Hoje em dia, falamos muito sobre vícios, muitas pessoas são viciadas em todos os tipos de coisas e substâncias, mas um dos maiores vícios, ou o maior vício nunca antes citado nos jornais, porque as pessoas são viciadas nisso e não sabem, é o vício do pensamento. Realmente, não poder parar de pensar é o nosso maior vício. O pensamento não é indispensável para sobrevivermos neste mundo?
Nossa mente é um instrumento, uma ferramenta. Ela está ali para ser usada em uma tarefa específica, e depois, ela pode ser deixada de lado. Sendo assim, eu poderia afirmar que 80% a 90% dos pensamentos não só são repetitivos e inúteis, mas, por conta de uma natureza frequentemente negativa, são também nocivos.
Observe sua mente e verificará como isso é verdade. É realmente viciante não conseguir parar de pensar, é como não conseguir parar de beber, de fumar, de comer. Talvez o pensar compulsivo seja o mais terrível e escravizante de todos os vícios.
Esse vício nos rouba de nós mesmos. O pensar compulsivo, rouba-nos a nossa própria Alma – e com Ela, a serenidade, o discernimento e a sabedoria. Os pensamentos compulsivos apossam-se de nossa mente.
Tornamo-nos, assim, reféns e vítimas de nossos próprios pensamentos incontroláveis. Nossa mente é a ferramenta mais poderosa dentre todas as que dispomos. Sem o controle de nossa mente, tornamo-nos joguetes de nossos pensamentos e emoções inconscientes – e assim, fazemos o mal que não queremos, enquanto que o “bem” que desejamos, somos incapazes de fazer.
Então, Como Pensar Menos? Eckhart Tolle. O momento presente tem a chave para a libertação.
Mas você não conseguirá percebê-lo enquanto você for a sua mente. A boa notícia é que podemos nos libertar de nossas mentes. Essa é a única libertação verdadeira.
Dê o primeiro passo neste exato momento. O principal é a presença. A presença é um espaço sem pensamentos.
A presença é a chave para a liberdade, por isso, você só pode ser livre agora. Aqui e agora. Sua escolha, então, não é entender ou trazer alguma análise intelectual para a prática, mas praticar o estado de não pensar, o que pode ser alcançado de várias maneiras.
Como você provavelmente já sabe, não pense sobre isso, apenas faça. Torne-se mais consciente do momento presente, e aceite-o como ele é, isso desacelera a mente hiperativa. Grande parte da hiperatividade da mente é uma tentativa de fugir da simplicidade do momento presente.
Portanto, pratique tornar-se mais consciente deste momento presente, talvez, tenha pequenos lembretes em seu escritório, em casa ou no carro que digam “momento presente” ou algo do tipo, use um símbolo para isso. Tornar-se mais consciente deste momento presente significa que o pensamento diminui, pode não desaparecer completamente, mas algo mais surge como primário. Chamamos isso de presença, ou consciência.
Os budistas chamam de atenção plena. O pensamento é um pequeno aspecto da consciência. O pensamento não consegue existir sem a consciência, mas a consciência não necessita do pensamento.
Apenas seja a consciência que existe por trás dos pensamentos, aqui e agora. Para estar presente, primeiro, use este momento para se tornar consciente. Como você se torna consciente do momento presente, agora?
Olhe ao redor, onde quer que você esteja, e pratique observar as suas percepções sensoriais sem julgamento, sem rotular ou nomear o que você está percebendo. Retire-se do pensamento e apenas observe as suas percepções sensoriais sem essa interferência compulsiva de nomear o que está acontecendo. Por exemplo, observe uma bela flor, sem a interferência dos conceitos e das palavras.
Apernas observe. E permaneça livre do pensamento. A causa primária da infelicidade nunca é a situação, mas os nossos pensamentos sobre ela.
Portanto, tome consciência dos pensamentos que estão lhe ocorrendo. Separe-os da situação, que é sempre neutra – ela é como ela é. Existe a circunstância ou o fato, e você terá seus pensamentos a respeito deles.
Em vez de criar histórias, atenha-se aos fatos. Em vez de ser seus pensamentos e suas emoções, seja a consciência por trás deles. Existem diferentes pontos de entrada para este momento presente.
. . Digamos, entre agora.
. . e agora, você estava pensando?
E novamente, entre agora. . .
e agora, você estava pensando ou estava presente, sem pensamentos? E enquanto estou falando, você precisa pensar para entender o que eu estou dizendo ou você pode apenas ouvir e entender? Apenas ouça.
Aqui e agora. Tome consciência de um silencioso, mas poderoso, sentido de presença. O que é primário é o estado subjacente de consciência, que é presença.
Esse é o ensino, mas não se pode falar sobre isso. Está subjacente, mas um sinal de que está funcionando é que, enquanto você escuta, não há pensamento, há apenas uma presença alerta. A presença alerta permanece, ela não precisa ser preenchida com nada, como agora.
O que há para pensar? Nada. Apenas permaneça consciente desse sentido de presença.
Depois de um tempo, você pode realmente sentir a presença do presente, por assim dizer, diretamente. Se fizermos isso por mais tempo, em algum momento, sua mente provavelmente começará a pensar: “Quanto tempo mais ele vai ficar sentado aí sem dizer nada? ” E quando isso acontecer, você pode permitir que sua mente pense sobre isso, e depois, volte-se para a presença.
Então, algum outro pensamento surgirá: “Sobre o que é tudo isso? ” E você pode permitir que esse pensamento surja, e depois, volte-se para a presença novamente, o que significa que sua prioridade não é mais seguir o pensamento para onde ele quer te levar. O pensamento tem um apelo magnético, ele quer mais da sua consciência, ele é uma pequena entidade que quer crescer, então, ele quer a sua atenção.
De maneiras sutis, o pensamento tenta captar sua atenção. Pode até usar uma sensação corporal, dizendo: “Estou com fome, de repente, preciso comer algo”. E então, você pensa sobre qual restaurante você vai depois, e a presença se foi.
Você se foi, pois você está procurando um restaurante em sua mente. E isso é completamente inútil, pois você não pode encontrar um restaurante enquanto está aqui parado. O pensamento pode usar todos os tipos de coisas para capturar a sua atenção.
Se você não tomar cuidado, se você não conhecer este mecanismo, você será puxado pela mente. É isso o que a mente faz. A mente vai tentar puxar você.
Tudo bem, é isso o que ela faz. Quando você sabe disso, você pode permitir que um pensamento surja, sem segui-lo para onde ele quer te levar, que é para outro pensamento maior e maior ainda. Limite-se a observar seus pensamentos, como se fossem nuvens passando no céu.
Você não faz julgamentos a respeito delas; essa nuvem negra é muito má, essa nuvem branca parece um sábio. Nuvens são nuvens, nem boas nem más. O mesmo se dá com os pensamentos: é apenas uma pequena onda passando pela sua mente.
Observe sem nenhum julgamento e você terá uma grande surpresa. Contemple o pensamento, sinta a emoção, observe a reação. Não julgue, nem analise aquilo que você observa.
Não transforme os seus pensamentos em um problema pessoal. Apenas observe. A essa altura, você sentirá algo mais extraordinário do que qualquer uma das coisas que observa: a própria presença tranquila e observadora que existe por detrás do conteúdo da mente, o observador silencioso.
Através da auto-observação, introduz-se automaticamente mais presença na vida. À medida que se instala o processo de observação, surgirão cada vez menos pensamentos. Trata-se de uma grande conquista na meditação.
Você já tem meio caminho andado, e essa foi a parte mais difícil. Agora, você conhece o segredo, e o mesmo segredo precisa ser aplicado a diferentes objetos. Dos pensamentos, é necessário evoluir para experiências mais sutis – emoções, sentimentos, estados de ânimo.
Da mente para o coração, com a mesma condição: apenas testemunhar, sem nenhum julgamento. A tristeza vem e vai; você não se torna triste. A alegria vem e vai; você tampouco se torna alegre.
O que quer que se mexa nas camadas mais profundas do seu coração, não chegará a afetá-lo. Pela primeira vez, você saboreia algo próximo de um domínio de si. Você já não é um escravo empurrado daqui e dali, deixando-se perturbar ao menor motivo pelas emoções, os sentimentos ou as outras pessoas.
A iluminação, significa chegar a um nível acima do pensamento, e não ficar abaixo dele. No estado iluminado, continuamos a usar nossas mentes quando necessário, mas de um modo mais focalizado e eficiente. Assim, não ouvimos mais o diálogo interno involuntário e sentimos uma enorme serenidade interior.
O passo mais importante na caminhada em direção à iluminação é aprender a nos dissociarmos de nossas mentes. Todas as vezes que criamos um espaço no fluxo do pensamento, a luz da nossa consciência fica mais forte. Quando um pensamento se afasta, percebemos uma interrupção no fluxo mental, um espaço de “mente vazia”.
No início, esses espaços são curtos, talvez apenas alguns segundos, mas, aos poucos, se tornam mais longos. Quando esses espaços acontecem, sentimos uma certa serenidade e paz interior. Esse é o começo do estado natural de nos sentirmos em unidade com o Ser, que normalmente é encoberto pela mente.
Com a prática, a sensação de paz e serenidade se intensificará. Na verdade, essa intensidade não tem fim. Você também sentirá brotar lá de dentro uma sutil emanação de alegria, que é a alegria do Ser.
Para medir, sem errar, o seu sucesso nessa prática, verifique o grau de paz que há dentro de você. Agora, sinta o poder deste momento presente. Sinta a plenitude do Ser.
Sinta a sua presença. Assim que você honra o momento presente, toda infelicidade e luta se dissolvem, e a vida começa a fluir com alegria e facilidade. Quando você representa a consciência do momento presente, tudo o que você faz fica imbuído de uma sensação de qualidade, cuidado e amor – mesmo a ação mais simples.
Nesse estado de conexão interior, ficamos muito mais alertas e muito mais despertos do que quando estamos no estado de identificação com a mente. Agora, estamos presentes por inteiro.