[Música] k Ah acho que eu não vejo ninguém acho que devo ver a mim mesmo acho que deve ter começado certo tá Ok então Eh inicialmente eu gostaria de agradecer aí a presença de todos vocês para mim é uma grande felicidade poder estar aqui eh para discutir com vocês esse tema né esse é um tema Na verdade acho que introduz um pouco as discussões que eu gostaria de desenvolver de maneira mais sistemática o curso que vai ser oferecido pelo esp a respeito dessas novas configurações do sofrimento psíquico psicanálises novas configurações do sofrimento psíquico né então
Eh na nessa na clínica contemporânea Na verdade o título é esse aqui psicanálise do sofrimento psíquico na clínica contemporânea né na verdade quando eu sugeri esse debate eu queria explorar algumas modificações a meu ver estruturais na nossa forma de falar sobre a sobre como nós sofremos dizer como isso eh indica eh digamos novos desafios para as abordagens clínicas como essas novas formas de descrição do nosso sofrimento elas estão inseridas em umas em algumas mutações modificações sociais mais amplas do que simplesmente as modificações que nós podemos imaginar a partir do desenvolvimento de certas tecnologias clínicas de
certas dinâmicas farmacológicas e coisas dessa natureza porque Vejam Só queria começar eh explorando um paradoxo com vocês há mais de 50 anos o campo do tratamento do sofrimento psíquico ele tem passado por uma uma transformação que eu diria nunca Vista nos seus métodos clínicos e nas suas estruturas classificatórias vejam desde o desenvolvimento dos primeiros neurolépticos através da síntese da clorpromazina isso lá na década de 50 a Psiquiatria e a psicologia ela viram uma modificação brutal nos seus métodos clínicos de intervenção e dessa mesma maneira a gente viu modificações profundas na nossa compreensão do que é
o sofrimento psíquico qual a sua natureza né só que o paradoxo que eu queria chamar a atenção para vocês é que mesmo diante digamos dessas Profundas modificações nada disso redundou num Impacto e na diminuição dos níveis de Sofrimento psíquico ao contrário os números atuais eu diria eles são simplesmente alarmantes por exemplo Vejam a gente tá diante de números extremamente robustos de Sofrimento ah Organização Mundial da saúde por exemplo Numa pesquisa de 2017 já indicava já naquele momento indicava o Brasil como um país que tinha a maior taxa de transtornos de ansiedade Na época na época
era 9,3 da população brasileira ou seja 18 milhões de pessoas né E tinha na época a terceira a terceira taxa de transtornos depressivos que era na época 5,8 que dava aí 11 milhões de pessoas né E só ficava muito muito marginalmente atrás das duas maiores eh taxas de tões depressivos que era Estados Unidos e Austrália que era 5,9 isso em 2017 percebam esses números né são números muito muito significativos né só que na verdade esses números pioraram a gente a gente tem números de 2022 onde Na verdade transtornos depressivos no Brasil atingiram o patamar de
13,5 por da população 13,5 por da população né e os transtornos de ansiedade 9,7 por da população ou seja só nisso aí é quase 1/4 da população brasileira né E não é só uma especificidade brasileira digamos assim poderia trazer vários números de vários outros países por exemplo posso trazer números da Inglaterra também tem eh alguns números bastante significativos por exemplo 26% dos adultos Ingleses eh afirmaram ter sido diagnosticado com ao menos uma um transtorno mental em 2014 né enquanto eh 18% afirmam ter tido algum tipo de transtorno mental e não foram diagnosticados 26% dos adultos
mais de 18% daqueles que Ou seja você vocês percebem que qual é a conclusão que a gente pode chegar conclusão é que o desenvolvimento da tecnologia farmacológica das últimas décadas não redundou em uma diminuição do sofrimento psíquico Olha que coisa interessante todo toda essa mutação na maneira dos das modalidades de intervenção do sofrimento psíquico não redundaram em diminuição significativa certo do sofrimento tal como nós encontramos nas sociedades ocidentais então o que a gente pode levar trazer uma série de consequências uma delas a gente poderia dizer simplesmente que esse desenvolvimento ele afetou muito pouco as estruturas
causais do sofrimento psíquico né o que na verdade eh digamos o que o que esse desenvolvimento verdade conseguiu produzir foi reconstruir aquilo que a gente poderia chamar de uma gramática social do sofrimento ou seja essa é a primeira tese que eu queria defender com vocês né nós tivemos aí nos últimos 50 anos modificações drásticas em relação à nossa maneira de descrever como sofremos Quais as as causas desse sof ferimentos quais as modalidades de intervenção essas modificações drásticas não redundaram em diminuição significativa das taxas de Sofrimento psíquico Que nós conhecemos quer dizer o máximo que elas
Conseguiram fazer é modificar a nossa maneira de descrevê-los por isso modifica-se a gramática social né a maneira com que nós classificamos comportamentos modificou que nós transformamos Sofrimentos em patologias E aí porque vem uma coisa importante né quer dizer eh uma distinção importante entre o que nós entendemos por sofrimento e o que nós entendemos por patologia nem todo sofrimento é um sofrimento patológico nós conhecemos vários tipos de Sofrimento psíquico que não são Sofrimentos patológicos por exemplo o luto É um sofrimento psíquico e até segunda ordem isso pode mudar a qualquer momento mas até segunda ordem eh
embora exista o luto patológico Mas você reconhece a existência de de um luto não patológico né então seja H você tem a tristeza como sofrimento psíquico que até segunda ordem também não é um sofrimento patológico patológico É um sofrimento que a sociedade compreende como um objeto de intervenção de uma tecnologia específica de intervenção de cura né que normalmente tá vinculada a certos saberes e a certas instituições então patológico é aquela dimensão do sofrimento que a sociedade se vê no direito de intervir né a sociedade eu digo quer dizer todo o corpo social que é formado
no interior eh das nossas instituições das nossas estruturas é um corpo de eh que tem como sua função Central reconfigurar reconduzir certo as patologias H uma H uma situação de normalidade então ou seja eh é um é o reconhecimento de uma espécie de Sofrimento que é pronto à intervenção social porque veja aí vem uma questão quando eu falo em gramática social do sofrimento houve uma mutação na nossa gramática social do sofrimento que que é uma gramática Nesse contexto né a gramática é uma maneira de organizar o que há para ser enunciado e o que deve
ser visível O que é visível O que é anunciá n e como eu posso falar sobre a gramática define como eu posso falar sobre algo e o que a ou que a dizer né como é que eu constituo um objeto para para representar ou seja eu defino condições sintáticas e eu defino condições semânticas Como eu como eu compreendo a produção do sentido e como eu organizo eh enunciados com sentido então como eu como eu compreendo as O que é uma uma O que é normalidade O que é patologia como eu compreendo o que são categorias
clínicas como eu classifico essas esse sofrio como classifico as patologias onde eu vou alocar onde eu vou colocar sujeitos que sofrem então eu diria que é claro dessa forma uma gramática também ela tem o seu outro lado se ela é uma maneira de definir o que é visível que é anunciá Vel Então ela também define o que é inarticulate ele insiste muito nesse aspecto nós temos uma uma espécie de mutação histórica contínua Veja por exemplo vamos pegar só um exemplo do que eu tô querendo dizer para vocês terem uma clareza do tamanho da Mutação né
Por exemplo eh quando foi publicado na sua primeira versão isso em 1952 o manual diagnóstico estatístico de transtornos mentais Que nós conhecemos por dsm que é a base do nosso saber psiquiátrico hoje em dia ele continha Vejam Só vocês 128 categorias paraa descrição de modalidades de Sofrimento psíquico 128 em 2013 seja mais ou menos 60 anos depois na última versão Que nós conhecemos o dsm5 ele apresentava 541 categorias clínicas 128 e 1952 541 em 2013 ou seja em mais ou menos 60 anos 43 novas categorias clínicas foram entre muitas aspas descobertas insisto nesse aspecto porque
nós estamos diante de um fenômeno absolutamente anômalo não há nenhum caso e nenhuma ciência que nós conheçamos que você tenha tem um desenvolvimento eh tão impressionante num prazo tão curto nenhuma ciência des do do do do momento em que os dinossauros desapareceram da terra descobriu em 60 anos 413 novas categorias né tabela você imagina tabela periódica né 400 três novas categorias na tabela periódica não não há nada absolutamente nada parecido com isso eu quero insistir nesse aspecto Esse é muito importante isso ISO nós estamos diante de uma anomalia científica anomalia científica ou de fato nós
não tínhamos nenhum conhecimento sobre o que significavam as estruturas do sofrimento psíquico né ou nós temos uma modificação que tá tá sendo IMP fonada que tá sendo digamos eh desenvolvida a partir de de estruturas de força de eh de intervenções que normalmente não atuam dentro do Saber Clínico tem alguma coisa eu insistiria completamente diferente acontecendo eu insisto Nisso porque veja aí só uma questão quer dizer o que que aconteceu porque como foi possível criar essas 413 novas categorias né você teve pelo menos eh dois fenômenos muito impressionantes né o primeiro o desaparecimento Você tem uma
uma fragmentação das antigas grandes estruturas então por exemplo você tem quadro sindrômicos de sintomas né no caso da daquilo que a gente chamava das neuroses estéricas né você tem transtorn de conversão Você tem uma certa teatralidade do comportamento certo o que acontece o transtorno de conversão ele se autonomiza né ele vira eh os sintomas de conversão viram transtornos de conversão e a o tipo os comportamentos teatralizadas viram eh transtornos de personalidade histriônica Então você vai você vai quebrando categorias né Outra coisa é que você vai vai vai perceber o desaparecimento de categorias clínicas que estavam
baseadas na noção de conflito psíquico como as neuroses ou em continuidade entre normalidade patologia como a paranoia eu vou descrever isso melhor mas eu quero só insistir no seguinte aspecto esta mudança estrutural ela exige dois tipos de compreensão uma é uma compreensão que a gente poderia chamar de compreensão realista significa que você teve um salto tecnológico esse salto tecnológico teria permitido a descoberta daquilo que nós não conhecíamos até então isso é uma descrição realista no sentido de que então o nosso conhecimento científico foi se aproximando de um real que é caracterizado por ter autonomia metafísica
e acessibilidade epistêmica ou seja ele não é uma projeção do meu saber autonomia metafísica mas ele pode ser conhecido a acessibilidade epistêmica né essa é uma visão realista do desenvolvimento atual da nossa forma de descrever o sofrimento psíquico só que nós poderíamos também ter uma visão não realista desse processo uma visão que vai dizer entre outras coisas que nosso conhecimento Nossa forma de intervir no sofrimento psíquico não é neutra em relação a valores ela é na verdade d de uma forma de adequar comportamentos estruturas de desejos modos de uso de linguagem há valores que não
são necessariamente criados dentro do Espaço Clínico Ou seja a clínica dependeria de valores que não são clínicos né seja valores que ela importa que ela traz de outros Campos da Cultura e sendo assim então você tem nesta nova configuração das novas nossas formas de sofrer certo nós teríamos o impacto de certas mutações das estruturas de valores sociais que interferem no campo da Clínica né vejam Quando eu digo isso a clínica não é autônoma em relação a valores por exemplo pensem eh na maneira com que nós imos normalidade patologia saúde e doença quantas vezes nós utilizamos
para descrever saúde valores como equilíbrio proporção controle né hierarquia né rendimento performance vejam que interessante equilíbrio proporção não são valores clínicos são valores estéticos controle hierarquia não são valores clínicos são valores políticos rimento performance não são valores clínicos são valores econômicos Então seja vocês percebem Nossa maneira de descrever o que é saúde Depende de valores que nós importamos de outros Campos da Cultura a cultura qual nós fazemos parte define a maneira com que nós vamos descrever distinção entre saúde e doença entre normalidade e patologia não é só uma questão de da da da digamos da
consciência que o sujeito tem da sua da da limitação da sua capacidade de ação aquilo que poderia falar é bem essa é a grande diferença entre um estado de doença um estado de de saúde Eu diria bem mas o problema é que no caso do sofrimento psíquico você tem ainda outros outros conjuntos de fatores que intervém na gram na maneira com que nós descrevemos como nós descrevemos nós classificamos nós diferenciamos de situações de normalidade Se for assim nós temos todo o direito de se perguntar se não está havendo uma outra configuração de processos de gestão
social que tem intervido radicalmente no campo da clínica que tem intervido na maneira como as pessoas entendem o que é sofrimento patológico Qual o sofrimento que deve ser TR atado O que é um sofrimento insustentável né É um sofrimento inaceitável ou seja por isso que me leva a procurar algum tipo de especialista me Neva a procurar algum tipo de de de profissional algum tipo de saber algum tipo de discurso né que possa modificar minha essa situação através de uma naturalização dos modos de intervenção científica quer dizer é um objeto de uma ciência né porque eu
posso pensar em várias modalidades de Sofrimento que que não necessariamente sejam objetos de uma ciência eles podem ser objeto de uma ética eles podem ser objetos de uma de um certo saber pode ser objeto de uma erótica eles podem ser objetos de uma estética e coisas dessa natureza né então é me parece muito importante porque bem vocês conhecem a gente tá dentro de um Horizonte onde não é eh não a todo momento se coloca questões a respeito da cientificidade das psicoter terapias em especial no caso da psicanálise certo de cinco em 5 anos sempre tem
um debate dessa natureza mais ou menos com as mesmas pergun com as mesmas acusações mais ou menos com os com as mesmas interpretações certo e normalmente e eles eh evitam um elemento que me parece muito interessante porque o o o o setor anômalo de dos tratamentos vinculados ao sofrimento psíquico não é a psicanálise é o setor mais estabelecido hegemônico hoje em dia né dizer como eu havia dito para vocês porque ele impõe um tipo de as transformações brutais estruturais né Por exemplo a última uma das últimas transformações que nós vimos eh que é extremamente significativa
durante séculos quando nós falávamos de Psicose certo nós tínhamos a tendência em fazer pelo menos uma uma explicação do Eh que que vinha lá do século X certo da distinção entre amencia e demência seja um tipo de de de preservação das faculdades superiores da fala eh da atenção da motricidade certo mesmo que você tinha uma uma profusão de produções delirantes e alucinatórias você tinha julgamentos eh delirantes percepções alucinatórias certo e você tinha um outro modelo que era o modelo de degradação de degeneração contínua até os estados catatônico de uma certa forma isto eh se preservou
no nosso quadro clínico através da polaridade esquizofrenia paranoia que durou durante um certo tempo mas que não existe mais a paranoia ela num dado momento no dsm4 por exemplo ela se transforma em um um dos transtornos H um dos tipos de transtorno próprio esquizofrenico você tinha transtornos esquizofrênicos do tipo paranoide e agora você não nem tem mais isso ou seja nós nós eliminamos radicalmente a paranoia como categoria Clínica ou seja não não há mais paranoicos no mundo vejam que coisa interessante né No momento onde eles parece que estão por todos os lados na verdade eles
não existem mais né agora o que que isso se perde eu queria insistir nesse aspecto porque esse é um aspecto que me parece bastante importante o que se perde quando nós eliminamos categorias clínicas Que tipo de visão que tipo de de de de compreensão é perdida essas categorias são o qu elas viram o qu parte de um museu de cera né o museu de cera da história da medicina Olha como antigamente existiam as histéricas né mas não existe mais isia hoje em dia Olha como antigamente Existiam os paranoicos não existem mais paranoicos um pouco a
gente fala em física Olha como existe o flogisto né só que não existe flogisto então Ou seja é isso ou de fato há uma outra coisa que nós deveríamos entender que passa eh pelo pela incapacidade ou pela pelo abandono de certas maneiras de compreender o que significa a doença mental e por exemplo no caso da paranoia um dado muito interessante Vejam Só vocês ela por exemplo vamos pegar o o pensamento psicanalítico sobre a paranoia né Vamos pensar como Freud pensa paranoia Freud pensa paranoia como uma espécie de lente de aumento dos processos de Constituição do
eu normal seja ele vai explicar como os processos de introjeção e projeção que constituem um eu eles só podem ser efetivamente compreendidos se nós encontrarmos a sua versão patológica porque o Freud tem essa ideia que é muito astuta que consiste basicamente em dizer que a a diferença entre o normal patológico é uma diferença digamos de não é uma diferença estritamente eh qualitativa desculpa ela é uma uma uma diferença de ela é o mesmo processo mas aumentado de uma certa forma né ou seja o patológico me dá a possibilidade de compreender efetivamente os processos digamos ditos
normais por exemplo eh o Freud utiliz esse exemplo clássico que o exemplo do Cristal Quebrado el fala assim bem digamos a a situação normal é como é como um cristal aí Digamos que eu que eu deixo o cristal cair no chão o cristal quebra ele vai quebrar respeitando os sulcos que existiam no Cristal mas eram invisíveis eu não tinha como como percebê-los eu só poderia percebê-los quando ele quebra aí quando ele quebra eu vejo como ele é formado né então dis é essa essa diferença entre normal patológico o normal o patológico são esses pontos no
qual é possível ver o processo de formação do eu normal e ele usa a a paranoia usa os processos de introjeção e projeção da paranoia certo usa as dinâmicas de identificação da paranoia certo exatamente para entender como se como se produz o eu Então veja que coisa interessante quer dizer você não tem uma distinção funcional radical entre a normalidade e a patologia da mesma maneira na demência precoce que era um quadro clássico da da Psicose no século XIX você tinha essa ideia de que bem eh o desenvolvimento psicológico ele se dá como uma espécie de
progresso onde eu vou de situações digamos mais eh elementares as situações mais complexas né eu vou em referências digamos eh Auto muito autocentradas né até situações nas quais eu tenho condição de articular um campo Mais amplo de relações um campo Mais amplo de estrutura de reconhecimento e e estabelecer julgamentos complexos E por aí vai o que faz a doença a doença faz o caminho inverso do Progresso né ela ela é por isso uma degenerescência Então você tem esse modelo clássico da doença mental no século XIX é o modelo da doença mental como degenerescência a demência
precoce é exatamente ela nasce exatamente dessa ideia tem uma ideia interessante aqui que é entre o processo normal e o processo patológico não há uma diferença de estrutura há uma diferença de dinâmica um vai paraa frente outro vai para trás mas eles partiram mais ou menos a mesma estrutura então Ou seja você tem um campo de partilha entre o normal e patológico esse campo de partilha vai sendo cada vez mais questionado quando esquizofrenia aparece Então veja esquizofrenia é o nosso grande eh grande quadro clínico a gente vai ver isso mais claramente no nosso curso eu
vou fazer questão de fazer uma descrição minuciosa desses dessas dinâmicas desses processo dessas mudanças dos quadros das psicoses do fim dos quadros das neuroses o que isso realmente vai vai vai implicar certo de uma eh do que De qual vai ser o destino por exemplo das perversões e coisas dessa natureza eu queria só no qu no caso da esquizofrenia que aparece no começo do século XX né brer bler é um dos seus nomes fundamentais a esquizofrenia aparece como uma doença um uma uma uma modo de Sofrimento psíquico marcado por uma distinção funcional Clara em relação
às estruturas da normalidade na ideia de esquise né ideia de clivagem de divisão de dissolução da unidade da consciência e da personalidade dissolução da capacidade de síntese tanto temporal quanto espacial certo da personalidade da e da e da consciência Então você tem uma mudança você percebe Olha a diferença você tem uma distinção qualitativa muito clara entre o estado normal e o estado patológico o que você não tinha nessas outras categorias ou seja elas desaparecem elas desaparecem não porque você não tem mais quadros não tem mais casos ao qual você possa remetê-lo na verdade desaparece porque
a noção de doença mental ela se modifica ela vai cada vez mais procurar distinções funcionar né ou desarticulação de certas funções específicas eh eh E essas essas disfunções em faculdades específicas na atensão na motricidade no desejo certo o desejo na volição na percepção no julgamento né Essas distinções elas vão precisar tá tá Estar organizadas em quadros muito muito eh eh estabelecidos onde é muito claramente possível ver a diferença entre normalidade e patologia Ok mas eu havia dito a vocês que essa uma mudança do tamanho que nós estamos vendo ela não pode ocorrer sem uma modificação
estrutural em Sistemas de valores exteriores à Clínica quer dizer um dos Tópicos que eu trabalhei né Eh num laboratório que que eu e outros professores Nós criamos na Universidade de São Paulo laboratório de pesquisas em teoria social filosofia e psicanálise era como uma modificação nos padrões de racionalidade econômica das sociedades ocidentais tinham impactado a nossa maneira de sofrer a nossa maneira de descrever Sofrimentos né isso de uma de uma forma eu diria muito estrutural isso significava que essas essas esses padrões racionalidade racionalidade Econômica não eram simplesmente padrões que descrevem sistemas de trocas econômicas né sistemas
de trocas de produção de consumo de produção de riqueza eles faziam outras coisas também eles também eram modos de produção de subjetividades entendeu então ou seja uma razão uma racionalidade Econômica não diz respeito apenas a maneira com que nós organizamos as dinâmicas de produção as dinâmicas de circulação e as dinâmicas de consumo de objetos nas nossas sociedades tendo em vista a produção de riqueza Na verdade uma racionalidade Econômica também é uma forma de definir como nós vamos produzir sujeitos né Marx já dizia isso né produção não produz Só um objeto para o sujeito ela produz
um sujeito para o objeto Isso é uma ideia muito importante então se for assim ela não produz só do ponto de vista normativo porque Qual o sentido de falar o que eu tô falando por que que eu tô dizendo o que eu tô dizendo tô dizendo Na verdade tô falando isso porque de uma certa forma só para pegar esse exemplo a economia Ela depende da Psicologia ela é uma continuação da Psicologia por outros meios ela tem uma psicologia que seja implícita que ela fala o que que significa um agente racional que ela fala o que
que significa um interesse ela fala o que significa maximizar o interesse né ou seja ela fala como os sujeitos agem ou devem agir ela fala de como comportamentos individuais ela fala de procuras de ganhos de lucros que mobilizam comportamentos individuais Então ela ela pressupõe sujeitos ela pressupõe eh indivíduos que tenham certas características que compreendam como racional as demandas econômicas às quais eles estão submetidos E submetidas então ou seja há uma articulação profunda não é possível a você mudar e um um princípio de organização Econômica sem mudar os sujeitos que estão ae submetidos porque o princípio
de organização Econômica define a forma como eu vou trabalhar define então a forma como e mais do que isso define também a forma como eu vou desejar né ou seja não eu costumo dizer isso não se não se trabalha da mesma forma dentro e fora do capitalismo mas também não se deseja da mesma forma dentro e fora do capitalismo e nem se fala nem se usa a linguagem da mesma forma dentro fora do capitalismo porque um esse processo de racionalidade Econômica impõe põ impactos profundos na nossa forma de vida como um todo e não só
no no sentido de uma disposição normativa ou seja como eu devo ser para que eu possa ser um sujeito econômico seja um sujeito que tem que pode ser que que que não não vai ser destruído dentro de uma certa lógica Econômica né que vai conseguir saber produzir valor vai conseguir fazer do seu trabalho um trabalho produtor de valor vai conseguir sobreviver socialmente né vai conseguir ter uma uma autonomia no sentido de de no sentido de de estabelecer para si né a sua própria capacidade de autopreservação Não é só isso um uma racionalidade Econômica também interfere
na maneira com que nós vamos descrever nossos Sofrimentos isso era um dado importante um exemplo que eu vou trazer para vocês né vocês vão ver dentro do nosso curso certo diz respeito por exemplo por que que num dado momento isso é um dado muito interessante Por que que num dado momento a a depressão ela vai se tornar uma categoria absolutamente Central dentro das nossas descrições de Sofrimento psíquico eu lembro a vocês por exemplo os primeiros antidepressivos esses com clorpromazina que apareceram nos anos 50 eles não foram objeto de grande comercialização olha que coisa interessante por
por qu porque não tinha público para eles não tinha consumidor eh os casos de depressão eram residuais os níveis de depressão eram muito baixos hoje eu eu acabei de falar para vocês 13,5 da população brasileira foi diagnosticada com depressão diagnosticada a gente sabe qual o que que significa para setores enormes da população brasileira receber um agnóstico ir num Caps ir num hospital então você pode imaginar qual é o verdadeiro número nesse caso que vejam que coisa interessante essa modificação estrutural ela ela se deu através de uma substituição a depressão ela entra como uma categoria fundamental
no lugar de outra categoria E a categoria que antes era a categoria que organizava boa parte certo do diagnósticos era a categoria das neuroses né então houve uma certa substituição efetiva das categorias das neuroses aos transtornos depressivos essa é uma característica importante das transformações estruturais nosso modo de descrever Sofrimentos tal como eles ocorreram nos últimos 60 anos ascensão eh Irresistível dos transistores depressivos né E porque a o primeiro passo vai vai ser quebrar existia por exemplo dsm2 eh o transtorno maníaco depressivo n essa bipolaridade essa essa essa estrutura maníaco depressiva né E ela vai ser
a depressão se autonomiza até se transformar numa na grande categoria clínica que nós temos hoje na grande categoria Clínica né agora vejam que coisa interessante uma das coisas que nós podemos levantar é que como se sofre Qual a diferença de sofrimento própria as neuroses e a depressão e no caso das neuroses eu poderia lembrar de um de um trabalho Pioneiro muito interessante de um sociólogo da Medicina né chamado Alan herberg que dizia mais ou menos o seguinte Veja a neurose é uma patologia do proibido e do permitido uma patologia da lei né Ou seja eu
tenho uma eh um a consciência ela se organiza a partir da internalização de uma certa lei de ou seja disposições sociais de Conduta de Conduta vinculada a Como eu posso desejar quem eu devo ser quais devem ser os papéis sociais que eu devo assumir e o que que eu que tipo de de de pessoa eu devo ser se eu assumo esses papéis como eu devo ser sendo pai como devo ser trabalhando certo como eu devo que como eu devo organizar meu desejo certo é claro isso produz uma clivagem a lei produz uma clivagem produz uma
divisão no sujeito n essa divisão faz com que aqueles aquele aqueles desejos que não se adequam lei aqueles desejos que vão ser vão precisar ser recalcados vão precisar ser reprimidos aqueles conteúdos pulsionais aquelas ligados às fantasias por exemplo certo eles vão ocupar uma outra cena a consciência se divide de uma certa forma né Então você vai ter uma uma clivagem no aparelho psílio essa outra Cena ela ela ela pressiona ela pressiona o campo das Representações consci E é claro a neurose ela é uma espécie de revolta contra contra a norma contra a lei contra uma
lei que que ela é expressa expressão de instituições sociais como a família como a paternidade como o patriarcado certo como como o estado e por aí vai então o que acontece nesse caso você tem uma distinção entre o que é proibido e o que é permitido o que de acordo com com a lei que eu Inter analisei para que eu pudesse ser reconhecido como sujeito e aquilo que teve que ser expulso n e que volta queor e queet como constante confrontação não só com a lei com a lei e com as suas figuras né com
outro que a representa com as figuras de autoridade porque é sempre importante lembrar uma coisa fundamental né se alguma coisa que o processo de sofrio psíquico nos mostra é que a a as nossas relações com a autoridade nos fazem sofrer porque essas relações com a autoridade são relações sempre de conformação como eu devo me conformar como é que eu devo organizar minha vontade como devo organizar meu desejo C A partir da internalização de tipos ideais que tem força de lei tem força de autoridade coisas dessa natureza Ok só que o que é a depressão ve
coisa interessante a depressão não é uma patologia do permitido e do proibido não é uma patologia ligada à lei ela é uma patologia do do da potência e da impotência ela tá não tá ligado exatamente a lei ela tá ligado aos ideais né E aí tem uma questão muito interessante por isso que por exemplo esse autor que eu havia citado a vocês fal herberg ele vai criar ele vai ter uma formulação muito muito feliz feliz não palavra correta para falar sobre esse tipo de de objeto mas muito muito adequada eh que é a depressão como
uma espécie de cansaço de ser si mesmo cansaço de ser si mesmo seja tem uma questão vinculada à potência e a impotência Por que impotência e a impotência porque em última instância não é um conflito com a lei né porque a essa Instância legisladora essa Instância repressora ela não funciona mais da mesma forma como ela funcionava sei lá no começo do século né Tem uma mudança dos padrões de socialização onde os discursos repressivos Eles não têm mais a mesma configuração e eles eles eles perdem a sua centralidade eles vão ser configurados de outra maneira eles
não eles não eles não têm mais o eixo fundamental da organização o discurso é o o discurso digamos dos ideais é de outra natureza ele é um discurso muito mais vinculado ao fato de que veja eh você você tem autorização você prec você não há nada no interior da vida social que te impeça de conseguir realizar certo todos os seus prazeres os seus desejos sua forma de gozo você tem autorização mais do que isso você precisa realizar você tem a exigência de realizar né até porque essa é a condição da sua existência é que você
consiga fazer da sua forma de gozo uma uma uma uma um objeto de consumo um espaço de circulação de identidades de identificações e coisas dessa natureza Então o que acontece quando eu não consigo realizar você percebe é como se falasse não mas você não não há nada que te impeça a não ser a sua própria impotência a não ser sua própria impotência a impotência é sua a responsabilidade é sua individual é diferente da neurose onde você jogava digamos eh você tinha uma relação ambivalente com a lei né a lei excitava né ah ela a lei
citava e reprimia né Ah então ela ela tem uma dinâmica aos tem uma dinâmica de transgressão né Então ess essas transgressões que vão aparecer nas neuroses obsessivas nas neuroses nas neuroses estéricas de uma forma de um desejo de transgressão que pelo menos isso que aparece de uma forma ou de outra mas o desejo de transgressão que também é marcado pelo Desejo de preservação tem toda ambivalência do processo neurótico mas de toda forma você percebe existe uma relação ao outro que é desse que é constituinte aqui essa relação a outra ela se ela se desdobra de
outra forma completamente diferente né porque dentro de uma sociedade mesmo onde a liberdade seria uma característica fundamental né e assim que as sociedades neoliberais se Venderam é uma sociedade onde Na verdade o que tudo que você precisa é saber usar esta Liberdade né a liberdade de empreender a liberdade de de inventar a liberdade de ser a liberdade de de conseguir abrir novos caminhos quer dizer dentro de uma sociedade como essa não é à toa que é a depressão que vai ser a categoria Clínica fundamental aqueles que não vão se encontrar nesta liberdade que vão achar
que tem algum problema com ela né e que não não não não não conseguem não se sentem implicados e por isso eles acabam a sua revolta quant ordem social se torna uma impotência um cansaço radical de si mesmo né um desligamento fundamental até a inanição então vocês percebem é só um exemplo que acho que é mais ou menos importante para que nós possamos entender afinal de contas O que que significa dizer que existem estruturas de valores sociais que interferem na nossa maneira de descrever nossos nossas formas de Sofrimento né agora eu queria só lembrar vocês
que essa essa é uma maneira Alternativa de compreender o que é o processo de desenvolvimento das categorias clínicas e quais são eu diria as os desafios que eles impõem a atividade Clínica contemporânea porque é claro eh a psicanálise a ideia era essa psicanálise e novas formas de Sofrimento né a psicanálise ela tem uma posi S extremamente singular dentro dessa nova configuração eu poderia eh descrever essa posição com a posição de resiliência resiliência Em que sentido no sentido de que a psicanálise ela modificou muito pouco muito pouco as suas estruturas de categorização clínica até hoje nós
trabalhamos com com estruturas como as neuroses com estrutura como as perversões com estrutura como a psicose paranoia E por aí vai de onde vem essa resiliência da psicanálise primeiro do fato de que setores fundamentais da psicanálise tem uma noção de estrutura que é própria né seja uma ideia de que os modos de Sofrimento se organizam so a forma de estruturas então eles São relativamente autônomos em relação a descrição de sintomas eu posso ter sintomas paranóicos mas ter uma estrutura histérica é possível sintomas obsessivos uma desculpa sintomas paranóicos uma estrutura obsessiva passa que eu teja numa
numa situação digamos assim num num num grau extremamente crônico e elevado de uma neurose obsessiva então posso ter delírios pode ser Delírios de ciúme por exemplo posso ter Delírio de grandeza eu posso ter delí de perseguição isso É completamente possível des do ponto de vista psicanalítico né então não são os sintomas não é a categoria as estruturas dos sintomas que definem uma categoria né é um algo que aparentemente pode ser um pouco abstrato mas a gente vai ver como não é exatamente uma abstração né é uma aquilo que a gente poderia chamar de posições subjetivas
diante do desejo Então você tem posições subjetivas diante do desejos diante diante que que se organizam ou que organizam os conflitos psíquicos a partir de de de estruturas específicas de negações Isso é o que define eu poderia de uma maneira digamos mais pedagógica eu diria assim se quiser entender como se define uma categoria clínica em psicanálise procura entender a maneira com que os conflitos são organizados né então categoria Clínica define eh uma especificidade de conflitos e esses conflitos estão vinculados às formas de negação Isso é uma ideia naana por Excelência né Eh eh eu diria
que a ideia lacaniana a ideia cana mais mais operacional nesse sentido né quer dizer as categorias são são definidas as maneiras que as negações elas elas funcionam por exemplo as neuroses T um tipo de negação específica que o o lacão utilizando uma terminologia do Freud vai vai definir como denegação a ideia de fainé seja a ideia de que você tem um tipo de organização do conflito psíquico onde eu ao mesmo tempo recuso e integro aquilo que Eu recusei e essa dinâmica ela vai produzir isso é bem essa vai produzir toda uma dinâmica específica das neuroses
né com as suas com com as toda uma instabilidade específica dos comportamentos neuróticos e toda uma circularidade toda uma repetição próprio comportamento neurótico né as psicoses elas são eh organizadas a partir de um outro tipo de negação um tipo de negação que eh lá que utilizo um termo do Freud que o Freud não utiliza para falar de Psicose a todo momento que é a ferv fung né que ele traduz como forclusão forclusão é uma operação jurídica você eh quem quem tem formação de direito já deve ter ouvido essa palavra né que é mais ou menos
quando digamos quando você elimina de um processo algo que foi com conseguido de uma forma ilegal Hum então eu fiz eu eu eu instaurei escutas que eu não poderia ter instaurado instalado na casa de alguém eu descobri certas coisas eu trago isso pro processo mas eu mas eh como isso tudo é ilegal eh Pode ser que o juiz obrigue a for cluir obriga a for cluir eu tenho que fazer tudo como se não existisse essas informações né eu não posso em momento algum apelar a Tais informações então ele vai dizer bem esse é um um
traço fundamental das psicoses né diz uma forma de organizar o conflito psíquico onde você tem uma uma austo uma expulsão para fora de si de um conteúdo normalmente vinculado àquilo que é da Ordem da experiência da castração a gente vai ver o que isso significa nesse nesse nesse contexto certo na qual o sujeito ele não faz mais quer dizer ele age como se não existisse Isso volta mas volta volta no Real quer dizer aquilo que é expulso no simbólico aquela ideia clássica do La aquilo expulso no simbólico volta no real so a forma de Delírio
mas é outra eh eh uma outra dinâmica não é a dinâmica não é a dinâmica que a gente encontra dos dos modelos de negação e de organização de conflitos psíquicos das neuroses da mesma forma nas perversões Você tem uma outra forma de negação que é o que o o Lacan chama de eh bem utilizando aí um termo que o fraude utiliza mesmo eh ferlin né Eh que é o que a gente traduziu Por desmentido que é uma maneira Eh aí de quer dizer no caso da das neuroses você organiza a as denega ções a partir
de uma de uma clivagem uma clivagem eh no aparelho psíquico onde um o os conteúdos recalcados eles vão ocupar uma outra cena né e a consciência ela tenta preservar algo da sua unidade no caso das perversões é diferente você vai ter uma clivagem no dentro do eu né onde ele eh de uma certa maneira consegue agir como se tivesse duas ideias eh contraditórias ao mesmo tempo e continuasse agindo Então eu só a gente vai ver isso com calma eu vou poder descrever isso com calma dentro do nossos nosso curso mas eu só quis Trazer isso
para insistir a psicanálise tem uma posição específica dentro desse processo ela organiza as suas categorias clínicas A partir dessa da da eh desses quadros estruturais que são baseados em em formas de conflitos psíquicos que ganham hegemonia não é não significa que não exista denegação que não exista forclusão na eh nas neuroses por exemplo isso pode ocorrer né qu dizer veja o caso do Freud é um caso o Freud inclusive traz um caso bastante clássico onde tem uma uma uma forclusão né Eh que é o caso do homem dos lobos né do do do dele do
da da Alucinação da perda do dedo tal não sei o qu e onde utiliza inclusive esse termo C Mas é claro dizer eh São eh você tem essas operações que elas são elas são residuais elas não são operações hegemônicas essa que a ideia central do lacamp né então o que acontece nesse caso o que que você vai ter você vai ter não só uma resiliência das categorias Clínicas Mas você vai ter também uma outra compreensão do que significa o quadro patológico essa outra compreensão do que significa o quadro patológico certo ela ela vai ter que
lidar essa aqui isso esse o ponto que eu queria chegar ela vai ter que lidar com o fato de que os pacientes atualmente Eles já trazem porque ess eles são produtos também de saberes sobre o seu próprio sofrimento Eles já trazem todas as categorias ou boa parte das categorias eles passam por outras experiências l né então el Eles já se autodiagnóstico eles já trazem diagnóstico Eles procuram diagnóstico né eles eles porque o diagnóstico Esse é um dado importante numa situação você tem 524 diagnósticos clínicos possíveis é importante também perceber uma mutação do que significa o
diagnóstico hoje em dia né quer dizer durante muito tempo o diagnóstico era era visto como uma uma simples figura da exclusão social né quer dizer aquele que é portador de gnóstico é aquele que deve ser excluído socialmente então ele tem uma uma função digamos excludente muito clara hoje em dia um diagnóstico ele se muitas vezes ele se torna uma espécie de eh de passaporte social para paraa limitação da violência porque eu tenho eu tenho um diagnóstico então assim tendo um tem um diagnóstico tem diagnóstico de autismo Então se diagnóstico de autismo então é claro di
que que uma série de cobranças sociais que normalmente me são feitas não vão poder mais ser feitas então assim eu é é uma forma de autopreservação é um dado muito interessante como o uso social do diagnóstico ele vai eh ele vai sendo modificado porque o estado ente não vai aparecer como expressão das contradições imanentes da Ordem Social é uma É uma garantia de direito a ser tratado de forma distinta hum ess Esse é é um caminho que essa proliferação eh de categorias clínicas acabam por produzir ou seja o diagnóstico se torna uma garantia de direito
a ser tratado de forma distinta o que pode implicar numa diminuição temporária né da violência social por outro lado havia dito a vocês você tem eh o o o o quadro clínico psicanalítico tem uma característica fundamental que é a preservação das etiologias não há diagnóstico sem etiologia que isso significa etiologia significa que a história da doença ela é um elemento a reconstituição da história da doença um elemento fundamental do tratamento da doença porque esta reconstituição da história da doença ela é a a a construção singular da história do desejo de um sujeito então quer dizer
não é não é porque a todo momento eu remeto a quadros interpretativos genéricos né Há conflitos familiares Há questões vinculadas a a a complexos Gerais né complexos fraterno complexo paterno certo e que não é que eu remeto a a este Campo a compreensão do que significa o sofrer psiquicamente né significa uma coisa mais um pouco mais complexa que significa dizer não há possibilidade de intervenção sem a Constituição da história singular do Desejo do sujeito essa Constituição da história singular ela exige um um uma um uma modalidade de escuta né que é modalidade de anamnese né
que ela é um elemento que vai que se adequa à temporalidade de cada um dos dos pacientes né das pacientes bem isso não existe mais dentro desse quadro psiquiátrico porque a etiologia ela foi ela foi eliminada você pega por exemplo hã Sei lá dsm4 tinha lá os um manual um uma espécie de manual de casos os casos são fantásticos e não não é uma história da doença é história do tratamento a história bem eh você tinha um um um um sujeito que tinha H algum tipo de transtorno de personalidade você tratou dessa maneira tratou dessa
maneira ele teve tal tal reação ele cai ele El ele tem uma recaída recaída acontece dessa forma depois ele você Mud fica o tratamento ele volta e coisas desse tipo então é claro é a história do tratamento não é a história da produção singular do desejo que se confunde com o sintoma se confunde com a produção do sintoma então é claro isso vai trazer uma série de consequências também sobre a estrutura da subjetividade que vai est em jogo dentro desses processos clínicos bem todas essas questões eu gostaria de tratar com vocês de maneira mais sistemática
né no nosso dos nossos encontros nossos quatro encontros eu queria preservar então mais ou menos aí uma meia hora para que a gente pudesse pudesse ter uma discussão pudesse trazer suas perguntas porque como eu havia acertado o pessoal aqui do esp De toda forma muito obrigado pela presença de todos eu não sei como é que a gente organiza h a as perguntas Essas são essas perguntas que aparecem aqui embaixo que eu que eu devo responder se tiver alguém que puder me ajudar aqui não pera aí Ah tá entendi maravilha então tá então vamos lá Paulo
Lima traz uma pergunta muito interessante o Christopher bolas alerta para atual grande incidência de histéricos na clínica haveria conexão com os índices de depressão duas questões aí que acho muito importantes né A primeira delas é se percebe quer dizer dentro do quadro psicanalítico a gente acaba funcionando como aqueles que vão insistir Olha esses essas categorias que foram abandonadas por um certo saber Clínico hegemônico elas ainda têm uma força explanatória muito grande Por que que elas T uma força explanatória muito grande porque eh é seria necessário ainda preservar algo do que nós entendemos por estrutura porque
eu diria o seguinte há duas maneiras de você não resolver um problema uma delas é você ignorando o problema é uma maneira clássica tem uma outra maneira maneira mais Eh mais digamos mais atual que é você dividindo o problema você divide o problema você tem um problema aqui você divide ele em Cinco partes aí você fala não não olha vou cuidar da primeira parte ah não mas tem tal e tal tal mas não isso é um outro problema eu diria que muito da do destino das categorias clínicas funcionou desta forma elas foram elas foram seccionadas
em estruturas de sintomas estruturas sindr estruturas de sintomas né o caso da histeria é um caso muito clássico nesse sentido só que o que o bolas fala é um um dado ainda mais interessante eh ele tá falando não só que ainda existe histeria mas essa articulação mais ou menos clássica entre isteria e feminilidade ela precisa ser revista né porque há uma grande incidência de histéricos no interior da Clínica né Ou seja a gente tem casos de histeria masculina sabem histeria é a categoria uma das categorias clínicas mais antigas da história da medicina ocidental né ela
inclusive o se sua ascendência grega é muito Evidente ela vem de istos né que é útero então que é um pouco a ideia de que bem eh Platão Por exemplo fala isso no timeu né que o útero era ele seria como um ser vivo no interior do corpo feminino e que ele se movimenta entu Então o que acontece ao se movimentar ele toca vários outros órgãos em volta produzem uma série de de desconfortos Dores né Eh eh e dessa natureza Então qual que é a solução para você lidar com a histeria ou ou seja a
doença do útero né o o útero precisa estar preenchido ó que interessante né Precisa est preenchido seja eh seja ele precisa ou seja eh eu veja que interessante desde o início essa essa conjugação sexualidade e sofrimento psíquico não é uma invenção da psicanálise ela tá lá desde a Grécia desde a Grécia né então se você eh Ou seja você se reconforta melhor com um certo papel vinculado à feminilidade Aí teria e desaparece Então essa articulação ela sempre teve constituinte ela sempre foi constituinte do nosso saber tem um elemento interessante eu insistiria a gente sabe dessas
polaridades mais ou menos clássicas né a histeria e o feminino a obsessão e o masculino por mais que essa que essa distinção ela seja frouxa há um elemento importante também a ser lembrado é que a maneira que a psicanálise tem de afirmar não há não há identidade de gênero sem sintoma não há produção de identidade de gênero sem a produção de sintoma né é o preço de se pagar para se constituir uma identidade de gênero e é a consolidação de um quadro de sintomas só que eh nesse caso ao insistir não mas veja existe uma
o Lacan tinha uma ideia não é o bolas Mas lacant tinha uma ideia de insistir que a que as neuroses eram organizadas por por questões então por exemplo Ah tem uma questão fundamental da da histeria que é o que é uma mulher então uma questão fundamental da neurose obsessiva eh se eu estou ou não morto né só que é claro eh essa questão que é uma mulher el não é uma questão feminina por Excelência né ela pode ser uma questão masculina definidora de comportamentos masculinos né então Eh de uma certa forma eh é é uma
maneira de quebrar essa essa essa possibilidade de incidência entre quadros muito específicos e quebrar esse vínculo já orgânico que a esteria tinha com essa história do feminino da feminilidade só que há uma dificuldade em fazer essa passagem dos quadros clínicos eh para eh digamos psicanalíticos para esses quadros clínicos psiquiátricos que estão aqui presentes ou seja perguntar se haveria alguma conexão com os índices de depressão eu diria a a grande dificuldade é que é claro eh muitos desses índices desses quadros depressivos quando nós reconstituíram assim eh digamos articulações estruturais que nos metem esses quadros neuróticos só
que a questão é que eh é difícil estabelecer uma relação biunívoca entre os dois seria É necessário uma uma uma reconstituição a gente poderia simplesmente falar bem o problema é que a psicanálise em larga medida ela não opera com a depressão eh como com uma categoria isolada você não você não você não tem um paciente Fala Não Não mas ele tá com problemas depressivos não problema depress ele é ele é consequência de alguma de um outro tipo de dinâmica estrutural ele é um dos elementos então não não não faz muito sentido uma incidência exclusiva nesse
caso né Eh ao contrário quer dizer a a psicanálise ela procura todo momento quebrar esta dinâmica das incidências exclusivas por isso talvez seja um pouco difícil fazer essa passagem que o Paulo aqui tá sugerindo então tem aqui o Fábio Ricardo de Oliveira né eh fale mais sobre o desejo neurótico na neurose obsessiva por favor tá então ok Veja uma maneira de gente entender a estrutura do desejo neurótico é insistir mais men na seguinte questão a neurose tem uma vamos lá neurose tem uma questão central questão central da neurose como o sujeito lida com aquilo que
a gente poderia chamar da falta no outro quer dizer como é que como é que ele evita a relação a falta no outro então por isso que o desejo do outro nas neuroses é sempre um problema Fundamental e Central como lidar com outro desejante porque a gente parte aqui do princípio quando se fala em fta nesse caso significa bem há uma Há Uma vinculação lacaniana clássica entre desejo e aquilo que vai chamar de uma falta ser o que que isso significa concretamente concretamente o que que isso significa significa que a há uma dinâmica excessiva do
desejo Pode parecer estranho falar estabelecer essa relação entre falta e excesso como se fosse quase contradição né mas ela não é nada extremo ou seja significa que paa uma determinação social para reconhecer o meu desejo na sua extensão por isso que ele excede ele excede as determinações fornecidas pelo outro o outro nesse caso ele tem como a função Central eh organizar nomes e lugares no interior da vida social é isso que é um outro o outro é aquele que organiza nomes e lugares na vida social n esse esse é o grande outro né Então essas
organizações ou seja essa ideia de que há uma eh por isso que ele tem uma ele ele opera na ordem simbólica ele opera na estrutura simbólica que essa estrutura que define a ordem e e os l a os lugares e as funções dos sujeitos né Então seja eh é aquilo que quando eu me insiro na sociedade a sociedade ela vai pedir para você por exemplo ah você tem tem um lugar pra sua sexualidade né sei lá se você admitir uma sociedade tem estruturas binárias muito específicas né Você pode até ter outras experiências mas socialmente eu
consigo de reconhecer só essas duas Então você vai ter que saber como lidar com o resto você tem lugares sociais você tem funções tem funções sociais como P pai D Mãe D coisas dessa natureza Então você tem os sistemas de lugares né então o outro fornece Esse sistema de lugares O que que significa o desejo como falta significa que há algo no desejo que não se escreve nesses lugares não consegue encontrar um lugar nesse lugar né agora o fato é que eh para que eu pudesse fazer algum tipo de de reconhecimento entre o desejo de
desejo entre o sujeito e o outro é necessário que o outro também desejasse ou seja que que no interior desse sistema de lugares aparecesse também algo da ordem desse excesso e dessa falta mas fundamental no caso das neuroses cas neuroses obsessiva que essa falta não apareça em hipótese alguma ou seja porque essa falta ela é vivenciada pelo neurótico de forma completamente ansiosa ela inciada como um uma espécie de desautorização de ser no sentido mais forte do termo por isso ele precisa não só se defender do Desejo do outro mas se defender o outro do próprio
desejo ele precisa criar na a a figura de um outro que não é tocado pelo desejo né e mais e uma figura de um outro que não reconhece o seu desejo e daí então toda essa dinâmica que vem das estruturas da obsessão né dos comportamentos obsessivos que consiste em última instância em tentar retirar da circulação social as as figuras do meu desejo então de eu eliminar as figuras do meu desejo né de eu de eu destruir as figuras do meu desejo de eu impedir as figuras do meu desejo de a todo momento lutar eh de
uma certa forma para que desejo ele ele não ele não possa ser não não aceda ele não seja não se realize dentro de uma dinâmica Clara de reconhecimento né então o que acontece nesse sentido a o o os o o neuros obtivo ele constrói uma série de defesas contra esta Esse reconhecimento da falta do outro isso vai desde eh desde essa experiência fantasmática clássica né de constituir outros no para pro qual nada falta né constituir a figura fantasmática do outro pro qual nada falta ou seja então daquele que que que de uma certa forma né
Eh Ele só não ele ele poderia responder ao meu desejo mas ele só não responde porque efetivamente não lhe falta nada né então isso faz com que eu deprecie a minha própria experiência do desejo C até essas ou seja até essas figuras esses processos através dos quais digamos a dinâmica de de de expressão do desejo ela é bloqueada logo de início Logo no início né através das estruturas obsessivas dos dos dos comportamentos obsedante e coisas dessa natureza né então vejam que coisa interessante eu poderia dizer mais ou menos o seguinte no caso neros obsessiva isso
é muito claro né o sujeito tá disposto a tudo inclusive é uma espécie de autom mortificação profunda para para preservar a ideia de que existe um amor que poderia ampará-lo né só que esse amor que poderia ampará-lo ele precisa ser preservado no seu no n no no no poderia ele poderia amparar mas ele não realiza Agora se ele não realiza é porque eu não eu não sou digno disso né eu não tenho nenhuma dignidade para ser objeto de amor então ten toda depreciação obsessiva de si né eu não é digno disso então eu não não
tenho como aceder a esse lugar né Eh na qual de uma certa forma o meu meu desejo poderia ser ser se amparado então mas é importante E para isso eu preservo o outro eu preservo outro out nesse nessa estrutura fantasmática né de uma espécie de outro no qual a falta ela não tá não tá posta mas em todos os casos do neurose nesse a gente poderia insistir muito nesse aspecto como sujeito ele se defende de uma da experiência da falta no outro e como essa defesa ela é sempre uma defesa frágil porque não é como
a defesa psicótica uma defesa que que que expulsa aquilo que contra o qual ela que não se integra ela na verdade é uma defesa neurótica uma defesa que a todo momento passa no seu oposto né A gente vai ver isso também melhor no nosso curso vamos lá Jamile cabus a busca frenética atual por um diagnóstico seria uma busca de identidade de inserção social veja há toda uma questão muito interessante mesmo que eu queria tratar com vocês que é eh o que que sign a função social do diagnóstico hoje como ela mudou é uma função social
que mudou do diagnóstico né eu POD poderia inclusive trazer um caso que me parece bastante interessante nesse sentido né que era um um um paciente que tinha uma um desejo de Diagnóstico muito forte né porque ele tava numa situação de profunda eh violência familiar né violência simbólica né desautorização paterna certo de eh digamos de de essas situações de Double bind lembra se vocês lembrarem situação na qual eh uma pessoa pede disposições contraditórias criando uma situação completamente desarticulada na sua possibilidade de regular o comportamento n dentro da eh da na figura materna certo você tinha tinha
relações eh que paralisaram esse sujeito durante muito tempo né paralisaram ele na na sua formação acadêmica eh eh estabeleceram um certo tipo de de lentidão ele seria então Eh jogada a todo momento dentro do Horizonte familiar né Eh relações afetivas também eh que que eram complicadas certo e essa esse elemento que que apareceu vários momentos que é um desejo diagnóstico né a procura de diagnóstico não mas eu tenho isso eu tenho aquilo mas me falaram que minha sexualidade ela excessiva né então eu fiz tal e tal teste né durante anos né até que um dia
ele vem eh com muito feliz a análise dizendo veja eu descobri o que acontece comigo eu sou autista né eu fiz eu eu procurei um psiquiatra eu fui fiz uma série de testes chegamos a essa conclusão então então é claro eh qual que era a função do diagnóstico aqui era produzir um passaporte social ou seja porque o que acontecia a partir desse momento por um lado ele referenda aquilo que o seu núcleo de interação social sempre diz né ah você é muito sensível eh você não não sabe lidar com as situações eh da vida cotidiana
da vida originária como todo mundo sabe lidar né então Ou seja você tem você tem uma você tem um déficit né Você tem uma incapacidade né Só que essa incapacidade ela ela ela operou como uma diminuição do sujeito agora com o diagnóstico essa diminuição se transforma em outra coisa ela se transformar na possibilidade que eu vou ter de suspender a violência pelo menos par parcialmente pelo menos por um momento tá a minha volta né o pass por isso é muito isso que acontece o diagnóstico ele é a condição é a única condição dentro de uma
sociedade completamente eh digamos desintegrada a única condição para você limitar um pouco a desintegração é você também estar numa posição eh eh est numa posição de daquele que é objeto de um diagnóstico né então é claro isso muda radicalmente eu diria a a função social do diagnóstico ele agora ele não é exatamente aquilo os sujeitos eles vão esconder né porque eles têm medo do tipo de eh digamos de de de eh eh preconceito que o diagnóstico pode pode engendrar não ele é aquilo que os os sujeitos vão afirmar porque ela é a única condição paraa
violência social parar percebem Isso é uma modificação muito significativa né faz com que em última instância ele é algo a você deseja Porque isso me permite entre outras coisas conseguir viver eh a única condição de preservação de autopreservação de si então aí vem uma questão interessante porque por um lado quer dizer o diagnóstico você colocou eu tô insistindo dentro dessa dinâmica são novas formas de inserção social Mas por outro o o diagnóstico ele fornece como você bem levantou uma uma experiência de identidade partilhada nós conhecemos por exemplo grupos que vão sendo constituídos a partir de
pessoas que TM diagnósticos semelhantes né Por exemplo tem o horing voice groups né que é o grupo das pessoas que ouvem vozes né Eh Ou seja que vão se organizam forma tal a de uma certa de uma certa maneira digamos eh despatologizar né Eh aquilo que era antes comportamentos patológicos a gente tem um caso clássico muito forte nesse caso por exemplo as identidades trans Eram todos patologizado elas foram despatologizar criando uma certa forma de identidade né mas aí não é exatamente tem um dado diferente porque não é exatamente a busca de um diagnóstico né Eh
no sentido mais forte do tempo né mas é mas a transformação de do do caráter excludente do diagnóstico Clínico porque isso era um diagnóstico Clínico em uma forma de identidade social isso acontece em menor grau com algumas formas de Diagnóstico porque e e e é claro que dentro de mais uma vez dentro de uma sociedade desintegrada até mesmo a doença pode pode operar como uma forma de organização Comunitária né Eh E é claro que todos esses elementos vão ganhar cada vez mais força é um dado que a gente vai ter que saber lidar daqui paraa
frente tá eh Sérgio Oliveira Qual o lugar do superu na sociedade neoliberal veja a gente poderia do ponto de só para fazer uma uma organização aqui eh mais escolar mas acho importante porque ela tem tem uma função pedagógica podia dizer mais ou menos o seguinte prid quando ele vai descrever o suu ele pensa o sueu dentro de uma sociedade na qual repressão é o elemento constituinte do processo de socialização né seja é a sociedade Liberal do século XIX final do século XIX começo do século XX né onde você precisa uma sociedade da produção você precisa
saber limitar seus desejos para você conseguir trabalhar Bem Estar numa função numa função que você vai estar a vida toda certo e que você tem que saber restringir os seus desejos certo eh eh porque afinal de contas existe uma dinâmica própria do capitalismo que é a dinâmica que é dinâmica da poupança né que a dinâmica da acumulação coisas dessa natureza então isso isso Exige uma série de disposições psíquicas né agora a sociedade neoliberal ela por um lado ela é uma sociedade que se realiza no interior das das sociedades do consumo ou seja sociedade onde você
não o o o discurso repressivo perde função social em larga medida ele tem ainda sua função né mas ele perde essa sua essa sua centralidade como a gente conheceu já no lá no começo do século XX no final do século XIX né porque ela é o discurso do poder ver é muito mais um discurso de incitação do que um discurso de repressão né então você integra por incitação e você disciplina por incitação isso é que um dado Interessante não é só integrar não é porque não é porque as sociedades ficaram hedonistas não é porque as
sociedades ficaram liberais no sentido n sociedades mais liberadas né não é porque elas descobriram novas formas de disciplina ou seja el Descobriram que a incitação também pode ser uma forma de disciplina né uma forma de disciplina que consiste em última instância em em fazer com que você integre o gozo integra o gozo você transforma o gozo que antes poderia ser um elemento transgressor em um elemento impulsionador do vínculo social como é que você faz isso se o o o você quantifica você transforma o gozo em uma operação quantitativa é de performance do mais né do
do do mais gozar Ou seja a ideia de que em última instância o O que que você vai fazer você vai pro procurar o excesso na intensidade na intensificação então a sociedade da incitação na intensificação essa é uma figura do superu uma figura completamente nova do superu né ela vai que vai se constituir exatamente nesse tipo de sociedades como a nossa né porque é uma figura onde o desejo ele ele se ele se torna não uma procura digamos das singularidades ela se torna uma procura das intensificações elas foram a procura das intensidades elas foram a
procura das performan e essa procura das performan das intensidades por isso que ela vai ter como seu contraponto certo transtornos que vão ser transtornos vinculados à perda da intensidade A perda da performance a impotência né que no caso que no caso são as estruturas depressivas porque você tem um outro superu é um superu Lacan escreve superior como com superior cuja injunção não era mais a injunção da repressão era a injunção da incitação né por isso que ele falava ele diz ao sujeito goza e é uma maneira muito boa de impedir que todo mundo goze transformar
o gozo num imperativo porque ou seja se eu gozar eu vou gozar como é é o paradoxo é a estruturas da autoridade se a autoridade chega para você e fala Olha a disciplina é essa então se eu seguir a disciplina Pronto consegui voltar desculpa gente teve um problema aqui eh tá todo mundo aqui tem como eu saber se sinda se o pessoal fori embora tá todo mundo aí estamos Maravilha ótimo tá como eu tava dizendo para vocês quer dizer h voltando ao ponto onde eu tinha parado essa é uma maneira quer dizer se eu tava
falando eh transformar o gozo numa injunção é uma maneira perfeita de impedi-lo porque se eu gozar Então vou gozar como a injunção exigiu então é um pouco como se eu falasse bem se imagina uma figura de autoridade que diz seja você mesmo né é uma belíssima maneira de impedir o sujeito de ser você mesmo porque se eu for eu mesmo eu vou ser eu mesmo a partir da injunção do outro percebe Eu vou ser eu mesmo a partir do pelo fato de eu estar seguindo a exigência de um outro percebe o paradoxo Então essa é
uma maneira de disciplina uma maneira de disciplina porque e nesse sentido Se eu for eu mesmo no sentido e ser reconhecido enquanto tal por essa autoridade que enun então eu preservo a autoridade eu não tenho essa mais essa dinâmica que era uma dinâmica própria digamos desses processos de lei em transgressão que tem na neurose uma figura clássica por isso que os conflitos são tão fortes eh com figuras de autoridade na neuros onde eu eu eu ao mesmo tempo me identifico com e eu estabeleço uma relação de rivalidade né E com isso eu posso fazer uma
transformação inclusive né é possível Inclusive inclusive transformar a figura de uma forma ou de outra porque tem uma dimensão eh digamos do meu desejo que passa pela pela pelo reconhecimento do conflito né em certos casos pode acontecer mas com essa forma de de superu eh um tipo de disciplina nova aparece é mais complexa que é um tipo de disciplina onde eu eu eu desarticulou a possibilidade mesma de enunciação de uma singularidade por quê Porque o que o O que é integrado na sociedade é o gozo né então o gozo ele deixa de ter uma dimensão
transgressiva ele vai ter uma dimensão normatizada no interior da vida social é claro que obriga a gente pensar estutura social de uma outra forma e as identidades sociais de uma outra forma coisa dessa natureza tá Professor você vê que há Talvez o interesse econômico no aumento vertiginoso das psicopatologias mais males mais remédios veja eh não sei se é tem dois nomes aric celdon ou Eliton mas deve ser o Welliton aqui que ele escreveu embaixo veja Welliton eh eu diria basicamente o seguinte Claro Que Há questões econômicas elas não são só elas não são econômicas só
nesse sentido esse sentido tá presente lá você tem configurações de as configurações daquilo que a gente chama de Big Pharma né das grandes indústrias farmacêuticas certo o seu eh como como elementos importantes dentro do processo econômico da da produção do PIB do PIB na de vários países né quer dizer a gente sabe muito bem o que significa não só no investimento mas também a interferência dentro dos os espaços de pesquisa o caso do prosac é um caso clássico talvez todos lembrem como prosac foi foi foi recebido naquele no momento em que ele apareceu como a
pílula da Felicidade portanto não tem mais depressão o prosar tá para tudo só que você tinha uma série de estudos que mostravam a ineficácia ah do medicamento em várias em vários contextos circunstâncias que foram apagados por por interesses econômicos porque isso permitia uma uma uma valorização muito mais extensiva certo do do investimento aplicado na forma na produção do do medicamento então claro que isso tem isso tem mas não é só isso se fosse isso seria até muito mais fácil eu diria tem uma outra dimensão também que a racionalidade Econômica ela é uma forma de intervenção
social é uma forma de produção de subjetividades é importante não só que você compre medicamentos mas é importante também que você seja de uma determinada maneira entendeu que você lide com a sua com com com aquilo que é da Ordem do sofrimento de uma determinada forma você retire o sofrimento de certa Certas dimensões da vida social jogue para certas dimensões da vida individual certo que você entenda a sua relação com o corpo com uma relação de funcionalidade ou disfuncionalidade você não veja mais seu corpo como um espaço fundamental digamos de expressão de dinâmicas de contradições
sociais mas como um ente à parte então que deve deve ter um tipo de intervenção que é completamente eh orgânica e farmacológica né e não um tipo de intervenção que que que se pergunta se questiona pelos modos de de de interação entre os corpos pelos modos de inserção no interior interior da da vida social Então acho que tem esse elemento também que a gente vai poder tratar dentro do nosso curso então a Sara sara quando o luto passa a ser patológico se considerar se quando o luto passa a ser patológico consideramos que o luto é
singular de cada sujeito bem então Sara essa é uma questão fundamental se você seguir DM d o dcm sim você deir seguir a maneira como que a psiquiatria nos e nos sugere um luto patológico aquele que passa de duas semanas né você percebe como isso tira isso que exatamente isso que você colocou aqui a singularidade da experiência de cada sujeito a singularidade da experiência de cada sujeito é indissociável da maneira com que o sujeito ele vive a sua temporalidade é indissociável né E é claro que um dos elementos clínicos mais constantes de queixa vem exatamente
da ideia eu estou no tempo errado eu deveria ter feito uma coisa e não fiz eu tô atrasado né eu eu eu eu tenho uma vida muito ansiosa eu não consigo ter o tempo necessário certo então ou seja sempre você tem um ritmo for você tá fora do ritmo tá fora do ritmo que você deveria tá você tá fora do tempo por quê Porque de uma certa maneira essa é uma maneira é uma forma fundamental de disposição disciplinar todo mundo tá fora do tempo aqui todo mundo tá ou tá ou tá sentindo a pressão de
poder estar a qualquer momento fora do tempo e ter ter que ter uma uma tensão contínua em relação a si para que você não saia do tempo então É claro essa ideia de que de uma certa forma a temp a singularidade das temporalidades ela é destroçada como uma condição fundamental de reprodução da vida social ela se expressa entre outras coisas não se o fato quer dizer a a o as a plasticidade dos tempos do luto eh talvez não não aceitem ser caracterizados a partir de distinção entre normal e patológico um luto de 1 ano ele
é patológico sobre quais so sobre qual critério Qual o critério né critério de qual velocidade critério de qual dinâmica de qual tempo endeu essa me parece uma questão central Tá então vamos pra última pergunta Eh pergunta da Marília do que a psicanálise pode incidir para com que as camadas mais pobres tenham acess ela essa é uma questão muito importante Marília eu diria há uma questão muito séria dentro da psicanálise brasileira que diz respeito à história da psicanálise brasileira porque a psicanálise peguem os psicanalistas eh até hoje né hoje começa a mudar mas mudou Demorou muito
para mudar né e muda ainda pouco né Pega a a a procedência social dos psicanalistas peguem sei lá eh o a o a lista das doss psicanalistas das sociedades de psicanálise do Brasil dos anos 70 por exemplo na sociedade Brasileira de psicanálise São Paulo Sé do Rio de Janeiro e e perguntem Qual a procedência social de cada um deles né vocês vão ver uma coisa impressionante eh Há uma uma um bloco de classe social são todos vem das classes médias altas e das classes altas praticamente todos as exceções são raríssimas então ou seja isso é
claro tem uma série de consequências e ainda que e essa característica ainda é muito predominante Quais são as consequências não é só o problema do acesso no sentido mais material do termo é um problema da escuta é mais é mais sério eu diria o acesso quer dizer como é que a psicanálise brasileira tentou resolver o problema do acesso fazendo sessões de preço variáveis né ah mas o sujeito que é mais que ele vem de condução mais desfavorável a gente faz um outro preço outro faz outro preço eu queria lembrar aos meus amigos P analistas que
isso tem consequência interior do processo transferencial e consequências que não foram pensadas de maneira adequada porque Qual é uma das consequências veja o sujeito de classe eh mais pobre que entra num consultório onde ele sabe que não é normalmente o lugar onde ele deveria entrar que sabe que de uma certa maneira tá por favor el quase reproduz essa essa estrutura da casa grande no qual você permitia que um ou outra pessoa que vinha das classes mais desfavorecidas frequentasse o núcleo familiar das classes abastadas isso sempre teve dentro da história brasileira é assim que se funcionou
o nosso processo de Servidão a gente reproduz de uma certa forma isso isso tem consequências Claras dentro do processo transferencial porque o jeito fala não eu tô aqui de favor né eu tô aqui mas não é exatamente o meu lugar né É claro imaginar que isso não não tem impacto na transferência né então tem uma questão a ser pensada aí né alguns colegas decidiram não eu vou vou então vou cobrar fixo e baixo né Para para que para que esse tipo de situação não ocorra ou ocorra menos é é uma outra alternativa também né agora
tem um outro dado né o dado é claro que você vai e aí a psicanálise ela tem que saber lidar com isso claro que você você não coloca sua ascendência eh de classe eh na do lado de fora da porta do consultório ela entra com você ela entra com você ela entra com você ela constitui a tua escuta C tu da mesma maneira você tem eh eh determinações de raça que ela entram com você né Di o o paciente negro que vai começar a falar para você todas as estruturas brutais das do dos modos de
de segregação que ele tá todo momento submetido certo ele ele coloca uma questão pra tua escuta porque a sua Escuta ela é constituída dentro de um lugar no qual você não tem essa experiência não dessa forma né Tem uma experiência como de um terceiro então é claro mas a psicanálise ela pode lidar com essas ir reconciliações desde que ela saiba nomeá-las desde que ela saiba lidar efetivamente sujeito estejam estejam preparados a lidar com elas né seja as e reconciliações de classe porque não haveria nada de pior do que eu virar e falar Não não mas
eu consigo escutar eu consigo escutar sua a sua situação de pobreza e precariedade não eu ten um espaço de integração de classe dentro dentro da situação analítica não tem esse espaço e talvez a psicanálise saiba possa saber muito bem como lidar com isso ou que ela precise saber lidar né com essas e reconciliações ela talvez ela possa permitir circular sem reconciliação se ela conseguir trabalhar com com desta forma acho que isso é um desafio para psicanálise em países como o Brasil atualmente Bem dito isso acho que a gente para um pouco por aqui eu primeiro
aqui queria agradecer a presença de todos vocês convidar então vocês pro curso né n no curso a gente vai poder trabalhar de forma mais sistemática essas questões né e eu espero então todos vocês na semana que vem Era isso muito [Música] obrigado