k [Música] Olá boa noite como vão a que eu sou a professora Renata virman e hoje à noite eu queria conversar um pouquinho com vocês nessa Live sobre a psicanálise e a a demanda dos Pais na clínica então essa noite a gente vai conversar um pouquinho gostaria que vocês fossem se lembrando de mandar perguntas vou mandando perguntas ao longo da fala e ao final a gente vai abrir para poder dialogar um pouquinho conversar um pouquinho sobre as perguntas que vocês forem colocando Então à medida que eu for falando e forem surgindo perguntas lembrem de ir
colocando Então vamos começar aqui aqui os nossos trabalhos Então eu queria falar hoje sobre os pais na contemporaneidade eh e os pais na clínica com crianças e adolescentes então o foco hoje aí é falar um pouquinho sobre eh o lugar dos pais a pertinência dos pais no tratamento até pra gente poder localizar também o sujeito da clínica que é a criança ou o adolescente O que que a gente mais escuta em torno desse tópico sobre os pais o que que é ser pai que que é ser mãe é que não tá nada fácil ser pai
e ser mãe nos tempos de hoje é uma queixa bastante comum na verdade eu penso que nunca foi fácil só que na contemporaneidade a gente tá tomando cada vez mais consciência de quão difícil é essa tarefa tanto que a dificuldade dessa tarefa tem começado muito antes até na decisão de vir a ter ou não ter um filho tanto que do ponto de vista da psicanálise essa decisão anterior de vir a ter ou não ter um filho é tão importante que vai até antecipar a existência ou não desse sujeito que na clínica com crianças e adolescentes
a gente pretende futuramente atender agora é impossível prever em cada história qual que vai ser a etapa a descoberta o acontecimento da vida de um filho que vai tornar essa tarefa de ser pai ou de ser mãe mais ou menos desafiadoras essa tarefa Varia muito ao longo da história O que que a gente tem percebido é que a gente tem cada vez mais pais preocupados com essa tarefa e se avaliando cada vez mais em relação ao seu próprio desempenho nessa tarefa agora por que que tá tão difícil ser pai e mãe na contemporaneidade por vários
fatores a gente vai organizar alguns hojes nessa aula aberta mas certamente a gente não vai esgotar o assunto mas a gente pretende avançar o máximo possível nesse assunto hoje para isso eu vou propor algumas questões ae primeira questão Qual que é o sujeito da Clínica com crianças e adolescentes eu vou propor essa questão até paraa gente não esquecer porque ela é realmente importante então o sujeito da Clínica com crianças e adolescentes Como o próprio nome diz certamente não são os pais eles trazem o sujeito pra clínica eles autorizam o tratamento eh mas eles não são
o sujeito em tratamento e quais que são as implicações disso os pais que trazem os filhos também no trazem as suas queixas sobre esse filho eh mas essas queixas não são as queixas dos filhos são as queixas dos pais sobre os filhos são as queixas dos pais sobre os filhos na escola são as queixas dos pais sobre os filhos na relação com os próprios pais são as queixas dos pais com os filhos eh no excesso de telas celulares etc mas são as queixas dos pais eu não posso garantir que os filhos ao abrir a porteira
das queixas vão se queixar da mesma coisa que os pais agora as queixas que são próprias dos Pais eh e que viabilizam o início do tratamento Ou seja a procura eh levar essa criança ou esse adolescente até o tratamento não sustenta um tratamento não sustenta um tratamento porque essa queixa é dos pais e o tratamento é do sujeito que é a criança adolescente então a gente recebe essas queixas a gente escuta essas queixas Mas a gente não tem como atender essas queixas a gente não tem como necessariamente conduzir o tratamento na direção dessas queixas porque
são queixas que não vão se transformar em demanda E lembrando que a demanda ela é uma certa modificação A partir dessa queixa então o sujeito ele chega para análise com uma série de queixas E essas queixas vão ser construídas transformadas no início do tratamento em demanda em demanda sobre tudo de tratamento mas as queixas dos pais não tem como construí-las para se tornarem a demanda do sujeito Afinal os pais são os pais o sujeito em questão é a criança e o adolescente segunda questão o que que são os pais Quem são os pais Qual que
é a pertinência dos pais no tratamento dos seus filhos e aí é importante lembrar eh que os pais são os primeiros grande outros né esse outro com letra maiúscula dos seus filhos eh e ocupam esse lugar por um certo tempo mas é importante que eles não ocupem esse lugar nem de um modo único exclusivo e nem absoluto mas ainda sim e ainda bem eles ocupam eh sobre isso algumas constatações não só a criança mas também o adolescente precisa e precisa muito dos seus pais e precisa muito da presença dos seus pais na vida e consequentemente
também em alguns momentos na análise por mais que paradoxal seja é fundamental localizar os e é fundamental que os pais estejam Agora vamos saber como ali eh funcionando no tratamento dos filhos primeiro motivo eh para que o filho por que que é importante que os filhos os pais estejam ali o primeiro motivo é que o filho possa vir a fazer a separação que inclusive vai demarcar aí a passagem dos do tempo da infância pro da adolescência por exemplo se os pais saem antes esse movimento dos Pais saírem antes dos filhos saírem vai ser interpretado pelos
filhos como abandono então é muito importante que os pais não saiam antes os pais devem ficar lá até para que os filhos possam se separar deles mas ficar de que modo ficar lá não significa uma invasão ou uma determinação ao longo da vida é fundamental que a criança vá ganhando sua autonomia em relação ao próprio corpo a relação com os objetos nas relações interpessoais então é importante an que a criança aprenda a tomar banho sozinho ir ao banheiro dormir guardar seus próprios brinquedos fazer as tarefas ou seja os pais devem estar presentes mas não onipresentes
Então essa coisa da onipresença de tal modo que não há o único espaço o único momento em que a criança tenha que se virar sozinha Não é disso que a gente tá falando a gente tá falando de presença não de onipresença então ao longo da Infância e da adolescência o sujeito eh recebe dos Pais recebe dos Professores recebe de outros familiares de colegas mas também recebe de estranhos através do YouTube de jogos redes sociais recebe de todo esse essa diversidade de lugares a transmissão de números dados informações afetos conhecimentos e é fundamental que esses eh
essa multiplicidade de informações de acessos não faltem E que sejam diversos eh eu incluo aí então sobretudo a importância de que os pais insistam e também ser fonte constante desses elementos que seus filhos recebem também ser fonte constante de informação de acontecimento de afeto oferecido regularmente cotidianamente esses filhos digo isso porque a gente tem percebido o quanto tá difícil pros pais sustentarem esse lugar diante dos seus filhos diria até mesmo que tá difícil suportar eh uma espécie de aniquilamento do qual eles se queixam estarem sofrendo através dos filhos e do mundo é importante lembrar que
os pais então eles são uma referência mas não uma imposição Então o que os pais supõem para os seus filhos ou sobre os seus filhos com frequência não vai coincidir com o que os próprios filhos pensam que os próprios filhos desejam mas ainda assim é importante que os pais ofereçam um certo saber mas como referência não como imposição não como um absoluto aprofundando então nessa primeira tarefa que a gente estava falando dos filhos de virem a se separar dos Pais é é uma tarefa que na verdade é um longo processo eh de elaboração de escolhas
a gente também pode falar então da importância dos Pais repito não desistirem de desempenhar a função de pais antes ou não desistir de desempenhar essa função eh muitas vezes na clínica com adolescente sobretudo a gente tem que chamar os pais a não desistir dessa tarefa de permanecer sendo aquele pai daquele filho adolescente aquela mãe daquele filho adolescente Então apesar de todos os desafios é fundamental que os pais não se separem dos filhos antes que os antes que os filhos possam eles mesmos executar essa importante separação mas uma vez eh para que não haja inclusive uma
inversão de papéis quando os papéis eles se invertem quando os pais se separam dos Adolescentes antes que os adolescentes possam executar essa separação repito o adolescente vai se ver como abandonado e não só o adolescente porque às vezes mesmo das Crianças nós temos inúmeros pais que se vem aniquilados da função de pais eh e recuam de exercer aessa função por não saber de Fato muito bem como fazê-la a psicanalista Sonia Alberti elas ela alerta para uma coisa muito interessante que para grande maioria dos pais então é muito difícil sustentar a adolescência dos seus filhos por
exemplo até porque as manifestações mais difíceis de um filho adolescente costuma apontar paraos pontos mais fracos e vulneráveis dos seus pais do seu pai da sua mãe e os os filhos conhecem muito bem as vulnerabilidades dos seus dos seus pais e acabam apontando e apertando justamente nessas vulnerabilidades uma observação muito importante é que a gente tem visto então na clínica hoje é que os pais estão extremamente abalados e duvidam das suas próprias capacidades como pais e portanto se vem numa enorme dificuldade de transmitir a seus filhos uma forma de barral-montferrat filho de tal coisa mas
como que eu faço isso então os pais até percebem a importância de barrar os filhos sabem que é imprescindível fazer essa barra mas não conseguem de modo algum executá-la E por que que isso tá acontecendo a gente tem percebido eh pais que têm medo por exemplo de perder o amor dos seus filhos e diante disso recolhem as suas Barras Então até percebem que os filhos precisam ser contidos em um um ponto ou outro mas não suportam executá-lo essa essa barra esse impedimento até por supor que o afeto não suportaria essa atitude se vamos voltar um
pouquinho agora no Freud se Freud pode observar que a separação da autoridade dos Pais é o maior e grande trabalho da adolescência ele jamais negou que isso fosse um processo que se desenvolve calmamente paulatinamente ente com altos e baixos indas e Vindas o importante é que os pais percebam que apesar das constantes negativas dos seus filhos das constantes vezes que os filhos expulsam do quarto expulsam da vida dizem coisas que o afeto não suporta muitas vezes é fundamental que não só os pais consigam suportar mas que mostrem a sua opinião de um modo diretivo com
observações bastante sólidas né Eh Então veja essas não são opiniões diretivas e observáveis inabaláveis mas que advém de elaborações que não foram feitas as a pressas de maneira oportunista mas a elaboração de pais que foram acompanhando assistindo essa dificuldade de acessar os filhos e emitem essa opinião e de novo é uma opinião não é uma determinação né E essa modificação também exige pros pais uma elaboração prévia pensada aprofundada então quando os pais se vem diante desse impossível de acessar os próprios filhos é importante que eles elaborem previamente de um modo pensado de um modo aprofundado
o que está acontecendo De que modo eu posso acessá-lo sem sair de cena e nem reagir abruptamente mas fazer um longo processo de elaboração e esse processo de elaboração pode ser feito inclusive com a ajuda de um analista Então veja assim como os filhos podem aprender muito com seus pais os pais também podem e devem aprender muito com seus filhos e hoje no século XX isso é imprescindível não cabe mais relações entre pais e filhos em que os pais T um saber e o filho só tem que aprender em que os pais falem e só
os filhos sentam sentam e escutam que o melhor bife seja separado pros pais como era por exemplo na época do Freud eh os filhos também tem um saber os filhos também TM uma voz os filhos também querem poder dizer então para que os filhos possam aprender receber uma transmissão que vem dos Pais é necessário que os pais se abram para poder aprender receber uma certa transmissão que vem dos filhos Essa é o Esse é o funcionamento da contemporaneidade mas para que tal troca aconteça é necessário primeiro que tanto um quanto o outro possa expor suas
opiniões Ou seja que haja espaço para que os pais exponham suas opiniões e depois do outro lado também que haja espaço para que os filhos exponham suas opiniões eh e que essas opiniões não sejam desqualificadas pela idade não sejam desqualificadas por serem diferentes não sejam desqualificadas que essas op possam ser colocadas segunda característica para que consiga então haver essa troca entre pais e filhos que nenhuma das duas partes desista de fazê-lo a gente vê muitas vezes Ah não me escuta Então não vou nem tentar Ah eu falo e me ignora não vou nem falar mais
então o segundo ponto é que insista Não desista de fazer essa transmissão essa opinião essa fala um terceiro ponto sobretudo não se abra mão da responsabilid de acompanhar os filhos em suas trajetórias só porque se pensa que já não é mais ouvido não é mais levado em conta porque tem opiniões diferentes Então porque a diferença não significa que você não deva participar da trajetória participe com a diferença topa a diferença e anda ao lado não se trata então dos filhos serem como você quer ou pensarem do jeito que você quer ou são o o o
projeto do que se tinha ou se sai completamente daquela relação não acompanhe com a diferença isso é muito importante então não abrir mão da responsabilidade de acompanhar os filhos nas suas trajetórias mesmo quando você tem a sensação de que você não é ouvido não é levado em conta ou que vocês moram em Ilhas completamente separadas de pensamento mas ainda assim tentar andar ao lado o efeito da desistência é normalmente assustador quando os pais eles desistem de emitir opinião desistem de conversar desistem de acompanhar a trajetória quando eles desistem desse papel o filho se vê deixado
cair desesperado e perdido esse filho então inicia uma busca que pode ser uma completa catástrofe Na tentativa de alcançar novamente a mão dos pais que numa bola de neve vai ficando cada vez mais distante cada vez mais difícil de atingir então é importante não deixar fazer essas Ilhas esses abismos nessas relações Outro ponto muito importante pros pais pensarem sobre si na contemporaneidade para psicanálise os pais devem ser falhos isso não é um problema os pais devem ser falhos porque o sujeito ele é sempre barrado ele é sempre impedido na sua completude e os pais obviamente
também mas é importante que eles sejam falhos não consistentes é necessário que os pais tenham consistência consistência significa presença significa estar lá ao lado insistir em falar então pode ser falho mas é necessário que sejam consistentes para haver então uma separação né nessa relação entre Pais e Filhos e um processo de separação é necessário até para que se alcance a adolescência por exemplo é preciso então que efetivamente o grande outro lembrando que os pais são o primeiro grande outro dos filhos possa ser dialetizadas de lhe que é possível então que os pais sejam questionados e
mesmo questionados relativizados permaneçam lá não sintam uma ferida narcísica um golpe porque foram questionados não faz parte da relação com os pais que possa haver dialética que e o a conversa pode ser relativizada Afinal os pais eles devem ser falhos portanto é impossível uma onipotência dos Pais porque se os pais forem onipotentes isso impediria que o sujeito a criança ou adolescente pudesse acessá-lo afinal se ele já é onipotente se ele não tem nenhuma falha ele não precisa da presença dos filhos é necessário então que haja uma falha nos pais para que os filhos possam acessá-lo
E para isso é necessário que os pais sejam falhos mas repito consistentes então é importante ressaltar que um filho inaugura os seus pais nessa função e que os pais inauguram os filhos nessa função a data da estreia junto nasce um filho nasce um pai ou uma mãe Eh essa inauguração é importante pros dois né Eh e esses lugares precisam ser sustentados até para que o filho consiga trocar depois os seus pais né seus primeiros grandes outros por grandes outros substitutos né Eh essa relação então da criança com os seus pais demarca Inclusive a saída da
infância a entrada na adolescência né então ao final da infância o grande outro ele foi incorporado né essa lei essa língua que vem ali do grande outro originário que é a mãe e o pai eh ao final da infância esse grande outro foi incorporado de tal modo que o sujeito não se vê mais tão dependente dos seus pais porque já tem um certo saber que tá incorporado eh não os vê não vê mais os pais de uma forma tão idealizada e começa a ver que os pais falham que tem falha naquele discurso e é justamente
por essas falhas e justamente também por a incorporação desse saber que vem do grande outro é que esse esse agora adolescente consegue vir a executar essa importante separação dos pais e qual que é o resultado disso um sujeito que fala e que exerce seu lugar de sujeito através da sua própria fala produzindo inclusive as suas próprias demandas e aí a gente volta a questão do tratamento e são essas demandas que o sujeito Criança e Adolescente vão construir no tratamento é que vão guiar o tratamento não demandas produzidas a partir da queixa dos pais mas demandas
construídas a partir das queixas dos filhos que podem ou não provavelmente não coincidir com a demanda dos pais ou com a queixa dos pais então os filhos e isso é muito importante aí na relação entre os filhos e os pais os filhos erdam dos seus pais a sua posição desejante e Justamente por isso eh já não se satisfaz os filhos não se satisfazem com as demandas dos pais não serve um copia Cola pegar dos meus pais e vestir em mim essa roupa que vem dos meus pais não me cabe mais os filhos então eles querem
construir as suas próprias demandas E isso acontece muito antes dos pais se sentirem preparados para isso e isso também aparece ali na clínica o primeiro movimento dos Pais diante eh dessa desse processo de separação dessa posição de sujeito desejante dos filhos é um certo susto é como se os pais sempre achassem que fosse cedo demais que os filhos estão antecipando demais esse saber próprio como se os filhos ainda precisassem se tornar dependentes desse desejo dessa demanda desse saber que vem dos pais mas sempre vai acontecer antes que os pais se tornem preparados para isso sempre
vai haver essa diferença pras crianças já é tempo pros pais ainda não é hora sempre vai haver essa diferença por todos esses motivos os filhos então precisam dos pais e portanto a clínica com criança adolescentes também precisa dos pais mas é necessário especificar De que modo e em cada tempo do sujeito e para cada estrutura vai ser é necessário a participação desses pais e isso merece um aprofundamento como eu disse a gente não vai conseguir esgotar todo esse assunto aqui a gente vai falar mais sobre isso no curso eh que vão na na sequência dessa
aula a gente tem mais quatro encontros de um curso que chama manejo com os pais na clínica com crianças e adolescentes né até para saber melhor Qual que é o momento de chamar ou não chamar os pais Qual a intervenção que vai ser feita ali com os pais Em que momento do tratamento os pais sequer vão ser chamados vai chegar um ponto que os pais não vão ser mais chamados mas para tudo isso a gente tem que entender eh quando chamar e quando não chamar para que chamar Qual o manejo eh existem intervenções como fica
a questão da transferencial a transferência se estabelece com a criança ou estabelece com os pais ou se estabelecem com os dois bom vamos avançar mais para a terceira questão então a gente já avançou duas questões até aqui nessa Live da psicanálise da demanda dos pais a primeira questão é qual que é foi Qual o sujeito na clínica com crianças e adolescentes Como o próprio nome diz não são os pais é a criança e o adolescente a segunda questão foi sobre os pais o que que é ser um pai e uma m mãe o que que
são ser os pais eu coloquei os dois juntos aí de propósito eh e a terceira questão é quais são os pais e os filhos da contemporaneidade eu acho isso bastante provocativo né Então vamos pensar aí nos filhos vamos começar pelos filhos criança e vamos chegar nos filhos adolescentes né Qual que é a infância e adolescência de hoje qual que é o propósito o ideal de uma infância ou de uma Adolescência na contemporaneidade existe uma infância esperada uma Adolescência esperada uma infância uma Adolescência normal existe normalidade Qual que é o parâmetro dessa suposta normalidade há uma
expectativa de criança há uma expectativa de adulto é eh e Infelizmente essa expectativa eh vez por outra gera desconforto malestar porque não é possível ser uma expectativa de criança é possível ser uma criança não é possível ser uma expectativa de adolescente é possível ser um adolescente e entre a expectativa e o sujeito há um abismo né Eh mas Ah então há uma expectativa sobre a criança eh não tanto por quem elas são hoje e isso me preocupa muito mas pelo potencial do que essa criança vai vir a ser no futuro como uma espécie de adulto
do futuro então isso me preocupa porque parece que a gente tá mais preocupado com o adulto que vai funcionar no futuro e colaborar pra sociedade inclusive em termos capitalistas do que com a criança e com a infância naquele momento tanto que muitas escolhas durante a infância não são feitas pensado na pensando na infância e são feitas muitas vezes pensando nesse futuro ah você vai fazer inglês para poder trabalhar no futuro Em tal empresa você vai fazer tal coisa porque você vai precisar é como se a a a infância fosse um um período provisório para um
adulto funcional Mas vamos supor que a infância exista em si mesma vamos supor que a infância precisa ser para a infância e que a criança precisa ser para criança né então então todos estão muito atentos com a infância hoje eu acho que estão mais atentos com a infância do que nunca E isso também tem trazido um peso enorme PR os pais como a gente já falou lá atrás não tá nada fácil a tarefa de ser pai e mãe hoje em dia por vários motivos e uma das questões é uma atenção à infância eh mas atenção
de que modo atenção em relação à maturação neurológica ao desenvolvimento psicomotor sensório motor aos hábitos alimentares higienes desenvolvimento cognitivo processo de adaptação escolar processo de adaptação social e a gente percebe essa preocupação adaptativa sempre muito adaptativa em perguntas do tipo quanto tempo eu devo deixar o bebê mamar e se Não perguntam pro analista vão perguntar nas redes sociais vão seguir ali no Instagram de quem dá dicas quem diz o que fazer o que não fazer como se o Saber tivesse que vir de algum lugar porque eu não sei então quanto tempo eu devo deixar o
bebê mamar Por que que ele ainda não engatinha eh Será que tá demorando para falar é normal ele se masturbar essa irritação essa agressividade vai passar esse sintoma estrutural passageiro Ele não presta atenção na aula será que tem TDH tá viciado em celular o que que eu faço tá se cortando qure risco de se matar São perguntas que os pais tê feito nas redes sociais aos psicólogos dentro da escola as escolas TM feito também essas perguntas todas estão rondando o o funcionamento das relações entre pais e filhos Então essa parece ser a função dos filhos
na contemporaneidade uma espécie de adaptação a um futuro adulto funcional né que vai levar e se a gente não tomar cuidado vai levar a psicologia a medicina a educação a propor cada vez mais métodos que visem adultos convenientes pros ideais da sociedade que eles constituem mas a psicanálise não tem essa proposta a gente deve inclusive se perguntar se essas transformações do século XX eh vão eh vão produzir não só mudanças no Estatuto da infância ou podem implicar inclusive no desaparecimento da infância uma coisa curiosa é que boa parte das lojas de brinquedo tem sendo substituída
por lojas de celular as crianças no dia das crianças não pedem mais brinquedo P perem pedem celular então já tem alguma coisa mudando no Estatuto da infância bom por hora não eh eh se não implicam no desaparecimento da infância parecem pelo menos que essas mudanças essas exigências essas perguntas essa tentativa adaptativa das crianças tem implicado no adoecimento dessas crianças e adolescentes não é então proposta da psicanálise não da psicanálise que eu apresento hoje e que a gente vai aprofundar um pouco mais aí no curso sobre manejo com os pais na clínica com crianças adolescentes não
é a proposta pensar em adaptação é a proposta de pensar nesse sujeito desejante então um dos impactos gritantes na contemporânea na idade é que os filhos e os pais eles têm eh tendo dificuldade de se encontrar embora eles têm pontos em comum ou porque eles têm determinados pontos em comum vou ressaltar aqui pelo menos três pontos curiosos em que ao se encontrarem Pais e Filhos parece criar um problema um mal-estar primeiro ponto aqui da contemporaneidade a duração da adolescência o contato Ares ele faz uma leitura muito interessante sobre isso eh sobre a duração da infância
sobre a duração da adolescência sobre o início da idade adulta o contato Gal gares ele diz que no século XX ele observa que tanto crianças quanto adultos querem cada vez mais parecer adolescentes de tal modo que adolescentes adolescência tem começado cada vez mais cedo e tem se prolongado para cada vez mais tarde então a gente tem crianças de 7 8 anos se eh tentando parecer se comportar se portar se vestir como adolescentes e a gente tem adultos de 30 a 40 anos também então com a imersão durante eh eh no último ano das crianças nas
telas eh durante boa parte do dia durante a noite essa constatação do contar galig cares ficou ainda mais clara e pode ser eh percebida inclusive nos conteúdos virtuais que são consumidos pelos sujeitos de todas as idades Então as crianças de dois e os adultos de 40 querem ganhar um celular as crianças de cinco e os adultos de 40 assistem mais ou menos os mesmos programas Então você tem um encontro do objeto de desejo e até dos programas porque você parece ter um encontro das adolescências Então olha que curioso pais e filhos estão juntos na adolescência
e isso que deveria talvez marcar um encontro parece que não necessariamente marca um encontro um uma outra marca muito importante Então a primeira é essa questão dele se encontrarem a na adolescência uma Adolescência que antecipa ou seja crianças estão entrando cada vez mais cedo na adolescência e uma Adolescência que se prolonga adultos que saem cada vez mais tarde da adolescência eh mas tem uma outra marca muito curiosa aí pra gente colocar que também coincide aos dois uma marca importante e que dificulta ainda mais a relação entre pais e filhos na contemporaneidade e que a gente
encontra em ambos consumo esse consumo de conteúdo esse consumo de objetos eh leva a uma segunda mudança expressiva da Infância e da adolescência no século XX né A Ascensão dos objetos de consumo a nossa sociedade sem dúvida é marcada pelo consumo né em termos psicanalíticos marcada pela sedução e multiplicação dos objetos que tem levado cada vez mais cedo as pessoas pessoas incluindo as crianças e obviamente os adolescentes a se cercarem de mais informações de mais objetos e de mais objetos do que de pessoas pessoas reais presentes físicas carne e osso então Eh promete-se que na
relação com esses objetos de consumo com os gages né as telas de modo geral esse sujeito vai encontrar uma satisfação é uma nova promessa de satisfação a cada consumo compra e se satisfaça compra e se satisfaça então na clínica constantemente a gente percebe que essa satisfação Prometida e obviamente não alcançável porque no momento em que você adquire já é outra coisa e você adquire já é outra coisa porque a gente sabe que essa satisfação ela é metonímica ela pulveriza ela se perde mas eh a gente percebe que há uma satisfação Prometida embora nunca alcançada que
leva efetivamente a uma decepção né e produz então sujeitos ao mesmo tempo insaciáveis Vorazes e cheios de demanda cheios de demanda porque a satisfação da demanda anterior não se preencheu Então ela avança paraa frente e não se preenche e ela avança Então são sujeitos insaciáveis vorás e demandantes certamente a gente tá assistindo isso também na queixa dos pais quando eles trazem os filhos ao tratamento mas certamente também a gente ouve isso na fala dos filhos quando se queixam sobre os pais então os pais se se queixam do excesso dos filhos por exemplo em relação a
Telas mas os filhos se queixam da hipocrisia dos Pais de lhe tirar as telas enquanto os próprios pais também estão na frente da tela o tempo todo Então esse é um segundo ponto de coincidência o consumo então há aí um encontro entre pais e filhos que tem trazido um Abalo interessante o primeiro a adolescência no qual parece que tanto filhos quanto os pais têm se encontrado o segundo no consumo tanto os pais quanto os filhos se vê então dispostos ao consumo em busca de um ideal de satisfação inatingível e o terceiro ponto que gera mais
um Abalo e que também a gente encontra nos dois a alto erótica do saber então o que que é essa alto erótica do saber é alto porque o sujeito procura em si mesmo então é alto erótica do saber porque migra o saber que viria do grande outro pro bolso Mais especificamente pro celular ou seja ao invés de eu buscar em alguém que ocupa o lugar de grande outro pai mãe Professor buscar uma informação buscar um saber que seria transmitido nessa relação eu busco direto na tela tanto que às vezes o professor tá dando aula e
o aluno busca no celular só para dizer que o professor tá errado não o que você está dizendo tá errado aqui na internet diz outra coisa e o professor vai ter que se arranjar para explicar que o que tá na internet não é necessariamente uma comprovação de que ele está errado porque na na internet Existem várias informações inclusive contraditórias mas de outro tempo o saber do professor encerrava de algum modo ali o que era apresentado agora não Então veja esse saber de bolso essa autoerótica do saber eu não preciso que o professor me dê aula
eu aprendo sozinho e a gente tem inclusive assistido isso eh nas escolas e nas universidades alunos que chegam na sala ficam mexendo no celular quando você questiona Mas você tá mexendo no celular ou tá assistindo aula não não isso aí eu já sei e depois se eu não souber eu eu aprendo sozinho eu vejo uma videoaula ou seja como se ele não precisasse mais daquele saber que vem daquele grande outro só que isso tem consequência né Eh a gente tem até algumas pessoas que vão buscar fazer um curso não para aprender alguma coisa Vão buscar
fazer um curso para validar aquilo que eles já pensam uma suposição de saber pronto então esse saber de bolso eh é um saber pros filhos eh é um saber pros pais e que levou a uma completa mudança na dinâmica de convivência entre adultos e crianças marcado hoje pelo tempo prolongado né sobretudo no ambiente doméstico de uma convivência maior com as telas telas da TV computador celular jogos eletrônicos tablets então de tal modo que os personagens virtuais como por exemplo YouTubers ou gamers se tornaram muito mais frequentes e muito mais intensos na vida das crianças e
dos adolescentes do que os seres de carne e osso os humanos de carne e osso como são como os pais né então Aqueles que ocupariam então esse primeiro referencial de grande outro pro sujeito estão caindo ainda mais cedo com em abril com a questão da violência escolar isso ficou muito explícito o quanto por exemplo eh os pais não tinham a menor ideia dos conteúdos que os filhos acessam na internet e quando os pais eles dizem não eu procuro saber sobre meu filho na internet a gente pergunta normalmente mas por qual aplicativo não eu olho o
o Instagram olho o WhatsApp normalmente o que a gente diz é ele não vai se eh conversar sobre conteúdos dos quais você não participa por aplicativos que você conhece ele vai conversar sobre conteúdos que você não participa em aplicativos que você também não participa ele vai conversar em discord ele vai conversar por outros meios em que você tem que estar lá participar daquele grupo para participar daquela conversa coisa que não vai acontecer ou seja há aí um Abalo ainda maior na relação entre pais e filhos marcado por esse saber de bolso em que eh Eles
não estão buscando mais num lugar comum esse saber Cada Um busca no seu bolso um saber eh pra gente avançar um pouquinho então mais a contemporaneidade Então ela é marcada pela ascensão em resumo pela ascensão então dos objetos a queda da relação Inter pessoal da relação entre pessoas eh de carne e osso substituída pela ascensão de objetos e interações virtuais eh com maior grandeza essa marca da contemporaneidade tem levado o sujeito tanto sujeitos pais quanto filhos a sintomas mudos H sintomas paralisados por uma um curto circuito uma necessidade de satisfação imediata a gente tem visto
pais e filhos mergulhados no Universo Online eh marcado também pela regra pela quebra de regras básicas como por exemplo horário de dormir horário de comer comer a mesa rotina de ir paraa aula fazer tarefa enfim a a contratos mínimos regras básicas da convivência estão craquelando e rompendo então a gente pode afirmar sim que na contemporaneidade o sujeito tem experimentado um goso desregulado transbordante sem direção fazendo do sujeito com porâneo equivalente a um sujeito de direito ao consumo submetido a imperativos categóricos à a exigências que parecem ser aplicáveis tanto aos pais da contemporaneidade quanto aos filhos
da contemporaneidade né todos então parecem querer ocupar este lugar Este Lugar de sujeito de Direito de consumo tanto pais quanto filhos e o resultado disso é que a gente tem visto sujeitos extremamente desregulados sem direção desnorteados eh Então como não cabem todos ao mesmo tempo pais e filhos no mesmo lugar ou seja pais e filhos na adolescência pais e filhos no sintoma de consumo pais e filhos no mesmo lugar da al erótica do saber como não cabem ao mesmo tempo os pais e os filhos nessa mesma sintomatologia parece que houve um Abalo que a clínica
contemporânea com crianças adolescentes precisa pensar tá então há uma importante questão na clínica com crianças e adolescentes e exige repensar a cada tempo do sujeito a cada tratamento o lugar dos pais então a gente vai aprofundar um pouco mais eh nos nos próximos encontros são mais quatro encontros eh em que a gente vai continuar investigando mais então sobre o manejo com os pais na clínica de crianças e adolescentes e a gente vai buscar então estabelecer o lugar e o manejo com os pais na clínica psicanalítica de crianças e adolescentes a partir Então dessa premissa que
esse lugar é indispensável é fundamental entender De que modo circula transmite essa relação entre pais e filhos é necessário antes então pra gente entender esse funcionamento a gente estabelecer que receber os pais na clínica não implic em diagnosticar os pais ou interpretar os pais Afinal Como eu disse lá no início o sujeito da clínica não são os pais é a criança ou o adolescente segundo ponto eh que o atendimento da criança ou do Adolescente Não não pode estar condicionado ao encaminhamento dos Pais para um outro analista porque se você for esperar que os pais se
tratem para poder tratar a criança ou adolescente pode ser que nenhum deles comece a se tratar um terceiro ponto é necessário então evitar agendar uma série muito constante de entrevista com os pais como parte da análise dos filhos do filho porque no final dasas É como se você tivesse tentando tratar os dois ao mesmo tempo tratar os pais para poder tratar os filhos Você mesmo já que o encaminhamento não funcionou você mesmo Faria também é importante evitar isso também não se pode renunciar à presença dos pais e atender exclusivamente a criança sobretudo criança adolescente dependendo
da de uma certa idade é funcionamento é diferente mas a gente também precisa entender que tempo do sujeito é esse em que é possível prescindir a presença dos pais mas a princípio não se pode eh em absoluto renunciar à presença dos pais e atender exclusivamente a criança porque isso levaria um impossível do analista manter o seu lugar de analista Afinal o lugar onde os pais deveriam estar vai est um tanto quanto desorganizado perdido Então a partir dessa recomendação né de não repetir esses erros citados esses quatro erros de diagnosticar os pais interpretar os pais chamar
os pais excessivamente obrigar os pais a procurarem tratamento como condição para tratar os filhos ou seja para não repetir esses erros citados a pergunta que fica é Então como que eu devo proceder com os pais na clínica com crianças adolescentes eh e para proceder com os pais na clínica com crianças adolescentes eu preciso entender os acontecimentos da contemporaneidade e que dos últimos anos para cá tiveram mudanças ainda mais interessantes e mais rápidas então o percurso que eu pretendo fazer nesse curso de quatro encontros é sobre as entrevistas preliminares com os pais do sujeito Qual o
lugar dos Pais diante os tempos do sujeito os pais diante das estruturas do sujeito e os pais diante de um tratamento que começa que continua e que termina então vamos conversar um pouquinho sobre Eh esses pais paraa gente poder ter clareza no atendimento da criança do Adolescente tendo feito esse percurso agora eu queria que a gente fosse conversar um pouco queria saber sobre as perguntas que perguntas que nós temos bom a Sandra Teresinha Adam pergunta se um pai nunca pega um livro para ler como é que pode pedir para que seu filho Leia eles são
eh espertos e percebem que há uma contradição entre palavra e ato perfeitamente Sandra exatamente isso que eu tô apontando eh os pais eles são uma referência não são uma imposição quando os pais eles nunca abrem o livro mas diz dizem abr um livro e leia eh eles não percebem que eles estão tentando impor algo em que a própria referência não se construiu Você tem toda a razão inclusive em relação aos celulares é muito complicado e essa coisa de você dizer pra criança saia do celular Enquanto todo o restante da família adulta tá lá rodando tela
o tempo todo é difícil você dizer pra criança que ela precisa almoçar sem mexer no celular enquanto estão todos mexendo ao mesmo tempo né né mas vamos continuar qual que foi a próxima pergunta a Sandra tinha colocado mais uma qual que foi ah eh o futuro da da infância tornar-se um consumidor capitalista exatamente Então veja eh isso é uma coisa preocupante eh a infância em si parece estar sendo um tanto quanto esmagada e a adolescência ampliando eh me chama muita atenção até se você olhar as livrarias fechando e falindo a livraria Cultura em São Paulo
que era enorme tinha aquele dragão lindo para poder brincar fechando as lojas de brinquedo fechando e as lojas de celulares abrindo Ou seja a Quando você vê a lista do que as crianças querem eh no dia das crianças ou no Natal elas fundamentalmente querem adquirir os mesmos objetos de desejo dos pais e o grande objeto de consumo dos pais tem sido o celular não vai ser diferente ente pra criança o grande objeto que ela também quer acessar e consumir também essa mesma tela inclusive uma coisa importante embora a gente faça recomendações recorrentes de que a
criança não deve ter tela muito jovem por exemplo uma criança de zer a 2 anos não deve ser entregue a ela o celular a TV lá na parede até pode mas o celular não pode porque a criança tem a tendência a trazer o celular muito próximo do olho levando a danos físicos danos de desenvolvimento psicomotricidade uma série de consequências Então seria interessante também repensar o que que tá acontecendo com essa entrega antecipada de telas para interação eh das pessoas que moram naquela casa e também para aquele corpo que recebe essa proximidade tão grande de estímulo
e restrição tão grande de estímulo vamos continuar qual que a próxima pergunta aos pergunta se percebe que os pais precisam de terapia poderá ser indicado um analista da mesma Clínica onde atendida a criança pode Sem problema nenhum não tem nenhum problema eh quando a criança sobretudo quando a criança é pequena ou o adolescente conflitivo não é interessante que seja a mesma pessoa que atend a criança e atend os pais até porque os pais vão confundir eh no tratamento quando eles estão ali na posição de sujeito a ser tratado e quando eles estão ali eh eh
na posição de pais a serem orientados né Eh agora dentro da mesma Clínica não tem problema nenhum não tem problema nenhum porque o sigilo vale e vale muito ou seja eh é feito um contrato ali dentro com a criança assim como vai ser feito ali com os pais de que o que se fala ali naquele contexto de análise é sigiloso e só sai dali se eles levarem eh os colegas de trabalho que atuam na mesma Clínica não vão levar para fora daquele contexto da do consultório esse conteúdo então não tem problema agora sobre encaminhar os
pais Eu só coloco que isso não pode ser uma condição eh quando você percebe que os pais precisam de terapia é interessante você manejar de modo que os pais construam essa demanda ou seja ao invés de você inferir você precisa de tratamento é interessante que na entrevista com os pais na conversa com os pais sejam colocados pontuações em que os pais perguntem parece que eu não tô legal Será que eu preciso de tratamento E aí sim você pode dizer se você está dizendo me parece que sim quer encaminhamento Ou seja é é é muito M
importante que se construa ali no manejo um um um certo modo para que os pais demandem esse encaminhamento e não você faça como uma imposição próxima pergunta o o Marcos Coutinho pergunta qual que é o lugar da educação formal institucional nessa reflexão sobre o lugar dos Pais na clínica Marcos excelente pergunta como sempre essa questão da educação é uma coisa que nos preocupa muito por exemplo eh a gente tem notado do que as escolas estão também muito desnorteadas e desbo soladas tanto que eh alguns acontecimentos dentro da escola que antes eram resolvidos no contexto da
escola hoje eh o mínimo acontecimento a escola já chama os pais de tal modo que a escola muitas vezes nem tem a chance de resolver naquela sociedade naquela convivência naquele funcionamento determinados problemas Esse é um ponto um segundo ponto muito importante eh os grupos de WhatsApp das turmas Então você tem ali um grupo de WhatsApp que não pertence à escola mas que as turmas formam até para passar trabalho tarefa Cola e tudo mais eh e que o que é compartilhado nesses grupos de WhatsApp trollagem bullying Enfim uma série de de conteúdos conteúdos inclusive problemáticos conteúdos
extremistas eh São compartilhados num num canal que a escola não tem eh controle ou responsabilidade mas que aquelas crianças se encontram Porque estão na mesma escola e os pais vão printar e exigir uma responsabilidade da escola e a escola também vai devolver pros pais essa responsabilidade de tal modo que a criança fica ali como se ela própria não participasse da coisa toda que ela participa efetivamente então o lugar da educação formal institucional na reflexão desses lugares dos Pais eh implica em que talvez é necessário que a gente reveja algumas Invasões então nós temos eh por
exemplo no caso específico de autista de do dos autismos a a a invasão muitas vezes na escola de que a escola não pode se organizar eh para receber essa criança do modo que ela entende por seu projeto político pedagógico para receber a criança então tem uma inferência às vezes complicada e de outro lado também a escola que não se sente autorizada a resolver determinadas questões no contexto da escola e antecipa chamar os pais muito rápido mas eu tenho a impressão de que há um ponto em comum eh a escola é um grande outro os pais
são um grande outro e ambos estão um pouco desnorteados sobre essa função na contemporaneidade próxima pergunta a Cristina varenga pergunta eh qual tem quando tem conflito na justiça e a mãe não quer que a criança tenha contato com o pai devemos atender essa demanda de não atender o pai é um tema muito polêmico que inclusive vocês devem estar acompanhando as matérias do intercept eh um jornal muito sério que fez uma série de três matérias sobre a questão da alienação parental eh se não leram vale a pena eh ler são três matérias importantes eh porque essa
esse conflito na justiça e a mãe não quer que a criança tenha contato com o pai eh entra em um buraco jurídico tanto quanto problemático eh porque quem é que vai atender essa demanda é tem sido solicitado aos psicólogos que tomam essa decisão que tomem essa decisão Mas é uma decisão muito complicada de que os psicólogos tomem eh porque é quase impossível que você consiga juntar todos os dados por uma decisão tão séria né Eh eh agora um ponto muito importante sobre não ter ou ter ou não ter contato com com o pai no caso
não se não for alienação se for alienação parental você tem que ter Obrigatoriamente contato com todo mundo eh se por acaso aventurar Fazer uma avaliação de alienação parental é necessário que se converse com a criança com a mãe com o pai de preferência com instituições que não tenham um laço afetivo direto como por exemplo escola é necessária uma avaliação razoavelmente grande para ser uma avaliação séria agora em relação ao atendimento da criança eu colocaria isso em questão Então se essa se essa criança vem para atendimento se entrevista a mãe Eh é necessário colocar-se em questão
por que não fazer essa entrevista também com o pai eh então se há uma recusa de que ordem é essa essa recusa se a recusa é judicializada E aí você vai analisando inclusive se você vai continuar nesse trabalho ou não agora atender a demanda prontamente nunca Sem questionar aí fica uma frase bem simples a demanda é feita para ser recebida não para ser atendida né então nem toda a demanda que chega dos Pais deve ser prontamente atendida é fundamental que quando os pais Tragam Uma demanda coloque ela no no campo da do questionamento do enigma
vamos construir um saber sobre ela eh a demanda ela chega pronta do lado de fora e é necessário que ela seja construída no processo de análise ou seja aquilo que os pais trazem como demanda do lado de fora A gente vai escutar como queixa porque a demanda propriamente dita será construída no contexto de análise não sei se eu respondi Cristina quem mais a Rose pergunta eh nas entrevistas iniciais da criança de pais separados devo conhecer o padrasto o pai mudou para longe e nem fala pro filho onde mora o último contato com a criança por
celular eh sobre o celular uma coisa interessante nos tempos atuais as entrevistas com os pais podem ser híbridas Ou seja é possível fazer entrevista com os pais com os pais que estão na localidade de um modo presente é possível fazer entrevista com os pais que não estão de modo online de tal modo que só realmente se o pai não quiser participar do processo que ele não vai participar porque ele estando longe é possível fazer a entrevista com com o pai de um modo online não não vejo nenhum impedimento para isso eh essa questão da da
criança de pais separados e se deve incluir o o padrasto ou não depende da criança a gente tem que apostar aí no universo em que a criança nos apresenta então se a criança apresenta um universo em que a figura do padrasto é essencial é é absolutamente relevante eh é uma figura que funciona ali na articulação dessa criança com o mundo sem dúvida participa do Mundo da Criança participará do tratamento então Rose a questão é eh a princípio não sei o que eu posso te dizer é Conheça o Mundo da Criança e os elementos que que
colaboram para esse mundo se o padrao vai participar ou não depende justamente desse ponto se o padrasto aparece nos jogos e brincadeiras da criança se o padrasto aparece no saber da criança ele vai aparecer inevitavelmente na sua Clínica também para para conversar ok que mais a Roberta Ed pergunta Boa noite professora você poderia indicar texto sobre a relação de pais e a escola na contemporaneidade tem uns textos interessantes a Universidade Federal de Minas Gerais tem uma sequência de textos muito interessante sobre psicanálise e educação eh nas coletâneas organizadas pela an thago então eh a gente
tem o que que esse menino tem eh sobre o cen Então temos alguns materiais bem interessantes Procure aí os textos organizados pela Ana l de Santiago professora da UFMG que ela trabalha justamente com psicanálise e educação eh e aí você tem um material muito interessante inclusive como lidar com conflitos na escola com escola e violência com a questão dos diagnósticos de TDH na escola ela tem coletâneas bem interessantes nesse sentido Roberta que mais a Fernanda Paula pergunta como agir com uma criança de 11 anos que pensa em tirar a própria vida eh então Fernanda na
verdade a a uma criança que pensa em tirar a própria vida uma criança que já até tentou eh é curioso porque ela a 11 nem é o mais novo a gente tem crianças muito mais novas do que 11 anos eh que chegam com essa questão ou que chegam após essa tentativa mas eh aí eu vou pedir para você esquecer um pouco a questão da idade e pensar no Sujeito como atemporal então ao invés de eu pensar como agir com uma criança de 11 anos que pensa em tirar a própria vida Vamos pensar o que eh
o que fazer diante de um sujeito eh que pensa em tirar a própria vida se eu penso o sujeito como atemporal eh e não como uma criança de 11 anos eu consigo escutá-lo melhor porque às vezes Ah se supõe que uma criança de 11 anos é nova demais para entender determinadas questões como por exemplo sexualidade e morte e no entanto essa criança de on já tá querendo se matar ou seja ela não é nova demais porque a idade não a define Então acho que o ponto fundamental é escute esta criança de 11 anos como você
escutam o sujeito sujeito atemporal um sujeito que tem alguma questão que já chegou próximo a essa questão tão essencial pro ser humano que é a morte agora eh muito comummente eh Há um saber por detrás disso então por exemplo e uma criança que isso aconteceu na numa UPA uma criança que chegou na UPA também aos 11 ela tinha 12 na verdade 12 anos que tinha tentado se matar quando e eh depois da da Lavagem tinha sido o remédio eh quando ela acordou que fomos perguntar para ela né O que que aconteceu porque que você queria
se matar ela disse eu queria me matar Porque eu não gosto do meu cabelo e aí nesse eu não gosto meu cabelo a gente entendeu o que que tava acontecendo ela tava sofrendo violência escolar por causa de racismo e E aí então você já tem uma diretriz ali para poder eh conduzir o tratamento algo extremamente importante que te direciona o tratamento Então essa criança de 11 anos que quer tirar a vida como a gente bem sabe não é a vida que ela quer tirar é é muito comum que ela queira parar um mal-estar um sofrimento
que lhe é insuportável tentar descobrir que sofrimento é esse no caso dessa menina por ex exemplo eu quero me matar Porque não gosto do meu cabelo o sofrimento que lhe era insuportável era o racismo que ela estava submetida na instituição de ensino que ela estava Espero que tenha ajudado Fernanda quem mais bom acho que encerramos as nossas perguntas não é isso tendo encerrado Então as nossas perguntas ó a gente gravou uma hora certinho eh eu queria agradecer então a presença de todos vocês se vocês quiserem conversar um pouco mais sobre essa questão da clínica de
crianças e adolescentes e sobretudo o manejo com os pais e acho muito interessante a gente pensar nisso a contemporaneidade impacta sobre como são os pais e impacta como S Como são os filhos e impacta nessa relação entre pais e filhos e tem algo muito interessante acontecendo que na época do Freud melan Klein Winco Doutor eh em outras épocas a gente havia uma tinha uma distinção mais clara inclusive geracional entre pais e filhos curiosamente na contemporaneidade essa diferença não está tão Clara mais Pais e Filhos se encontram em tempos razoavelmente próximos em relação a algumas questões
e isso impacta no funcionamento da Clínica bom peço para vocês então participarem daí paraa frente pra gente poder conversar mais uma boa restinho de quarta-feira bom descanso para todo mundo obrigada por terem comparecido tchau oh