava a destruição da sua fonte ele supunha que se desce livre
o acesso à os recursos a uma pastagem é uma floresta esse recurso com livre acesso ea desaparecer se distinguir por um excesso de exploração e eles suponha então a 1 em todas as sociedades estávamos lidando com seres econômicos egoístas com a única preocupação de se apropriar ao máximo das coisas por elas serem gratuitas então cada um e esse é procurar o máximo possível então esse comportamento o predador segundo ele seria destrutivo suas teses foram retomadas pelos neoliberais que as estenderam o serviço público dizendo que o sistema público de aposentadoria de saúde etc é necessariamente destruído
porque as pessoas abusam e sobre exploram o recurso por exemplo um serviço de saúde gratuito seria excessivamente explorado e pelo fato de que todo mundo sentiria a doente todos os dias e usaria os medicamentos em excesso essa tese ia no sentido da destruição do estado do bem estar social mas o trabalho de oz forma em 1990 contradiz a tese neoliberal de que o livre acesso se fosse necessariamente destrutivo daí a sua importância anto política quanto intelectual podemos dizer que os trabalhos de alcione deram origem a uma pequena ortodoxia como eu chamo que trata de dar
uma definição muito específica do comum aliás contra o uso os políticos que são feitos do termo muitos sem ler atentamente o trabalho de ócio tentavam dizer que o o que se fazia na cultura em várias áreas saúde educação era justamente comum a categoria se estendeu em tão bem além da definição estrita do de orson de certa maneira não se numa definição do tribunal nunca se determina aquilo que é da ordem de uma invenção prático de uma canção política digamos que os ativistas militantes precisaram dessa categoria dos comuns para dar sentido ao que estavam fazendo e
construir progressivamente aquilo que chamamos de racionalidade alternativa mas o que é fascinante e descrevemos isso no nosso livro são as diferentes ramificações pelas quais essa problemática do comum se difundiu a um jurista norte americano os turistas norte-americanos que aplicaram esta categoria na área da internet por exemplo do livre acesso aos recursos digitais mas também muitos na itália redescobriram a categoria do bem comum do bn como ne e que fizeram dela um instrumento conceitual para defender os as empresas municipais de água e esgoto ou para defender legitimar também o e até inventar um direito novo para
legitimar e introduzir no direito práticas de ocupação dos centros sociais alto o administrado então é ouvir várias formas de criação se assim podemos dizer o movimento dos comuns encontrou no movimento ecologista e autora globalismo uma força eu falo se directamente daquelas manifestação a inicial deste ar ou em que foram a denunciada sas práticas da mc no final dos anos 1990 1999 a dominação deste organismo internacional e onde surgiu o movimento alterglobalização e nos comuns foi encontrado um terreno comum ou um termo coletivo visando as lutas uma pesquisadora canadense naomi klein talvez vocês a conheci ela
escreveu alguns livros famosos como a estratégia do choque ela escreveu um texto bastante emblemático que teve um papel esse texto foi publicado na new left review e dizia que o movimento nascentes yarol tinha como palavra de ordem principal rui klein ou seja de fundamos e reclamemos nossos comuns aqueles de que precisamos para viver e que estão ameaçados pela extensão da lógica da propriedade isso também significava algo muito profundo o fato de que o neoliberalismo era uma continuação uma retomada de um movimento de clausura de que iniciou no final da idade média e que pôs fim
em muitos casos as práticas coletivas das do campo dos camponeses práticas coletivas que davam as comunidades rurais a possibilidade de viverem tendo uma zona como uma terra pertencente a todos onde podiam dar pasto aos seus animais e essas práticas que lhes permitiam também colher tirar da floresta a madeira necessária para o aquecimento ou a pesca anjos o comum mas a partir do momento em que no final da idade média principalmente na inglaterra os proprietários começaram a fechar suas terras seus terrenos essas práticas comunitárias começaram a desaparecer em muitos casos os historiadores perceberam bem e isso
e um foi um fenômeno muito analisado atentamente por marx no capital um capítulo inteiro é é escrito sobre a suposta suposto acumula original em que marx mostra que no princípio do capitalismo a uma violência social exercida pelos proprietários com o auxílio do estado para se apropriar justamente da própria condição de vida das comunidades camponesas e que levou ao exílio muitos camponeses que foram obrigados a deixar suas terras e ir para as cidades e depois para as fábricas que os esperavam por assim dizer para determinados autores o neoliberalismo é uma fase de retomada portanto de aceleração
dessa lógica da propriedade mas desta vez não mais apenas no setor agrário mas também no no setor do conhecimento do espaço dos espaços urbanos e toda uma série 'd' áreas que também dizem respeito aos serviços públicos a lógica da propriedade é uma forma de se apropriar daquilo que até então era público ou seja incerto pectus comum privatizar empresas que eram públicas privatizar o mercantilizar uma parte das atividades da escola da saúde é pôr em xeque aquilo que até então era comum há outro ponto que me parece importante destacar é o fato de que o movimento
de resistência defensivo dos comuns logo se transformou em movimento positivo construtivo a defesa dos comuns o retorno dos comuns foi um momento importante de denúncia do neoliberalismo e da lógica da propriedade mas logo o que se viu foi que não era apenas uma questão de defender os comuns mas de instituir os comuns de constituir novos com bons e essa passagem foi possível por experimentos pioneiros no campo da tecnologia das tecnologias digitais nos anos 1990 uma década em que houve um aumento da temática da defesa dos comuns e ao mesmo tempo uma época de práticas que
mostraram que é possível não somente defender mas também estender a zona ou a esfera dos comuns das atividades dos comuns o que se apresenta inicialmente como resistência ao neoliberalismo se transforma num movimento instituinte de criação de comuns que é a do eu mostramos que se trata de uma práxis instituinte uma prática instituinte e determinados investigadores vão estabelecer atos de criação de comum se podemos dizer que se pode ir até mais longe pelo menos observamos na frança ou na europa não sei como é o caso do brasil mas vimos militantes sindicalistas que foram contaminados pelo vírus
do comum e pensaram que os serviços públicos muitas vezes burocráticos pouco democráticos em seu funcionamento podiam ou deviam se tornar comuns ou seja e deviam ser administrados governados com assim como os comuns estudados por o som ou seja com a invenção de regras estabelecidas pelas comunidades colectividades envolvidas numa determinada atividade o princípio do comum de certa maneira se transforma cada vez mais e um princípio político de transformação das instituições existentes recapitulando um pouco então o que eu estou dizendo aqui os comuns são um termo de resistência tanto prática quanto teórica e depois se tornou uma
referência para todos aqueles que construíram novas formas de actividade que não era nem burocráticas nem capitalistas e que se caracterizavam por duas dimensões a dimensão democrática de auto gestão dos recursos e num outro eixo a ideia de abertura de acesso a todos em uma atividade então que levasse ao uso coletivo do recurso e depois o momento que eu descrevo é o momento em que as próprias instituições públicas atacadas pelo neoliberalismo para se tornarem empresas administradas por módulos de gestão idênticos aos módulos do sistema privado e para responder a estes ataques determinados militantes e sindicalistas retomarão
o termo comum como princípio de transformação do serviço público uma transformação democrática de serviços públicos para definir agora o que perdoado e eu chamamos de comum o que nós entendemos por comum duas coisas primeiramente um princípio político pra nós pensamos que diante de todas os experimentos de todas as lutas e discursos se referindo aos comuns achamos que já era tempo de extrair um princípio político do termo servir de eixo para as práticas alternativas para todos aqueles que lutam contra o neoliberalismo esse princípio do comum tem duas características é um princípio de democracia radical que explica
e que se baseia na idéia de que temos de obedecer apenas regras que nós mesmos decidimos é um princípio que chamamos de com obrigação somos obrigados por regras quando estas regras se baseia em co participação na atividade e na cor determinação das regras essa é a primeira coisa e isso traduz o reflete uma aspiração que nós vemos surgir por toda parte de uma democracia verdadeira de nível qualidade superior a democracia representativa o segundo é isso do princípio do comum é a prevalência do direito de uso sobre o direito de propriedade que para nós nessas práticas
o que é característico e notável é o fato de que a propriedade se torna uma dimensão instrumental ou secundária provavelmente necessário em determinados casos mas não comanda a atividade é o direito de uso livre acesso que comanda a atividade a partir das duas dimensões acho que dispomos de um princípio muito simples de políticas novas alternativas e por isso no livro terminamos o livro fazendo uma série de propostas políticas em que fazemos jogamos com esse princípio político do comum vendo o que ele poderia produzir gerar tanto em nível micro social no nível de uma empresa por
exemplo quanto em escala mundial devo dizer aqui algo que me parece importante o fato de que não quisemos ignorar a questão da imaginação política nós estamos privados de futuro de horizonte porque o neoliberalismo teve a pretensão do monopólio do futuro ou seja é quer nos ditar o que deve ser o futuro então precisamos de imaginação política até mesmo de utopia precisamos nos perguntar o que poderia ser outro mundo governado não pela concorrência ou pela lógica de acúmulo do capital mas por uma lógica completamente diferente é essa é a primeira coisa que eu tinha a dizer
esse princípio político do comum é um princípio bastante abstrato mas que pode ser extraído das observações o da observação de práticas e lutas nossa metodologia inspira-se em fukuoka ou quando focou diz que os conceitos vendas lutas e devem a elas retornar nós dizemos que os conceitos e princípios políticos vêm das lutas práticas e experimentos e o trabalho dos intelectuais é justamente de fazer disso uma elaboração e colocar à disposição do daqueles que trabalham com as práticas que estão engajados nas lutas essa é a nossa metodologia não inventar novamente um princípio novo uma utopia à moda
antiga como aquela do século 19 mas encontrar um meio de tomar e de retomar para aqueles que lutam e agem as características das atividades deles para criar a partir daí um princípio transversal que possa ser aplicado tanto no no campo do capitalismo para aqueles que estão envolvidos nas lutas dentro do capitalismo e também aqueles que estão na luta no campo burocrático do estado e que como nos como os tradicionais não estão nem no estado nem o capitalismo mas e se inserem num modo de cooperação essa profusão de conceitos do comum evidentemente traz problemas porque muitas
pessoas usam esse termo com significados diferentes então no livro tentamos mostrar de um ponto de vista arqueológico o que o comum significou na história então toda uma parte do livro diz respeito a antiguidade a e tudo aquilo que nós a partir daí entendemos por comum haveria muito mais coisas para dizer mas eu gostaria de fazer uma observação para concluir comum está presente nas línguas latinas e é uma das palavras mais comuns mas correntes digamos assim é uma palavra utilizada dentro do léxico da raiz do nexo de comunidade comunitário também está presente no léxico institucional falamos
de uncle comunas no caso da frança são municípios na combina e fala se também em uma corrente política importante desde o século 19 que o comunismo utiliza se também numa filiação aristotélica a economista na teologia do bem comum mas muitas vezes não sabemos muito bem o que quer dizer comum ou seja não conhecemos a etimologia da palavra e eu acho que se essa palavra tem tamanho o sucesso hoje ela merece justiça etimológica devemos saber o que ela significa em latim em todas as línguas latinas o como vendo como é né edu ou seja tudo aquilo
que começa com coco obrigação coparticipação remete ao fato de estar com com os outros de fazer com os outros mas muitos não se sabe muito bem de onde vem essa parte da palavra mas essa parte da palavra é também tão importante quanto com um uno um vem de monos importante latim palavra muito rica no vocabulário que remete ato da configuração a doação do contrato ontem que os antropólogos e estudaram sobre a forma de doar é dar do ar mas também obrigar quando se dá se obriga a que ele recebeu é nessa lógica do dom da
doação que o termo deve ser entendido o mundo é a lógica da reciprocidade se vivemos juntos é porque nos comprometemos em prestar serviços uns aos outros o nos é também usado na definição do encargo do magistrado que tinha de se ocupar do município muniz vocês vejam aí a presença do mundo nos então quando falamos de municipalidade de município estamos falando do ônus ou seja da obrigação recíproca que temos quando vivemos juntos e obrigação em especial daqueles que são encarregados dos assuntos comuns em comum vejam que a palavra como um vocábulo em si mesmo tem uma
carga histórica e uma carga antropológica fundamental somos obrigados uns em relação aos outros quando vivemos em conjunto e esse mundo diz o que é exposta a democracia mais essencial o fato de que quando vivemos em conjunto temos obrigações recíprocas que obrigam de certa forma a uma decisão comum eu quis falar disto porque é bastante importante para entender por que chamamos de princípio do comum esse princípio político alternativo porque nos parece que na palavra em si há uma verdade que atravessa a 0 mas as épocas históricas outra observação não somos tão favoráveis assim a uma naturalização
do comum como foi o caso do direito romano ou pelo menos o que o direito romano deu entender é preciso saber que essa categoria do comum é também uma categoria jurídica no sentido de que os romanos que inventaram a base do nosso direito positivo os romanos tinham uma categoria que era da rés colunista a coisa comum o que eles entendiam por a coisa comum tudo aquilo que não pode ser apropriado nem pelo estado nem para os particulares uma coisa comum portanto é algo que foge da propriedade pública e ao mesmo tempo privada essa rescova muniz
passou para os nossos direitos ou pelo menos para o direito civil francês temos uma categoria que se chama de coisa comum e que é definido exatamente como os romanos definiam é aquilo dá de que não se pode se apropriar por que por sua natureza não é apropriável em nossas tradições jurídicas temos então uma categoria do inapropriável de alguns bens são os bens comuns as coisas comuns mas essas coisas comuns são muito limitadas no direito romano são o ar que respiramos que não pode ser apropriado a água que corre no rio ninguém pode se apropriar dela
assim como o litoral para os romanos também não podia ser possuído ou as coisas que o mar trazia o rendia então essa coisa comum muito limitada pela sua definição deu origem a duas formas de propriedade dominante que são as nossas a propriedade privada que se extendeu consideravelmente ea propriedade do estado de modo que a maior parte das coisas é considerada apropriável mas o que o dalton e eu dizemos é que na história e principalmente na história da economia pelas nacionalizações e tetra e também através da história das cidades que definir os passos público os jardins
a iluminação etc vemos que há muitas outras coisas além daquelas designados como sendo comuns pelos romanos e que também podem ser definidos como comuns em outras palavras o inapropriável a inapropriada bilidade não é está ligado a uma técnica e sim a uma instituição nós podemos decidir instituir muitas coisas como sendo inapropriável é um assunto é uma questão de humana de decisão coletiva e democrática nós poderíamos fazer com que muito mais coisas hoje sejam consideradas comuns e por que é importante pensar que isso é uma questão de instituição porque hoje precisamos de instituições novas do comum
e precisamos com urgência vou dar um único exemplo hoje estamos vivenciando crises essenciais que diz respeito à própria vida da humanidade o aquecimento global que dentro de algumas décadas vai modificar radicalmente as condições de vida na terra mas hoje não há nenhuma instituição política capaz de assumir isso porque porque estruturação política do mundo é interestatal e uma estrutura interestatal que envolve uma concorrência ou três estados vemos bem pelo modo como tam deu uma guinada radical na política americana em matéria de clima com esse precedente podemos imaginar que outras nações vão abandonar o caminho da cooperação
em matéria climática e isso é extremamente grave é claro parece-me então que precisamos de uma instituição política do clima e fazer do clima um comum ou seja algo que seja inapropriável não só pelos atores privados mas também pelos atores públicos o que eu estou dizendo sobre o clime cá também pode valer para a finança que a outra ameaça para o mundo e também pode valer para o conhecimento que hoje é tema de apropriação sobretudo privada e por que não fazer do conhecimento justamente uma instituição comum em escala nacional e também mundial ou seja o que
estamos dizendo é simples se quisermos enfrentar realmente os nossos desafios em todas as áreas precisamos repensar a própria institucionalidade o que chamamos de instituição e pensar que uma instituição é exatamente aquilo que está à disposição dos seres humanos aquilo que os seres humanos são capazes de criar para responder aos seus desafios se nos limitarmos a uma definição romana da coisa comum nunca teremos os meios para fazer determinados bens uma coisa é apropriável este é o sentido mais profundo do conceito e do vocábulo comum ou seja pôr à disposição fazer com que os seres humanos sejam
capazes de criar instituições vejam que possam lhes permitir defender as condições de sua existência porque acho que é nesse ponto que nos encontramos tanto na escala social quanto na escala mundial é isso muito obrigado nós temos seis minutos pra algum debate para depois precisamos uma hora de intervalo para descansar um pouquinho de 1930 tem algumas perguntas bem pontuais ele vai tentar fazer um pequeno resumo professor cinco minutos a trabalhou bastante a questão da educação e outros escritos mais uma crítica à reestruturação neoliberal da escola e da universidade nós no livro o comum não há muitas
referências à educação então eu penso como seria possível pensar uma educação em particular o ensino universitário que é o domínio em que o neoliberalismo mais um banco como seria possível pensar na educação na educação universitária com base no princípio do comum ligado em uma segunda e última pergunta depois à noite disse lá em cima temos mais tempo vamos lá de uma pedra anderson é é a minha questão é a seguinte acho que quando a gente lê a arqueologia do comum um livro pra mim quanto o brasileiro hum há uma ausência de diálogo os nossos próprios
povos tradicionais nós temos aqui uma gama de práticas né de povos indígenas quilombolas e de povos moradores de fundo de pasto no nordeste do país de faxinalenses no sul do país que produzem esta prática essa regulação de sua própria ação na inexistência de uma propriedade privada acho que nessa arqueologia caberia lugar aparece o sujeito em segundo lugar uma outra questão é é a nossa tradição com a coloca no início da arqueologia que o comum não diria espírito a uma vida boa com isso remeteria apenas a uma dimensão moral e não as lutas sociais que a
constituição acho que a agente hoje discute aqui na américa latina também a idéia do governo de vir de uma outra maneira de viver que parte também dessas matrizes originárias é como os povos quíchuas e aimarás no peru méxico bolívia enfim da américa central então eu me questiono como que nós podemos produzir um diálogo entre nós latinos é a bia lá para falar sobre outra maneira de viver e ao mesmo tempo dialogar com a idéia de comum produzida por vocês obrigado então são as únicas duas questões professores depois de terminar a prova obrigado pelas questões a
pergunta da educação sobre a educação no livro sobre o comum é o trato pouco da educação justamente porque estou escrevendo um livro sobre educação e como então é preciso um pouco de paciência para terminá lo mas sim em se tratando de universidade eu estou trabalhando com outros autores quebequenses canadenses e também italianos em um movimento de reflexão em torno da idéia de redefinição da universidade como comum uma observação universidade significa universitas e está ligado a um movimento do século 13 na europa especialmente na frança e sobretudo em paris em que a palavra universitários ligada à
redescoberta do direito romano começou a se aplicar cada vez mais à universidade a idéia de corporação de um grupo de pessoas que colocam à disposição meios comum e tem dentro da universitas a própria idéia do comum esse dissemos ainda que na universidade para exigência do início do século 13 formavam-se colégios associando como na itália em bolonha também os mestres e os professores mestres e alunos desculpem temos uma ideia de que no início a universidade tinha de fato a ideia de comunidade de solidariedade entre mestres e alunos com uma vontade de autonomia contra todos os poderes
que queriam controlá lo com grandes dificuldades porque na verdade as universidades nunca tiveram a independência que talvez deságio desejassem bom as políticas que podemos adotar são principalmente rompendo com o movimento atual de concorrência das universidades no grande mercado mundial do conhecimento com tudo o que está se implantando hoje estamos transformando as universidades e empresas de tipo capitalista em luta umas com as outras e indro em contra corrente da história da universidade com seu ideal e também contra corrente dos conhecimentos de que a humanidade precisa então a universidade está cada vez mais nivelada a lógica do
capitalismo o capitalismo que nos leva para a catástrofe portanto a universidade atualmente está mergulhado arrastada para um movimento catastrófico podemos dizer assim fazer com que a universidade deixe de ser o espaço de reflexão crítica da sociedade hoje no momento em que precisamos reinventar absolutamente outros modos de vida e desenvolvimento é realmente um crime contra a humanidade é assim que devemos chamar então é um crime contra a humanidade impedir que a universidade funciona como um lugar de reflexão crítica uma reflexão crítica da qual toda humanidade precisa hoje como fazer então criando federações o projeto que eu
defendo é idéia de uma outra organização política da universidade que deixe de depender dos estados ou o que para se financiar dependa de comunidades e não de políticas concorrenciais competitivas liberais do estado cabe aos universitários se unirem criar formas de cooperação sem passar necessariamente por políticas estatais uma livre federação das universidades do mundo pra mim esse deve ser o objetivo dos universitários isso faz parte do que nós propomos no final do livro o sonho do título de federação mundial dos comuns a segunda questão é também pertinente e e dá ênfase justamente uma dimensão muito problemática
do livro comum pierre e eu somos europeus e pior do que isso são os franceses e digo pior ainda não é um erro de tradução é exatamente foi o que eu disse temos uma propensão a nos concentrarmos alunos entraram nos em nós mesmos nós conhecemos os nossos defeitos mas não suficiente então escrevemos uma obra que tem o defeito de centrar-se de concentrar-se na história filosófica política da europa do acidente temos nossas fontes e as nossas matérias primas na filosofia política desde aristóteles damos uma importância grande importância estoques a a grécia portanto passamos pelos romanos atravessamos
a história da igreja e da teologia e vamos até o socialismo que é também avançam européia então vocês podem nos criticar por sermos euros entre us euros centrados e você tem toda razão em destacar isso mas o que isso quer dizer embora essa crítica seja legítima ela precisa ser completada por um trabalho daqueles que não são europeus e que tenha sorte de não ser em francês que podem ter um olhar muito mais aberto e que podem justamente se interessar por outras culturas mas esse defeito vai ser corrigido pelo novo livro que perdão e eu estamos
escrevendo e eu talvez seja convidado a apresentar esse livro aqui para vocês daqui alguns meses ou anos e um livro que trata de conceitos políticos chave que são o estado a soberania ea nação lamento dizer lhes que justamente o brasil foi colonizado também por conceitos de estado pelos conceitos do estado soberania nação então quando falamos de história européia ocidental falamos também de todos os efeitos sentidos no mundo inteiro não é algo estranho porque estou dizendo isso porque justamente o nosso livro terá como título além da soberania ou seja além das formas de colonização do mundo
e onde encontraremos exemplos que fogem das categorias políticas centrais da europa e do ocidente nos povos autóctones e temos consciência de que existem formas de hidrogênio idade que podem dar origem e alimentar não só da origem mas também alimentar um pensamento alternativo então cada as mais somos sensíveis às problemáticas dos pó vos indígenas autóctones e outras antologias políticas somos muito próximos e temos uma amizade com outro pólo gugu que acho que tem tradução em português que filipe escolar não sei se vocês o conhecem ele escrever um livro importante intitulado além da natureza e da cultura
ele mostra neste livro que davos muito os diferentes têm relações com a natureza muito diferente da relação com a natureza que temos no ocidente e para nós é muito importante pensar que as forças progressistas do mundo inteiro devem justamente se encontrar com ontologias é o termo usado por ele diferentes daquela do ocidente mas deve se criar uma hidratação e se isso começou com a autorregularização os impactos que tivemos dessas ontologias diferentes nos vieram principalmente do brasil quando o fórum social mundial aconteceu não longe daqui em porto alegre foi neste âmbito que outras formas de pensamento
vieram para o ocidente começaram a ser estudadas e levadas em conta isso é pra dizer que eu agradeço pela sua questão e temos consciência disso mas também cabe a vocês realizarem esse trabalho eu citaria apenas e só para contar uma anedota mostrando que nós não somos totalmente europeus e nem totalmente franceses nós realizamos um grande congresso internacional e em sorriso e na normandia em setembro do ano passado com 78 pesquisadores brasileiros presentes muitos deles estavam presentes porque estavam fazendo o pós-doutorado e doutorado sanduíche no meu laboratório e nós fizemos uma sessão inteira sobre o comum
eo brasil e foi muito interessante observar que tivemos pesquisadores que começaram a trabalhar com essa categoria do comum e adaptá-la a confrontá la com as lutas brasileiras as as a questão do barulho das mulheres o bassul são pesquisadores que se engajaram em lutas relativas a populações indígenas e negras no brasil nós mesmos então começamos a fazer a nossa autocrítica em relação a nós mesmos ea as nossas limitações geográficas intelectuais muito obrigado [Aplausos] [Música]
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