essa é a história baseada na vida real da Dona Irene das tradições opressoras do interior brasileiro nos anos 50 até os dias de hoje aconchegue-se pois essa narrativa promete te prender do início ao fim se inscreve no canal deixa o seu like da confiança aqui Compartilhamos relatos autênticos direto do Baú de memórias dos nossos queridos idosos Dona Irene estamos todos ouvidos para sua incrível trajetória Ah meu bem Que Bom que Você Chegou vem Senta aqui pertinho tá bom aí Espero que você tenha um tempinho para ouvir essa velha de 82 anos sabe eu tenho tanta
coisa guardada aqui dentro um monte de história para contar às vezes dói lembrar viu mas eu preciso botar para fora que alívio ter você aqui para me escutar foram anos que me fizeram ser quem eu sou me quebraram e me fizeram ficar de pé de novo teve Dias escuros noites que não acabavam mais se prepara meu bem não é uma história fácil de ouvir não eu nasci em 1942 numa fazenda grande no interior era um lugar bonito mas cheio de regras rígidas e tradições que sufocavam a gente meu pai o Coronel Antônio era um homem
que todo mundo respeitava e temia ele mandava não só na nossa família mas em quase toda a região era político daqueles que conseguia o que queria na base da força e da influência minha mãe Dona Clara Coitada era o oposto do meu pai uma mulher quieta sempre com um ar triste nos olhos ela me amava muito eu sei mas não podia fazer muita coisa para me proteger às vezes quando meu pai não tava olhando ela me abraçava forte ou passava a mão no meu cabelo era o jeito dela de dizer que tava ali por mim
eu tinha três irmãos mais velhos José o mais velho que já era casado Pedro o do meio e Carlos O Caçula dos homens José era o mais parecido com meu pai sempre sério e mandão a esposa dele Mariana era uma moça calada que tinha dado a ele Dois Filhos luí e Ana Pedro e Carlos eram iguaizinhos ao meu pai ignorantes brutos só pensavam em cavalos gado e em mandar nos outros mas os filhos de José meus sobrinhos luí e Ana eram minha alegria luí tinha 7 anos e Ana cinco quando eu tinha 13 eles adoravam
vir brincar no casarão a gente corria pelos Jardins se escondia nos quartos enormes e eu contava histórias para eles embaixo das Mangueiras eram os únicos momentos em que eu me sentia criança de verdade eu era a caçula E a única menina papai dizia que eu era a flor da família mas isso Não significava que eu era mais bem tratado na verdade as expectativas sobre mim eram ainda maiores eu tinha que ser a moça perfeita educada obediente e pronta para ser uma boa esposa foi em 1955 no dia em que eu completei 13 anos que minha
vida virou de cabeça para baixo eu tava animada achando que ia ter uma festinha quem sabe até um bolo mais vame Deus o que ganhei de presente foi um noivo papai me chamou no escritório dele lá estava um homem que eu só tinha visto de longe algumas vezes Jerônimo Albuquerque um fazendeiro importante da região ele tinha 52 anos o cabelo já grisalho e um olhar que me dava medo Irene Meu pai disse você vai se casar com o seu Jerônimo é uma grande honra paraa nossa família eu fiquei paralisada casar eu mal sabia o que
isso significava direito olhei para minha mãe que estava num canto da sala os olhos cheios de Lágrimas ela não disse nada só abaixou a cabeça tentei argumentar dizer que era muito nova que queria estudar mas papai não queria saber isso é um acordo entre homens menina vai unir nossas famílias e trazer mais poder para todos nós de repente a casa tava cheia de gente preparando o casamento costureiras fazendo meu vestido cozinheiras planejando o banquete meu pai recebendo visitas importantes e eu no meio disso tudo me sentindo como se tivesse sido esquecida meus irmãos não ligavam
para eles era normal uma menina se casar cedo José até me deu parabéns como se fosse uma coisa boa Pedro e Carlos só falavam De quanto dinheiro e alqueires de terras a família ia ganhar com a união meus sobrinhos eram os únicos que pareciam entender que algo estava errado luí me perguntou uma vez tia Irene Por que você tá triste não é bom casar e a pequena Ana com sua inocência disse que não queria que eu fosse embora aquilo partiu meu coração o dia do casamento chegou rápido demais era para ser o dia mais feliz
da minha vida mas eu me sentia como se tivesse indo pro meu próprio funeral O vestido era lindo cheio de rendas e Bordados mas pesava como chumbo nos meus ombros a igreja tava lotada parecia que a cidade inteira tinha vindo ver a filha do Coronel Antônio se casar quando entrei de braço dado com meu pai Vi Jerônimo no Altar ele sorria mas não era um sorriso Gentil era o sorriso de quem tinha acabado de fechar um bom negócio eu repeti as palavras que o Padre falou Coloquei a aliança no dedo de Jerônimo e senti ele
colocar uma no meu tudo parecia estar acontecendo com outra pessoa não comigo a festa depois foi grandiosa música comida dança gente importante de todo lugar meu pai estava Radiante se gabando pros convidados Minha mãe ficou num canto Quieta Como sempre meus irmãos bebiam e Riam alto vi meus sobrinhos de longe luí segurava a mão de Ana os dois me olhando com uma mistura de confusão e tristeza eu queria correr até eles abraçar e dizer que tudo ficaria bem mas eu sabia que não podia prometer isso quando a noite chegou me levaram pro quarto o quarto
que seria meu e de Jerônimo fiquei ali sentada na cama enorme tremendo de medo quando Jerônimo entrou fechou a porta e veio na minha direção eu não consegui me mexer agora você é minha mulher ele disse com uma voz que me gelou por dentro venha aqui perto vou tirar seu vestido e te dar um banho eu não tinha escolha só obedeci não vou contar os detalhes daquela noite só posso dizer que eu deixei de ser uma menina e fui forçada a ser mulher quando finalmente fiquei sozinha chorei até não ter mais lágrimas chorei pela minha
infância perdida pelos sonhos que eu tinha e que agora pareciam impossíveis chorei de medo do futuro que me esperava os dias que se seguiram ao casamento foram um pesadelo para mim Jerônimo não era um homem Gentil nem paciente ele esperava que eu fosse uma esposa de verdade mesmo eu sendo só uma menina entre quatro paredes ele me fazia passar por coisas que eu nem entendia direito eu tremia só de ouvir os passos dele se aproximando do quarto se eu reclamava ou chorava ele ficava furioso você é minha mulher agora ele dizia tem que me obedecer
em tudo e quando eu tentava resistir ele ameça se não fizer o que eu quero vai dormir com os porcos no chiqueiro no começo achei que era só uma ameaça para me assustar mas uma noite depois que eu me recusei a fazer o que ele queria pois era um pedido absurdo e degradante que vi nos olhos dele uma raiva que me gelou até os ossos ele me agarrou pelo braço e me arrastou para fora me jogou no chiqueiro e trancou à porta quem sabe assim você aprende a ser uma boa esposa ele gritou passei a
noite toda lá pelada na lama tremendo de frio e medo o cheiro horrível me deixando enjoada de manhã quando ele abriu a porta eu estava suja e chorando achei que aquilo seria o suficiente mas ele me levou para dentro me deu banho e me fez fazer o que me recusei na base de gritos quem manda aqui sou eu eu imagino a sua raiva me ouvindo meu bem eu ten raiva só de contar mas acredite ou não essa não foi a última vez Teve outra noite que ele me fez dormir lá de novo dessa vez foi
porque eu tinha queimado o jantar eu tava tão cansada e assustada que nem conseguia me concentrar direito na cozinha quando ele viu a comida queimada ficou vermelho de raiva pro chiqueiro ele disse e lá fui eu de novo pelo menos desta vez eu estava de roupas depois dessas duas noites eu aprendi a nunca mais reclamar ou desobedecer fazia tudo o que ele queria por mais que doesse por mais nojo que eu sentisse era isso ou o chiqueiro e eu não aguentava mais aquele lugar pedia para Deus me salvar o Jerônimo sempre queria namorar comigo fosse
a hora que fosse ele dizia que mulher tinha que servir o marido até quando eu tava de Chico ele não me dava paz o tempo foi passando e eu fui ficando cada vez mais triste e calada tinha dias que eu mal conseguia levantar da cama mas não tinha escolha tinha que cuidar da casa fazer as coisas que Jerônimo exigia foi nessa época que eu comecei a sentir umas coisas estranhas enjoos tonturas no começo Achei que estava doente mas logo descobri que estava grávida tinha acabado de fazer 15 anos fiquei com tanto medo como ia cuidar
de um bebê mas por incrível que pareça a gravidez me deu um pouco de paz Jerônimo ficou mais calmo não me forçava tanto acho que tinha medo de machucar o bebê em 1957 nasceu minha filha Maria Teresa foi a primeira vez desde o casamento que eu senti um pouco de alegria Quando peguei aquela bebezinha no colo senti um amor que não sabia que existia prometi para mim mesma que ia proteger ela que não ia deixar ninguém fazer com ela o que fizeram comigo cuidar da Maria Teresa me dava um propósito Jerônimo não Ava muito para
ela dizia que menina não servia para nada isso me deixava triste mas pelo menos ele não se metia muito eu podia passar horas com minha filha cantando brincando esquecendo um pouco da vida difícil que levava ela mamava bastante era risonha minha princesa mas a paz Não durou muito logo Jerônimo começou a exigir outro filho e lá fui eu de novo ser obrigada a fazer coisas que não queria em 1900 59 quando eu tinha 17 anos nasceu meu filho João Pedro Jerônimo ficou todo orgulhoso finalmente tinha seu varão fazia festa pros amigos mostrava o menino para
todo mundo comigo e com a Maria Teresa ele quase não ligava eu amava Meus dois filhos de igual para mim não importava se era menino ou menina eram meus bebês minha razão de viver cuidava deles com todo o carinho que podia tentando compensar a a falta de amor do pai eu carregava dentro de mim um medo constante do meu João Pedro ser igual ao Jerônimo já que meus irmãos eram iguais ao meu pai a vida seguia assim então quando foi em 1960 quando eu tinha 18 anos Aconteceu algo que mudou minha vida de novo numa
tarde quente de verão Jerônimo tava na varanda bebendo como sempre de repente ele caiu da cadeira agarrando o peito corri para ajudar amei os empregados que vi de longe cuidando do Gado mas não adiantou quando o médico chegou já era tarde demais Jerônimo tinha morrido de um ataque do coração não vou mentir para você quando me dei conta que ele tinha mesmo morrido senti um alívio tão grande que até me senti culpada era como se um peso enorme tivesse saído das minhas costas pela primeira vez em anos eu podia respirar sem medo sei que não
é bonito falar assim mas era a verdade aquele homem tinha feito da minha vida um inferno desde os meus 13 anos mas logo percebi que a morte de Jerônimo Não significava que meus problemas tinham acabado de repente eu era viúva com dois filhos pequenos para criar e dona de um monte de coisas que não sabia nem por onde começar a cuidar o testamento de Jerônimo me deixou o casarão e boa parte das terras era uma herança e tanto tudo que o velho tinha era da família dele H gerações O Casarão Era uma construção linda do
século XIX daquelas que a gente só vê em filme tinha 25 cômodos todos decorados com móveis caros e objetos antigos os jardins eram de tirar o fôlego cheios de flores e árvores centenárias nos primeiros dias eu ficava andando por aqueles corredores enormes mal acreditando que tudo aquilo era meu agora não posso negar eu estava muito feliz imaginei as crianças maiores correndo por lá era muitos sonhos e planos que eu fazia na minha cabeça mas a felicidade durou pouco logo comecei a perceber o tamanho da encrenca que tinha caído no meu colo eu não sabia nada
de administrar terras de cuidar de Empregados de lidar com dinheiro na verdade eu mal sabia ler e escrever direito E para piorar nem tinha esfriado o corpo de Jerônimo direito e já comeou a confusão os três filhos mais velhos dele do primeiro casamento apareceram querendo sua parte da herança eles eram bem mais velhos que eu o mais novo devia ter uns 30 anos olhavam mim como se eu fosse uma Intrusa uma aproveitadora A Batalha legal comeou assim que o testamento foi aberto os filhos de Jerônimo não peram tempo contrataram os melhores advogados da região e
começaram a contestar tudo diziam que eu era jovem demais que não tinha capacidade de administrar as propriedades que Jerônimo não estava em seu juízo perfeito quando fez o testamento cada dia era uma nova acusação um novo papel para assinar uma nova audiência no fórum eu tava completamente perdida nunca tinha posto os pés num tribunal antes mal sabia o que significavam metade das palavras que os advogados usavam toda vez que chegava uma intima meu coração disparava tinha medo de perder tudo de ficar na rua com meus filhos pequenos foi nesse momento quando eu achava que não
tinha mais esperança que conhecia Antônio ele era um advogado recém-formado cheio de ideias e vontade de fazer a diferença ouviu falar do meu caso e se ofereceu para me ajudar no começo confesso que fiquei com um pé atrás já tinha visto tanto homem querendo se aproveitar de mim que era difícil acreditar que alguém pudesse querer ajudar sem segundas intenções E para piorar o nome dele Antônio igual ao do meu pai achei que era um sinal para não confiar nele mas Antônio era diferente de todos os homens que eu já tinha conhecido ele me tratava com
respeito me explicava as coisas com paciência não ria das minhas perguntas por mais bobas que fossem aos poucos fui baixando a guarda e começando a confiar nele os filhos de Jerônimo não facilitavam nada usavam de todos os truques sujos que podiam espalharam boatos na cidade de que eu tinha dado um jeito de matar Jerônimo para ficar com a herança tentaram subornar testemunhas ameaçaram pessoas próximas a mim teve uma vez que até tentaram me intimidar diretamente me encurralando na saída do fórum se Antônio não tivesse aparecido naquela hora não sei o que teria acontecido mas apesar
de toda a pressão a gente não desistiu Antônio ia juntando provas construindo nosso caso me ensinou a me portar no tribunal a não cair nas armadilhas que os outros advogados armavam aos poucos fui ganhando confiança aprendendo a me defender a batalha legal se arrastou por quase do anos quando Finalmente chegou o dia da sentença final eu tava um caco de nervoso o juiz Lia a decisão quando ele anunciou que o testamento era válido e que eu tinha o direito de ficar com o casarão e as terras foi como se o mundo tivesse parado por um
instante não consegui acreditar de primeira saí do fórum naquele dia me sentindo a mulher mais forte do mundo tinha enfrentado tudo e todos e tinha vencido pela primeira vez na vida senti que o futuro era meu para moldar como eu quisesse Mas como tudo na minha vida naquela época a minha alegria durou pouco naquela mesma noite enquanto eu estava em casa com as crianças tentando comemorar nossa vitória ouvi o barulho de uma caminhonete chegando antes que eu pudesse entender o que estava acontecendo meu pai o Coronel Antônio e meus irmãos invadiram a casa eles pareciam
possessos gritando que eu era muito jovem para administrar tudo aquilo você não tem capacidade para cuidar dessas terras menina meu pai berrava enquanto meus irmãos começavam a pegar as crianças eu gritei e tentei impedir Mas eles eram mais fortes vi com horror Quando colocaram Maria Teresa e João Pedro na caminhonete meus pequenos estavam aos prantos para onde você Estão levando meus filhos eu implorava mas ninguém me dava ouvidos meu pai me agarrou pelo braço me arrastando também pra caminhonete vamos para casa lá a gente resolve isso chegando na fazenda dos meus pais vi minha mãe
esperando na varanda ela parecia triste mas não fez nada para me ajudar só ficou lá quieta enquanto meu pai me empurrava para dentro de casa a gente vai cuidar de tudo agora ele disse com aquele tom que não aceitava discussão Você é nova demais para lidar com esse tipo de coisa passei a noite chorando abraçada com meus filhos não entendia como minha própria família podia fazer isso comigo na manhã seguinte para minha surpresa apareceu na fazenda ele chegou com uma pasta debaixo do braço dizendo para meu pai que tinha uns documentos que eu precisava assinar
coisas que tinham ficado pendentes do processo meu pai não gostou muito da ideia mas como era algo oficial acabou deixando Antônio falar comigo fomos pro antigo escritório do meu avô um cômodo mais afastado da sala Assim Que A porta fechou vi que Antônio tava agitado preocupado Irene ele disse baixinho olhando pra porta para ter certeza que ninguém tava ouvindo não tem documento nenhum para assinar eu vim aqui te avisar descobri algo que você precisa saber ele se aproximou mais falando quase num sussurro seu pai fez um acordo com os filhos de Jerônimo eles vão vender
tudo e dividir o dinheiro já que o juiz não deu a herança para eles acharam outro jeito de pegar o que queriam senti o sangue gelar nas veias não podia acreditar no que tava ouvindo Antônio continuou eles estão usando a influência do seu pai e a pressão da família para te forçar a vender seu pai tá dizendo para todo mundo que você não tem experiência para administrar os bens que é melhor vender tudo fiquei sem chão todo aquele esforço toda aquela luta no tribunal e agora meu próprio pai tava entregando tudo pros filhos de Jerônimo
e ainda pegar uma parte para ele que desaforo mas como eles podem fazer isso perguntei esperada com a notícia a herança é minha o juiz decidiu Eu Sou Maior de Idade eles não podem me obrigar Antônio Balançou a cabeça frustrado legalmente eles não podem te obrigar mas na prática com a pressão da família e a influência do seu pai na região naquele momento entendi o tamanho da traição minha própria família tinha se voltado contra mim tudo por causa de dinheiro e poder já não era a primeira vez me senti encurralada logo depois que Antônio me
contou tudo a porta do escritório se abriu de repente meu irmão Pedro entrou os olhos desconfiados olhando de mim para Antônio naquele momento vi Antônio mudar completamente Em Um Piscar de Olhos ele voltou a ser o advogado formal fechando a maleta com calma Dona Irene Muito obrigado ele disse sua voz não traindo nada do que tínhamos acabado de falar qualquer coisa eu retorno para finalizar a papelada Fiquei impressionada com como ele disfarçou bem Se eu não soubesse o que tinha acabado de acontecer juraria que era só uma visita de rotina do meu Advogado Pedro ficou
parado na porta observando enquanto Antônio se despedia educadamente e saía tentei manter minha expressão neutra mas por dentro meu coração estava disparado assim que Antônio foi embora senti um vazio enorme ele era o único que realmente do meu lado o único que se importava com o que eu queria vendo ele ir embora me senti mais sozinha do que nunca Pedro ficou me encarando como se tentasse adivinhar o que tinha acontecido ali mas eu não ia dar o braço a torcer ergui o queixo e saí do escritório passando direto por ele o que Antônio tinha me
dito naquele dia no escritório do meu avô se provou verdadeiro mais rápido do que eu imaginava não tinha passado nem uma semana quando meu pai o Coronel Antônio entrou no quarto onde eu tava com as crianças carregando uma pasta cheia de papéis Irene ele disse com aquela voz autoritária preciso que você assine esses documentos eu já sabia o que era meu coração começou a bater forte as mãos ficaram geladas Que documentos pai perguntei Tentando ganhar tempo ele jogou os papéis na mesinha da cabeceira é a venda do Casarão e das terras já acertei tudo com
Os compradores só falta sua assinatura olhei PR os papéis e senti como se o chão tivesse sumido debaixo dos meus pés era tudo que eu tinha lutado para conseguir tudo que o juiz tinha dito que era meu por direito mas pai eu tentei argumentar o juiz disse que era meu é a herança que o Jerônimo deixou para mim e pros meus filhos como é que o senhor pode vender eu não quero vender quero morar lá com as crianças falei tentando parecer esperta e decidida o Coronel Antônio bateu a mão na mesa me fazendo pular de
susto Maria Teresa que tava brincando no chão começou a chorar não me venha com essa conversa de Juiz ele gritou você é uma menina que mal saiu das Fraldas não tem capacidade de cuidar de terra nenhuma eu tô fazendo isso pro seu próprio bem eu peguei Maria Teresa no colo tentando acalmar ela João Pedro mesmo pequeno olhava assustado pro avô pai eu não vou assinar eu disse de novo tentando suar mais corajosa do que me sentia essa herança é o futuro dos meus filhos não vou abrir mão disso foi aí que vi nos olhos dele
um brilho que me deu medo ele se inclinou para mim e disse baixinho se você não assinar Irene eu vou mandar seus filhos para um colégio interno lá na Europa você só vai ver eles de novo quando completarem 18 anos senti como se tivessem jogado um balde de água gelada em mim o senhor não pode fazer isso eu falei a voz tremendo Posso sim ele respondeu frio sou o avô deles posso dizer que você não tem condições de criar essas crianças quem você acha que as autoridades Vão ouvir uma viúva de 19 anos ou um
coronel respeitado naquele momento entendi que estava encurralada olhei para Maria Teresa no meu colo para João Pedro sentado na cama eram meus bebês minha razão de viver só de pensar em ficar longe deles por anos era uma dor que eu não podia nem imaginar e meu pai não era homem apenas de ameaças se ele disse era certo de que faria com o coração partido peguei a caneta que meu pai me oferecia cada assinatura naqueles papéis era como se eu tivesse arrancando um pedaço de mim quando terminei me senti vazia derrotada o pai pegou papéis satisfeito
você fez a coisa certa menina pode deixar que eu cuido de tudo agora e foi assim que num piscar de olhos perdi tudo que tinha lutado tanto para conseguir o casarão as terras a chance de dar um futuro melhor PR os meus filhos tudo tinha ido embora com aquelas assinaturas nos dias que se seguiram vi meu pai tomando controle de tudo ele administrava o dinheiro da venda como se fosse dele decidindo onde e como gastar você é jovem demais para lidar com tanto dinheiro Irene ele dizia sempre que eu tentava questionar deixa que eu cuido
disso para você me vi de repente de volta à estaca zero era como se eu tivesse voltado no tempo para antes de me casar com Jerônimo tava de novo sob o controle opressivo do meu pai só que agora com duas crianças pequenas para criar a diferença é que agora eu conhecia o gosto da Liberdade sabia como era ter controle da própria vida e isso tornava tudo ainda mais difícil de suportar minha mãe Dona Clara tentava me confortar do jeito dela às vezes quando meu pai não tava por perto ela vinha para meu quarto sentava na
beirada da cama e segurava minha mão a gente conversava sobre as crianças e era só isso ela nunca tomou partido a meu favor vai ficar tudo bem minha filha ela dizia baixinho seu pai só quer o melhor para você e para crianças mas eu via nos olhos dela que nem ela mesma acreditava nisso Dona Clara tinha passado a vida inteira se submetendo as vontades do meu pai ela sabia melhor do que ninguém como era viver sob o controle dele mãe eu perguntei uma vez a senhora nunca pensou em ir embora daqui em dizer não pro
pai ela deu um sorriso triste ah minha filha mulher como a gente não tem esse luxo a gente aprende a sobreviver do jeito que dá aquela palavras me partiam o coração eu não queria aquela vida para mim não queria aquilo PR os meus filhos mas o que eu podia fazer tava presa sem dinheiro sem apoio os dias foram passando e eu fui me sentindo cada vez mais sufocada sob o controle sufocante do meu pai via meu pai gastando o dinheiro da venda em coisas que ele queria fazendo negócios comprando mais terras e eu ali sem
poder dizer nada tendo que pedir permissão até para comprar roupas PR os meus filhos mas sabe tinha uma coisa que não saía da minha cabeça Antônio o jovem advogado que tinha lutado tanto por mim que tinha sido o único a realmente se importar com o que eu queria eu pensava nele sempre imaginava que ele poderia ser meu marido um homem bom mas era tudo na minha cabeça em nenhum momento ele deu a entender que queria algo comigo e eu também não mesmo porque quando eu via ele nunca pensava essas coisas foi somente quando eu estava
sozinha de volta na casa dos meus pais que passei a pensar nele desta maneira não sei o que mudou dentro de mim mas eu lembro que foi bem assim que percebi meus sentimentos mudarem era como se longe dele eu tivesse começado a ver Antônio de um jeito diferente talvez fosse a solidão ou talvez fosse porque comparado com os homens que eu conhecia meu pai meus irmãos o falecido Jerônimo annio parecia quase irreal de tão bom ele me respeitava me ouvia lutava pelos meus direitos era difícil não sonhar com alguém assim mas eu sabia que eram
só sonhos fantasias de uma mulher jovem presa numa vida que não escolheu Antônio provavelmente nem pensava em mim desse jeito para ele eu devia ser só mais uma cliente uma moça com problemas e ele jamais se meteria em tamanha encrenca mesmo assim não conseguia parar de pensar nele era como se sem que eu tivesse percebido Antônio tivesse se tornado uma espécie de Porto Seguro nos meus pensamentos um lugar para onde eu podia fugir nem que fosse só na minha imaginação quando as coisas ficavam difíceis demais os meses foram passando e eu já estava me conformando
com a vida que tinha não era o que eu sonhava mas pelo menos meus filhos estavam bem Maria Teresa e João Pedro eram saudáveis e Graças a Deus bem tratados por todos na fazenda até meu pai o Durão Coronel Antônio Parecia ter um lado mais macio quando estava com os netos Foi numa tarde quente de verão que tudo mudou de novo eu estava na varanda observando as crianças brincarem no quintal quando um dos empregados veio me chamar dona Irene o Coronel quer ver a senhora no escritório senti um frio na barriga geralmente quando meu pai
me chamava no escritório não era coisa boa ajeitei o vestido respirei fundo e fui Quando entrei no escritório a primeira coisa que vi foi meu pai sentado atrás de sua enorme escrivaninha de madeira maciça mas logo meus olhos se fixaram na outra pessoa na sala meu coração quase parou era Antônio ali de pé com seu terno bem passado e aquele sorriso que iluminava o rosto inteiro meu príncipe era assim que eu via ele nos meus sonhos nas minhas fantasias secretas senta Irene Meu pai disse me trazendo de volta à realidade sentei tentando controlar o tremor
nas minhas mãos o que Antônio estava fazendo ali Irene meu pai começou o Dr Antônio aqui veio me fazer um pedido Ele quer se casar com você achei que tinha ouvido errado casar Antônio comigo meu pai continuou eu quero saber o que você acha você quer se casar com ele eu mal podia acreditar no que estava ouvindo meu pai o homem que tinha controlado cada aspecto da minha vida até ali estava me dando uma escolha mas naquele momento era como se Deus tivesse ouvido minhas preces todos os meus sonhos essem virado realidade de repente Olhei
pro Antônio que me encarava com aqueles olhos gentis depois meu pai que esperava uma resposta Não precisei nem pensar sim eu disse a voz saindo mais forte do que eu esperava eu aceito meu pai pareceu satisfeito Antônio sorriu aquele sorriso que fazia meu coração derreter passamos algum tempo acertando detalhes falando de datas de arranjos eu mal ouvia estava flutuando numa Nuvem de felicidade só quando meu pai nos deixou sozinhos por um momento é que a começou a se revelar Antônio se virou para mim o rosto sério Irene ele disse baixinho tem uma coisa que você
precisa saber Senti meu coração apertar pensei tava bom demais para ser verdade ele me contou que um amigo dele tinha ouvido que meu pai estava procurando um marido para mim havia poucos pretendentes principalmente porque todos sabiam do temperamento difícil do Coronel Antônio eu não podia suportar a ideia de ver você casada com algum velho fazendeiro que seu pai escolhesse Antônio disse seus olhos cheios de emoção então eu eu menti pro seu pai Fiquei confusa mentiu Como assim Antônio suspirou eu disse para ele que era muito rico que podia pagar um Dote alto pelo privilégio de
me casar com a filha do coronel fiquei abismada era tudo negócio pro meu pai como sempre Na verdade eu para variar mais uma vez era uma moeda de troca mas Antônio eu disse se você não tem esse dinheiro como vai pagar esse Dote ele baixou os olhos envergonhado eu não sei ainda Irene ele pegou minhas mãos olhou nos meus olhos e disse algo que mudou tudo fiz isso porque eu queria te salvar Irene eu eu sinto muito carinho por você e pelas crianças não podia deixar você se casar com alguém que não amasse mais uma
vez alguém que seu pai escolhesse só pelo dinheiro meu coração estava batendo tão forte que achei que ele podia ouvir Antônio continuou eu sei que é loucura mas se você quiser ficar comigo eu dou um jeito da gente fugir daqui começar uma vida nova longe do seu pai longe de tudo isso antes que eu pudesse responder antnio se inclinou e me beijou foi um beijo suave cheio de promessas e possibilidades quando nos separamos eu estava ainda mais apaixonada do que antes que beijo bom meu Deus eu também penso em você Antônio confessei as palavras saindo
quase num sussurro eu Aceito Aceito Tudo Que Você Quiser naquele momento era como se o mundo inteiro tivesse desaparecido só existíamos eu e Antônio e a promessa de um futuro juntos mas a realidade logo se impôs ouvimos passos se aproximando e nos afastamos rapidamente meu pai entrou de volta no escritório ainda falando sobre arranjos e planos nos dias que se seguiram A Fazenda virou um alvoroço meu pai anunciou o noivado com toda a pompa que conseguiu reunir para ele era uma grande Vitória sua filha viúva se casando com um advogado Rico e respeitado Antônio ganhou
a permissão de me visitar quase todos os dias sempre sob o olhar vigilante da minha mãe ou de alguma criada mas conseguíamos trocar olhares toques discretos palavras sussurradas numa dessas visitas ele me passou um bilhete escondido que eu li Assim que tive a oportunidade com as mãos tremendo abri o papel dobrado nele com a letra apressada de Antônio estava escrito esteja na frente do portão com as crianças às 11 da noite vou buscar vocês meu coração disparou era isso nossa chance de fuga de liberdade passei o resto do dia aflita cada vez que olhava pro
relógio o tempo parecia não passar quando finalmente A Noite Chegou esperei todo mundo ir dormir com o coração na boca arrumei uma pequena trouxa com algumas roupas nossas e os nossos documentos que não podia deixar para trás acordei Maria Teresa Vamos fazer uma viagem minha filha sussurrei enquanto a agasalhavam Tadinha ela não queria saber não só queria dormir mas não tinha como eu levar ela no colo meu plano era levar o João Pedro no colo mas as duas sacolas não tinha outro jeito acabei convencendo ela saímos sem fazer nenhum barulho o portão Era longe tive
que andar bastante meus braços quase caindo acabei me enrolando por causa da Maria Teresa Ah minha filha foi um sufoco danado já passava da meia-noite quando chegamos lá viu eu olhei pros lados e cadê o homem não tinha uma viva alma na mesma hora me deu um negócio comecei a chorar que nem criança a Maria Teresa Coitadinha não entendia nada ficava perguntando o que tava acontecendo aí graças a Deus ouvi um assobio de longe ap apertei os olhos para enxergar melhor no escuro e lá estava ele o Antônio o carro tava escondido no mato quase
não dava para ver de repente ele acendeu aqueles faróis misericórdia que alívio o homem pulou do carro que nem um raio e veio ajudar a gente ligeiro ligeiro ele ficava falando olhando PR os lados que nem bicho acuado foi tudo muito rápido viu partimos na escuridão da noite deixando para trás a única vida que eu conhecia as crianças foram dormindo no banco de trás eu alternava entre olhar para elas e para estrada à frente incerta do que nos aguardava depois de algumas horas de viagem chegamos a uma cidade acolhedora Antônio dirigiu até uma casa simples
nos arredores com um jardim bem cuidado na frente uma senhora elegante de cabelos grisalhos nos esperava na porta Seu Rosto uma mistura de ansiedade e alívio Essa é minha mãe Antônio explicou um sorriso cansado nos lábios vocês vão ficar aqui por enquanto a mãe de Antônio Dona Luzia nos recebeu com um abraço apertado Seus olhos eram gentis e calorosos mas pude ver a preocupação neles entrem entrem ela disse fazendo gestos apressados Devem Estar exaustos pobrezinhos ao entrar na casa fiquei surpresa com o que vi tudo estava preparado para nos receber Dona Luzia nos levou até
um quarto que segundo ela era o antigo quarto de Antônio agora havia uma cama de casal arrumada com lençóis limpos e ao lado um berço de vime branco para João Pedro preparei tudo para vocês Dona Luzia disse com um sorriso tímido Espero que esteja bom não é o luxo que vocês estão acostumados mais é de coração naquele momento senti uma onda de gratidão e emoção me invadir era sério o que Antônio queria comigo certamente sua mãe sabia de toda a minha história e mesmo assim resolveu me acolher comecei a chorar e agradeci mais tarde enquanto
as crianças dormiam Dona Luzia me contou um pouco de sua história ela era viúva há 15 anos seu marido Rômulo pai de Antônio também tinha sido advogado morreu de tuberculose quando Antônio era apenas um rapaz pude ver o orgulho nos olhos dela quando falava do filho de como ele tinha seguido os passos do pai naquela primeira noite Antônio não quis dormir no mesmo quarto que nós vamos nos casar primeiro ele disse com um sorriso tímido admirei sua honra e respeito mesmo naquela situação complicada nos dias que se seguiram conheci os irmãos de Antônio o mais
velho Augusto era médico e morava na casa ao lado com a esposa Susana e seus dois filhos Alfredo e Amélia a irmã do Meio Clotilde era professora e vivia algumas ruas abaixo com o marido Lu e a filha Eles vinham nos visitar com frequência trazendo comida roupas para as crianças e palavras de conforto todos sabiam nossa história eram boas pessoas acolhedoras mas percebi que estavam receosos com nossa situação os olhares preocupados e as conversas sussurradas não me escapavam uma noite uns três dias após nossa chegada houvi uma discussão acalorada na cozinha me aproximei silencios mente
da porta e escutei você tá maluco Antônio era a voz de Augusto o irmão mais velho Ela é filha de Coronel Você tem noção do risco que tá correndo com tanta mulher neste mundo eu amo ela Antônio respondeu com uma firmeza que me aqueceu o coração e aquelas crianças também não podia deixar eles naquela situação e seu futuro como advogado ouvi Clotilde perguntar a preocupação evidente em sua voz se o Coronel descobrir você pode perder tudo senti um aperto no peito não tinha me dado conta do quanto Antônio estava arriscando por mim por nós sua
carreira sua reputação tudo estava em jogo mas Antônio parecia determinado algumas coisas são mais importantes que uma carreira ele disse eu não podia ficar parado vendo Irene e as Crianças sofrerem voltei para o quarto com o coração pesado mas cheio de amor e gratidão por Antônio uma semana depois de nossa chegada para minha surpresa e alegria Antônio anunciou que nos casaríamos foi uma cerimônia simples no cartório da cidade com apenas a família dele presente Dona Luzia chorava de emoção enquanto Augusto e Clotilde apesar das preocupações nos abraçaram com genuína felicidade as crianças estavam radiantes Maria
Teresa com seu vestidinho branco não parava de sorrir enquanto João Pedro no colo de Dona Luzia batia palminhas sem entender muito bem o que acontecia os primos Alfredo Amélia e Esmeralda tinham se tornado grandes amigos dos meus filhos e estavam tão animados quanto eles após a cerimônia Dona Luzia insistiu em ficar com as crianças para que pudéssemos ter nossa lua de mel vão vão ela disse empurrando a gente para fora de casa aproveitem esse momento de vocês Antônio me levou para um pequeno hotel na cidade vizinha quando ficamos sozinhos no quarto senti um nervosismo imenso
Antônio se aproximou de mim com uma ternura Que me desarmou completamente Irene ele disse segurando minhas mãos eu te amo prometo fazer você feliz pelo resto da nossa vida aquela noite foi maravilhosa pela primeira vez entendi o que era realmente ser amada Antônio foi gentil carinhoso paciente cada toque cada beijo era cheio de Amor e Respeito me senti verdadeiramente mulher verdadeiramente amada deitada nos braços dele depois me permiti sonhar com o futuro um futuro onde eu seria feliz onde meus filhos cresceriam amados e Livres um futuro ao lado desse homem maravilhoso que tinha arriscado tudo
por mas uma parte de mim sabia que nossa jornada estava longe de terminar o fantasma do meu pai a ameaça de sermos descobertos ainda pairava sobre nós mas naquela noite nos braços de Antônio me permitia esquecer tudo isso e apenas ser feliz Voltamos para a casa de Dona Luzia no dia seguinte prontos para começar nossa vida juntos as crianças nos receberam com abraços e risadas e pela primeira vez em muito tempo me senti verdadeiramente em casa os dias que se seguiram foram de adaptação e planejamento Antônio começou a procurar trabalho na cidade era estranho pensar
que há alguns meses ele tinha deixado essa mesma cidade sua terra natal recém-formado em direito para aceitar uma vaga num escritório de advocacia na minha cidade na época era uma oportunidade que ele não podia recusar um garantido num escritório respeitado mesmo que isso significasse se mudar para longe da família foi assim que nossos caminhos se cruzaram e agora o destino nos trazia de volta para sua cidade natal mas em circunstâncias tão diferentes enquanto ele procurava se restabelecer profissionalmente eu ajudava Dona Luzia com a casa e as Crianças aos poucos íamos construindo nossa nova vida um
dia de cada vez eu já começava a sonhar com um futuro tranquilo longe das sombras do passado mas como dizem os antigos quando a felicidade parece completa é que o destino resolve pregar suas peças E foi exatamente isso que aconteceu com a gente olha minha filha vou te contar como foi o Antônio chegou em casa naquele dia com uma cara de D dó eu logo vi que coisa boa não era Ele me mostrou um papel todo amassado e disse seu pai com a voz tremendo elob estamos e usou Dacia cont mim Irene era notificação daquelas
ofis vuto usado dos conhecidos Abir cont ordem dos advos diia meha feitada queha ético lot o velho provavelmente ficou sabendo que a gente já tava casado e resolve se vingar no meu Antônio eles suspenderam minha licença de advogado o Antônio falou caindo sentado numa cadeira dizem que é só por um tempo mas com seu pai metido no meio fii sem chão minha filha todo o esforço do Antônio tudo que ele tinha lutado na vidaa se desfazendo porha causa a gente volta eu falei desesperada eu expli pro meu pai digo que a culpa foi minha o
Antônio pegou minha mão balançando a cabeça não Irene se você voltar ele vai te prender naquela casa e nunca mais vai te deixar sair e as Crianças quem sabe o que ele faria naquela noite não preguei o olho ficava pensando em tudo que tinha acontecido em como minha vontade de ser livre tinha custado tanto pro Antônio a mãe dele tinha dó de mim eu sei mas eu sentia o olhar dela me evitando devia estar chateada pois seu filho se prejudicou por minha causa eu não sabia onde enfiar a minha cara Olha minha filha depois daquele
dia terrível a gente ficou meio perdido sem saber direito o que fazer mas Deus é bom e não abandona seus filhos um dia o Antônio chegou em casa com uma novidade mãe lembra do seu João o dono da marcenaria então ele tá precisando de alguém para ajudar com a papelada contratos e essas coisas me ofereceu o trabalho não era advocacia mas pelo menos era um começo o Antônio aceitou na hora não pagava muito Mas dava pra gente ir se virando ele saía cedo e voltava à noite cansado mas sempre com um sorriso no rosto um
dia de cada vez ele dizia foi nessa época que eu descobri que estava grávida Fiquei com vergonha na casa da sogra mais uma criança mais que nada o Antônio ficou tão feliz que acabei me animando também Quando contei pra Dona Luzia que ela ia ser avó pensei que ela fosse ficar brava mas foi o contrário parece que a notícia amoleceu o coração dela de repente ela começou a me tratar diferente com mais carinho era como se aquele bebê tivesse criado uma ponte entre nós duas vai ser o primeiro neto do meu Antônio ela dizia toda
orgulhosa e começou a fazer de tudo para me agradar fazia aqueles pratos gostosos que o Antônio tanto falava me dava conselhos sobre a gravidez até se oferecia para cuidar da Maria Teresa e do João Pedro quando eu tava muito cansada sabe minha filha o que vou dizer agora é difícil para mim de admitir mas Dona Luzia era como uma mãe para mim uma mãe que sempre sonhei ter pois a minha nunca fez nada disso para mim sempre teve as oportunidades mas nunca fez nada as crianças graças a Deus estavam se adaptando bem no começo foi
difícil coitadinhos tudo novo escola mas logo fizeram novas amizades a Maria Teresa sempre tagarela já tava popular na escola o João Pedro demorou um pouquinho mais acabou enturmando também o tempo foi passando e a barriga crescendo o antô mesmo cansado do trabalho sempre arrumava um tempinho para conversar com o bebê vai ser advogado que nem o pai ele dizia brincando quando nos Aninha ncia que o solha entrado na no casa tão pequeninha mas já dona do pedaço o Antônio não cabia em si de tanta felicidade e Dona Luzia Nossa passava o dia mimando a gente
ajudando com o bebê fazendo comida cuidando das crianças foi nessa época que apareceu na nossa porta o Dr Geraldo um advogado velho amigo do pai do Antônio ele tinha ouvido falar da nossa situação e veio oferecer ajuda seu pai era um homem íntegro Antonio ele disse não posso ver o filho dele sendo injustiçado desse jeito foi como se Deus tivesse mandado um anjo minha filha o Dr Geraldo começou a movimentar os contatos dele junto com outros amigos do Falecido pai do Antônio eles reabriram o caso apresentaram provas de que as acusações eram falsas mostraram o
caráter do Antônio Foram dois anos de luta minha filha do anos de ansiedade de esperança misturada com medo mas o Antônio não desistiu Estudava à noite depois do trabalho na marcenaria nos fins de semana ia conversar com o Dr Geraldo preparar a defesa e quando a gente menos esperava chegou a notícia tinham devolvido a licença pro Antônio Ave Maria que alegria a gente chorou riu se abraçou as crianças não entendiam direito o que tava acontecendo mas Ficaram felizes porque a gente tava feliz a gente descob que tinha mais gente do nosso lado do que imaginava
a família do Antônio que no começo tava com medo acabou sendo nosso maior apoio os amigos do pai dele que nem conheciam a gente direito se juntaram para nos ajudar até alguns clientes antigos do Antônio vieram oferecer trabalho quando souberam que ele tinha recuperado a licença claro que nem tudo ficou perfeito de uma hora para outra a gente ainda tinha muita Estrada pela frente o Antônio ia ter que reconstruir a carreira dele praticamente do zero apesar de tudo que passamos eu e o Antônio conseguimos construir uma família linda além da Maria Teresa e do João
Pedro que já vieram comigo daquela vida antiga tivemos mais três filhos a Aninha o Lucas e o Vicente com o tempo a gente conseguiu juntar um dinheirinho e comprou uma casa não muito longe da Dona Luzia minha sogra era uma casa simples mas era nossa pagávamos por Mas cada prestação era uma vitória dava para ir a pé visitar a Dona Luzia que ficava toda contente de ter os netos por perto eu me dediquei à casa e aos filhos não era uma vida de luxo mas era cheia de amor o Antônio trabalhava duro no escritório de
advocacia que ele abriu e aos poucos foi recuperando a reputação as crianças cresceram estudaram se formaram a gente não tinha muito mas nunca faltou o principal dos meus pais e da minha família antiga nunca mais tive notícia no começo do ia mas com o tempo a gente aprende a viver com as cicatrizes Sabe às vezes eu me pegava pensando neles imaginando como estariam mas nunca tentei fazer contato tinha medo do que podia acontecer as crianças cresceram ouvindo nossa história a gente nunca escondeu nada deles a Maria Teresa e o João Pedro sempre souberam que o
não era pai biológico deles mas para eles Ele sempre foi pai em tudo que importava chamavam ele de pai desde pequenos e o amor entre eles era de verdade a Maria Teresa Nossa primogênita tinha acabado de se casar foi uma festa linda simples mas cheia de amor ver minha Menina de vestido branco entrando na igreja de braço dado com o Antônio Ah minha filha não tem preço foi mais ou menos nessa época que a vida resolveu dar mais uma bela reviravolta um dia o Antônio chegou em casa com uma cara estranha segurando um envelope na
mão Irene ele me chamou a voz séria chegou isso no escritório hoje era uma carta de um advogado meu coração gelou na hora mas quando o Antônio leu o conteúdo fiquei sem chão era sobre a fazenda da minha família meu pai tinha falecido e o advogado estava me convocando para a leitura do testamento depois de tantos anos sem notícias aquilo caiu como uma bomba fiquei sem saber o que fazer parte de mim queria ignorar aquela carta seguir com a vida como se nada tivesse acontecido mas outra parte Queria saber queria entender queria fechar esse capítulo
da minha vida conversei com o antô e com os filhos para minha surpresa Eles foram unânimes aam que eu devia ir Afinal o que poderia acontecer já éramos todos adultos eu não tinha mais medo do meu pai ou da minha família e as Crianças bom elas tinham crescido ouvindo as histórias da minha vida antiga e estavam curiosas para conhecer esse lado da família que nunca tinham visto era a nossa oportunidade e assim decidimos ir todos juntos até o marido da Maria Teresa o Francisco foi junto a viagem de volta para minha cidade natal foi estranha
cada quilômetro per Rido era como voltar no tempo eu ia reconhecendo lugares Relembrando momentos o Antônio segurava minha mão o tempo todo me dando força quando chegamos na fazenda meu coração disparou tudo estava diferente mas ao mesmo tempo igual a casa grande os campos o cheiro da Terra era como se o tempo não tivesse passado eu lembro que fui o tempo todo pensando será que a minha mãe está viva fomos recebidos pelo advogado um homem mais novo que eu não conhecia ele nos levou pra sala onde seria feita a leitura do testamento lá dentro encontrei
rostos conhecidos meus irmãos alguns tios primos todos mais velhos É claro mas ainda reconhecíveis O silêncio que caiu quando entramos era pesado podia sentir os Olhares Sobre mim sobre minha família alguns hostis outros curiosos poucos acolhedores minha mãe não estava lá descobri depois que ela tinha falecido alguns anos antes Esse era o meu maior medo eu não conseguia parar de chorar eu devia ter voltado por ela olha se remorci matasse eu teria morrido naquele momento que dor meu Deus que peso no meu coração a leitura do Testamento foi surpreendente para dizer o mínimo meu pai
aquele homem duro que eu conheci Parecia ter mudado completamente nos seus últimos anos o advogado Leu as palavras dele com uma voz solene e cada frase era como uma revelação para mim depois conversando com meus irmãos Fiquei sabendo que essa mudança começou após a perda da minha mãe a morte dela parece ter amolecido o coração do meu pai feito ele repensar muita coisa e então veio a parte que mais me chocou o pai sabia de tudo o tempo inteiro ele sabia onde eu estava sabia dos meus filhos da minha vida nova e nunca fez nada
para nos prejudicar Apesar daquele Episódio com o Antônio meu irmão mais velho me contou com lágrimas nos olhos que meu pai teve várias chances de nos causar mal ao longo dos anos ele sabia onde a gente morava sabia do escritório do Antônio mas surpreendentemente ele decidiu não fazer nada ele dizia que você tinha escolhido seu caminho meu irmão falou no Testamento meu pai reconhecia os erros do passado As palavras dele eram Claras e diretas Sem Rodeios ele pedia perdão pela forma como tinha me tratado pela dureza pela falta de compreensão falava do arrependimento que carregou
por anos do desejo de fazer as pazes que nunca teve coragem de realizar em vida meu coração quase parou quando ele mencionou Antônio aquele advogado Zinho ele disse teve a ousadia de desafiar um coronel em enfrentou-se um velho teimoso e Poderoso para ficar com minha filha no fim ele provou ter mais coragem que muito homem por aí E então veio a parte que ninguém esperava meu pai tinha me deixado uma parte considerável da herança o advogado pigarreou Antes de ler essa parte Como se até ele estivesse surpreso com o conteúdo para Irene e seus filhos
dizia o documento deixo a parte sul da Fazenda Bom Retiro incluindo a casa de hóspedes e os 500 hectares adjacentes o advogado fez uma pausa e então continuou este legado é feito como forma de reparação pelos anos perdidos e pelo Dote que lhe era de direito sentiu Antônio apertar minha mão enquanto um burburinho se espalhava pela sala mas o advogado não tinha terminado Além disso ele continuou Transfiro para Irene a quantia resultante da venda da Fazenda São João anteriormente propriedade de Jerônimo Albuquerque meu coração quase parou ao ouvir o nome do meu ex-marido o advogado
prosseguiu esta quantia conforme detalhado no anexo financeiro representa o valor parcial da venda dividido com os demais herdeiros com os devidos juros acumulados nos últimos 30 anos eu entendi que era a minha parte da venda do Casarão e das terras que o pai vendeu e dividiu com os três filhos do Jerônimo fiquei sem fôlego era mais dinheiro do que eu jamais tinha imaginado ver na vida no Testamento meu pai explicava que estava me devolvendo o que era meu por direito sei que nada pode compensar o tempo perdido dizia o testamento mas espero que isto possa
dar a você e aos seus filhos a segurança e as oportunidades que eu em minha teimosia e orgulho neguei a vocês no passado olhei para os meus filhos para o Antônio todos com os olhos arregalados de espanto não era só o valor material que já era impressionante por si só era o reconhecimento a admissão dos erros a tentativa de fazer as pazes mesmo que tardiamente o burburinho na sala foi imediato meus irmãos pareciam chocados alguns tios indignados mas eu eu não sabia o que sentir era uma mistura de alívio tristeza raiva e de alguma forma
gratidão saímos dali com mais perguntas do que respostas nos dias que se seguiram enquanto resolvamos a papelada fui aos poucos reconectando com algumas pessoas da família Alguns ainda estavam magoados outros estavam felizes em me ver Ah minha filha vou te contar como foi depois que a gente voltou para casa Ave Maria que loucura a gente chegou do dois dias depois ricos de repente você precisava ver a cara da família do Antônio coitados nem acreditavam no que estava acontecendo A Dona Luzia minha sogra ficou boqu aberta quando contamos tudo olha só de uma hora para outra
eu tinha uma fazenda e um dinheirão que nem sabia contar direito sabe a gente nunca passou fome graças a Deus o Antônio sempre deu um jeito de botar comida na mesa mesmo quando as coisas estavam apertadas mas agora Jesus era dinheiro que não acabava mais te confesso uma coisa eu nunca esperei nenhum tustão furado do meu velho pai aquele homem só me tirou a vida toda Achei que tinha sido deserdada faz tempo quando ouvi o testamento quase caí para trás bom mas a gente sentou e pensou direitinho no que ia fazer com todo aquele dinheiro
primeira coisa foi comprar Nossa Casa Grande aquela que a gente sempre sonhou ah que aleg contratei uma diarista também não queria empregada fixa não sei lá não me sinto bem com gente estranha perambulando pela casa todo santo dia me diga você se tivesse a oportunidade de ter uma pessoa te ajudando contrataria uma diarista ou uma empregada doméstica sabe o que mais a gente fez eu e o Antônio fomos fazer nossa lua de mel de verdade dessas que a gente viaja longe e passa dias fora de casa isso mesmo Depois dos 50 anos Olha se você
nunca teve chance quando era nova ou por causa dos filhos e puder fazer quando ficar mais velha vá é uma beleza faz um bem danado pra rotina do casal os anos foram passando os filhos cresceram vieram os netos Hoje tenho até bisnetos veja só uma família grande e feliz graças a Deus a vida tá bem diferente agora com toda essa tecnologia tenho dois bisnetos que são YouTubers famosos acredita eu mesma tenho meu celular sei mexer direitinho mas sabe minha filha o que me dá uma Tristeza Danada meu Antônio que se foi faz oito anos ah
como aquele homem faz falta Às vezes acordo de noite e estico o braço procurando ele na cama eu sempre vou dizer que ele era meu príncipe afinal de contas ele me resgatou do Castelo do vilão não é mesmo a gente passou tanta coisa junto construiu tudo do zero às vezes me pego pensando nele naquele sorriso bonito no jeito carinhoso que ele tinha lembro como se fosse hoje o dia que a gente voltou para casa depois de receber a herança o Antônio sempre sensato disse Irene vamos com calma esse dinheiro é uma bênção Mas temos que
usar com juízo e foi o que fizemos a gente ajudou os filhos Claro a Maria Teresa que já tava casada e vivia em um apartamento alugado pôde finalmente comprar a casa própria o João Pedro usou uma parte para abrir o negócio dele a Aninha o Lucas e o Vicente ainda estavam estudando então a gente guardou uma boa quantia pra faculdade deles o tempo foi passando os netos foram chegando que alegria ver a família crescer cada Nascimento Era uma festa a gente fazia questão de ajudar os filhos com os bebês comprava de tudo ah e as
festas de Natal era uma loucura a casa ficava cheia de Neto correndo para todo lado o Ant vestia de Papai Noel distribuía presente tinha comida que não acabava mais a mesa ficava farta que só vendo Ah minha filha deixa eu te contar uma coisa que me deixou o coração quentinho com esse dinheirão todo a gente pode ajudar um monte de gente viu tinha a Dona Zefa nossa vizinha de anos Coitada tava passando um perrengue danado o marido dela tinha perdido o emprego e o filho mais novo o Zezinho precisava de uns remédios caros um dia
eu vi a Dona Zefa chorando escondido no quintal fui lá perguntei o que tava acontecendo ela sem jeito me contou da situação na mesma hora falei pro Antônio vamos dar uma força para eles a gente pagou os remédios do Zezinho ajudou com as contas atrasadas e até arrumou um emprego pro marido dela na fazenda que a gente tinha herdado eles alugaram essa casa deles ali da cidade e viraram nossos caseiros de confiança Ave Maria você precisava ver a alegria daquela família a Dona Zefa chorava mas agora era de felicidade e não parou por aí não
tinha o seu Joaquim o sapateiro da esquina O homem tava quase fechando a lojinha dele porque o aluguel tinha aumentado demais a gente comprou o ponto para ele agora seu Joaquim trabalha sem se preocupar com aluguel e ainda ensina o Ofício pros jovens do bairro essa profissão esta escassa hoje em dia é um trabalho muito importante passar adiante os conhecimentos de sapateiro Ah e a escolinha do bairro tava caindo aos pedaços juntamos uma turma fizemos uma vaquinha a gente entrou com a maior parte Claro e reformamos tudo ficou uma belezinha as crianças agora TM até
uma biblioteca novinha sabe minha filha poder ajudar os outros assim não tem dinheiro no mundo que pague ver o sorriso no rosto das pessoas saber que a gente fez diferença na vida delas isso sim é que a riqueza de verdade o Antônio sempre dizia Irene a gente recebeu essa bênção para multiplicar e era isso que a gente fazia multiplicava a alegria Olha só minha filha falando em sabedoria de vida você sabia que temos num livrinho com receitas de chás Pois é sem chás das avós para diversos males tem de tudo ali desde chazinho para dor
de barriga até é para acalmar os nervos se você quiser dar uma olhadinha O link tá logo aí no primeiro comentário fixado do vídeo viu e por falar em conselhos de quem já viveu muito sabe o que mais abrimos um novo canal só para dar uns conselhos para casais afinal de contas depois de tantos anos de casada a gente aprende umas coisinhas ou outras é que nem dizia minha sogra casamento é que nem uma plantinha precisa de cuidado todo dia se você tiver interesse vai aparecer um vídeo aqui na tela para você acessar o novo
canal bom minha querida que Deus abençoe você e sua família fiquem com ele viu