[Episódio] 8. Rua Ângela Diniz

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Rádio Novelo
De onde e para onde. O oitavo e último episódio do podcast Praia dos Ossos vai atrás do legado de Â...
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Tá bom então saiu na Tribuna de imprensa 21 de dezembro 981 Senhor redator eu tive o desprazer de ler uma reportagem nesse jornal sobre um grupo de mulheres que quer combater a violência que elas dizem sofrer o nome desse grupo é s.o.s. mulher e fala em agressões que as mulheres vem sofrendo há muito tempo desde agressões físicas até discriminação no trabalho a minha verdadeira impressão que as mulheres que compõem o grupo não tem o que fazer em casa nem mesmo sexo pois devem ser solteironas ou desquitados classe média extravasando esse complexo através do que dizem
ser uma luta contra a violência só porque uma outra mulher na do levando os tapas de seus maridos Possivelmente com razão era se acha no direito de reclamar e pichar muros de pela cidade vi na foto da reportagem é E durante todo o tempo que a gente passou fazendo esse podcast teve uma entrevista muito importante que demorou mais de um ano para sair e foram muitas negociações a gente chegou a marcar uma viagem que caiu em cima da hora até que ela abriu uma brecha quando a gente já tinha quase desistido e entrevista só aconteceu
com uma condição a flora tão são de vou pesquisadora do paquete teve que ir no meu lugar e numa altura da entrevista a flora pediu para entrevistar da Lei essa carta que foi mandada para o jornal Tribuna da Imprensa pouco depois do segundo julgamento do Doca Street era uma reação a mobilização feminista estou escrevendo Está cada porque não tenho culpa delas não terem conseguido um bom casamento e por isso não sou obrigada a ouvir seu choro aqui em casa não tem nada disso e minha patroa está mesmo preocupada em cuidar das crianças da casa dentro
de princípios cristãos respeitando a propriedade alheia e as vantagens do seu marido Se todos tivesse esse procedimento não tenho dúvida que esse mundo seria bem melhor e as mulheres não estariam por aí colocando minhocas nas cabeças de outras mulheres essa entrevistada era uma daquelas mulheres que andavam botando minhoca na cabeça de outras mulheres que que eu digo sobre essa carta primeiro que não é novidade nenhuma o segundo é realmente a gente tem que ser bem comportada né para não apanhar Então a gente tem que ficar em casa cuidando de criança cuidando do jantar dê-lhe cuidando
da roupa dele e cuidando dele ser feliz isso tudo a gente aprendeu pelos séculos afora não tem nada de novo né e ele tem mais do que ficar com raiva Tem razão tá acabando isso tudo aí Coitado dele Dá pena né a pena essa feminista tinha um bom motivo para não querer ser entrevistada por mim eu me chamo Branca Maria morena Alves sim minha mãe também se chama branca e a mãe dela a minha avó também chamava branca e a mãe da minha vó também chamava branca e a minha mãe me chama de tinha aliás
e por isso você vai ouvir ela EA Flora se referindo a mim desse jeito e ela achou que esse estranho dá o depoimento para mim porque eu já conhecia todas essas histórias da vida dela né é mas eu confesso que para mim também foi um alívio porque entrevista da mãe da gente não é a tarefa fácil o que eu fui na vida eu não sei o que que você quer que eu diga eu não gosto de currículo não eu só digo o seguinte é sempre eu sempre me apresentei assim sou feminista a minha mãe já
militava na causa feminista desde antes da morte da Ângela ela era da mesma turma da hildete Pereira de Melo e tá Jaqueline Pitangui que a gente ouviu em episódios anteriores aqui do Praia dos Ossos então você pode imaginar que a defesa dos direitos das mulheres era uma linha fundamental da minha criação tipo escovar os dentes e estudar para prova mas não dá para dizer que a minha mãe fez de mim e da minha irmã militantes feministas desde criancinha daquela época a gente passava bem ao Largo de tudo isso tudo que eu contei aqui no primeiro
episódio que eu levei um susto quando aflora encontrou os nossos nomes no Manifesto denunciando o machismo na sociedade brasileira logo depois do primeiro julgamento do Doca e e a Jaqueline Pitangui Leandro um trechinho o julgamento de doca expressa a maneira pela qual a sociedade brasileira resolve as relações de poder entre os sexos o sexo masculino aqui representado pelo senhor Raul Fernando de Amaral Street pode impunemente punir uma mulher que não corresponde ao seu papel tradicional é a cara da minha mãe esse Manifesto Nossa mas na verdade nem ela se lembrava de ter assinado aliás e
eu não lembro que que eu tenho aposta junina mas eu devo ter posto essa acho que elas não escreveram elas eram muito meninas e que ano foi isso foi 79 então então aqui eu tinha 17 anos 15 dá para escrever o nome escrever o nome sim mas credo viu eu não partilhava nada disso com elas nada as reuniões eram lá em casa ela senta e todo mundo conhecia elas não sei quer e um cuidar da vida dela estão muito iluminado de você sentar com Setembro tá posso ter feito olha que absurdo essa sentença elas também
não lembro lembro não lembro então eu devo ter acionado delas não sei e o tem menor ideia a gente vai terminar essa série desmascarando nencio seu faria isso nem como é que passaria na minha cabeça fazer isso mas também não vê não me vejo mostrando para elas O Manifesto engraçado né porque elas não participavam de nada nada se bem que em 1975 quando a gente fez o encerramento do ano internacional da mulher aqui nha tinha 13 anos e uma amiga dela que também chamava Branca foram é a única vez que eu me lembro que eu
me lembro que eu fiquei muito feliz foram ajudar a prender os cartazes já a montar um negócio mas depois disso não lembro dela sem nada e Eu até gostaria eu não gostaria que ela estivesse participar de mais É mas não lembro você não é forte a barra Tranquilize força bem homem hoje não e nem sempre espírito de militantes AMD tante eu lembro de achar uma chatice Total aquelas reuniões e acabei seguindo outro caminho a outra vez a minha militância seja outra é o que me interessa mesmo são histórias foi por isso que eu resolvi fazer
o podcast maria-vai-com-as-outras em 2018 para ouvir as mulheres sobre as histórias delas de vida e de trabalho e ir no caso da Ângela Diniz me interessava Justamente a história é a história que eu queria contar nesse podcast é da vida e da morte de uma mulher e dos dois julgamentos do assassino dela a sentença no segundo julgamento do Doca Street foi uma vitória importante para o movimento feminista um símbolo os símbolos de São poderosos mas não são tudo bom a história da mobilização em torno da violência contra mulher e do feminicídio obviamente não acabou ali
no tribunal de Cabo Frio em 1981 e hoje a gente vai tentar fazer um balanço Que tipo de Vitória foi essa Afinal como ficou o legado da Ângela e o que a gente pode fazer com tudo isso eu sou a Branca Viana e esse é o Praia dos Ossos e [Música] o episódio 8 Rua Ângela Diniz e a braveza fatos a que acabam modificando A Lei e EA conduta das pessoas Esse é o Fernando Fragoso filho do Heleno Fragoso que auxiliou acusação no segundo julgamento do Doca a gente sentou com ele em 2019 e nas
entrevistas que eu fiz sobre o legado do movimento quem ama não mata sempre vinha um ponto muito claro o fim da legítima defesa da honra que lembra nunca constou do Código Penal mas era. Pacífico nos argumentos dos Advogados eu e o Fernando Fragoso me disse que mesmo sem uma mudança na lei o movimento feminista conseguiu desmoralizar esse argumento Dinis nem uma notificação legal mas uma modificação de mentalidade significativa a partir desse desse fato Cruzeiro em alguns advogados continuem usando legítima defesa da honra mas não leva até usam mas eu acho que eu acho que também
Soluções em E aí [Música] Olá meu nome é João Batista Cardoso eu sou advogado criminalista já há mais de três décadas já 30 anos advogado criminalista e ele ficou totalmente em Apucarana Norte do Paraná mas também tem um escritório e parcerias em Curitiba e Florianópolis a gente foi procurar o João Batista por causa de um caso que aconteceu em Apucarana em 1988 trouxe de 12 homicídios triplamente qualificado os dois um contra cônjuge que era a esposa do João Lopes a Terezinha que foi quadrada na Constância do casamento ele suspeitou de que a esposa dele ia
sair de uma tarde de casa arrumada tudo bem parece que existia no comércio e ele deve ter seguido ela encontrou a mulher depois entrando num num hotel no centro a idade madura no centro da cidade de Apucarana E aí ele esperou achou que ela tava querendo um emprego esperar uns 40 minutos e e Chegou na portaria porteiro falou que ela tava no quarto lá com a pele e eles apresentam que ela vai eu tenho que entregar uma carteira de trabalho logo assim para ele e foi entender como é que está a situação aí depois ele
foi lá com ele quando abriu a porta esposa estava nua sobre a cama e o [Música] terceiro tava de cueca e ela na cama e ele sacou de uma faca que portava e 16 facadas no no rapaz lá dentro do quarto dele enquanto ele só que a vai uma coisa luta corporal com ele a Terezinha conseguiu pular por cima dos dois numa ganhou o corredor do hotel ganhou a rua saiu correndo mas ele é per Oi e da continha hospital onde é que ela tava tentando entrar ela existir duas facadas nas costas dela e ela
quando ele caiu lá então ele tem o João Batista foi o advogado do João Lopes o assassino ele contou aqui a população tinha ficado revoltado com a brutalidade do crime mas o argumento dele na defesa era de que marido teve motivo para fazer o que fez a defesa da honra e alegria no nosso código penal Deixa eu perguntar uma coisa que eu não entendi direito a defesa a defesa alegada então foi legítima defesa da honra pela Adultério da mulher mas você falou que isso não existe no código penal né como é que funciona direito de
direito no código penal não é É mas não me senti na defesa da honra do nariz ferido por dentro do carro da mulher só aqui no Brasil imenso dentro de si mesmo país que nós devemos existe no antes Brasil que o adultério no Rio de Janeiro em São Paulo e Florianópolis Belo Horizonte e Fortaleza em algumas capitais algumas capitais do Brasil é o adultério do marido da mulher não fere a honra do cônjuge no interior do Paraná naquela época gente ficar Ana o sujeito usado eu já tá na rua como um corno uma série de
pejorativos e fica e às vezes um homem ou a mulher uma violenta emoção pode defender-se troca achando que tá defendendo a própria ó bom então ela existe no código penal mas no tribunal do júri todas as princesas e argumentações podem ser pode ser arguida por quê Porque era mesma história que a gente tinha ouvido no primeiro julgamento do Doca a ideia da inexigibilidade de Conduta diversa quer dizer não se esperava outra conduta dele e naquele contexto cultural os advogados argumentaram que ao ser largado e chamado de cor no o doca só podia reagir de uma
forma para o João Batista Cardoso o João Lopes também não tinha outra opção quando ele pegou a mulher na cama com outro cara o argumento da legítima defesa da honra continuava colando sete anos depois da condenação do Doca e quando o João Lopes foi levado a julgamento pela morte da mulher e do amante o movimento quem ama não mata já tinha quase uma década ele foi absolvido e saiu do Tribunal do Júri junto unido o João Lopes não teve só uma redução da pena como Doca ele foi absolvido é mais assim como no caso do
Doca o veredito foi derrubado por um Tribunal Superior primeira linha Apucarana luxury foi absorvido e segundo no tribunal de justiça foi absorvível e não terça-feira em Brasília foi cassada o julgamento ele foi mandada novos olhos nesse novo júri teve uma mobilização Nacional porque foi a primeira vez que o Supremo Superior Tribunal de Justiça que não consegui entre eles ficam Jesus começa a crise Nacional dois lotes em conhecendo que tinha que socialmente existiria essa legítima defesa da honra primeira vez no início não estava reconhecendo dois lados eu tive essa decisão do Superior Tribunal de Justiça aconteceu
em 91 Oi para o advogado foi uma vitória mas na verdade ele perdeu uma foram dois votos Tudo Encontra trailer com uma sentença do Superior Tribunal de Justiça que é uma sentença que até muito bonita porque eu a vi o outro lado dessa história quando eu conversei com a Jaqueline Pitangui a socióloga feminista que cresceu brincando com a ajuda de lixo lá em BH foi uma apelação não de um julgamento de um assassinato no Paraná que o marido tinha executado a mulher certo então tem uma piu né para a corte maior e esse Ministro diz
que a honra do homem não está na mulher porque a mulher não é propriedade do homem a honra de um homem está nele mesmo no que ele faça e não tem transferível para mulher Então essa sentença ela ela é um longo e não é um longo caminho que o movimento feminista percorreu né no sentido a Jaqueline explicou aqui essa decisão uma década depois do segundo julgamento do Doca consagrou a ideia de que um homem não pode defender a honra de lhe atacando uma mulher É mas o advogado João Batista Cardoso contou aqui as coisas podem
ser bem diferentes na prática e no final das contas mesmo depois daquela decisão do STJ teve outro júri e o povo de Apucarana absorver o João Lopes mais uma vez e a estratégia da legítima defesa da honra ainda é usada hoje em dia ainda é assim ainda é isso aí vai ser eterno tanto do homem como da mulher sabe chegando no ponto não violenta emoção que não te aguenta sabe se defender uma pessoa hoje Dias empresário também que pegou o telefone do celular da mulher e e ela dia anterior tinha saído para ir no aniversário
de uma amiga dela sabe e ele pegou o telefone a mulher domingo e pegou o telefone dela tava assim eu nasci noite maravilhosa que nós tivemos só você demais isso ativos e naquela hora ou ele forno tá no outro quarto pegou uma arma e matou a mulher e daí E aí ela fez as estratégias de ações de promoção ele foi absolvido se eu consigo não foi absolvido mas eu consegui uma desclassificação do homicídio triplamente qualificado para um homicídio privilegiado que é um privilégio logo após injusta provocação da vítima e a pena vai até cinco anos
em regime aberto ele ganhou três anos de pouco mais de quatro anos foi regime aberto e e esse último caso que o João Batista comentou é de 2018 a gente falou bastante por aqui sobre o funcionamento do Júri Depois do primeiro julgamento do Doca teve projetos de lei para reformar ou até acabar com o júri popular para evitar esse tipo de veredito só que eles não foram para frente é claro que não dá para dizer que a culpa é do jurado leigo que se convence com esse argumento nem o advogado que ainda usa essa linha
de defesa é o cerne do problema eles são um sintoma eles são a ponta do iceberg de uma sociedade que entende aqui um cara que suspeita de traição tenho direito de matar a mulher quiser a gente tem que mudar a jurisprudência mas tem que mudar a cultura também mas essa conclusão além de óbvia traz um desafio enorme Como assim mudar a cultura [Música] e no sétimo episódio aqui do Praia dos Ossos a gente contou que o movimento quem ama não mata teve origem na indignação pelo assassinato de duas mulheres mortas pelos companheiros delas no intervalo
de duas semanas e 1980 e agora no espaço de três semanas em setembro de 2019 cinco mulheres foram mortas pelos companheiros em Belo Horizonte e isso virou uma manchete de jornal Oi eu acompanho esse assunto mas eu só fiquei sabendo dessa estatística específica porque fui falar com o juiz Mineiro 1 oh Alô Oi Marcelo é a Branca tudo bem tá assim tudo bem meu nome é Marcelo Fioravante seu juízo sumariante do 1º Tribunal do Júri da Comarca de Belo Horizonte Minas Gerais juiz uma ambiente atua especificamente em crimes dolosos contra a vida né homicídio tentativa
de homicídio E feminicídio eu perguntei para o Marcelo se ele ainda veio a legítima defesa da honra sendo utilizada na cidade onde a Ângela cresceu ele disse que não nos grandes centros muito pouco ou quase nula esse tipo de argumentação segundo ele hoje em dia nas cidades grandes pega mal atacar vítima Hoje em dia a sociedade já vi com um pouco mais de a versão esse tipo de argumento então o argumento de legítima defesa dos cabrado e solução nos crimes no histórico presentão Tribunal do Júri da Comarca de Belo Horizonte já há muito tempo não
se verifica não se presenciamos em tempos de estágio de feminicídio no entanto é nós percebemos ainda quem dá um resquício desse tipo de comportamento de percepção dos fatos mas como outra roupagem com outro tipo de argumentação que a defesa busca para do que outros tipos de benefícios o processo em caso de eventual condenação do réu é o caso citado pelo João Batista Cardoso do homem que matou a mulher em 2018 depois de ver mensagens no celular dela foi classificado como homicídio privilegiado é o parafuso do artigo 124 canal que ele ele é assim que escreve
só agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social a veja de embarque ou moral é ou sob domínio de violenta emoção logo em seguida logo em seguida a injusta provocação da vítima o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço Ou seja é uma redução significativa de pena caso e jurados reconheço que o autor tem agido dessa forma homicídio privilegiado é quando o crime acontece de alguma forma que permita a redução da pena tipo se o assassino tentou reparar o dano do crime prestando algum tipo de Socorro por exemplo
ou se confessou espontaneamente o nesse caso se ele foi o provocado Esse é o contrário do homicídio qualificado que envolve algum fator que pode deixar a pena mais pesada tipo matar alguém de surpresa ou de algum jeito especialmente cruel mas vamos voltar para o homicídio privilegiado onde se inscrever já não segura que sempre existiu mas que acaba sendo explorado pela defesa nos casos de feminicídios para buscar uma atenuação da responsabilidade do agressor atenuação da responsabilidade do agressor e enquanto eu conversava com Marcelo Fioravante era impossível não pensar na Ângela e no Doca é muito comum
é eu já pegou o histórico de violência doméstica sim em relação em relação a essas outras pessoas autor legítimas mas esse autor é em muitos dos casos ele não tem histórico do cometimento de outros crimes a gente eu vi várias Fontes inclusive do próprio Doca que tinha violência no relacionamento e não o doca não tinha histórico criminoso é muito muito agressiva até assim que quer começar pessoal eu fiz isso mas porque ela chegou assim comigo mas porque ela é difícil porque na hora quando quando nós discutimos ainda me ofendeu ela é ofendeu na moral é
às vezes usando expressões de baixo calão hoje na masculinidade então só lembrando a frase que segundo o doca a Ângela teria dito antes de morrer e se você quiser me dividir com homens e mulheres pode ficar seu corno para a partir do momento que a mulher resolvi tomar providência em relação ele ou romper o relacionamento geralmente nesse caso é que existe o comportamento homicídio por parte desse a gente infelizmente você faz uma uma reação a uma tentativa dessa vítima de se livrar daqui do agressor aquele companheiro que se tornou o seu agressor seu café eu
gosto então o cara já batia nela e ela demora Agora chega eu quero mais apanhar eu vou embora e o cara mata já batia quando ela quer saber e são baixo aquele tipo de relação que quer sair de casa com os filhos quer colocar ele para fora de casa ou menos como as vezes ela consegue romper o relacionamento mas ele passados alguns Alguns alguns meses algum tempo ela já busca-se relacionar com outra pessoa ele tem que forma Vingativa também age é por ciúme di o e acaba atuando de forma tirar a vida dela infelizmente a
e o Evandro Lins e Silva na defesa do Doca chegou a descrever ele como um passional típico é mas conforme o juiz Marcelo fioravanti e descrevendo as características mais comuns entre os casos de feminicídio que ele via parecia cada vez mais que o doca era na verdade um feminicida típico e e a Ângela morreu quando ela quis terminar com Doca o Roberto Lobato voltou e matou a Jô quando ele já estavam desquitados a Heloísa balesteiros e a Maria Regina Santos Sousa Rocha morreram porque ele é um divórcio todos esses casos foram feminicídios antes dessa palavra
existia e olha só o inciso 6 do Artigo 121 do código canal e ele tá de mudança segura vamos qualificados que o feminicídio estou em fala quando o crime ocorre contra a mulher por razões da condição do sexo feminino Quem é E aí o para a segunda fala considerasse arte a razões de condição do sexo junino quando o crime voz familiar primeiro hipóteses e segundo impostos menos preso ou discriminação a condição de mulher a lei do feminicídio é de 2015 o que ela diz basicamente é que matar uma mulher por ser mulher é o tipo
de homicídio especialmente grave e tem gente que diz que essa lei é uma aberração jurídica e que não faria sentido tratar o homicídio de mulheres de um jeito diferente bom mas dá para olhar pelo outro lado e lembrar que pelo menos no sistema brasileiro durante séculos o assassinato de mulheres foi Tratado de um jeito diferente foi justificado Perdoado desculpado amenizado e isso só mudou oficialmente em 2015 só nessa conversa com Marcelo acho que eu entendi pela primeira vez como essa alteração na lei mudou o jogo no tribunal ficou mais fácil condenar esse tipo de criminoso
depois da lei do feminicídio ou não faz diferença e eu acho que assim eu acho que deixou muito claro é o que é antes é eu não consegui enquadram feminicídio como homicídio qualificado eu queria que enquadrar aquela motivação dele como a gente costuma dizer aqui passional na forma dormir entre alguns dos outros motivos do homicídio para qualificar conduta sem ser esse o motivo ou motivos um motivo torpe que são circunstâncias que qualificam qualquer um homicídio lá no segundo episódio do Praia dos Ossos a gente contou que o promotor Sebastião só do Sampaio gastou boa parte
da argumentação dele no primeiro julgamento do Doca tentando provar que o doca teria matado a Ângela para ficar com dinheiro dela E essa era a tentativa dele de tornar o homicídio qualificado o doca teria matado por motivo torpe e mais o promotor não conseguiu provar isso até porque não era verdade e o tiro acabou saindo pela culatra e ele passou muito mais tempo falando sobre como Doca era financeiramente independente da Ângela do que no fato de que ele tinha matado ela quer dizer se o doca fosse julgado hoje em dia o jogo seria diferente como
o dispositivo se Estendeu feminicídio como código de como qualificadora do tipo de crime não se busca mais discutir a motivação o simples fato do crime teria acontecido na França circunstâncias objectivamente qualifica O homicídio e quando se facilitou muito a enquadramento como homicídio qualificado e homicídio qualificado tem uma pena mais alta tem consequências mais graves para cumprimento de pena é enquadrado como crime hediondo tão simples por causa de toda a atenção midiática e a pressão feminista em cima do caso o doca acabou pegando uma pena longa para época 15 anos Oi e a lei do feminicídio
veio para prevenir o tipo de veredito leve que ele recebeu no primeiro julgamento é mais tinha uma coisa que a gente ficava se perguntando aquela sentença de 15 anos do Doca realmente o serviu para alguma coisa é Porque apesar dessas leis mais duras os números indicam que o feminicídio no Brasil está aumentando ah e tem uma coisa que eu ainda não disse aqui mas vou dizer agora a Ângela Diniz não é a cara do feminicídio no Brasil hoje e provavelmente nunca foi o caso da Ângela é emblemático porque chamou tanta atenção mas a maior parte
dos homicídios registrados no país tem como vítimas mulheres pretas ou pardas Ah mas então o que é que a gente faz um se por um lado sim um castigo duro passa um recado para a sociedade Mas a gente não tem evidências fortes de que ameaça vincar ser alguém realmente funciona como prevenção E isso não funciona para prevenir o crime também não ajuda a reabilitar o criminoso e o artigo 1º da lei de execução penal brasileira diz que a prisão serve para proporcionar condições para harmônica Integração Social do indivíduo é difícil segurar um riso irônico e
triste também quando a gente ver a distância entre o que a lei prega e as imagens de células super lotadas que a gente está acostumado a ver Nas reportagens de TV o presídio da Água Santa onde o doca passou a maior parte da pena dele estava longe de ser o modelo dinâmico para reinserção na sociedade é curioso pensar o que que a gente pretende quando em castelos criminosos é vingança Ninguém tem a ilusão de que eles vão sair melhores de lá certo ó e aqui eu preciso confessar que eu tô alinhada com a filosofia de
uma pessoa um tanto Inesperada o Evandro Lins e Silva O Advogado do Doca no primeiro julgamento e o Evandro sempre sua pois a pena de reclusão ele dizia exatamente isso que a prisão não regenera ninguém há mais alternativa àquele propôs no caso do assassinato da Ângela foi a de deixar o assassino dela sai livre do tribunal e Isso evidentemente também não parece uma boa solução e eu já tava ficando meio desesperada com esse dilema quando eu e a flora começamos a ler sobre o conceito de justiça restaurativa e aí a gente ligou para Catarina Correia
meu nome é Catarina e eu sou juíza criminal ela é juíza em Brasília e ela coordena o programa de Justiça restaurativa do Distrito Federal a gente vai falar aqui sobre justiça restaurativa Então eu queria que você começar a assistir ficando da Gente o que que é isso essa pergunta bem difícil mas não deu para notar que a gente leu bastante a gente eu continuei meio confusos né então assim ah Catarina explicou que a justiça restaurativa obriga a gente a repensar o nosso conceito de justiça e Castigo a gente tem a ideia de que quando a
gente faz alguma coisa errada alguma coisa contra a lei a gente recebe uma punição e essa policial a gente tá aqui né então tudo como antes você fez você pagou foi punido tá tudo bem só que assim a gente sabe que esse modelo não funciona né A gente trabalha com ele há séculos e eu tenho os resultados são pífios então a ideia da Justiça restaurativa é que o que você fez errado o que você fez contra a lei não te gera uma imposição de castigo antes que gera responsabilidades então se eu fiz alguma coisa errada
é o que vai ser exigido de mim é que eu me responsabilize e o que que é se responsabilizar a primeira coisa de se responsabilizar é se concientizar se concientizar saber o que você fez E aí você vai me ver não mas todo mundo sabe o que fez não você não sabe o que você fez integralmente então por exemplo eu pego um rapaz que chega no ponto de ônibus aponta arma para uma senhora e leva a carteira da senhora ele sabe que ele foi lá apontou uma arma e toma carteira Claro e se ele sabe
mas ele não sabe das consequências ele não sabe o que aquilo causou para aquela senhora então o primeiro passa ele poder saber né é quem foi vitimado ter condições de trazer essas informações o que a justiça restaurativa propõe é algo como uma mudança gravitacional e o centro não é mais só o crime EA ação do criminoso mas também o dano causado À Vítima e o que muda é que a vítima é chamada se sentar na mesa que decide esse processo de penalização o e nessas conversas a ideia da tomada de consciência passa a valer para
os dois lados o ascensor entende melhor a vítima EA vítima entende melhor o ofensor a gente fez um caso por exemplo de uma senhora que foi é o roubo de um celular e depois dos encontros restaurativos o jeito que ela se via re parada era que aquele dinheiro quero 600 que ela pagou no celular que ele doasse para uma instituição que tratasse de pessoas com problemas com drogas Porque durante todo o processo ela entendeu que o problema dele era era droga esse ela se sentia confortável ela se sentia re parada dele doando esse dinheiro para
uma instituição você me entendeu então Durante a entrevista eu reparei que a Catarina pergunta muito isso você entendeu entendeu e eu não acho que é vício de linguagem não ela faz essas pausas a cada tanto para saber se a gente tá na mesma página porque ela tá falando de conceitos difíceis mesmo de assimilar é uma mudança gravitacional mesmo a gente tem que reacomodar as ideias que a gente tem muito arraigados desde pequena porque é muito difícil né é a gente mudar um padrão de comportamento que eu não se padrão desde que a gente nasce né
que é a gente entender a gente fez uma coisa errada a gente leva um castigo e Vida que Segue né a gente até diz né que a pessoa que cumpriu uma pena ela prestou contas à sociedade né resiste até a pressão né de que a pessoa com você falou tá kit né EA péssimo isso porque assim isso é uma falácia para os dois lados mas assim mesmo que você tivesse o melhor sistema carcerário do mundo a pessoa sempre entendi que porque ela fez porque ela não passou por um processo de concentração uma das consequências do
que ela fez que o que ela fez não merece aquele castigo todo você me entendeu É porque ela não sabe onde aconteceu na vida da vítima ou da família da vítima né É e aqui assim um sistema que a gente tem vamos combinar tá sempre pagando mais né E aí vem o sentimento de injustiça também em relação ao sensor ele se sente injustiçado E assim se eu paguei mais do que eu devia eu tô no crédito concorda eu tô no crédito posso fazer mais né Isso é verdade dar essa sensação mesmo nos defensores né E
aí a gente não sai do lugar né a gente não sai do lugar bom e o que a gente quer com a justiça é justamente saiu do lugar mais do jeito que a justiça tem sido feito até aqui a vítima se sente injustiçada e o criminoso punido também se sente injustiçado hoje em 2020 o sistema brasileiro ainda não reconhece oficialmente o conceito de justiça restaurativa a Catarina disse que algumas jurisdições tem experimentado alguns mecanismos nas brechas da Lei i é o primeiro passo do processo é uma audiência e de entre "conciliação né E que a
gente trabalha de uma forma restaurativa que é isso dá oportunidade para vítima contar o que aconteceu e como ela se sentiu machucada com aquilo da espaço professor se concientizar e eles construírem um acordo talvez você esteja pensando e quando a vítima não tá mais aqui justamente por causa do que o ofensor fez não tinha mais como a Ângela sentar na mesa com Doca para tentar restaurar ofensa eu perguntei então para Catarina se tinha algum tipo de crime que era tão grave que não se encaixaria no conceito de Justiça restaurativa oi e ela disse que não
nesses casos mesmo nos piores casos a justiça restaurativa pode trabalhar com o sensor e quem sofreu as consequências da ofensa como a família da vítima Às vezes a própria família Sentiu necessidade né de ter respostas que só o sensor pode dar né a moça foi assassinada quando a filha dela tinha dois anos EA filha dela se encontrou com Assassino a filha dela e a mãe dela né então a neta e avó se encontraram com esse assassino 16 anos depois e ela falando assim eu queria tanto saber quais foram as últimas palavras da minha mãe nossa
entendeu então assim quem que pode responder isso e quem que pode responder isso de verdade né então é disso que a gente tá falando e aí assim o azul em outros cenários esse processo de Justiça restaurativa corre em paralelo com os processos tradicionais o fato do ofensor participar dessas conversas Pode não ter nenhum impacto na pena dele é mais pode ter um impacto enorme na vida dele e na da vítima ou da família dela é porque assumir responsabilidades também não fácil não é muito doloroso é muito mais fácil você receber uma pena e sair como
vítima do sistema muito mais fácil Imagino você encontrar a família da sua vítima ou a própria vítima deve ser difícil e mais do que isso Branca antes disso você encontrar consigo mesmo né É para realmente assumir que aquilo acontecer que acabou pessoa né exatamente e quer responsabilidade foi sua né porque ela para ele tem a gente tira essa história de culpa porque culpa a gente não tem como se livrar né agora algumas outras possibilidades a gente tem né quando entrevistei o doca ele comentou que uma pessoa da família da Ângela procurou por ele recentemente querendo
conversar É mas ele disse que não dava conta e eu fiquei pensando no filho mais velho da Ângela que representou a família no segundo julgamento e numa entrevista naquela época ele disse que queria mesmo era que o doca morresse eu comentei disso com a Catarina Esse rapaz ele se expressa assim nesse julgamento por quê quais são as duas únicas opções que ele enxerga na frente dele é né ou ser conivente com a morte da mãe eu vou querer com a morte do agressor ou porque assim eu tenho certeza que que esse rapaz também tinha milhares
de perguntas para fazer para o DOC eu tenho certeza que assim que ele tinha que ele tinha milhares de questões que que poderiam ser resolvidos com Encontro dos dois mas assim é esse espaço a gente ainda não construiu né ah e também eu vou desapertar eu você poderia conversar com ele anos depois eu perguntar ele é claro que a gente não sabe ele foi condenado à morte e aí isso para você foi o suficiente e ele vai ter que não você me entendeu E por quê Porque uma dor que a gente não cura com vingança
né com que o sistema oferece a gente é a gente cura mesma com escuta com responsabilidade com reparação e não é que vai curar mas é que possibilitará as pessoas seguirem adiante né bom e seguir adiante não quer dizer absolutamente esquecer e principalmente nos casos mais graves como homicídio é mas todo mundo que já perdeu alguém mesmo de morte morrida mesmo nem precisa ser de morte matada sabe que não é fácil seguir adiante é óbvio que o que persiste além do processo da justiça é o luto uma ausência muito concreta daquela pessoa é uma das
razões da cdu Praia dos Ossos era contar a história dessa mulher nada feminista mas cujo assassinato motivo um capítulo importante da história do feminismo brasileiro por isso eu entrevistei mais de 60 pessoas por isso a gente fechou dezenas de jornais em busca de qualquer informação que pudesse recuperar algum detalhe de quem foi a Ângela Diniz em toda a sua tridimensionalidade digamos bom e uma das coisas que nos deixarão mais frustradas no decorrer desta pesquisa foi não encontrar registros da voz da Ângela E aí a gente perguntou para vários amigos que respondiam de um jeito o
subjetivo de mais claro não podia ser diferente que a voz era bonita que era Alegre não diz muito né É difícil de escrever uma voz e no quarto episódio eu contei de quando a gente chegou mais perto disso ouvindo o áudio distorcido de um depoimento da Ângela ao juiz de Minas não tenho nada a falar ela disse e depois dessa a gente tentou se conformar Mas sabe quando é só você parar de procurar uma coisa que essa coisa aparece lá já quase no final da nossa coração aflora topou com um registro da Ângela que era
diferente de tudo que a gente já tinha visto quero um comercial para um cartão de crédito dirigido pelo cineasta Luiz Sérgio perfume a gente conseguiu ver o comercial porque saiu como extra no DVD de um filme do persson São Paulo S A vida longa aos extras de DVD O que o comercial é fantástico Já tem uns três minutos e todo o conceito é que uma série de celebridades e semi celebridades vai engrossando o cartão e explicando porque ele melhorou a vida delas tem o compositor Carlos Imperial o Nelson Motta o nosso velho amigo o colunista
social Giba um episódio 51 cartão nacional ele vem que fica as pessoas que sabem das coisas tem até o Daniel mais aquele colunista social que personificava as roupas das pessoas notícia forte das coisas e tem ela é uma das mulheres mais sensacionais da sociedade do Rio de Janeiro o comercial é dos anos 70 com a Ângela já morando no Rio e curtindo a soma de Pantera e ela tá usando um tayor verde xadrez e brincos grandes sentada entre um abajur e um relógio antigo na parede e segurando um cartão entre os dedos de uma mão
como quem nada quer e no começo do plano Ela olha para o lado como se tivesse lendo um papel aí ela volta o olhar para a câmera e diz o cartão de crédito passaporte ela só tava no Brasil acho um luxo ela sorrir e é só isso quer dizer a parte da Ângela só isso tem mais um minuto ainda de depoimentos de celebridades mas a gente ficou absolutamente obcecada com esse pedacinho de física 1 [Música] E essa era a primeira vez que a gente tava ouvindo a Ângela direito vendo ela em cores e vendo ela
no momento feliz sem ser depondo na delegacia pois já como vítima no comercial ela tá bronzeada da sorridente tá linda tá absolutamente cativante nesses seis segundos em que ela aparece dá para entender perfeitamente Por que tanta gente se apaixonava por ela suco de Carisma tá tudo aí ó E aí [Música] e nessa altura a gente já estava convivendo com esse caso há mais de um ano a gente tinha visto tudo quanto era coisa da Ângela Ah mas isso era diferente era como se desse para sentir a pessoa ali e sentir o tamanho da perda das
uma vontade de ter algum tipo de Memorial e e em algum momento da pesquisa a gente descobriu que tem pelo menos quatro vias públicas no Brasil com o nome da Ângela Diniz é uma fica no Conjunto Palmeiras um dos bairros mais pobres de Fortaleza e outra fica no bairro da Paz numa cidade no Pará chamada Parauapebas nesses dois bairros tem várias ruas com nomes de celebridades e a Rua Ângela Diniz cearense fica entre a Rua Dalva de Oliveira EA Rua Oscarito a Avenida Ângela Diniz paraense faz esquina com a Rua Mané Garrincha e a Rua
Daniela Perez tem ainda uma Rua Ângela Diniz em São Gonçalo no estado do rio mas em outubro de dois mil e vinte ela nem apareceu nos mapas só no site dos correios e tem uma Rua Ângela Diniz em Búzios é pertinho da Praia dos Ossos quase dando no quintal da casa onde a Ângela morreu lá e quando a gente foi para lá depois de andar pela praia eu a flora e o nosso técnico Caio como dar uma volta na rua de trás Eu acho que eu acho que essa aqui ó e essa Rua Ângela Diniz
como mulher na lanchonete da esquina confirmou uma placa é bonitinha bonitinha aqui tem placa não e ele não tinha placa não vamos caminhão aqui uma pergunta era quem tinha resolvido homenagear Ângela com aquela rua e quando a flora EA Nossa produtora Claudia não garoto perderam um tempinho tentando investigar uma decisão Municipal de 2010 que tinha dado o nome acontece que antes de 2010 oficialmente nenhuma ruim em bojos tinha nome era um resquício dos tempos mais rústicos e a gente ouviu o que tava um caos tão grande que os Correios estavam quase desistindo de entregar por
lá E aí em 2010 a prefeitura resolveu tentar regularizar tudo de uma vez e a Rua Ângela Diniz entrou nesse Balaio um [Música] me magoou para caramba insalubre não se pode ter tudo não e também não seja insalubre não fazer sobre só um rio tem um passo um lixo vários o lanche só quem 2019 parecia que ainda não tinha placa a gente queria tirar uma foto então continua andando pela rua não vão achar uma placa a a gente chegou é do outro lado dos Ossos é só sabe vai dar no outro lado não não é
aquilo gente Poxa vida on e é uma galinha da galinha não vai saber dizer para gente se isso é a Rua Ângela Diniz no final da rua ao lado de uma lagoa asinha tem algumas casas de casar um argentino muito solícito saiu aí conversou com a Gente desculpa Tudo bem Posso fazer uma pergunta eu queria saber se esse aqui é Rua Ângela Diniz essa aqui ó essa aqui há muito tempo já era já é mais 20 anos que essa é Ah tá obrigada E desculpa atrapalhar' a gente não achou registro de nenhuma mobilização popular em
torno dessa rua Parece que foi uma coisa espontânea orgânica quando abriram uma rua atrás da Praia dos Ossos alguém ou vários alguéns achar uma boa ideia batizá-la com o nome da Ângela antes da lei municipal de 2010 antes do Google Maps só quem andava por ali e é saber da homenagem agora tão pouco mais pública mas ainda bem discreta essa rolo tem placa essa Rua Ângela Diniz né não tem placa não né Ah tá tu não quer ir e hoje muita placa mas tem outros jeitos de resguardar a memória eu acho que o quê Porque
contar essa história hoje eu acho que é porque foi muito simbólico Essa é de novo a minha mãe Branca Moreira Alves conversando com a flora foi muito simbólica conseguir reverter a ideia de que ela tinha provocado a própria morte pela conduta dela na vida isso é assim absolutamente fundamental para você ver a mulher de hoje por exemplo entendeu porque hoje as mulheres fazem o que ela fazia né ela sai Elas têm vários namorados ela sair de casa elas vão trabalhar ou não vão trabalhar mas vamos viver a sua vida livre né não digo todas mas
enfim ninguém vai dizer aquela merece morrer porque ela teve vai é porque ela não é casada porque ela é amante né Na época o que mais marcou a minha mãe foi o discurso do Evandro Lins e Silva no primeiro julgamento do Doca do Evandro ali você tem o resumo da da ideologia patriarcal e assim chocante absolutamente chocante é absolutamente chocante é como se a gente a gente de repente tá assim distraída sendo mulher vivendo a sua vida e de repente tem uma pessoa que vai ali diz essas coisas e mostra pra gente quê que é
isso levanta me arrumar pessoa de esquerda tá ou não vou dizer de esquerda mas contra contra a ditadura tá não sei se era de esquenta você viu na cabeça desses homens aparece bonitinho a receita do matriarcado é assim dois ovos não sei quanto de farinha manteiga não sei que você faz o bolo e se chama patriarcado E aí então acho que esse é o simbolismo da Ângela não é um assassinato porque muitas foram assassinadas e na defesa do Evandro e não ter usou e na mídia como a mídia respondeu entendeu tá E vocês como tá
em vocês e aí que teve reação para usar a flora disse que o simbolismo tava nelas porque no segundo julgamento a minha mãe foi uma das mulheres que foi para Cabo Frio eu acho que a gente dormiu no ponto sabe no primeiro julgamento E aí para o segundo a gente foi com tudo né pois é e a gente só não tem mais detalhe porque ela não lembra de nada o que foram muitas manifestações naquela época foram décadas de mobilização é é duro venceu patriarcado é resiliente cara é resiliente eu como a minha mãe disse nunca
ia nascer manifestações a flora perguntou para ela o que ela achou do tá fazendo esse podcast Credo acho uma maravilha ela chegou a dizer uma vez que ela sente de 70 e meio que a geração dela não participou tanto na verdade junto à luta é verdade é verdade é uma geração não foi só elas não era geração não sei o que que deu nela porque a geração depois pegou né Eu gostaria de saber as vezes a gente se pergunta Jaqueline Leila e então é é mas por exemplo achei engraçado na época ela já não adolescente
as minhas filhas e as filhas de Jaqueline a filha de Jaqueline e as filhas da Lei e tal e achar um saco se você acha que que esse projeto uma forma da kinha tirar o atraso para Gabriela menor ideia mas tô adorando que tirar atraso nada ela se interessou né Eu acho que eu não eu não atribua mim de jeito nenhum e como assim não acho que é porque a minha filha que ela foi impregnada na questão eu não vejo como sendo minha herdeira não vejo nenhuma das duas é mas aí Deus que é porque
tá aí na sociedade a coisa Ah tá na sociedade mas também tava tava em casa tava tem acento aí já vem em casa coitados a Se tem uma coisa das muitas aliás que eu admiro muito na minha mãe e nas feministas da geração dela e elas enfrentaram anos de ataques de deslegitimação de pessoas dizendo que as reivindicações delas eram absurdas ou falta de sexo enquanto isso mulheres em o sendo discriminadas violentadas e mortas era desesperador dava muita raiva é mas elas conseguiram não se afogar nesse sentimentos [Música] e elas pegaram a raiva uso tudo isso
e conseguiram transformar em Ação reunião manifestação Manifesto congresso comitê tudo isso que eu achava um saco naquela época e hoje em dia acho admirável incrivelmente elas também não perdiam o senso de humor e nas manchas do dia internacional da mulher ela se superavam ela está em um fantasiadas com estereótipos femininos parecia mais um bloco de carnaval e teve uma em que a Jaqueline Pitangui foi vestida de debutante outras foram de normalistas em 83 a escritora Carmen da Silva foi como rainha do lar e ficava enfiando um espanador dentro de um balde de água ensaboada e
benzendo os presentes E aí na marcha de 1989 a minha mãe saiu com o look extraordinario segundo Globo foi assim e a Presidente do Conselho Estadual dos direitos da mulher branca Moreira Alves saiu na aula amor de paixão usando um chapéu acetinado com plumas Botas e capa e arrastando um cavalo de madeira o nome da fantasia era príncipe encantado e seu cavalo branco [Música] e ela tinha uma plaquinha que dizia procuro princesinha para costurar lavar e amar Oi o cavalinho de madeira ela pegou emprestado da minha filha Luísa que a gente se divertir demais tinha
muita raiva mas se divertir a mãe também E aí eu acho que essa mistura que fez com que elas conseguissem levar essa luta por anos a fio eu não sei se eu sou herdeira da minha mãe mas eu sei que hoje em dia todos somos herdeiros do mundo que ela e tantas outras ajudaram a construir Oi e para continuar nesse caminho a gente tem que saber por onde viemos e e por isso conta a história é tão importante a história dessa onda do feminismo no Brasil e a história das mulheres que não puderam chegar até
os dias de hoje Jô Souza Lima Heloísa Ballesteros Oi Maria Regina Santos Sousa Rocha Maria Regina Resende Oi Terezinha Lopes e Ângela Diniz e Olá eu sou a Branca Viana filha da Branca Moreira Alves e esse foi Praia dos Ossos o Praia dos Ossos termina aqui mas você pode continuar a conversa com a gente dentro da página da Rádio novela no Facebook tem um grupo para os ouvintes do parcast e fica de olho nesse vídeo e eu sempre fico brincando com crédito da flora estamos orando e voa mas é porque ela fez de tudo nesse
projeto a montagem é da Laís lifts a direção criativa é da Paulo scarpim que assinou o roteiro com a flora e com Aurélio o dragão e o Rafael spínola da segundo andar a coordenação digital é da Kellen Moraes nosso diretor executivo é o Guilherme Alpendre a produção é da Cláudia no garoto a captação para esse episódio é do Caio Barreto e do Rodrigo Pereira gravamos com isto Rastro no Rio a pesquisa audiovisual de Antônio Venâncio áudio de arquivo do DVD de São Paulo s.a. de Luis Sérgio Person on e a identidade sonora do Praia dos
Ossos foi composta pelo Pedro Leal Davi com música adicional da Mari romano e da Blue dot a finalização EA mixagem são obras do João já Bassi a nossa identidade visual é da Elisa pessoa Nossos Vídeos são da Marina Quintanilha e o nosso site é da Castelo a Isabela Moreira é a editora das nossas redes sociais que tem peças produzidas também pelo Matheus Coutinho a Ana Beatriz Ribeiro e a Juliana yegger completa o time digital azul se L Almeida fez a gestão de campanha de mídia acha que a gente foi do Érico Melo e da Luiza
Miguez para esse episódio queria agradecer a ajuda da Branca Moreira Alves e Jacqueline Pitanguy Fernando Fragoso João Batista Cardoso Marcelo Fioravante Catarina Correia Regina guerra e Mariana persson também queria agradecer a todo mundo que nos ajudou com comentários informações ou depoimentos que foi muita muita gente mesmo e se você chegou até o final dos créditos o episódio obrigada também a você ou nos ouvir e nos acompanhar
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