Olá, pessoal, tudo bem? Eu sou Ana Lis Soares e hoje eu vim falar sobre o livro de contos Laços de Família, da escritora brasileira Clarice Lispector, que aqui está nesta reunião de "Todos os contos", que foi publicada pela editora Rocco. Então, bora lá para resenha de hoje.
Bem, pessoal, antes de começar a falar sobre os contos especificamente deste livro, eu gostaria de lembrar para vocês e retomar aqui algumas características da escrita de Clarice Lispector, que eu já citei, por exemplo, nas resenhas de Primeiras Histórias, que é um livro dela de contos que eu resenhei aqui, recentemente, e também Perto do Coração Selvagem, o primeiro romance dela publicado em 1943. Este livro de contos, Laços de Família, é um livro publicado em 1960, quando Clarice já tinha voltado ao Brasil, já havia se divorciado do marido e voltou, então, a viver no Brasil, no Rio de Janeiro, com os dois filhos. São textos que trabalham de maneira ainda mais apropriada e de maneira muito mais consistente, aquilo que a gente vê em Primeiras Histórias, suas personagens.
. . As características da escrita da Clarice, aqui, então, vão ter esse amadurecimento, eu percebo assim, [em relação] ao Primeiras Histórias, que é um livro que eu gosto muito, Primeiras Histórias têm contas que eu acho que retratam muito o que será a obra da Clarice dali por diante, e Laços de Família vem com tudo!
Então, algumas dessas características, por exemplo, que nós encontramos é o olhar - geralmente em terceira pessoa, só tem um conto em primeira pessoa que é O Jantar, são treze contos -, e o narrador vai olhar principalmente para figuras femininas, para mulheres que estão em conflito, em conflitos diferentes. E o nome do livro Laços de Família se dá porque Clarice fala dos conflitos, dos sentimentos e das vivências em família - seja a família, essa família realmente nuclear de filhos e mãe; pai e filho; filha e mãe; filha e filho, e assim por diante, mas também talvez de uma "família humana", uma família mais universal, como a gente encontra, por exemplo, no conto a A menor mulher do mundo, então, para mim, existe essa "temática maior", que é o conflito, a tensão do ser humano, da pessoa, do indivíduo diante a família, esta que é nossa primeira base, também o primeiro contraponto que temos como seres sociais, a família é um microcosmo, seria como um microcosmo da realidade e de todos esses sentimentos vividos por essas pessoas que ela retrata aqui, né? , esses personagens, e geralmente, como eu falei, personagens femininas, mulheres, que - como eu também já citei nas outras resenhas de Clarice - são personagens que se descobrem ou vão se revelando para gente durante essa história, que a gente vai conhecendo melhor ou entendendo melhor durante a narrativa; e que, geralmente, passam por este momento de epifania, de descoberta e, dali por diante, de mudança.
E para acontecer a epifania, assim como eu falei anteriormente, nas outras resenhas, a Clarice usa muito da descoberta, dessa. . .
desse contraponto, desse encontro da pessoa - do eu e o outro. Então, o outro é um conflito primeiro, né, que a gente tem. E esse outro, neste livro, será a família, as pessoas que estruturam uma família, para que a personagem possa ter essa epifania, ou esse momento de encontro.
E esse outro pode ser tanto com outra pessoa como outra "coisa": animais ou objetos. E aí a gente vai entender melhor o que que acontece com a personagem. Vou especificar melhor, mas, por exemplo, essa questão de ser "uma coisa": em A imitação da rosa, a coisa são flores; em O búfalo, é o búfalo e outros animais que estão representados ali no conto.
Então, são essas vivências que permitem a epifania, e a epifania, por sua vez, permite um movimento, permite um entendimento ou uma descoberta ou uma revelação para a gente e para a personagem, sobre o que realmente está acontecendo. Algo muito interessante que eu vi sobre Laços de Família foi escrito por Benedito Nunes, que disse que a gente pode organizar os contos de Laços de Família segundo o eixo central que é tensão, o conflito. Ele coloca: que a tensão varia de "transe nauseante", como no conto Amor; de "cólera", como em Feliz Aniversário; de "ira", como em O jantar; de "ódio", como em O búfalo; de "loucura", em A imitação da rosa; de "medo", como em Preciosidade; de "culpa", como em O crime do professor de Matemática; e ainda aponta que a situação de confronto não somente [acontece] de pessoa a pessoa, como acontece em O jantar, Amor e Feliz Aniversário; mas também de pessoa a coisa, como em Amor, O crime do professor de matemática e A imitação da rosa.
Então, eu achei muito bacana o que o professor Benedito Nunes coloca nessa crítica do livro, para a gente entender então que, realmente, é sobre situações de conflito. É o laço sendo quase um nó, né, como eu apontei no nosso grupo de discussão do whatsapp, do Lendo Clarice 100, quando a gente foi discutir o livro; é essa sensação de estranhamento. Ela vai dar para gente experiências, possibilidades, ferramentas e conflitos que vamos vivenciar [primeiro em família e], depois, ao longo da vida, em outras esferas sociais, né, pois como eu falei anteriormente, essa primeira base, esse primeiro contraponto que a gente tem é a família.
E essas personagens, elas vão se encarar nesse espelhamento, e essa diferenciação ou esse incômodo que gera a própria família: de como que essas situações que a Clarice nos apresenta são situações de sufocamento, de falta de liberdade, de vontade de sair daquilo, especialmente em relação às mulheres, mães, esposas, que estão incomodadas, que se questionam sobre esse papel adotado que, muitas vezes, engole a essência dessa pessoa para é que ela possa viver como uma mulher da família, uma mãe e uma esposa e uma filha. . .
Tudo isso, todos esses papéis que a gente vai assumindo durante a vida. Então, eu vou tentar falar muito rapidamente de cada um dos treze contos [divididos em duas partes de resenha]. Eu gostaria de, mais uma vez, reforçar que daria para falar muito mais do que eu apresento aqui, mas eu já costumo fazer resenhas muito longas, que poderiam ficar muito mais, mas não é meu intuito o de aprofundar muuuuuito em cada um desses contos, vou passar por cima de tudo aquilo que eu senti, que eu pensei, que eu vivi, que eu percebi em cada conto, mas convidando, sempre, vocês a lerem, a terem suas próprias percepções.
O livro - eu estou aqui olhando para baixo porque eu tô folheando o livro - vai começar com o conto Devaneio e embriaguez de uma rapariga. Este conto aqui, gente, eu vou confessar para vocês, que a primeira vez que eu o li, não me liguei muito a ele, não; eu achei "ah, beleza, um conto interessante". Ele entrega essa personagem feminina muito incomodada, no seu papel, ela é mãe, ela é esposa.
. . Um dia, ela se sente tão incomodada de ter fazer o que faz sempre, que ela fica acamada e o marido até diz assim que ela "estaria doente.
" É interessante também observar que a Clarice aqui coloca a voz da personagem com o sotaque português, com palavras expressões de uma portuguesa, de Portugal. Então, é curioso a gente ver como ela trabalhou a língua para fazer um retrato dessa mulher, que é a Maria Quitéria, uma mulher que está se observando nesse começo do conto, ela está se olhando no espelho - na verdade, são três espelhos, uma penteadeira -, e aí, a gente percebe - o que eu acho muito bacana - a questão do reflexo, do espelho - de como, na literatura, isso pode ser bem trabalhado, e de como a gente vai entendendo que a Maria Quitéria está "desejosa". Existe um desejo aqui pungente na Maria Quitéria, e esse desejo é tanto de se entender, de se olhar, de escapar, mas também é um desejo sexual.
Assim, eu entendo dessa maneira, né? E ela ela começa a se olhar e a perceber que ela está com calor, que está impaciente, ela está incomodada! Incomodada fisicamente, mas que a gente sabe, a gente vai percebendo, que é o incômodo psicológico, mental, existencial mesmo, né?
, do que ela vive. Ela tem dois filhos, que não estão em casa aquele momento, nem o marido, então, é aquele momento - como vocês sabem - se você viu a resenha de Primeiras Histórias -, é bastante comum em Clarice, este momento em que a mulher está sozinha, que é um momento de individualidade, e principalmente das mulheres que são mães na literatura da Clarice, e de como ela, neste momento [de solitude], consegue olhar para si e começar a questionar, começar a rever sua vida. Muitas vezes, tem essa sensação de desejo de fuga, de querer fugir disso, né.
E pode ser que ela volte, pode ser que não, mas tem sempre, antes, esse momento do encontro consigo, e esses espelhos da Maria Quitéria, eles "respondem a ela. " É interessante que ela põe no plural a voz desses espelhos respondendo, então, a gente vê que, na verdade, pode ser também um eco dessa solidão dela, dessas perguntas que não têm resposta ou que estão dentro dela mesma, né? Eu achei bastante interessante isso, no começo do conto.
Então, ela está lá, incomodada, fica "acamada", pois se dá o direito de não fazer nada aquele dia, o marido vai e volta [do trabalho], seus filhos estão na casa de uma tia, e ela fica nesse incômodo e se coloca meio que, ao mesmo tempo, um tanto apática em relação às tarefas dela; até o momento em que ela e o marido se preparam para sair de casa, e aí nesse conto tem bastante a característica que eu já contei para vocês, em outros momentos da Clarice, [ a característica] de "dentro e fora". Então, ela está dentro de casa, tem a janela, tem um espelho, tem todas as referências que são interiores e/ou exteriores; como também a casa, a rua, a sociedade. E Maria Quitéria, então, vai sair de casa com o marido dela, eles vão se encontrar com outro homem, que faz negócios com o marido, e aí ela percebe.
. . Ela vai bebendo vinho, e ela começa a sentir, a perceber esse desejo muito erótico, sabe?
É muito gostoso acompanhar como ela vai se enxergando! Em algum momento, ela olha para outra mulher e se sente mal, fica assim "ah, mas aquela mulher está de chapéu e eu não tô de chapéu", "aquela mulher é loira isso, é isso e aquilo", mas aí a descrição que o narrador - que é totalmente próximo, é aquela coisa de Clarice, né, um trabalho em torno do psicológico mesmo, que está totalmente entregue na linguagem, nessa exploração do psicológico, uma característica inclusive da literatura produzida naquele momento do modernismo; mas, enfim, ela trabalha muito essa percepção da Maria Quitéria sobre si, da feminilidade. Então, a Maria Quitéria começa a se sentir inchada, como se ela tivesse leite, e vai colocando essas características "animais", ligadas à fertilidade, ligadas à maternidade, para retratar esse encontro com ela mesma, e de como ela, finalmente, se "abraça", né, abraça esse ser feminino que existe nela.
Então, é muito, muito interessante. Assim, no final, ela está se sentindo desejada por este outro homem, e também porque ela se encontrou neste momento epifânico e embriagado, né? Ela fala assim: "amanhã, eu vou me levantar e vou limpar toda essa sujeira".
Ou seja, no dia seguinte, ela seria voltaria a assumir aquele papel de mãe, de esposa, de dona de casa e limpará "a sujeira" que foi aquela noite - porque houve desejo, porque houve um roçar de pés ali embaixo da mesa, mas, principalmente, eu acho que houve o encontro dela com essa mulher-animal, assim, que é essa mulher "reprodutora". Depois, a gente tem o conto Amor, que é um dos meus prediletos. Em Amor, a gente tem a Ana, que é uma mulher, também esposa e mãe, que está voltando para casa no bonde, com as sacolinhas de compras nas mãos, pois ela vai fazer um jantar para os irmãos, cunhados, sobrinhos, marido e filhos, e aí a existe, nesta personagem, uma questão muito existencialista: assim, ela começa a se indagar a partir do momento em que ela percebe a figura de um cego, que está mascando chiclete, e aquilo mexe profundamente com ela.
E nisso a gente pode pensar sobre a questão do espelhamento: ela versus o cego; ela sendo o cego; ela não se enxergando, não enxergando a vida. Existe muita reflexão em torno deste encontro que há entre Ana e o cego que masca chiclete dentro de um bonde na cidade. Ela fica muito surpresa com aquela imagem, ela olha ao redor e começa a indagar a realidade, as pessoas que continuam fazendo o que estão fazendo, o bonde continua a andar apesar daquele cego que masca chiclete!
E o cego está "realmente parado. " Ela fala assim, que ele é o único que está "realmente parado". E isso é muito interessante, né, a questão do movimento: que pode ser do tempo, do movimento dos afazeres e da vida sendo vivida, mas aquele cego está parado; e sendo "parado", talvez, porque ele é aquele que está acontecendo, aquele que realmente "enxerga", de certo modo, né?
E o momento epifânico da Ana começa aí. Acho que já um preâmbulo da epifania toda que ela tem, do encontro, do olhar dela para o cego que está ali parado. Nesse ínterim, o bonde freia, faz um movimento brusco e ela cai, derruba as sacolas que estão na mão dela e os ovos que carregava quebram, o que faz com que a gema escorra ali no bonde; e ela solta um grito, todo mundo olha, a estranha, mas o bonde continua; só que, para ela, aquele momento - uma metáfora que a Clarice clarice coloca, deixando que "os ovos se quebrem", a essência da vida dela, de tudo o que ela fazia de tudo, o que ela era até aquele momento, quebrou e não volta mais.
Então, começa este encontro consigo, esses questionamentos todos sobre o que ela estava fazendo até então, como é a vida dela, o que ela faz questão, sobre ser mulher. . .
Em algum momento, ela pensa sobre como aceitou "o destino de ser mulher": esta mulher que fica em casa, realizando todas as tarefas para que a família viva e sobreviva, para que tudo fique certo e para que tudo funcione. E tem um momento da tarde, que é "a hora mais perigosa", que ela fala que é quando tudo está resolvido, pronto, a casa está limpa. .
. E Ana sente esse "perigo", e esse perigo pela falta de sentido da vida. Porque é o momento em que ela pode ter um encontro consigo mesma, fazendo esses questionamentos, então, talvez, há esse desejo interior de "fuga".
A gente pode ir interpretado de diversas maneiras, né? Mas ela está nesse bonde, os ovos quebraram, e ela vai perder o ponto de descida! E na hora que ela está descendo, a Clarice descreve neste momento como se ela tivesse caindo numa escuridão profunda: e aí, a gente tem novamente a figura do cego, que volta, uma maneira de encontro e de simbiose entre ela e o cego.
E ela vai parar no Jardim Botânico, onde ela encontra aquela natureza, vai descrever coisas que são bastante ligadas a uma "natureza selvagem". E aí a gente pode interpretar esse Jardim sendo como o Éden, o Éden como aquele lugar da "primeira mulher", da tentação de fuga, na tentação de liberdade, de tornar-se outra ou de se questionar, e de pensar. A tentação do encontro consigo, de reflexão sobre sua existência.
E tudo isso é nauseante, não é uma reflexão "gostosa", não é uma reflexão leve. Não, é nauseante o que ela sente, a vontade de se entregar para essa natureza. Também [podemos entender] o Jardim como o espaço e o tempo que permite a mulher de parar, de fugir do cotidiano, nesse Jardim, ela sente que ela é uma mulher, uma mulher com "ódio".
Então, aí, ela se encontra, de certa maneira, com outras personagens femininas deste livro. E esse ódio é essa vontade de uma violência, talvez, de "quebra", né? , de enfrentamento e de querer, realmente, se resgatar.
Mas os ovos estavam quebrados, então, uma finalização desse momento epifânico, é de que não tem volta assim, não terá volta, ainda que a personagem pegue o bonde de novo, volte para casa, volte para família, algo interrompeu-se. Algo se rompeu ali, então, é realmente sem volta! Então, a Ana não é mais a mesma, não é a Ana que estava em casa até o começo daquela tarde, né.
E ela volta em algum momento após pensar nos filhos, e ela sente culpa. Aí é muito interessante a colocação desse sentimento de culpa diante a vida daquelas pessoas. Ela volta para casa e faz o jantar e todo mundo fica ali, conversando, e no final acontece um pequeno acidente com o marido dela na cozinha, ele deixa cair algo, faz um barulho, e ela chega até ele e diz que "não quer que nada aconteça a ele", com medo de que algo tivesse se quebrado; de ela ressentir o que havia sentido antes.
O que ela tinha sentido mais cedo com a quebra dos ovos. Ao passo que ele a pega pelas mãos e a leva dali, como se tivesse protegendo a Ana daquilo que ela estava sentindo, pois ele pode sentir o medo que ela estava sentindo, por isso tirou ela dali, mas, para mim, ela sabia o que estava acontecendo; eu acho que o marido não soubesse e não entenderia o nojo, o medo, o ódio e tudo isso que ela sentiu anteriormente, né? O próximo conto é Uma galinha.
Assim, se você ler esse conto de maneira mais rápida, você vai ler um conto bem simples: um conto que conta a história de uma família que tinha umas galinhas no quintal e que, de vez em quando, ia lá, pegava uma galinha, matava e comiam-na no almoço do domingo. Até que, certo dia, uma das galinhas escolhidas, a próxima galinha escolhida para morrer, essa galinha tem um "susto", e simplesmente sai voando. Ela sai voando e papapá.
. . Sobe os muros e telhados do bairro, e a galinha fica.
. . Ela tem esse momento de triunfo, mas o pai a recupera e a leva de volta, coloca ela lá na cozinha, e a galinha bota um ovo.
A filha pede à mãe, então, para não matar a galinha, porque ela havia botado um ovo e isso significaria que a galinha amava eles, que ela não merecia morrer. Aí o pai, arrependido de ter corrido atrás dessa galinha, também diz que não quer que ela morra, que não matará a galinha, então, a galinha fica sendo a "rainha da casa" por muitos anos até que, um dia, eles pegam, matam a galinha e comem-na. O conto é basicamente isso.
Mas, sendo Clarice, sabemos que podemos ler de maneira mais aprofundada, mais filosófica, e a figura da galinha aparece em muitas obras da Clarice, em outros contos, romances. . .
A gente pode encontrá-la em diversos momentos e interpretá-la de diversas formas, principalmente, por causa do ovo, o ovo aparece recorrentemente, é uma figura muito simbólica da Clarice, como sendo algo perfeito, que pode ser a própria arte, a galinha como um artista ou a galinha como uma mulher, como "a fêmea", né? E a galinha, neste conto aqui, "a fêmea", é vista pela família primeiramente como essa "coisa", um ser que servirá de alimento a eles, naquele momento em que ela bota o ovo, ela passa a ser vista de outro modo! Como se a possibilidade da maternidade salvasse essa galinha; como a capacidade de reprodução, portanto, é valorizada socialmente, ou acaba transformando a mulher, a fêmea, em uma espécie de ser "sagrado" naquele dado momento.
Até que a maternidade "passa" e a galinha é morta. Dá uma certa angústia, porque a gente. .
. A galinha, ao mesmo tempo em que parece que ela entende o que está acontecendo, em outro momento parece que ela não entende. Então, ela teve esse momento de coragem, esse momento de enfrentamento do "destino de ser fêmea", mas ao mesmo tempo, ela cai nesse destino de ser esse ser que vai botar o ovo ali e que, imediatamente, já se coloca para chocar o ovo, como se aquilo fosse algo que fizesse há muito tempo, como se ela já tivesse isso em si há muito tempo também.
Então é, portanto, essa questão da maternidade que liga muito a galinha a Ana, que em algum momento, fala que ela quis aquela vida que ela levava, que ela decidiu, que ela escolheu aquilo, que ela acolheu aquele "destino de ser mulher", como se fosse a coisa mais natural e como se fosse a coisa mais antiga nela e no mundo. Então, Ana se encontra com a galinha nesse sentido, e é bastante interessante ler a obra como um todo. Você acabou de ouvir a primeira parte da resenha de Laços de Família!
Agora, convido você a assistir à segunda parte. Vou deixar aqui na descrição do vídeo e também um card para que você possa achar rapidinho a segunda parte, e continuar a assistir a essa resenha. É isso, eu vejo vocês lá, então, um beijo!