[Música] Olá! Você acredita que alguns lugares foram construídos para nunca serem visitados? Ou que certas portas foram fechadas para nunca serem abertas?
Há muita coisa no mundo que muito pouca gente já ouviu falar ou conheceu e experimentou. O Vaticano, por exemplo, sim, o estado sagrado do catolicismo é um daqueles lugares que não guardam só histórias religiosas e cativantes, mas também esconde segredos que nem mesmo pessoas do clero dizem saber existir. Por exemplo, há uma sala em que é expressamente proibida a entrada de funcionários ou qualquer outra pessoa não autorizada.
O que há nessa sala de tão misterioso? Há relatos sinistros sobre ela. E se for verdade, o relato que você vai ouvir agora é de um ex-funcionário do Vaticano, um homem chamado Domênico Altieri.
Ele foi faxineiro no local por mais de uma década e conhecia cada canto do museu, das igrejas e residências do clérigo. ou pelo menos pensava que conhecia até aquele convite chegar pessoalmente. Um convite que talvez tivesse sido melhor Domênico não ter aceito, mesmo correndo o risco de ser demitido ou um castigo penitencial.
Mas acompanhe nas palavras dele esse testemunho arrepiante que pode colocar a fé de muitos em cheque ou pelo menos estremecê-la. Mas antes pense, você acredita que alguns cômodos foram feitos para nunca serem abertos? Durante os 12 anos em que trabalhei como fachineiro no Vaticano, aprendi que algumas portas devem ser ignoradas, especialmente aquelas que parecem querer ser abertas.
Meu nome nunca importou. Eu fui contratado para fazer o serviço que ninguém queria. o porão, os túneis do arquivo, os corredores técnicos, as salas abafadas onde o silêncio pesava mais do que o ar.
Ali a poeira não era só sujeira, era o sedimento de décadas de segredos. Naquela noite de inverno, eu fui chamado por um dos supervisores do turno, sem papel, sem protocolo. Ele apenas apontou para o armário três e disse: "Está aqui a chave, sala antiga, limpe e saia".
Bom, era comum eu receber ordens assim. Eu nunca questionava. O segredo da sobrevivência ali dentro era saber quando ficar calado.
Mas quando olhei o número da chave, eu senti um desconforto sutil, meio esquisito, um arrepio que não parecia vir do frio. Não havia registro daquela sala no meu mapa de rotina, nem na documentação interna dos setores subterrâneos. Ela simplesmente não existia oficialmente e mesmo assim a chave estava lá esperando.
Eu segui o caminho descrito com atenção. O corredor era de um lado raramente usado. As paredes de pedra úmida me acompanhavam como se sussurrassem.
As luzes do teto piscavam, não por falha elétrica, mas como se hesitassem em iluminar o caminho. No fim do corredor, uma escada de pedra se abria em espiral. Eu contei mentalmente os degraus.
43. Esse número ficou, eu lembro dele até hoje. À medida que descia, o som dos meus passos parecia abafado, como se o espaço não quisesse ecoar.
O túnel ao fim das escadas era curto, escuro e úmido. O chão de lajes irregulares ameaçava cada passo. Bem, e ao final ali estava ela, a porta.
Madeira pesada, sem marcações, sem número. A fechadura era antiga, mas a chave girou com facilidade, como se tivesse sido usada recentemente. Eu então só empurrei.
O que senti primeiro não foi o frio, foi o cheiro. Uma mistura impossível de papel velho, madeira molhada e algo químico. Sim, formal.
Aquele tipo de cheiro que o corpo reconhece antes mesmo que a mente entenda. A atmosfera era estranha, abafada, coberta por um tecido escuro vermelho desbotado, quase negro em alguns pontos. As luzes do teto eram fracas, projetando sombras que se estendiam mais do que deveriam.
No centro da sala, uma estrutura de pedra lisa, como um altar, dominava o espaço. Mas o que me paralisou foram as cinco vitrines, arranjadas em semicírculo ao redor do altar, feitas de vidro reforçado e espesso, pareciam parte de algum tipo de exposição. Dentro delas, criaturas.
Não, eu não não estou falando de animais nem de estátuas. Eram corpos empalhados altos com descrições incomuns. Um deles tinha os olhos costurados com fio dourado.
Outro exibia ossos do lado de fora do corpo. Eu fiquei ali congelado, sem saber se corria ou se me aproximava. Foi então que eu percebi algo ainda mais estranho.
A quinta vitrine estava vazia, não danificada ou abandonada, vazia, perfeitamente limpa. E por algum motivo foi aquela ausência, aquele espaço onde algo deveria estar, mas não estava, que me causou o maior calar frio. Eu não gritei, eu não corri, mas eu soube naquele instante que eu havia aberto algo que não deveria ser aberto.
Algo estava faltando. E o pior, talvez não estivesse longe. Bem, eu demorei a desviar os olhos da quinta vitrine.
Não por curiosidade, mas por medo. Sabe aquele tipo de medo que que cresce no silêncio como um fungo em adega fechada? Era como se aquele espaço vazio estivesse esperando algo ou alguém e ao mesmo tempo como se já tivesse sido ocupado recentemente, forçando-me a respirar.
Então eu tentei focar nos outros elementos da sala e foi então que eu percebi, ela não estava abandonada, estava viva. Nas paredes, nichos talhados na pedra abrigavam esculturas humanoides. Nenhuma igual à outra, todas em poses rígidas, braços estendidos, como se guardassem algo.
As formas eram primitivas e exageradas. Nenhuma delas se assemelhava às imagens sagradas cristãs, nem gregas, romanas ou mesmo egípcias, eram anteriores a tudo isso. Algumas estavam cobertas por tecidos leves, outras expostas, revelando rachaduras finas no torços e rostos.
Algumas tinham partes faltando, pedaços arrancados nos rostos, mãos quebradas, olhos talhados e removidos. Mas outras estavam intactas, polidas, bem preservadas, brilhando. Não havia placas, nomes, nada que identificasse origem, época ou função.
Mas havia uma sensação, aquela sensação de está sendo observado. Sim, eu sei que você tá pensando. E não, não era paranoia.
Eu sentia com a pele, não com a mente. Aquelas esculturas sabiam que eu estava ali. À medida que eu caminhava devagar entre elas, eu sentia que os seus olhos ocos seguiam os meus passos.
E eu não estou falando de perspectiva ou jogo de luz, era outra coisa, algo mais antigo que a fé, mais frio que o mármore. Numa das extremidades da sala, contra a parede opostas vitrines, havia uma mesa de madeira escura e sobre ela vários cilindros de pedra, como cápsulas de transporte antigas. Dentro de cada uma havia papiros reais, alguns enrolados com tiros de couro, outros parcialmente abertos, revelando textos em latim, hebraico e línguas que eu não reconhecia.
Havia anotações manuscritas, números rabiscados, como códigos de inventário. Ao lado dos rolos, um caderno de couro desgastado. As páginas estavam repletas de símbolos circulares, gráficos manuais, desenhos anatômicos que não se pareciam com nada que eu já tivesse visto.
Algumas figuras pareciam corpos, outras mapas. Mas o o que me chamou mais atenção foi uma página em particular. Ela mostrava exatamente o layout da sala, o altar, as vitrines, as esculturas, tudo que há no mapa de planta baixa.
Mas com uma diferença. Na ilustração, a quinta vitrine não estava vazia. Havia um corpo desenhado ali, deitado em posição fetal, com algo parecido como asas dobradas sobre si mesmo.
A legenda escrita em tinta preta dizia apenas uma palavra em latim, restituendum, traduzindo algo como deve ser devolvido. Foi nesse momento que eu senti o ar pesar, não de maneira poética, mas literal. A atmosfera ficou densa, como se o próprio oxigênio tivesse sido sugado, drenado dali.
Os meus ombros pesaram, as minhas mãos suaram, olhei ao redor e e juro que aquelas sombras das esculturas haviam se movido com cautela. Eu fechei o caderno sem fazer barulho e dei dois passos para trás. Mas então eu vi algo que me fez parar de novo.
Sobre um suporte baixo ao lado da mesa, sobre um pano fino, havia duas espadas antigas, lâminas curvas, gastas pelo tempo, mas ainda fiadas. Inscrições metálicas percorriam suas superfícies numa linguagem estranha, com letras orgânicas quase vivas. Nenhum alfabeto conhecido.
Uma delas tinha o cabo gasto, mas a outra, a outra ainda tinha sangue seco na lâmina. Não era recente, mas também não era antigo o suficiente para ser esquecido. A poeira não a cobria completamente.
Alguém havia tocado-a recentemente. Foi então que percebi a sala não era um depósito, era era um um laboratório, ou pior, um santuário e não estava fechada, apenas esperando. Você já sentiu algo prestes a acontecer, mas que ninguém parece prestar atenção?
Não se trata apenas do Vaticano ou de uma sala escondida. Trata-se de tudo o que está se acumulando sob a superfície, enquanto nós seguimos distraídos, fingindo que está tudo bem. Aquelas estátuas, aqueles registros esquecidos, aquelas sombras que mudam de lugar sem explicação, são só pistas, fragmentos de um quadro muito maior.
Eu olhei de novo para a quinta vitrine, o espaço vazio, o reflexo imóvel no vidro limpo. Jamais imaginei que a ausência pudesse ser mais perturbadora que a presença. Eu senti um impulso estranho para para me aproximar.
Não era curiosidade, mas uma espécie de atração silenciosa, como se algo naquele espaço quisesse ser completado ou despertado. Eu parei a poucos centímetros da vitrine. Foi nesse momento que vi algo que quase me fez recuar.
No canto inferior colado à base, havia um pequeno pedaço de papel envelhecido escrito à mão em latim. Nandos tempos. Espere, mas ainda não é hora.
Quem ou o que estava esperando? Eu não tive coragem de tocar o vidro, mas cheguei perto o suficiente para notar algo ainda mais inquietante. Ele estava quente.
Não quente como a superfície do sol, mas quente como se se alguém tivesse acabado de respirar ali, como se algo estivesse vivo lá dentro ou ainda estava, sei lá. A minha cabeça então começou a girar. O cheiro na sala ficou mais forte.
A presença daquelas criaturas nas vitrines parecia crescer. A luz oscilava no teto. Então, então eu ouvi um som sutil abafado atrás de mim.
Passos não metálicos, mas não apressados, mas leves, arrastados, como se alguém ou algo estivesse deslizando sobre o chão de pedra. Eu gerei imediatamente nada. Mas quando eu voltei os olhos para a quinta vitrine, o vidro estava embaçado, como se alguém tivesse respirado ali por dentro.
Isso quebrou qualquer ilusão de normalidade. Eu me afastei rapidamente. Minhas mãos tremiam.
As esculturas nas paredes pareciam mais próximas. As sombras se esticavam. Tentei recuperar o fôlego, olhei para a porta e então eu vi algo brilhar, um pequeno reflexo metálico no chão, um objeto redondo, quase escondido entre duas pedras soltas.
Eu me abaixei imediatamente. Era um botão de metal escuro. Tinha um símbolo gravado.
Duas esferas entrelaçadas por uma linha oblíqua. Eu já tinha visto aquele símbolo no altar. na capa do caderno e agora ali no chão o selo de acesso restrito, o mesmo que eu vi anos atrás num arquivo que nunca deveria ter sido aberto.
Segundo rumores de ex-funcionários, aquele símbolo não pertencia à igreja. Era algo ainda mais antigo. O botão parecia fazer parte de algum uniforme.
Alguém em algum momento estivera naquela sala, mas o mais perturbador não foi o botão e si, e sim perceber que a pedra onde ele estava escondido tinha marcas de arrasto, como se tivesse uma algo sido empurrado, como se houvesse algo ali embaixo. Então eu me ajoelhei, tatieei a borda e empurrei. A laje então cedeu alguns milímetros, revelando um buraco escuro em degraus que desciam em espiral.
Outro caminho oculto, outra camada enterrada. Eu permanecia ali imóvel por alguns instantes, ouvindo. Então, vindo das profundezas, eu ouvi uma voz fraca.
abafada, mas estranhamente familiar. Não soava humana, mas disse o meu nome. Domênico.
Por um momento, a razão tentou me proteger com explicações lógicas. Talvez fosse um delírio, talvez o eco de algum pensamento antigo, ou pior, uma uma sugestão da minha própria mente tentando sabotar-me, mas não. A voz disse novamente com clareza.
Domênico, sem sotaque, sem ruído, como se já me conhecesse. Ali, ajoelhado ao lado da abertura, eu senti o corpo congelar. O coração disparou com arrar efeito e os meus dedos apertaram o botão de metal que ainda segurava o símbolo gravado nele, o mesmo que eu havia visto em outros lugares.
O tratado, a sala, o símbolo, tudo parecia conectado. A espiral escura sobre os meus pés não era apenas um caminho físico, era um aviso silencioso. Se eu seguisse, não haveria retorno.
Mas eu sabia. Recuar agora tornaria tudo que vivia até ali sem sentido. Então eu peguei uma pequena lanterna que sempre carregava no bolso do uniforme e iluminei o interior do buraco.
Os degraus eram estreitos, gastos pelo tempo, quase lisos. Um cheiro denso e úmido subia do fundo, mas não era mofo, era a presença de algo antigo, um odor que carregava história. Eu desci devagar, degrau por degrau, contando como sempre fazia, 32 degraus.
Então eu cheguei a um corredor ainda mais estreito, com teto baixo e paredes curvas, como se tivesse sido escavado à mão. O silêncio era absoluto, mas o nome, o meu nome ainda ecoava dentro de mim. A voz não estava ao meu lado, ela estava dentro de mim.
O túnel terminava numa porta metálica pesada, diferente da anterior. Tinha uma tranca dupla e uma pequena janela gradeada. Do outro lado, havia uma sala circular menor que a sala vermelha, mas infinitamente mais inquietante.
As paredes estavam cobertas de símbolos desenhados à mão com um pigmento escuro semelhante ao carvão. Mas havia algo estranho neles. Parecia um pulsar.
As formas não pertenciam a nenhum sistema simbólico conhecido. No centro da sala havia uma cadeira. Não era uma cadeira comum, era uma cadeira de contenção com com grossas correias de couro nos braços e pernas.
A madeira estava marcada por arranhões e o encosto levemente inclinado, lembrando uma cruz torta. Contra a parede curva repousava estrutura de vidro, um tanque vazio, mas as paredes internas do vidro estavam manchadas, como se algo tivesse sido mantido lá dentro, algo que lutou. Ao lado da cadeira repousava algo ainda mais desconcertante, um espelho antigo, redondo, com moldura de ferro corroída pelo tempo.
Mas o reflexo, o reflexo não era meu. Eu olhei uma, duas, três vezes, eu pisquei, me aproximei e lá refletido atrás de mim havia uma figura. O rosto coberto por sombras, imóvel observando.
Então eu me virei imediatamente. Não havia nada. O espaço atrás de mim estava vazio.
Eu voltei a olhar pro espelho. Agora sim, o reflexo era meu. Mas algo havia mudado.
No canto inferior da moldura, havia um risco, uma marca nova, um símbolo, o mesmo do botão. Era como se tudo tivesse sendo marcado. o botão, o espelho, a sala e eu na parede, uma frase parcialmente apagada ainda era legível: "Aquele que desce não volta com o que levou, ele volta diferente.
" Então eu fiquei ali por longos minutos, sentado no chão, tentando entender se já havia cruzado a linha, mas a resposta estava no meu corpo. Os ombros estavam pesados, a luz da antenna piscava, mesmo com a bateria cheia. E o mais estranho, o botão no meu bolso estava esquentando como se estivesse reagindo ao ambiente, como se como se ele reconhecesse o lugar.
O café da manhã tinha o mesmo gosto. O ônibus da linha 27 seguia o mesmo trajeto. A cúpula do Vaticano ainda brilhava ao sol.
Os sinos ainda tocavam no mesmo horário, mas mas eu sabia. Por dentro, algo havia mudado. O silêncio parecia mais denso, o olhar dos colegas mais rápido, a minha rotina mais contida.
Eu passei a sonhar com a sala, mas não com as criaturas. sonhava com aquele vazio perturbador. Esse evento passou a acompanhar os sonhos de Domênico por muitos anos até que não se falasse mais a respeito.
Tudo isso ele diz ter presenciado. Foi mesmo real ou trata-se de um relato exagerado a fim de ganhar a tensão da mídia, que aliás não deu a mínima para o que o faxineiro tinha para contar. É possível que as criaturas que ele tenha visto fossem corpos de extraterrestres.
Mas se fossem, o que esses corpos estariam fazendo no Vaticano e não numa base militar longe de tudo e todos? Será que essa sala realmente existe? E afinal o que aconteceu a Domênico Altieri?
Bem, é claro que isso tudo também pode ser fruto de uma imaginação incrivelmente bem dotada de alguém, mas a narrativa, as sensações, até os arrepios que a gente sente ao ouvir. E se for verdade?