A queda de um apologista • Fernando Casanova

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Padre José Eduardo
Quem é Fernando Casanova (resumo da sua história) até a ruptura com a Igreja. Fernando Casanova Ram...
Video Transcript:
Nesse vídeo, eu queria comentar sobre a queda de um famoso apologista católico que, nas últimas semanas, declarou o seu retorno ao protestantismo e quais seriam as lições que nós poderíamos aprender com essa queda. Quem é o apologista a me refiro? Ele chama-se Fernando Casanova.
Ele se tornou muito conhecido porque se converteu do pentecostalismo para o catolicismo em 2002 e, a partir de então, começou a fazer grande sucesso em suas conferências, especialmente refutando as acusações protestantes contra a Igreja Católica. Ele, porém, nos últimos anos, começou a assumir uma atitude muito crítica em relação ao Papa Francisco, há alguns escândalos que aconteceram na Igreja, situações internas da Igreja que lhe causaram realmente repulsa. Houve um episódio muito interessante em 2022, quando a comunidade hispânica de Chattanooga, na Diocese de Knoxville, o convidou para participar de um congresso católico e o bispo local, Monsenhor Richard Stika, emitiu uma nota proibindo que o congresso fosse realizado em nome da Igreja Católica, justamente porque ele tinha manifestado uma opinião excessivamente crítica em relação ao Papa Francisco.
Depois disso, Fernando Casanova pediu desculpas publicamente no seu canal do YouTube e fez a seguinte declaração: "Nessa ocasião, percebi que preciso mudar algumas coisas no meu ministério. Isso é para o bem de muitos irmãos que estão realmente preocupados com a discórdia que vem rolando por nós por causa do que eu tenho postado nas redes sociais e até em minhas falas em encontros presenciais e online em algumas comunidades. Admito que tenho sido parte do problema, criando discórdia ao ser desrespeitoso, irônico e até debochado às vezes, quando, na verdade, o meu trabalho deveria ser mais equilibrado e tranquilo, dando exemplo, motivando e ensinando que era realmente o meu dever.
Deveria ter usado até as crises que estão acontecendo para educar, explicar nossa doutrina e inspirar os evangelizadores e todos os meus irmãos, de modo geral. " Portanto, ele humildemente reconheceu o erro no qual estava caindo, promovendo a discórdia dentro da Igreja, o ódio e a repulsa às autoridades eclesiásticas, especialmente ao Santo Padre, o Papa. Porém, isso aconteceu em 2022.
Nós estamos no ano de 2024. Ele chegou ao ponto de fazer uma declaração, rechaçando a autoridade do Romano Pontífice completamente e, com uma falácia, um non sequitur gigantesco. Por que eu digo que é um non sequitur?
Porque uma coisa é rejeitar a autoridade do Romano Pontífice em benefício, por exemplo, dos cismáticos orientais que conservam o episcopado, o sacerdócio, os demais sacramentos; e outra coisa é rejeitar a autoridade do Romano Pontífice para aderir a uma comunidade que rejeita formalmente o sacerdócio, os demais sacramentos e assim por diante, e que tem apenas a, digamos, a Santa Ceia e o batismo, mas não como sacramentos no mesmo sentido em que a Igreja Católica os entende. Portanto, na verdade, ele abandona mesmo o catolicismo e abraça novamente o protestantismo, dessa vez, não mais o protestantismo pentecostal, mas o protestantismo tradicional. Ora, é preciso que a gente entenda uma coisa: nos Estados Unidos, existe atualmente um movimento bastante forte de católicos de tendência tradicionalista, ou, pelo menos, de orientação tradicionalista, que inclusive chega a atacar o Concílio Vaticano I, dizendo que a verdadeira causa dos problemas que nós estamos vivendo na Igreja hoje é o ultramontanismo, ou seja, essa ligação estreita com o Santo Padre, o Papa, que, de alguma maneira, procura se alinhar sempre com as suas orientações, ainda quando elas não são marcadas pela solenidade do magistério ou por uma doutrina definitiva.
Isso é, na verdade, uma grande tolice, porque o ultramontanismo nunca sustentou essa posição. E essa também não é a posição do Concílio Vaticano I, nem do Concílio Vaticano II. Por decorrência, vejam que essa rejeição não é mais ao Papa, mas ao papado como tal.
Casanova chegou a esse ponto, e muitos católicos de orientação mais tradicional estão indo pelo mesmo caminho, rejeitando o que eles chamam de ultramontanismo excessivo. Isso aqui tem uma causa que eu gostaria de abordar. Basicamente, o seguinte: quais são, digamos, as lições que a gente pode tirar dessa ruptura do Fernando Casanova?
A questão é a seguinte: a apologética tem os seus limites. O catolicismo apologético tem os seus limites. Por exemplo, para defender a Igreja, às vezes, os apologistas exageram na exaltação da Igreja, então apresentam uma Igreja ideal, uma Igreja maravilhosa, uma Igreja na qual não há contradições, etc.
E vão navegando nessa apresentação excessivamente idealista da Igreja, do papado etc. Quando desce para a realidade, as coisas são um pouco diferentes daquilo que eles estão desenhando. E desde uma perspectiva teórica, para defender a Igreja, vejam, eu aqui estou mostrando os limites da apologética justamente para que nós tomemos cuidado.
Tem havido uma conversão bastante grande de católicos ou de pessoas oriundas do cristianismo não católico para a Igreja Católica, que chegam um pouco com essa mentalidade, e que se assustam quando precisam se deparar com a Igreja real. Às vezes, o apologista cristão católico romantiza demais o passado. Eu convido a que leiam os livros do Rodney Stark a respeito dos erros da exaltação ou da idealização do passado, porque veja, a Igreja sempre teve problemas desde o seu início.
Então, quando a gente lê, por exemplo, na carta aos Coríntios, na primeira carta aos Coríntios, aquilo que São Paulo descreve ali, que havia um incestuoso dentro da Igreja de Corinto, que havia um excesso na celebração da Eucaristia e as pessoas, às vezes, chegavam a se embriagar, etc. , e outros abusos que ele descreve, por exemplo, no capítulo 14 da primeira carta aos Coríntios, ou a dificuldade de entender a. .
. Ressurreição no capítulo 15 da mesma carta. Se a gente pega a carta, as sete cartas às sete igrejas do Apocalipse, que foram igrejas reais, igrejas que realmente existiram no seu tempo, o que nós vemos muitas vezes é o apóstolo fazer repreensões duras ao anjo da comunidade.
E às vezes são repreensões pesadas, algumas delas, inclusive, muito sérias, porque Deus ameaça retirar o candelabro, ameaça, portanto, suprimir aquela igreja. E mais nenhuma delas é uma repreensão por excesso de zelo, mas por falta de zelo; ou seja, não foram suficientemente fortes para debelar o erro. Então já havia isso naqueles tempos.
Quando nós avançamos na história, nós vamos ver dificuldades inúmeras. Mesmo a Idade Média não foi o paraíso que as pessoas imaginam para a Igreja Católica. Até o estabelecimento do Sacro Império Romano-Alemão, né?
No Sacro Império Romano-Germânico, a Igreja era perseguida pelos reinos que havia dentro da cristandade, não católicos, às vezes nestorianos, às vezes monofisitas, etc. Apenas quando se cria o Sacro Império Romano-Alemão é que se começa a vencer também essas heresias locais. E é muito interessante que, depois disso, vêm as grandes problemáticas relacionadas com a Igreja e o poder secular, né?
Nós vamos ter, por exemplo, o século de Ferro, o século X, terrível pra Igreja, cheio de escândalos; depois as disputas entre os soberanos territoriais e o papado, e assim por diante. Ou seja, nós não podemos dizer que houve um momento na história da Igreja em que tudo foi maravilhoso, em que tudo foi perfeito. Depois, a apologética muitas vezes não percebe que ela possui um limite, que ela precisa, para defender a fé, focar em argumentos, mas sim um devido aprofundamento teológico.
A gente precisa entender o seguinte: teologia não é a mesma coisa que dar aula de catecismo ou dar aula de apologética. A teologia vai até os princípios; é uma ciência que tem uma técnica muito sofisticada. Você tem que lidar com instrumentais difíceis de acessar, não apenas do ponto de vista daquilo que disse o magistério ao longo dos 21 séculos de história da Igreja, mas também os santos padres e as discussões teológicas.
Quanto mais a gente estuda teologia, mais a gente percebe que há muita coisa em discussão que não foi fechada, e a certeza com a qual o apologeta muitas vezes fala demonstra que, por trás, há uma imensa ignorância sobre o background dessas questões, né? E, é claro, às vezes a pessoa padece de um problema moral, que é aquela belicosidade viciosa; gosta de brigar. A internet é cheia disso, né?
As pessoas gostam de brigar, gostam de polemizar, gostam de muitas vezes palpitarem sobre temas que estão fora do seu alcance, que não são facilmente resolvíveis nem do ponto de vista do próprio magistério da Igreja. E, por causa disso, as pessoas ficam sem profundidade; elas não vão além das aparências, dos rótulos; elas não vão além, por assim dizer, da superfície do debate. Qual é o problema de fundo?
O problema de fundo é o seguinte: nós precisamos entender que o pecado de revolução, e eu gosto de chamá-lo exatamente assim, pecado de revolução, porque é pecado. No fundo, a mentalidade revolucionária, antes de ser um problema cognitivo, é um problema moral. O pecado de revolução consiste na rebeldia, na rebelião; o pecado de revolução consiste nessa revolta em que eu já não confio mais em nada e eu tenho que intervir, eu me sinto na obrigação de intervir, eu tenho que dar a minha colher, no meio daquela situação, meter a minha colher naquela situação, sem perceber que ela transcende completamente as minhas forças e a minha capacidade de ação.
Ou seja, existem problemas reais que nós não podemos negar que eles existam. O problema é que eu não sou capaz de resolvê-los; eles escapam à minha alçada. Então vejam, quando eu não entendo isso, a consequência é que eu vou me tornar uma pessoa que, sem uma teologia profunda, apenas com informações superficiais de apologética ou uma ideia bastante estereotipada da doutrina da Igreja, da moral, etc.
, eu vou partir para o ataque; vou me tornar um cruzado de uma guerra que excede os meus limites. Eu não posso, em termos realistas, dar conta do recado. Um dos temas, por exemplo, é o tema do Concílio Vaticano I.
Eu estava vendo aqui uma locução de Paulo VI, né? Uma locução muito interessante em que ele diz o seguinte, falando sobre o Concílio Vaticano I: "que havia, no pós-concílio, um turbilhão de ideias que não derivam de um bom espírito e não são testemunhas de renovação, mas de destruição do ensinamento da disciplina da Igreja". Então ele comenta: "Dizemos renovação, sim.
Mudanças arbitrárias, não. Liberdade religiosa para todos no quadro da sociedade civil, sim. Liberdade de consciência encarada como critério de verdade religiosa, não.
Uma Igreja aberta a um diálogo responsável, sim. Um irenismo que renunciaria às verdades da fé, não". E assim por diante.
Veja, Paulo VI, já no seu tempo — esse discurso é de 68, o Concílio termina em 65 —, em 68 ele faz um discurso desse tipo, que é exatamente a mesma ideia que Bento XVI vai comentar em 2005, quando fala da hermenêutica da ruptura e da hermenêutica da continuidade. É a mesma coisa; é a mesma ideia que está aqui por trás. O que significa que o próprio Papa Paulo VI, naquela época, reconhecia situações de confusão, de desestabilidade ou de instabilidade, dizendo assim que precisavam ser abordadas com calma, com serenidade, por quem de direito, isso é, pela autoridade da Igreja.
Ora, se o contrarrevolucionário, entre aspas, quer agir revolucionariamente na sua contrarrevolução, ele está apenas reforçando a revolução. Isso é muito importante. Por quê?
Vejam. Muitos, ao longo da história da Igreja, quiseram reformar a Igreja; sempre acabaram piorando as coisas, sempre acabaram dividindo-as, sempre acabaram criando uma amputação, uma deformidade, um "ismo". Eu, lendo os diálogos de Erasmo de Roterdã com Lutero, lembro de uma passagem em que Erasmo diz a Lutero que, se ele rompesse com a Igreja, aquilo não teria fim; as divisões iam se seguir de maneira incontrolável.
Erasmo, apesar de suas dificuldades, permaneceu, digamos assim, sem romper com a Igreja. Lutero rompeu, e o resultado qual é? É o que nós vemos hoje: a divisão como norma.
E quando vemos pessoas que, no fundo, estão querendo agir à despeito da Igreja para tentar melhorá-la, estão tentando fazer uma contrarrevolução. Revolucionariamente, o que percebemos é isso: é, no fundo, a rebelião revolucionária em ação. E se nós não tratamos o coração, se não vamos à essência do problema, o que vai acontecer conosco é que vamos acabar na divisão, na discórdia, na heresia, porque teremos cada vez mais que dar conta de preencher uma lacuna entre o ideal e a realidade, que é um dos problemas que temos hoje.
Então, por exemplo, as pessoas defendem a Igreja Católica, o Catolicismo. Mas que Catolicismo? O Catolicismo das ideias?
Um Catolicismo ideal? Onde que ele está? Onde que ele reside?
Ah, reside, sei lá, nesse grupo ou naquele outro que não está formalmente ligado à Igreja. Muito bem. Então, defendem, por exemplo, o ideal de um Estado católico, por exemplo, que fosse um ideal integrista.
Só que, se esse Estado fosse protagonizado pela hierarquia da Igreja, ele seria combatido por esses mesmos que defendem um Estado católico, porque é um Estado católico que está apenas no mundo das ideias. Percebem que não está ancorado na realidade? Este abismo, esta ruptura, esse lapso, essa fala mesmo, esse abismo que existe entre a Igreja ideal e a Igreja real vai se tornando um paradoxo insuportável; as pessoas chegam ao paroxismo, ou seja, aquilo já não pode mais ser suportado.
Nós temos o escândalo porque o trigo e o joio estão misturados. Nós lemos no capítulo 13 de São Mateus, a partir do versículo 24, a parábola do joio e do trigo. Na parábola, o Senhor conta que o dono do campo disse: "Um inimigo é quem fez isso", que espalhou o joio durante a noite.
Os servos lhe disseram: "Quereis, pois, que vamos arrancá-lo? " Ele, porém, lhes disse: "Não; para que, ao colher o joio, não arranqueis também o trigo com ele. Deixai crescer ambos juntos até a seifa, e por ocasião da seifa direi aos ceifeiros: 'Colhei primeiro o joio e atai-o em molhos para queimá-lo; mas o trigo ajuntai-o no meu celeiro.
'" Depois, no versículo 39 do capítulo 1 de São Mateus, Jesus explica que a seifa é o fim do mundo e os ceifeiros são os anjos, ou seja, não somos nós, quando nos escandalizamos com a situação da Igreja e queremos dar a ela uma solução baseada em nós mesmos, na nossa iniciativa, com as nossas fórmulas. Então, nós criamos uma teoria, nós criamos um conceito, nós formulamos uma ideia, e, aí, em nome daquilo, nós partimos para cima da Igreja para, de alguma maneira, corrigi-la. Nós não percebemos que o remédio é pior do que a doença; o remédio mata.
Esse remédio que estou querendo dar mata; ele é muito pior do que a doença. No caso do Fernando Casanova, ele quis salvar a Igreja. E o que aconteceu?
Não tinha teologia profunda; havia só uma apologética. E, aí, ele diz: "Olha, rejeito a infalibilidade do Papa. Portanto, infalível aqui sou eu.
Dou aqui a doutrina, meus princípios; é isso aqui. " O que todo mundo que vai por esse caminho faz? Questionam a autoridade do Papa e da Igreja, mas não questionam a autoridade deles, porque a autoridade deles é intocável, infalível, etc.
É simplesmente nesse intervencionismo intrometido, xereta, que o veneno da divisão se dilata. Quando olhamos para trás, vemos que, nos tempos de crise, os homens de Deus buscaram a reforma espiritual, ou seja, buscaram ser a Igreja Santa dentro da Igreja, sem romper o jugo da obediência, defendendo a verdade com amor, com caridade, com paciência, com docilidade, com um espírito bom, que é oposto ao espírito revolucionário. É um espírito de bondade, um espírito de cooperação, um espírito de misericórdia, um espírito de quem quer ganhar o irmão ao invés de apontar o dedo para ele.
É o espírito de quem é humilde, portanto sabe o seu lugar, sabe que é uma peça pequena que não fará grandes coisas a não ser que Deus queira. Mas, porque Deus é Deus, Ele é grande, nós não. A verdade que nosso Senhor disse é que é necessário que hajam escândalos; no capítulo 18 de São Mateus, é necessário que haja escândalos.
Escândalo sempre haverá, mas ai daquele por quem eles vierem; ai, ai! Por quê? Porque sou eu quem vou punir o escandaloso, não porque ele está nas mãos de Deus.
Comentando a parábola do joio em outro evangelho, Jesus diz que estes são aqueles que produzem escândalo, ou seja, que levam os outros à queda. Por isso, a nossa apresentação da Igreja, ela tem que ser doutrinal, mas tem que ser responsável; ela não pode ser uma apresentação idealista. Nós temos problemas, temos problemas, e muitos deles nós não temos condições de resolver.
Isso está nas mãos de Deus; Ele que fará. De certo modo, essa mentalidade corrosiva revolucionária só pode ser retirada pelo próprio Deus. É só Deus.
Que pode dar o remédio para isso? Então, nós fazemos muito bem quando vamos rezar. Quando vamos estudar o nosso catecismo, precisamos ensinar às pessoas, conscientes de que aquilo é tão somente o catecismo.
Nós temos que nos convencer de que os meios sobrenaturais são os mais importantes; que o remédio mesmo é a piedade, é a santidade, é a doutrina vivida de um modo devoto e piedoso. É isso que vai criando um bom ambiente. Contudo, o apologeta muitas vezes não consegue abandonar a sua visão idealista da Igreja.
Há um texto da Sagrada Escritura, que está no capítulo 2 do livro de Josué, que fala sobre a prostituta Raab. É muito interessante como os padres da Igreja e os escritores eclesiásticos comentam que aquela prostituta é uma imagem da Igreja. Orígenes, por exemplo, diz assim em seu comentário — chama-se a terceira homilia no livro de Josué.
Está no capítulo quarto desse comentário. Ele diz: "Rahab significa largura. " O que é essa largura senão a Igreja de Cristo, reunida dos pecadores e prostitutas?
Essa largura recebeu os espiões de Cristo. No livro de Oséias, a outra prostituta que o profeta é instruído a aceitar como símbolo é, claro, da Igreja reunida dos gentios. Raab se tornou uma profetisa, pois ela diz: "Eu sei que o Senhor, teu Deus, entregou esta terra a ti.
" Então você vê como a mulher que antes era uma prostituta ímpia e impura agora está cheia do Espírito Santo. Para coisas passadas, ela dá testemunho no presente; ela tem fé e, no futuro, ela profetiza. Então, Rahab, a largura, se estende e cresce até atingir os quatro cantos da terra.
Mas vamos ver como essa prostituta sábia se comportou com os espiões. O conselho que ela lhes deu foi misterioso: celeste, sem nada de terreno. "Faça seu caminho através das colinas.
" Em outras palavras, "não vá pelos vales; evite o que é vil; proclame o que é sublime. " Ela mesma coloca um sinal escarlate em sua casa, pelo qual escapou da destruição de sua cidade. Ela escolheu nada menos que o sinal escarlate como um símbolo do sangue, pois sabia que ninguém poderia ser salvo exceto pelo Sangue de Cristo.
A antiga prostituta recebe essa instrução: "Todos os que estiverem em sua casa serão salvos. " Se alguém quiser ser salvo, que venha à casa da antiga prostituta. Mesmo que seja alguém do povo judeu que queira ser salvo, que venha a esta casa para encontrar a salvação.
Que venha à casa em que o sangue de Cristo, como sinal de redenção, pode ser encontrado. E que ninguém se engane, ninguém se iluda: fora desta casa — isto é, fora da Igreja — não há salvação. Se alguém a deixa, é culpado de sua própria morte.
A fita na janela representa os sacramentos, a água do batismo e o sangue de Nosso Senhor, com a arca e o cordeiro pascal. A casa da prostituta forma um terceiro grande símbolo da redenção e da Igreja. As pessoas na casa escapam do vindouro julgamento de Deus quando, ao som da trombeta, Jesus, nosso Senhor, derruba Jericó.
Este mundo — e somente a prostituta e toda a sua casa — são salvos. Mas Rahab permanece no povo santo até os dias atuais. Isso não pode ser interpretado literalmente.
Se você quiser ver mais claramente como Rahab foi incorporada a Israel, considere como o ramo de oliveira selvagem é inserido no tronco da oliveira cultivada, e você entenderá como aqueles inseridos na fé de Abraão e Isaque são corretamente considerados como incorporados a Israel até o último dia. Pois nós, ramos de oliveira silvestre, tirados dos gentios — que antes éramos prostitutas adorando pedra e madeira em vez do verdadeiro Deus — fomos inseridos na árvore cultivada até hoje. Isto é a árvore da Santa Igreja.
São Cipriano diz que foi dito a Rahab, que prefigura a Igreja, reunir em sua casa seu pai e sua mãe. Você acha que pode viver quando deixou a Igreja e construiu novas moradias e lares diferentes? Afinal, foi dito a Rahab, em quem a Igreja foi prefigurada, que "quem sair das portas de sua casa será culpado.
" Da casa de quem? Da casa da antiga prostituta Raab. Santo Ambrósio, no famoso texto em que ele define a Igreja como "casta Meretriz," indica o mistério da Igreja que não recusa o comércio de muitos amantes.
Quanto ao resto, é mais casta do que ela — virgem, sem mancha e sem ruga, intacta pela pureza plebeia; pelo amor, casta meretriz, viúva, estéril, virgem fecunda, mulher pública. Meretriz, pois a ela, que não tem mancha de pecado, vêm numerosos amantes atraídos por seu amor. Pois o que se une a uma mulher pública forma um só corpo com ela — viúva, estéreo, que não sabe ser mãe na ausência do esposo.
E o esposo veio a ela e gerou este povo e esta multidão virgem fecunda, que gerou esta multidão com os frutos do amor, mas sem experimentar o prazer. Santo Ambrósio utiliza essa mesma comparação para mostrar a santidade da Igreja. É lindo isso, não é?
Ela é a casta meretriz no sentido de que ela comercia com todos os homens da terra, mas sem sentir o prazer no sentido de que ela não se corrompeu. Por último, Santo Agostinho diz que "o estado e a face da Igreja estão nestes dias tão miseráveis que é difícil pensar em um texto que se possa aplicar decentemente a ela. " Enquanto a Igreja aqui embaixo anda entre homens orgulhosos e depravados, ela é violada por suas orgulhosas e depravadas doutrinas e morais.
E, embora a Igreja tenha sofrido muitas vezes com homens perversos e depravados, ela nunca mais foi vergonhosamente submetida. Assim, me parece a corrupção do que hoje representa uma gangue desenfreada de simoníacos atacando sua castidade para satisfazer as suas luxúrias. Podemos dizer da Igreja que seus.
. . Corruptores estão abusando dela a noite toda, tanto que ela está morta, ou seja, perto da Morte.
Sim, em muitas paróquias, o fogo vital dos sacramentos, do qual poderiam ter tirado vida, foi totalmente extinto, assim como o fogo do altar do Senhor, que foi mantido aceso durante tantos anos do cativeiro babilônico. Teria sido extinto na época em que Jasão e Menelau estavam comprando o sacerdócio. São textos de Santos, de homens que mostraram as dificuldades da Igreja, não por rebeldia, não querendo de algum modo romper com ela, mas permanecendo nela para serem uma força de santidade dentro dela.
É interessante que se fala tanto de Santo Atanásio, hoje em dia, mas se faz o contrário do que Santo Atanásio fez. Santo Atanásio foi injustamente punido, mas depois ele voltou a pôr ordem, e a santa Igreja, a verdade prevaleceu. Durante o tempo da sua punição, o que ele fez?
Ele se rebelou? Ele, que era bispo, saiu por aí fazendo outros bispos, criando uma outra Igreja, levantando uma bandeira? Não, ele continuou com o seu grupinho de fiéis, defendendo a doutrina católica com amor, com zelo, sem se dividir nem se rebelar contra a santa Igreja.
Portanto, nós precisamos entender, meus queridos, e essa é a mensagem que eu deixo aqui para todos vocês: nós temos que amar a santa Igreja exatamente do jeito que ela é. É a casa de Ra. Aqui não é o paraíso; ainda temos muita coisa errada e estranha, mas acontece o seguinte: lá fora é destruição.
É você que escolhe! Que nós possamos amar a Igreja do jeito que ela é e que nós possamos nos unir ao Senhor, entendendo que só Ele tem o poder de ajudar a Igreja a sair das suas dificuldades históricas, dos seus impasses, das suas desarmonias e das suas dificuldades. É essa a Igreja que é santa.
Embora os nossos olhos enxerguem apenas Raabe, nós sabemos que Cristo está efetivamente preparando a sua Igreja, sem mancha, sem ruga, para que possa encontrar-se com Ele no dia da sua vinda. Ela está sendo preparada, e isso é missão de Cristo. Nós precisamos reconhecer os nossos limites e, humildemente, como filhos, nos colocar aos pés da Igreja para defendê-la e amá-la como nossa mãe.
Que Deus te abençoe!
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