MULHER encontra NOIVO que ABANDONOU anos atrás e descobre que ele é MILIONÁRIO, então ELA...

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Narrações Emocionantes
História - MULHER encontra NOIVO que ABANDONOU anos atrás e descobre que ele é MILIONÁRIO, então ELA...
Video Transcript:
Clara levava uma vida simples, mas construída com esforço e determinação. Havia se mudado para uma cidade maior após o baque que sofreu quando Lucas, seu noivo, desapareceu sem deixar explicações. A dor do abandono, anos antes, havia sido devastadora. Ela tentou seguir em frente, mas, por muito tempo, o vazio causado pela ausência dele a acompanhou como uma sombra. Aos poucos, reconstruiu sua vida, focando em sua carreira como designer de interiores e cercando-se de novos amigos. Era uma vida diferente da que havia sonhado ao lado de Lucas, mas era uma vida estável. Certa tarde, voltando do
trabalho, Clara foi surpreendida por um convite inusitado. Sua amiga Letícia, que trabalhava em uma grande empresa de eventos, a chamou para acompanhá-la em uma festa de negócios que aconteceria naquela noite. Relutante, ela hesitou; não era muito fã de festas, especialmente aquelas onde as pessoas só falavam de trabalho e contratos. Letícia, no entanto, insistiu, dizendo que seria uma oportunidade de conhecer pessoas interessantes e, quem sabe, até conseguir novos clientes. Clara, depois de muita persuasão, acabou cedendo. À noite, ao chegar à festa, Clara logo percebeu que aquele mundo era muito diferente do seu. Era um ambiente de
luxo, com pessoas vestidas em trajes impecáveis, rindo e discutindo sobre investimentos milionários. Sentindo-se um pouco deslocada, ela se aproximou de Letícia, que já estava envolvida em uma conversa animada com outros colegas. Enquanto tentava se misturar ao ambiente, Clara pegou uma taça de vinho e começou a observar as pessoas ao seu redor. O som de risadas e o tilintar dos copos enchiam o ar. Foi então que, em meio à multidão, algo a fez parar. Um rosto familiar chamou sua atenção, e seu coração deu um salto. Ela piscou algumas vezes, tentando processar o que via. Lucas estava
ali, em carne e osso, a poucos metros de distância. Clara sentiu como se o chão desaparecesse sob seus pés; o tempo parecia ter parado. Lucas estava de pé, conversando com um grupo de homens de terno, rindo e gesticulando, como se nada no mundo pudesse abalar sua confiança. Ele estava diferente: mais maduro, com um ar confiante e imponente. Seus olhos brilhavam de uma forma que Clara não lembrava de ter visto antes. Seu sorriso, no entanto, era o mesmo, aquele sorriso que tantas vezes a fizera se perder e que, agora, provocava uma enxurrada de emoções conflitantes dentro
dela. Ela sentiu o peito apertar. Tudo o que havia enterrado nos últimos anos começou a emergir de uma vez: o abandono, a dor, as noites sem dormir, as perguntas sem respostas. E ali estava ele, Lucas, como se nada tivesse acontecido, como se os anos que ele havia deixado para trás não importassem. Como ele podia aparecer assim, sem mais nem menos, quando ela havia passado tanto tempo tentando esquecê-lo? Por alguns instantes, Clara pensou em ir embora. A ideia de encará-lo, de reviver tudo o que aconteceu, era assustadora. Mas algo dentro dela dizia que era hora de
confrontar o passado. Ela não poderia simplesmente sair e fingir que não o viu, não depois de tudo. Com o coração acelerado e a mente tomada por perguntas, Clara respirou fundo e decidiu se aproximar. Cada passo em direção a Lucas parecia pesado, como se ela estivesse se movendo contra o vento. Quando finalmente estava perto o suficiente, ele a viu. O sorriso desapareceu de seu rosto e seus olhos se arregalaram por um breve momento, antes de ele recobrar a compostura. "Clara," ele disse, com a voz carregada de surpresa, mas também de algo que ela não conseguia identificar
de imediato. Ele parecia nervoso, ou talvez fosse apenas sua imaginação. Ela o encarou, sem conseguir esconder a mistura de emoções que a dominava: havia raiva, tristeza, confusão, mas também algo que ela não queria admitir: um resquício de saudade. Mesmo depois de tantos anos, o impacto da presença de Lucas ainda era forte. "Por que você foi embora, Lucas?" A pergunta escapou de seus lábios antes que ela pudesse pensar em como formular as palavras. Era a única pergunta que realmente importava para ela. "Por que você desapareceu? Por que me deixou sem qualquer explicação?" Lucas respirou fundo e,
por um momento, pareceu procurar as palavras certas. Ele olhou ao redor, como se quisesse se certificar de que ninguém estivesse prestando atenção àquela conversa. "Clara, eu... não sabia se algum dia teria a chance de te explicar." Ela cruzou os braços, tentando manter uma postura firme, mas sua voz tremia levemente. "Eu esperei por uma explicação por anos, Lucas. Anos! E agora você aparece assim, como se nada tivesse acontecido!" "Não é isso, Clara. Eu sei que você tem todo o direito de estar brava, confusa. Mas as coisas eram... complicadas. Na época, eu simplesmente não podia te envolver,
não podia ficar..." Aqueles palavras só deixaram Clara mais confusa. O que ele queria dizer com "não podia ficar"? Que tipo de complicação poderia justificar o fato de ele abandoná-la no altar, sem qualquer aviso, sem uma palavra? O olhar de Lucas parecia carregar um peso que Clara não havia visto antes: algo sombrio e profundo. "Me dá uma chance de te explicar tudo," ele pediu, com uma sinceridade que a deixou balançada. "Eu te devo isso." Clara ficou em silêncio por alguns instantes. Ela estava ali, diante do homem que havia partido seu coração e mudado o curso de
sua vida. Ela deveria ouvir o que ele tinha a dizer. Havia tanto para ser dito, feridas ainda abertas. Mas talvez, apenas talvez, ouvir a verdade pudesse lhe dar algum tipo de fechamento, algo que ela nunca conseguiu encontrar sozinha. Sem saber ao certo o que responder, Clara apenas assentiu levemente. "Tudo bem, Lucas. Mas quero a verdade. Toda a verdade." A cabeça de Clara estava a mil. O reencontro com Lucas foi uma surpresa tão avassaladora que ela mal conseguia processar o turbilhão de emoções que borbulhavam dentro dela. Eles estavam juntos, afastados do barulho e das conversas que
ecoavam pela festa. Em um canto mais reservado, perto de uma grande janela de vidro que oferecia uma vista ampla da cidade iluminada, mas Clara não prestava atenção nas luzes, nas pessoas ou no ambiente ao redor. Tudo o que importava naquele momento era entender o que havia acontecido. Lucas, ainda visivelmente abalado, olhava para ela com uma mistura de arrependimento e vulnerabilidade que ela não esperava ver. Durante tantos anos, Clara construiu em sua mente a imagem de um homem frio que simplesmente havia ido embora sem olhar para trás, mas agora, diante dela, estava alguém muito mais complexo,
alguém que claramente carregava um peso que ele nunca havia compartilhado. “Clara, você não tem ideia de como foi difícil para mim tomar aquela decisão”, ele começou, com a voz baixa, como se falasse mais para si mesmo do que para ela. “Eu pensei em você todos os dias desde então, mas eu sabia que se ficasse, as coisas só piorariam.” “Que tipo de problema poderia justificar você me abandonar daquela forma?” Clara disparou. Sua voz estava mais firme do que esperava. O tempo e a dor haviam lhe dado uma certa armadura emocional, e ela não iria deixá-lo escapar
tão facilmente com explicações vagas. Ela queria entender o que realmente havia acontecido. Lucas respirou fundo, claramente tentando encontrar as palavras certas. Ele passou a mão pelo cabelo, um gesto nervoso que Clara se lembrava bem. “Na véspera do nosso casamento, eu descobri algo sobre minha família que mudou tudo. Algo que eu jamais poderia imaginar.” Clara permaneceu em silêncio, esperando que ele continuasse. Embora quisesse gritar, acusá-lo de tê-la atraído, ela sabia que para obter as respostas que sempre buscou, precisaria ouvir. “O meu pai estava envolvido em negócios escusos, Clara. Ele estava sendo investigado por corrupção e lavagem
de dinheiro. Quando eu soube disso, foi um choque. Tudo em que eu acreditava sobre minha família desmoronou em questão de dias: a empresa, o nome que eu herdei. Estava tudo manchado. Eu sabia que se eu continuasse ali, ficaria preso naquele lamaçal e você merecia muito mais do que aquilo. Eu não podia te envolver nos problemas da minha família, não podia te arrastar para um escândalo que ia destruir minha vida e, provavelmente, a sua.” Clara ouviu com atenção, mas não pôde deixar de sentir um aperto no peito. Parte dela entendia o que ele estava dizendo, mas
isso não apagava a dor do abandono. “E por que você não me contou isso antes, Lucas? Por que decidiu sumir ao invés de conversarmos sobre isso? Eu merecia saber, eu merecia uma chance de decidir se queria enfrentar aquilo com você ou não.” Lucas baixou o olhar. Por um momento, ele parecia carregar uma culpa profunda. “Eu estava com medo, Clara. Com medo de te perder de uma maneira ainda pior. Se você soubesse o que estava acontecendo, talvez não me perdoasse. Talvez você me visse da mesma forma que eu comecei a ver meu pai: como alguém envolvido
em coisas que jamais deveria estar. E isso me aterrorizava.” Clara cruzou os braços, tentando se proteger das emoções que cresciam dentro dela. “Então, ao invés de me dar uma chance de escolher, você decidiu por mim? Você foi embora sem deixar nenhuma explicação e me deixou tentando entender o que eu tinha feito de errado. Eu me culpei por anos, Lucas. Eu pensei que o problema fosse comigo.” Lucas balançou a cabeça, seus olhos fixos nos dela. “Você não teve culpa de nada, Clara. O problema sempre foi comigo, com a minha família, com o que eu estava tentando
escapar. Eu era um covarde. Ao invés de enfrentar aquilo ao seu lado, eu fugi. Achei que estava te protegendo, mas agora vejo que só te machuquei mais.” Clara sentiu as lágrimas brotarem em seus olhos, mas se recusou a deixá-las cair. Ela havia chorado demais por Lucas no passado e não queria fazer isso de novo. “E agora, o que mudou para você aparecer aqui depois de todo esse tempo?” Ele a olhou com uma intensidade que a fez estremecer. “Eu consegui sair daquela vida, Clara. Consegui construir minha trajetória longe dos escândalos da minha família. Demorou, foi difícil,
mas consegui. Eu me tornei um homem de negócios, com minha própria empresa, sem depender do nome do meu pai ou dos erros dele. Eu trabalhei duro para limpar meu nome, mas o que nunca consegui apagar foi o vazio que você deixou na minha vida.” Clara respirou fundo, tentando processar tudo o que ele estava dizendo. Parte dela se sentia tocada por sua sinceridade, mas outra parte, ainda magoada, não conseguia simplesmente esquecer os anos de silêncio e dor. “Você quer que eu acredite que foi por isso que você foi embora? Para me proteger dos problemas da sua
família?” A incredulidade estava clara em sua voz. “E agora você espera o que, Lucas? Que a gente volte para o ponto onde paramos, como se nada tivesse acontecido?” Lucas deu um passo na direção dela, a voz baixa e sincera. “Eu não espero que você me perdoe tão facilmente. Eu sei que te machuquei profundamente. Só queria que você soubesse a verdade, que soubesse que o que eu fiz foi por medo, não por falta de amor. E se houver qualquer chance, Clara, qualquer chance de recomeçarmos, eu estou disposto a lutar por isso.” O coração de Clara batia
acelerado. Ela olhou para Lucas, para o homem que um dia foi tudo para ela, mas que também a quebrou de uma maneira que ela achou que nunca fosse se recuperar. Seria possível confiar nele de novo? Seria possível acreditar que ele realmente mudou? As perguntas ecoavam em sua mente, mas as respostas ainda estavam longe de serem claras. Tudo o que ela sabia, naquele momento, era que precisava de tempo. Tempo para entender seus próprios sentimentos, para processar a confusão que o reencontro inesperado havia causado. “Eu preciso pensar.” Lucas, preciso de um tempo para digerir tudo isso. Lucas
assentiu, respeitando sua decisão. — Eu entendo, Clara, e estou aqui esperando pelo tempo que for necessário. Só quero uma chance de mostrar que estou sendo sincero com isso. Ele deu um passo para trás, deixando que ela tomasse a decisão de quando e como iria procurá-lo novamente. Clara observou-se afastar, com seu coração ainda em descompasso; aquele reencontro havia aberto velhas feridas, mas também havia trazido à tona algo que ela achava que estava perdido para sempre. Enquanto Lucas desaparecia entre os convidados da festa, Clara ficou parada, observando a cidade do alto, iluminada pelas luzes que pareciam tão
distantes. Naquele momento, ela sabia que sua vida estava prestes a mudar novamente e tudo dependia das escolhas que faria nas próximas semanas. Naquela noite, Clara mal conseguiu dormir. As palavras de Lucas ecoavam em sua mente, repetindo-se como um eco distante e incessante. Ela ficou deitada na cama, olhando para o teto do quarto escuro, sentindo o peso de tudo que ele havia revelado. Depois de tantos anos, ouvir aquela explicação não lhe trouxe alívio; pelo contrário, só parecia aumentar a confusão em sua cabeça. Ela tentou lembrar de cada detalhe daquela época, de como era sua vida com
Lucas antes do sumiço. Eles eram jovens e apaixonados, com planos para o futuro; o casamento estava prestes a acontecer e, de repente, tudo desmoronou. Sem uma palavra, sem qualquer sinal de que algo estava errado, Lucas simplesmente desapareceu, deixando Clara com o coração despedaçado e muitas perguntas sem respostas. Agora, depois de anos, ele surge com uma justificativa, dizendo que a amava tanto que teve que protegê-la de um problema maior. Mas algo não parecia certo. Ela havia esperado tanto por uma explicação, por um motivo que pudesse dar sentido ao que aconteceu. Mas a revelação de Lucas não
soava como o fechamento que ela imaginava. O que ele quis dizer com "não podia te envolver"? Era isso realmente o que aconteceu ou havia algo mais? Ele parecia sincero; seus olhos refletiam culpa e arrependimento, mas a dor do abandono ainda estava ali, latente, impedindo-a de acreditar plenamente. No dia seguinte, com a mente ainda pesada, Clara se viu relutante em seguir sua rotina. Foi difícil focar no trabalho; cada vez que tentava se concentrar, seus pensamentos voltavam para Lucas. Como ele estava diferente e, ao mesmo tempo, tão igual! Seu charme, sua postura confiante, tudo isso ainda fazia
estremecer, como se a presença dele ainda tivesse o mesmo poder sobre ela que tinha no passado. Mas havia outra coisa agora, uma sombra que pairava sobre ele. Lucas falara sobre os problemas da família, sobre o pai envolvido em negócios corruptos. Mas será que aquilo realmente explicava tudo? Clara sempre soube que a família de Lucas era influente, que seu pai era um homem de negócios respeitado na cidade. Como um homem tão admirado poderia estar envolvido em algo tão escandaloso? Quando Letícia apareceu para almoçar com ela naquele dia, Clara mal conseguiu esconder o quanto estava perturbada. Ela
tentava manter a conversa fluindo, mas sua amiga logo percebeu que havia algo de errado. — Você parece distante hoje, Clara. O que está acontecendo? — Letícia perguntou enquanto mordia um pedaço da salada. Clara hesitou por um momento, mas sabia que em algum momento teria que falar sobre o que estava sentindo. — Eu encontrei Lucas ontem à noite. Letícia arregalou os olhos, claramente surpresa. — Lucas? Seu ex-noivo? Depois de todos esses anos? Clara sentiu o estômago se revirar só de dizer aquilo em voz alta. — Sim, ele estava na festa e conversamos. Ele finalmente me disse
que foi embora. — Isso é inacreditável! E o que ele disse? O que pode justificar o fato de ele ter sumido daquele jeito? Clara respirou fundo, tentando organizar seus pensamentos. — Ele disse que a família dele estava envolvida em problemas sérios, que o pai dele estava sendo investigado por corrupção e lavagem de dinheiro. Ele achou que se ficasse, me envolveria em tudo aquilo e por isso foi embora. Letícia ficou em silêncio por um momento, processando o que havia acabado de ouvir. — Isso é... é pesado. Mas você acredita nele? — Não sei — Clara respondeu,
passando a mão pelos cabelos em um gesto nervoso. — Ele parecia sincero, mas é difícil acreditar em tudo isso depois de tantos anos. E se houver mais coisas que ele não está contando? Letícia fez uma pausa, analisando a situação. — Olha, Clara, eu não quero parecer dura, mas você tem todo o direito de estar desconfiada. Ele te deixou sem explicação, te fez sofrer por anos e agora aparece com uma história que pode ser verdade, mas também pode não ser. Você precisa pensar com calma. — Eu sei — Clara suspirou. — É exatamente isso que estou
tentando fazer, mas é tão confuso. Uma parte de mim quer acreditar que ele é sincero, mas outra parte ainda está machucada demais para sequer pensar nisso. Letícia segurou a mão de Clara com carinho. — Você não precisa tomar nenhuma decisão agora. Dê a si mesma o tempo que precisar para entender o que está sentindo. E se sentir que algo não faz sentido, procure as respostas. Não se deixe levar pelo que ele diz sem investigar por conta própria. As palavras de Letícia ecoaram na mente de Clara. Depois daquele encontro, e se houvesse mesmo algo mais? E
se Lucas estivesse escondendo mais segredos? Ela sabia que não poderia simplesmente aceitar tudo sem questionar. Por mais que ele tivesse sido o grande amor de sua vida, o que ele fez no passado ainda machucava profundamente, e confiar cegamente nele agora seria arriscado. Naquela noite, Clara tomou uma decisão: se quisesse alguma paz, precisaria descobrir a verdade por conta própria. Não podia simplesmente esperar que Lucas fosse completamente honesto sobre tudo. Decidiu que investigaria o que realmente aconteceu com a família dele naquela época, procuraria conhecidos, antigos amigos em comum e descobriria se havia mais segredos por trás da
situação. Súbita fuga de Lucas; ela precisava entender por ela mesma antes de tomar qualquer decisão sobre dar ou não uma segunda chance. O que Lucas lhe contou poderia ser verdadeiro, mas também poderia ser apenas parte da história, e Clara estava determinada a não ser pega de surpresa novamente. Ela precisava se proteger, agora mais do que nunca. E, acima de tudo, precisava encontrar suas próprias respostas, mesmo que isso a levasse a uma verdade mais dolorosa do que estava preparada para enfrentar. Com essa nova determinação, Clara sabia que a busca pela verdade não seria fácil; estava prestes
a mexer em velhas feridas, investigar o passado sombrio de uma família poderosa e, quem sabe, descobrir segredos que poderiam mudar para sempre a forma como via Lucas. Era um risco que ela estava disposta a correr; afinal, depois de tudo que ela passou, merecia saber a verdade completa e não apenas fragmentos que ele estava disposto a compartilhar. Era hora de Clara seguir seu próprio caminho em busca das respostas que tanto procurava. Nos dias que se seguiram, Clara não conseguia tirar da cabeça a última conversa que teve com Lucas. Algo dentro dela estava em conflito: por um
lado, ela sentia que ele havia sido sincero, que sua história sobre os problemas com a família poderia ser verdade; mas, por outro lado, a dor do abandono ainda pesava e, junto com ela, a desconfiança. Ele a deixara sem explicações por tanto tempo, sem sequer uma carta, uma mensagem. Agora, de repente, ele voltava, mais poderoso do que antes, com a promessa de que tudo foi para o bem dela. Clara decidiu que não podia simplesmente confiar cegamente em tudo que Lucas disse. As palavras de Letícia continuavam a ecoar em sua mente: "Você precisa investigar, buscar respostas por
conta própria". Ela sabia que não podia tomar uma decisão sobre seu futuro ou sobre dar a Lucas uma nova chance sem antes ter certeza de que sabia toda a verdade. Foi então que Clara começou a pesquisar a vida de Lucas nos anos que se seguiram à sua partida. Ela sabia que ele havia desaparecido sem deixar rastros na época, mas agora ele parecia estar no centro do mundo dos negócios. Como ele havia chegado até ali? E o que realmente aconteceu com a família dele? Ela precisava de respostas e estava determinada a encontrá-las. Com isso em mente,
Clara procurou contatos antigos, pessoas que, no passado, tinham relações com a família de Lucas. Uma dessas pessoas era Adriano, um velho conhecido de sua cidade natal que trabalhava em um escritório de advocacia que, segundo ela sabia, havia lidado com os problemas legais da família dele. Clara hesitou antes de ligar para ele; havia muito tempo que não falava com Adriano, mas se alguém soubesse o que realmente aconteceu com os negócios de Lucas, seu pai seria ele. Clara ouviu a voz de Adriano do outro lado da linha, surpresa e amigável: "Há quanto tempo! Como você está?" "Oi,
Adriano, sim, faz muito tempo!" Clara respondeu, tentando disfarçar o nervosismo. "Eu estou bem, mas na verdade estou precisando de algumas informações e acho que você pode me ajudar." Adriano ouviu com atenção enquanto Clara explicava rapidamente que havia reencontrado Lucas e que ele lhe contara sobre os problemas da família. Ela não entrou em muitos detalhes, mas o suficiente para que Adriano entendesse que ela precisava saber mais sobre o que aconteceu naquela época. Houve uma pausa do outro lado da linha antes de Adriano responder: "Clara, eu me lembro bem da confusão que aconteceu com a família de
Lucas. O pai dele, Augusto, era um homem influente, mas também muito arrogante. Quando as investigações começaram a surgir, foi um choque para todos; havia boatos sobre corrupção e lavagem de dinheiro, como Lucas te disse. Mas o que realmente aconteceu foi muito mais complicado do que parece." Clara sentiu um frio na espinha ao ouvir aquilo. "O que você quer dizer com 'o mais complicado'?" "Bem, Augusto estava envolvido em algumas coisas realmente sombrias. Ele usou a empresa da família para cobrir negócios ilegais e, quando a investigação começou a se aproximar dele, ele fez de tudo para tentar
se safar." "Lucas ficou no meio disso tudo?" "Eu me lembro que ele tentava desesperadamente se distanciar, mas era difícil, porque o nome da família estava completamente manchado." Clara ouviu em silêncio, processando o que Adriano dizia. Então, "Lucas não estava diretamente envolvido nos crimes do pai?" "Não, que eu saiba," Adriano respondeu. "Na verdade, ele fez o possível para evitar que o escândalo respingasse nele. Foi por isso que ele desapareceu. Eu me lembro de ouvir que ele havia cortado todos os laços com o pai, tentando recomeçar a vida longe de tudo. Foi um grande alvoroço na época,
e muita gente ficou surpresa com a maneira como Lucas lidou com a situação. Ele sempre foi visto como o sucessor natural do pai nos negócios, mas, depois de tudo que aconteceu, ele abriu mão de tudo." Clara sentiu uma mistura de alívio e incerteza; a história de Lucas começava a fazer sentido, mas ainda havia peças faltando. "Como ele se tornou milionário? Como alguém que fugiu de um escândalo familiar conseguiu reconstruir sua vida de forma tão espetacular?" "Você sabe como Lucas conseguiu se reerguer depois disso?" Clara perguntou. Hesitou por um momento antes de Adriano responder: "Olha, eu
não sei os detalhes, mas ouvi dizer que ele se envolveu em alguns negócios de alto risco. Algumas pessoas comentam que ele foi muito inteligente nas apostas que fez no mercado financeiro, mas também há boatos de que ele pode ter se envolvido com gente perigosa para conseguir levantar capital rapidamente. São só rumores, claro, mas no mundo dos negócios nem tudo é tão limpo quanto parece." Clara sentiu o peso daquelas palavras. Lucas havia deixado o nome da família para trás, mas a que custo? Será que ele realmente havia conseguido construir sua fortuna de maneira legítima, ou havia
algo mais sombrio? "Por trás de seu sucesso. Obrigada, Adriano. Isso me ajuda muito," Clara disse, tentando manter a voz firme, apesar das novas dúvidas que surgiam em sua mente. Depois de desligar o telefone, Clara ficou olhando para a tela do celular por alguns minutos, refletindo sobre tudo o que havia acabado de ouvir. Parte da história de Lucas agora fazia sentido; ele havia, de fato, tentado se distanciar do escândalo familiar. Ele havia fugido, não porque não a amava, mas porque estava tentando proteger a si mesmo e a ela. No entanto, havia algo mais: os boatos sobre
negócios de alto risco, as suspeitas de que ele poderia ter se envolvido com pessoas perigosas. Clara sabia que precisaria de mais informações antes de confrontar Lucas novamente; ela não podia simplesmente deixar isso de lado. Se havia uma chance de que ele estivesse envolvido em algo perigoso ou ilegal, ela precisava saber. Aquele era o novo Lucas, um homem poderoso que havia refeito sua vida de forma espetacular, mas cujas escolhas ainda estavam envoltas em mistério. Quanto mais investigava, mais ela percebia que aquele homem, apesar de todo o charme e carisma, era muito mais complexo e enigmático do
que ela jamais poderia imaginar. E agora, ela estava cada vez mais envolvida nessa teia de segredos. Nos dias que se seguiram a sua conversa com Adriano, Clara foi consumida por uma tempestade emocional que parecia não ter fim. As informações que ele lhe deu deixaram uma sensação amarga de desconfiança, ao mesmo tempo em que despertaram nela uma compreensão mais profunda da complexidade da situação de Lucas. Ela passou anos acreditando que o abandono dele havia sido um ato de covardia. Mas agora, ela começava a ver que a realidade era muito mais complicada. Lucas não tinha simplesmente fugido;
ele estava tentando escapar de um turbilhão de escândalos que não tinha controle. Mas ainda havia muitas perguntas sem respostas, especialmente sobre o caminho que ele seguiu para reconstruir sua vida de maneira tão espetacular. Será que ele havia se envolvido em negócios duvidosos para se reerguer? Será que, de alguma forma, ele havia repetido os erros de seu pai, apenas em outra escala? Enquanto essas dúvidas corriam sua mente, Clara também não podia ignorar o que sentia no fundo de seu coração. Havia raiva, havia desconfiança, mas também havia algo que ela se recusava a admitir: o sentimento que
ainda nutria por Lucas. Por mais que tentasse racionalizar, por mais que se focasse na dor que ele causou, a verdade é que vê-lo novamente trouxe à tona memórias e emoções que ela pensou ter enterrado para sempre. Naquela manhã, Clara acordou mais cedo do que o habitual. Seus pensamentos estavam agitados e ela sabia que precisava organizar as ideias. De alguma forma, decidiu sair para uma caminhada. O ar fresco da manhã lhe fazia bem e a ajudava a clarear a mente. Enquanto andava pelas ruas tranquilas do bairro, revivia cada conversa, cada revelação recente sobre Lucas. A dúvida
continuava a pairar: Lucas realmente havia mudado ou ele ainda carregava o peso de segredos que ela não podia suportar? Quando chegou a um pequeno parque próximo de sua casa, Clara sentou-se em um banco, olhando para o horizonte. O sol da manhã começava a iluminar o céu, tingindo-o de tons suaves de rosa e laranja. Ali, sozinha com seus pensamentos, ela se permitiu refletir sobre tudo o que havia acontecido. Ela sabia que não podia simplesmente seguir em frente como se nada tivesse mudado; Lucas havia voltado para sua vida de forma repentina e, com ele, todos os sentimentos
que ela tentou suprimir ao longo dos anos. O que mais a confundia era o fato de que, apesar de tudo, ainda havia uma parte dela que queria acreditar nele, queria acreditar que ele era sincero e que estava disposto a consertar as coisas. Mas então vinham as dúvidas: os rumores que Adriano mencionara sobre Lucas ter feito negócios arriscados para se levantar não saíam da cabeça dela. Ela precisava saber a verdade, não só sobre o que aconteceu no passado, mas também sobre quem ele se tornara no presente. Antes de tomar qualquer decisão sobre o futuro, Clara sabia
que precisava encarar Lucas novamente, desta vez com todas as perguntas certas. Decidida, Clara resolveu agir. Ela voltou para casa, pegou o telefone e, com as mãos trêmulas, mandou uma mensagem para Lucas: "Precisamos conversar. Pode ser hoje à noite?" A mensagem foi curta e direta. Ela não sabia se ele responderia rapidamente ou se teria uma desculpa para adiar o encontro. Mas sabia que, se queria respostas, precisava ir atrás delas. A resposta veio mais rápido do que ela esperava: "Claro, eu posso te encontrar às 19 horas no restaurante que costumávamos ir. Ainda lembra do lugar?" Clara se
lembrou imediatamente; era um restaurante pequeno e aconchegante, onde eles costumavam jantar nos primeiros meses de namoro. O lugar tinha uma energia especial para eles, e Lucas parecia saber que aquele local poderia facilitar a conversa. O pensamento trouxe uma onda de nostalgia e, ao mesmo tempo, um nó em sua garganta. "Sim, eu me lembro perfeitamente do lugar." "Sim, lembro. Vejo você lá," ela respondeu, sentindo o estômago embrulhar. O encontro estava marcado e ela sabia que, dessa vez, teria que encarar Lucas com toda a força que pudesse reunir. Quando o relógio marcou 18:30, Clara já estava pronta.
Escolheu uma roupa simples, mas tentando transmitir a confiança que nem sempre sentia por dentro. No espelho, seu reflexo mostrava uma mulher que havia amadurecido com o tempo, mas também alguém que ainda carregava as cicatrizes do passado. "Você consegue," disse a si mesma antes de sair. O caminho até o restaurante foi uma mistura de nervosismo e determinação. Quando Clara chegou, Lucas já estava lá, sentado em uma mesa perto da janela. Ele a viu entrar e sorriu, imediatamente, com um leve sorriso nos lábios. Clara hesitou por um segundo ao vê-lo, mas logo caminhou até ele e se
sentou." Lucas começou com um tom suave: “Obrigado por me encontrar. Eu sei que as coisas ainda estão confusas para você, e eu estou disposto a esclarecer tudo que puder.” Ela respirou fundo, olhando diretamente nos olhos dele. “Eu preciso saber, Lucas. Eu preciso entender tudo, porque sinto que ainda tem coisas que você não me contou. Falei com algumas pessoas sobre o que aconteceu com sua família e agora sei que você tentou se distanciar dos problemas do seu pai, mas ainda há mais. Como você conseguiu se reerguer? Como se tornou esse homem que vejo hoje?” Lucas parecia
preparado para essa pergunta. Ele não desviou o olhar e, por um momento, apenas assentiu, como se estivesse reunindo coragem para falar. “Clara, eu prometi que te diria a verdade e vou cumprir essa promessa. Sim, eu saí de casa para me distanciar dos erros do meu pai, mas o caminho que segui depois não foi fácil. Eu estava praticamente falido quando fugi; tive que recomeçar do zero. Trabalhei com tudo que pude, investi no mercado financeiro, fiz apostas arriscadas que, por sorte, deram certo, mas algumas dessas escolhas me levaram a cruzar caminhos com pessoas que não eram exatamente
confiáveis.” Clara sentiu o coração acelerar. Lá estava aquilo que ela temia. “Que tipo de pessoas, Lucas?” Ele respirou fundo. “Empresários que tinham tanto a ganhar quanto a perder, gente que investia pesado em negócios de alto risco e que não tinham muitos escrúpulos. Eu sabia que me associar a eles não era o ideal, mas naquela época eu estava desesperado. Eu fiz o que achei que precisava fazer para me reerguer, mas logo percebi que aquele não era o caminho que eu queria seguir.” Clara ouviu tudo com atenção, sentindo uma mistura de alívio e preocupação. Ele estava sendo
honesto, mas as escolhas que Lucas havia feito ainda a deixavam apreensiva. No entanto, havia algo em seu tom que mostrava arrependimento, uma vontade genuína de mudar. Mas será que ela poderia realmente confiar nele depois de tudo? “Você ainda está envolvido com essas pessoas, Lucas?” A pergunta saiu antes que ela pudesse evitar. Essa era a resposta que definiria tudo. Lucas balançou a cabeça com firmeza. “Não, eu cortei todos os laços com eles. Foi difícil, mas estou fora. Tudo que fiz desde então foi de maneira limpa e estou disposto a provar isso para você, se for preciso.”
Clara olhou para ele, ainda sentindo o peso das dúvidas, mas também uma fagulha de esperança. Talvez Lucas estivesse falando a verdade. Talvez ele estivesse tentando genuinamente ser uma pessoa melhor. Mas havia uma última questão, uma que Clara sabia que precisaria de tempo para resolver: ela iria confiar nele novamente? O silêncio que se seguiu à resposta de Lucas parecia durar uma eternidade. O som dos talheres e copos sendo manuseados no restaurante, o murmúrio das conversas ao redor; tudo parecia distante para Clara enquanto ela olhava nos olhos de Lucas, tentando processar o que acabara de ouvir. Ele
afirmara que não estava mais envolvido com aquelas pessoas, mas o medo ainda a corroía por dentro. O passado havia ensinado Clara a ser cautelosa, a não confiar cegamente em palavras. “Lucas…” ela começou, mas logo se interrompeu. Era difícil colocar em palavras o que sentia. Ele, por outro lado, permanecia calmo, como se soubesse que precisaria de paciência para lidar com as feridas que ele mesmo havia deixado ao desaparecer anos atrás. Ele finalmente quebrou o silêncio, inclinando-se levemente para a frente, seu olhar fixo no dela. “Clara, eu sei que você tem todo o direito de duvidar de
mim, e honestamente, eu não espero que você confie de novo tão facilmente. O que fiz com você…” Ele pausou, como se o peso da culpa fosse difícil de carregar. “Foi imperdoável. Eu não estou aqui para pedir que você esqueça o que aconteceu. O que quero é que você entenda o motivo, que veja o homem que eu me tornei. Agora, eu estou disposto a fazer tudo o que for necessário para provar que não sou mais aquele garoto que fugiu dos problemas.” Clara sentiu um nó se formar em sua garganta. Ele parecia sincero. Mas a questão não
era apenas o que ele estava disposto a fazer. A verdade é que, por mais que quisesse acreditar, por mais que parte dela ainda amasse Lucas, a ferida do passado era profunda. “Você não tem ideia de como foi para mim, Lucas,” ela disse, sua voz finalmente saindo firme. “Eu passei anos tentando entender por que você foi embora. Tentei seguir em frente, mas a dor nunca desapareceu completamente. E agora você reaparece e minha vida está completamente bagunçada de novo.” Lucas ficou em silêncio, claramente absorvendo o que ela dizia. Ele sabia que não seria fácil, mas parecia determinado
a não recuar. Clara continuou, agora mais segura de si: “Você me deixou sem explicações. Eu tive que construir tudo sozinha. Eu precisei ser forte para não me afogar na dor. Agora você aparece dizendo que mudou, que quer uma chance, mas como eu posso acreditar nisso? Como posso ter certeza de que não vou me machucar de novo?” Lucas respirou fundo e segurou a taça de vinho à sua frente, girando-a levemente, como se tentasse encontrar as palavras certas. “Eu entendo, Clara, eu entendo completamente. Não vou pedir para você apagar o que aconteceu. O que posso te oferecer
agora é a verdade, e estou disposto a fazer o que for preciso para que você veja que desta vez estou aqui para ficar.” Ele fez uma pausa, e Clara sentiu que algo importante estava prestes a ser dito. Havia uma intensidade em seus olhos que ela não havia visto até então. “Eu quero te fazer uma proposta,” Lucas disse, sua voz mais séria. “Sei que pedir para você confiar em mim agora é demais, então eu vou te mostrar. Quero que a gente passe mais tempo juntos, sem pressa. Eu quero que você me veja no meu dia a
dia, veja quem eu sou.” Me tornei, de verdade. Podemos começar devagar, sem qualquer pressão. Se, depois de um tempo, você sentir que não pode me perdoar, que ainda não está pronta para isso, eu vou entender. Mas quero que você me dê essa chance de mostrar que estou sendo honesto. Eu só preciso que você esteja disposta a tentar. Clara ficou sem palavras por um momento. A proposta de Lucas não era o que ela esperava; não era um pedido de perdão imediato, nem uma tentativa desesperada de voltar ao que eram antes. Era algo mais real, mais palpável.
Ele queria que ela observasse, que entendesse quem ele era agora, sem pressa e sem compromissos imediatos. Aquilo pegou de surpresa. Ela cruzou os braços e respirou fundo, e como isso funcionaria? Perguntou, mais curiosa do que cética. Ainda havia dúvidas, mas a proposta parecia sensata. Lucas relaxou um pouco ao perceber que ela não havia recusado imediatamente. Podemos começar como amigos, nada de cobranças ou expectativas. Eu quero que você veja como eu trabalho, conheça minha rotina, veja que tudo que construí agora foi feito de forma limpa. Quero que me acompanhe, sem pressões, para que você entenda que
estou tentando fazer as coisas da maneira certa. Clara franziu a testa. Você quer que eu me envolva na sua vida de negócios? Não apenas nos negócios, Lucas explicou, ainda sério. Quero que você veja o que é importante para mim agora, quem eu me tornei. Não quero que você acredite em atos ou rumores. Quero que você veja com seus próprios olhos. Clara ponderou a proposta por um momento. Era tentador, não porque ela estava desesperada para voltar com ele, mas porque isso a colocaria no controle da situação. Ela poderia finalmente observar quem Lucas havia se tornado. Sem
pressa, sem se deixar levar pela nostalgia ou pelas emoções do passado. Se ela encontrasse algo que a fizesse duvidar, poderia simplesmente se afastar. Se, por outro lado, visse que ele estava falando a verdade, poderia finalmente decidir por si mesma, sem pressões. E se eu decidir que não quero mais continuar depois de um tempo? Clara perguntou, testando os limites da proposta. Lucas assentiu. Então você me diz e eu aceito. Não vou forçar nada, só quero que você me dê a chance de mostrar quem eu sou hoje. O que você faz com isso depois é uma decisão
totalmente sua. Clara ficou em silêncio por alguns segundos, absorvendo o que ele havia dito. Ela sabia que a proposta era arriscada, mas também era uma forma de finalmente ter controle sobre a situação. Depois de anos sem respostas, agora era ela quem tinha o poder de decidir o que fazer. E, por mais que ainda houvesse medo, havia também uma curiosidade crescente em saber quem era o Lucas de hoje. Será que ele realmente havia mudado ou tudo isso era apenas mais uma jogada para convencê-la a voltar? Tudo bem, ela finalmente disse, com uma calma que surpreendeu até
a si mesma. Eu aceito, mas isso não significa que estou pronta para te perdoar, nem para esquecer o que aconteceu. Apenas significa que estou disposta a ver o que você tem a mostrar. Lucas sorriu, um sorriso pequeno, mas sincero. É tudo que eu peço. Eles terminaram a refeição em um clima mais leve, apesar de ainda haver uma tensão latente entre eles. Clara sabia que aquele era apenas o começo de um processo longo e incerto. Por mais que ela estivesse disposta a dar uma chance de conhecer o Lucas que ele dizia ser agora, as cicatrizes do
passado ainda impediam de baixar a guarda completamente. Quando finalmente se despediram na porta do restaurante, Clara se pegou pensando em como tudo aquilo parecia real. Ela havia entrado no restaurante cheia de dúvidas; agora estava saindo com uma proposta que poderia mudar tudo novamente. Ela sabia que não seria fácil; sabia que precisaria de tempo e paciência para entender quem era o homem que Lucas havia se tornado. Mas, pela primeira vez em anos, ela sentia que estava no controle do rumo que aquela história tomaria. A proposta de Lucas ecoava na mente de Clara nos dias que se
seguiram. Ele queria que ela se aproximasse novamente, que visse com seus próprios olhos quem ele havia se tornado. Não havia promessas de redenção ou pedidos desesperados por perdão imediato. Lucas estava disposto a lhe mostrar passo a passo sua vida atual e deixá-la decidir, no tempo dela, se poderia voltar a confiar nele. Clara não sabia o que pensar; a proposta parecia lógica, sensata. Até era difícil separar o presente do passado. O medo de se machucar novamente a mantinha alerta. Mesmo assim, ela aceitou a proposta, movida pela curiosidade, por algo mais profundo que ela relutava em admitir:
um resquício de amor que ainda existia por Lucas. Nos dias que se seguiram, Lucas manteve sua palavra. Ele enviava mensagens, combinava encontros informais, mas sem pressioná-la. Havia algo diferente nele; ele estava mais contido, mais maduro, como se tivesse aprendido com os erros do passado. E Clara notou isso, ainda que tentasse não se deixar envolver por suas atitudes. Foi em um desses encontros que Clara começou a perceber o peso real das escolhas que Lucas havia feito durante os anos em que estiveram afastados. Ele a convidou para conhecer seu novo escritório, um lugar moderno e bem estruturado,
onde ele gerenciava sua própria empresa de investimentos. Ao contrário da pompa exagerada que poderia imaginar de alguém que havia se tornado milionário, o ambiente era discreto e profissional. Lucas apresentou alguns colegas, homens e mulheres que claramente o respeitavam, mas sem o tão submisso que ela imaginava que existiria em torno de alguém tão poderoso. Clara ficou impressionada, mas manteve a postura reservada; ela ainda não estava pronta para baixar a guarda. Lucas a guiou por entre as mesas do escritório até uma sala de vidro que dava vista para a cidade. Sentaram-se em poltronas confortáveis e ele começou
a falar sobre como havia... Recomeçado sua vida, depois de abandonar tudo, sobre as dificuldades de tentar se erguer sem carregar o peso do nome da família, foi um processo lento. Ele contou, olhando para a vista da cidade, como se ainda estivesse absorvendo tudo o que passou. “Eu perdi muito no começo. Cometi erros, fiz investimentos que quase me faliram. Mas sabia que não podia voltar atrás. Eu tinha que seguir em frente, sem a sombra do meu pai.” Clara ouviu em silêncio, absorvendo cada palavra. Havia algo de genuíno na forma como Lucas falava sobre seu passado; ele
não tentava se eximir dos erros que cometeu, nem pintava uma imagem heroica de sua trajetória, apenas contava os fatos. E isso, de alguma forma, fez com que Clara se sentisse mais à vontade. "E como você lidou com isso?" ela perguntou, finalmente quebrando o silêncio. Com tudo o que perdeu, Lucas virou o rosto para ela e sorriu de leve, um sorriso que refletia o peso das experiências que viveu. "Eu não tinha escolha. Ou eu aprendia a lidar com isso, ou me afundava." Clara teve muitos momentos em que pensou em desistir. "Teve dias em que eu me
arrependi de ter fugido, de ter deixado tudo para trás, mas eu sabia que se eu voltasse seria pior. O escândalo da minha família era maior do que eu podia carregar." Clara ouviu aquilo com um aperto no peito; parte dela entendia o que ele estava dizendo. O peso de uma decisão tão drástica não era fácil de carregar, mas, ainda assim, ela sentia que algo mais estava ali, algo que Lucas não dizia abertamente. "E sobre nós?" Clara perguntou, de repente, sentindo a necessidade de abordar a questão que mais a atormentava. "Você nunca pensou em voltar por mim?
Nunca quis explicar o que aconteceu?" Lucas olhou para ela com olhos que carregavam um misto de dor e arrependimento. Ele respirou fundo antes de responder: "Pensei em você todos os dias, Clara. Eu sabia que te machuquei, e houve muitas vezes em que quis te procurar, te contar tudo, mas eu achava que você não merecia ser arrastada para o caos que era a minha vida. Eu não queria que você fosse associada ao escândalo do meu pai, nem que sua vida fosse destruída por causa disso." Clara sentiu as lágrimas se acumularem nos olhos, mas piscou para afastá-las.
Ainda era difícil ouvir aquelas palavras, mesmo depois de tantos anos. "Mas você podia ter confiado em mim," ela disse, com a voz embargada. "Eu podia ter escolhido, podia ter te ajudado de alguma forma, mas você não me deu essa chance." Lucas assentiu lentamente, parecendo compreender o peso daquelas palavras. "Eu sei, e eu me culpo por isso até hoje. Acredite, eu pensei que estava fazendo o melhor para você ao ir embora, mas agora, olhando para trás, eu vejo que não era minha decisão para tomar." O silêncio voltou a pairar entre eles. Clara olhou para o horizonte,
tentando organizar seus sentimentos. Parte de seu coração ainda estava machucado, mas a outra parte, aquela que ainda o amava, começava a entender que Lucas também carregava suas próprias cicatrizes e, talvez, de certa forma, eles estivessem mais conectados do que jamais haviam percebido. "Eu não sei se estou pronta para te perdoar," Clara finalmente disse, virando-se para ele. "Mas eu quero tentar entender, quero ver se posso confiar em você de novo." Lucas sorriu com uma leveza que ela não via há muito tempo. "Isso é tudo o que eu posso pedir, Clara: que você esteja disposta a tentar."
Os dias que se seguiram trouxeram um ritmo diferente à vida de Clara. Ela e Lucas passaram a se encontrar com mais frequência, e a proposta de conhecê-lo sem pressa começou a fazer sentido. Aos poucos, ela foi vendo um lado dele que talvez nunca tivesse percebido antes. O Lucas de hoje era um homem que, apesar de seu sucesso, carregava o peso das escolhas difíceis que fez. Havia uma vulnerabilidade nele que contrastava com a imagem de poder que agora o cercava. Certo dia, enquanto caminhavam juntos por um parque, Clara percebeu algo que a fez parar de repente.
Ela havia passado tanto tempo revivendo as feridas do passado que não notou o quanto ela própria havia mudado. O tempo que passou sozinha, lidando com a dor do abandono, a transformou em uma mulher mais forte, mais segura e, agora, ao lado de Lucas, ela percebeu que, apesar de ainda haver uma longa jornada pela frente, estava no controle de suas próprias decisões. Naquela noite, ao deitar na cama, Clara refletiu sobre o caminho que tinha percorrido até ali. As velhas feridas ainda existiam e seria tolice acreditar que desapareceriam da noite para o dia, mas agora ela sentia
que estava pronta para seguir em frente, para ver onde essa nova fase com Lucas a levaria. O medo ainda estava lá, assim como a desconfiança, mas, ao mesmo tempo, havia uma pequena faísca de esperança de que talvez, apenas talvez, o que eles tivessem agora pudesse ser diferente do que foi antes. Enquanto fechava os olhos, uma última pergunta ecoou em sua mente: será que ela realmente conseguiria perdoar Lucas? Depois de semanas observando Lucas, conhecendo sua nova vida e vendo de perto o homem que ele havia se tornado, Clara comece a perceber que, apesar de sua sinceridade,
sabia que para seguir em frente precisaria encarar algo muito maior do que a versão atual de Lucas. Ela precisaria enfrentar seu próprio passado, e esse passado estava profundamente ligado à cidade onde tudo começou. Clara nunca voltou à sua cidade natal desde que Lucas a abandonou. Para ela, aquele lugar carregava lembranças demais, feridas demais. Após o sumiço dele, ela partiu buscando recomeçar em outro lugar. A cidade pequena, com suas ruas tranquilas e o círculo social restrito, se tornou insuportável de viver. Todos sabiam sobre o escândalo da família de Lucas, sobre o casamento que não aconteceu e...
Clara simplesmente não conseguia lidar com os olhares de pena ou curiosidade que a seguiam. A mudança foi sua fuga, assim como Lucas havia fugido dos problemas dele. Mas agora, algo dentro dela dizia que era hora de voltar para entender completamente o que aconteceu. Clara sabia que não poderia apenas ouvir a versão de Lucas; havia questões pendentes naquela cidade, segredos que ela ainda não conhecia, e, se realmente quisesse seguir em frente, precisaria enfrentar essas questões de frente. Foi numa manhã ensolarada de sábado que Clara tomou a decisão. Sentada em sua sala, com uma xícara de café
nas mãos, ela enviou uma mensagem para Lucas: "Vou voltar à nossa cidade por alguns dias. Preciso resolver algumas coisas sozinha." Ela não sabia como ele reagiria, mas sabia que precisava fazer isso sem ele. Lucas podia fazer parte do presente, mas o que Clara estava prestes a enfrentar pertencia ao passado. Seu celular vibrou com uma resposta quase imediata: "Entendo. Se precisar de qualquer coisa, estarei aqui." Lucas respeitava o espaço dela, algo que Clara apreciava mais do que admitia. E assim, algumas horas depois, ela estava na estrada, dirigindo em direção ao lugar que um dia chamou de
lar, mas que agora parecia uma sombra distante de quem ela era. Enquanto o carro percorria estradas sinuosas, memórias começaram a surgir: o primeiro encontro com Lucas, os passeios à beira do lago, os planos que fizeram juntos para o futuro e, claro, o dia em que ele foi embora. Mesmo depois de tudo o que aconteceu nas últimas semanas, Clara ainda não conseguia apagar aquela dor completamente. Talvez nunca conseguisse. Ao chegar à cidade, o sentimento de nostalgia e desconforto a envolveu. As ruas eram familiares, mas algo parecia diferente. Não era mais o mesmo lugar acolhedor que ela
conhecia; as pessoas, os prédios, tudo parecia carregar o peso do tempo que passou. Clara dirigiu diretamente até o antigo bairro onde havia morado com os pais. Sua casa ainda estava lá, inalterada, mas um sentimento estranho tomou conta dela. Não era mais seu lar; ela não se sentia pertencente àquele lugar. Após estacionar, Clara caminhou pelas ruas tranquilas. Os rostos eram vagamente conhecidos, mas nenhum deles se aproximou para cumprimentá-la. Talvez não se lembrassem dela ou, talvez, como imaginava, preferissem não tocar no assunto que havia marcado sua vida na cidade. Ela finalmente chegou ao destino principal de sua
viagem: a antiga casa da família de Lucas. A casa era imponente como sempre fora, mas agora parecia um lugar assombrado. As janelas estavam fechadas, o jardim mal cuidado parecia abandonado, um reflexo do que aconteceu com a família após o escândalo. Clara ficou parada na calçada por um momento, absorvendo a cena. Era difícil acreditar que anos atrás ela e Lucas planejavam um futuro juntos ali, naquele mesmo lugar. Ela não tinha intenções de entrar; sabia que a casa estava vazia, mas o impacto de vê-la, de confrontar fisicamente tudo o que a fez sofrer, era importante. Clara precisava
desse confronto final para encerrar aquele ciclo. Enquanto estava perdida em seus pensamentos, uma voz a chamou por detrás: "Clara, é você?" Ela se virou e viu uma figura familiar caminhando em sua direção: era dona Vera, uma antiga vizinha da família de Lucas, uma senhora de idade que, quando Clara e Lucas estavam juntos, sempre os recebia com sorrisos e gentilezas. Mas agora, o rosto de dona Vera parecia carregar a mesma tristeza que Clara sentia. "Eu sabia que um dia você voltaria," disse a senhora com um sorriso melancólico. "Você foi embora tão de repente." Clara sentiu um
aperto no peito; era como se o peso de tudo o que ela deixou para trás estivesse se materializando diante dela. "Eu precisava de um tempo, dona Vera. As coisas ficaram difíceis demais." A senhora assentiu, compreendendo. "Você fez o certo, minha filha. As coisas aqui nunca mais foram as mesmas depois do escândalo. A família de Lucas... bem, você sabe como acabou. Foi um golpe duro para todos nós." Clara respirou fundo. Sabia que aquele seria o momento de finalmente perguntar as coisas que a atormentavam por anos. "O que realmente aconteceu depois que Lucas foi embora? Eu nunca
soube os detalhes." Dona Vera suspirou, seus olhos ficando distantes por um momento, como se revivesse os acontecimentos em sua mente. "O pai dele, Augusto, foi condenado. Como você deve imaginar, ele tentou lutar contra as acusações de corrupção e fraude, mas as provas eram irrefutáveis. A empresa da família foi dissolvida, e a mãe de Lucas se mudou para o exterior logo depois do escândalo. Ela nunca mais foi vista por aqui." Clara absorveu a informação, tentando juntar as peças do quebra-cabeça que vinha montando. "E Lucas? O que aconteceu quando ele foi embora?" A senhora olhou diretamente nos
olhos de Clara, como se ponderasse por um momento antes de responder. "Lucas sempre foi um bom rapaz, mas ele sabia que ficar aqui o arruinaria. Quando ele desapareceu, muitos pensaram que ele tinha fugido para escapar das acusações como o pai, mas eu sabia, no fundo, que ele estava tentando se afastar desse caos para salvar a própria alma." Clara sentiu uma mistura de alívio e tristeza. Lucas havia feito escolhas difíceis, e agora, sabendo mais sobre o que aconteceu, ela conseguia entender por que ele achou que não tinha outra opção além de partir. "Você ainda se importa
com ele, não é?" perguntou dona Vera gentilmente. Clara hesitou por um momento antes de responder: "Eu acho que sim. Parte de mim ainda o ama, mas é difícil. As feridas são profundas." Dona Vera sorriu com ternura. "O amor nunca é simples, minha filha, e às vezes perdoar é a parte mais difícil. Mas se você sente que há algo a ser recuperado, talvez valha a pena tentar." Clara ficou em silêncio, absorvendo as palavras da senhora. Ela sabia que estava certa. Perdoar Lucas não seria fácil, mas agora, mais do que nunca, Clara sentia. Que estava pronta para
tentar talvez não fosse sobre esquecer o passado, mas sim sobre aprender a conviver com ele, a entender as escolhas que ambos fizeram e, quem sabe, encontrar um caminho de volta um para o outro. Enquanto Clara se despedia de Dona Vera e deixava a cidade para trás, ela sentia que finalmente começava a se libertar das sombras do passado. O reencontro com aquelas memórias dolorosas foi um passo necessário e agora Clara sentia que estava mais perto de descobrir o que realmente queria para o futuro. Com ou sem Lucas, o caminho de volta à cidade foi silencioso e
introspectivo. Clara dirigia pelas estradas sinuosas, refletindo sobre tudo o que havia vivido naquele dia: o reencontro com o passado, as conversas com Dona Vera e a visão da casa abandonada dos pais de Lucas haviam acendido algo dentro dela, algo que ela não conseguia ignorar. As respostas que buscava estavam mais próximas, mas havia mais segredos, e ela sabia que o maior deles ainda estava por vir. Quando chegou em casa, o cansaço físico tomou conta de seu corpo, mas sua mente continuava ativa, incansável. Clara sabia que não poderia ignorar as dúvidas que ainda pairavam sobre a ascensão
meteórica de Lucas. Ele havia explicado uma parte da história sobre os negócios duvidosos que quase arruinaram sua reputação, mas ainda havia um ponto obscuro: como ele realmente havia se tornado milionário? Por mais que Clara quisesse acreditar que ele havia se redimido, havia uma parte dela que temia que Lucas ainda estivesse envolvido em algo perigoso, algo que ele não estava disposto a compartilhar. No dia seguinte, Clara decidiu que precisava investigar mais a fundo. Não era apenas sobre o futuro dela com Lucas, mas sobre o que ele estava escondendo. Ela precisava ter certeza de que sua intuição
estava errada, que Lucas não estava mais envolvido com pessoas que poderiam arruiná-los novamente. Mas como ela faria isso sem que ele soubesse? Foi então que ela se lembrou de alguém que poderia ter as respostas. Durante sua investigação anterior sobre os negócios de Lucas, ela ouviu falar de um homem chamado Artur. Ele era um ex-sócio de Lucas nos primeiros anos de sua nova empreitada, um empresário conhecido por suas conexões não muito transparentes. Clara nunca o havia encontrado pessoalmente, mas sabia que Artur ainda mantinha alguns contatos em comum com Lucas. Depois de algumas tentativas de contato, Clara
conseguiu marcar uma reunião com Artur sob o pretexto de que estava interessada em investir. Embora fosse arriscado, ela sabia que precisava confrontá-lo e descobrir o que realmente aconteceu nos primeiros anos da nova carreira de Lucas. Era um caminho perigoso, mas a verdade era mais importante do que qualquer risco que pudesse correr. A reunião foi marcada para a tarde de um dia nublado, em um café discreto no centro da cidade. Clara se vestiu de forma simples, mas profissional, para não chamar atenção. Quando chegou, Artur já estava lá, sentado em uma mesa no canto do café, com
um semblante seco e frio, como se já soubesse que aquela conversa seria mais do que uma simples reunião de negócios. "Clara," disse ele assim que ela se aproximou. Seu tom era casual, mas havia algo em seus olhos que a deixou em alerta; ele tinha o tipo de postura que as pessoas adotam quando estão acostumadas a manter segredos. "Sim, sou eu," Clara respondeu, sentando-se de frente para ele. Ela tentou manter a calma, mas seu coração batia acelerado. "Agradeço por ter aceitado me encontrar." Artur acenou com a cabeça e recostou-se na cadeira, observando-a com um olhar curioso.
"Então, você quer investir, mas acredito que você tenha outros motivos para estar aqui. Lucas e eu temos um passado e algo me diz que esse é o verdadeiro motivo do nosso encontro." Clara se surpreendeu com a franqueza de Artur; ele parecia saber exatamente o que ela estava buscando. Decidiu não mentir. "Você está certo," ela começou, com a voz firme. "Estou aqui porque preciso de respostas. Lucas mencionou que nos primeiros anos da sua nova carreira ele se envolveu com negócios de alto risco. Eu sei que você fazia parte dessa fase. Quero saber a verdade, Artur. Ele
está tentando me convencer de que tudo isso ficou no passado, mas eu preciso ter certeza." Artur riu, um riso seco e cínico, enquanto cruzava os braços. "Lucas sempre foi um homem com boas intenções, mas boas intenções nem sempre levam a bons resultados. Você sabe disso, certo? Nos primeiros anos, ele estava desesperado para se reerguer e, sim, ele se envolveu em negócios arriscados, alguns dos quais eu diria que passam dos limites do legal." Clara sentiu um frio na espinha, mas manteve a compostura. "Quais negócios?" Artur olhou com um misto de cautela e interesse; ele parecia ponderar
até que ponto deveria compartilhar informações. "Eu e Lucas fizemos alguns investimentos com pessoas que não eram exatamente confiáveis. Lucas precisava de dinheiro rápido para sair da sombra do pai, e esses investidores ofereceram o que ele precisava. Ele sabia dos riscos, mas achou que poderia lidar com isso." Clara estreitou os olhos, sentindo a tensão aumentar. "E ele conseguiu?" Artur deu de ombros. "Ele conseguiu se distanciar quando as coisas começaram a ficar perigosas. Lucas sempre foi bom em se livrar de encrenca antes que explodisse. Quando os investimentos começaram a dar retorno, ele cortou os laços com aqueles
que o ajudaram no início. O problema é que essas pessoas não esquecem tão facilmente." Clara sentiu o coração apertar. Então, Lucas havia realmente conseguido se afastar, mas havia mais ali. "Você está dizendo que essas pessoas ainda podem ser um problema?" Arthur inclinou-se para a frente, apoiando os cotovelos na mesa e abaixando a voz. "O que estou dizendo, Clara, é que Lucas jogou um jogo perigoso e, por mais que ele tenha saído, sempre há um preço a pagar. Ele pode achar que está seguro agora..." Mas ninguém se envolve com pessoas como aquelas e sai completamente limpo.
Clara ficou em silêncio, sentindo o peso das palavras de Artur. Aquilo explicava muito, mas ao mesmo tempo deixava novas dúvidas. Lucas podia estar tentando ser honesto com ela, mas ele ainda carregava as consequências das escolhas que fez no passado. — Então você está me dizendo que, mesmo ele tentando se afastar, essas pessoas podem voltar? — Ela perguntou com a voz mais baixa. Arthur assentiu, seu olhar sério. — Exatamente. Lucas pode ter saído dos negócios, mas os esqueletos no armário dele ainda estão lá e essas pessoas não esquecem facilmente. Quem deve favores... Clara sentiu uma onda
de angústia. Ela queria acreditar que Lucas havia mudado, que ele estava tentando fazer as coisas certas, mas o passado dele era mais sombrio do que ela imaginava. Será que ele sabia do perigo que ainda corria ou será que estava tentando proteger Clara de uma verdade ainda mais assustadora? Quando terminou a reunião, Clara deixou o café com uma mistura de medo e incerteza. Artur havia revelado segredos que Lucas nunca mencionou e agora Clara se perguntava o quanto mais havia para descobrir. Lucas podia estar tentando consertar as coisas, mas o preço de suas escolhas passadas ainda pairava
sobre ele. De volta ao apartamento, Clara se sentou no sofá, o olhar perdido nas sombras que dançavam na parede. Enquanto o sol se punha, ela sabia que precisava confrontar Lucas, mas ao mesmo tempo temia o que ele poderia dizer, o que faria se ele admitisse que ainda estava em perigo, que aquelas pessoas que o ajudaram no passado poderiam voltar para cobrar o que ele devia. Naquele momento, Clara percebeu que estava presa em uma rede de mentiras e segredos muito maior do que ela imaginava. O Lucas que ela amava estava tentando seguir em frente, mas o
passado dele ainda não estava completamente resolvido, e agora ela se via diante de uma escolha difícil: confrontar a verdade e encarar o que viria a seguir ou se afastar antes que fosse tarde demais. Enquanto a noite avançava, Clara sabia que precisava tomar uma decisão, e rápido. Clara passou a noite em claro, revirando na cama, incapaz de acalmar os pensamentos que martelavam em sua mente. A reunião com Arthur havia deixado uma marca profunda. Sabia agora que Lucas tinha passado por muito mais do que estava disposto a contar e que, mesmo tentando se distanciar do passado, ele
ainda estava preso em uma teia de segredos que poderia explodir a qualquer momento. O que mais a inquietava era que, mesmo sabendo disso, Lucas havia tentado manter Clara longe dessa verdade. Ele não mencionou o perigo real que essas pessoas ainda representavam. Era para protegê-la ou havia algo que ele ainda não conseguia encarar nem mesmo por ele próprio? Ao amanhecer, Clara já sabia o que precisava fazer. Ela não podia mais adiar a conversa definitiva com Lucas; precisava confrontá-lo a ser completamente honesto sobre o que realmente estava acontecendo, sobre o quanto ele estava exposto àquelas pessoas que
ajudaram a erguer sua nova vida. Se ele realmente queria um futuro com ela, não haveria espaço para mais segredos. Naquela manhã, Clara enviou uma mensagem curta para Lucas: “Precisamos conversar hoje.” A resposta veio em minutos, sem perguntas, apenas um “Alia” seguido de um endereço. Ele sugeriu que se encontrassem no apartamento dele. Ao chegar, Clara se deparou com um edifício moderno, luxuoso, em um bairro nobre da cidade. A ascensão de Lucas estava ali, evidente em cada detalhe, mas para ela aquilo não significava mais do que a fachada que ele havia construído para esconder o caos que
o cercava. Ela foi recebida pelo porteiro e logo subiu ao andar onde Lucas morava. Quando a porta do apartamento se abriu, Lucas estava lá, com um sorriso contido no rosto. — Oi, Clara! — ele disse, tentando ser casual. — Estava esperando por você. Clara entrou sem responder de imediato, sua mente ainda em turbilhão. O apartamento era elegante, decorado com móveis modernos e minimalistas, mas Clara não conseguia se concentrar nos detalhes. Ela estava ali por respostas e não havia tempo para rodeios. — Lucas, por favor, podemos pular as formalidades? — Clara disse, firme, encarando-o. — Eu
preciso de toda a verdade. Preciso saber de tudo, sem mais meias palavras, sem mais mentiras. Lucas hesitou por um momento, claramente pego de surpresa pela seriedade no tom dela. Ele fez sinal para que ela se sentasse no sofá, e ela o fez, mas manteve a postura rígida, pronta para o confronto. — Clara — Lucas começou, com um suspiro profundo —, eu nunca menti para você. O que aconteceu nos primeiros anos foi... é complicado, mas já te disse que me afastei dessas pessoas e desde então tudo que construí foi limpo. O que mais você quer saber?
Clara sentiu a raiva crescer dentro dela, mas manteve a calma. — Eu me encontrei com Artur. O nome fez Lucas arregalar os olhos; ele não esperava por isso, e Clara viu que aquilo abalou mais do que ele queria demonstrar. — Artur? — ele repetiu, tentando entender. — Por que você... — Eu precisava saber mais, Lucas. — Claro! — interrompeu Lucas, não querendo dar tempo para ele inventar qualquer desculpa. — Ele me contou sobre os investidores com quem você se envolveu, sobre o perigo que você correu ao tentar sair desse esquema, e ele me disse que,
mesmo depois de você ter cortado laços, essas pessoas... — Então agora quero que você me diga: você ainda está em perigo? Lucas ficou em silêncio por um momento, visivelmente desconfortável. Ele se levantou, passando a mão pelos cabelos enquanto caminhava até a janela. A tensão no ar era palpável e Clara sentia o peso das palavras que estavam por vir. — Clara... — ele começou, olhando para fora, como se tentasse encontrar as palavras certas. — Eu tentei te poupar disso. Eu realmente achei que, depois de tudo o que fiz para me afastar, as coisas estavam resolvidas. Mas
Artur está certo; essas pessoas não esquecem. Eu não estou mais... diretamente envolvido com elas, mas isso não significa que elas tenham me deixado em paz. Clara sentiu o coração apertar; era a confirmação do que mais temia. — Então, por que você não me contou? — Ela perguntou, sua voz embargada pela decepção. — Por que você tentou me convencer de que tudo estava resolvido quando claramente ainda não está? Lucas virou-se para ela, o olhar carregado de culpa. — Eu não queria que você se afastasse de mim de novo. Eu não queria te assustar, te fazer pensar
que minha vida ainda está envolta em problemas. Eu pensei que, se lidasse com isso sozinho, você nunca precisaria saber. Mas eu estava errado. Eu deveria ter sido honesto com você desde o começo. Clara balançou a cabeça, sentindo a mistura de tristeza e raiva. — Lucas, se você quer que a gente tenha uma chance de recomeçar, não pode haver segredos. Eu já passei por isso uma vez, já fui deixada no escuro e não posso viver dessa forma de novo. Lucas deu alguns passos na direção dela, seu rosto mais tenso do que nunca. — Eu sei, Clara.
Eu sei que errei e não quero te perder. Eu vou te contar tudo, tudo o que você quiser saber, mas, por favor, não vá embora. Eu não suporto a ideia de te perder novamente. Clara olhou para ele, seus sentimentos ainda um caos. Ela não sabia se poderia realmente confiar nele de novo, mas também sabia que, por mais que estivesse magoada, ainda o amava. Havia um conflito entre o desejo de se proteger e o desejo de acreditar que, desta vez, as coisas poderiam ser diferentes. — Me conte tudo, Lucas, do começo, sem segredos — ela disse,
finalmente decidida a ouvir toda a verdade. Lucas se sentou ao lado dela no sofá e começou a falar, seu tom mais sério e vulnerável do que nunca. Ele contou sobre como, nos primeiros anos, havia se envolvido com um grupo de investidores ilegais, pessoas que operavam nas sombras do mercado financeiro, oferecendo empréstimos rápidos e lucrativos, mas com juros extorsivos e condições perigosas. Lucas sabia que estava arriscando muito ao se envolver com eles, mas, na época, sentia que não tinha outra escolha: a necessidade de se afastar da mancha do nome da família e de se reconstruir rapidamente
o seguia para os perigos que vinham com aqueles acordos. — Eu sabia que, se continuasse com eles por muito tempo, acabaria me destruindo — Lucas explicou, a voz embargada pela memória do que viveu. — Foi quando decidi sair. Investi tudo que ganhei com eles em negócios mais seguros. Quando comecei a ter sucesso por conta própria, cortei qualquer vínculo com esse grupo, mas eles não gostaram disso. Clara ouvia em silêncio, seu coração acelerado. — Nos últimos anos, recebi ameaças indiretamente. Eles nunca me atacaram diretamente, mas o recado era claro: eu devo a eles. E, por mais
que tentei me livrar, essas sombras ainda pairam sobre mim. Não sei quando ou se vão cobrar de mim, mas o risco está sempre presente. Clara sentiu uma onda de choque atravessar seu corpo. Ela sabia que Lucas estava envolvido em algo perigoso, mas ouvir a extensão do problema era mais perturbador do que imaginava, e agora ela estava diretamente envolvida nisso. — Por que você não me contou isso antes? — ela perguntou novamente, mas agora sua voz carregava menos raiva e mais preocupação. — Eu tinha medo, Clara. Medo de que você se afastasse, medo de que você
não quisesse mais nada comigo se soubesse a verdade. Mas, acima de tudo, eu não queria que você se colocasse em risco. Eu te amo, Clara, e tudo que fiz foi tentando te proteger. Clara fechou os olhos por um momento, tentando processar tudo. Lucas estava sendo honesto agora, mas o peso da verdade era enorme. Ela o amava, mas estar ao lado dele significava aceitar os perigos que ele carregava. Seria ela capaz de fazer isso? Poderia correr esse risco? Depois de um longo silêncio, Clara abriu os olhos e encarou Lucas, vendo a vulnerabilidade em seu olhar. —
Eu não sei se posso lidar com isso, Lucas. Eu te amo, mas isso é grande demais. Não sei se estou preparada para enfrentar esse perigo. Lucas segurou suas mãos, olhando profundamente em seus olhos. — Eu entendo e não vou te forçar a nada. Mas o que eu mais quero é estar com você, e vou fazer o que for preciso para garantir que esses fantasmas do passado não voltem a nos assombrar. Respirou fundo, sentindo o peso da decisão que tinha pela frente. Ela sabia que ainda amava Lucas, mas também sabia que amar alguém não era suficiente
para superar tudo. Agora, precisava decidir se estava disposta a enfrentar o que viesse ao lado dele ou se, mais uma vez, precisaria se afastar para proteger a si mesma. E essa decisão não seria fácil. O peso da decisão que Clara precisava tomar pairava sobre ela como uma nuvem sombria e opressora. Após a revelação de Lucas sobre os riscos que ele ainda corria por causa das pessoas perigosas de seu passado, ela ficou dividida entre dois sentimentos: o medo do perigo real e o amor profundo que ainda sentia por ele. Como poderia conciliar esses dois lados? Como
escolher entre proteger a si mesma ou permanecer ao lado do homem que, apesar de tudo, ela ainda amava? Nos dias que se seguiram àquela conversa, Clara evitou se encontrar com Lucas. Ela precisava de espaço para processar tudo, para pensar com clareza. Sabia que, se fosse precipitada, poderia tomar uma decisão da qual se arrependeria pelo resto da vida. Ao mesmo tempo, não conseguia afastar a sensação de que algo muito maior estava prestes a acontecer. Enquanto tentava colocar seus pensamentos em ordem, Clara continuava com sua rotina de trabalho, mas sua mente estava constantemente distraída. Até mesmo Letícia,
sua amiga mais próxima, notou a mudança no comportamento dela durante um almoço. Letícia não conseguiu mais esconder sua preocupação. Preocupação. Clara, o que está acontecendo? Você está distante, como se estivesse com a cabeça em outro mundo. Isso tem a ver com Lucas? Clara suspirou, sabendo que não poderia mais esconder a verdade de Letícia. Ela contou tudo, desde o reencontro com Lu até as revelações sobre o passado dele e o perigo que ainda rondava sua vida. Enquanto falava, percebeu o quanto aquilo a estava consumindo. Desabafar com Letícia era uma maneira de aliviar o peso que carregava
sozinha. — Uau! — Letícia disse, depois de um longo silêncio. — Isso é... é muito sério. Clara, eu entendo por que você está tão confusa. Mas me diz uma coisa: o que seu coração está te dizendo? Você ama esse homem? Acha que pode confiar nele, apesar de tudo? Clara olhou para sua amiga, sentindo uma onda de emoções a tomar conta. — Eu ainda o amo, Letícia, mais do que eu gostaria de admitir. Mas o problema não é só o amor, é o medo. Ele está envolvido em algo muito perigoso, e eu não sei se sou
forte o suficiente para lidar com isso. A questão não... não é se eu o amo. A questão é: estou disposta a arriscar minha vida por esse amor? Letícia assentiu, compreensiva. — Eu entendo. E só você pode responder a isso, Clara. Mas lembre-se: você não precisa tomar essa decisão sozinha. Nós estamos aqui, seus amigos. E se há algo que Lucas precisa resolver, talvez seja hora de ele pedir ajuda. Essa responsabilidade não pode cair só nos seus ombros. Essas palavras ecoaram na mente de Clara pelo resto do dia. Talvez Letícia estivesse certa. Talvez Lucas estivesse tentando lidar
com tudo isso sozinho há muito tempo, e agora, mais do que nunca, ele precisava de ajuda. Mas como ela poderia ajudá-lo quando nem mesmo sabia quem eram essas pessoas que ainda o ameaçavam? Seria perigoso demais se envolver diretamente, mas havia algo que Clara sabia que poderia fazer: pressionar Lucas a buscar apoio. Naquela noite, Clara finalmente decidiu que era hora de se encontrar com Lucas novamente. Mandou uma mensagem para ele: "Podemos conversar?". Lucas respondeu prontamente: — Claro! Venha até meu apartamento, estou esperando. Quando Clara chegou, foi recebida com a mesma seriedade e tensão da última vez.
Lucas estava visivelmente preocupado, mas havia algo diferente em seu olhar, como se soubesse que a conversa de hoje seria decisiva. Sentaram-se na sala, o ambiente carregado de uma energia que Clara não conseguia descrever. Antes que Lucas pudesse dizer qualquer coisa, ela tomou a iniciativa. — Lucas, eu estive pensando muito sobre o que você me contou sobre o perigo que ainda existe por causa dessas pessoas do seu passado. Eu entendo que você tentou me proteger, e entendo também que você está tentando lidar com isso sozinho, mas isso não pode continuar assim. Lucas a olhou com uma
mistura de alívio e surpresa. — O que você quer dizer, Clara? — Você precisa de ajuda! — ela disse com firmeza. — Você não pode enfrentar essas pessoas sozinho. Já está claro que isso vai continuar te assombrando, mesmo que você tente ignorar. E agora eu também estou envolvida. Se queremos que isso funcione, se queremos ter uma chance real, precisamos ser honestos um com o outro, e principalmente, você precisa buscar ajuda. Lucas baixou o olhar por um momento, absorvendo as palavras dela. Ele sabia que Clara estava certa, mas pedir ajuda não era algo fácil para ele.
Desde que cortou laços com o pai e com o passado, Lucas havia se acostumado a lidar com as coisas por conta própria, a construir sua vida sem depender de ninguém. Mas agora, com Clara ao seu lado, ele entendia que estava se arriscando demais. — Eu não sei se posso envolver mais gente nisso — Lucas respondeu, sua voz carregada de dúvida. — Essas pessoas são perigosas, Clara. Se eu trouxer mais gente, posso colocar outros em risco. E o que mais me assusta é... eu não sei até que ponto eles podem ir. Clara o encarou com determinação.
— Lucas, você não precisa lutar essa batalha sozinho. Existem maneiras de lidar com isso: advogados, autoridades, se você precisa de apoio legal. E mais do que isso, você precisa confiar em quem está disposto a te ajudar. Você não pode simplesmente viver com medo para sempre. Se isso continuar, vai acabar te destruindo. Lucas suspirou profundamente. Ele sabia que ela estava certa, mas havia um medo arraigado dentro dele, algo que o impedia de tomar essa decisão. Antes, ele sempre acreditou que poderia lidar com tudo sozinho, que o peso de suas escolhas era algo que ele teria que
carregar. Mas agora, vendo Clara ali, decidida a ajudá-lo, ele começou a perceber que talvez estivesse errado. — Eu... eu vou pensar sobre isso — ele disse, hesitante. — Talvez você tenha razão, mas ainda não sei por onde começar. Clara se aproximou dele, segurando suas mãos com carinho. — Comece confiando em mim. Não podemos enfrentar tudo isso de uma vez, mas podemos começar pequeno. Converse com o advogado, veja suas opções. E principalmente, não se feche para quem está aqui para te ajudar. Lucas a olhou nos olhos e, pela primeira vez em muito tempo, Clara viu um
lampejo de vulnerabilidade genuína. Ele estava disposto a tentar. — Eu vou fazer isso — ele disse. — Finalmente, eu vou pedir ajuda. Mas Clara, isso vai ser perigoso, e eu preciso que você saiba que, se em algum momento você se sentir insegura, você pode se afastar. Eu nunca vou te pedir para correr esse risco comigo. Clara balançou a cabeça, determinada. — Eu não vou a lugar nenhum, Lucas. Nós estamos nisso juntos. Naquele momento, uma sensação de alívio tomou conta dos dois. Pela primeira vez, Lucas estava disposto a enfrentar seu passado com o apoio de alguém
ao seu lado, e Clara sentia que, apesar de todo o medo, estava fazendo a escolha certa. Eles sabiam que o caminho à frente seria difícil, mas agora estavam juntos, prontos para enfrentar o que viesse a partir de então. Daquele dia, Lucas começou a buscar apoio. Ele contratou um advogado de confiança para entender como poderia se proteger legalmente das ameaças que ainda pairavam sobre ele. Clara, por sua vez, se manteve ao lado dele, ajudando em cada etapa, garantindo que ele não tentasse resolver tudo sozinho. A atenção não havia desaparecido, mas a sensação de que estavam finalmente
fazendo algo a respeito trouxe um novo tipo de esperança. Agora, Clara sabia que estava pronta para enfrentar qualquer coisa ao lado de Lucas, desde que continuassem sendo honestos e fortes juntos. O passado não desaparecería, mas finalmente eles estavam dispostos a encará-lo. O compromisso de Lucas em buscar ajuda trouxe uma nova sensação de alívio para Clara, mas também despertou uma onda de incertezas. Mesmo que ele estivesse disposto a resolver seus problemas, havia um sombrio que ela não conseguia afastar e a sensação de que o perigo ainda estava muito próximo. O advogado que Lucas havia contratado começou
a revisar todos os contratos e acordos do passado, mas o processo era lento. O passado de Lucas, com suas conexões perigosas, não era algo que se resolvia com uma simples assinatura. Clara sabia que ainda precisavam caminhar com cuidado, e o tempo não parecia estar ao lado deles. Nos dias que se seguiram, Clara e Lucas continuaram a fortalecer a relação, agora com uma base de maior transparência. Eles passaram mais tempo juntos, e Lucas se esforçou para envolvê-la mais em sua vida pessoal, para que ela pudesse entender plenamente o homem que ele havia se tornado. Embora Clara
apreciasse os esforços de Lucas, ela ainda lutava com seus próprios medos. Estar ao lado de Lucas significava estar exposta a riscos que nunca haviam existido em sua vida tranquila antes. O amor por ele estava claro, mas o preço desse amor era o que a mantinha acordada à noite. Foi numa noite de sexta-feira, enquanto estavam juntos no apartamento dele, que a atenção que vinha se acumulando finalmente chegou ao limite. Eles haviam preparado um jantar juntos e, pela primeira vez em dias, estavam descontraídos. O vinho fluía, as conversas eram leves e, por um breve momento, Clara sentiu
que talvez as coisas estivessem realmente voltando aos eixos. Mas, no fundo, havia algo que a incomodava. Depois do jantar, Clara estava sentada no sofá, olhando pela janela. Lucas a observava, notando que algo estava errado. Ele se aproximou e se sentou ao lado dela, colocando a mão suavemente em seu ombro. — Clara, o que está acontecendo? Você está distante. Clara respirou fundo, lutando contra a onda de emoções que vinha sendo acumulada dentro dela. Ela havia guardado suas dúvidas por tempo demais e agora sentia que precisava ser completamente honesta. — Lucas, eu não sei se consigo continuar
com isso — ela disse finalmente, sua voz soando mais frágil do que esperava. Ele franziu a testa, claramente confuso. — O que você quer dizer com isso? Com tudo isso? — Lucas, eu não sei se estou pronta para viver uma vida onde sempre há um risco. Não é que eu não te ame, porque eu amo, mas é difícil imaginar um futuro quando sempre há algo que nos ameaça. E agora, com tudo o que está acontecendo, eu estou assustada. Lucas ficou em silêncio por alguns momentos, processando o que ela disse. Ele sabia que o medo de
Clara era legítimo, que ela tinha todo o direito de se sentir assim, mas, ao mesmo tempo, ele sentia uma pontada de dor ao ouvir. Ele havia tentado proteger Clara, e agora parecia que seus esforços estavam apenas empurrando-a para longe. — Eu entendo que você esteja com medo — ele disse suavemente — e não posso te culpar por isso. Eu sabia que, eventualmente, você sentiria o peso de estar comigo. Eu só queria que as coisas fossem diferentes. Clara virou-se para ele, seus olhos brilhando com lágrimas que ela tentava segurar. — Lucas, eu não estou dizendo que
vou te deixar, mas eu também não sei se posso continuar assim. Eu tento ser forte, tento confiar que vamos superar isso juntos, mas às vezes parece que esse problema é muito maior do que nós dois, e isso me assusta. Lucas segurou a mão dela, seu olhar profundo e cheio de emoção. — Clara, eu nunca quis que você carregasse esse fardo comigo. Eu sempre te protegi e sei que talvez tenha te envolvido mais do que deveria, mas eu não consigo imaginar minha vida sem você. As palavras dele tocavam Clara de uma forma profunda, mas o dilema
continuava. O amor que sentia por Lucas era real, mas ela não podia ignorar a realidade de sua situação. Estar com ele significava viver sob a sombra de perigos imprevisíveis, e isso a fazia questionar se valia a pena arriscar tudo por esse relacionamento. — Lucas, eu preciso de tempo — Clara disse finalmente. — Eu preciso pensar, preciso entender se sou forte o suficiente para continuar ao seu lado. Por mais que eu te ame, isso não é algo simples e não posso fingir que estou pronta para enfrentar qualquer coisa sem ter certeza. Lucas não disse nada por
um momento. Ele sabia que não poderia pressioná-la, e essa era a última coisa que ele queria. O medo de perdê-la estava evidente em seus olhos, mas ele sabia que forçar Clara a tomar uma decisão naquele momento só pioraria as coisas. — Eu entendo, Clara — ele disse, a voz baixa. — Eu não vou te pressionar. Você tem todo o direito de pensar sobre isso, de tomar seu tempo. Eu só quero que você saiba que eu te amo e que farei qualquer coisa para garantir que você se sinta segura ao meu lado. Mas se, no final,
você decidir que não pode continuar, eu vou entender. Só quero que você seja feliz, mesmo que isso signifique seguir um caminho diferente. As palavras de Lucas partiram o coração de Clara. Era exatamente o tipo de resposta que ela sabia que ele daria: sem egoísmo, sem pressão. E isso só tornava tudo ainda mais difícil. A ideia... De Seastar, de Lucas, era dolorosa, mas a ideia de continuar vivendo com medo também a assustava profundamente. Nos dias que se seguiram, Clara se afastou de Lucas para refletir; ela precisava de espaço para organizar seus pensamentos, para descobrir o que
era certo para ela. Durante esse tempo, Letícia continuou sendo sua maior confidente, oferecendo conselhos e apoio, mas sem nunca forçá-la a tomar uma decisão. Clara passou horas relembrando os momentos bons com Lucas: vezes em que ele a fez rir, a forma como ele olhava com amor e cuidado. Também não conseguia ignorar o lado sombrio que pairava sobre eles: as ameaças, o medo constante de que algo do passado dele pudesse voltar para assombrar. Por mais que quisesse acreditar que o amor seria suficiente para superar tudo, ela sabia que essa era uma visão ingênua. Uma semana depois,
Clara tomou sua decisão; aquele seria o momento de ser completamente honesta com Lucas, mesmo que isso significasse o fim do relacionamento deles. Ela o amava, mas também precisava se amar o suficiente para saber até onde poderia suportar. Clara se encontrou com Lucas em um parque tranquilo da cidade. Ele estava visivelmente nervoso, mas tentou disfarçar com um sorriso contido. — Clara, você tomou uma decisão? — ele perguntou, a voz cheia de expectativa. Clara respirou fundo, tentando conter as lágrimas. — Lucas, eu estive pensando muito. E essa é uma das decisões mais difíceis que já tomei. Eu
te amo, e isso é inegável, mas eu também preciso ser honesta comigo mesma. E a verdade é que eu não sei se consigo viver com o medo constante de que algo ruim possa acontecer. Lucas baixou o olhar, visivelmente abalado, mas não a interrompeu. Ele sabia que precisava ouvir tudo o que ela tinha a dizer. — Eu preciso de paz, Lucas — ela continuou. — Preciso de uma vida em que eu me sinta segura, em que eu possa construir algo estável, e no momento isso parece impossível ao seu lado. Eu não estou dizendo que você não
é a pessoa certa para mim, mas acho que o timing está errado. Talvez em outra fase da vida as coisas pudessem ser diferentes. Lucas assentiu, sentindo lentamente a tristeza evidente em seu olhar. — Eu entendo, Clara. Eu realmente entendo. E embora isso me parta o coração, eu respeito sua decisão. Eu só quero que você saiba que eu sempre vou te amar, independentemente do que aconteça. As lágrimas finalmente caíram dos olhos de Clara, mas ela sabia que havia tomado a decisão certa; era doloroso, mas necessário. Lucas a abraçou, e por um longo momento eles ficaram ali,
abraçados, sem dizer uma palavra. Quando se despediram, Clara sentiu o peso de um amor que, apesar de verdadeiro, não era o suficiente para superar os obstáculos que se impunham entre eles. Ela sabia que o futuro ainda era incerto, mas pela primeira vez em muito tempo, ela sentia que estava no controle de sua própria vida. Era o fim de uma etapa, mas o início de outra jornada; uma jornada que Clara precisaria trilhar sozinha, pelo menos por um tempo. A despedida com Lucas foi um dos momentos mais dolorosos da vida de Clara. Embora tivesse certeza de sua
decisão, o vazio que ficou depois daquele abraço parecia insuportável. Ela tentou se concentrar em seguir em frente, voltar à sua rotina, reencontrar o equilíbrio que sentia ter perdido. No entanto, por mais que se esforçasse, não conseguia afastar o pensamento de Lucas, do perigo que ele ainda corria e da incerteza sobre o que aconteceria com ele agora. Nos dias seguintes, se jogou no trabalho; seus projetos como designer de interiores a mantinham ocupada, mas mesmo assim, durante os momentos de pausa, a imagem de Lucas sempre voltava. Ela se perguntava se ele estava conseguindo lidar com o peso
de sua situação. Será que ele havia conseguido buscar ajuda suficiente? Será que aquelas pessoas ainda o estavam perseguindo? Uma semana depois da separação, Clara recebeu uma ligação inesperada; era o advogado de Lucas. — Clara, eu sei que você e Lucas não estão mais juntos, mas achei que deveria te informar: ele está correndo um risco maior do que imaginávamos e está prestes a tomar uma decisão perigosa. Achei que você devesse saber. O coração de Clara disparou. Ela tentou manter a calma, mas sua voz tremeu ao responder: — Que tipo de decisão perigosa? — Lucas descobriu que
os homens que o ajudaram a reerguer sua fortuna estão pressionando novamente. Eles exigem uma quantia absurda em troca de esquecerem o que ele deve. Mas não é só isso; eles fizeram ameaças diretas à integridade física dele. Lucas está considerando lidar com isso sozinho, mas eu temo que isso possa colocar a vida dele em risco. Clara sentiu uma onda de desespero. A ideia de Lucas enfrentando aqueles homens sozinho era aterrorizante. Ela sabia que ele tinha orgulho, que sempre tentou resolver tudo sem envolver mais ninguém, mas agora a situação havia passado de um simples problema financeiro; era
uma ameaça real à sua vida. — Ele mencionou o que pretende fazer? — Clara perguntou, tentando segurar o nervosismo que crescia dentro dela. — Ele está considerando pagar, Clara; pagar uma quantia que o deixaria praticamente sem nada, mas mesmo assim não temos garantias de que eles cumpririam a palavra. Lucas acredita que isso é o suficiente para se livrar deles, mas eu não estou tão certo. Essas pessoas não costumam ser tão simples assim. Clara ficou em silêncio, processando a gravidade da situação. Ela sabia que Lucas faria qualquer coisa para tentar resolver o problema sozinho, para protegê-la
e evitar que as pessoas que ele amava fossem prejudicadas. Mas, ao mesmo tempo, Clara sabia que ceder às exigências desses homens não resolveria o problema. Eles nunca parariam; Lucas sempre seria uma fonte de dinheiro e poder para eles. Depois de desligar o telefone, Clara ficou em sua sala, as mãos tremendo levemente enquanto o telefone repousava em seu colo. Ela tinha feito a escolha de se afastar de... Lucas parou para protetê-la a si mesma, pois a vida de riscos que envolvia a vida dele estava em perigo e o medo de perdê-lo para sempre era esmagador. Ela
sabia o que precisava fazer, mesmo que isso fosse contra tudo que havia decidido dias atrás. Não poderia simplesmente deixar Lucas enfrentar aquilo sozinha; precisava agir e rápido. Naquela mesma tarde, Clara fez uma ligação para Letícia, sua amiga de longa data e a pessoa em quem mais confiava. Ela contou toda a situação, sem esconder os detalhes. Quando terminou, Letícia ficou em silêncio por alguns segundos, processando tudo. — Clara, você sabe o que está fazendo? — Letícia perguntou, preocupada. — Você se afastou de Lucas para se proteger e agora está pensando em se envolver nesse caos de
novo. Eu entendo que você o ama, mas não podemos ignorar o perigo real. — Eu sei — Clara respondeu, sua voz tensa. — Posso simplesmente ficar parada? Eu o amo e, se algo acontecer com ele e eu não fizer nada, nunca vou me perdoar. Não posso viver com esse peso. Letícia suspirou. — Tudo bem, mas, por favor, prometa que vai ter cuidado. Você não pode enfrentar essas pessoas diretamente. O que está pensando em fazer? Clara hesitou por um momento. Ela sabia que não poderia resolver tudo sozinha, mas tinha uma ideia. — Eu acho que conheço
alguém que pode ajudar — ela disse finalmente. — Artur, o ex-sócio de Lucas. Ele me deu informações preciosas antes e acredito que, se souber que a situação de Lucas chegou a esse ponto, pode nos ajudar a pensar em uma saída. Letícia ficou em silêncio por um instante antes de responder. — Você tem certeza de que pode confiar em Artur? — Não tenho — Clara admitiu —, mas ele é a única pessoa que pode conhecer os homens que estão atrás de Lucas. Se ele ainda tem alguma conexão com eles, talvez possamos encontrar uma maneira de negociar.
Ou, pelo menos, ganhar tempo. Letícia concordou, ainda com hesitação. — Tudo bem, mas, Clara, cuidado! Esses homens não brincam e Artur também pode ter seus próprios interesses nessa história. Naquela noite, Clara conseguiu marcar uma reunião com Artur. Ele parecia relutante em aceitar o convite, mas ao saber que era sobre Lucas e que a situação estava piorando, concordou em encontrá-la em um bar discreto na cidade. Clara sabia que essa seria a sua última cartada; se Artur não pudesse ajudar, ela não sabia o que mais poderia fazer. Quando chegou ao bar, Clara estava nervosa, mas Artur já
estava sentado em um canto escuro, com uma expressão neutra no rosto. Ele acenou para ela sentar e, assim que ela se acomodou, foi direto ao ponto. — Artur, eu sei que você ainda tem laços com as pessoas que ajudaram Lucas no passado — Clara começou. — A situação está fora de controle. Eles estão exigindo dinheiro, ameaçando Lucas. Ele está prestes a tomar uma decisão que pode arruinar sua vida e eu preciso da sua ajuda para impedir que isso aconteça. Artur observou em silêncio, seus olhos avaliando cada palavra. — Você tem coragem, Clara. Isso eu posso
dizer — ele disse com um leve sorriso. — Mas me diga, por que eu deveria me envolver? Eu cortei laços com Lucas há tempos e esses homens não são o tipo de pessoas que você pode negociar facilmente. — Porque você sabe o que está em jogo — Clara respondeu, sem hesitar. — Você conhece essas pessoas, sabe do que elas são capazes. Se Lucas ceder às exigências deles, não vai acabar. Ele vai perder tudo e eles continuarão explorando essa fraqueza. Eu preciso que você me ajude a encontrar uma forma de impedir isso, uma saída. Artur ficou
em silêncio por um longo tempo, bebendo seu whisky calmamente. Quando finalmente falou, sua voz estava mais grave. — Esses homens são perigosos, Clara. Eu me afastei deles por um motivo, mas você tem razão sobre uma coisa: se Lucas pagar, nunca vai acabar. Eles continuarão sugando até não restar nada. Se você quer minha ajuda, posso te dar algo, uma informação, mas para isso funcionar, você vai precisar ser esperta. Clara sentiu o coração acelerado. — O que você tem em mente? Arthur explicou o plano em detalhes, mas advertiu que seria arriscado. Eles precisariam agir com cautela, usar
a influência de Artur para ganhar tempo e tentar desestabilizar o grupo que estava pressionando Lucas. O objetivo era simples: fazer com que esses homens acreditassem que Lucas tinha o apoio de pessoas poderosas para que recuassem antes de agir. O plano era arriscado, mas Clara sabia que era a única chance de salvar Lucas sem que ele perdesse tudo. Ela aceitou a ajuda de Artur com todos os riscos que isso envolvia e prometeu seguir cada passo com cautela. Agora, Clara estava determinada a colocar o plano em ação. Ela sabia que estava se metendo em algo perigoso, mas
estava disposta a arriscar tudo para proteger Lucas. Com o plano de Artur traçado, Clara sentiu um peso esmagador de responsabilidade cair sobre seus ombros. Ela sabia que estava caminhando em território perigoso e que qualquer movimento errado poderia ser fatal, não só para Lucas, mas também para ela. Porém, desistir não era uma opção. Lucas estava em risco e Clara não conseguia imaginar a vida sem ele. Não importava o quão arriscado fosse, ela estava determinada a tentar salvá-lo. A primeira parte do plano consistia em informar Lucas do que estava acontecendo, sem mencionar o envolvimento de Artur. Lucas
tinha que estar preparado para a aproximação daqueles que o ameaçavam, mas também precisava acreditar que o plano daria certo. Ela se convenceu a manter a calma e seguir as instruções, mesmo que o medo ou o orgulho gritassem para ele resistir do seu jeito. Quando Clara falou, sua voz era firme e descompassada. Ela havia decidido ir até o apartamento dele para explicar pessoalmente o que estava prestes a acontecer. Ao chegar, Clara foi recebida com um abraço caloroso, mas algo no olhar de Lucas estava diferente. Ele parecia exausto, desgastado pelo tempo e pelas tensões que enfrentava. Ameaças
constantes. Clara, eu não esperava que você voltasse, ele disse, a voz cansada. Achei que você tinha decidido se afastar disso tudo. Eu decidi que não posso ficar parada enquanto você enfrenta isso sozinho. Clara respondeu, olhando diretamente nos olhos dele: Eu sei o que você está prestes a fazer, Lucas. Sei que quer pagar para tentar se livrar dessas pessoas, mas não vai funcionar. Eles nunca vão parar. Lucas suspirou profundamente, andando de um lado para o outro na sala, como se estivesse prestes a explodir. Eu não tenho outra escolha, Clara. Eles não me deixam em paz. A
cada dia que passa, as ameaças ficam mais claras. Eu estou tentando te proteger, tentando resolver isso sem colocar você ou mais ninguém em perigo. Clara se aproximou e segurou suas mãos, fazendo com que ele parasse de andar. Eu sei que você está tentando proteger todo mundo, mas você não precisa fazer isso sozinho. Eu falei com alguém que pode nos ajudar. Nós temos um plano. Lucas olhou para ela com um misto de surpresa e desconfiança. Quem te disse isso? E que plano é esse? Clara sabia que não podia contar sobre Artur naquele momento. Lucas poderia não
aceitar a ideia de depender de seu ex-sócio, especialmente se soubesse que Artur ainda tinha conexões com as pessoas que os ameaçavam. Ela precisaria ser cuidadosa. Eu consegui informações de alguém que entende como esses grupos funcionam, Clara começou, escolhendo as palavras com cuidado. A única forma de você realmente se livrar deles é convencê-lo de que você não está sozinho. Nós vamos usar essas informações para fazer com que eles acreditem que você tem proteção, proteção que eles não querem enfrentar. Lucas franziu a testa, claramente cético. E quem exatamente está me protegendo, Clara? Eu já tentei de tudo,
tenho um advogado, mas essas pessoas não se intimidam com advogados. Clara respirou fundo, mantendo o tom firme. Você vai ter que confiar em mim, Lucas. Eu consegui ajuda, mas você precisa seguir o plano à risca. Não tente agir por conta própria, porque isso pode colocar tudo a perder. Eu sei que você acha que pagar vai resolver, mas eles vão continuar voltando, e da próxima vez o preço será ainda maior. Lucas balançou a cabeça, parecendo dividido entre o desejo de confiar em Clara e a urgência de agir. Eu confio em você, Clara, mas não sei se
isso vai funcionar. Essas pessoas não são do tipo que recuam facilmente. Eu sei, Clara respondeu, com um nó na garganta, mas é nossa melhor chance. Se fizermos isso direito, podemos sair dessa situação sem mais perdas. Lucas permaneceu em silêncio por alguns segundos, analisando as palavras dela. Ele sabia que, se tomasse a decisão errada, isso poderia custar tudo que havia construído e, talvez, até a própria vida. Mas, olhando nos olhos de Clara, ele percebeu que não poderia lutar essa batalha sozinho. Ela estava ali, ao lado dele, disposta a arriscar tudo. Como ele poderia recusar sua ajuda?
Eu farei o que você disser, Clara, ele finalmente disse, em um tom suave. Eu vou confiar em você. Clara suspirou, sentindo uma onda de alívio e, ao mesmo tempo, de medo. Ela sabia que o plano era arriscado, mas não havia outra saída. Agora que Lucas estava a bordo, tudo dependia de como os eventos se desenrolariam naquela noite. Clara mal conseguiu dormir; sua mente estava mil, pensando nos próximos passos, no que poderia dar errado e nas possíveis consequências. O perigo era real e, por mais que ela quisesse acreditar que o plano de Artur funcionaria, havia uma
parte dela que temia o pior. Ela sabia que, se algo desse errado, Lucas poderia pagar com sua vida. O dia seguinte chegou com um céu pesado e nublado, refletindo o estado de espírito de Clara. Ela sabia que logo receberia notícias de Artur e a tensão crescia a cada minuto. O plano envolvia marcar um encontro entre Lucas e os homens que o ameaçavam, mas em um ambiente controlado. Artur usaria suas conexões para inserir falsos rumores no submundo, fazendo com que o grupo acreditasse que Lucas havia se aliado a uma organização poderosa, algo que eles não poderiam
enfrentar de igual para igual. Horas mais tarde, enquanto Clara esperava ansiosamente, seu telefone tocou. Era Artur. Está tudo pronto, ele disse, sem rodeios. Eu consegui espalhar a informação. Eles acreditam que Lucas está sendo protegido por uma organização. Se fizermos isso direito, eles vão recuar. Mas Lucas vai precisar ir ao encontro deles e mostrar firmeza. Clara sentiu o estômago revirar; era um plano ousado e tudo dependia de como Lucas se comportaria durante a reunião. E se eles descobrirem que é mentira? Ela perguntou, a voz trêmula. Se Lucas agir com confiança e seguir o roteiro, eles não
terão motivos para suspeitar, Artur respondeu, com um tom seco. Mas Clara, precisamos estar preparados para qualquer coisa. Se algo der errado, eu tenho um contato que pode intervir, mas espero que não precisemos chegar a esse ponto. Clara sentiu, mesmo que ele não pudesse ver, que estavam lidando com homens perigosos. Pessoas que não pensariam duas vezes antes de usar a violência para garantir o que queriam. Ainda assim, aquele era o único caminho que restava. Mais tarde, Clara contou a Lucas o plano detalhado, sem mencionar o envolvimento de Artur. Ele ouviu com atenção, visivelmente nervoso, mas determinado.
O encontro está marcado para a noite seguinte, em um hotel de Luo, onde o ambiente discreto e a segurança do local ajudariam a criar uma fachada de proteção e poder. Lucas deveria se portar com confiança, mostrando que não estava intimidado e deixar claro que tinha o suficiente para enfrentar qualquer retaliação. Na noite marcada, Clara ficou esperando em seu apartamento, o coração acelerado. Sabia que não poderia estar com Lucas no encontro, mas a ansiedade de não saber o que estava acontecendo era insuportável. Cada minuto parecia durar uma eternidade, e a tensão era quase insuportável. Palpável. O
silêncio do apartamento a sufocava, e o medo do que poderia dar errado a consumia. Horas se passaram, e Clara não recebeu nenhuma notícia, o que significava que Lucas ainda estava no encontro, ou que algo havia saído terrivelmente errado. Ela tentou manter a calma, mas cada som fora do comum a fazia saltar de nervosismo. Finalmente, perto da meia-noite, seu telefone tocou. Clara atendeu imediatamente, o coração disparado. — Clara! Sou eu, a voz de Lucas, do outro lado da linha. Ele parecia calmo, mas havia um tom de cansaço em sua voz. — Está tudo bem? O plano
funcionou. Eles acreditaram! O alívio inundou Clara como uma onda; as lágrimas vieram e ela não se segurou. — Graças a Deus, Lucas! — ela disse, a voz embargada. — Eu estava tão preocupada! Lucas sorriu do outro lado da linha, a tensão em sua voz começando a se dissipar. — Eu também estava, mas por enquanto estamos seguros. Eles recuaram. Não sei por quanto tempo, mas agora tenho tempo para resolver isso de uma vez por todas. Clara sorriu através das lágrimas. Eles haviam conseguido, pelo menos por enquanto. Mas ambos sabiam que o perigo não estava completamente afastado.
O que viria depois ainda era incerto, mas juntos sabiam que estavam prontos para enfrentar o que viesse. O perigo ainda rondava, mas agora havia uma esperança. E por mais que Clara soubesse que essa batalha estava longe de terminar, ela sentia que finalmente haviam ganho tempo para respirar e planejar seus próximos passos. O alívio que Clara sentiu ao ouvir a voz de Lucas confirmando que o plano havia funcionado foi como uma descarga de adrenalina se dissipando após um longo e tenso confronto. Por alguns dias, ela e Lucas viveram em uma bolha de calma, como se tivessem
finalmente se libertado do aperto sufocante das ameaças que vinham se acumulando sobre eles. Mas essa calma era frágil, e ambos sabiam disso. Ainda havia muito a ser resolvido, e a ameaça, embora adiada, não estava completamente eliminada. Lucas sabia que os homens que o ameaçavam recuaram por acreditar que ele estava protegido, mas aquilo era apenas temporário. Eles iriam investigar, tentar descobrir quem era essa suposta organização poderosa que havia surgido em sua defesa. Se descobrissem que tudo era uma fachada, as consequências seriam desastrosas. Foi numa tarde, cerca de uma semana depois do encontro, que Lucas recebeu uma
ligação que fez seu estômago revirar. Era uma ligação de Artur, e pelo tom de voz, Clara imediatamente percebeu que algo estava errado. Ela estava com Lucas naquele momento e observou enquanto ele atendia, tentando manter a calma. — Artur, o que houve? — Lucas perguntou, a voz baixa e tensa do outro lado da linha. Artur explicou que os homens haviam começado a desconfiar. Eles estavam fazendo perguntas, buscando contatos e começando a questionar se a proteção de Lucas era mesmo real. Isso significava que o tempo que eles haviam ganhado estava se esgotando rapidamente. Lucas precisaria agir antes
que descobrissem a verdade. Após desligar o telefone, Lucas se virou para Clara, o semblante preocupado. — Eles estão começando a desconfiar — disse ele, sem rodeios. — Artur disse que estão investigando. Temos que agir rápido. Clara sentiu o estômago afundar. — O que você acha que podemos fazer agora? Lucas ficou em silêncio por um momento, claramente pensando nas opções. Ele sabia que simplesmente não era mais uma opção; precisavam de um plano definitivo para acabar com as ameaças de uma vez por todas. A questão era como fazer isso sem colocar suas vidas ainda mais em risco.
Depois de uma longa conversa, Lucas decidiu que a única solução seria expor os homens que o ameaçavam. Ele tinha documentos, registros antigos que, se fossem revelados, poderiam comprometer as operações criminosas do grupo. Esses documentos eram sua arma final, mas também uma faca de dois gumes; se usados de forma errada, poderiam acabar provocando uma reação ainda mais violenta. — Eu tenho provas contra eles — Lucas revelou, olhando diretamente para Clara. — Documentos que podem levar a uma investigação completa. Se eu liberar isso, eles ficarão ocupados demais tentando salvar suas próprias peles para vir atrás de mim.
Clara regalou os olhos, surpresa. — Por que você nunca mencionou isso antes? — Porque é perigoso — Lucas respondeu. — Se eles souberem que estou por trás da divulgação dessas informações, eu posso me tornar o alvo principal. Mas é a única forma de garantir que eles parem de me perseguir. Clara ponderou por um momento. Era uma jogada arriscada, mas a situação já estava além de qualquer tentativa de resolver as coisas pacificamente. O que eles precisavam agora era de uma maneira de destruir o poder desses homens sobre Lucas. — Então vamos fazer isso — Clara disse,
determinada. — Vamos expor esses documentos e vamos garantir que, quando eles caírem, você esteja protegido. Nos dias seguintes, Lucas e Clara começaram a organizar o plano. Lucas reuniu os documentos, muitos dos quais estavam escondidos em cofres de segurança que ele mantinha há anos. Eram evidências detalhadas de lavagem de dinheiro, subornos e acordos ilegais feitos pelo grupo de criminosos que o havia ajudado a reerguer seus negócios. Era bom que, se caísse, pudesse destruir toda a organização criminosa. O plano era que a informação fosse divulgada a um jornalista investigativo que, há muito tempo, tinha contatos com autoridades
e sabia como lidar com situações sensíveis como aquela. Eles criaram um plano para que os documentos fossem liberados em etapas, de forma que o impacto fosse gradual, mas devastador. O objetivo era garantir que, assim que as provas viessem à tona, o foco das autoridades mudasse rapidamente para os criminosos, deixando Lucas fora do radar. Clara, embora preocupada, estava ao lado de Lucas em cada passo. Ela sabia que essa era a única maneira de garantir a segurança deles a longo prazo, mas o medo de algo dar errado a acompanhava o tempo todo. Lucas também estava nervoso, mas
havia uma resolução em seus olhos que Clara nunca tinha visto antes. Ele estava determinado a terminar com aquilo. Custasse o que custasse, a noite em que os documentos seriam liberados chegou com uma tensão palpável no ar. Clara e Lucas estavam em seu apartamento, aguardando o sinal do jornalista de que tudo estava pronto. Eles sabiam que, assim que os documentos fossem divulgados, o relógio começaria a correr; os criminosos perceberiam o golpe e tentariam agir antes que fosse tarde demais. Finalmente, por volta da meia-noite, Lucas recebeu a mensagem que estava esperando: "Estamos prontos, tudo vai ao ar
em 15 minutos." Lucas olhou para Clara, e ambos sabiam que aquele momento era crucial. Ela pegou sua mão e apertou-a com força, transmitindo o máximo de apoio que podia. "Vai dar certo," Clara disse, tentando acalmar a si mesma tanto quanto a Lucas. Lucas assentiu, embora seus olhos revelassem o turbilhão de emoções que ele tentava controlar. "Espero que sim, porque depois disso não haverá mais volta." Os minutos que se seguiram foram torturantes; cada segundo parecia se arrastar enquanto Lucas e Clara aguardavam o desenrolar dos acontecimentos. A informação foi publicada em um portal de notícias de renome,
e imediatamente começaram a surgir sinais de que o plano estava funcionando. Autoridades começaram a investigar as alegações, e o impacto sobre o grupo criminoso foi instantâneo. No entanto, o alívio que Clara e Lucas sentiram foi rapidamente substituído por uma nova onda de tensão. Não demorou muito para que eles recebessem notícias de que o grupo estava furioso e já havia descoberto que Lucas estava envolvido na divulgação das informações. Eles não iriam deixar isso barato. Artur, que ainda estava monitorando a situação de perto, ligou para Lucas com uma advertência: "Clara, eles estão vindo atrás de você, não
há dúvidas. A questão é: quanto tempo você tem?" Lucas sabia que isso aconteceria; ele havia se preparado para essa eventualidade, mas ainda assim, ouvir aquelas palavras fez o medo congelar seu corpo. Ele olhou para Clara, e por um momento, o silêncio entre eles disse tudo. Eles estavam em perigo iminente e precisariam agir rapidamente. "Temos que sair daqui," Lucas disse, com a voz trêmula, mas decidida. Clara concordou, com seu coração acelerado. Eles começaram a reunir algumas coisas essenciais, se preparando para sair do apartamento e se esconder temporariamente enquanto as autoridades continuavam suas investigações. Sabiam que precisavam
ganhar tempo até que o cerco aos criminosos fosse fechado de vez. Saindo pela porta dos fundos, Lucas e Clara entraram no carro de Lucas e começaram a dirigir pela cidade deserta, em direção a um local seguro que Lucas havia preparado com antecedência. Ele sabia que o perigo ainda os rondava, mas, por enquanto, eles tinham conseguido a vantagem. Enquanto o carro cortava as ruas escuras, Clara olhou para Lucas, segurando sua mão. Ela sabia que o caminho à frente ainda seria perigoso, mas agora, mais do que nunca, sentia que estava onde deveria estar, ao lado dele, enfrentando
tudo juntos. Eles haviam iniciado o golpe que poderia derrubar a organização criminosa. O verdadeiro desafio ainda estava por vir. Enquanto Clara e Lucas dirigiam pela cidade naquela noite, o silêncio no carro era preenchido pelo som do motor e pelo pulsar rápido de seus corações. A sensação de pressão e o medo do que poderia acontecer a qualquer momento eram inescapáveis. Clara olhava pela janela, observando as ruas escuras e desertas passarem rapidamente, mas sua mente estava focada em outra coisa: em como tudo havia chegado a esse ponto. Eles haviam se conhecido quando o mundo era muito mais
simples—planos de casamento, sonhos de uma vida juntos. Tudo isso parecia tão distante agora, como se pertencesse a outra realidade. O amor ainda estava ali, forte como sempre, mas agora envolto em uma teia de segredos, ameaças e perigo. Clara se perguntou, por um momento, se as coisas poderiam ter sido diferentes, mas logo em seguida afastou a ideia; não havia mais espaço para isso. A realidade era que agora eles precisavam lutar para sobreviver. "Para onde estamos indo?" Lucas? Clara perguntou, finalmente quebrando o silêncio, sua voz carregada de preocupação. "Tem um lugar seguro fora da cidade," ele respondeu,
com os olhos focados na estrada. "Preparei isso há alguns anos, caso algo assim acontecesse. Nós vamos nos esconder lá até que seja seguro voltar." Clara sentiu, embora a inquietação em seu peito só aumentasse. Eles estavam fugindo, mas por quanto tempo poderiam fazer isso? Sabiam que o grupo criminoso estava atrás de Lucas e que não parariam até encontrá-lo. A sensação de que estavam constantemente à beira do abismo os acompanhava. A estrada escura os levou para longe da cidade até que chegaram a uma casa isolada em uma área rural. Clara nunca havia estado ali antes, mas o
lugar parecia discreto o suficiente para que ninguém os encontrasse tão facilmente. Quando chegaram, Lucas apagou as luzes do carro e estacionou em uma garagem escondida atrás da casa. O ar ao redor era pesado, mas, ao menos ali, por enquanto, pareciam estar seguros. Eles entraram na casa em silêncio, e Lucas trancou todas as portas. O ambiente era simples, mas confortável, claramente um refúgio preparado para emergências. Clara sentou-se no sofá, tentando processar tudo o que havia acontecido nas últimas horas. O plano de expor os criminosos havia funcionado, mas, em troca, eles agora estavam sendo caçados. Ela sabia
que a batalha ainda não havia terminado. Lucas se sentou ao lado dela, com um olhar de preocupação que ele não conseguia disfarçar. "Clara, eu sinto muito por ter-te envolvido nisso. Eu nunca quis que você estivesse em perigo por minha causa." Clara olhou para ele, percebendo o quanto ele estava lutando com a culpa. Ela sabia que ele estava fazendo o melhor que podia, que tudo o que havia feito foi para tentar protegê-la e resolver os erros do passado, mas, naquele momento, ela também sabia que era tarde demais para arrependimentos. Agora, tudo que restava era seguir em
frente. "Lucas, nós estamos nisso juntos agora. Não é mais só sobre você; eu escolhi ficar ao seu lado. Sabíamos que seria perigoso." Mas eu nunca deixaria você enfrentar isso sozinho. Ele assentiu, segurando a mão dela com força. O silêncio se instalou entre eles novamente, desta vez menos tenso, mais cúmplice. Eles sabiam que aquela noite seria decisiva, que ao amanhecer teriam que tomar decisões importantes; mas, por enquanto, o cansaço consumia Clara. Adormeceu pouco depois, exausta tanto física quanto emocionalmente. Lucas ficou acordado por mais algum tempo, refletindo sobre os próximos passos. Sabia que o grupo criminoso não
demoraria a descobrir onde estavam, e, por mais que aquela casa fosse um esconderijo seguro, não poderiam ficar ali para sempre. Eles precisariam de mais do que apenas uma boa estratégia para se livrarem dessa situação. Lucas estava disposto a qualquer coisa para garantir a segurança de Clara. O amanhecer chegou, com um céu nublado e a sensação de perigo iminente, que não havia desaparecido. Clara acordou com a sensação de que algo estava errado. Lucas estava do lado de fora da casa, ao telefone, falando em tom baixo com alguém. Ela se aproximou da janela e o observou, percebendo
a tensão em seu corpo. Quando ele voltou, Clara esperava na sala, ansiosa por saber o que estava acontecendo. — Com quem você estava falando? — ela perguntou. — Artur — Lucas respondeu, sem hesitar. — Ele conseguiu mais informações. Eles estão mais perto do que pensávamos. Clara sentiu um frio na espinha. — O que vamos fazer agora? Não podemos ficar aqui esperando que eles nos encontrem. Lucas suspirou profundamente, parecendo carregar o peso do mundo sobre os ombros. — Eu sei. Artur sugeriu uma última saída. Ele disse que pode conseguir uma negociação direta com os líderes do
grupo, mas o preço será alto. Clara ficou em silêncio por um momento, absorvendo a gravidade da situação. — E o que ele quer em troca? Lucas hesitou antes de responder. — Eu. Clara arregalou os olhos. — O quê? O que você está dizendo? Eles querem que eu me entregue? — Clara, se eu fizer isso, eles prometem que você ficará fora disso, que vão te deixar em paz. Eles sabem que a situação ficou exposta demais e agora estão tentando encontrar uma forma de resolver isso sem chamar mais atenção das autoridades. Eles me querem como garantia. Clara
sentiu o desespero tomar conta de seu corpo. — Lucas, você não pode fazer isso! Se você se entregar, eles vão te matar! Não podemos confiar neles! Lucas segurou o rosto de Clara, tentando acalmá-la. — Eu sei que é arriscado, mas não temos opções. Eu não posso continuar fugindo para sempre e não vou te colocar em mais perigo. Eu preciso garantir que você esteja segura. Clara balançou a cabeça, lágrimas escorrendo por seu rosto. — Não! Lucas, eu não vou te perder! Não depois de tudo o que passamos! Ele a puxou para perto, abraçando-a com força. —
Eu vou fazer o que for preciso para te proteger, Clara. Eu te amo e essa é a única forma de garantir que você fique fora disso. Artur já está organizando tudo. Ele disse que pode negociar minha entrega sem que as coisas piorem. — Mas você está confiando em Artur? — ela perguntou, incrédula. — Como pode ter certeza de que ele está realmente do nosso lado? Lucas ficou em silêncio por um momento. — Eu não sei — ele admitiu —, mas nesse ponto, é a única chance que temos. Clara não podia aceitar aquilo. A ideia de
perder Lucas era insuportável, mas, ao mesmo tempo, ela sabia que ele estava decidido. Ele estava disposto a se sacrificar por ela, e isso era o que mais a destruía por dentro. Não havia como convencê-lo a desistir daquele plano. A tarde passou lenta, cada minuto mais angustiante que o anterior. Lucas fez os últimos preparativos enquanto Clara tentava processar a ideia de que aquela poderia ser a última vez que o veria. Quando a noite caiu, Artur enviou uma mensagem confirmando que o encontro havia sido marcado para o dia seguinte. No dia seguinte, Clara ficou em silêncio enquanto
Lucas se preparava para sair. Ele a beijou na testa, como se quisesse transmitir todo o amor que sentia em um gesto simples. — Eu te amo, Clara — ele disse, com a voz embargada — e vou voltar para você. De alguma forma, eu vou voltar. Ela não conseguiu responder, apenas o abraçou com força, como se de alguma maneira pudesse segurá-lo ali para sempre. Mas, no fundo, ela sabia que ele estava decidido e que não havia mais volta. Lucas partiu para o encontro e Clara ficou sozinha, esperando pelo desfecho daquela história. A espera foi insuportável; o
que tomou conta da casa após a partida de Lucas parecia engolir Clara, sufocando-a com o silêncio opressor. Cada minuto que passava, a tensão dentro dela aumentava, como se uma corda estivesse sendo puxada com força, a ponto de arrebentar. Ela andava de um lado para o outro, olhando para o celular, na esperança de receber alguma notícia, qualquer sinal de que Lucas estava bem. Mas as horas passavam lentamente e nada acontecia. Clara sabia que Lucas estava em perigo, sabia que ele estava se sacrificando por ela, tentando negociar sua própria segurança em troca da vida dela. A dor
de pensar em como ele estava disposto a se entregar, a abrir mão de tudo para protegê-la, era quase insuportável. Mas havia algo mais, um sentimento inquietante que não a deixava em paz. Algo estava errado. Por mais que Lucas tivesse confiado em Artur, Clara não conseguia se livrar da sensação de que havia algo que não estava sendo revelado, e isso a atormentava. A noite caiu, trazendo consigo uma escuridão densa, pesada. A cada barulho que Clara ouvia do lado de fora da casa, ela se sobressaltava. O pior: o telefone continuava mudo e seu coração batia acelerado, sem
saber se deveria esperar uma boa notícia ou uma tragédia iminente. De repente, o telefone vibrou. Ela correu até ele e viu o nome de Artur piscando na tela. Suas mãos tremiam ao atender. — Artur? — sua voz saiu mais fraca do que esperava. — O que aconteceu? Lucas está... Bem, do outro lado da linha, a voz de Artur parecia calma demais, como se estivesse controlada, calculada. Clara! As coisas não saíram exatamente como planejado; o coração de Clara gelou. O que você quer dizer com isso? O que aconteceu com Lucas? Ele está vivo, por enquanto, Artur
respondeu, com uma frieza que Clara não havia percebido antes. Mas há algo que você precisa saber, Clara. Lucas confiou em mim, mas ele cometeu um erro. O verdadeiro plano nunca foi negociar a segurança dele, e agora que você está ouvindo, acho que é hora de você entender o que realmente está acontecendo. Clara sentiu o chão desaparecer sob seus pés; havia algo em seu tom que a encheu de pavor. Artur, o que você fez? Artur riu baixinho, um som que arrepiou cada fibra do corpo de Clara. Eu fiz o que sempre faço, Clara; eu jogo pelos
meus próprios interesses. Desde o início, Lucas estava sendo manipulado. Eu o ajudei a entrar nesse mundo e eu o ajudei a sobreviver nele. Mas quando ele decidiu cortar laços, quando ele tentou expor as pessoas com quem trabalhou, bem, ele se tornou um problema. Clara mal conseguia respirar. Você é... você traiu Lucas desde o começo! Não foi bem uma traição, Arthur continuou com uma calma assustadora. Foi mais uma readequação. Lucas sempre foi uma peça importante no jogo, mas ele nunca soube as regras. Agora que ele está tentando expor tudo, isso se tornou inconveniente; ele tinha que
ser removido da equação. Clara começou a se desesperar; ela tentou se manter forte, mas a revelação a atingiu como um golpe devastador. Onde ele está? O que você vai fazer com ele? Isso depende de você, Clara, Artur disse como se estivesse dando a ela uma última chance. Eu posso garantir a segurança dele, mas preciso de algo em troca. Ela mal conseguia pensar com clareza, mas sabia que estava sendo manipulada. O que você quer? Os documentos que Lucas ainda não divulgou, Artur respondeu sem hesitar. Ele deve ter te contado aqueles documentos que ele escondeu. Eu preciso
deles; entregue-os a mim e Lucas poderá sair dessa; caso contrário, é bem... você sabe o que pode acontecer. Clara ficou paralisada por alguns segundos; sua mente corria em todas as direções, tentando entender como as coisas tinham se desmoronado tão rapidamente. Lucas estava nas mãos de Artur e agora ela era a única que podia salvá-lo, mas a que custo? Ela sabia que os documentos que Lucas havia escondido eram a última carta que tinham contra o grupo criminoso. Se Artur conseguisse, tudo que eles tinham desapareceria. Lucas havia se arriscado demais e agora estava encurralado. Clara, Artur insistiu,
a voz agora mais dura. Estou esperando sua resposta, não temos muito tempo. Ela respirou fundo, tentando acalmar a mente. Sabia que não podia simplesmente ceder às exigências de Artur; se entregasse os documentos, Lucas estaria à mercê dele e não havia garantia de que ele realmente o deixaria ir. Mas, por outro lado, recusar significava que Lucas corria o risco de não sobreviver aquela noite. Eu... eu vou pensar, Clara disse com a voz trêmula. Não demore muito, Artur respondeu friamente. Você tem até o amanhecer; depois disso, não posso garantir o que acontecerá com Lucas. Ele desligou, deixando
Clara sozinha com seu medo e desespero. Ela ficou parada por alguns instantes, processando tudo que acabara de ouvir. Arthur havia sido traidor o tempo todo, manipulando Lucas para os seus próprios interesses e agora ele queria os documentos. Mas Clara sabia que, se entregasse aquilo, estaria condenando Lucas. De qualquer forma, ela precisava agir, mas não sabia por onde começar; o tempo estava correndo e Lucas dependia dela. Desesperada, Clara fez o que sempre fez quando precisava de apoio: ela ligou para Letícia. “Letícia, eu preciso da sua ajuda!” Clara começou, mal conseguindo conter as lágrimas. “Lucas está em
perigo! Artur traiu e... e os documentos que Lucas guardou, eu não sei o que fazer.” Letícia ouviu tudo e a preocupação era clara em sua voz. “Clara, você não pode entregar os documentos para Artur! Se fizer isso, ele vai ter tudo nas mãos e Lucas... bem, você não pode confiar que ele vai soltá-lo depois disso.” Clara sabia que Letícia estava certa, mas o pânico ainda paralisava. “Mas e Lucas? Se eu não entregar, ele pode morrer!” Letícia respirou fundo antes de responder. “Eu sei, Clara. Mas precisamos de outro plano. Você tem uma cópia dos documentos, certo?”
Clara confirmou com um aceno, embora Letícia não pudesse vê-la. “Sim, Lucas me deu uma cópia para garantir que eles estivessem seguros.” “Então use isso a seu favor,” Letícia sugeriu, com a voz agora cheia de determinação. “Se Artur quer os documentos, ele quer poder, mas você pode virar o jogo. Divulgue os documentos antes que ele consiga colocá-las nas mãos certas. Assim, você pode usar a verdade contra ele e talvez consiga tempo suficiente para salvar Lucas.” Clara ficou em silêncio, ponderando; a ideia era arriscada, mas fazia sentido. Se os documentos fossem divulgados antes que Artur conseguisse, ele
perderia o controle da situação. Os criminosos que o apoiavam teriam suas operações expostas ao mundo e Artur ficaria sem proteção. “Você tem razão,” Clara disse com mais firmeza. “Eu vou fazer isso.” A partir daquele momento, Clara começou a agir rapidamente. Ela entrou em contato com o jornalista que já havia trabalhado com Lucas para divulgar a primeira leva de documentos. Eles precisavam acelerar o processo, garantir que a verdade fosse exposta antes que Artur pudesse reagir. Com os arquivos enviados e prontos para serem divulgados nas próximas horas, Clara sabia que agora tudo dependia de como Artur e
os criminosos reagiriam. O plano de Lucas, embora arriscado, estava se desenrolando, mas agora era Clara quem estava no centro da luta. Quando o amanhecer se aproximou, Clara aguardava em silêncio, sabendo que logo descobriria se havia feito a escolha certa. O amanhecer trouxe consigo uma sensação... Estranha inquietação. Clara sentia que o tempo estava passando e que a decisão que havia tomado na noite anterior era a única opção que poderia garantir uma saída para Lucas. Mesmo assim, a incerteza a atormentava; tudo estava em jogo e agora ela guardava o desfecho daquilo que poderia ser a última chance
de salvar o homem que amava. Os documentos haviam sido enviados ao jornalista poucas horas antes, e Clara sabia que, em questão de minutos, o material seria publicado. A exposição das operações criminosas atingiria diretamente o grupo que perseguia Lucas e, com sorte, enfraqueceria a posição de Artur. Ainda assim, a pergunta que não saía de sua mente era: Lucas, ele estaria seguro a tempo? O telefone de Clara vibrou com uma mensagem; era do jornalista: "Tudo publicado em breve, vai se espalhar. Prepare-se!" Ela fechou os olhos por um momento, tentando conter o bilhão de emoções que a dominava.
Agora tudo estava nas mãos do destino; as informações já estavam nas mãos das autoridades e do público. Restava saber como os criminosos e Artur reagiriam. Minutos depois, o telefone tocou novamente, mas desta vez era Artur. Clara sentiu o estômago revirar enquanto atendia, sua voz tremendo levemente ao falar. "Artur," começou, tentando manter a calma, mas sem esconder a tensão. "Clara, você fez uma jogada ousada," ele respondeu, sua voz cheia de uma frieza controlada. "Eu sabia que você tentaria algo, mas não imaginei que iria tão longe. Os documentos já estão por toda parte, e agora a polícia
está no encalço de todos nós. Eu admiro sua coragem, mas você colocou o Lucas em uma situação muito pior." Clara sentiu uma onda de pânico tomar conta dela. "O que você fez com ele? Onde Lucas está?" Artur riu, um som que reverberou no peito de Clara como um soco. "Ele ainda está vivo, Clara, por enquanto. Mas agora você me forçou a acelerar o plano. Você fez exatamente o que eu precisava para justificar minha ação final." "O que você quer dizer com isso?" Clara perguntou, o coração acelerado. "Eu estava pronto para negociar, mas agora Lucas se
tornou um problema que precisa ser resolvido. E você, Clara, foi quem deu o golpe final nele. Se quer vê-lo de novo, vai precisar correr. Estou enviando uma localização para você. Vá sozinha e quem sabe Lucas ainda possa sair disso vivo." Antes que Clara pudesse responder, ele desligou. Seu telefone vibrou em seguida e uma localização apareceu na tela. Seus olhos se encheram de lágrimas, mas ela sabia que não tinha tempo para hesitar. Lucas estava em perigo e agora ela precisava agir com urgência. Sem pensar duas vezes, Clara pegou as chaves do carro e saiu em disparada
pela estrada. O local indicado por Artur ficava em uma área industrial deserta nos arredores da cidade. Enquanto dirigia, sua mente corria com possibilidades do que poderia acontecer. Sabia que Artur estava blefando em parte, tentando manipulá-la para alcançar seus próprios objetivos, mas ao mesmo tempo Lucas estava à mercê dele, e isso a fazia temer o pior. Quando finalmente chegou ao destino, Clara estacionou o carro e saiu rapidamente. O lugar parecia abandonado, com galpões enferrujados e ruas desertas. O vento frio cortava o silêncio pesado que dominava o ambiente. Ela sentiu o coração disparar enquanto olhava ao redor,
esperando encontrar algum sinal de Lucas ou de Artur. Foi então que viu uma porta lateral de um dos galpões entreaberta. Clara sabia que era ali. Respirou fundo e entrou, seus passos ecoando nas paredes vazias e frias. O galpão estava escuro, exceto por algumas luzes fracas que vinham de um canto mais afastado. E lá, no centro do galpão, ela viu Lucas. Ele estava amarrado a uma cadeira, visivelmente machucado, mas consciente. Quando Clara entrou, ele a viu e tentou dizer algo, mas sua voz estava fraca. O coração dela apertou ao vê-lo naquela condição. "Lucas!" Clara correu em
sua direção, mas antes que pudesse alcançá-lo, ouviu o som de passos atrás dela. Virando-se rapidamente, viu Artur emergir das sombras, um sorriso cruel nos lábios. "Eu avisei para vir sozinha," Clara, ele disse calmamente, mas no fundo sabia que você faria isso. Você sempre foi previsível. "Solte Lucas agora!" Clara gritou, o medo e a raiva tomando conta dela. "Você já conseguiu o que queria, agora deixe-nos ir!" Artur cruzou os braços, parecendo relaxado. "Você acha que é tão simples assim? Eu perdi o controle da situação por causa de você. Agora todos estão atrás de mim. Mas antes
de desaparecer, eu tenho que resolver algumas pendências." Ele se aproximou de Lucas, que, mesmo ferido, olhava para Clara com um misto de dor e culpa nos olhos. "Clara, não! Não faça o que ele está pedindo!" Lucas conseguiu sussurrar, a voz rouca. Artur parou ao lado de Lucas, o rosto endurecendo. "A verdade, Clara, é que eu nunca quis que isso chegasse tão longe. Mas agora você nos colocou em um beco sem saída." Clara sentiu o desespero crescer; precisava de uma saída, uma maneira de impedir que Artur fizesse algo com Lucas. Seu corpo tremia e as lágrimas
já enchiam seus olhos, mas ela não podia ceder ao medo agora. "Artur, você já perdeu!" Clara disse, tentando manter a voz firme. "Os documentos foram divulgados, a polícia já deve estar a caminho. Se você fugir agora, ainda tem uma chance de escapar. Mas se continuar com isso, vai ser o fim para todos nós." Artur olhou, a raiva evidente em seus olhos. "Você acha que isso vai me parar? Acha que posso fugir enquanto tudo desmorona ao meu redor?" O som de sirenes distantes começou a ecoar pelo galpão. Clara sentiu um lampejo de esperança; a polícia estava
chegando e Artur sabia disso. O tempo dele estava acabando. Artur parecia ouvir as sirenes também. Por um momento, ele ficou parado, como se ponderasse suas opções. Mas então, ele olhou para Lucas e algo em seu rosto mudou. "Você tem razão, Clara", ele disse com... Uma voz mais fria, eu já perdi. Antes que Clara pudesse reagir, Artur puxou uma arma de dentro do casaco e apontou para Lucas. O mundo de Clara parou; ela gritou, mas seu corpo parecia paralisado pelo pânico. Mas antes que o tiro fosse disparado, algo inesperado aconteceu: um tiro ecoou pelo galpão, mas
não foi disparado por Artur. Um grupo de policiais invadiu o local, e um dos atiradores alvejou Artur no ombro, fazendo-o cair ao chão, com a arma escorregando de sua mão. Lucas, amarrado, olhou para Clara com um misto de alívio e choque. Clara correu até ele, suas mãos tremendo enquanto tentava soltar as cordas que o prendiam. Os policiais rapidamente dominaram Artur, que gemia de dor no chão. Quando finalmente conseguiu soltar Lucas, Clara o abraçou com toda a força que tinha, as lágrimas finalmente caindo livremente. E estavam vivos! Eles estavam vivos! "Eu achei que ia te perder,"
Clara sussurrou, as palavras entrecortadas pelos soluços. "Você nunca vai me perder," Lucas respondeu, a voz fraca, mas cheia de emoção. "Nós conseguimos." O pesadelo finalmente havia terminado. Artur foi levado pela polícia, assim como o restante do grupo criminoso que os havia perseguido por tanto tempo. Lucas e Clara haviam sobrevivido contra todas as probabilidades, e agora, com o perigo finalmente afastado, eles poderiam começar a reconstruir suas vidas. Naquela noite, de volta ao apartamento, Clara se deitou ao lado de Lucas, ainda em estado de choque pelo que haviam passado. Mas havia também uma sensação de alívio profundo,
de que, depois de tanto tempo, eles poderiam finalmente respirar sem medo. Lucas segurou a mão de Clara e a olhou com carinho: "Você me salvou, Clara. Eu nunca vou esquecer o que fez por mim." Clara sorriu, sentindo o amor transbordar em seu peito. "Nós nos salvamos, Lucas. Juntos." E juntos, sabiam que, pela primeira vez em muito tempo, podiam olhar para o futuro com esperança.
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