atenção o que você vai ouvir agora é apenas a primeira parte de uma história que eu tenho certeza vai prender sua atenção do início ao fim Esta é a vida da Dona Maria uma mulher que enfrentou Um Destino traçado desde o seu nascimento assim como tantas mulheres que nasam nos anos 40 caros ouvintes gostaria de fazer um esclarecimento importante sobre Nossos Vídeos acreditam que nossas histórias são dubladas mas na realidade são narradas por profissionais experientes esta abordagem não é por acaso existe uma razão muito significativa por trás dela os idosos que corajosamente compartilham suas vidas
conosco frequentemente revelam situações extremamente delicadas e pessoais seus relatos incluem detalhes sobre familiares amigos e conhecidos além de eventos que podem ser considerados controversos ou até inadmissíveis pelos padrões atuais é uma exposição crua e honesta de suas experiências de vida se permitíssemos que esses idosos se identificassem diretamente as consequências poderiam ser sérias e de longo alcance não apenas para eles mas para um círculo muito mais amplo de pessoas mencionadas em suas histórias imagine o impacto que essas poderiam ter nas vidas atuais dessas pessoas conflitos familiares problemas legais danos à reputação Nossa responsabilidade é proteger todos
os envolvidos é por isso que insistimos que você nosso espectador se concentre na Essência da história não nas imagens representativas por isso eu te peço inscreva-se no canal agora e deixe seu like da confiança é rápido e faz toda a diferença nosso objetivo final é Honrar essas experiências de vida queremos que essas narrativas sejam ouvidas refletidas e respeitadas sem comprometer a privacidade ou o bem-estar de ninguém agora sem mais delongas Dona Maria Fique à vontade para compartilhar sua história misericórdia como o tempo passa Parece que foi ontem que eu corri descalça por aquele terreiro e
se vão muitos e muitos anos hoje aos 82 anos aa sinto o cheiro da terra batida do chão da nossa casa de pau a pique era uma Tapera V mesmo não vou mentir não as paredes de barro e madeira mal vedadas deixam entrar o vento n noites de inverno enant nós os oito irmãos nosv nos colchões de palha buscando calor tinha noite que a gente tremia tanto que bati queo Mas sabe de uma coisa agradeço a Deus todo dia por ter me dado essa memória boa que me permite voltar lá atrás e sentir de novo
o cheiro do café fresquinho da mamãe e ouvir a risada dos meus irmãos são essas lembranças que me mantém viva mesmo com tanta desgraça misturada no meio nossa casa era pequena demais para tanta gente eu Josefa e Benedita dividíamos um único colchão enquanto meus cinco irmãos Sebastião João José Pedro e Joaquim se espremiam no outro canto do quarto mamãe dizia que éramos abençoados por termos ao menos um teto mas eu via em seus olhos a tristeza quando o papai chegava cambaleando do bar mulher serve para parir e obedecer essa frase ecoava pela casa quase toda
a noite junto com o barulho dos Tapas e o choro contido de mamãe Nessas horas eu abraçava forte minhas bonecas de espiga de milho escondidas num buraco que fiz na parede perto do meu colchão brincar era luxo que só podia ter escondido menina Tinha que trabalhar desde o se anos já carregava água do poço varria O terreiro e ajudava a mamãe com as roupas Aos 8 já sabia fazer feijão arroz e até um pirão de farinha com caldo de galinha que era o orgulho da mamãe por falar em galinha nunca me esqueço do dia que
papai reuniu todos nós no quintal para ensinar algo que nunca vou esquecer era uma sexta-feira ele mostrou cada detalhe como se fosse a coisa mais natural do mundo primeiro prende as pernas dela depois segura firme as asas junto do corpo tem que ser ligeiro para ela não sofrer explicava enquanto demonstrava o pior era a parte da faca papai ensinava que tinha que ser numa pegada só rápida e funda no pescoço depois segurar a galinha de cabeça para baixo até todo o sangue escorrer na bacia o sangue tem que sair todo senão a carne fica preta
ele dizia aquele barulho pingando e o corpo da Galinha ainda se debatendo me dava dias de pesadelos toda semana era dia de um filho fazer o serviço quando chegou minha vez tremi feito vara verde Benedita tinha se recusado no dia anterior e foi surrada sem dó a coitada ficou com as costas marcadas então fiz rápido Chorando Baixinho e pedindo perdão a Deus minhas mãos pequenas mal conseguiam segurar a faca direito mas o medo da surra era maior que o pavor as noites eram o momento mais difícil depois que todos dormiam eu ficava ouvindo O Choro
baixinho da mamãe na cozinha ela pensava que ninguém percebia Mas eu sabia sabia também que aquele mesmo destino me esperava era só questão de tempo nossa rotina era marcada pelo cantar do Galo acordo até hoje no mesmo horário ouvindo na memória aquele Canto Forte que anunciava mais um dia de trabalho o café era sempre o mesmo cuscuz de milho com café ralo às vezes um pedaço de rapadura quando o papai conseguia vender bem a colheita mamãe era um anjo de paciência mesmo com todos os problemas encontrava tempo para me ensinar os segredos da cozinha do
bordado e da costura filha minha não vai passar vergonha na casa do marido ela dizia enquanto guiava minhas mãos pequenas no ponto cruz de um enxoval que já começava a preparar as festas da igreja eram nossa única diversão vestíamos Nossa melhor roupa sempre a mesma remendada mas limpa e íamos a pé até a capela era quando eu podia ver outras crianças mesmo que papai Não deixasse a gente brincar muito lugar de menina é perto da mãe ele resmungava minha filha naquele tempo a gente tinha que ter respeito hoje vejo essas meninas com shortinho curto e
fico besta no meu tempo era saia abaixo do joelho e ainda tinha que usar combinação por baixo e não é que até hoje não consigo dormir sem rezar o terço costume que peguei com minha mãe que Deus a tenha Tinha dia que chegava comadre zfa lá em casa Parteira do lugar trazia sempre um raminho de Arruda atrás da orelha e sabia curar qualquer mazela com suas Garrafadas Foi ela quem me ensinou que chá de hortelã é bom para dor de barriga e que folha de Goiabeira Sara ferida conhecimento que carreguei vida afora viu nas épocas
de feira era uma alegria só papai botava a gente na carroça ainda de madrugada e íamos pra cidade o cheiro de rapadura fresca o colorido das frutas o zum zum zum do Povo era tanta coisa diferente que meus olhos nem davam conta mas o melhor mesmo era quando sobrava uns trocados para comprar um pedaço de doce de leite Ave Maria que gostosura mas quando chegava à seca era sofrimento na certa a água do poço ficava barrenta as plantas morriam e a gente tinha que economizar até o último grão de feijão papai ficava mais bravo ainda
nesses tempos e mamãe chorava escondido vendo a dispensa vazia todo sábado era dia de faxina pesada a gente esfregava o chão de terra batida com vassoura de palha até ficar liso Depois jogava água com alecrim para espantar ma olhado mamãe acendia sua vela para nossa senhora e pedia proteção pra família toda quem tem fé tem tudo ela sempre dizia e até hoje acredito nisso lembro do cheiro de mato molhado nas manhãs de Orvalho do gosto do Pequi colhido no cerrado das histórias de assombração que meus irmãos contavam nas noites de lua cheia lembro do calor
do abraço da mamãe quando o papai não estava olhando do Sabor do bolo de fubá que ela fazia escondido nos nossos aniversários éramos pobres mas tinha amor pelo menos entre nós irmãos e com Nossa mãe papai bem Papai era como muitos homens daquela época sua lei era dura mas era a única que conhecíamos o hoje tantos anos depois entendo que ele também era Prisioneiro de seu tempo de suas próprias amarras o ano de 1952 chegou trazendo uma nuvem escura para nosso lar eu tinha acabado de fazer 10 anos quando o papai anunciou que tinha achado
um marido para Josefa lembro como se fosse hoje era um domingo depois da missa todos sentados na sala menos Josefa que tava na cozinha seu Antônio o dono do armazém vai levar a menina já acertamos o dote papai falou como quem comenta sobre o tempo mamãe baixou a cabeça mas viu uma lágrima escorrer pelo seu rosto Josefa tinha só 13 anos no dia que Josefa foi embora chorei escondido atrás do pé de goiaba ela parecia uma boneca de pano toda arrumada num vestido novo mas com os olhos vazios o tal de seu Antônio era um
homem de 45 anos barrigudo e careca quando ele pegou na mão dela Senti meu estômago revirar é assim mesmo filha mulher nasceu para ser governada mamãe me disse quando viu minha cara de espanto Mas eu sabia que ela também sofria não demorou muito pro papai arrumar casamento para Benedita também ela tinha 14 anos quando foi entregue para um fazendeiro de 52 o homem era rico dono de muita Terra Papai ficou todo orgulhoso dizendo que tinha feito um bom negócio depois que as meninas foram embora a casa ficou diferente os meninos passaram a trabalhar dobrado na
roça tem que juntar Dote pras outras papai dizia eu passei a ajudar mais na casa fazendo o serviço que antes era das minhas irmãs notícias das meninas eram raras de vez em quando alguém da cidade trazia um recado Josefa mandou dizer que tá bem ou Benedita teve filho eram sempre informações curtas que deixavam mais perguntas que respostas mamãe ficava Dias remoendo cada palavra tentando adivinhar se as filhas eram felizes com a partida das minhas irmãs comecei a sentir um medo que ia crescendo dia após dia sabia que logo seria minha vez à noite deitada no
colchão de palha eu rezava baixinho pedindo a Deus um marido bom que seja novo e bonito pensava mas no fundo sabia que isso era sonho de menina boba mamãe começou a me ensinar coisas que antes só falava com Josefa e Benedita mulher tem que saber agradar o marido ela dizia me ensinando a fazer pratos mais elaborados um dia me chamou no quarto e falou sobre os deveres conjugais saí de lá vermelha que nem pimenta Sem Entender direito o que me esperava os vizinhos começaram a reparar mas em mim tá ficando uma moça bonita diziam pra
mamãe papai ouvia esses comentários e ficava de olho vi quando ele conversou com seu Zé da venda um homem de uns 40 anos que sempre me olhava esquisito Será que estavam me negociando um dia chegou um carro na nossa rua de terra era raro ver automóvel por ali desceu um homem bem vestido devia ter uns 35 anos papai recebeu ele na sala e ficaram conversando por horas mamãe me mandou servir café PR os dois Quando entrei o homem me olhou de cima a baixo senti um arrepio na espinha depois disso começaram a aparecer mais visitas
lá em casa homens de várias idades sempre conversando com papai eu ficava na cozinha tremendo de medo imaginando qual deles seria meu futuro marido a noite deitada no escuro eu chorava baixinho no travesseiro não queria ir ir embora como minhas irmãs não queria casar com um homem velho queria brincar queria estudar queria ser livre mas sabia que isso era impossível meu destino já estava traçado desde que nasci menina as palavras da mamãe ecoavam na minha cabeça filha a vida de mulher é difícil mas se for obediente e trabalhadeira Deus ajuda eu tentava acreditar nisso mas
era difícil Deus as mulheres sofrerem tanto numa tarde de domingo depois da missa papai me chamou na sala meu sangue gelou ele disse semana que vem você vai conhecer seu noivo naquela noite chorei até não ter mais lágrimas era uma manhã de outubro quando ouvi o ronco de um motor se aproximando larguei a vassoura no meio da varanda e corri paraa cerca meu coração batendo muito rápido foi quando vi aquele carro preto reluzente levantando poeira na estrada de terra parciais de outro mundo o carro parou frente de casa e de lá desceu um homem que
me fez engolir em seco era alto bem mais que papai de ombros lgos que mal Cabi no terno escuro os cabelos grisos est penteados para trás brilhando de Brilhantina Maria vem cá menina a voz de papai trovejou lá de dentro entrei correndo as pernas bambas na sala a mamãe já estava acomodando o visitante oferecendo café papai me olhou de cima a baixo como se me visse pela primeira vez essa é a menina disse pro homem que me examinou com olhos frios fiquei ali parada que nem poste enquanto os homens conversavam o fazendeiro pois era isso
que ele era falava sobre suas terras o gado a casa grande papai escutava com atenção fazendo perguntas aqui e ali eu só queria sumir me enfiar num buraco de tatu e nunca mais sair depois de um tempo que pareceu uma eternidade papai me mandou buscar mais café na cozinha encontrei mamãe Chorando Baixinho vai dar tudo certo minha filha ela disse me abraçando forte mas eu sabia que ela falava da boca para fora como saber voltei pra sala carregando a bandeja as mãos tremendo tanto que quase derramei tudo foi quando ouvi o fazendeiro dizer então fechamos
negócio papai assentiu esticando a mão pro aperto que selava meu destino mal o carro tinha saído da vista e papai já estava dando ordens arrume suas coisas menina o casamento é Daqui a uma semana mamãe soluçou AL dessa vez mas um olhar duro de papa fez se calar os dias seguintes foram de preparação mamãe passava horas costurando um vestido branco simples parando de vez em quando para enxugar os olhos na Barra da Saia Minhas irmãs tinham usado o mesmo vestido ela dizia tradição de família noite deitada no colchão de palha pela última vez eu ouvia
os cichos dos meus irmãos Não é justo Pedro o mais novo dizia Cala a boca moleque João respondia quero apanhar do pai o silêncio que se seguia era mais pesado que chumbo na véspera do casamento mamãe me chamou pro quarto com voz embargada me deu os conselhos que toda mãe dá pra filha que vai se casar seja obediente filha homem não gosta de mulher respondona ela falava sobre os deveres de esposa com palavras que me faziam corar e tremer de medo e se ele for bruto perguntei baixinho mamãe ficou quieta por um momento depois respondeu
reza minha filha reza muito naquela noite ajoelhada ao lado da cama rezei mais do que em toda a minha vida o dia do casamento chegou Numa manhã de outubro o céu amanheceu Cinzento como se entendesse minha tristeza vesti o vestido branco simples que mamãe tinha costurado sem nenhum ânimo não era um vestido de noiva de verdade só o melhor que a gente podia ter a cerimônia foi na igrejinha da cidade rápida e sem festa o padre Parecia ter pressa talvez incomodado com minha idade eu tremia tanto que mal conseguia segurar o Ramalhete de flores do
campo que mamãe tinha feito seu Agenor agora meu marido ficou sério o tempo todo quando o padre perguntou se eu aceitava olhei para meu pai seu olhar duro me lembrou que não tinha escolha aceito murmurei engolindo o choro depois voltamos para casa num silêncio pesado não teve festa nem comemoração meus irmãos Estavam todos lá sérios como nunca vi Sebastião o mais velho se aproximou se ele te maltratar você volta a gente dá um jeito disse baixinho os outros Vieram também cada um com seu abraço silencioso o abraço de mamãe foi o último e o mais
doloroso ela me apertou Como se quisesse me fundir ao seu corpo me proteger para sempre que Nossa Senhora te proteja minha filha sussurrou no meu ouvido papai apareceu na porta impaciente vamos logo com isso resmungou antes de entrar no carro o mesmo Preto reluzente do fazendeiro Ele me puxou pelo braço não vá me envergonhar menina seu dever é ser boa esposa não importa o que aconteça Entrei no carro sem olhar para trás não queria que a última imagem da minha família fosse embaçada pelas lágrimas o motor Roncou a poeira subiu e senti minha infância ficando
para trás junto com aquela casinha de pau a pique no caminho pra fazenda o medo do desconhecido me consumia como seria minha nova vida que esperavam de mim mil perguntas rodavam na minha cabeça nenhuma com resposta o fazendeiro dirigia em silêncio de vez em quando me lançava um olhar de lado que me fazia encolher no banco era um homem bonito não podia negar mas havia algo em seus olhos que me assustava depois de horas de viagem avistamos a sede da Fazenda era uma casa grande imponente tão diferente da minha pera de infância que parecia coisa
de outro mundo criados vieram nos receber pegando minha trouxa de lençol magra de roupas bem-vinda à sua nova casa Maria seu Agenor disse sua voz grave ecoando pelo Casarão era a primeira vez que ele falava comigo desde os votos que trocamos em frente ao padre engoli em seco tentando sorrir ele me olhou de cima a baixo como se me avaliasse e não não me chame de senhor Sou Agenor para você entendeu assenti rapidamente com medo de desagradar ele logo de cara sim Agenor respondi baixinho era o começo da minha nova vida quer eu estivesse pronta
ou não a genor chamou uma empregada assim que entramos na casa era a Dona Gertrudes uma mulher de meia idade com cabelos grisalhos sempre presos num coque apertado Gertrudes leve a dona mar pro quarto e ajude ela a se preparar use a camisola que separei Ele ordenou Dona Gertrudes Me guiou escada acima até um quarto tão grande de verdade era maior que a minha casa antiga inteira no centro tinha uma cama de casal a empregada preparou um banho em uma banheira de porcelana enorme o cheiro do sabonete de lavanda encheu o ar enquanto ela me
ajudava a me lavar ela não falava nada e nem eu depois do banho Dona Gertrudes me vestiu com uma camisola de cetim branco que a genor tinha separado era tão fina que me senti nua mesmo estando coberta fiquei sentada na beira da cama as mãos suando apertadas no colo Lembrei das palavras da minha mãe ela tinha me chamado num canto uns dias antes do casamento e falado sobre a noite de núpcias filha o homem vai querer deitar com você não resista é seu dever de esposa pode doer um pouco no começo mas depois passa fiquei
apavorada com aquela conversa mas agora sentada naquela cama enorme o medo era ainda maior o tempo foi passando devagar cada barulho da casa me fazia pular quando a porta finalmente abriu Achei que ia desmaiar de nervoso a genora entrou e fechou a porta atrás dele virando as chaves duas vezes ele tinha tirado o palitó do casamento e estava só de camisa e calça Maria vem sentar aqui um pouco mais perto ele disse indicando um lugar do lado dele na cama obedeci as pernas tremendo tanto que mal conseguia andar sentei perto dele mas não muito perto
ficamos em silêncio por um tempo só ouvindo o relógio na parede fazer Tic tque Maria a genor começou a voz mais baixa do que o normal vou ser sincero com você mas precisa guardar segredo pode fazer isso fiz que sim com a cabeça curiosa e com medo ao mesmo tempo o que será que ele ia me contar Agenor respirou fundo antes de continuar eu tenho um problema não consigo não posso ter relações íntimas com você e nem com nenhuma mulher como um homem normal ele falava com dificuldade como se cada palavra custasse muito não consigo
fazer o que um homem deveria fazer com sua esposa eu olava para ele sem entend nada era pura demais e aquelas palavras não sentido para mim ele falando explicando coisas que eu não compreendia sobre como não podia fazer o trabalho de homem fiquei ali assentindo mas sem realmente saber do que ele estava falando foi só quando a genor levantou e foi até uma gaveta que meu coração disparou voltou com um canivete na mão antes que eu pudesse falar alguma coisa ele fez um corte rápido na própria perna o que você tá fazendo perguntei assustada é
necessário Ele respondeu deixando pingar umas gotas de sangue no lençol branco é para mostrar que tirei sua virgindade as empregadas vão esperar ver isso amanhã foi nesse momento que comecei a entender quando vi o sangue pingando no lençol lembrei do que minha mãe tinha falado sobre a noite de núpcias percebi que a genor não iria fazer o trabalho de homem e de mulher que minha mãe tinha mencionado de forma tão vaga fiquei quieta vendo ele limpar o corte e guardar a navalha quando terminou a genor olhou para mim com uma cara que eu nunca tinha
visto num adulto antes era uma mistura de tristeza e vergonha se eu eu esse uma filha ele disse baixinho jamais faria o que seu pai fez prometo que vou cuidar bem de você Maria você vai ter vida boa aqui se quis o alvio que senti foi imo mesmo sem entend completamente o queo aquilo signific sabia apenas que algo que eu temia não iria acontecer e isso era suficiente por enquant todo aquele medo toda aquela ansiedade sumindo como fumaça Mas então por que o senhor quer dizer por que você casou comigo perguntei a voz quase não
saindo eu precisava saber Agenor levantou e foi até a janela ficou olhando pro escuro lá fora por um tempo a sociedade os amigos ficavam me perturbando um homem na minha posição precisa de uma esposa diziam para cuidar da casa para dar continuidade ao nome da família se virou para mim com um sorriso triste decidi procurar uma esposa para calar a boca deles e melhorar meus negócios queria alguém mais velha mas suas irmãs já tinham casado e não havia muitas moças disponíveis na região fiquei quieta tentando entender tudo aquilo era muita coisa para uma menina de
12 anos o que vai acontecer agora perguntei depois de um tempo agora Maria nós vamos manter as aparências Agenor respondeu sentando do meu lado de novo De vez em quando vamos entrar no quarto juntos ficar um tempo para que os empregados pensem que temos uma vida de casal normal mas nada vai acontecer entre nós entende você vai ser respeitada nesta casa fiz que sim me sentindo aliviada e confusa ao mesmo tempo naquela primeira noite depois de conversar muito dormimos no mesmo quarto cada um em um lado da cama enorme eu mal conseguia pregar os olhos
tensa com a situação nova aenor por outro lado parecia dormir tranquilo silenciosamente peguei meu terço e comecei a rezar baixinho cuidando para que ele não percebesse aquelas contas deslizando entre meus dedos me davam uma sensação de segurança em meio a tantas incertezas na manhã seguinte ele me acordou cedo vamos Maria está na hora de você conhecer os empregados da casa descemos as escadas juntos eu tentando não tropeçar no vestido novo que aenor tinha providenciado para mim na sala de jantar estavam reunidos sete empregados todos lado a lado me olhando com curiosidade aenor pigarreou e falou
com sua voz grave esta é Maria minha esposa e a nova senhora desta casa vocês devem obedecer ser ela como me obedecem o que ela mandar façam olhei para todos aqueles rostos desconhecidos me sentindo pequena e deslocada como eu uma menina da roça ia mandar em toda essa gente Dona Gertrudes a governanta que tinha me ajudado na noite anterior deu um passo à frente seja bem-vinda Dona Maria estamos à suas ordens nos dias que se seguiram percebi que não sabia nada sobre Como cuidar de uma casa grande como Aquela tudo era diferente do meu antigo
Lar os móveis finos as louças de porcelana os talheres de prata eu me sentia perdida foi Dona Gertrudes Quem me salvou percebendo minha inexperiência ela começou a me ensinar com paciência dona Maria a senhora quer que eu mostre como se arruma a mesa pro jantar eu aceitava agradecida todas as lições Dona Gertrudes me ensinou a organizar os cardápios a supervisionar a limpeza a receber visitas aos poucos fui me sentindo mais confiante no meu papel de Senhora da casa dona Gertrude se tornou mais que uma empregada para mim era quase uma mãe me guiando nesse mundo
novo e assustador o tempo foi passando e a genor e eu Fomos nos acostumando à Nossa estranha situação ele saía cedo todas as manhãs para trabalhar na fazenda só só voltando à noite Assim que chegava me chamava pro quarto Maria vá tomar um banho e mhe bem os cabelos ele dizia todo dia no começo eu não entendia o porquê mas logo percebi que era mais uma parte do nosso teatro saía do quarto de cabelos molhados como se tivéssemos acabado de ter um momento íntimo a genor sempre fazia questão de me lembrar da importância do nosso
segredo Maria ele dizia com frequência lembra sempre que para você continuar tendo a vida que tem aqui é fundamental manter nosso segredo ninguém pode saber a verdade sobre nosso arranjo eu ass sentia consciente do Peso daquele segredo era o preço que eu pagava pela minha nova vida tão diferente da que eu teria tido se tivesse ficado na casa dos meus pais Um Dia Depois do jantar a genor me chamou para escritório dele Maria ele disse parecendo um pouco sem jeito eu notei que você tem dificuldade para ler os cardápios que Dona Gertrudes prepara Senti meu
rosto queimar de vergonha era verdade eu mal sabia escrever meu próprio nome era Dona Gertrudes quem Lia para mim não precisa ficar envergonhada a genor continuou sua voz mais Gentil do que eu jamais tinha ouvido você é inteligente só não teve oportunidade de aprender Que tal se eu te ensinasse você aceita e assim começaram nossas aulas todas as noites depois que os empregados se recolhiam a genor me ensinava o alfabeto depois as vogais depois os números fiquei surpresa em descobrir que tinha facilidade para decorar as letras logo estava lendo palavras simples depois frases inteiras a
escrita veio em seguida a genor era paciente guiando minha mão enquanto eu formava as letras no papel muito bem Maria ele dizia e eu sentia uma onda de orgulho me invadir a matemática porém era meu calcanhar de Aquiles por mais que a genor tentasse explicar os números pareciam dançar na minha frente se recusando a fazer sentido não tem problema a genor dizia vendo minha frustração cada um tem seus talentos você é ótima com as letras enquanto aprendia a ler e escrever também ia aprendendo mais sobre a vi que por trás daquela fachada séria havia um
homem gentil e até engraçado às vezes ele me contava histórias dos livros que Lia me explicava sobre o funcionamento da Fazenda me ensinava sobre o mundo além daquelas terras uma coisa bonita que aconteceu durante Nossa convivência foi quando a genor me surpreendeu com uma revelação Inesperada num fim de tarde de domingo Enquanto estávamos sentados na varanda ele se virou para mim e disse com um sorriso Gentil sabe eu percebi que você reza todas as noites fiquei surpresa pois sempre Tentei ser discreta em minhas orações noturnas puxei meu tercinho velho do bolso e mostrei a ele
as contas gastas pelo uso constante contavam a história silenciosa da Minha Fé Foi então que a genor me pediu algo que nunca imaginei ouvir você poderia me ensinar a rezar também seu pedido era sincero os olhos brilhando com uma curiosidade quase infantil naquele momento Senti meu coração se encher de uma alegria Serena com paciência comecei a ensinar as orações mostrando como passar as contas entre os dedos explicando o significado de cada Ave Maria e Pai Nosso quando passou uns o meses eu morando lá Foi então que minha menstruação desceu pela primeira vez eu tinha acabado
de completar 13 anos era outubro de 1955 e o calor já começava a apertar fiquei apavorada Quando aconteceu mesmo já sabendo mais ou menos o que era por causa das minhas irmãs minha mãe nunca tinha me falado nada sobre isso talvez ela estivesse esperando acontecer para me explicar e eu não sabia direito o que fazer preocupada resolvi pedir ajuda para Dona Gertrudes chamei ela num canto da cozinha longe dos os olhos curiosos das outras empregadas Dona Gertrudes sussurrei preciso da sua ajuda é que bem Expliquei tudo para ela Dona Gertrudes me olhou com uma mistura
de surpresa e pena acho que ela tinha esquecido o quão nova eu era ah Dona Maria ela disse baixinho Não se preocupe é normal Vamos cuidar disso ela me levou pro quarto de costura cortou uns paninhos macios me ensinou como usar e como lavar embaixo do chuveiro sem que ninguém visse a senhora vai ter que fazer isso todo mês agora Ela explicou se precisar de mais paninhos é só me falar fiquei Grata pela ajuda dela mas também envergonhada não falei nada pro Agenor só de pensar em tocar nesse assunto com ele meu rosto queimava de
vergonha Me diga uma coisa minha filha você é da época que só se usava paninhos quando aquela visita indesejada mensal chegava ou no seu tempo já tinha o modes algumas pessoas falam absorventes íntimos não é mesmo escreve aí nos comentários para as mocinhas mais jovens ver como a gente se virava Antigamente os meses foram passando e logo chegou dezembro o natal se aproximava e com ele veio a notícia de que os dois filhos casados do Agenor viriam passar as festas na fazenda ele se hospedarias com a ideia de conhecer os filhos do Agenor eles eram
bem mais velhos que eu um tinha 30 e outro 28 anos as esposas deles também viriam junto com as crianças no dia 22 de dezembro Eles chegaram lembro bem do barulho dos carros se aproximando Agenor e eu fomos receber eles na varanda da casa grande os filhos de Agenor desceram primeiro Augusto o mais velho era alto e magro como o Pai Joaquim que também era o nome do meu irmão esse era mais baixo e atarracado com um bigode grosso que não combinava com seu rosto jovem os dois eram bonitos como o pai as esposas deles
vieram em seguida ambas não deviam ter mais de 20 anos mas pareciam tão adultas aos meus olhos de menina Cecília esposa de Augusto carregava um bebê de colo que não devia ter mais que um ano Helena mulher de Joaquim segurava a mão de um menino de uns 3 anos e estava com a barriguinha apontando se via de longe que estava grávida pai Augusto abriu os braços e abraçou a genor com força a genor abraçou de volta dando uns tapinhas nas costas do filho quando se soltaram os dois estavam sorrindo de orelha a orelha Augusto nem
me viu direito só passou o olho por mim rapidinho Joaquim veio logo depois fazendo igual ao irmão que bom te ver pai ele falou com a voz meio tremida Abraçando a genor O pai passou a mão nos cabelos do filho mais novo com carinho antes de se afastarem Joaquim diferente do irmão me olhou por mais tempo todo curioso fiquei ali parada vendo aquela cena de família com uma mistura de admiração e um pouquinho de inveja na minha casa nunca tinha visto nada parecido meu pai só sabia mandar nos meus irmãos nenhum apto de mão ele
dava que Dirá um abraço ver a genor e os filhos dele daquele jeito me fez pensar em quanto carinho eu não tive quando era pequena depois vi a genor abraçar as noras e mimar os netos ele pegou a pequena Ana no colo fazendo ela dar risada quando ele fez cócegas na barriguinha dela vem cá minha princesinha ele falou todo bobo nunca tinha visto a genor daquele jeito tão carinhoso e brincalhão com Pedrinho não foi diferente a genor se abaixou para ficar da altura do menino e abriu os braços e o meu campeão não vem dar
um abraço no vovô Pedrinho correu e pulou no colo dele quase derrubando a genor no chão as noras também receberam abraços calorosos fiquei ali olhando me sentindo meio de fora todo mundo ali parecia tão à vontade tão família e eu bem eu era só a menina Intrusa mas aí aconteceu uma coisa que me surpreendeu Agenor olhou para mim e fez um gesto para eu me aproximar venha Maria ele falou Venha conhecer sua família ele pegou minha mão e me puxou pro meio da roda me apresentando pras noras e pros netos como se eu fosse parte
daquilo tudo naquela hora senti um quentinho no peito talvez só talvez eu pudesse fazer parte daquela família um dia mesmo com nosso segredo mesmo com tudo sendo de mentirinha naquela hora me senti um pouquinho menos sozinha as esposas foram mais amigáveis Cecília sorriu para mim enquanto ajeitava o bebê no colo Como vai Maria que bom finalmente te conhecer Helena também foi simpática embora paree um pouco desconfortável Olá Maria Este é nosso filho Pedrinho diga olá Pedrinho o menino se escondeu atrás das saias da mãe me olhando com olhos arregalados entramos todos para dentro da casa
Dona Gertrudes já tinha preparado um lanche farto pão de queijo quentinho bolo de fubá café forte e leite fresco as crianças logo se animaram com o cheiro da comida foi durante o lanche que comecei a notar os olhares e comentários dos filhos de Agenor eles não pareciam muito felizes com minha presença praticamente me ignoraram lá fora então pai Augusto comentou enquanto passava manteiga num pão como vão os negócios Espero que o casamento não tenha distraído o senhor Agenor lançou um olhar duro pro filho os negócios vão muito bem Augusto Maria tem sido uma excelente companheira
e ajudante Joaquim soltou uma risadinha ajudante Que tipo de ajuda uma am quer dizer uma jovem esposa pode dar nos negócios Senti meu rosto queimar de vergonha sabia que eles estavam falando da minha idade mesmo sem mencionar diretamente o mais estranho é que ninguém parecia achar absurdo eu terme casado tão nova com um homem de 49 anos era como se fosse algo natural esperado até por mais que Agenor parecesse que tivesse uns 35 anos as esposas pareciam mais simpáticas Cecília me perguntou sobre a vida na fazenda se eu estava gostando Helena quis saber se eu
sabia costurar se gostava de cozinhar as crianças por outro lado pareciam fascinadas comigo o pequeno Pedrinho depois de superar a timidez Inicial Não desgrudava do meu lado A bebê de Cecília Ana sorria toda vez que eu fazia careta para ela nos dias que se seguiram a tensão com os filhos de Agenor continuou eles viviam indiret falando como o pai poderia ter escolhido alguém mais apropriado alguém da classe social deles uma noite ouvi sem querer uma discussão entre Agenor e Augusto Pai o senhor perdeu o juízo ela é praticamente uma criança Cuide da sua vida Augusto
o que eu faço ou deixo de fazer não é da sua conta e chega Não quero mais ouvir uma palavra sobre isso e pronto fiquei ali escondida atrás da porta o coração batendo forte era a primeira vez que ouvia aenor me defender assim apesar da tensão com os filhos o Natal acabou sendo uma época Agradável na véspera todos nos reunimos na sala de estar a árvore de Natal um Pinheiro enorme que a genor tinha mandado cortar na fazenda estava toda enfeitada com bolas coloridas e fitas prateadas velas acesas davam um brilho especial a tudo trocamos
presentes após a ceia fiquei surpresa quando a genor me entregou uma caixinha dentro havia um terço novo delicado e Brilhante para minha esposa rezar ele disse baixinho me dando um beijo rápido na boca era a primeira vez que ele fazia isso senti minhas bochechas corarem instantaneamente as crianças estavam eufóricas com seus brinquedos novos quando chegou a hora de dormir Pedrinho insistiu que queria que eu o colocasse na cama Tia Maria conta uma história ele pediu com aqueles olhinhos brilhando de expectativa fiquei sem saber o que fazer eu não sabia contar história nenhuma na minha casa
ninguém nunca tinha me contado histórias para dormir mas como é que eu ia recusar o pedido de uma criança tão adorável Claro Pedrinho falei tentando esconder meu nervosismo vou te contar uma história bem bonita sentei na beirada da cama dele e comecei a pensar rápido o que eu podia inventar olhei em volta do quarto procurando inspiração e vi um cavalinho de madeira no canto Era Uma Vez comecei sem ter ideia de onde ia parar não sei se a história ficou boa mas Pedrinho ouviu tudo com os olhos arregalados todo interessado quando terminei ele pediu mais
gostei da história Tia Maria ele falou bocejando amanhã Conta outra Claro que sim respondi rezando para conseguir inventar mais uma história no dia seguinte foi nesse momento que percebi Elena parada na porta nos observando quando terminei a história e Pedrinho finalmente adormeceu ela se aproximou você tem jeito com crianças Maria ela disse suavemente ser uma mãe um dia senti um nó na garganta ela não fazia ideia do acordo entre a genor e eu forcei um sorriso e agradeci o elogio os dias entre o natal e o Ano Novo passaram rápido aos poucos até mesmo Augusto
e Joaquim pareciam estar se acostumando com minha presença numa tarde Joaquim até me pediu para ler uma história pro Pedrinho admitindo que eu tinha mais paciência que ele Achei mais fácil ler a história do livro do que inventar uma nova na véspera de ano novo fizemos uma grande festa ag genor convidou alguns vizinhos fazendeiros e a casa ficou cheia Dona Gertrudes e as outras empregadas tinham passado o dia todo preparando comida tinha leitão assado peru Carneiro farofa arroz feijão tropeiro e uma mesa inteira só de doces à meia-noite Todos saímos pro quintal para ver os
fogos de artifício que a genor tinha comprado n Cade o cé se encheu de cores e luzes e por um momento me senti verdadeiramente feliz e em paz apesar de sentir muita falta da mãe e dos meus irmãos quando a famía de Agenor foi embora senti que tinha chegado a hora uma pergunta esta entalada na minha garganta desde que descobri que ele tinha filhos naquela noite já deitada na cama criei coragem e perguntei mesmo com medo Agenor como é que você tem filho se me disse que não podia dormir com mulher nenhuma ele ficou quieto
por um tempo tão quieto que achei que tinha dormido Mas então respondeu a voz mais séria do que nunca Maria Esse é um assunto particular não quero falar sobre isso fiquei sem graça e muito curiosa mas não insisti Agenor tinha feito tanto por mim que não merecia que eu ficasse cutucando em assuntos que ele não queria contar fiquei ali deitada no escuro pensando talvez a genor tivesse Amado tanto a primeira esposa a mãe dos filhos dele que quando ela morreu ele se fechou pro mundo lembrei que uma vez Dona Gertrudes tinha comentado que a primeira
patroa a Dona Elisa tinha morrido num parto difícil quando o Joaquim o filho mais novo tinha 9 anos ela e o bebê que também era um menino não resistiram deve ter sido um golpe duro demais pro Agenor perder a mulher que amava e um filho tudo de uma vez imaginei que depois disso ele não quis mais saber de se envolver com ninguém a dor devia ser grande demais dormi pensando nisso imaginando mil coisas como teria sido essa mulher que a genor amou tanto como seria a vida dele se ela não tivesse morrido se o bebê
tivesse sobrevivido mas nunca mais toquei no assunto tinha coisas que era melhor deixar quietas guardadas no passado os meses foram passando e a vida seguia como o combinado eu cuidava da casa aprendia cada vez mais com Dona Gertrudes e a noite Tinha minhas aulas com Agenor já conseguia ler livros inteiros sozinha e até escrevia rápido me sentia orgulhosa do meu progresso a genor sempre me elogiava Maria lhe dizia com aquele sorriso que eu já conhecia tão bem você é uma ótima companhia nunca pensei que ia gostar tanto de passar as noites conversando com alguém foi
numa dessas noites que ele me apresentou o xadrez tirou uma caixa linda de madeira do armário e colocou na mesa entre nós quando abriu vi aquelas peças pretas e brancas todas diferentes isso Maria é um jogo de reis ele falou os olhos brilhando o xadrez é jogado há séculos na Europa dizem que só pessoas muito inteligentes sabem jogar bem normalmente são os homens que jogam mas eu acho que você vai gostar fiquei toda orgulhosa dele achar que eu era inteligente o bastante para aprender mas não foi fácil não passei umas duas semanas quebrando a cabeça
para entender como Cada peça se movia o cavalo então parecia que estava sempre no lugar errado mas aor tinha el explicava tudo devagar às vezes pegava na minha mão para me mostrar como mover as peças depois de um tempo comecei a pegar o jeito logo a gente estava jogando de igual para igual eu até ganhava na maioria das vezes Cheque Mate eu falava toda contente e a Ria balançando a cabeça no fundo eu pensava que talz ele me deixasse ganhar mas não importava o que importava er gente J só nós dois Às vezes a gente
nem jogava ficava só conversando aor me contando histórias da Fazenda de quando ele era Moço eu contava das coisas que tinha aprendido durante o dia das fofocas que ouvia na cozinha numa noite depois de um jogo particularmente difícil aor Me Olhou de um jeito diferente sabe ele falou baixinho você é a meloris nos últimos anos Senti meu coração dar um pulo não era uma declaração de amor nada disso mas era um reconhecimento do que a gente tinha construído juntos uma amizade uma parceria algo que ia além do nosso acordo Inicial mais foi numa tarde de
Março o calor ainda forte antes do Outono chegar que tudo mudou de novo eu estava na cozinha ajudando Dona Gertrudes a fazer doce de leite quando Ouvi uma voz diferente era uma voz de homem mas não era de nenhum dos empregados que eu conhecia tia Gertrudes trouxe aquele remédio que a senhora pediu Me virei e vi ele pela primeira vez era um rapaz novo devia ter uns 20 anos alto forte com a pele queimada de sol e um sorriso que iluminou a cozinha inteira Senti meu coração dar um pulo juro por Deus nunca em toda
minha vida tinha sentido aquilo sempre via rapazes bonitos e jovens é claro mas nunca me despertava nada ah João Que Bom que Você Chegou Dona Gertrudes falou toda animada Dona Maria Esse é meu sobrinho João ele veio trabalhar aqui na fazenda vai cuidar dos cavalos do seu Agenor João tirou o chapéu e fez uma mesura para mim prazer em conhecer a senhora dona Maria fiquei sem saber que dizer como já te disse nunca tinha sentido nada parecido antes o prazer é meu João consegui falar depois de um tempo nos dias que se seguiram eu vi
a João de vez em quando ele trabalhava no estábulo longe da casa mas às vezes vinha conversar com a tia na cozinha toda vez que ele aparecia eu sentia aquele friozinho na barriga João sempre me tratava com muito respeito Bom dia Dona Dona noito Que el me olava um brilho nos olos meis que eu nunha antesa João ousa Pens n de oute temp foi eu anos moment eu nunca tinha pedido umaa para Agenor Mas tinha uma coisa que eu queria muito algo que eu desejava desde antes mas nunca tive coragem de pedir por causa do
meu pai eu queria ir ver minha mãe e meus irmãos Agenor a essa altura Fazia tudo o que eu pedia quando falei para ele que queria visitar minha família ele concordou na hora Claro Maria vamos marcar a viagem pra semana que vem a viagem era longa passamos horas na estrada eu com o coração na boca ansiosa para rever minha família quando finalmente chegamos reconheci de longe a casinha simples onde eu tinha crescido parecia menor do que eu lembrava Minha mãe estava estendendo roupas no varal quando escutou o carro ela veio correndo os olhos arregalados de
surpresa quando me viu abriu um sorriso enorme e me abraçou forte Ah minha filha que saudade senti as lágrimas escorrendo pelo meu rosto o cheiro da da minha mãe o calor do abraço dela era tudo tão familiar e ao mesmo tempo tão distante ela estava igualzinha até o vestido era o mesmo parecia que o tempo não tinha passado nenhum dia quando minha mãe começou a falar dos meus irmãos senti uma mistura de saudade e curiosidade ela nos recolheu e foi me atualizando o Sebastião o José e o Pedro se casaram ela disse nem moram mais
aqui mas é pertinho casaram com moças daqui mesmo filhas de vizinhos Eles Têm filhos Maria Fiquei feliz em saber que meus irmãos tinham construído suas próprias famílias Lembrei de como a gente se apertava naquela casa pequena os meninos todos espremidos num canto do quarto e o João perguntei lembrando do meu irmão que tinha o mesmo nome do sobrinho de Dona Gertrudes minha mãe fez uma cara triste o João saiu para trabalhar na cidade grande anos manda notícia de vez em quando mas faz tempo que não aparece pensei no Joaquim que ainda morava em casa era
bom saber que minha mãe não estava sozinha e as meninas mãe perguntei curiosa Afinal elas foram embora bem antes de mim e nunca apareceram nos visitar ah a Benedita apareceu aqui no ano passado já tá grávida do terceiro filho acredita Maria mora numa cidadezinha aqui perto com o marido dela notei que minha mãe não falou nada da Josefa e a Josefa mãe minha mãe Balançou a cabeça Ah minha filha a Josefa nunca mais deu notícia fiquei ali ouvindo minha mãe falar pensando em como a vida tinha levado cada um de nós por caminhos tão diferentes
e na verdade era por pura intromissão do meu pai que fez de tudo para se livrar da gente recebeu o dote e ainda continuava na pobreza trabalhando na roça vai saber né eu lembro que pensei aquilo naquela hora Agenor ficava Só escutando nossas conversas pela cara dele parecia que achava bonito ver mãe e filha conversando assim Matando a saudade mas eu podia ver também um pouco de tristeza nos olhos dele Será que estava pensando na própria família nos filhos que estavam longe as horas foram passando e logo ouvimos vozes se aproximando era meu pai e
meu irmão voltando da roça Joaquim chegou correndo na frente porque reconheceu o carro Maria ele gritou me abraçando forte que saudade minha irmã foi tão bom ver ele Joaquim tinha crescido estava um homem agora meu pai chegou logo depois quando me viu falou naquele jeito seco dele Veja só quem é vivo sempre aparece ele cumprimentou a gente sem nos tocar segundo ele estava muito sujo vou tomar um banho e já venho pra gente conversar ele disse antes de sair ainda fez uma brincadeira que só ele achou graça você não veio devolver ela não né falou
pro Agenor fiquei sem graça mas a genor respondeu com educação não senhor só viemos visitar quando meu pai saiu minha mãe começou a preparar um café pra gente o cheiro de café fresco encheu a cozinha me trazendo tantas lembranças e então minha filha minha mãe perguntou enquanto servia o café como é a vida lá na fazenda do seu Agenor é boa mãe respondi Agenor me trata muito bem aprendi a ler e escrever sabia minha mãe arregalou os olhos é mesmo que coisa boa minha filha Passei a noite contando paraa minha mãe e pro Joaquim sobre
minha nova vida falei da Dona Gertrudes das aulas com a de como eu ajudava a cuidar da casa grande quando meu pai voltou do banho a conversa ficou mais tensa ele fazia perguntas diretas para Agenor querendo saber dos negócios se a fazenda tava dando lucro Agenor respondia com paciência mas eu podia ver que ele estava incomodado Foi então que meu pai fez aquela pergunta que mudou tudo Maria Quantos anos você tá mesmo antes que eu pudesse responder minha mãe falou a Maria tem 16 éé vi o olhar do meu pai mudar ele franziu a testa
e perguntou pro Agenor então me diz uma coisa Por que vocês não tiveram nenhum filho ainda você perdeu algum filho Maria Senti meu rosto queimar fiquei vermelha que nem um pimentão Olhei pro Agenor e vi que ele estava pálido parecia que tinha visto um fantasma antes que a gente pudesse dizer qualquer coisa meu pai começou a falar um monte de disse que eu devia ser bichada que o problema só podia ser comigo porque o Agenor já tinha dois filhos ele não parava de falar disse que minha irmã já estava no terceiro filho aquelas palavras eram
duras de ouvir senti um nó na garganta uma vontade danada de chorar como é que meu próprio pai podia falar assim de mim foi aí que o Agenor fez uma coisa que eu nunca vou esquecer ele se levantou me abraçou na frente de todo mundo e falou com uma voz firme chega nós vamos embora agora abracei rapidamente a mãe e meu irmão e fomos já era noite então aenor decidiu que a gente ia dormir num hotel na cidade a viagem era muito cansativa para ele voltar dirigindo aquela hora seria perigoso no quarto do hotel eu
não conseguia dormir minha cabeça tava a 1 repassando tudo que tinha acontecido Agenor também estava inquieto a gente ficou ali deitados na cama foi ele quem quebrou o silêncio Maria ele falou baixinho Me desculpe por hoje eu me sinto culpado por não te dar um filho olhei para ele surpresa nunca tinha visto a genora assim tão vulnerável não tem que se desculpar falei a gente sabe como é nosso acordo mas aí comecei a pensar Lembrei de todos os natais quando os ag vinh visitar eles sempre olhavam estranho pra gente como se tivesse algo errado por
eu não ter filhos sabe falei seus filhos também acham estranho eu não ter um bebê Agenor suspirou fundo É eu sei Maria fiquei ali pensando em tudo na minha família na vida que eu tinha deixado para trás sem perceber comecei a chorar a genor me puxou em seu peito e me abraçou ele nunca me tocava era muito raro foi um abraço diferente tinha um carinho especial ali algo que eu nunca tinha sentido antes não falei nada mas meu coração bateu mais forte me conta Maria ele falou o que tá te incomodando tanto e foi aí
que eu desabafei contei tudo sobre meu pai como ele sempre foi um bêbado que batia em todo mundo principalmente na minha mãe eu Eu queria poder salvar ela daquele maldito falei entre soluços Agenor ficou quieto por um tempo me abraçando depois ele fez uma pergunta que eu nunca vou esquecer você quer que sua mãe venha morar na fazenda com a gente Maria fiquei sem palavras de tanta emoção pois eu mesma nunca tinha pensado nisso mas falei depois de um tempo o Joaquim teria que vir junto ele é muito trabalhadora Agenor podia ajudar na fazenda ag
genor sorriu Claro Maria se é importante para você a gente dá um jeito naquela noite a gente ficou acordado até tarde conversando planejando como ia ser como a gente ia Convencer minha mãe quando finalmente Dormi já tava quase amanhecendo no dia seguinte mal Consegui esperar para voltar paraa casa dos meus pais Sabia que meu pai já teria saído pra roça era a chance perfeita para falar com minha mãe quando chegamos lá meu coração quase parou Minha mãe abriu a porta com um olho roxo ela me viu e começou a chorar filha você não foi Achei
que tinha ido embora sem se despedir direito abracei ela forte o que aconteceu Mãe qual é a desculpa do pai dessa vez ela tentou disfarçar Mas eu insisti aos Pou ela depois que a gente saiu meu pai ficou furioso disse que eu estava envergonhando a família por não ter filho minha mãe me defendeu dizendo que para algumas mulheres isso leva um tempo bom o resultado tava ali estampado no rosto dela Olhei pro Agenor ele estava com uma cara que eu nunca tinha visto antes uma mistura de raiva e compaixão ele viu que eu não exagerava
quando falava do meu pai Dona Teresa ele falou PR minha mãe a senhora não pode continuar vivendo assim minha mãe baixou os olhos é a vida que eu tenho seu Agenor não tem jeito foi aí que eu criei coragem Tem sim mãe a gente veio aqui para te fazer um convite expliquei tudo sobre como tinha quartos sobrando na fazenda como ela podia ir morar com a gente falei que vinha junto poderia trabalhar lá de como seria uma vida nova longe daquele sofrimento vi nos olhos da minha mãe uma alegria um brilho uma esperança minha filha
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