[Música] desejamos uma ótima sessão [Música] então boa noite acho que a gente tá no ar eh bom boa noite a todas e a todos que estão aqui com a gente hoje meu nome é Ana Carolina chazin Eu Sou professora do curso de Direito da Unifesp eh eu sou uma mulher branca de 46 anos tenho cabelos castanhos ondulados e na altura do ombro tô usando uma uma blusa preta e um casaco amarelo não sou de óculos gostaria de começar agradecendo né a presença da Ainara Firmino por est aqui com a gente hoje e a presença da
Radija Oliveira Silva que é estudante do curso de direito e tá aqui hoje junto comigo compartilhando a mediação dessa mesa eh acho que vale contextualizar que a ideia de organização original dessa mesa é uma ideia eh que eu tive junto com a professora Fernanda Emi Matsuda Originalmente a gente tinha pensado a gente tinha organizado uma aula especialmente dedicada à teoria crítica da raa durante os primeiro semestre de 2024 no horário letivo de manhã com a presença eh presencial né naquele momento da Inara Firmino eh seria uma atividade articulada de duas UCS uc de sociologia do
direito que eu tava lecionando na época e a uc de Direito Penal estado democrático de direito que estava sendo lecionada na época pela professora Fernanda em Matsuda bom a gente entrou em greve o semestre foi interrompido e essa aula nesses termos não pode acontecer naquele momento a gente transformou naquela ocasião né a ida da Inara a gente Manteve a ida da Inara no mesmo dia na mesma hora no Campus mas num outro formato numa atividade de greve uma atividade que naquele momento foi encampada pelos coletivos ep eh epem preta e epem feminista né e que
e e e que a gente denominou de lutas sociais das mulheres negras foi uma atividade muito interessante uma roda de conversa que a gente fez no antigo Campos né antes da da nossa mudança e a gente contou com a presença ao vivo eh presencial né presença presencial da Ainara eh naquele com a volta tribulado do semestre a gente tentou retomar a ideia da aula sobre teoria crítica da raça Mas isso não foi eh possível em função dos desencontros de cronograma E aí a gente nesse momento volta com essa proposta com a tentativa de retomar né
esse esse tema agora né como uma atividade na semana da Consciência Negra e finalmente estamos podendo ter o privilégio de ouvir a Inara falar a respeito desse assunto gostaria de agradecer a todas e a todos que tornaram essa atividade possível em ial a pem preta que tá fazendo um trabalho eh incrível né de construção de uma semana da Consciência Negra bastante vibrante no Campus de Osasco na época que a gente tinha Originalmente feito essa proposta de uma atividade sobre a teoria crítica da raça a gente tinha indicado pros estudantes a leitura de dois textos né
um texto da Kimberly Clin sobre interseccionalidade e um texto da Natália Neres na época algumas pessoas de fato leram apesar da atividade não acontecer e e eu sou testemunha porque eu recebi muitos fichamentos Então não é uma leitura que tá frente que tá fresca né na acho que na na na memória mas é uma leitura que em algum momento os estudantes dessas UCS tiveram contato e passaram por uma reflexão nesse sentido eh Inara a minha intenção é que a gente Abra para te ouvir né para ouvir para ouvir a sua exposição e depois a Radija
vai né fazer o papel de debatedora trazendo algumas questões estabelecendo um diálogo aí com você a gente também tá aberto paraas né paraas intervenções paraas perguntas pras reflexões para as reações do do público que tá nos assistindo eh eu vou rapidamente te apresentar mas você fica à vontade para completar minha apresentação se em algum momento eu não fizer enfim eh no termos que te pareça mais mais correto a a inária Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito de Ribeirão Preto na Universidade de São Paulo mestre em direito pela mesma instituição e hoje doutoranda em teoria
do direito e Direito Constitucional pelo programa de pós-graduação da pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro na PUC Rio nesse momento ela tá fazendo pesquisa de campo no Rio de Janeiro e por isso ela não não pode estar com a gente presencialmente eh né na data de hoje eh na linha de pesquisa né de direitos humanos democracia e Ordem internacional do programa de direita pil o projeto de pesquisa da Inara é sobre políticas institucionais antirracistas nas defensorias públicas estaduais e a Inara é também pesquisadora do centro de Justiça racial e direito da GV São Paulo
do direito GV São Paulo Então é isso palavra com você Agradeço mais uma vez pela presença e depois que você terminar essa rodada a e a Radija eh né for trazer os comentários e as eh reflexões para dialogar com você acho que a própria Radija pode se apresentar a gente combinou assim certo eh bom então acho que eu quero começar agradecer né antes de de me apresentar eu quero começar a agradecer na figura da Ana e da Radija pelo convite eh tô muito feliz de est aqui compartilhando com vocês mesmo que virtualmente né mas acho
que é uma oportunidade de diálogo de construção que é sempre muito importante né e é um espaço que que eu valorizo muito né no âmbito do direito e numa universidade nova né num curso novo como é o caso da un Cesp então eh eu acho que é uma oportunidade muito importante então agradeço muito eh bom a Ana já me apresentou Então acho que eu quero só fazer minha auto descrição Eu sou uma mulher negra eh de pele escura Eu uso óculos eh Tom azul mais ou menos ã eu tô com um colete azul com os
meus fios de conta ã tô eu tenho um cabelo black mas tá com coque atrás de mim tem dois quadros um de oxos e o outro de de yogun tenho algumas plantas também eh uma uma luminária enfim e e é mais ou menos isso eh É sempre bom também né esse espaço de de fala de de apresentação enquanto uma mulher negra uma mulher negra Universitária uma pesquisadora eh enfim que tem construído esse espaço e disputado o campo do direito que eu acho que é é um pouco essa né é um a proposta da aula a
proposta do do movimento de teoria crítica racial eh enfim eu acho que também o essa modalidade remota não nos permite fazer algumas algumas atividades Algumas propostas mais eh de interação com a turma né mas eu acho que que que esse é um movimento que vocês podem fazendo depois é um movimento que para além das disciplinas com a professora Ana eu acho que que é uma uma uma provocação que a gente tem que fazer em todos os campos do direito em todas as áreas do direito que que é tornar a raça né a categoria raça categoria
racismo Não Mais enquanto enquanto um uma categoria isolada algo a ser a ser apensado nas pesquisas a ser eh minimamente pensado nas nas disciplinas do direito mas é algo que a gente precisa construir a nossa lente de análise é algo que a gente precisa construir o nosso o nosso espaço de debate né Eh então para eu iniciar a a apresentação é só clicar foi obrigada bom então eh eh a nossa nosso espaço de diálogo né que enfim também o fato de de ser remoto não não permite ter uma troca muito grande muito intensa mas eu
acho que que qualquer necessidade que vocês tenham de de dúvida ou de colocação para para algo que eu esteja falando acho que vocês podem se sentir muito à vontade para para colocar eu vou iniciar Então e o nosso bate-papo é sobre teoria crítica racial Eu já eu já fiz um um uma apresentação futura né trazendo também a proposta de falar sobre o campo no Brasil de direito e Relações raciais aqui né nessa nessa inauguração da aula mas só para apresentar um sumário brevemente para vocês eu vou começar falando um pouquinho sobre teoria crítica racial eh
e eu acho que também no sentido de de provocação de apresentação para vocês do tema eh de colocação de algumas de alguns pontos que eu considero importante para mobilizar vocês eh na pesquisa para quem se interessar depois a gente pode conversar trocar informações sobre textto sobre livros enfim e porque também eh eu acho que que essas provocações iniciais que eu trago Elas abrem em frente pra gente também trazer essa discussão pro Brasil né e não numa uma proposta eh e de tradução ou de apropriação dessa dessa desse movimento né Desse dessa perspectiva teórica mas enquanto
um um espaço de reconhecimento né de de um campo que tem sido construído no Brasil há muito tempo e que se aproxima muito do que foi feito eh nos Estados Unidos desde a década de 80 eh esse tem sido né Eh um um Marco um referencial teórico que eu tenho minha aproximado principal eu comecei né uma uma aproximação a conhecer essa teoria Na graduação um momento em que eu tava eh me debruçando sobre a seletividade criminal né a atuação da da Justiça Criminal na na criminalização de Corpos negros né então Eh foi uma pesquisa em
que eu me detive a analisar o o sistema criminal né então toda a estrutura duração legal desde o início desde o primeiro código penal né o processo de de de chegada do positivismo aqui no Brasil como foi essa instrumentalização do direito brasileiro a partir de já de uma ótica racializada né e e Ultimamente eu tenho né eu saí meu campo de pesquisa sai um pouco eh do lugar do Criminal né do do âmbito criminal E desde do mestrado eu tenho me dedicado a estudar acesso à justiça a Participação Popular eh dos movimentos sociais nas instituições
do sistema de Justiça né na Defensoria Pública e mas a teoria crítica racial continua me acompanhando e eu acho que ao longo da conversa vocês vão entender porquê e e o qu o quanto esse movimento ele é importante e o quanto eles a gente pode disputar o direito a partir dessa dessa teoria né desse movimento dessa escola de pensamento eh bom então para começar né para contextualizar vocês a eh como eu falei a teoria crítica racial ela ela é um movimento né é uma escola que se inicia nos Estados Unidos mais ou menos né entre
as décadas ali de 70 80 e e e surge ali especificamente no curso de Direito e também para que para que vocês entendam né a faculdade de direito nos Estados Unidos ela funciona de uma forma um pouco diferente do que é aqui então não necessariamente ali naquele curso só tinha estudantes de direito né ali para graduação em Direito ali o curso de direito é quase uma pós enfim tem uma formatação bem diferente então Eh essa escola de pensamento ela vai se formando muito de uma forma muito interdisciplinar né de diálogos entre diferentes pesquisadores diferentes atores
estudantes ativistas enfim é um grupo ali que que que vai se se juntando discutindo Porque tem um ponto em comum que é a a proposta de transformar eh a relação entre raça racismo e direito né Eh então essa construção ela surge num momento específico da história eh tanto Mundial porque porque é vem ali de um movimento né passado o 68 aquela o caos do mundo de 68 caos no sentido de muitos movimentos borbulhando pelo mundo então a gente vem ali de toda uma construção de movimentos sociais toda uma construção de movimentos históricos né que vão
se arrastando ali pra década de 70 e que eh no âmbito dos Estados Unidos né movimento feminista ali ainda muito forte movimento eh pelos direitos civis principalmente muito mobilizando o judiciário né então é um momento histórico específico ali pelas provocações eh no âmbito constitucional estadunidense né Eh no âmbito constitucional porque muitas eram as demandas tratando que tinha como pano de fundo a questão racial né então com um foco principalmente no princípio da Igualdade então para acesso à educação para acesso a a meios de transporte enfim a proposta central das demandas era sempre eh cessar com
os espaços eh de segregação né de separação mas principalmente as demandas que chegavam ali era com relação ao acesso à educação né E quanto o princípio da Igualdade ele não se materializava enquanto Uma demanda paraa população negra eh e aí enfim esses movimentos né Essas discussões teóricas elas chegam nas universidades principalmente no âmbito do direito num questionamento dos estudos críticos né eh e e Harvard ali é o lugar que esse movimento se inicia eh tinha ali uma frente de estudos críticos muito forte e eram estudos que se que se detinham a questionar eh o princípio
da Igualdade a forma com que o direito era aplicado eh princípio da neutral ade a forma com que o direito era ensinado nas universidades mas tudo isso eh não alcançava o debate racial toda essa discussão tangenciamento feminista eh tinha ali o seu aporte teórico nessa frente mas não era uma discussão que chegava ao feminismo negro não era uma discussão que chegava ao movimento eh negro de uma forma geral trazendo a demanda pro aspecto racial né trazendo o aspecto racial para realidade e essa é a proposta ali que vai mobilizando eh Os estudantes de direito ali
principalmente porque eh nesse curso de Harvard tinha um professor em específico né que era o professor dck Bell que que vira ali a a figura o representante desse movimento e e ele tinha um curso ali né de direito eh de Direito Constitucional que fazia uma leitura eh do Direito Constitucional a a partir da racialidade né era um tópico especial ali paraa análise do Direito Constitucional só que o dck Bell recebeu uma proposta para assumir um cargo numa outra Universidade um cargo melhor né E que naquele momento Ali era algo fundamental pra carreira dele pensando na
figura de um homem negro né na na na o quão raro era né a figura de uma de um homem negro de uma mulher negra nem se fala ocupando os espaços das universidades né e e ele quando ele recebe essa proposta ele leva pra universidade a necessidade de que uma outra pessoa negra né um outro eh docente e e a demanda dele era que fosse uma mulher negra ocupasse ali o a sua cadeira e continuasse dando a disciplina e o questionamento da Universidade era Qual a necessidade eh de vir uma outra pessoa negra para ocupar
esse cargo o que que os estudantes eh preferem uma outra pessoa Negra Medíocre né nesses dizeres que não conseguiria não daria a matéria tão bem ou que fosse professores brancos excelentes que que eh que conseguissem passar a matéria de uma forma muito melhor do que uma pessoa uma pessoa negra e aí nesse sentido a faculdade opta por colocar dois professores brancos eh ocupando essa disciplina né mas também não enquanto uma disciplina ali eh obrigatória da da da faculdade colocaram como um curso né Eh um curso menor de tempo de carga reduzida com dois professores brancos
que ali não tinham como foco a discussão do Direito Constitucional a partir da racialidade né o foco deles era discutir discriminação a partir do princípio da Igualdade Mas tirando o aspecto racial da centralidade e nesse sentido eh os estudantes ali que faziam essa séria que estavam encampando também a a disputa junto com derck Bel eles resolvem boicotar a disciplina e não fazer esse curso né E eles mesmo ali se articulam para criar um curso de verão né com os professores ali escolhido Escolhidos por eles que permitisse ainda esse debate de Direito Constitucional a partir dessa
lente racializada né Eh e esse curso ele vem como como um esforço coletivo né ele vem como um coletivo entre né acadêmicos ali ditos não brancos porque ainda as Universidades também era um espaço né majoritariamente Eh ocupado por pessoas né Eh ocupado por pessoas brancas e ali também esse contexto né Essa coisa dos Estados Unidos é de não de intitular pessoas como brancas e não brancas né os não brancos AL ali negros latinos mexicanos eh enfim asiáticos E aí esse coletivo então de pessoas não brancas né então não necessariamente todos negros eh eles se articulam
com esse objetivo né de fazer de criar esse curso de criar essa disciplina eh voltada para essa análise do tratamento legal sobre raça né Eh e esse curso Então esse coletivo ele anunciava esse posicionamento político né Eh de enfrentamento ao discurso oficial da da Universidade Mas também de enfrentamento a ao discurso oficial sobre a forma que um conhecimento sobre a valorização de um conhecimento né a valorização de um conhecimento vindo de uma pessoa negra a valorização de um conhecimento para além daquele que era tido como hegemônico como o ideal né e e a partir dessa
necessidade de criar um uma chave de análise dentro dos estudos críticos né Eh desse chamado legal studies que tinha um discurso eh de crítica ao liberalismo mas que não não dava a devida importância pra raça dentro do direito né de enfrentamento à neutralidade a partir do lugar da raça né Eh e esse curso Então ele era ele foi chamado né Critical Race Theory workshop então Na verdade essa teoria esse movimento ele era o nome do curso né e acabou virando ali um movimento que se fortalece eh desse grupo de de estudantes que se une e
cria ali um ferramental eh uma preocupação de diferentes tipos né e de diferentes tipos porque é o que eu falei para vocês né um coletivo de pessoas não brancas não necessariamente todas negras né então Eh esse ele não necessariamente está ali se referindo ao aspecto eh de análise para pessoas negras né E isso vocês vão ver essa repercussão também mais para frente Como se dá né Então nesse sentido não surge eh não tem como a gente falar assim ai a teoria um manual para entender teoria crítica racial é uma doutrina única é um debate único
Não não é né Eh Existem várias formas existem vários posicionamentos existe eh e diferentes metodologias que são aceitas entre entre o grupo né tanto que quando vocês eh não sei se você se algum de vocês já conseguiu e eu não enfim os meus livros tão em São Paulo mas não sei se vocês já viram algum desses livros originais eles são na verdade Produções teóricas de vários autores né E então tem ali a professora Kimberly tem texto do derck Bell tem texto do professor quema Tomas enfim são diferentes autores ali que estão discutindo esses aspectos Mas
a partir do seu lugar eh de construção teórica né então eh não há um conhecimento único uma única forma unânime Entre esses pesquisadores né mas tem uma argumentação Central né uma fundamentação comum que é eh esse movimento que surge entre as pessoas não brancas né Essas pessoas de cor que se reúne para discutir dois interesses em comum que é Nossa e eu tô aqui eu esqueci de passar os slides desculpa gente eh mas enfim chegamos até no eu eu não fiz muitos slides porque é isso Eu me esqueço de passar e E aí eu vou
falando e me esqueço enfim e aí essas esse grupo então se une em torno desses dois interesses comuns que é eh entender o o regime de sustentação da supremacia Branca né E aí a consequência de uma subordinação de pessoas não brancas de pessoas de cor eh ali na história dos Estados Unidos e também um segundo interesse que é examinar como direito eh e os seus princípios de igualdade de neutralidade eh como isso tem ajudado a manter esse regime Esse regime social né de supremacia Branca a partir eh e esse interesse ele se consubstancia nessa nessa
compreensão nessa necessidade de alteração da relação entre o direito e o poder racial né E quando a gente então tá falando de um poder racial É no sentido de eh esse movimento não olha paraa categoria raça e racismo enquanto eh simplesmente fatores de identificação né Eh social ali quando a gente tá falando de supremacia Branca subordinação de grupos sociais a gente tá falando de relações de poder então a gente tá falando eh de uma proposta de um enfrentamento teórico né de um enfrentamento que se inicia teórico mas que ganha ali eh uma abordagem depois de
justiça social no sentido de de como colocar de como colocar isso em prática né esse enfrentamento dessa supremacia em prática então a gente tá falando de relações de poder né Eh e justamente em um país né e e e aí o foco da gente olhar pros Estados Unidos a importância de olhar pros Estados Unidos é justamente a partir desse lugar desse país né que se sustenta a partir de bases da diferença de uma cultura política econômica que foi escravagista durante muito tempo uma doutrina jurídica que encontra que encontrava lugar mas que ainda encontra eh lugar
no silêncio diante das desigualdades nesse nesse nessa instrumentalização do direito paraa expressão de uma supremacia Branca né então é esse esse aporte teórico ele vai ganhando lugar eh como como Um fundamento teórico mesmo como um um espaço de de enriquecimento da teoria crítica justamente porque ele busca esse esse suporte no contexto social né ou seja ele quer que o direito para que para que a gente possa analisar de fato o direito a gente precisa olhar pro contexto social a gente precisa entender contexto social então não tem como a gente pensar na formulação de uma teoria
eh de uma teoria crítica não tem como a gente eh pensar na aplicação do direito não tem como a gente estruturar o direito aplicar ao direito sem compreender essa contextualização social o histórico das relações ali que se fundamentam nessa sociedade e no caso dos Estados Unidos assim como no Brasil o histórico das relações sociais que se fundamentam aqui é a relação entre a raça né entre as raças e aí nesse caso entre raça e direito né Então essa argumentação central de que raça e racismo e não apenas classe que era o que fundamentava até então
os estudos críticos eh é é a argumentação Central deles né de que raça e racismo então ele eles funcionavam como Pilares desse poder hegemônico dentro da sociedade eh e e esses Pilares sustentam Então o que a gente tem eh no direito né E aí como a gente consegue entender essa teoria a partir eh de algumas de suas premissas a partir de alguns eh princípios e e questionamentos né aqui esses dois pontos que eu coloco são são centrais pra gente entender isso mas principalmente eh a compreensão da raça né E não como não como um fator
isolado mas como uma categoria de pensamento né Eh mas o que que é importante pra gente entender essa teoria crítica da raça né ela tem ali alguns princípios e e premissas né principalmente pra gente colocar eh o direito nesse lugar de cheque né nesse lugar de questionamento E por que isso bom o primeiro ponto aqui que a gente pode eh analisar é a preocupação da raça e da racialização como um problema social que é o que eu tava falando para vocês então colocar a raça o racismo essa racialização como um problema social como um contexto
né que vai variar a depender de cada processo ali de racialização de cada sociedade de cada formulação de estado enfim eh raça então o que que é a gente contextualizar é a gente entender raça enquanto uma construção social enquanto fruto do contexto do pensamento das relações eh das relações principalmente de interesse né então ali os teóricos do da da teoria crítica racial eles chamavam eles chamam a nossa at pras maneiras pelas quais aí as sociedades dominantes os estados eles vão racial os diferentes grupos minoritários em momentos diferentes né a depender da conjuntura política a depender
das relações geopolítica entre os Estados das relações econômicas então por exemplo se a gente olha eh e aí eu vou dar exemplos da da nossa realidade porque eu acho que facilita da gente entender eh o momento de chegada né de formulação da escravidão no Brasil os negros ali eram tidos continuaram né ao longo de todo o período sendo eh objetos de de compra e venda eh objetos animalizados objetos que não eh eram de eram sujeitos de direito mas a forma com que eh se olhava e se racialização com a raça desse grupo assim como dos
indígenas né ela foi ela foi se diferenciando então Eh com a chegada ali os negros eram mão uma mão de obra valorizada eh né então a questão do do corpo forte a questão da da figura de de desse sujeito enquanto Central paraa pra funcionalidade de um sistema econômico nesse momento a racialidade era tidda de uma forma com o passar do tempo né com o passar da necessidade do Estado eh de branquear né então vai vai passando aquele o o momento em que os negros não eram mais eh não era mais aquela força de trabalho tão
valorizada não era era preciso abolir o tráfico da escravidão então ali esse contexto ele vai se vai se alterando né então a figura do negro ela vai se diferenciando a necessidade de branquear a sociedade vai Trazendo com que negros indígenas passem a ser ali objetos descartáveis né a gente precisa ali da da valorização da imigração então a figura da imigração eh dos brancos europeus ela passa a ser valorizada Mas a partir de um momento em que a política de eh de controle também dess dessa imigração que ali vinha chegando principalmente eh em não não me
lembro exatamente o período perdão mas o momento em que por exemplo era preciso fazer um controle da entrada de japoneses né Tem um um período em que que o estado brasileiro considerou a necessidade de controle da entrada de japoneses e de de né da de negros continuou sempre mas chegou o momento em que era preciso fazer o controle da entrada de japoneses essa figura de racialização passou ali a ser desvalorizada passou a ter um outro lugar paraa sociedade brasileira enfim pro estado brasileiro né então Eh É nesse sentido que eles chamam a atenção para esse
processo de racialização variar de de estado para estado de momento social para cada momento social a cada contexto de interesse dos grupos dominantes ou não né Eh bom o segundo ponto é que o racismo Eh esses teóricos Ele eles observam que na sociedade estadunidense o racismo ele se torna um elemento comum né algo naturalizado na vida dos est dos estadunidenses algo que é cotidiano que é comum eh que é algo que determina acesso a direitos acesso a a terr Então essa questão de início o negro ser propriedade e depois ele virá eh o sujeito a
ser determinado ter ou não acesso a direitos né a ser ter ou não acesso a propriedades enfim eh Então nesse sentido eh a raça ela vai ali garantindo privilégios paraa branquitude na distribuição de poder institucional na distribuição de direitos na distribuição de acesso à propriedade e vai se tornando algo naturalizado do negro não ter acesso né do negro eh enquanto o negro e as pessoas né não brancas estarem nesse lugar de marginalização então o racismo ele é naturalizado na sociedade e por isso ele se torna a regra e não a exceção né Eh nesse sentido
eles colocam o quanto eh o racismo ele se torna um elemento de poder essencial para ser analisado no lugar de entender o direito né porque o o o direito ele passa a ser Esse instrumento de de poder social né Esse instrumento de falar você tem ou não acesso à educação você tem ou não acesso a essa propriedade Você é ou não uma propriedade você eh tem ou não acesso a determinados privilégios né nesse sentido o direito ele precisa ser analisado a partir desse lugar da raça né eh e aí o professor derck Bell ele ele
ele tem esse esse argumento construído a partir da ideia de convergência de interesses né Eh que é o que que é o fundamento por exemplo dos estudos da branquitude né quando a gente fala de pacto da branquitude enfim que é essa essa essa construção unânime que não que não é feita de uma forma direta mas que ali é uma construção para manutenção de privilégios para manutenção de interesses né Eh então quando a o exemplo deles é eh a gente promove a inclusão se a gente quiser no momento que for interessante pra gente ou não então
a inclusão eh por exemplo na questão do mercado de trabalho né a inclusão dos negros ali a determinados eh grupos e espaços de trabalho ela foi admitida porque era interessante para melhoria financeira ali do país para eh transformação de outros lugares né transformação eh da economia local mas não necessariamente Isso mudou né a a inclusão ali promoveu alterações na estrutura social né na estrutura de de supremacia branca de privilégios da branquitude né ã a terceira eh a terceira chave de análise né de Entre esses princípios e premissas é de que a teoria eh a teoria
crítica de cada raça ela desafia Justamente a existência da neutralidade né o direito ali que é sempre dito enquanto neutro enquanto objetivo né Eh o princípio ali norte-americano da da color blindness né dessa dessa cegueira de cor dessa cegueira o daltonismo Existem várias traduções mas eh essa indiferença né de que de que o judiciário ali não veria cor para para seu julgamento então eh a teoria crítica da raça ela justamente coloca em cheque essa proposta de neutralidade objetividade cegueira da cor color blindness enfim e a meritocracia da branquitude né que são ali fundamentais paraa manutenção
eh desse direito Liberal dessa proposta eh liberal de igualdade formal igualdade de de oportunidades mas que isso na prática não se sustenta de maneira alguma né E com isso Eh esses teóricos eles apontam o racismo como um sistema que vem se operando que vem se mantendo eh ao longo dos anos nos sistemas né E perpetuando ali as hierarquias raciais eh e a proposta Central deles é o rompimento principalmente com eh com a doutrina da neutralidade do direito e da color blindness né porque eh principalmente ali naquele momento em que que que as decisões eh que
as decisões da suprema corte que as decisões do Judiciário estadunidense eh elas se valiam justamente por esse princípio dessa color blindness para falar não a gente não eh a gente não não não promove né não produz decisões discriminatórias porque aqui a gente tá falando por exemplo eh e ali decisões envolvendo o mercado de trabalho eh a gente não tá tá tá tá excluindo mulheres negras do mercado de trabalho por quê essa essa fábrica por exemplo admite mulheres né em cargos que eram admitidas mulheres eh e não tá excluindo negros porque os negros também estão trabalhando
cargos que se admitia eh pessoas negras então eles sempre ali eh se escondiam atrás dessa ideia de de neutralidade de que não estavam promovendo eh discriminações com suas decisões e esse eh e esses apontamentos era a maior chave ali de de de luta dos teóricos da teoria crítica racial Então esse caso assim que eu trouxe rapidamente para vocês eh por exemplo é um caso que a professora Kimberly crensa né que é a teórica que nomeia eh a interseccionalidade ela é uma das uma da falei isso para vocês né No começo que é ela quem quem
ali organiza o workshop da teoria crítica da raça eh e ela ali e ela é do direito ela é advogada e era um momento também que tá tendo esse todo todo essa construção da Critical Race Theory mas também é ela ali atuando no enquanto advogada e enfrentando muitos casos principalmente do mercado de trabalho né E esse eh casos em que ela coloca como emblemáticos para para pra Construção ali da nomeação né de interseccionalidade é o caso da da Anita Rio e o caso da da General Motors que demitia mulheres negras e que não admitia né
que o fato de dessa construção interseccional eh ela ser principalmente racializada né e e a justificativa do Judiciário foi justamente essa de que atender mulheres negras eles estariam eh deixando de ser neutros né eles estariam olhando eh dando um super remédio para as mulheres negras uma super atenção justamente porque eles são neutros né eles não se colocam nesse lugar de dar um benefício para uma eh para uma categoria que na verdade estava sendo atendida né a General Motors contratava mulheres e contratava pessoas negras né Eh Só que nesse sentido eles super reforçavam o aspecto racial
né eles eram super racistas e não reconheciam essa questão eh enfim e aí o questionamento é justamente diante desse aspecto de neutralidade universalidade enfim eh e por fim o o quarto ponto né Eh é que o esse movimento né a teoria crítica racial ela se Ata o o conhecimento construído a partir das experiências das pessoas negras e de suas comunidades como conhecimento válido né então eh não sei se vocês já ouviram falar Eh sobre o storytelling mas é eh né Essa nomenclatura que que eles dão para essa questão das experiências paraa valorização das experiências e
muito no lugar eh de valorização desse conhecimento que ele é produzido para além da academia né Eh principalmente para essa valorização de análises eh de pessoas negras e e de seus embricamento então para esse lugar que o professor derck Bell gostaria de ocupar ali naquela Universidade né trazendo para Harvard uma professora uma mulher negra com esse propósito né de valorização de experiências racializadas na na construção no diálogo no enfrentamento do direito e mas muito também eh o storytelling ele vem para demonstrar o quanto que que o direito e os juristas eles não são neutros Eles
não tão nesse lugar eh de de afastamento né que o direito tanto prega de neutralidade de não vercor porque na verdade eh essas narrativas né uma decisão quando é dita por um juiz quando uma manifestação é feita por um promotor quando uma manifestação é feita por um defensor eles na verdade eles estão também sendo políticos né eles também estão fazendo manifestações que são ideológicas manifestações que são eh marcadas pelo lugar social dessas pessoas né marcadas eh por essa cegueira de cor ou não são marcadas eh pela forma de ensinamento com que essas pessoas foram ensinadas
com relação ao direito com que essas pessoas foram ensinadas com relação a os diferentes lugares sociais ali que existem naquela sociedade então não tem tem como eh o direito se se apartar dessas narrativas tanto por essa perspectiva de que qualquer discurso ali dito ele é político por ele ter esse lugar mas também não tem como ele se apartar dessas narrativas considerando narrativas que vem de fora da academia né narrativas que vem para para construir o direito de outra forma para transformar o direito para transformar e disputar essas narrativas que são oficiais com relação ao direito
né Eh Bom eu acho que essa assim são as principais eh premissas da teoria crítica racial e e são pontos Chaves que que eu acho que nos ajudam a entender eh tanto a teoria né Eu acho que a sua construção ali teórica do seu do seu aspecto Central quanto também das diferentes eh subdivisões que elas foram sendo formadas ao longo dos anos né então Eh o que a gente tem percebido o que os estudos T TM né apontado e demonstrado e e a importância tipo da gente tá nesse lugar de uma teoria crítica é sempre
esse lugar eh de de não exclusividade então por exemplo de não exclusividade de um estudo da teoria crítica racial a partir do lugar da raça né Eh essa é uma construção que ela é muito aberta né ela Abarca diferentes agendas de pesquisa então por exemplo coloquei esses três eh essas três agendas aqui mas existem muitas outras né E essa proposta crítica ela é Ela é instigada justamente eh por esse lugar de efervescência né Por esse lugar constante de disputa do direito né então a gente tem os estudos eh os estudos críticos queer né que tem
tem se dedicado aos estudos de gênero e de de sexualidade a forma com que o direito vem subalternizado esses corpos A gente tem eh os estudos críticos latinos que se direcionam por exemplo eh paraa discussão de imigração de origem Nacional eh de discriminação por sotaque por lugar de onde vem o território enfim eh as disputas de direito indígenas eh no caso do Brasil os direitos quilombolas também eh nessa questão de discussão eh de identidade de território eh de demarcação de terra de demarcação de direitos enfim é toda uma construção que ela é muito Ampla né
que ela que ela admite esse lugar sempre eh colocando eh essa lente do do incômodo essa lente do da subalternização essa lente eh de enfrentamento do lugar da da suprema ma Branca né então por isso que eu acho que ela é uma lente que ela ela vem eh se subdividindo né porque é sempre esse lugar de enfrentamento pro pro que é hegemônico né para aquilo que que é o comum que é a naturalização do racismo que é a naturalização da homofobia que é a naturalização eh do massacre pros povos indígenas enfim eh e o que
eu queria também abordar com você vocês é que eh não pra gente olhar enquanto enquanto uma subdivisão ou como né eu iniciei a minha fala provocando mas como algo sendo a gente traduzindo a teoria crítica né esse movimento pro Brasil mas o que muitos muitos enfim muitos acadêmicos muitas pessoas do do direito principalmente né T apontado é a construção de de um campo aqui no Brasil né um campo que também não se resume eh a área do direito né mas enfim Abarca também outras frentes mas o que a gente tem olhado pela pela nossa perspectiva
né É principalmente os estudos do direito e a E aí eh obras assim que são fundamentais pra gente retomar e pra gente entender como são dois movimentos que camin muito juntos e eu acho que muito eh em função da nossa história eh dos diálogos transatlânticos das das formulações eh não necessariamente né Essas duas professoras mas outras gerações principalmente hoje que que que esses diálogos são muito mais comuns né mas que tem essas trocas essas trocas de experiência transnacionais transatlânticas enfim é todo um conhecimento que vem se formando né E aqui no Brasil a gente tem
eh esse histórico ali inaugural com Dora Lúcia bertulio e a eonice Prudente Como sendo duas obras que são contemporâneas ao movimento né da teoria crítica racial eh e aqui eu coloquei para vocês eh os dois né as duas dissertações né A Professora Eunice eh na USP a professora Dora no mas são duas mulheres ali negras discutindo também Eh promovendo esses estudos que colocam também o debate racial na centralidade e nessa busca de compreensão do por o direito ele se consubstancia enquanto um instrumento uma ferramenta que que cria que racionaliza que que muitas vezes empodera o
racismo né Eh e aqui então a dissertação da professora eice preconceito racial e igualdade jurídica no Brasil que é de 1980 e da professora Dora eh direito e Relações raciais uma introdução crítica ao racismo da professora Dora ela publicou um livro que enfim não sei se dá para vocês verem mas é são dois textos muito importantes mas o da professora eh Dora ele traz um convite pra gente muito eh muito forte muito intenso as duas obras elas fazem eh e aí eu separei aqui para vocês né essas três essas três premissas princípios que se aproximam
muito eh do que a teoria crítica racial também aponta né Eh então esse papel central de conceito de raça e racismo paraa compreensão do direito na sociedade brasileira eh elas apontam a necessidade de análises históricas contextualizadas sobre raça e racismo pra gente melhor compreender as práticas sociais e das instituições atuais né que é a mesma coisa ali que o movimento eh da teoria crítica racial tava falando não tem como a gente olhar para uma instituição hoje em dia não tem como a gente olhar pra Constituição de 88 sem a gente entender toda a movimentação que
tava acontecendo ind ali pra Constituição de 1824 né Eh por tem todo um contexto histórico tem todo um contexto eh de percepção da racialidade ali naquele momento e sobre como o estado sobre como o direito eh se consubstanciou a partir né Essa formulação dos silêncios dos juristas essa formulação sobre neutralidade sobre eh essas ideias liberais ali a eh de igualdade Enfim tudo isso vai se materializando ao longo do tempo e tudo isso tem um desfecho na Constituição de 88 nas leis atuais e tudo isso eh tá conectado com as práticas institucionais contemporâneas né então elas
essas professoras também convocam a gente a fazer esse essas análises do direito a partir dessas contextualizações né e elas também eh valorizam esse conhecimento produzido fora da acade né pro questionamento dessa neutralidade do direito do campo jurídico desafiando essa essa ideologia né Eh essa ideologia de de de neutralidade e principalmente esse questionamento ele vem eh do lugar de enfrentamento da democracia racial brasileira né Eh demonstrar como o direito brasileiro Ele se fez a partir dessa ideia de democracia dessa ideia eh de da bestialidade do da da população negra da necessidade de controle da população negra
enfim é todo essa esse aparato eh de controle racial por meio das leis por meio do direito tudo isso as professoras já vem apontando né e e o texto da professora Dora a gente destaca porque ela faz esse esse chamamento né ela ela apresenta múltiplas agendas de pesquisa ela apresenta múltiplas Chaves que a gente pode ali eh se utilizar para eh investigação do direito né para mobilização não só eh do direito criminal mas diferentes eh das diferentes áreas do direito então olhar pro Direito Administrativo olhar pro direito tributário trabalhista eh constitucional que é o movimento
que é que né que tem ganhado maior força eh ultimamente e mas enfim eh é é um chamamento para uma agenda de pesquisa que precisa ser constante né que precisa ser constantemente ali eh disputada e reinventada no sentido de fortalecimento desse Campo teórico né que vem que vem se formando que vem eh passando por diferentes gerações né então da da geração da professora Dora a gente vê a geração da professora Tula Pires eh da professora Isis Ana flausina que tem muito da influência da teoria crítica racial porque são professoras que estudaram diretamente eh no curso
da teoria crítica racial com a professora Kimberly eh mas outras gerações também né atuais a professora Aline Andrade que também tem a influência da teoria crítica racial eh professor Marco Marcos Queiroz que vem também dessa dessa nova geração eh que tem lançado o livro justamente né e eu eu dei esse exemplo da questão da Constituição de 23 24 porque é o livro que ele tem tem lançado né Eh tem feito esse movimento eh de lançar e ir nas universidades e nos Espaços das faculdades de direito inclusive incentivo vocês também a a propor esse bate-papo entre
vocês que é esse livro aqui as assombros da Casa Grande em que ele traz justamente né Essa necessidade da gente gente olhar para trás fazer essa retomada desse dessa contextualização essa retomada dos espaços de direito eh pra gente entender como tudo foi foi sendo formalizado foi sendo eh embasado no direito a partir dessa lógica de racialização de de invisibilização das demandas raciais de invisibilização de projetos constitucionais da população negra eh e tudo isso tem uma expressão até até os dias de hoje né Eh e é esse movimento que a teoria crítica da raça faz até
hoje né Eh nos Estados Unidos também né então é É nesse sentido que a gente fala que é um movimento que caminha lado a lado eh é um movimento que nos Estados Unidos tem sido muito eh tem sido muito questionado tem sido muito enfrentado pelas frentes de direita né Por discursos de que não querem que esse lugar de questionamento que esse lugar eh de construção teórica continue nas universidades eh então também é interessante a gente acompanhar por conta disso mas é um lugar que ele é de enfrentamento e que ele precisa ser alimentado constantemente e
enfim eu acho que que que é esse lugar né de espaço de diálogo de diálogo que a gente eh tem se proposto também a fazer aqui no Brasil e e é isso coloquei aqui para vocês essa essa questão da Disc das discussões atuais hã E aí é isso agradeço muito a atenção de vocês e fico aberta para as perguntas e pro debate muito obrigada Ainara foi sensacional a sua aula eh esperamos alguns meses por ela então Eh foi muito muito muito legal ouvi eh é muito potente né as as possibilidades que são trazidas pela teoria
crítica da raça pra gente pensar questões atuais né do Brasil hoje e mas enfim não vou não vou me alongar aqui falando quero passar a palavra paraa Radija que vai fazer aqui uma um um papel de estabelecer um debate uma conversa com você e né e acho que tá passando aqui escrito nas letrinhas Não tenho certeza mas tá aberto também pelo chat tá quem quiser se manifestar mandar alguma pergunta a gente tá aqui acompanhando o que enfim o que vocês vão escrevendo aí no chat acho que também dá para parar de compartilhar a tela né
paraa gente conseguir se ver um pouquinho melhor boa noite a todas eu sou a Radija Eu Sou aluna do quarto tema do curso de Direito Sou aluna da professora Ana eh eu sou uma mulher negra de de pele clara 20 anos cabelo cacheado preto preso num coque estou usando brincos óculos de grau de cor verde e um vestido sem mangas azul e no meu fundo uma parede branca e o meu guarda-roupa eh bom primeiro eu queria agradecer a fala da Inara muito importante uma aula realmente muito enriquecedora Aprendi muita coisa muito obrigada pela sua presença
aqui hoje eh e primeiro eu gostaria de fazer um comentário eh Com base no no estudo da Ana flausina e que ela expõe né como o genocídio negro no Brasil é uma é um projeto é uma questão institucionalizada né Essas práticas desumanizadoras de eh negação de acesso a direitos pra população negra e essa violência sistemática elas elas não são uma questão meramente de classe social ou e elas são uma questão de raça né uma questão presente no racismo E aí eu queria trazer também uma questão que a Bell Hook trata que é que a teoria
quando ela tá e ligada a uma experiência e ela é um processo de autorre recuperação né É uma questão assim e que você não consegue desvincular a prática da teoria quando você trata eh sobre isso né e a teoria da crítica da raça Ela traz isso né experiências de uma de uma população eh oprimida e e aí eu queria falar né sobre essa abordagem de historying que é utilizado na teoria crítica da raça eu queria comentar como que isso é importante né para trazer à tona realmente essa essas contradições né do sistema e como como
a Ana flausina fala né como essas questões elas são realmente um projeto não são questões eh São é uma questão institucionalizada Então você trazer que o pessoal é político você dá uma abertura né para desmistificar a ideia de que essas práticas eh elas elas estão aí porque enfim porque existem não porque elas são questões eh da nossa sociedade né problemas sociais eh e uma outra questão que eu queria trazer eh dessa vez é uma pergunta ã que nesse no na teoria crítica da raça né que surge como esse essa contra essa oposição ao pensamento hegemônico
né de se pensar de de pautar a a crítica ao direito E como eles isso foi pautado principalmente pela descrença né do de boa parte do da dos críticos do direito né da do uso do discurso dos direitos para para poder avançar né uso do discurso dos direitos por movimentos sociais para avançar suas pautas e eu queria saber qual é a sua perspectiva com relação ao uso do discurso dos direitos eh por movimentos sociais né pelo pelo movimento negro para eh realmente promover a pauta antirracista e o nível estrutural e desmistificar essas questões de de
naturalização do do genocídio negro no Brasil e é isso muito obrigada começa a chegar perguntas no chat mas acho que a a Rad já já trouxe questões suficientemente complexas né Inara Então acho que a gente pode começar pela por um diálogo aí com a Radija depois a gente abre né pra pergunta da Miss que tá chegando e eventualmente outras Mas se você quiser se você tiver outra sugestão você fala mas acho que a gente pode fazer por blocos pode ser eh Bom eu acho que radij isso que você traz né E quando você cita eh
Ana fuzina Bel Hook enfim e e e faz essa construção a partir também do storytelling né que eu acho que que essa produção dessas mulheres estando na academia né É É um storytelling né é uma produção é uma disputa do direito a partir desse lugar social né e e como e aí você me coloca né como eu vejo o o uso do discurso do discurso do direito para promover essa esse enfrentamento ao racismo né Eh isso é algo que que eu venho encampando né Eu acho que desde o mestrado quando eu estudo por exemplo as
ouvidorias externas das defensorias públicas porque é justamente um espaço de Participação Popular né de participação da sociedade civil numa instituição do sistema de Justiça justamente para falar eh não só pra Defensoria Pública mais pro ministério público pro Judiciário é um alerta de falar olha a gente tá aqui a gente tá usando esse espaço eh que é de controle que é de controle institucional é mas é também um espaço de manifestação da sociedade civil paraa promoção de direitos pra promoção de justiça social então Eh né a gente vê por exemplo E aí eu estudei a ouvidoria
externa da Bahia né porque foi uma Ouvidor ali construída eh construída e gerida integralmente né por mulheres negras gerida porque foram mulheres negras Ouvidor né E nesse lugar essas mulheres conseguiram promover diferentes políticas públicas né para eh pra promoção de justiça social pra promoção de Justiça racial para trazer o direito pro seu papel de Fato né de garantia de direitos paraa população Então nesse sentido Por exemplo eh foi a ouvidoria externa da da Defensoria Pública da Bahia que instaurou a política de cotas raciais na Defensoria Pública da Bahia quando essas mulheres conseguem quando a sociedade
civil consegue instaurar uma política de cotas num num numa instituição do sistema de Justiça elas estão ali promovendo acesso a direito à educação acesso a que a para que a população negra ocupe espaços eh ditos de poder ocupe espaços eh de promoção de direitos ocupe espaços eh de de instrumentalização do direito para que eh a sociedade continue ali sendo ouvida para que a sociedade continue ali tendo acesso a direitos né para que a sociedade eh Observe de fato um uma promoção de acesso à justiça né Então nesse sentido eu acho que que a gente precisa
sim disputar o direito e aí essa disputa eh é não só nas instituições né os movimentos sociais disputando As instituições eu acho que é uma disputa também nossa na academia então quando a gente produz eh outras formas de fazer pesquisa quando a gente produz outros lugares quando a gente questiona o que o direito até então apresentava como Universal que o direito até então apresentava como neutro como natural e a gente fala Não isso não é natural não eh o o feminicídio atinge majoritariamente mulheres negras mulheres trans a gente precisa socorrer promover justiça para determinada sociedade
não é o direito ali apartado que tá observando essa caixinha em isolado são essas disputas sociais são essas interferências externas ao direito que promovem esses olhares né que promovem eh essas outras formas de de de legislar porque a gente pensa que não mas o judiciário também legisla o judiciário quando ele tá ali dando uma decisão ele também tá promovendo política pública então eh eu acho que esses espaços de questionamento esses espaços em que a gente consegue ali interferir no judiciário a gente consegue fazer com que eh o direito olhe pro racismo religioso de uma outra
forma para que o direito Olhe paraa violência contra a mulher de uma outra forma para que o direito Olhe eh paraa violência eh contra pessoas lgbtq a mais de uma outra forma essas disputas institucionais elas vêm da sociedade essas narrativas são extremamente eh importantes para que o direito ele de Fato né para que esse guarda-chuva do acesso à justiça ele de fato ele ganha uma unificação que seja eh que promova a justiça social né ele consiga de fato abarcar que seja eh um guarda-chuva que consiga abarcar a sociedade de uma forma Ampla né não de
uma forma restrita ali mantendo interesses únicos e exclusivos de um determinado grupo social não sei se se eu respondi tudo que tudo que você tudo que tudo que você perguntou mas é isso porque quando você coloca né que B hooks fala que não tem Como desvincular teoria eh da prática porque é isso a teoria do direito ela foi feita completamente isolada da prática não sei vocês já tiveram Direito Romano tipo a gente passa eu pelo menos eu tive dois semestres de Direito Romano mas eu não tive um um semestre para estudar o contexto social do
Brasil eu não tive um semestre para discutir como eh todo esse processo de escravização resultou na promulgação de leis constituições Código Penal código eu nunca discuti isso na faculdade eu discuti isso na extensão eu discuti isso com grupos sociais eu discuti isso fora dos muros que é o que a gente brincava dos portões Dourados da fdrp foi ali que eu acessei o que que é direito não foi dentro da da da Universidade eh e por isso que é o que eu falo que eu falei né para vocês sobre a importância tanto do movimento da teoria
crítica racial lá como aqui né em outros países né porque é um movimento que ele é transnacional mas é esse enfrentamento de como o direito é posto como direito é dito porque a gente aprende eh des desde o primeiro ano né quando a gente começa ali a estudar constitucional Quais são as constituições Quais são as revoluções que a gente estuda para falar sobre as origens do constitucionalismo brasileiro Revolução Francesa Revolução Americana e Revolução Francesa Americana e a outra que eu esqueci mas a gente não passa pela Revolução haitiana Por exemplo pela revolução E aí é
um pouco isso que o um pouco não é o que o Marcos eh a produção do do Marcos aqui no assombro da casa grande ele trata disso né Como as bases constitucionais brasileiras elas são feitas de uma forma a isolar um histórico é uma característica que era uma característica do Brasil que chegou no Brasil e que o medo né e por isso assombro da casa grande o medo ali dessas pessoas dessa Elite jurídica dessa Elite que governava o país era que o movimento que acontecia no Haiti também acontecesse aqui no Brasil que os negros se
revelassem da mesma forma que estavam revelando então por isso as contenções tão violentas dos movimentos que estavam acontecendo aqui no Brasil naquele mesmo momento para que não tivesse Essas manifestações né então esse lugar do Silêncio esse lugar da contenção ele existe no direito há muito tempo só que a gente não estuda isso a gente ignora uma revolução que foi extremamente importante pro Brasil mas a gente segue estudando e ele mostra isso também no no livro todos os manuais ele Analisa os manuais eh de Direito Constitucional e todos passam pela importância dessas três revoluções mas nenhuma
cita revolução aitiana então é essa forma que a gente eh se não tem esse lugar né E aí ele também inicia eh o livro se colocando enquanto um uma pessoa que que é fruto né das ações afirmativas né e e e é a a Nossa importância ali na nas universidades né Eh sendo de ações afirmativas ou não eu quando chego na USP na ainda não tinha ações afirmativas né mas esse lugar de assombrar a casag grande foi muito importante para que eu tivesse ali para falar para minimamente Em algum momento questionar o professor de direito
penal Mas por que que isso tá acontecendo por que que tá acontecendo casos de racismo com alunos nossos aqui dentro com policial aqui dentro e a gente não tá discutindo isso na sala de aula por quê é É nesse sentido né então trazer eh paraa dissertação e na tese eu quero fazer a mesma coisa de trazer entrevistas com pessoas dos movimentos sociais e e eu gosto muito da minha dissertação porque eu não é e não é nem assim eh falar assim nossa é usado eu eu acho que é um movimento que é necessário e que
todo mundo deveria trazer fazer que a minha proposta teórica ali e metodológica foi colocar a minha entrevistada que era Vilma Reis na época como um Marco teórico porque não era ali o que eh os textos acadêmicos estavam falando sobre uma ouvidoria externa é o que uma mulher que construiu uma ouvidoria externa Antes durante e depois ela passou por tudo isso então não tem como pegar qualquer outra teoria que não ela mesma ela era uma teoria para mim e isso pro direito é extremamente importante é extremamente eh violador no sentido de enfrentamento do que é tido
como natural do que é tido né como natural de uma mulher negra não ser o lugar de produção de conhecimento é natural por eh nem para uma pessoa negra estar na Universidade né natural eh não haver esse lugar de construção e a minha dissertação eu fiz totalmente contrário a tudo isso né é um enfrentamento desde uma forma que se fale Ah é assim que tem que ser a produção eh eh metodológica né as entrevistas têm que ir para o fundo do trabalho a entrevista só pode trazer trechos não porque eu não tô objetificando essa pessoa
né chega do direito objetificar as pessoas negras o direito precisa ouvir essas outras narrativas para entender a sociedade para contextualizar eu tô falando de um órgão dentro de uma instituição do sistema de Justiça Então eu preciso ouvir uma pessoa que construiu esse órgão né eu preciso valorar essa narrativa então enfim me estendi demais Obrigada Inara você já tinha falado um pouquinho sobre a sua dissertação né no encontro que a gente fez como evento de de greve ficou bem Marcante essa sua enfim essa sua proposta metodológica Parabéns pela ousadia eh eu vou ler aqui as perguntas
da da mispá mas antes eu gostaria de dizer que não não temos nenhum semestre de direito rano tá Nem dois Nem um nem zero não temos direito romano eh no direito Unifesp então eu não poderia passar sem essa pequena propaganda da casa a gente tem fe um esforço justamente em construir um curso que eh traga as pautas sociais atuais candentes um pouco mais para dentro da também da sala de aula né Para Além dos espaços de extensão Eh claro que a gente tem inúmeros desafios e pela frente muitos limites na nossa proposta mas a gente
tá tem a gente tá partindo do de saída aí de um contexto em que pelo menos a a a Matriz tá desenhada sem sem contar com essas disciplinas né totalmente apartadas né do do do sentido mais atual ali do direito então só uma pequena a autopropaganda Radija eu vou ler as questões aqui da Miss Spa se você tiver também outras contribuições para fazer depois a gente pode abrir de novo a mispa trouxe fez alguns eh algumas intervenções aqui no chat e acho que ela tá querendo né estabelecer um diálogo aí mais direto com essa fala
da enara eh queria perguntar a teoria crítica é forte nos Estados Unidos mas vejo que no Brasil pelo mito da democracia racial esse debate não chegou nem na academia e muito menos do Judiciário Você acredita que poderíamos pautar essa essa discussão o litígio e as ações coletivas são um caminho ou Outro ponto a neutralidade igualdade e universalidade são pautas centrais na teoria geral do direito como transformar Ou pelo menos pautar a teoria crítica dentro da teoria geral acho que é a essa esbarra bem né no num na insatisfação com o com os limites ali da
teoria crítica eh Critical legal studies né que foi Da onde surgiu essa controvérsia Inicial aí que enfim entre outras questões incentivou surgimento desse movimento Ana eu vou pedir só para você repetir a primeira pergunta por favor tá é uma pergunta eh que ela tá fazendo um contraste né entre o mito da democracia racial aqui no Brasil eh e uma presença mais forte né em contraposição a esse mito da teoria crítica da raça fortemente dentro dos Estados Unidos então Eh A partir dessa contraposição A mpav tá dizendo o debate da e a crítica da raça nem
chegou na academia nem no judiciário aqui no Brasil então uma afirmação que ela faz como você acredita que poderíamos pautar essa discussão o litígio e as ações coletivas são um caminho eu acho que as duas perguntas eh uma na verdade é como pautar dentro da academia né da da teoria a partir da teoria da a teoria crítica da raça a partir da teoria geral e a outra no meio que no âmbito externo né do de enfrentamento judiciário Eu acho que eu vejo assim que que a gente tem um avanço muito grande principalmente Sei lá eu
acho que do momento em que eh eu comecei a a pesquisar sobre até até hoje por exemplo né então eu comecei a pesquisar a teoria crítica da raça eu acho que foi 2014 eu acho que eu já tava no Eu acho que eu tava no terceiro ano da graduação Então acho que foi 2014 eh é eu acho que foi mais ou menos 2014 13 14 enfim eu acho que é assim eu acho que de fato não é algo que que é super conhecido mas eu não acho que que não chegou nas universidades Eu acho que
o que acontece e E aí como como a professora Ana colocou eu acho que a Unifesp e devem existir outras né Eu acho que que a chegada também de de uma nova geração no corpo docente das Universidades tem promovido uma mudança muito grande da forma com que a gente aprende e ensina o direito né Eh mas essa não é a realidade da maioria do Brasil né as escolas do direito majoritariamente vão seguir os grandes doutrinadores para ensinar teoria geral do direito para ensinar eh teoria constitucional teoria do direito civil teoria do direito penal enfim eu
e e é o que eu falei para vocês Para Além do Direito Romano em nenhum dos livros que eu li nenhum dos manuais que eu li de direito eu li qualquer menção a debate racial qualquer eh problema qualquer mínima ente que fosse um estudo de caso nunca li nada sobre mas eh aí e eu eu retomo acho que um pouco do que a Rad já estava falando a importância dos coletivos dos movimentos sociais nesses espaços de interlocução nesses espaços de enfrentamento que foi a partir eh de encontros sociais de outros lugares de outras conversas com
outros coletivos que eu conhecia a teoria crítica racial porque quando a gente eh inicialmente ali todas as pesquisas que eu tinha que eu estava fazendo no âmbito do direito eh ali já conhecendo um pouquinho da Tula de outros nomes mas muito pouco eh e muito centrado em pequenas Produções no âmbito do direito né então majoritariamente a gente começa a fazer essas análises Isso foi uma coisa que a professora is ção me falou muito que aí depois eu tive contato com ela eh é uma geração e a professora Dora coloca isso a eh Professora Eunice também
as Produções do direito elas vinham muito das Ciências Sociais do que antropologia tava produzindo a sociologia eh outras eh outras áreas do conhecimento que não o direito e eu acho que isso vem ganhando uma outra roupagem nos últimos tempos eu acho que que que é esse impulsionamento externo né então por exemplo aqui na na PUC a gente tem um curso de direito e Relações raciais em que uma das um dos Tópicos é a teoria crítica racial eh eu sei que o pessoal da UnB tem também e agora eles tornaram como uma disciplina obrigatória a gente
é optativa deles já tornou uma disciplina obrigatória direito e Relações raciais acho que o pessoal da úp de Ribeirão conseguiu algo parecido também eh enfim são formas que a gente tem de para para além do que eu falei né de de novos de novos corpos que vão chegando ali ocupando a docência para além do nosso enfrentamento enquanto descentes né então para além do nosso lugar de na sala de aula questionar né então professor professora para além da Revolução Francesa A gente não podia falar um pouquinho da revolução haitiana eu acho que é importante né a
gente trazer trazer sugestões não sei como né as aulas se constroem aí mas se tem esse espaço de diálogo e e eu acho que da gente colocar porque eu tenho visto isso né e e das pessoas também circular né então quando a gente circula em espaços acadêmicos de Congresso eh a gente lê muita pesquisa lê muita coisa das pessoas conhecendo um pouco essa teoria e colocando esse lugar do enfrentamento né então eu acho que que é isso eu acho que não é uma teoria dominante como é nos Estados Unidos não se tem uma cadeira sobre
lá eles têm um mestrado específico né Eh desse tema porque é isso né é uma construção que vem da década de 80 a nossa construção com Eunice e Dora também é mas é num momento ali que que é completamente enfraquecido eu acho que essa discussão inexistente no direito mas que esse cenário ela vem mudando vem mudando eu acho que que de uma forma até gritante eu posso dizer sabe eh e eu acho que quando a gente que a gente consegue perceber mais isso estando em congressos do que na nossa sala de aula né no nosso
espaço eh porque é isso no nosso espaço cotidiano é é o espaço do silêncio é o espaço do apagamento é o espaço em que os nossos corpos ali eh Eles são de enfrentamento mas eles precisam ser também questionadores né então eu digo isso no sentido de não basta a gente tá ali só só escutando né e eu penso muito nisso por exemplo o quanto que que o direito começou a fazer sentido para mim justamente quando eu fui pra extensão porque por muito tempo eu só fiquei na sala de aula só escutando Só escutando e era
algo que para mim não não tava fazendo sentido e eu não sabia que o não fazer sentido talvez fosse o não questionamento o não questionamento do meu não lugar ali naquele espaço não questiono eh dessa forma de reprodução do direito né e e e aí eu acho que é isso eu acho que que é uma teoria que obviamente é muito forte nos Estados Unidos porque eles construíram isso dentro das Universidades de uma outra forma com que a gente tem construído eu acho que esse movimento Tem se tornado mais forte aqui no Brasil de uma forma
bem recente mesmo eh de uma forma eu eu é Considero que recente porque é isso é que eu falei para vocês tipo 10 anos né que eu falei 2014 para cá para cá então eu por exemplo tive que S esses textos da teoria crítica racial tudo em inglês não tinha nada traduzido hoje não né Quantos livros da livros textos todos os textos praticamente da professora Kimberly tão traduzidos eh os textos de de discussão da da tem um livro sobre teoria crítica da raça não é eh esse livro que eu falei para vocês são dois calhamaços
gigantescos com vários textos ali produzidos da época mas eu acho que alguns desses textos são tão estão traduzidos eh existe podcast sobre Outro dia eu tava procurando no Spotify alguma coisa para ouvir tem podcast sobre o professor kendal Thomas eh tem um podcast que eu acho que é resultante de uma disciplina dele de uma interação o rim éem inglês enfim mas é um pouco fruto da interação dos alunos dele com o campo eh né indo pra sociedade civil levando essa discussão pra sociedade eh enfim documentários no YouTube tipo coisas que na minha época não não
tinha nada disso nada nada nada nada então eu agora eu vejo assim eh que o conhecimento tá chegando também porque ele tá tá vindo de muitas de muitos lados né não é mais aquela coisa específica de uma pessoa ou outra que sabe uma pessoa ou outra que foi paraos Estados Unidos quando eu fui com né a professora Isis eu eu a conheci porque o meu orientador da época estudou com ela na Unesp E aí ele ele me apresentou ela me orientou eh me ajudou bastante e ela mesma falava da da dificuldades que foi da época
dela apontava muitos caminhos para minha época que eu por exemplo às vezes não via e ela já com outras experiências outros olhares ali foi me apontando e eu acho que é o caminho que a gente tem feito agora também né Eu falo do Marcos eh e outros nomes a Aline Andrade winie Bueno às vezes não necessariamente eh a gente tá ali citando teoria crítica da raça né mas a gente quando eu trago para vocês esses princípios essas premissas é é para que vocês também eh tenham um pouco desse lugar de eh ah essa pessoa não
está falando mas ela tem esses princípios essas premissas Então ela tá construindo aqui né O que a professora eh Dora fez ela construiu uma teoria crítica ao direito a partir do lugar da raça Professora Eunice também mas elas não nomearam dessa forma né Eu acho que é é um pouco por exemplo eh o movimento da discussão de interseccionalidade e acho que a Patrícia R Collins mostra isso pra gente muito bem pra gente da academia da academia do direito a discussão de interseccionalidade só chegou com a Kimberly CR só que existe há muito tempo inclusive no
Brasil se a gente ler os textos da L Gonzales de 89 ela tá falando de interseccionalidade ela só não nomeou L Beatriz ael Carneiro todas essas mulheres negras estão falando de interseccionalidade elas falam mas pro Brasil pra academia brasileira essa é uma discussão que chega agora mas que não não é que isso não existia né eh e aí eu acho que do mesmo jeito que a gente fez que a gente tem feito de uma forma brilhante eh com com o feminismo né o aporte que as mulheres TM feito de inserção do do feminismo no campo
do direito eh né com projetos de reescrita feminista com projetos de de reorientação do direito eu acho que o o campo né de direito e Relações raciais também tem feito né então a gente já tem hoje por exemplo o CNJ lançou o protocolo para julgamento IMP perspectiva racial já tinha o protocolo com perspectiva de gênero já existem alguns projetos eh para para reescrita de decisões a partir de uma perspectiva acial e eu acho que isso também Chega nas instituições Mas a questão é a gente precisa também eh disputar esses espaços então por exemplo a gente
da FGV a pedido da Defensoria Pública do Rio de Janeiro a gente promoveu Para eles um workshop antiracista então eh a gente ali pegou para cada para cada temática ali abordada da Defensoria Pública fizemos uma discussão de como poderia ser uma atuação antiracista da Defensoria Pública fizemos estudo de caso eh diálogo teórico enfim e E aí exemplos pegamos casos de de ações coletivas de litigancia falando ó defensoria agiu de tal forma como o debate racial como a lente racial Ela poderia ter implicado aqui na ação da Defensoria Pública como uma ação da infância como eh
Uma demanda por terras tudo isso depende e e no judiciário eu acho que que esse é um espaço que é de constante disputa Esse é um espaço de constante enfrentamento porque o judiciário ele é das né dessas três grandes instituições defensoria ministério público e e o judiciário ele é o mais fechado né então eu acho que que é disputas de espaço de incidência disputas de de espaço de diálogo de para a promoção de letramento racial eh da magistratura eh Por exemplo essa semana eu vou participar do encontro de Juízes negros que o CNJ tem promovido
para que as instituições e para Além disso né o o o CNJ tem um programa para para para incentivar os tribunais a a criarem né esses espaços de enfrentamento esses espaços eh de aprendizado esses espaços de de reestruturação mesmo da forma com que as coisas têm sido feitas Então eu acho que que essa forma que a gente vai pautando né com promover com promoção de cursos com com acesso garantia de de da presença Negra nesses espaços né E para além de do lugar de servidor do lugar eh de estagiário que obviamente é é é tão
importante quanto mas eu acho que que a presença na carreira mobiliza um outro lugar mobiliza um outro discurso né e é a presença na carreira que é mais difícil por isso da importância da política de cotas né nas universidades nas nos serviços públicos a política de cota ela é justamente para isso para mudar para [Aplausos] acho que a política de cotas ela tem esse fundo que é de de impulsionar mesmo o debate né Se a gente for olhar eh que é o que eu falei por exemplo para vocês de 2014 quando eu comecei a pesquisar
não tinha que eu era a única lá na USP não tinha ninguém fazendo essa pesquisa então foi foi um diálogo isolado que eu fui fazendo em outros espaços né em outros congressos enfim mas isso vai mudando se hoje a gente chega na é o que eu falei para vocês eu chego hoje na USP já tem uma disciplina sobre direito em Relações raciais então é essa ideia né de uma política de presença de uma política de agência de uma política de de incentivo ao debate de uma política de construção né então garantir que a que as
Universidades tenham cotas não só para ingresso decente mas que tenham cotas para ingresso docente né então Eh se a gente olha eh essas faculdades que T né tem tem tem promovido um um histórico diferente uma forma diferente de de incluir o direito de de de questionar o direito de olhar pro direito de uma teoria geral do direito essas faculdades certamente TM ali a presença de uma de uma pessoa negra ou de uma pessoa que minimamente possui um letramento né nessa perspectiva eh racializada né Eh de uma pessoa não Branca tem essa essa parceria essa construção
eh e esse diálogo com outras formas teóricas que não A hegemônica então eu acho que isso é o mais importante né Eh eu acho que que é reconhecer que às vezes Parece pequeno mas é um avanço que é muito grande frente ao que era anteriormente eh Então acho que é importante a gente reconhecer esse espaço e continuar a pautar né e continuar a incentivar mobilizar outras formas de discussão mobilizar que que esse conhecimento chega e chegue e em frente esse essa essa estrutura hegemônica que a gente ainda tem no direito eu acho que que é
isso obrigada aara são inúmeras estratégias possíveis né né de luta você começou aqui a a fala falando que era disso que se tratava né em disputar o campo do do direito né então é uma disputa que que ela precisa ser constante isso Isso é uma das coisas que que me falaram né nas entrevistas eh da ouvidoria externa é por exemplo não é eh conseguimos ali uma ouvidora E aí pronto a gente Relaxa não não tem como relaxar porque é é um espaço que não é tido como natural pra gente então se a gente relaxa a
gente é retirado dali se a gente Relaxa dessas disputas do direito a gente é retirado dali Então é isso são estratégias de lutas que precisam ser constantes e de enfrentamento desse silêncio desse apagamento eh desse não lugar que dessa ausência que normalmente é apresentada para as pessoas negras né não perfeito muito eh é né são muitas frentes né Eu acho que você tentou você abarcou várias delas né interessante você falar dessa tradução recente né desse material então é um material que né voltando um pouquinho paraa teoria crítica da raça né um material que vai eh
tando tando disponível né na medida em que a gente pode ter acesso a esses textos em português e você mesmo tá dizendo que isso é recente mas acho também muito interessante você eh pautar discussões que que que fazem parte desse universo da teoria crítica da raça e que já estão acontecendo há muito tempo aqui no Brasil embora não nomeadas desse jeito mas é disso que que se trata né então a gente discute mulheres negras discutem interseccionalidade Há muitas décadas apesar de não usar essa nomenclatura né de não de não usar esse enquadramento assim então acho
acho interessante e essas categorias da teoria crítica da raça são muito eh potentes pra gente fazer inclusive esse trabalho retrospectivo de olhar para isso e e ver o que que já aparecia ali assim né então eu tô aqui com enfim com a cabeça fervendo né Eh no chat não aparece mais nenhuma pergunta claro posso passar para você mas queria também saber se a Rad já teria mais alguma colocação senão acho que a gente pode passar inclusive para um para um fechamento eu tenho só uma questão um comentário tá que a o tema central do Novembro
negro da da epen né que é a epem preta o coletivo da negro da unife que tá coordenando o tema central É interseccionalidades eu tô trazendo porque é uma questão que você trouxe bastante na sua fala né sobre a importância de eh pautar interseccionalidades né dentro também dessa teoria crítica da raça porque é isso essas pessoas existem e onde elas estão né E por que a gente e porque elas não estão no direito ou sendo pautadas dentro do do campo do direito e é isso eu queria comentar Obrigada de novo não o que eu ia
comentar de novo era justamente com relação a à interseccionalidade eh porque é isso e às vezes por exemplo eh o uma que a gente não não não nomeava assim porque não era nomeado e por a Collins era isso era uma leitura que também era muito restrita porque tava tudo em inglês né os livros dela também que são de 89 90 também estão sendo traduzidos todos agora mas é isso a todo o tempo ela falava ali estudos eh estudos de eh de mulher raça mulher aça e classe que é a mesma forma com que lélia falava
ou eh né Essa mesma linha teórica tanto que Angela Davis Lelia Gonzales toda vez e Angela e Collins toda todas as vezes elas falam eu não entendo porque que vocês tipo valorizam muito mais o que eu falo do que a lélia Gonzales porque é isso era uma produção que tava aqui mas a gente não conhecia eu mesma fui eh eu comecei a acessar os textos da da professora eh da professora Dora muito recente da professora eí eu conheci porque a a professora Isis foi orientando a dela então na época ela me me falou do texto
da produção mas eu não fiz essa leitura dentro da chave do da teoria crítica racial de como a gente poderia fazer essa aproximação a gente faz muito ess essa aproximação também eh essa aproximação e essa nomeação também é algo que tem acontecido de uma forma recente né anteriormente em 2014 ninguém ali falava ah a gente tem um campo de direito e Relações raciais né é algo tem sido construído e eu acho que vem muito nesse processo eh de valorização de descoberta de eh desses autores dessas autoras negras que estavam ali sendo silenciados né então eh
a professora Tula mesmo ela é minha orientadora né E ela f muito pra gente eh que a tese dela ela não teria se e olha aqui da PUC lélia Gonzales também aqui da PUC né um espaço todo de construção dedicado a lélia mas ela não conhecia e ela fala eu não teria escrito a Minha tese da forma com que eu escrevi com uma teoria eh estrangeira de um homem se eu tivesse conhecido a lélia antes porque a lélia teria me dado todos os aparatos ali que eu gostaria para ter escrito mas a gente não não
conhece né é todo um conhecimento que é silenciado toda uma produção eh que é desvalorizada né então a mesma coisa a tese da da da Sueli carneiro é algo que que vem sendo valorado agora mas desde quando que esse trabalho existe Desde quando né que essa produção eh foi feita e tava ali na academia mais silenciada então é eh eh eu acho que essa estratégia de luta de enfrentamento ela caminha muito nesse espaço da gente eh não dar voz né não é a expressão que eu quero mas de de resgate dessas obras né da gente
olhar para esses lugares e também eh como lugares de produção teórica então é reconhecer aqui que a Dora eh essa esse trabalho dela de de 90 ali 89 tava construindo uma teoria crítica direito também né só que a gente não nomeava Dessa forma não foi reconhecido dessa forma eh porque é isso né Eu acho que também a gente na academia a gente funciona muito por esse processo de nomeação então a interseccionalidade ela ganha essa notoriedade a partir da nomeação mas é algo que já vem sendo dito que é o que a cins coloca Né desde
as mulheres tican já estavam falando disso é um espaço de construção que é muito antigo mas que veio a ser valorado agora porque a academia nomeou né porque a a a Kimberly enquanto uma advogada enquanto uma teórica né uma acadêmica ali precisou criar uma categoria pro direito para pra atuação dela no direito e paraa atuação dela acadêmica né Então essa chave da nomeação funciona um pouco para isso também eu acho que que a estratégia da nomeação do campo direito e Relações raciais eu acho que é uma estratégia que agora eh tem tem funcionado nesse sentido
né de de de construir um campo teórico do direito de afirmação desse Campo teórico crítico racial eh do direito brasileiro perfeito Inara acho que essa essa essa parte final ajuda a gente muito em a pensar também como que a gente pode dentro do curso de Direito da Unifesp fortalecer né essa pauta esse movimento essa agenda né pensando nessa chave dos direitos e Relações raciais assim então Eh bom não tô vendo mais nenhuma manifestação no chat eh a gente já se aproxima aqui das 21 horas né que era o nosso teto máximo para esse evento eu
acho que eu vou eh encaminhar aqui então pro encerramento agradecendo profundamente mais uma vez a Inara Firmino né pela posição de vir aqui conversar com a gente e na área foi difícil né a gente conseguiu uma agenda essa essa aula finalmente acontecer eh Mas que bom né Que que aconteceu e inclusive num formato que permitiu a participação e a o acompanhamento inclusive de quem nem tá né cursando ascs a onde a gente Originalmente tinha pensado em situar essa discussão então de um jeito mais amplo e mais inclusivo né A partir dessa proposta da semana da
Consciência Negra a semana da Consciência Negra Como eu disse né Muito em função da organização e do empenho né do coletivo de estudantes né que é Ipem Preta tá tendo uma programação eh vigorosa densa eh bastante Ampla ali no Campus eh alguns docentes inclusive iraram as turmas essa semana né inteira para pessoal poder acompanhar Essas atividades né em vez de ficar em sala de aula hoje teve uma atividade que foi no pátio do prédio e né Então pessoal ocupou ali o pátio fez fez um debate né imagens muito muito legais assim de serem vistas eu
não não acompanhei mas eh mostra né um pouco da da do fortalecimento que essa semana também vai ganhando dentro da Unifesp Então acho que né esse esse essa sua fala se soma né a essa essa reflexão e essa atuação maior assim então queria agradecer muito você por ter topado desde o começo do ano né tá pensando comigo uma agenda para para essa atividade acontecer e espero que a gente tenha contatos eh virtuais e presenciais aí de novo em em breve eh Agradeço também a Radija por ter topado né dividir aqui a mediação e né desenvolver
também a função de de debatedora aqui nesse nessa mesa e acho que é isso Se quiserem dar mais uma palavrinha da minha parte eu encerro aqui e boa noite para todas e para todos eu vou também Agradecer o convite e obrigada Ana por também por nossa insistência por ter dado certo eh é sempre enfim é muito bom esse esse espaço de construção e de diálogo né de fortalecimento eh dessa pauta e enfim é é um espaço que eu espero que a gente continue a construir de forma conjunta eh que eu possa participar sempre que vocês
me convidarem de forma presencial ou remota eh enfim é um espaço de diálogo que a gente continua então muito obrigada Ana Obrigada Radija pelo espaço e é isso boa noite a todos e a todas Então tá bom boa noite pessoal boa noite a todos obrigada mais uma vez em 2024 a Universidade Federal de São Paulo completa 30 anos e para comemorar vamos fazer uma grande festa no dia 18 de dezembro com apresentações do coral Unifesp e da família Gordon o evento é aberto a toda a comunidade e começa às 6:30 da tarde no Sesc Vila
Mariana que fica na Rua Pelotas número 141 em São Paulo as inscrições já estão abertas Acesse o site da Unifesp se inscreva e participe da festa mas não demore hein Porque as vagas são limitadas Unifesp 30 anos de conhecimento e inovação Agradecemos por assistir a mais uma sessão da semana da Consciência Negra UNIFESP [Música]