TV PUC-Rio: A “escrevivência” na literatura feminina de Conceição Evaristo

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TV PUC-Rio
Ganhadora do Prêmio Jabuti, Conceição Evaristo é referência internacional por sua contribuição nos d...
Video Transcript:
[Música] conceição evaristo é uma escritora que contribui incansavelmente para o debate sobre as questões essenciais de classe e dizendo vencedora do prêmio jabuti em 2015 na categoria contos e crônicas a escritora tornou-se referência internacional por sua escrita feminina e negra no brasil ela participou do ciclo de debates na caixa cultural que falam sobre a escrita da mulher e agora conversa com a tv puc rio primeiramente obrigado por participar aqui com a gente e a senhora cresceu em uma favela em belo horizonte né e escrevi sobre as dificuldades que passava no dia a dia de que
forma essa relação com a palavra desde cedo se reflete na literatura que a senhora faz hoje olha eu é como você falou eu tenho dito e reafirmo início até com um certo orgulho eu nasci rodeada de livros eu nasci rodeando de palavras eu acho que que essa condição é essa situação particular e da qual eu não uso tanto ela puxou meu ouvido por exemplo tem um encantamento para falar com as palavras eu sou apesar presente eu não sou uma pessoa que tenho pendências para a música eu não sei dançar eu não sei cantar mas várias
pessoas afirmam que o texto é muito melodioso então a cadência das palavras é é me encanta muito é o ritmo preste muita atenção no ritmo das frases normalmente o meu texto é quando eu tenho tempo quando eu quero experimentar como está o texto eu leio o texto alto para eu mesmo a escutar e também é aliada como eu sou mineira em minas é muito marcado pelas culturas bandas eu gosto muito de lembrar onde levar para o texto também palavras que a minha família ainda fala muito e são palavras de origem manta e isso causa também
o ritmo ao texto as línguas africanas são muitos jornais também e e eu gosto eu gosto muito de que eu até vou chamar essa gramática do cotidiano trabalhar em cima dessa gramática do cotidiano aproveitar mesmo um iguais um linguajar do povo tão linguajar que eu conheço bem como a senhora vê a mulher negra hoje inserida na literatura brasileira pois é essa é uma grande história né eu acho que se a gente for pensar na representação das mulheres negras literatura brasileira nós vamos ver uma série de estereótipos que nem dá tempo de enumerar enumerar aqui hoje
principalmente a partir de uma autoria afro brasileira a partir de uma autoria de mulheres negras nós é é um exercício até consciente de escolha mesmo ddd elaboração dessa personagem é não vamos dizer que muitas vezes a gente até não pode cair o tt alguma herança de estereótipos que nós nós fomos formados dentro dessa literatura que nos tirou de pisa então por mais que a gente esteja atenta em alguns momentos a gente veja lá também mas é um grande desejo de construir é essas personagens é negras de uma outra forma colocar as mulheres no centro é
no centro da cena colocar sentimentos nessas mulheres não somente uma sexualidade porque isso marca muito né essa representação da mulher negra não só a representação literária mas o imaginário tempos em que a sociedade tem em relação às mulheres negras ea gente procura justamente colocar essas mulheres negras no centro da cena trazer é trazer seus finos pará também para comporem aquele aquele universo literário e borra mesmo com essa imagem que te persegue a literatura baiana a literatura brasileira rita baiana gabriela cravo e canela e outra janela é a senhora se tornou uma referência internacional na de
uma literatura que aborda as questões médicas questões de gênero é quais eram suas referências quando a senhora começou a escrever quando era criança ou adolescente é aí é você ver as minhas referências na verdade não eram referências negras porque se hoje essas referências negras elas ainda são escassas na literatura é imagine quando eu era quando eu era menina não era é é eu não conhecia as referências negros na literatura aliás a a a única personagem negra que eu conheci na literatura quando era pequena era foi o livro livre mesmo se era uma boneca a mulher
que a presença de lair lisboa oliveira eu até uma vez teve uma dramatização na escola eu estava como os sete anos até mesmo estilo bonequinha preta então a infância não não teve essa referência de de essa referência no texto escrito é de personagens negras eu não sabia de autores de tanto de autores como de autores negros e com deus já chego no ginásio aí sim madrid machado de assis e já e na faculdade ea bóia independente disso eu encontre os personagens lei mas é de assis lima barreto esses mais conhecidos é o cruze souza mas
é esses personagens sol eu só vou pensar esses personagens a partir de 1o esses autores alianças só vou pensar esses autores apesar de uma perspectiva negra quando eu estou aqui no rio de janeiro no movimento social negro esse é mesmo é no movimento social negro eu vou pensar eu vou inclusive conhecer maria firmina dos i é que eu conhecia o uso escritores é é das antigas colônias colônias portuguesas por exemplo a mochi meta por descobrir algo se neto com o livro ponhamos da liberdade angolana foi conhecer dentro do movimento social negro porque no curso de
letras também comecei meu curso de letras em 76 eu que já no curso de letras e eu comecei a trabalhar com a representação do negro na sociedade brasileira na sociedade na literatura brasileira mas não faz parte da minha formação pelo menos até a graduação em santorini é grande ea senhora acredita que exista uma diferença na literatura produzida por homens e por mulheres olha acreditam em determinados aspectos eu acho que pop que assim mais a é justamente a parte religiosa sem silva se a autora coloca lhe toda sua subjetividade no texto eu acho que pode marcar
a diferença mas às vezes quando pensam também que isso é uma escolha mas é se ela quiser escrever as suas experiências como mulher o deixar o seu texto se contaminar com essa experiência é eu acho que essas que essa diferença pode pode existir sim é a o seu tento falam sobre a escrever vivência seria isso consciente que vivencia essa história é tem rendido uma série é uma série de pensamentos mesmo é de pergunta o que seria se essa escrevi vivência e é interessante quando eu uso esse pelo uso de uma forma muito natural eu não
tinha intenção de criar conceitos nenhuma e na verdade previdência a gente pode pensar que eu tenho dito tudo o que eu escrevo é alusiva pra minha própria escolha é do mestrado que eu fui na puc é com a professora tem na coco é amigo meu o meu doutorado é tanto a mim os textos ensaísticos eu crio ea minha literatura e e o meu texto literário é a minha produção literária ela é profundamente marcada pela minha condição de mulher negra que dizem é essa minha condição de mulher negra na sociedade brasileira de mulher negro e uma
das classes populares essa minha condição ela vai interferir no que eu quero narra na mídia naná como eu quero construir é essas personagens o que eu quero levar o texto que eu acho que o pib que deve levar para o texto então isso é isso é muito é uma escolha que está muito relacionada com a minha vida não é com a minha experiência pessoal com a minha subjetividade e isso não significa que tudo que eu escreva eu vivi até porque eu teria de ser múltipla nesta teria de se eu fosse viver tudo o que eu
escrevi eu seria uma mulher multifacetada né seria homem seria criança seria velho seria hétero seria o mesmo então não quer dizer que eu não quero que todos vocês que tudo isso eu tenho vivido agora a a vida é realmente a vida o cotidiano os acontecimentos as histórias que eu escuto a algumas experiências que eu vivi isso é realmente o arcabouço da minha literatura no texto literário é a senhora demorou e 20 anos para publicar o seu primeiro livro isso foi um problema com as questões acredita que está 11 envolvidos nesses fatos olha eu mandei esse
livro para algumas editoras de impressão que voltava do mesmo do mesmo modo que fui é não tinha é como se diz uma carta de apresentação não era conhecido de nenhum grande autor ou autora que pudesse é uma carta de apresentação é não conhecia ninguém que trabalhar na editora que meu material chegasse essas coisas têm tem temos tempo nem fala abrem caminhos não conhecia nenhuma pessoa na editora que meu material chegasse esse material comece pudesse ser lido então este material ajude impressão que esse material da mesma maneira que ele chegasse que ele chegava ele voltava e
ora se eu fosse uma pessoa por exemplo sobrinho do escritor total hoje a minha família eu conheci um gol aqui no rio conhecido escritor tal é talvez é esses textos passariam pelo menos é seriam lidos e naquela época lá recebi um texto de conservar isso que aconteceu em uma área extensa quem é e talvez 11 torno professor pessoas que fossem da literatura também é não estava muito preocupado que poderiam talvez até em dizer leva numa editora tal essas pessoas também não estavam muito a gente preocupar é se a senhora acredita que os autores negros brasileiros
nós ficamos são poucos estudados é a obra deveria ser incorporada no no currículo do das universidades por exemplo é porque o que a gente vê com os autores africanos quente é muito tempo eu terminei o meu doutorado e já tem 15 anos então estou fora da universidade mas o que a gente vê com os autores africanos ou com esses autores brasileiros eles são estudados depende muito mais por exemplo os cursos de literaturas africanas foram curso que as pessoas tiveram também uma certa dificuldade nas professoras pioneiros tiveram também uma certa dificuldade para implantar os cursos de
literatura as africanas e o que tinha e hoje a gente tem até uma gama é considerado hoje o considerável em termos de qualidade hoje a gente tem uma gama considerável de pesquisadores e de pesquisadores que se interessam tanto pelas literaturas africanas como também por essa autoria negro brasileira mas ainda são situações pontuais um pesquisador alguns pesquisadores da ufmg alguns de brasília alguns daqui dadão efe na ufrj alguns da usp e se eu tô pensando ou falando também de literaturas africanas de língua portuguesa então nós temos essa gama que é uma gama que quais uma escolha
pessoal ian e sem sombra de dúvida eu acho que quando a gente pensa é que a literatura ela ela tem uma relação é direta apesar de ser um fenômeno autônomo mas ela pode ser lida também como como um texto que traz a identidade do teu povo então lê a literatura brasileira por exemplo desprezando determinadas obras de edifícios utilizando determinados autores é de uma nacionalidade capenga né muito obrigado é encantadora senhora fala bruno barros para tv porque ia [Música]
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