O GERENTE A DESPREZAVA TODOS OS DIAS, ATÉ QUE ELA ATENDEU UM IDOSO QUE ERA O...

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Histórias Que Inspiram
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O gerente a desprezava todos os dias até que ela atendeu um idoso que era o dono do restaurante e tudo mudou. Gabriela enxugou discretamente as lágrimas enquanto ajeitava o uniforme no vestiário do restaurante Sabores do Mar. Era a terceira vez naquela semana que Maurício, o gerente, a humilhava na frente dos colegas por algo insignificante. Desta vez foi por ter demorado dois minutos a mais para servir a mesa 15. incompetente", ele sussurrou quando passou por ela, achando que ninguém mais ouviria, mas todos ouviam sempre. No espelho, ela ajeitou os cabelos cacheados e respirou fundo. "Só mais
alguns meses," pensou. Estava juntando dinheiro para concluir a faculdade de gastronomia e, apesar do tratamento, o restaurante pagava bem e a localização em Copacabana era perfeita para conciliar com as aulas. O restaurante começava a lotar. Era sexta-feira e a agenda estava completamente preenchida. Gabriela assumiu seu posto, responsável por cinco mesas no canto leste, próximo ao piano onde seu Antônio tocava clássicos da bossa nova. Atendia com dedicação cada cliente, memorizando preferências, oferecendo sugestões personalizadas, criando uma experiência única a cada pessoa que servia. Por isso, os clientes a adoravam. Muitos pediam especificamente para serem atendidos por ela.
E talvez fosse exatamente isso que incomodava tanto Maurício. Eles vêm pelo restaurante, não por você, costumava dizer quando notava a popularidade da jovem garçonete. Não se achea especial. Garções são como guardanapos, úteis, mas descartáveis. Aquela noite prometia ser particularmente agitada. Uma convenção de executivos do setor hoteleiro acontecia no Rio e muitos reservaram mesas. Maurício estava mais nervoso que o habitual, passando pelo salão como um falcão, observando cada movimento dos funcionários. As horas passavam e o cansaço começava a pesar sobre os ombros de Gabriela. Já eram quase 10 da noite quando ela notou um senhor idoso
entrar sozinho no restaurante. Devia ter por volta de 75 anos, cabelos completamente brancos e um andar ligeiramente curvado. Vestia um terno bem cortado, porém sem ostentação. Dona Inês o recebeu e o conduziu justamente para uma das mesas de Gabriela, que por coincidência acabara de ser desocupada. Boa noite, senhor. Seja bem-vindo aos sabores do mar", disse Gabriela, aproximando-se com um sorriso genuíno. "Meu nome é Gabriela e terei o prazer de atendê-lo esta noite." O senhor levantou os olhos do cardápio e a encarou com uma intensidade que a pegou de surpresa. Eram olhos azuis, profundos, que pareciam
ler muito além das aparências. "Obrigado, minha jovem. Confesso que estou um pouco perdido com tantas opções. Faz muitos anos que não frequento restaurantes como este. Havia algo em sua voz. Um leve sotaque que Gabriela não conseguiu identificar de imediato. Talvez português misturado com anos de vivência no Brasil. Querido ouvinte, se você está gostando da história, aproveite para deixar o like e, principalmente se inscrever no canal. Isso ajuda muito a gente que está começando agora continuando. Seria um prazer ajudá-lo a escolher o que o senhor geralmente gosta. Prefere sabores mais intensos ou suaves? Alguma restrição alimentar?
Sem restrições, felizmente, gosto de pratos que contem histórias", respondeu ele com um sorriso enigmático. Gabriela sentiu-se imediatamente conectada à aquele senhor. Era exatamente assim que ela via a gastronomia. Cada prato contava uma história, carregava memórias, transmitia sentimentos. Nesse caso, recomendo o peixe do dia, que é um robá-lo assado na brasa com molho de maracujá e ervas frescas. é inspirado em uma receita antiga dos pescadores da região, que usavam frutas tropicais para realçar o sabor do pescado fresco. O senhor assentiu, parecendo encantado com a descrição. É para acompanhar, sugiro uma taça do nosso vinho branco português
da região do Douro. Tem notas cítricas que complementam perfeitamente o molho de maracujá. Perfeito," concordou ele. Seguirei todas as suas recomendações. Enquanto anotava o pedido, Gabriela percebeu o olhar de Maurício fixo nela do outro lado do salão. Havia algo em sua expressão que a deixou inquieta, desprezo, ciúme, irritação, talvez uma mistura dos três. Ela se afastou para encaminhar o pedido à cozinha, onde Thaiago, o chefe, a recebeu com um sorriso. roubá-lo para o senhor da mesa sete, informou ela. Caprichado como você sempre pede, respondeu Tiago, que admirava o profissionalismo de Gabriela. Ao retornar para o
salão, ela foi interceptada por Maurício. "Quem é aquele velho?", perguntou em voz baixa, mas com evidente hostilidade. "Um cliente, Maurício, como todos os outros", respondeu ela, tentando manter a calma. Está demorando demais com ele. Tem mais quatro mesas para atender. Estou atendendo todas adequadamente. O senhor precisava de ajuda com o cardápio. Não me interessa. Aqui não é asilo. Despachee-o assim que servir o prato. Precisamos da rotatividade nas mesas. Gabriela sentiu o rosto queimar de indignação, mas apenas a sentiu e continuou seu trabalho. Serviu o vinho ao senhor idoso, que o provou com a experiência de
um conhecedor. Excelente escolha, comentou ele, genuinamente impressionado. Você entende mesmo de vinhos? Estou estudando gastronomia", explicou ela. "Acho fascinante como a bebida certa pode transformar completamente a experiência de uma refeição. E onde você estuda?" "Na Universidade Federal do Rio." "Estou no penúltimo semestre. Há! Excelente instituição. E o que pretende fazer quando se formar?" A pergunta pegou Gabriela de surpresa. A maioria dos clientes não se interessava realmente por sua vida ou aspirações. Sonho em abrir meu próprio restaurante algum dia, um lugar pequeno, acolhedor, onde cada cliente seja tratado como único. Som a comida conte o senhor
disse. O homem sorriu como se aquela resposta tivesse confirmado algo que ele já suspeitava. Um sonho nobre e tenho certeza que será realizado considerando sua dedicação. O prato chegou trazido por Paulo, outro garçom. Gabriela supervisionou a apresentação. Bom apetite, senhor Oliveira. Carlos Oliveira, completou ele. Mas pode me chamar de Carlos. Bom apetite, seu Carlos. Qualquer coisa que precisar é só me chamar. Enquanto Carlos saboreava sua refeição, Gabriela atendeu as outras mesas. Duas delas pediram a conta e ela rapidamente providenciou tudo para liberar o espaço para novos clientes. Uma família com duas crianças chegou e ela
os acomodou com especial atenção aos pequenos, oferecendo opções do menu infantil e lápis de cor para que desenhassem enquanto esperavam. Percebeu que seu Carlos a observava de longe, com um interesse gentil, quase paternal. De vez em quando, seus olhares se cruzavam e ele oferecia um sorriso discreto. Quando retornou à mesa dele para verificar se estava tudo bem, Carlos fez um gesto para que ela se aproximasse mais. "Esta foi uma das melhores refeições que tive em muito tempo", confessou, "Não apenas pela excelência da comida, mas pelo atendimento. Você tem um dom, sabia? O dom da hospitalidade
verdadeira." Gabriela sentiu-se genuinamente tocada pelo elogio. Obrigada, seu Carlos. Isso significa muito para mim. Por que alguém com seu talento ainda não tem seu próprio restaurante? Ah, são necessárias muitas coisas para abrir um negócio. Capital, principalmente. Estou economizando, mas o Rio não é uma cidade barata. e seu chefe. Ele reconhece seu valor. A pergunta atingiu Gabriela como uma flecha certeira. Antes que pudesse elaborar uma resposta diplomática, Maurício apareceu ao lado da mesa como se tivesse sido convocado pela menção. "Está tudo em ordem, senhor?", perguntou ele, ignorando completamente a presença de Gabriela, como se ela fosse
invisível. Na verdade, respondeu Carlos lentamente. Estava justamente comentando com esta jovem sobre o excelente atendimento que recebi. Maurício forçou um sorriso. Ficamos felizes em ouvir isso. Trabalhamos duro para manter o padrão sabores do Mar. Devo dizer que a jovem Gabriela é excepcional. demonstra um conhecimento profundo de gastronomia e uma habilidade natural para o atendimento personalizado. O sorriso de Maurício vacilou por um instante, mas ele rapidamente o recuperou. Ah, todos os nossos funcionários são treinados para atender bem. Nada excepcional, apenas o padrão que exigimos. Gabriela sentiu o sangue ferver diante daquela desvalorização deliberada, mas manteve a
postura profissional. Carlos, porém, não pareceu convencido. Acredito que reconhecer talentos individuais seja essencial para qualquer negócio de sucesso", comentou ele com uma firmeza surpreendente para alguém de sua idade. Empresas não são feitas apenas de processos, mas de pessoas. Maurício pareceu desconfortável com a direção da conversa. "Com licença, senhor. Preciso verificar outras reservas. Gabriela, certifique-se de que o senhor tenha tudo o que precisa. E saiu apressadamente, visivelmente irritado. Seu chefe não parece muito receptivo a elogios sobre sua equipe, observou Carlos assim que Maurício se afastou. Gabriela hesitou. Era perigoso falar mal do gerente para um cliente,
por mais simpático que ele fosse. "Maurício tem um estilo próprio de gerenciamento", respondeu diplomaticamente. "Um estilo que claramente não valoriza seus maiores talentos", completou Carlos com um olhar perspicaz. Enquanto conversavam, Gabriela notou que o restaurante começava a esvaziar. Já passava da meia-noite e apenas algumas mesas ainda estavam ocupadas. E o olhar de Maurício se tornava cada vez mais impaciente, fixado nela e no senhor idoso, que parecia não ter pressa alguma. Posso oferecer uma sobremesa? Temos um pudim de tapioca com calda de maracujá, que é uma verdadeira viagem pelos sabores do Nordeste brasileiro. Parece delicioso, mas
acho que já abusei demais do seu tempo. Seu gerente não parece muito feliz com nossa conversa prolongada. Não se preocupe com isso", disse Gabriela, embora estivesse preocupada. "Faz parte do meu trabalho garantir que sua experiência seja completa. Nesse caso, aceito a sugestão e se não for incômodo, gostaria de saber mais sobre seu sonho. Como seria esse restaurante que você planeja abrir?" Os olhos de Gabriela brilharam. Era raro encontrar alguém genuinamente interessado em ouvir sobre seus planos. Seria um lugar que celebra a diversidade da culinária brasileira, mas com um toque contemporâneo, não muito grande, talvez 40
lugares no máximo. Quero conhecer cada cliente pelo nome, entender suas preferências, um espaço onde as pessoas se sintam em casa, mas ao mesmo tempo vivam uma experiência especial. E onde seria? Tenho pensado em Santa Teresa. O bairro tem uma energia especial, uma mistura de tradição e criatividade que combina com minha proposta. Excelente escolha. Adoro aquela região. A sobremesa chegou e Carlos a saboreou com evidente prazer. Entre uma colherada e outra, continuou conversando com Gabriela sobre gastronomia, vinhos e viagens. Maurício passou por eles algumas vezes, cada vez mais visivelmente irritado. Em determinado momento, aproximou-se novamente. Senhor,
estamos prestes a fechar. Posso trazer sua conta? O tom não era exatamente rude, mas estava longe de ser cordial. Carlos olhou para o relógio. Oh, nem percebi que horas eram. O tempo voa em boa companhia e com comida excelente. Maurício lançou um olhar gelado para Gabriela, que entendeu a mensagem implícita. Estava em problemas. Trarei sua conta imediatamente, seu Carlos", disse ela, afastando-se para providenciar o fechamento. Quando retornou com a máquina de cartão, percebeu que Maurício havia se posicionado estrategicamente próximo, como se quisesse monitorar a finalização do atendimento. "Foi um prazer imenso ser atendido por você,
Gabriela", disse Carlos, entregando-lhe o cartão. "Raramente encontro profissionais tão dedicados e conhecedores. O prazer foi meu, seu Carlos. Espero revê-lo em breve. Enquanto processava o pagamento, Maurício se aproximou ainda mais. Senhor, como gerente, gostaria de agradecer sua visita e me desculpar por qualquer inconveniente. Alguns de nossos funcionários ainda estão em fase de treinamento e às vezes podem ser excessivamente informais. O olhar de Carlos endureceu instantaneamente. Não houve nenhum inconveniente, senhor. Maurício Santos, gerente geral. Senhor Santos, não apenas não houve inconveniente, como tive um dos melhores atendimentos da minha vida, graças à Gabriela. Maurício forçou um
sorriso que não alcançou seus olhos. Fico feliz em ouvir isso. Sempre buscamos excelência. A excelência não vem de processos rígidos, senor Santos. mas de pessoas apaixonadas pelo que fazem. Esta jovem é um tesouro para o seu estabelecimento. Querido ouvinte, se você está gostando da história, aproveite para deixar o like e principalmente se inscrever no canal. Isso ajuda muito a gente que está começando agora. Continuando. Gabriela devolveu o cartão e o comprovante, sentindo-se simultaneamente grata e constrangida pelo elogio tão direto diante de Maurício. "Muito obrigado por tudo, Gabriela", disse Carlos levantando-se. "Tenho certeza que nos encontraremos
novamente." "Será um prazer, seu Carlos." Ela o acompanhou até a porta, onde se despediram. Por um instante, Gabriela teve a impressão de que ele queria dizer algo mais, mas Maurício se aproximou novamente, interrompendo o momento. Volte sempre, senhor. Os sabores do mar estará à sua disposição. Assim que Carlos saiu, o sorriso de Maurício desapareceu. Na minha sala agora! Ordenou a Gabriela em voz baixa, para que os poucos clientes remanescentes não ouvissem. Ela seguiu-o em silêncio até a pequena sala nos fundos do restaurante. A decoração impessoal contrastava com o ambiente sofisticado do salão, uma mesa de
escritório, algumas cadeiras, um computador e muitas pastas organizadas em prateleiras. O que foi aquilo? Perguntou Maurício assim que fechou a porta. Aquilo o quê? Não se faça de desentendida aquela conversa, aquela intimidade com o cliente. Você está aqui para servir, não para fazer amizades. Eu apenas ofereci um bom atendimento. O senhor mesmo sempre diz que devemos fazer os clientes se sentirem especiais. Há uma diferença entre atendimento profissional e o que você fez. Feou mais de meia hora conversando com aquele velho enquanto outras mesas esperavam. Todas as minhas mesas foram atendidas adequadamente. Ninguém esperou por nada.
Este não é um restaurante de bairro onde os garçons sentam para tomar café com os clientes. Somos um estabelecimento de alto padrão com processos a serem seguidos. Gabriela respirou fundo, lutando contra a vontade de responder à altura. Entendo, Maurício. Não acontecerá novamente. Claro que não acontecerá, porque esta é sua última noite aqui. As palavras atingiram Gabriela como um soco. Você está me demitindo por atender bem um cliente? Estou te demitindo por insubordinação constante, por não seguir os procedimentos padrão e por criar seu próprio show dentro do meu restaurante. Seu restaurante, repetiu ela incrédula. Pensei que
pertencesse ao grupo Oliveira. Eu sou o responsável pela operação e decido quem fica e quem sai. Gabriela sentiu as lágrimas ameaçarem cair, mas engoliu o choro. Não daria a ele essa satisfação. Você vai se arrepender disso, Maurício. Não pelo que possa acontecer com você, mas porque essa mentalidade nunca vai permitir que este lugar alcance seu verdadeiro potencial. Guarde sua filosofia barata para seu trabalho de conclusão de curso. Aqui é o mundo real. O mundo real é feito de pessoas reais, com sentimentos reais. Algo que você parece ter esquecido. Maurício deu de ombros indiferente. Passe no
RH na segunda para acertar sua rescisão. Deixe o uniforme no vestiário antes de sair. Gabriela saiu da sala de cabeça erguida, mas seu coração estava em pedaços. Não apenas pelo emprego perdido que pagava suas contas e a faculdade, mas pela injustiça, pela pequenez daquele homem que usava seu poder para diminuir os outros. No vestiário, encontrou dona Inês, que imediatamente percebeu que algo estava errado. O que houve, minha filha? Parece que viu um fantasma. Fui demitida, dona Ins. A senhora levou as mãos à boca, chocada. Não pode ser. Por quê? oficialmente por insubordinação. Na verdade, porque
Maurício não suporta que os clientes gostem mais de mim do que dele. Dona Inês balançou a cabeça indignada. Esse homem tem um problema sério. Não é a primeira vez que faz isso. Ano passado, demitiu o Rodrigo, que era o melhor bartender que tivemos, só porque ele estava recebendo muitos elogios. "Não sei o que vou fazer agora", confessou Gabriela, finalmente deixando as lágrimas caírem. Preciso deste emprego para terminar a faculdade. Dona Ines a abraçou, tentando consolar. As coisas vão se ajeitar, minha querida. Pessoas boas como você sempre encontram seu caminho. Gabriela trocou de roupa em silêncio,
guardou o uniforme no armário, que não seria mais seu. E despediu-se de Thiago e dos outros funcionários que ainda estavam lá. Todos pareciam genuinamente tristes por sua saída. Vou sentir falta das suas sugestões de harmonização", disse Thaago, o chefe. "Você era a única que realmente entendia o que eu tentava transmitir com meus pratos. E eu vou sentir falta de servi-los", respondeu ela com um sorriso triste. Quando saiu para a noite carioca, o ar quente e úmido do verão a envolveu. As luzes de Copacabana brilhavam, indiferentes ao pequeno drama que acabara de acontecer. Alguns metros dali,
o mar quebrava na praia com seu ritmo constante, lembrando que a vida segue, não importa o que aconteça. Gabriela pegou um ônibus para Tijuca, onde morava em um pequeno apartamento alugado. Durante todo o trajeto, pensou em como contaria a sua mãe sobre a demissão. Dorinha trabalhava como enfermeira em um hospital público e já enfrentava dificuldades financeiras para ajudar na mensalidade da faculdade. Ao chegar em casa, encontrou um bilhete da mãe na geladeira, dizendo que havia feito plantão extra e só voltaria pela manhã. Talvez fosse melhor assim. Teria tempo para organizar os pensamentos antes de dar
a notícia. Tomou um banho demorado, como se pudesse lavar a humilhação daquela noite, e deitou-se na cama pequena do quarto, que dividia com a mãe. No teto, contemplou as estrelas fluorescentes que havia colado quando era criança e que Dorinha nunca teve coragem de remover, mesmo depois de tantos anos. O sono demorou a chegar e, quando finalmente adormeceu, sonhou com o restaurante com Maurício e, curiosamente com seu Carlos. No sonho, o idoso sorria para ela de forma enigmática, como se soubesse de algo que ela ainda não compreendia. O sábado amanheceu cinzento, com nuvens carregadas que prometiam
uma tempestade de verão. Gabriela acordou com o som da mãe, preparando café na pequena cozinha. Bom dia, minha flor, saudou Dorinha, uma mulher de 50 anos com o mesmo sorriso acolhedor da filha. Chegou tarde ontem. Um pouco respondeu Gabriela. tentando ganhar tempo antes de contar a verdade. O movimento estava bom, lotado, como sempre à seestas. Dorinha colocou duas xícaras na mesa e serviu café para ambas. Tem alguma coisa te incomodando. Conheço essa arruga entre suas sobrancelhas desde que você tinha 5 anos. Gabriela sorriu tristemente. Não adiantava esconder nada de sua mãe. Fui demitida ontem, mãe.
Dorinha arregalou os olhos. Como assim? Por quê? O Maurício, o gerente, ele nunca gostou de mim. Ontem foi à gota d'água. Atendi um senhor idoso com atenção especial. Conversamos bastante e ele não gostou. Te demitiu por isso? Por atender bem um cliente? Isso não faz sentido. Para ele faz. Disse que eu estava criando meu próprio show dentro do restaurante dele. Dele? Pensei que fosse de uma rede. É o que eu também disse. Mas ele se acha o dono. Dorinha suspirou, pegando nas mãos da filha. E agora? Vou começar a procurar outro emprego imediatamente. Não podemos
ficar sem minha parte na renda. Não se preocupe com isso. Agora temos alguma reserva. Pense na sua faculdade. Já perdi muitas aulas por causa dos horários do restaurante. Talvez seja uma oportunidade para me dedicar mais aos estudos finais. Dorinha sorriu orgulhosa da resiliência da filha. Vai dar tudo certo. Você é competente demais para ficar desempregada por muito tempo. Naquele momento, o telefone de Gabriela tocou, o número desconhecido. Alô, Gabriela. É Carlos Oliveira. Ela quase derrubou o celular de surpresa. Seu Carlos, como conseguiu meu número? Sua amiga Inês foi muito prestativa. Espero que não se importe
com minha ligação matinal. De forma alguma aconteceu algo? Na verdade, sim. Gostaria de me encontrar para um café? Tenho uma proposta que pode ser de seu interesse. Gabriela hesitou intrigada. Uma proposta? Prefiro discutir pessoalmente. Pode ser no Café Colombo, no centro, em uma hora. Sim, posso sim. Excelente. Até logo, então. Gabriela desligou, ainda confusa. "Quem era?", perguntou Dorinha, curiosa. "Um cliente de ontem. quer me encontrar para um café, disse que tem uma proposta. Que cliente? Um senhor idoso, muito educado. Foi o cliente que atendi quando Maurício me demitiu. Tem certeza que é seguro? Você mal
conhece esse homem? Vamos nos encontrar no Café Colombo, um lugar público. E tem algo no seu Carlos que inspira confiança. Mesmo assim, me mande mensagem quando chegar lá e quando sair. Sim, senhora! brincou Gabriela, já imaginando o que Carlos poderia querer. Uma hora depois, ela entrava no tradicional café Colombo, no centro do rio. O lugar era um pedaço da história carioca, com seus espelhos belgas, móveis de jacarandá e vitrines repletas de doces portugueses. Carlos já estava lá sentado em uma das mesas centrais tomando um café. Seu Carlos, bom dia", cumprimentou Gabriela, aproximando-se. Ele se levantou
para recebê-la com uma vitalidade surpreendente para sua idade. "Gabriela, que pontualidade. Por favor, sente-se. Já pediu algo?" "Ainda não." Ele fez um gesto para o garçom, que se aproximou rapidamente. "O que vai querer? Um café com leite e um pão de queijo, por favor." O garçom anotou e se afastou. "Fico feliz que tenha aceitado meu convite tão repentino", disse Carlos. especialmente depois do que aconteceu ontem. "O senhor sabe sobre minha demissão?" Carlos assentiu com uma expressão grave. Ines me contou tudo quando liguei para conseguir seu contato. Fiquei profundamente indignado. Aquele gerente, Maurício, não é? Ele
é o exemplo perfeito do que há de errado em muitas empresas hoje. Ele tem uma visão muito limitada de atendimento, concordou Gabriela, tentando ser diplomática. Acredita que eficiência significa impessoalidade, um erro grotesco no ramo da hospitalidade. Carlos fez uma pausa observando Gabriela com atenção. Sabe, há muitos anos busco pessoas com sua sensibilidade e talento. São raras. O pedido de Gabriela chegou e ela tomou um gole de café antes de responder. Obrigada pelo elogio, mas ainda estou confusa. O senhor mencionou uma proposta? Carlos sorriu, seus olhos azuis brilhando com uma intensidade surpreendente. Vou direto ao ponto.
Gostaria de oferecer a você a oportunidade de gerenciar um novo restaurante que estou prestes a abrir. Gabriela quase engasgou com o café. Como? Mas o senhor mal me conhece. Conheço o suficiente. Sou um bom observador, Gabriela. Em uma única noite vi como trata os clientes, como conhece gastronomia, como lidera discretamente sua equipe. Vi sua resiliência diante de um superior injusto. Mas gerenciar um restaurante, ainda nem terminei minha faculdade de gastronomia. A formação acadêmica é importante, mas a paixão e o talento nato são insubstituíveis. Você completará seus estudos, claro, isso faz parte da proposta. Gabriela colocou
a xícara na mesa, tentando organizar os pensamentos. Desculpe, seu Carlos, mas isso tudo parece surreal. Quem é o senhor exatamente? Carlos sorriu como se esperasse essa pergunta. Uma pergunta justa. Meu nome, como já lhe disse, é Carlos Oliveira. Sou fundador do grupo Oliveira de Hospitalidade. Entre outros empreendimentos, somos proprietários dos sabores do mar onde você trabalhava. A revelação atingiu Gabriela como um raio. Aquele senhor idoso que ela atendera com tanto cuidado era, na verdade o dono do restaurante. O senhor O senhor é o dono. Tecnicamente meus filhos administram o grupo agora. Estou semiaosentado, mas ainda
detenho a presidência do conselho e tenho autonomia para novos projetos. Então, ontem, ontem eu fui aos sabores do mar, não apenas para jantar, mas para observar. Tenho recebido relatórios conflitantes sobre a operação. Alguns indicando excelentes resultados financeiros, outros apontando problemas com a equipe e alta rotatividade de funcionários. E o senhor foi verificar pessoalmente. Exatamente. É um hábito que mantenho há décadas. Nada substitui ver com os próprios olhos. E o que descobriu? Exatamente o que suspeitava. Um gerente tecnicamente competente, mas humanamente desastroso. Uma equipe desmotivada, exceto por algumas pessoas notáveis como você e dona Inês. Um
ambiente tenso, disfarçado de eficiência. Gabriela balançou a cabeça, ainda processando a informação. Maurício nem desconfiou quem o senhor era. Ele nunca me viu pessoalmente. Foi contratado por meu filho Miguel há do anos quando expandimos a rede. E essa é outra parte do problema. Crescemos rápido demais. Delegamos a pessoas erradas. E agora o senhor quer abrir um novo restaurante mesmo com esses problemas? Precisamente por causa desses problemas. Quero voltar às raízes, Gabriela. Criar um espaço que não seja apenas lucrativamente viável, mas humanamente significativo. Como o restaurante que descrevi ontem, sim, sua visão me impressionou profundamente, por
isso minha proposta é específica. Quero que você conceba e gerencie um novo restaurante em Santa Teresa, exatamente como descreveu, pequeno pessoal, focado em culinária brasileira contemporânea. Gabriela sentiu uma onda de emoção que mal conseguia conter. O senhor está falando sério? Isso não é algum tipo de brincadeira ou teste? Carlos Riu aos 77 anos. Não tenho mais tempo para brincadeiras, minha jovem. É uma proposta formal. O grupo Oliveira financiará integralmente o projeto, mas você terá liberdade criativa e participação nos resultados. E se eu falhar? Todos corremos esse risco em qualquer empreendimento, mas estou disposto a apostar
em você. E francamente, não me lembro da última vez que me senti tão confiante em uma aposta. O coração de Gabriela batia acelerado. Era como se seu sonho mais distante de repente estivesse ao alcance das mãos. Posso pensar um pouco? Conversar com minha mãe? Certamente. Na verdade, eu prefiro que pense bem. Não é uma decisão a ser tomada por impulso. Querido ouvinte, se você está gostando da história, aproveite para deixar o like e principalmente se inscrever no canal. Isso ajuda muito a gente que está começando agora continuando. Tem um contrato ou algo assim para eu
analisar? Meu advogado está preparando os documentos, mas posso adiantar os principais termos. Carlos tirou do bolso um pequeno caderno e o abriu. Salário inicial de R$ 15.000 mensais durante o período de implementação. Mais bônus por metas atingidas após a inauguração. Participação de 20% nos lucros líquidos. Autonomia criativa com supervisão estratégica do grupo. Suporte financeiro para concluir seus estudos. E se as coisas correrem bem nos primeiros dois anos, opção de sociedade efetiva. Gabriela estava atônita. Isso é extraordinariamente generoso. É pragmático. Na verdade, pessoas talentosas merecem oportunidades à altura de seu potencial. E acredite, já perdi talentos
por não reconhecê-los há tempo. Não pretendo cometer esse erro novamente. Quanto tempo teria para decidir? digamos, até segunda-feira. Podemos nos encontrar novamente para discutir sua decisão. E se for positiva, apresento os contratos. Perfeito. Carlos terminou seu café e olhou para o relógio. Tenho outro compromisso agora, mas antes de ir, preciso fazer uma pergunta importante. Se você aceitar, qual seria o primeiro passo que daria? A pergunta pegou Gabriela de surpresa, mas ela não hesitou na resposta. Convidaria a dona Inês para trabalhar comigo. Ela conhece hospitalidade como ninguém. Carlos sorriu visivelmente satisfeito. Excelente resposta. Mostre-me que valoriza
relacionamentos e lealdade, não apenas eficiência. Ele se levantou, deixando algumas notas para pagar a conta. Pense com calma, Gabriela, e sinta-se à vontade para me ligar, se tiver qualquer dúvida. Ele entregou a ela um cartão com seu contato pessoal. Obrigada por essa oportunidade, seu Carlos. Independente da minha decisão, significa muito para mim. Não há o que agradecer. Na vida às vezes apenas precisamos estar no momento, certo? Para que nossos talentos sejam reconhecidos. Com um último sorriso, Carlos se despediu e saiu do café, deixando Gabriela imersa em pensamentos e possibilidades que até a noite anterior pareciam
apenas sonhos distantes. O caminho de volta para casa foi uma montanha russa de emoções. Alegria, medo, incredulidade e esperança, tudo se misturava enquanto Gabriela tentava absorver o que acabara de acontecer. O ônibus percorria as ruas do rio, passando pelo aterro do Flamengo, e ela observava o pão de açúcar ao longe. Imponente, como sempre, testemunha silenciosa de tantas histórias de sonhos e desilusões naquela cidade. Quando chegou em casa, encontrou Dorinha preparando o almoço, uma simples, mas saborosa feijoada, receita que aprendera com sua avó baiana. E então, como foi? Perguntou ansiosa assim que viu a filha entrar.
Gabriela deixou-se cair no sofá, ainda atordoada. Mãe, você não vai acreditar. Pelo seu rosto, ou foi muito bom ou muito ruim. Me conta logo. Gabriela respirou fundo e relatou toda a conversa com Carlos, desde a revelação de que ele era o dono do restaurante até a proposta surpreendente. Dorinha sentou-se ao lado da filha, igualmente perplexa. Isso parece coisa de filme, Gabi. Eu sei, ainda estou tentando acreditar. E o que você vai fazer? Não sei. É uma oportunidade incrível, mas também assustadora. Gerenciar um restaurante inteiro, ser responsável por todo um negócio. E se não aceitar, o
que fará? Procurarei outro emprego, como tinha planejado. Dorinha pegou nas mãos da filha, olhando-a nos olhos. Gabi, me escuta. Desde pequena você sonha com gastronomia, com ter seu próprio lugar. Eu vi você cozinhando em panelas de brinquedo, decorando pratos com flores do jardim, fazendo seus primos de clientes. Vi você estudando noites inteiras, trabalhando em empregos difíceis para pagar a faculdade. Tudo por esse sonho. Eu sei, mãe, mas nada. O medo é normal. Seria estranho se você não sentisse medo, mas não deixe que ele te paralise justo agora, quando o que você sempre quis está diante
de você. E se eu falhar? E se você não falhar? E se você criar algo maravilhoso? E mesmo que não dê certo, o que é pior? Tentar e não conseguir ou passar a vida se perguntando como teria sido? Gabriela abraçou a mãe, sentindo-se como uma criança, novamente, buscando segurança. Obrigada, mãe. Você sempre sabe o que dizer. Não sei não. Só sei que criação de filho é isso. Preparar para voar, mesmo que dê medo. Gabriela sorriu já sentindo a decisão se formar dentro dela. Vou aceitar a proposta. Então, vamos comemorar. A feijoada está quase pronta e
ainda temos aquela garrafa de vinho que você ganhou do seu professor no semestre passado. O fim de semana passou voando enquanto Gabriela alternava entre a excitação de sua nova oportunidade e a ansiedade natural diante do desconhecido. No domingo, decidiu ligar para Carlos para confirmar sua decisão sem esperar até segunda-feira. Alô, seu Carlos. É Gabriela. Ah, Gabriela, que bom ouvir sua voz. Já tomou uma decisão? Sim, e quero aceitar sua proposta. Estou pronta para esse desafio. Excelente. Fico realmente feliz. Que tal nos encontrarmos amanhã para formalizar tudo? Pode ser no escritório do grupo, no centro. Perfeito.
Qual horário? Às 10 horas. E venha preparada para começar a planejar. Quero que iniciemos os trabalhos o quanto antes. Estarei lá. Muito obrigada pela confiança, seu Carlos. A confiança é mútua, Gabriela. Até amanhã. Na segunda-feira pela manhã, Gabriela vestiu sua melhor roupa, um vestido azul marinho, simples, mas elegante, que havia comprado para apresentações da faculdade. O escritório do grupo Oliveira ficava em um prédio moderno no centro financeiro do Rio. Na recepção, informou que tinha uma reunião com Carlos Oliveira. Ah, sim, senhorita Gabriela, disse a recepcionista, com um respeito que ela nunca havia experimentado antes. O
Senr. Oliveira a está aguardando na sala de reuniões. Por favor, me acompanhe. Enquanto seguia pelos corredores elegantes, Gabriela observava o ambiente corporativo sofisticado, tão diferente do agitado salão de restaurante ao qual estava acostumada. Nas paredes, fotos dos diversos empreendimentos do grupo, hotéis, restaurantes, centros de convenções. A recepcionista a conduziu até uma ampla sala de reuniões com vista para a Baahía de Guanabara. Carlos já estava lá junto com um homem mais jovem, provavelmente na casa dos 50 anos, que guardava uma certa semelhança com ele. "Gabriela, bem-vinda", cumprimentou Carlos, levantando-se para recebê-la. Este é meu filho, Miguel
Oliveira, diretor executivo do grupo. Miguel estendeu a mão com um sorriso formal. É um prazer finalmente conhecê-la, Gabriela. Meu pai não parou de falar sobre você todo o fim de semana. O prazer é meu, Sr. Oliveira. Por favor, me chame de Miguel. Pelo visto, você já conquistou meu pai e isso não é façanha pequena. Gabriela notou uma certa reserva em sua voz, como se ainda não estivesse totalmente convencido. "Por favor, sente-se." Convidou Carlos. "Você aceita um café?" "Sim, obrigada." Uma assistente entrou com uma bandeja de café e pequenos pães de queijo. Enquanto servia, Carlos iniciou
a conversa de negócios. Bem, Gabriela, como prometi, aqui estão os contratos preliminares. Nosso advogado, Dr. Mendes, chegará em breve para explicar todos os detalhes legais, mas, basicamente contém tudo o que conversamos. Ele deslizou uma pasta para ela. Tomei a liberdade de acrescentar algumas coisas que não mencionei antes. Um carro da empresa para suas locomoções, um apartamento funcional próximo ao futuro restaurante e um bônus inicial para despesas pessoais. Gabriela foliou os documentos impressionada com a generosidade da oferta. Isso é muito mais do que eu esperava. Sabemos valorizar talento", comentou Miguel, embora seu tom continuasse neutro. "Mas
também esperamos resultados". "É justo,", respondeu Gabriela, sentindo que precisava provar seu valor para o filho cético. "Antes que o Dr. Mendes chegue", interveio Carlos, "Gostaria de discutir um pouco sobre o conceito do restaurante. Você mencionou Santa Teresa como localização ideal?" São sim. O bairro tem um charme especial, uma mistura de história e modernidade que combina com a proposta. Concordo plenamente. Na verdade, já temos um imóvel lá, uma antiga casa colonial que foi parcialmente reformada, mas nunca ocupada. Acredito que seria perfeita. Uma casa colonial, isso parece ideal para criar o ambiente acolhedor que imagino. Miguel consultou
alguns documentos em seu tablet. A propriedade tem 380 m quadrados, dois andares, um pequeno jardim nos fundos. Foi adquirida há três anos para um projeto de pousada que acabamos abandonando. Poderia comportar quantas mesas? Depende da configuração, mas estimamos entre 40 e 50 lugares, mantendo um espaçamento confortável", respondeu Carlos. "A área da cozinha já foi parcialmente adaptada, mas precisará de equipamentos novos". Isso soa perfeito", disse Gabriela, já imaginando o espaço. "Gostaria de visitar o local o quanto antes." "Podemos ir hoje mesmo após a parte burocrática", sugeriu Carlos. A porta se abriu e um homem de terno
entrou com uma pasta. "Ah, Dr. Mendes, bem na hora", cumprimentou Carlos. "Esta é Gabriela Santos, nossa nova executiva de projetos especiais". Depois das apresentações, o advogado explicou cada cláusula do contrato em detalhes. Como prometido, os termos eram extremamente favoráveis a Gabriela, garantindo-lhe não apenas um excelente salário, mas também segurança e autonomia criativa. "Alguma dúvida até aqui?", perguntou Dr. Mendes após concluir sua explicação. "Na verdade, sim", respondeu Gabriela para surpresa de todos. O contrato menciona que terei autoridade para montar minha equipe. Isso inclui pessoas que já trabalham em outros estabelecimentos do grupo? Miguel levantou as sobrancelhas,
interessado na pergunta. Sim, inclui, respondeu Carlos, desde que não comprometa operações existentes. Por quê? Já tem alguém em mente? Dona Inês dos Sabores do Mar e talvez o chefe Thago, embora eu precise conversar com ele primeiro. Inês, eu entendo: comentou Miguel. Ela é uma instituição nos sabores do mar, mas Thiago é o chefe principal. Seria uma perda significativa. Não estou sugerindo tirá-lo imediatamente. Talvez uma transição gradual, se ele se interessar. Pelo projeto. Carlos sorriu aparentemente satisfeito com a resposta. Vejo que já está pensando estrategicamente. É precisamente essa visão que buscamos. Após discutir mais alguns detalhes,
Gabriela assinou o contrato. Era oficial. Ela agora fazia parte do grupo Oliveira e estaria à frente de seu próprio restaurante. "Bem-vinda à família", disse Carlos, apertando sua mão. Miguel, que até então mantivera certa reserva, finalmente abriu um sorriso mais genuíno. Parabéns, Gabriela. Espero que meu pai esteja certo sobre você e pelo que vi hoje, provavelmente está. Não pretendo decepcioná-los", respondeu ela com determinação. Após a assinatura, Carlos sugeriu que fossem imediatamente visitar o imóvel em Santa Teresa. Pegaram o carro da empresa conduzido por um motorista e seguiram pela movimentada Avenida Rio Branco, cruzando o centro histórico
até começar a subida para o charmoso bairro. Santa Teresa era como uma cidade à parte no Rio de Janeiro, construída em um morro. Suas ruas estreitas e sinuosas, com casarões antigos e vista privilegiada da cidade, atraíam artistas, turistas e pessoas em busca de uma atmosfera diferente da agitação urbana. O carro parou diante de uma casa de dois andares, pintada em amarelo ocreal. A fachada preservava a arquitetura original com janelas altas e uma varanda que se estendia por toda a frente. É linda! Exclamou Gabriela, encantada assim que desceu do carro. Espere até ver o interior", disse
Carlos, guiando-a até a entrada. Um funcionário do grupo já os aguardava com as chaves. Ao abrir a porta, Gabriela deparou-se com um amplo salão de piso em madeira escura, paredes altas e janelões que permitiam a entrada de luz natural. Apesar de vazio, o espaço emanava um charme especial, uma mistura de história e possibilidades. "Este seria o salão principal", explicou Carlos. Aquela porta lateral leva a área que seria adaptada para a cozinha e a escada conduz ao segundo andar, onde temos mais espaço que poderia servir para mesas privativas ou eventos. Gabriela percorreu o espaço lentamente, absorvendo
cada detalhe, já visualizando mesas, decoração, o fluxo de serviço. "A localização é perfeita", comentou, aproximando-se de uma das janelas que oferecia vista para o centro da cidade e ao longe a Bahia. Os turistas que visitam Santa Teresa passam bem em frente e ainda estamos próximos o suficiente do centro para atrair o público corporativo para almoços executivos. Exatamente o que pensei, concordou Carlos. O bairro está em alta, com novos ateliê, galerias e pequenas pousadas boutique. Eles subiram ao segundo andar, onde havia três salas interligadas, todas com o mesmo piso de madeira e janelas amplas. Este espaço
tem infinitas possibilidades", disse Gabriela, entusiasmada. "Podemos criar áreas temáticas, cada uma representando uma região brasileira, ou talvez separar por ocasiões, um espaço mais íntimo para casais, outro para grupos maiores." "Vejo que sua mente já está a 1000 por hora", observou Carlos satisfeito. "É impossível não ficar empolgada. Este lugar tem alma." Eles voltaram ao térrio e seguiram para os fundos, onde havia um pequeno jardim cercado por árvores. Uma jabuticabeira antiga dominava o espaço com sua copa densa proporcionando uma sombra agradável. "Isso é um tesouro escondido", exclamou Gabriela. "Podemos criar mesas externas para os dias de clima
ameno, talvez um pequeno bar sob a jabuticabeira. E imagine servir sobre mesas com jabuticabas frescas quando estiverem em temporada." Carlos observava seu entusiasmo com visível satisfação. E quanto à cozinha, quer verificar a área, a parte destinada à cozinha havia sido parcialmente reformada, com piso em cerâmica resistente e alguns pontos de instalações elétricas e hidráulicas já preparados. Era espaçosa, com boa ventilação e iluminação natural, algo raro em restaurantes. Precisaremos de um bom projeto para otimizar o espaço, mas o potencial é incrível, comentou Gabriela. Com equipamentos modernos e uma organização eficiente, podemos criar uma cozinha que seja
funcional e, ao mesmo tempo, um ambiente agradável para a equipe. Após percorrerem todo o imóvel, voltaram ao salão principal, onde Carlos propôs que se sentassem em duas cadeiras dobráveis que o funcionário trouxera. Então, qual é seu veredo? É perfeito, seu Carlos. Não consigo imaginar um lugar melhor para o que temos em mente. Excelente. Quando gostaria de começar as reformas? O quanto antes, há muito trabalho pela frente. Concordo. Sugiro que elabore um plano detalhado do que precisa ser feito, um cronograma e o apresente até o final da semana. Enquanto isso, providenciarei o apartamento próximo daqui para
você. Isso seria ótimo. Quanto tempo estima para inaugurarmos? Depende da extensão das reformas, mas acho razoável pensar em três a 4 meses. Perfeito. Dá tempo para montar a equipe, desenvolver o cardápio, fazer testes. Carlos sorriu visivelmente satisfeito com o entusiasmo de Gabriela. Bem, acho que já temos um plano inicial. Vamos voltar ao escritório para acertar os detalhes finais e a partir de amanhã você começa oficialmente. No caminho de volta, Carlos perguntou: "Já pensou em um nome para o restaurante?" Gabriela havia pensado nisso durante toda a visita, deixando sua mente vagar pelas possibilidades enquanto absorvia a
energia do lugar. Estava pensando em raízes, um nome que representa a conexão com nossas origens culinárias, mas também sugere algo que cresce, que se desenvolve. Raízes! Repetiu Carlos testando o som. Simples, significativo, fácil de lembrar. Gosto. Podemos trabalhar com o conceito visualmente também. A decoração pode incluir elementos que remetam a diferentes raízes brasileiras, tanto culinárias quanto culturais. Uma abordagem holística. É exatamente o que eu esperava de você. Quando retornaram ao escritório, Miguel os aguardava com novidades. Como foi a visita? Gabriela já está cheia de ideias. O lugar é perfeito para o que planejamos, respondeu Carlos.
Ótimo. Tenho uma notícia que pode interessar vocês. Maurício, o gerente dos Sabores do Mar, pediu demissão esta manhã. Gabriela e Carlos trocaram olhares surpresos. Pediu demissão? Por quê? perguntou Carlos. Aparentemente ficou sabendo que você visitou o restaurante na sexta-feira, achou que seria demitido e preferiu sair antes. Como ele descobriu? Inês contou a ele depois que vocês conversaram por telefone no sábado. Carlos riu. Bem, isso simplifica as coisas. Agora não precisaremos explicar porque o afastaríamos e complica outras, ponderou Miguel. Precisamos de um gerente substituto urgentemente. Gabriela hesitou por um momento antes de fazer uma sugestão. Se
me permitem, Paulo o Maitre seria uma excelente escolha temporária. Ele conhece a operação tão bem quanto Maurício, mas tem uma abordagem muito mais humana com a equipe. Miguel a olhou com interesse renovado. Você sugeriria Paulo como gerente permanente? Não, de imediato. Ele é excelente no atendimento, mas precisaria de treinamento em gestão financeira e administrativa, porém, com o suporte adequado, tem potencial. "Uma análise sensata", comentou Miguel, parecendo genuinamente impressionado. "Conversarei com ele hoje mesmo." "E quanto a Inês?", perguntou Carlos. Você mencionou que gostaria de trazê-la para o novo projeto? Sim, mas não imediatamente. Seria irresponsável tirar
duas pessoas chave dos sabores do mar ao mesmo tempo. Talvez em algumas semanas, quando a situação estiver mais estabilizada. Miguel assentiu satisfeito com a resposta. Bem, parece que temos muito trabalho pela frente, disse Carlos levantando-se. Gabriela, por não tira o restante do dia para organizar suas coisas pessoais? Amanhã começamos cedo com a fase de planejamento. Obrigada, seu Carlos. Estarei pronta. Ao sair do escritório, Gabriela ainda tinha dificuldade para acreditar em como sua vida havia mudado radicalmente em apenas três dias, de garçonete demitida, a gestora de seu próprio restaurante. O destino havia preparado uma reviravolta que
nem o mais otimista dos sonhos poderia prever. Os dias seguintes foram um turbilhão de atividades. Gabriela mudou-se para o apartamento funcional em Santa Teresa, um charmoso dois quartos com vista para o centro da cidade. Começou a desenvolver o plano detalhado para o restaurante, trabalhando em estreita colaboração com arquitetos e designers indicados pelo grupo Oliveira. Uma semana após assumir o novo cargo, ela fez sua primeira contratação oficial, Rafael Nogueira, um jovem chefe que conhecera na faculdade de gastronomia e que trabalhava em um restaurante conceituado em São Paulo. Especialista em releituras contemporâneas de pratos tradicionais brasileiros, Rafael
compartilhava da visão de Gabriela sobre valorizar ingredientes locais e técnicas ancestrais. Quando você me ligou, achei que era brincadeira. confessou Rafael enquanto visitavam juntos a futura cozinha do Raízes. Você, gerenciando seu próprio restaurante, bancada pelo grupo Oliveira, parecia surreal demais. Eu mesma ainda tenho momentos em que não acredito respondeu Gabriela, rindo. Mas é real e preciso de um chefe que entenda minha visão. E que visão é essa exatamente? Você mencionou culinária brasileira contemporânea, mas isso pode significar muitas coisas. Quero celebrar a diversidade regional do Brasil, mas com uma abordagem moderna. Não apenas reproduzir receitas tradicionais,
mas entender sua essência e reimaginá-las. Usar ingredientes locais, valorizar pequenos produtores, contar histórias através da comida. Rafael sorriu entusiasmado. Isso ressoa perfeitamente com minha filosofia culinária. E teremos liberdade criativa? Total. Carlos quer que o Raíes seja um laboratório de inovação, não apenas mais um restaurante da rede. Nesse caso, estou dentro. Quando começamos? As semanas seguintes foram de trabalho intenso. A reforma do casarão avançava rapidamente, transformando o espaço de acordo com a visão de Gabriela. Paredes foram derrubadas para criar ambientes mais integrados. A cozinha foi equipada com o que havia de mais moderno e o jardim
dos fundos transformou-se em um charmoso espaço para refeições ao ar livre. A decoração combinava elementos rústicos, como madeira de demolição e cerâmica artesanal, com toques contemporâneos. Cada ambiente contava um pouco da história gastronômica brasileira. Uma parede exibia um mural com ilustrações de ingredientes nativos. Outra, fotografias em preto e branco de cenas tradicionais de diferentes regiões do país. Em paralelo, Gabriela e Rafael trabalhavam no desenvolvimento do cardápio. Passavam horas na cozinha experimental do grupo Oliveira testando receitas, ajustando sabores, criando apresentações visualmente impactantes. Um mês após o início do projeto, dona Inês finalmente se juntou à equipe.
Após ajudar na transição nos sabores do mar, onde Paulo assumira com sucesso a gerência, ela aceitou o convite para ser a Matri do Raízes. Achei que nunca mais teria uma oportunidade assim na minha idade", confessou Inês durante seu primeiro dia. A maioria dos lugares quer gente jovem, que fale inglês perfeitamente, que tenha estudado no exterior. E eu quero alguém que entenda de pessoas, respondeu Gabriela, que saiba ler um cliente ao primeiro olhar, que faça cada um se sentir especial. Ninguém faz isso melhor que você, dona Inês. A equipe crescia organicamente, além de Rafael, e Inês
Gabriela contratou Marina, uma someliera especializada em vinhos brasileiros. Lucas, um bartender criativo que desenvolvia coquitéis usando frutas e ervas nacionais e uma equipe de garçons cuidadosamente selecionados, não apenas por sua experiência, mas principalmente por sua empatia e paixão por hospitalidade. Carlos acompanhava tudo de perto, visitando o restaurante em construção pelo menos uma vez por semana. Ficava visivelmente satisfeito com o progresso e com as decisões de Gabriela. Você está superando minhas expectativas", comentou ele durante uma de suas visitas, enquanto provavam um dos pratos que estariam no cardápio de inauguração. "Uma moqueca capixaba reinterpretada com técnicas contemporâneas.
"Tento fazer jus à confiança que depositou em mim", respondeu Gabriela. Não é apenas confiança que deposito, mas esperança. Esperança de que esse projeto possa representar um novo direcionamento para o grupo. Como assim? Carlos suspirou, parecendo momentaneamente mais velho e cansado. Nos últimos anos, expandimos rapidamente. Abrimos unidades em várias cidades. Contratamos executivos de grandes redes internacionais. Adotamos processos cada vez mais padronizados. Ganhamos em eficiência. Sem dúvida, mas perdemos algo essencial. A alma completou Gabriela. Exatamente. Quando comecei há 50 anos com um pequeno restaurante em Ipanema, conhecia cada cliente pelo nome, sabia suas preferências, suas histórias, era
um negócio, claro, mas também era uma extensão da minha sala de jantar e agora é uma corporação. Sim, e não me entenda mal, há muito de positivo nisso. Geramos milhares de empregos, servimos milhões de clientes, mas em algum momento do caminho, executivos como Maurício começaram a ver números, não pessoas. E o Raízes é uma tentativa de resgatar essa essência, precisamente um lugar pequeno o suficiente para ser pessoal, mas sofisticado o bastante para ser economicamente viável. Um modelo que, se bem-sucedido, poderíamos replicar não em escala, mas em conceito. Gabriela sentiu o peso da responsabilidade sobre seus
ombros, mas também o privilégio de fazer parte de algo potencialmente transformador. Três meses após o início do projeto, o Raízes estava quase pronto para sua grande inauguração. A data havia sido marcada para uma sexta-feira, com um evento exclusivo para convidados, seguido pela abertura ao público no dia seguinte. A semana que antecedeu a inauguração foi de testes intensivos. Gabriela organizou jantares experimentais com pequenos grupos, refinando cada detalhe do serviço. A equipe trabalhava em sintonia surpreendente para um grupo recém formado, demonstrando o cuidado que ela tivera na seleção de cada membro. Na véspera da inauguração, após o
último teste, Gabriela reuniu toda a equipe no salão principal. 20 pessoas entre cozinha e salão formavam um círculo ao redor dela. "Amanhã abrimos oficialmente nossas portas", começou ela, sentindo um misto de nervosismo e orgulho. "Seremos julgados, avaliados, comparados. Haverá críticas, certamente, porque nenhum restaurante nasce perfeito. Mas há algo que podemos garantir desde o primeiro dia, que cada pessoa que entrar aqui será tratada com respeito, atenção e carinho genuínos. Ela fez uma pausa, olhando para cada rosto à sua frente. Não somos apenas um restaurante, somos guardiões de uma experiência. Cada prato que sai da cozinha, cada
taça de vinho servida, cada sorriso de boas-vindas conta uma história sobre quem somos e quem somos nós. Somos pessoas apaixonadas por comida, por hospitalidade, por criar momentos memoráveis. Rafael, o chefe ergueu sua taça de água em um brinde improvisado. A Raízes e a nossa líder visionária, todos brindaram e Gabriela sentiu-se emocionada ao ver o brilho de entusiasmo nos olhos de sua equipe. Quando todos já haviam saído, ela permaneceu sozinha no restaurante por um tempo, absorvendo a quietude do espaço, que em breve estaria cheio de vozes, risos e o tilintar de talheres. Era difícil acreditar no
caminho que havia percorrido em tão pouco tempo, de garçonete desvalorizada a empreendedora respeitada. Seu celular tocou. Era sua mãe. Já está em casa, filha? Ainda no restaurante, mãe. Só eu e meus pensamentos. Nervosa para amanhã? Um pouco. Ou talvez muito. Admitiu Gabriela rindo. Normal. Mas vai dar tudo certo. Você nasceu para isso. Sempre soube. Obrigada por sempre acreditar em mim, mãe, mesmo quando nem eu acreditava. É para isso que servem as mães, para ver o que os filhos ainda não conseguem enxergar em si mesmos. Após desligar, Gabriela deu uma última olhada no salão, apagou as
luzes e saiu trancando a porta atrás de si. O céu estrelado de Santa Teresa parecia especialmente brilhante naquela noite, como se também celebrasse antecipadamente a realização de um sonho. O dia da inauguração amanheceu ensolarado, como se a própria natureza cooperasse com o evento. Gabriela chegou cedo ao restaurante, encontrando a equipe já apostos, todos com a mesma mistura de ansiedade e excitação. As flores frescas para a decoração começaram a chegar, enchendo o ambiente com seus aromas. Na cozinha, Rafael e sua equipe preparavam os MIS em Place, organizando cada ingrediente e cada utensílio, garantindo que tudo estivesse
perfeito para a noite. "Como está o nervosismo?", perguntou Inês, encontrando Gabriela, verificando cada mesa, cada detalhe sob controle, eu acho. Fiz isso seis vezes na minha vida. Inaugurações, quero dizer. Nunca fica mais fácil. Isso é reconfortante, brincou Gabriela. Mas sabe qual é a melhor parte? O momento em que você percebe que tudo está funcionando, que a sinfonia que você ensaiou tanto finalmente está sendo executada sem desafinar. O dia passou em um piscar de olhos e logo era hora de receber os primeiros convidados. A lista incluía jornalistas gastronômicos, influenciadores digitais, parceiros comerciais do grupo Oliveira e,
claro, familiares dos envolvidos. Carlos foi o primeiro a chegar, acompanhado de Miguel e outros executivos do grupo. Gabriela os recebeu no hall de entrada, onde uma exposição de fotografias de pequenos produtores parceiros do restaurante dava as boas-vindas aos visitantes. "Está absolutamente deslumbrante", elogiou Carlos, admirando o ambiente. "Você transformou minha vaga ideia em algo muito além do que imaginei. Foram três meses intensos, mas cada minuto valeu a pena", respondeu Gabriela, conduzindo-os ao salão principal. A decoração era um equilíbrio perfeito entre sofisticação e aconchego. Mesas de madeira escura, cadeiras com estofado em tecidos que remetiam ao artesanato
nacional, louças especialmente desenhadas por ceramistas brasileiros. As paredes exibiam obras de artistas contemporâneos que reinterpretavam temas da cultura popular. O evento de inauguração começou com um coquetel no Jardim dos Fundos, onde os convidados puderam apreciar pequenas amostras da culinária do Raízes servidas em formato de canapés. Lucas, o bartender, apresentava coquitéis autorais que já conquistavam elogios entusiasmados. Em determinado momento, Carlos pediu a atenção de todos para um breve discurso. Amigos, família, parceiros, imprensa. É com imenso orgulho que inauguramos hoje o Raízes. Não apenas um novo restaurante do grupo Oliveira, mas um conceito que representa um retorno
às nossas origens. Um espaço que celebra o melhor da gastronomia brasileira, com um olhar contemporâneo e, acima de tudo, com alma. Ele fez uma pausa procurando Gabriela com o olhar. Este projeto só foi possível graças à visão e dedicação de uma jovem extraordinária que conhecia em circunstâncias inusitadas. Gabriela Santos não apenas concebeu Raízes, mas reuniu uma equipe apaixonada e transformou um casarão vazio em um dos ambientes mais acolhedores que já tive o prazer de visitar. Gabriela sentiu-se emocionada com o reconhecimento público. Peço uma salva de palmas para Gabriela e toda sua equipe, que nos proporcionarão,
tenho certeza, uma noite inesquecível. Os aplausos foram calorosos e Gabriela agradeceu com um gesto discreto, preferindo que o foco permanecesse na experiência que haviam criado juntos. Após o coquetel, os convidados foram conduzidos às mesas para o jantar principal. O menu degustação contava a história do Brasil através de sete pratos, cada um representando uma região do país, reinterpretada com técnicas contemporâneas e apresentação impecável. Os elogios não paravam de chegar. Jornalistas gastronômicos, conhecidos por seu rigor, mostravam-se genuinamente impressionados. Influenciadores não conseguiam parar de fotografar cada prato, cada detalhe do ambiente. Entre os convidados, para a surpresa de
Gabriela, estava Maurício. Aparentemente Miguel o havia incluído na lista, talvez como uma forma de diplomacia corporativa. O ex-gerente circulava com visível desconforto, observando o sucesso do evento com uma expressão difícil de decifrar. Em determinado momento, seus caminhos se cruzaram perto do bar. Gabriela cumprimentou ele sec. Maurício, que surpresa. Obrigada por vir. Não foi exatamente uma escolha. Miguel insistiu que seria educativo. Bem, espero que esteja gostando de qualquer forma. É impressionante o que se pode fazer com orçamento ilimitado e apoio do alto escalão", comentou ele com um tom que misturava admiração e ressentimento. "O apoio são
importantes, sim, mas o que realmente faz a diferença são as pessoas. Uma lição que aprendi com você ironicamente." Comigo? Sim. Você me mostrou exatamente o tipo de líder que eu não queria ser. Antes que Maurício pudesse responder, Carlos aproximou-se. "Ah, vejo que se reencontraram", observou ele com um leve sorriso. "Maurício está gostando do Raízes? É impressionante, Senr. Oliveira", respondeu ele, visivelmente intimidado pela presença do dono. "Gabriela fez um trabalho excepcional, não acha? Identificar e nutrir talentos é uma das habilidades mais valiosas em um gestor. O comentário claramente tinha um subtexto e Maurício captou a mensagem.
"Com licença, preciso verificar se está tudo em ordem na cozinha", disse Gabriela, preferindo não prolongar aquele encontro desconfortável. Na cozinha encontrou Rafael e sua equipe trabalhando em perfeita sincronia como uma orquestra bem ensaiada. O chefe emanava calma e concentração, orientando os cozinheiros com precisão e respeito. "Como estamos indo?", perguntou ela. "Iecavelmente", respondeu Rafael, sem desviar os olhos do prato que finalizava. "As pessoas estão voltando pratos vazios e enviando elogios. Melhor feedback impossível". Gabriela sorriu, sentindo-se finalmente relaxar um pouco. Apesar de todos os desafios, apesar de todas as dúvidas, estavam conseguindo. O Raízes estava vivo, pulsante,
fazendo exatamente o que ela havia sonhado, criar uma experiência memorável através da comida e da hospitalidade genuína. A noite avançou em um fluxo perfeito. Cada prato servido no tempo exato, cada taça preenchida no momento certo, cada cliente atendido com atenção personalizada. Quando os últimos convidados partiram, já passava da meia-noite. A equipe reuniu-se novamente no salão, agora vazio, para um brinde final. Conseguimos", disse Gabriela erguendo uma taça de espumante brasileiro. "Vocês foram absolutamente incríveis hoje. Este é apenas o começo da nossa jornada juntos. Mas que começo!" Todos brindaram, exaustos, mas radiantes. A inauguração foram um sucesso
inequívoco. Quando a equipe começou a se dispersar, Carlos pediu para falar com Gabriela em particular. Eles se sentaram em uma mesa no jardim, sob a jabuticabeira iluminada por pequenas luzes. Estou sem palavras, Gabriela. Você não apenas atendeu minhas expectativas, mas as redefiniu. Obrigada, seu Carlos. Isso significa muito para mim. Sabe o que mais me impressionou? Não foi apenas a comida excepcional ou a decoração impecável. foi ver como você construiu uma equipe que funciona como uma família em tão pouco tempo. Acredito que um restaurante é, acima de tudo, pessoas. Ingredientes de qualidade e técnica são fundamentais,
claro, mas são as pessoas que dão vida ao lugar. Carlos assentiu pensativo. Lembra-se daquela nossa conversa quando mencionei que o Raízes poderia ser um modelo para o futuro do grupo? Sim, claro. Bem, após o que vi hoje, estou ainda mais convencido disso. Gostaria de propor algo a você. Estou ouvindo. Além de gerenciar o Raízes, gostaria que você assumisse um papel de consultoria interna, ajudando a implementar essa filosofia de hospitalidade genuína em nossas outras operações. Gabriela sentiu uma onda de surpresa. Isso é uma honra enorme, seu Carlos, mas tenho certeza que o Raízes vai exigir toda
a minha atenção nos próximos meses. Certamente. E a prioridade continua sendo este restaurante. Mas eventualmente, quando as coisas estiverem mais estabelecidas, gostaria que você compartilhasse seus insightes com o resto do grupo. Pense nisso. Como plantar pequenas sementes do Raízes em terra fértil. Colocado dessa forma, parece uma extensão natural do que já estamos fazendo aqui. Exatamente. E claro, isso viria com um ajuste em sua posição e compensação. Eles conversaram por mais algum tempo sobre os detalhes da proposta que seria formalizada nas próximas semanas. Quando finalmente se despediram, o céu já começava a clarear no horizonte. Gabriela
permaneceu sozinha por alguns minutos após a saída de Carlos, absorvendo tudo o que havia acontecido, do desespero de uma demissão injusta ao triunfo de uma inauguração aclamada em apenas três meses. A vida às vezes oferecia reviravoltas que nem o mais otimista dos sonhos poderia antecipar. Pensou em sua mãe, que havia partido mais cedo, com os olhos marejados de orgulho. Pensou em dona Inês, que acreditara nela mesmo quando era apenas uma garçonete tentando sobreviver. pensou em cada pessoa que havia contribuído para aquela jornada, incluindo ironicamente Maurício, cujo desprezo acabara sendo o catalisador para sua transformação. Finalmente
pensou em seu Carlos, o idoso que entrara sozinho no restaurante naquela noite fatídica e mudara completamente o curso de sua vida. Um homem que aos 77 anos ainda acreditava no poder das conexões humanas em um mundo cada vez mais digital e impessoal. Com o coração cheio de gratidão e os olhos fixos no horizonte que se iluminava lentamente, Gabriela sentiu-se em paz. O Raízes era mais que um restaurante, era uma declaração de valores, uma prova viva de que cuidar genuinamente das pessoas nunca passaria de moda. E aquele era apenas o primeiro capítulo de uma história que
prometia ser tão rica e saborosa quanto os pratos que serviriam dali em diante. Fim da história. Amados leitores, o que acharam da jornada de Gabriela? Vocês acreditam que o talento e a dedicação sempre acabam sendo reconhecidos? Compartilhem suas opiniões nos comentários. Não esqueçam de deixar seu like e se inscrever no canal para mais histórias inspiradoras que aquecem o coração. Muito obrigado por acompanharem até aqui.
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