[Música] na verdade eu não escolhi história né o meu percurso é muito mais multidisciplinar do que né apenas na história Eu me formei na verdade em ciências políticas no plural uma carreira específica na França no instituto de estudos políticos de Paris e É uma carreira específica porque ela combina história Sim porém com Ciência Política economia relações internacionais e um pouco de direito igualmente Então foi uma formação na na graduação muito eh pluridisciplinar né e agora o fato é que ao longo da graduação eu inclusive fiz um primeiro mestrado em em relações internacionais mas com uma
especialização em economia internacional né e ao longo portanto da da graduação e desse primeiro mestrado eu fui percebendo que aquilo que dava as melhores ferramentas para entender e no fundo o que me interessava né que é o homem né a mulher em sociedade eh efetivamente eraa história né E aí ocorreu a a virada portanto então não não foi uma descoberta né nem uma epifania nem nada do gênero Eu lembro que o Paul ven aquele né Historiador francês Você conhece eh ele dizia quando faziam essa pergunta a ele né ele costumava dizer que ele escolheu história
porque ele tava no sul da França quando o garoto ainda aí cavou no chão alguma coisa no na casa do avô sei lá alguma coisa do gênero e encontrou uma um resto de ruína n greco-romana alguma coisa do gênero e a partir daí ele resolveu que seria o arqueólogo o historiador eu não encontrei Até agora nenhum capacete de soldado da guerra do Paraguai né nem nada do gênero então não foi por essa via foi foi mais uma constatação eh já um Pouco Mais maduro n depois da graduação e o primeiro mestrado eh perceb que aquilo
que mais me me dava então ferramentas para entender a construção de um estado uma determinada sociedade com seu respectivo funcionamento e era história é na verdade eu fiz um segundo mestrado em história e depois o doutorado em História e o pós-doutorado em história aí virou tudo história mas a a pesquisa em si né a preocupação pelo Brasil emé a construção do estado brasileiro no século X perdão veio de um debate de ciência política que eu estudei na França e tinha me me interessado muitíssimo que era o debate mil Ban P lanças justamente né eu consegui
ver nesse debate de alguma maneira ou de outra e de fato é um pouco isso sim o debate que existia no Brasil entre por exemplo José Man de Carvalho de um lado e o o mar rolof de Matos do outro lado Ou seja no fundo um debate que gira em torno à autonomia né do governo em relação à economia ou do Estado numa certa acepção de estado em relação ao campo econômico um debate que né lida no fundo com a compreensão a respeito de quão determinante se é que essa é a palavra né é economia
no desenrolar dos acontecimentos políticos isso me fascinou né não não tenho dúvida e foi um tema tanto pela Via teórica né quanto histórica a qual sempre e a pesquisa e começa nesse ponto no fundo né parte para outro lugar em seguida mas retorna esse mesmíssimo ponto depois né então eu eu volto ao Brasil procurando Ricardo Salles como orientador justamente porque ele ele havia sido né orientando do ilmar rolof de Matos eu me filiava muito mais a essa linha então procurei o Ricardo ses deu certo enfim estima absolutamente imensa pelo Ricardo ses faleceu há pouco tempo
tristíssimo uma figura singular todos os aspectos né Não só historiográfico é claro mas do ponto de vista humano sem dúvida alguma também então procurei o Ricardo Sales ele ele me acolheu né Por uma pesquisa que inicialmente dizia respeito à à participação dos libertos na guerra do Paraguai né tava preocupado com isso porque uma contradição que me chamava muito atenção era justamente essa né como é possível um império escravista armar escravos ex-escravos né né a linha tênue Ah para enfrentar né enfim no caso o Paraguai com a retórica ou a desculpa de libertar o Paraguai da
da escravidão a contradição me parecia imensa né e a partir daí A pesquisa foi foi se desdobrando né terminou sendo os eh no doutorado dos veteranos da guerra do Paraguai né O Retorno dos veteranos da guerra do Paraguai mas aí sobretudo pensando o fenômeno militar eh na política né Ou seja a saída dos quartéis para as ruas e a Pol das Forças Armadas né Isso foi o doutorado n que no fundo continuou se desdobrando né até a última publicação minha um livro chamado entre oligarquias as origens né da república brasileira que é uma publicação n
eu já dentro do departamento de história até da Universidade de São Paulo mas é uma publicação que que guarda muita relação né com essa essa pesquisa do doutorado muito estendida que no fundo vem do segundo mestrado em história né então Foi um tema que eu pesquisei praticamente por uma década que portanto passou dos veteranos pros militares na política o lugar dos militares né na articulação ah econômica do país e com isso eu quero dizer né De que maneira os militares aparecem na política a partir de tensões no campo econômico que forçosamente são tensões no campo
político eh também né E foi assim que eu cheguei a à interpretação que eu tenho da da proclamação da república e dos primeiros anos né da da primeira república transcrição do diário de guerra do condid quando em campanha contra e contra o Paraguai né eu encontrei esse diário Foi bastante impressionante né procurando outras coisas no arquivo histórico do Museu Imperial de Petrópolis Né tava procurando documentos para tese justamente e apareceu esse né diário do condid eh ele escreveu dois o primeiro né quando Enfim no contexto ainda da Batalha de Uruguaiana e depois né esse último
que estava inédito esquecido no arquivo né histórico do do Museu Imperial de Petrópolis e me surpreendeu muitíssimo porque diários de combatentes né de qualquer hierarquia militar né Diário de combatentes na guerra do Paraguai são raríssimos são raríssimos e aqui era o conid Né o marido da Princesa Isabel genro do Imperador Ah então isso ainda no mestrado eu comecei a fazer a tradução na verdade porque ele estava em francês aí eu traduzi pro português então uma uma transcrição com tradução e entrei em contato com Editora paz e Terra eles gostaram do projeto e e compraram né
a ideia compraram uma publicação a minha disciplina obrigatória a história do Brasil Império Ah e a abordagem é uma abordagem que justamente isso tem tudo a ver com a minha pesquisa né tenta combinar ao máximo né os fenômenos os políticos com os fenômenos econômicos dentro da ordem internacional né ou seja me interessa muitíssimo entender as transformações econômicas do país ao longo desse período de forma perfeitamente conectada com o desenrolar né dos acontecimentos políticos e é claro né sem perder de vista o lugar do Brasil na ordem internacional né o padrão de inserção Internacional e do
Brasil Então no fundo é uma discussão é claro né uma disciplina panorâmica mas ainda assim eu tento ser né o mais ah profundo possível em determinados aspectos né da das nossas discussões eh mas a ideia é justamente sempre procurar avaliar Quem governou o Brasil a valer é uma pergunta fundamental que guia o curso eh e em segundo lugar eh Qual o grau de interpenetração entre as classes economicamente dominantes e as classes politicamente dirig até que ponto se confundem né Essas duas classes e e até que ponto uma tem a sua margem de ação né a
sua autonomia ao fim e ao cabo reduzida em função da outra se não há simbiose o que que há né no lugar enfim são as perguntas que que norteiam a esse essa disciplina obrigatória né que que no fundo procura entender a construção do estado independente brasileiro as optativas são aqui eu estou dando agora esse semestre né formação econômica do Brasil independente pegando o período 1830 até 1930 né portanto a formação do complexo cafero no Vale do Paraíba Fluminense na década de 1830 até O esgotamento né do modelo agroexportador que perseverou durante a Primeira República né
a partir daí já é uma outra tônica de estado né com Vargas a industrialização como política de estado né Coisa que não acontecia antes então é uma optativa que e ignora né a fronteira clássica na historiografia entre império e república não é o que me interessa o que me interessa é entender Até que ponto esse período de um século e talvez seja esse avaler o século XIX Brasileiro né até que ponto esses 100 anos formam ou não um bloco histórico singular né Então essa é a pergunta norteadora dessa disciplina optativa as outras que eu costumo
lecionar eh São história da classe média brasileira a partir basicamente de 1850 quando acaba definitivamente ou quase o tráfico internacional de escravos no Brasil até os tempos mais recentes né até basicamente a década de 1980 19 90 ou algumas vezes né se o tempo alcança e não é sempre que acontece se o tempo for suficiente Ah o chegou até os períodos mais mais recentes né uma análise de classe social especificamente a classe média o que é como entendê-la como se politiza como sai as ruas né quem é como identificá-la como atua politicamente são as perguntas
fundamentais dessa optativa e e ainda uma outra optativa né que eu leciono também é a uma optativa sobre a história da Bacia do Prata no século XIX que se chama a Bacia do Prata e o mundo platino no século 19 poderia ser a época de Pedro I né evidentemente é um espelhamento com com o célebre livro do do brodel né o mediterrâneo e o mundo Mediterrâneo a época de Felipe I de história política exatamente né Então aí a ideia é história política mas é muito relações internacionais né história das relações internacionais no prata então a
ideia dessa optativa é e um pouco a maneira né do que o brodel fez pro Mediterrâneo é pensar sim as relações internacionais né portanto entre os estados que estavam se constituindo inclusive outros atores né não forçosamente com instituídos como né em Estados né nacionais H portanto entidades políticas mais frágeis mas também sobretudo né o projeto a ideia do curso é pegar a Bacia do Prata como uma unidade de análise muito mais do que os atores que a compõe né é portanto dá protagonismo pra Bacia do Prata em primeiro lugar né antes do que para Pedro
II bartolome Mitre Solano Lopez né quem você quiser Argentina Confederação Argentina províncias unidas Uruguai Paraguai não personagem principal é a bacia o que muda tudo né porque a bacia não é uma unidade estatal né é uma unidade histórico geográfica é um espaço-tempo no século XIX então A ideia é pensar uma região mundo com ifen a partir da Bacia do Prata no século XIX a pesquisa atual é justamente essa que diz respeito à região mundo Platina né eu tô agora eh como pesquisador residente também né fora é claro né minha atuação no departamento de história a
e napis é claro mas e também agora como pesquisador residente na biblioteca brasiliana né guita e José mlin por um projeto fabuloso né que guarda relação com a a recepção de uma coleção particular monumental sobre a guerra do Paraguai e o prata no século XIX de um colecionador particular que ah que vendeu né Essa coleção hã um determinado alguém a comprou e a doou n brilhante um gesto de generosidade Colossal né pra nossa biblioteca brasiliana aqui da da Universidade de São Paulo eh toda a tarefa agora é catalogar essa coleção e pesquisar a partir dessa
coleção né então e o meu projeto né tem a ver com e com isso né Cuidar dessa coleção mas sobretudo né pesquisar essa coleção no sentido que eu quero dar né a coleção enfim a coleção no sentido que que eu quero dar pesquisa né com a coleção sendo o apoio principal um dos pelo menos e a lógica é essa né justamente pegar a Bacia do Prata num século XIX bem dilatado né para pensá-la como uma região mundo com ifen ou seja como uma unidade não só geográfica e mas igualmente uma unidade e temporal né E
no fundo uma dade que conferiu à região uma certa autonomia em relação a outras ou às potências globais da época que incidiram evidentemente na região também então entender o grau de autonomia que uma região mundo pode ter caracterizando eh espacial e temporalmente né O que que é essa essa região mundo né O grande desafio é um pouco esse da optativa né dar o protagonismo à Bacia do Prata e não não aos atores que que a compuseram isso é um Desafio isso diz respeito à interpretação é claro eh De toda forma a o volume de fontes
é absolutamente Colossal n e eu tô fazendo Fiz parte já desse levantamento fui a aos arquivos do Rio de Janeiro Buenos Aires Agora falta Uruguai Ah e fui também aos arquivos do foreign Office né e faltará provavelmente os arquivos da França também né então são fontes nacionais evidentemente eh mas nessas Fontes nacionais especialmente nas britânicas se percebe algo de diferente né e e o que se percebe nessas fontes do foreign Office né que estão no National archives né de Londres é que pros britânicos Justamente a Bacia do Prata era uma unidade de ação diplomática muito
mais do que entender a ação do foreign Office a para né os diferentes estados eles sim enviavam representantes diplomáticos né pro Rio de Janeiro para Mont Videl para Buenos Aires evidentemente mas todos coordenados em torno a um objetivo específico e muitas vezes esses mesmíssimos diplomatas trocavam de posto o que estava no rio ia para Buenos Aires o que tava Buenos Aires ia para montev e assim sucessivamente isso é um alerta né o foreign Office o ator supostamente de fora né aí no fundo não é porque o foreign Office é parte da região mundo platina no
século X mas supostamente esse ator geograficamente fora da Bacia do Prata enxerga a Bacia do Prata como como uma unidade né Então o que interessa investigar a partir das fontes é justamente esses pontos de contato né entre e fontes que são justamente Fontes nacionais né como essas Fontes remetem À mesmas clivagens históricas as mesmas Ah continuidades no fundo aos mesmos interesses estruturais né e a partir dessas estruturas de longo prazo né E que a bacia vai aparecendo como personagem principal é maior do que o Brasil e o Brasil era um país platino no século XIX
é maior do que a Argentina evidentemente não geograficamente apenas né É claro e é maior no sentido do do condicionamento que a bacia impõe à atuação eh dos Estados nas suas né singularidades