AGATHA SÉRIE | EP04 | REVIEW

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Gustavo Cunha
ROTEIRO & APRESENTÇÃO: Gustavo Cunha EDIÇÃO: Cláudia Bastos - claudia.gantus@gmail.com INSTAGRAM: h...
Video Transcript:
Oi, eu sou Gustavo Cunha e hoje é dia de  falar do episódio 4 da série da Agatha. Esse episódio 4 repete a fórmula do  Episódio Passado, com uma provação que testa as habilidades de trabalho em conjunto  do coven e destaca uma das bruxas do grupo. No Episódio Passado, nós tivemos a  prova da água e nesse episódio nós temos a prova do Fogo, o que nos deixa com  mais dois episódios para a terra e o ar.
Mas é claro que, mesmo repetindo a fórmula do  Episódio Passado, esse episódio 4 também trouxe várias peças para ajudar a montar o quebra-cabeças  sobre a história e sobre o funcionamento desse mundo das bruxas. Aliás, isso é o que eu  tenho mais gostado na série, a forma como ela vai desdobrando esse mundo escondido, cheio de  usuárias de magia, que tem a sua própria história à parte da história do resto da humanidade e  uma mitologia toda própria que é muito bacana. Em primeiro lugar esse episódio serve para nos  mostrar um pouco da verdadeira personalidade da Ágata, que fica praticamente o tempo todo  escondido sob Aquela cobertura de arrogância e indiferença.
A primeira cena mostra ela olhando  para o corpo da senhora Hart com pesar Genuíno, E depois dizendo: eu não achei que você fosse assim. Essa é uma frase bastante curiosa. Eu confesso para você que não entendi direito o que ela quis  dizer, mas provavelmente o que ela está dizendo é que não imaginava que aquela mulher para  quem ela não dava absolutamente nada a mínima importância pudesse revelar uma personalidade  tão jovial e divertida no final das contas.
Eu digo isso porque as moças colocam sobre a  cova da senhora Hart um pequeno ramalhete de uma florzinha chamada Mosquitinho. E essa flor,  mosquitinho, também conhecida como gipsofila, simboliza ternura, infância e transparência  da alma. Devido ao tamanho e à coloração, ela é considerada a flor que melhor traduz o  significado de inocência.
Muito bacana, né? Mas logo depois disso ela volta a ser a  velha Ágata de sempre e volta a tratar todo mundo com o seu cinismo habitual. Porém,  a partir daqui nós já passamos a olhar para essa personagem por uma nova perspectiva e vamos  ler todas as ações dela de uma forma diferente.
O que importa para mim e para você é que agora  que nós sabemos que cada uma das bruxas vai ser testada isoladamente ou em grupo em cada uma  das provações, elas simplesmente não podem avançar pela estrada sem uma bruxa Verde. O grupo então faz um feitiço para invocar a bruxa verde mais próxima, que nós já  sabíamos que ia ser justamente a Rio Vidal, porque ela estava primeiramente naquela lista que  a Lillia tinha dado para a Ágata no Episódio 2. A forma apavorante como a personagem sai da  terra tem uma simbologia bem interessante, porque, antes de se recompor totalmente  e mostrar a aparência bela da Rio Vidal, Ela se move de forma grosseira e violenta,  não natural, o que combina perfeitamente com a personalidade agressiva por baixo  da aparência delicada dessa moça.
Como essa série tem muitas referências  a O Mágico de Oz, a Rio faz uma piada de metalinguagem usando exatamente o mesmo  passinho de dança que os personagens daquele filme usaram na cena clássica em que eles  estão caminhando pela Estrada de Tijolos Dourados. Depois da prova da água, a próxima prova é a prova  do Fogo, o que é confirmado pela lua crescente na porta daquela casa em que o grupo entra. E mais uma vez todo mundo ganha um look apropriado para a ocasião, com várias referências  a diferentes estilos de música dos anos 70.
O grande destaque aqui é para a Lillia Calderu,  que ganha um figurino que deixa ela igualzinha à Liza Minnelli, cuja mãe é a atriz Judy Garland,  que interpretou a Dorothy em O Mágico de Oz. E é justamente a Lilla que passa por algumas imagens  bem horripilantes que retratam como as mulheres acusadas de bruxaria nos Estados Unidos e na  Europa eram torturadas e mortas na Idade Média. Como a gente viu no episódio 2, a Lillia nasceu  na Europa justamente nessa época, e andava de comunidade em comunidade tentando alertar as  suas amigas dos perigos que estavam por vir, mas as coisas quase sempre terminavam em tragédia.
Eu imagino que, ao longo de todo esse tempo, a personagem deva ter visto várias mulheres  passando por essas torturas vezes sem conta, provavelmente até amigas próximas, e é  justamente por isso que ela se mostra tão abalada. No momento em que ela olha  para as imagens a gente pode ouvir lá no fundo o som do que parecem ser gritos. Pensar que uma coisa assim aconteceu aqui no mundo real como norma estabelecida  tira um pouco da nossa fé na humanidade.
Já a Jennifer encontra várias máscaras da tradição  japonesa em uma parede. É claro que eu não sou nenhum especialista em máscaras japonesas, mas  essas máscaras parecem ser do tipo Oni e Hannya. Na mitologia japonesa os “oni” são demônios com  chifres e dentes em forma de presa.
Mas apesar de a definição ser “demônio” e da aparência,  as máscaras Oni são associadas à proteção, boa sorte e riqueza. Já as máscaras Hannya  geralmente são utilizadas em apresentações de teatro tradicional e representam  mulheres consumidas pelo ciúme e inveja, que se transformam em demônios aterrorizantes. Enquanto isso, a Alice vê uma parede cheia de posters de revistas de música e posters  de shows.
Um desses posters é de uma banda muito legal, chamada Fleetwood  Mac. Se você não conhece essa banda, você deveria conhecer porque ela é muito bacana. Aliás, a Stevie Nicks, vocalista do Fleetwood Mac, também era famosa por causa de  rumores que afirmavam que ela era uma bruxa.
É também por isso que ela fez uma  aparição especial em American Horror Story: Coven interpretando uma versão dela mesma,  que também é conhecida como "The White Witch". Logo depois disso, a Alice vê uma foto da  Mãe. E quando Alice e Lilia estão olhando para a foto de Lorna na parede, os rostos  das três refletem o padrão da donzela, da mãe e da anciã, do broche da Agatha.
Mas, o que realmente interessa para mim e  para você é que a Ágata e a Rio acabam tendo uma conversa bastante interessante numa sala  de controle. Sim, cara, esse lugar se chama sala de controle, e é uma parte fundamental  de qualquer estúdio de gravação de música. Isso explica várias coisas nesse Episódio. 
Quando a Alice viu a casa lá da Estrada das Bruxas ela não queria entrar de jeito nenhum,  provavelmente porque sabia que essa casa era na verdade o estúdio em que a mãe dela costumava  gravar. É por isso também que no meio da sala tem vários instrumentos musicais e que o tic-toc do  relógio é dado por um metrônomo. O metrônomo é um instrumento usado para marcar o andamento de uma  música ou seja a velocidade em que ela é tocada.
A conversa da Ágata com a Rio é bastante  perturbadora. A bruxa Verde diz que no final do caminho a Ágata finalmente vai recuperar o  seu poder enquanto que ela vai poder ficar com os corpos das bruxas do grupo. Eu realmente não  sei o que isso significa.
Um pouco mais adiante, quando as bruxas estão mostrando as suas  cicatrizes de batalha, a Rio conta que teve que ferir uma pessoa de quem ela gostava por conta do  trabalho dela, e nós descobrimos que essa pessoa era a Ágata. Sendo assim, pode ser que o trabalho  dessa Bruxa Verde envolva matar um determinado número de pessoas a cada temporada como parte  de algum tipo de sacrifício para o chefe dela, seja ele quem for. Ou, o que seria ainda mais  interessante, a Rio pode até mesmo ser uma emissária da Morte que veio para esse lugar para  levar as almas da bruxas que vão morrer durante essa aventura pelo caminho.
Embora seja estranho  ela ter dito a palavra corpos ao invés de almas. Aliás, nós temos algumas indicações  de que a Rio pode ser uma emissária da Morte ou quem sabe até a própria Morte,  já que nos quadrinhos da Marvel a Morte tem representação antropomórfica de uma mulher. Veja bem, gafanhoto, em duas oportunidades nesse episódio a Ágata olha para a Rio de forma  bastante séria e diz a palavra "não".
Primeiro, quando o grupo começa a procurar por  uma pista sobre a tarefa e as duas estão observando o Billy. A Rio pode ter sugerido  que ia levar todo mundo, inclusive o rapaz. Depois, quando ele é ferido  mortalmente no final do episódio, Agatha olha novamente para a Rio e diz "não",  quase como se ela estivesse implorando.
Além disso, a Maldição nunca ataca a Rio. Ela  joga o Billy para fora da sala, faz a Jennifer e Lilia se contorcerem no chão, faz Agatha ficar  na posição de rock clássico e ataca novamente a Alice. Mas ela não chega nem perto da Rio.
A moça  fica ali sentada na bateria completamente de boas. O mais interessante sobre isso é que se a Rio for  verdadeiramente a Morte ou uma emissária da Morte, o que ela disse anteriormente sobre estar  por perto ganha uma conotação completamente diferente. Porque a morte está sempre por  perto de quem anda pelo Caminho das Bruxas.
E aqui nós temos um momento que talvez não  tenha ficado muito claro para quem assistiu ao episódio apenas uma vez. Como nós sabemos,  a estrada propõe perigos e provações que são experimentados de forma igual para todas as  mulheres do coven. No episódio passado os sintomas incluíam alucinações e "procedimentos  de harmonização facial bastante questionáveis".
Nesse episódio, as mulheres passam a sentir a  pele queimando. Porém, antes que isso aconteça, a Alice diz que está se sentindo subitamente  mais leve. Ela diz isso justamente porque a maldição que as mulheres da família dela deixou  de estar sobre ela nesse momento para passar a atacar o resto do grupo.
E isso aparece de forma  bastante simbólica com aquela queimadura que tem o formato parecido com a cicatriz que uma garra  gigantesca deixaria nos ombros de uma pessoa. A maldição, que é aquela criatura horrenda  com asas, permanecia o tempo todo agarrada aos ombros da Alice, pronta para acabar com  ela assim que possível - da mesma forma que acabou com a mãe dela, que morreu durante um  incêndio. Provavelmente, todas as mortes das mulheres nessa família tem alguma relação com  fogo.
Porém, a mãe da Alice encontrou uma forma de proteger a filha fazendo com que um feitiço  de proteção no formato de uma versão da Balada dos Caminho das Bruxas fizesse tanto sucesso  que o tempo todo ela estaria sendo tocada em alguma parte do mundo, e assim a filha dela  estaria protegida da maldição. Olha que demais! E a única forma de fazer com que a maldição fosse  quebrada definitivamente seria se a própria Alice tocasse e cantasse essa versão da balada.
Isso seria uma forma metafórica de confrontar o trauma que ela carrega em relação à mãe. Na  verdade, toda essa questão da maldição da Alice é uma representação simbólica de traumas que às  vezes são passados de geração em geração, de mãe para filha, de pai para filho, com a geração  seguinte repetindo os mesmos erros dos seus pais. Aqui, nós temos a Alice quebrando esse ciclo  ao cantar feitiço de proteção que a mãe dela fez.
Ela diz: "eu posso ver ela, então eu posso  matar ela! ". Quando a gente consegue entender e finalmente enxergar os nossos traumas é justamente  a partir daí que nós conseguimos processar esses eventos e finalmente passar por eles seguindo  adiante.
E é isso que está acontecendo aqui. E eu preciso dizer para você que eu achei  muito legal o fato de que todo o visual dessa performance do grupo lembra demais do  clima das músicas e dos clipes do Meat Loaf, que era um cantor muito famoso nos anos  70 e início dos anos 80. Ele tinha essa característica super teatral que  englobava elementos de terror, mas sem ir tão direto ao ponto quanto o Alice  Cooper fazia.
As músicas dele são demais! E você talvez tenha notado que o Billy não  foi atingido pela maldição da Alice como as outras bruxas do Coven. Ao invés disso, ele  foi arremessado para longe de onde o grupo estava por aquele demônio, porque claramente  a criatura não via ele como parte do Coven.
O grande lance é que ele é mortalmente  ferido e se você prestar atenção no rosto da Rio enquanto as bruxas estão  ajudando o Billy de volta na estrada, você pode perceber que ela está só esperando  ele morrer para fazer alguma coisa (que nós não sabemos o que é). A Agatha diz para ela que "não"  e ela dá de ombros, como se dissesse: "tá bom". No fim das contas, o rapaz acaba sendo salvo  pelas mãos da Jennifer, que revela logo depois que pertence à décima primeira geração de  curandeiras e parteiras da família dela, mas que teve o seu poder roubado por um médico  no século XIX numa armadilha montada na Novíssima Associação de Obstetrícia da Grande Boston.
E  essa revelação de que ela era uma parteira e que o médico que tentou roubar os poderes  dela é um obstetra é extremamente porque significa que nós podemos estar falando  aqui do infame doutor J. Marion Sims. J.
Marion Sims, frequentemente chamado  de "pai da ginecologia moderna", realizou contribuições significativas à  medicina, desenvolvendo técnicas cirúrgicas que revolucionaram o tratamento de  problemas obstétricos. No entanto, o legado desse cara foi manchado por práticas  profundamente desumanas. Durante o século XIX, o Sims realizou experimentos cirúrgicos em  mulheres negras escravizadas, sem o consentimento delas e na maioria das vezes sem anestesia.
Ele realizou experimentos cirúrgicos em pelo menos 11 mulheres negras escravizadas. Dentre  elas, três são mais conhecidas: Anarcha, Betsey e Lucy. Essas mulheres foram submetidas  a múltiplas cirurgias sem anestesia.
Anarcha, em particular, passou por cerca de 30  operações. E o sofrimento dessas mulheres foi ignorado em nome do avanço da medicina. Sendo assim, eu não me surpreenderia se mais adiante a gente descobrisse que o cara que  convidou a Jennifer para essa reunião na Novíssima Associação de Obstetrícia da Grande  Boston tivesse sido o próprio J.
Marion Sims. Talvez ele nem sequer tenha conseguido tomar  o poder da Jennifer, embora tenha tentado. Pode ser que ela apenas tenha bloqueado a  própria magia como uma espécie de trauma.
E antes que o grupo siga para a próxima etapa  da jornada, a Rio diz para a Agatha com todas as letras sobre o Billy: "Ele não é seu". É claro  que, num primeiro momento isso significa que o rapaz realmente não é o filho perdido da Agatha,  mas essa frase também pode ter outro significado. "Ele não é seu" pode significar que ele pertence  a outra pessoa - Morte ou Mephisto ou algo assim.
Se Agatha deixou o filho ir em troca do Darkhold,  ele, de certa forma, não seria mais dela, correto? Mas é claro que eu quero saber o  que você achou desse Episódio 4 de Ágata. deixe seus comentários aqui  embaixo para todo mundo ficar sabendo!
Não esquece de se inscrever aqui no canal e  também deixar aquele like bacanérrimo pra encher o coração do Tata de alegria e contentamento. Eu  vejo você muito em breve! Até lá, fica com Deus, permaneça bem, permaneça seguro!
Uma vez  mais, muito obrigado e até a próxima!
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