Você sabe o que é um surto psicótico? Comenta aqui embaixo o que você acha que é. É bem provável que você já tenha visto alguma representação de um surto em filmes, séries ou livros, mas será que essas representações refletem bem como isso tende a ocorrer na prática?
Oi! Eu sou André, tenho doutorado em psicologia, e hoje quero te contar um pouco sobre o que é um surto psicótico. Vou explicar quais são algumas das experiências mais comuns durante um surto e que fatores costumam desencadeá-lo.
Se você gostou do assunto que a gente escolheu abordar hoje, não deixa de clicar no joinha aqui embaixo, comente a sua opinião, inscreva-se no canal e siga a gente nas redes sociais, inclusive lá no Tik Tok. Um episódio psicótico, episódio de psicose ou surto psicótico, como é mais conhecido, é qualquer experiência na qual a pessoa viva uma grande dificuldade em diferenciar o que é real do que não é. Durante essa experiência, as percepções e os pensamentos do indivíduo podem se tornar muito confusos, fazendo com que seu comportamento se torne mais imprevisível e incoerente com as expectativas sociais.
Os principais sintomas vividos durante um episódio psicótico são os delírios, as alucinações, o discurso desorganizado e o comportamento grosseiramente desorganizado, incluindo o que é conhecido como catatonia. Esses sintomas psicóticos são exibidos por muitas pessoas e não apenas por quem possui um transtorno como a esquizofrenia. Eles costumam ser transitórios para cerca de 80% das pessoas que os vivenciaram alguma vez.
Uma parcela menor dessas pessoas apresentam sintomas psicóticos de forma persistente ao longo da vida e uma parcela menor ainda desenvolve algum transtorno psicótico, como o transtorno delirante, por exemplo. Um episódio psicótico envolve diferentes tipos de experiências incomuns a depender de cada pessoa e situação, embora as experiências mais extremas, como ouvir vozes falando para alguém cometer um crime, sejam mais conhecidas. É comum a ideia de que alguém vivendo um surto psicótico é perigoso, mas a verdade é que as chances são muito maiores dessa pessoa sofrer alguma violência dos outros por conta dos seus comportamentos atípicos do que praticá-la.
Alguns fatores aumentam a probabilidade de que alguém vivencie um surto psicótico. Um deles é possuir certos transtornos mentais, sendo que pessoas com transtornos depressivos ou de ansiedade têm o dobro de chance de passar por isso do que aqueles que não têm nenhum deles. Casos mais graves do transtorno bipolar podem envolver sintomas psicóticos, como delírios e alucinações.
Como explicamos em outro vídeo, o consumo de certas substâncias ou medicamentos dá início a episódios psicóticos em alguns indivíduos. Nesses casos, é possível que a pessoa desenvolva o transtorno psicótico induzido por substância ou medicamento. Indivíduos com um histórico familiar de esquizofrenia possuem uma chance muito maior de vivenciar um episódio psicótico, embora o histórico sozinho não garanta que a pessoa vá passar por isso.
Episódios psicóticos são mais comuns entre aqueles cujas mães vivenciaram mais adversidades uterinas, como infecções ou inanição durante a gestação, ou que apresentaram mais complicações obstétricas, como o parto prematuro. Outros fatores que predispõem alguém a um surto psicótico são a privação do sono, fazer parte de grupos minoritários, viver em regiões urbanas, isolar-se dos outros ou passar por experiências muito estressantes. Se você vive em uma região urbana, as chances são maiores de que você seja exposto a drogas, experiências de exclusão, discriminação e conflito com os outros.
Tudo isso pode desencadear um episódio de forma bem inesperada. Fazer parte de grupos minoritários ou ser imigrante em um país frequentemente predispõe muitos a serem mais excluídos, discriminados, terem menos amigos e uma chance menor de conseguir um emprego. Ter pouca convivência com os outros de maneira mais próxima, por um período prolongado e ainda por cima ter uma rotina muito estressante faz com que algumas pessoas percam com maior facilidade o contato com a realidade.
Enquanto alguns vivem apenas um único episódio psicótico momentâneo, outros os vivenciam por mais tempo. No transtorno psicótico breve, por exemplo, a pessoa apresenta de forma repentina um ou mais sintomas psicóticos. Esses sintomas duram de 1 dia até 1 mês e não resultam do consumo de alguma substância, medicamento ou condição médica, como um hematoma na cabeça que a pessoa desenvolveu depois de batê-la com força no chão.
Antes de uma pessoa chegar a esse ponto, é comum que ela exiba sintomas mais leves e que costumam passar despercebidos, os quais são conhecidos como sintomas prodrômicos. Depois de um surto, também é frequente que ela apresente sintomas residuais por algum tempo. Tanto os sintomas prodrômicos quanto os residuais podem se manifestar de várias formas.
Talvez a pessoa tenha crenças incomuns, como achar que está sendo vigiada, mas que não chegam ao nível extremo de um delírio. Outras possibilidades são ela apresentar uma grande oscilação de humor, muita ansiedade, confusão, cansaço, experiências perceptuais incomuns ou ficar mais isolada dos outros do que o normal. Esses sintomas também são apresentados por quem vive outras condições, o que dificulta antever o risco de um episódio psicótico apenas a partir deles.
Se você anda vivenciando sintomas psicóticos como os que descrevi ou conhece alguém que está passando por algo assim, aqui vão algumas dicas que podem ajudar. Dica número 1: se você apresentou algum sintoma psicótico recentemente, procure o apoio de profissionais da saúde. Pode ser muito desgastante e contraprodutivo lidar com sintomas psicóticos sem ajuda profissional.
Um psiquiatra pode recomendar medicamentos capazes de amenizar sintomas atuais, enquanto um psicólogo ajudará a pessoa a entender melhor tudo o que aconteceu, lidar com as consequências do surto e prevenir o surgimento de novos surtos. Dica número 2: para prevenir a ocorrência de episódios psicóticos, cuide da sua saúde física e mental. A privação do sono, por exemplo, é um fator de risco para viver um surto, assim como possuir transtornos depressivos ou de ansiedade.
Por isso, fazer coisas como melhorar a qualidade do seu sono, praticar atividades físicas regulares e desfrutar da companhia de bons amigos são algumas formas de prevenir isso e muitos outros problemas de saúde, como já explicamos em outro vídeo. Um surto psicótico pode fazer um estrago enorme na vida de alguém, mesmo que sua duração não seja tão grande. Basta alguns minutos de uma grave desconexão com a realidade para que coisas muito ruins aconteçam.
Na maioria dos casos, quem passa por isso e recebe um tratamento adequado corre um risco muito menor de passar por isso de novo. Se você gostaria de aprender mais sobre algumas das descobertas mais interessantes já feitas na psicologia, então não deixe de conferir o meu livro, o "Ser humano: Manual do usuário - As origens, os desejos e o sentido da existência humana". Você pode comprá-lo no link que está aqui embaixo, na descrição do vídeo.
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Hoje te explicamos o que é um surto psicótico e quais são alguns dos seus sintomas mais comuns. Também falamos sobre alguns fatores de risco, como fazer parte de grupos minoritários ou viver em áreas urbanas, e demos algumas dicas do que fazer para lidar com esse tipo de experiência e prevení-la. Se você gostou do vídeo de hoje, não deixa de clicar no joinha aqui embaixo, comenta a sua opinião, inscreva-se no canal e siga a gente nas redes sociais.
Um vídeo que é um bom complemento ao de hoje e que você pode assistir agora é o que a gente fez sobre a esquizofrenia.