Café Filosófico | ADOLESCÊNCIAS PLURAIS - Andréa Guerra

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Café Filosófico CPFL
Podemos dizer que a experiência adolescente é universal? O que diriam os adolescentes indígenas bra...
Video Transcript:
[Música] O que é ser criança jovem adulto e envelhecer hoje como estamos lidando com tantas mudanças na nossa Forma de Amar sofrer se relacionar e de poder ser afetos desejos e conflitos no mundo em transição e Tem movimento e os movimentos da vida [Música] adolescência é uma época de transformações no corpo não pensar no socializar com outro uma época em que não se é mais criança e ainda não se tornou um adulto um período que pode ser visto como de transição mas ao mesmo tempo que traz tantas vivências e experiências únicas Muitas delas tão marcantes
Afinal o que cabe dentro da adolescência quando eu fui preparar adolescentes florais o que eu pensei que valia a pena a gente pensar nesses 20 anos é um pouco aquilo e não tanto a pluralidade como diversidade Não tanta pluralidade como mudança histórica ou a pluralidade como modo singulares de atravessado o que eu pensei foi no avesso naquilo que não se lê muitas vezes aquilo que não se vê primeiro é uma imagem que talvez não seja imagem mais feliz de abrir 2023 dos Yanomami no Brasil crianças e adolescentes numa condição que não precisavam estar nela mas
estavam acuados adoecidos e cenas que mobilizaram cada um de nós me lembrei também dos dados dos jovens e que come no Japão são aqueles que não saem dos quartos ficam grudados numa tela e se a família não leva comida eles podem perecer que que muda que produz essa forma de configuração tão diversa quando a gente pensa naquilo que não aparece a gente tenta entender o que que é aquilo que se universaliza também as adolescências nas suas pluralidades elas são um modo que a gente pode pensar que dentro da diferença é universal de atravessar a experiência
de uma infância tutelada para uma vida adulta autônoma responsável pelo menos assim a gente espera a gente sabe que adolescência ela é sucede um período sobre a infância que encontra pouco antes da possibilidade do próprio da própria Experiência sexual um período de um certo recuo é que a gente chama de latência que é um período em que vários entraves para satisfação são colocados o encontro com a possibilidade de satisfação fora do corpo com outro objeto é uma das marcas adolescência é um dos pontos e a gente pode talvez dizer de dois grandes elementos que marcam
a experiência adolescente que é deixar de ter um corpo infantil cuja satisfação era encontrada no próprio corpo para o encontro com a satisfação com outro corpo Isso muda tudo porque ainda que o corpo da gente seja estranho para gente o corpo do outro é completamente autoritário e aí vem os desencontros com cenas que é um italiano ele fala que existem três tempos nesse encontro de encontro um de véu de fantasiar de supor que existem bons encontros que geral são grandes desencontros e o da decisão Em que a gente assume uma posição já que a gente
não sabe fazer com isso Qual o jeito que a gente vai dar como é que a gente vai se virar com o corpo com os prazeres com a satisfações mais ou menos estranhas né Cada um tem a sua loucura particular e a gente assume um ponto a partir daí de responsabilidade sobre o uso do corpo e desse corpo numa cena íntima mas também numa cena pública e aí tem um segundo grande trabalho que o adolescente faz que é o de tentar entender quando saber do outro já não resolve mais a vida dele ele começa a
ter que constituir um saber próprio assumir uma forma de vida e de satisfação a partir daí com um saber novo e ele sabe ainda que ele esteja vivendo todo um estilhaçamento da imagem que aquele corpo infantil não corresponde mais a ela desorientado nesse sentido de uma falta de saber porque o saber do outro também não resolve né ele descobre que esse saber da autoridade externa né seja Família escola também não funciona isso não é simples na Evidente como lidar com esse corpo novo e o saber que a criança dispunha já não responde mais mas ao
mesmo tempo ela descobre que falta saber no outro por isso a experiência do Véu da fantasia ela passa por um tempo traumático porque a gente descobre que no fundo no fundo ninguém sabe muito bem como viver junto como lidar com o outro e cada um vai ter que criar sua maneira e a gente vê que nesse momento é também do encontro com um objeto de satisfação sexual É também um momento de escolha Porque hoje a gente não encontra estabelecido o que seria uma espécie de Norma ou de normalidade no uso do corpo a gente viu
que a lei por mais que ela seja necessário para a gente viver junto e equacionar os impasses civilizatórios ela muitas vezes é injusta e toda essa mudança em relação ao saber da tradição da queda da crença universal de uma lei Balançou a estrutura do Mundo e quem fala disso para gente são os adolescentes quando eles vão para as ruas quando eles vão para as baladas quando eles chegam com as novidades que muitas vezes os adultos se encontram tão desamparados quanto eles para sustentar uma possibilidade de eles construírem as próprias respostas Será que na diversidade que
a gente tem de culturas de corpos de experiências é com alteridade Será que a gente tem nessas escrita de uma história Universal o que contempla essas experiências que são apagadas a gente descentraliza o nosso olhar porque de uma certa forma até o nosso pensamento é orientado é digamos colonizado numa certa direção em que a gente crê que há uma lei a um Universal e a gente se olha nesse espelho mesmo que esse espelho seja até violento com os nossos corpos como mulheres como indígenas como negros periféricos o regime da hegemonia afeta os corpos de modo
distintos e não dá mais para a gente silenciar ou deixar de ver com adolescência gritando nas ruas essa pluralidade no próximo bloco porque a gente não consegue colocar em palavras vai precisar aparecer de alguma maneira [Música] a infância quase sempre é lembrada como época de segurança acolhimento família a vida adulta em geral é onde conseguimos Nossa Independência autonomia mais liberdade Mas é nesse intervalo que chamamos adolescência que vamos caminhando de uma ponta a outra e essa travessia pode ser dolorosa confusa frustrante são muitas as transformações que acontecem durante a adolescência tantas inquietações Muitas delas visíveis
e perceptíveis outras abafadas e reprimidas Mas de onde elas vem [Música] Branco ele vai dizer que a gente opera síntese dialéticas na Constituição do eu e ele explica isso através dos complexos que a gente vai produzindo respostas a eles desmame que produz uma distinção do corpo de sido o corpo do outro intrusão que é o segundo complexo em que a gente se destaca como eu de um outro eu pela imagem do outro eu a gente introduz e se reconhece como diferente e aí a gente pode se nomear o complexo famoso né que hoje é toda
uma questão de Édipo em que a lei introjetada permite uma condição de acesso ao desejo e ainda que não é psicanálise a gente trabalha muito mais com a puberdade ele fala da puberdade da adolescência a puberdade como essa experiência é de um despertar e adolescência como sintoma no sentido daquilo que trata ou que tenta compor criar uma composição em resposta a diferença do uso do corpo para cada um e o limite do uso do corpo para cada um esse é o grande trabalho adolescente como que a gente vê isso a gente vê desde uma linha
muito produtiva criativa inventiva revolucionária toda essa operação dialética do tratamento é desses complexos ela deixa um saldo para tratar o complexo seguinte esse saldo ele tem a ver com a forma como a gente se adapta a realidade se normatiza ou se normaliza dentro dos códigos pertencimento e isso obviamente frustrante e do modo como a gente também se aliena e idealiza mas ao mesmo tempo nunca chega lá nessa frustração de um lado nessa desidealização de outro o saldo que fica do que a gente é ou do que a gente vai se construindo como sujeito ele tem
uma uma dimensão agressiva ele tem a gente chama de uma dimensão puncional existe uma parte da gente que a gente trata bem com as palavras existe uma parte que escapa completamente a possibilidade da gente se explicar e se entender e tudo isso nos habita não dá para escolher ficar só com a parte que a gente fica entendeu né Tá tudo junto e misturado mais ou menos misturado e Essas manifestações criativas inventivas revolucionários subversivas insurgentes elas também são fruto desse mesmo elemento agressivo desse mesmo saldo de cada passo que a gente dá na construção do que
a gente se torna assim como aquilo que constrói a civilização a gente também encontra como experiência na adolescente na adolescência vocês já entenderam O que é uma dispersão e uma explosão interna muito intensas a gente também vê a agressividade aparecendo contra o outro ou contra si mesmo a gente vê escarificações que são tentativas de fazer uma marca numa dor que não tem nome a gente vê experiências de adicções né de uso abusivo de álcool Outras Drogas que não deixa de ser uma experiência tanto de atuar de colocar em Ação esse mal-estar quanto de tentar uma
espécie de uma sedação experiências de pagamento de depressão e esses lados né eles estão acontecendo dentro de uma espécie de uma configuração em que a gente vai encontrar agressividade de um lado como um apelo esses atos como uma um pedido de tradução como a gente vai ver essa experiência como desconexão incapacidade de conectar a experiência do corpo com a linguagem e isso pode aparecer modalizado em Atos porque o que a gente não consegue colocar em palavras vai precisar aparecer de alguma maneira então adolescente pode performar uma cena em que no fundo ele tá pedindo me
ajuda ou me protege né não me deixa sair de casa hoje ou ele pode estar vivendo uma desconexão em que a tentativa de traduzir a experiência de corpo de imagem de questionamento do saber que ele tá vivendo não encontra anteparo simbólico na linguagem mas muitas vezes o outro adulto familiar escola políticas públicas né saúde atendente de saúde mental médicos nem sempre esse acolhimento encontra respaldo no outro porque a gente também o mundo adulto tá vivendo uma mutação e uma dificuldade de se localizar de encontrar o ponto a partir do qual o próprio desamparo pode ser
tratado então a gente encontra o desamparo estrutural que é aquele de quando o bebê nasce e precisa do outro que cuide dele esse desampara estrutural ele é revivido na adolescência a gente encontra o desamparo do adolescente com um desamparo generalizado aí acontece um curto circuito um excesso de tela uma diferença autoritária que vira desejo de eliminação E aí a gente começa a entender como que os corpos adolescentes são tomados no lugar da iluminação da inimizade da suspeita enquanto outros ficam resguardados resguardados num certo Campo protegido de privilégios Essa pluralidade ela faz toda a diferença porque
essa pluralidade apaga o modo complexo com que o Universal da adolescência acontece a gente precisa complicar o universal O Universal não é evidente ele não nasce em si é preciso que haja uma reação a ele para que ele se configura enquanto tal e nesse sentido a gente começa a entender que a gente é talhado desde muito novo a ler o mundo com uma lente só uma cosmologia racional moderna europeia Ela lê o mundo diferente de uma cosmologia aborígena amazonense e a gente aprendeu que a Cosmologia indígena é primitiva selvagem simples que ela precisa ser emancipar
então a gente começa a entender que há uma espécie de um véu há uma espécie de organização que se deseja o nívoca e que não se estabelece de maneira dócil ela exerce com muita violência a gente precisa se dar uma população inteira com hipermedicalização hiperpatologização para essa população não reagir ou mesmo eliminá-la a racionalidade que organiza um modelo o mundo moderno ela tá assentada nessa contra mão colonial existe um Pensador que chama do céu e outro que chama Santiago Castro Gomes que vão falar disso a geopolítica muda o modo como conhecimento é produzido o lugar
de Anunciação de uma mulher negra é diferente do lugar de Anunciação de um homem branco e o que adolescência Juventude tem trazido é um grito em que esse véu levantado desvelado não cala mais a gente tem múltiplas verdades ou verdades florais a gente tem o patriarcado que criou um modo de pensar o modelo é hegemônico como sendo um modelo é de poder Centralizado num corpo masculino então sesétero normativo né não apenas masculino a gente aprendeu e consolidou-se com muita violência o modo capitalista que ensina a gente a ser individualista mesmo quando a gente não deseja
selo trabalhar três turno 5 turnos e isso tudo é transmitido para os nossos adolescentes quando a gente matricula por exemplo a classe média alta uma criança numa escola em que o trabalhador da limpeza da cantina é negro e o professor e o diretor são brancos a gente está reproduzindo os sistemas o tempo todo e esse essa pluralidade quando apagada ela vira subaternidade ela viria de pessoas de seres semelhantes e essa hierarquização é a base dessa economia fundada numa lógica de apropriação que pode ser mais ou menos violenta assimilatória ou exploratória e as adolescências aí nos
ensinam como que essa diversidade essa pluralidade não silencia mais de um lado as redes sociais de outro lado a globalização Econômica permitiram que essas vozes aparecessem na sua diversidade e os adolescentes e jovens têm sido os pivôs de um grito que sacode as estruturas do mundo ocidental esse grito ele diz eu não no próximo bloco se o drama das antigas gerações era a distância a incapacidade da troca hoje é ausência de um Horizonte comum [Música] para muitos adolescência é um período de auto descoberta Mas também de muitas dúvidas e conflitos de ter que deixar para
trás a criança que se foi e ter que tentar descobrir qual adulto que se quer ser criar essa nova identidade exige muito exige não apenas buscar saber o que se deseja como também descobrir e rejeitar aquilo que não faz mais sentido para si o que não é fácil para ninguém isso pode ser ainda mais complicado quando se trata das minorias como adolescentes da Periferia negros indígenas ou lgbtqia+ além de todas as dificuldades dessa transformação é preciso lidar com a expectativa e é possível frustração do Entorno cuidadores familiares amigos e da sociedade como um todo tudo
isso pode trazer para o adolescente sintomas dos mais variados eu não quando adolescente faz essa recusa pode recair sobre o corpo social ou sobre o corpo individual dele peso desse processo civilizatório quando recai sobre o corpo dele isso pode produzir um barulhinho ruim a gente tem experiências em que essa recusa desconectando o adolescente das próprias condições de possibilidades de resposta podem produzir Auto agressões muito graves o suicídio é uma delas a diferenças nesse modo de apresentação das respostas adolescentes mesmo em fenômenos semelhantes O Despertar da primavera uma peça de um dos seus personagens adolescentes não
suporta a sua própria posição não dá conta de atender as demandas e os ideais dos pais mas também não dá conta de dizer não a eles né e não encontro muito desesperado onde ele diz faltou apenas uma palavra ele também passa o ato né ele também é termina é com um suicídio ao mesmo tempo é que a gente tem esses clássicos ao longo da literatura e ao longo da história se constituindo a gente começa a se perguntar como que a gente lê e como que enquanto adulto a gente lida com essa experiência no fim da
navalha tem um filme francês premiado agora acho que ano passado é Close em que dois adolescentes de 13 anos muito amigos queridos não de bicicleta juntos no interior Rural francês fazem tudo juntos um dia uma amiguinha no lanche pergunta vocês são gay vocês estão juntos isso surpreende um deles mais do que o outro e ele se afasta radicalmente do amigo esse amigo não suporta esse afastamento mas não tem uma palavra para ser dita ou endereçamento pois ele também tem o final trágico mas o mais curioso já que a gente tá falando dessa adolescências florais e
a gente não saber que o Brasil tem umas das maiores taxas de suicídio de adolescentes e que ela tá concentrada nos nossos povos indígenas não em todas as etnias em algumas específicas mas que os adolescentes indígenas eles têm uma taxa três vezes maior que os adolescentes brancos e um pouco menos mas também maior que os adolescentes negros há uma configuração que na leitura do indígena e na nossa leitura ao lado deles entende que se tratam quase que de homicídios quase que de um outro que ao acuar e o povo indígena ele foi entrando cada vez
mais para dentro do país só que agora não tem mais dentro porque ele já estão esbarrando com as atividades comerciais econômicas agrícolas Então essa redução do espaço da natureza que para eles é corpo né para eles todos os seres são semelhantes e são um corpo único produziu um empobrecimento tem uma leitura própria dos Espíritos da floresta do modo como a natureza é lida e a gente diria é universal essa resposta a pluralidade dessa história que não aparece na literatura pode ser tratada sim e a gente sabe como essa estratégia de prevenção do suicídio em povos
indígenas existe um saber ali produzido muito evidente respeito diálogo conversa troca protagonismo saberes em não equivalência necessariamente mas em encontro e com uma construção muito complexa a gente tem um guia porque que é difícil usá-lo Por que que a gente precisa complicar aquilo que é sustentar um corpo e ebulição para que ele possa seguir o seu caminho encontrar o seu próprio saber existem distintos modos de pensarmos a maneira como o novo sempre vem e sempre se inaugura a partir da adolescência e como lidar com ele o Freud é vai dizer que o adolescente ele Mira
Da janela do seu quarto o seu Horizonte e é claro que geopoliticamente pode não haver janela né e agora eu nem tô pensando no indígena eu tô pensando num adolescente morador de rua ele pode olhar de uma oca ele pode olhar de uma tela mas um novo sempre vem como que a gente pode lidar com ele essa responsabilidade não tem como não ser compartilhada se o drama das antigas gerações era a distância a incapacidade da troca hoje é ausência de um Horizonte comum solidariedades compartilhadas no avesso dessa lógica neoliberal e capitalista que individualiza a gente
que nos transforma em seres Ultra competitivos exaustos né porque é uma competição que não dá trégua existem outras lojas solidárias essa pluralidade apagada silenciada violentada essa pluralidade ensina a um saber a um saber que a gente pode compartilhar e construir a gente pode inventar o que não o que não existe ainda dentro da mesma situação que a gente está vivendo a gente não precisa só destruir para construir quando a gente Funda algo novo um novo universal ele passa a vigorar e força o sistema a reagir a ele Quando essas pluralidades invisibilizadas e apagadas corpos negros
e periféricos toda essa configuração que não tá no nosso plano de leitura hegemônico emerge a gente precisa aprender a lidar com essa novidade as Universidades passaram por isso no contexto brasileiro com as ações afirmativas hoje a gente não lê mais somente as mesmas pessoas que liamos eu me lembrei muito da lélia Gonzales que discute a juventude nega periférica e muito antes do imbembei explicar a necropolítica que é essa marcação de determinados corpos que podem ser eliminados porque eles são considerados os inimigos da civilização para que a civilização possa se tranquilizar e se sentir mais segura
essa eliminação já era discutida por lélia nos anos 80 quando ela mostra que esse mercado de reserva que é hoje supérfluo esse mercado de reserva é eliminável porque nós hierarquizamos a tal ponto a ideia de humano que nós nos desumanizamos nós somos capazes de conviver com a realidade brasileira em que a cada 26 minutos um adolescente negro periférico é assassinado e se tornar se não indiferente o insensível não engajado com isso não é possível que a gente conviva com a ideia de que a cada minuto duas mulheres são estupradas e só Oito e meio por
cento desses estupros vão participar de nós policiais e para os boletim de ocorrência a maior parte delas tem 13 anos adolescência ela tem e a juventude tem ensinado que é preciso que a gente tome partido tome posição tornar visível os problemas para eles podem ser enunciados porque nomeados eles podem ser tratados é uma juventude que não recua no próximo bloco as adolescências contemporâneas são talvez a maior marca a maior presença o maior testemunho de que a gente tem que aprender a escrever de outra forma a história [Música] diversas vezes a ideia de generalizar e universalizar
um conceito um período parece ser a forma mais fácil e abrangente de entendê-lo uma forma de nomear para compreender mas podemos universalizar O que é adolescência ao fazermos isso corremos o risco de deixar de Fora as tantas particularidades diferenças e singularidades existe hoje uma reescrita que muda a codificação que organizava uma espécie de uma gramática e o comum agora nessa pluralidade visível tem na adolescência o seu vigor não Sem sofrimento inquietação paixão dispersão indiferença é um dos modos da do encontro com a diferença acontecer é essa resposta recuada como a gente vai trabalhar a partir
daí junto com Jaqueline Moreira a gente desenvolveu a ideia da alça não tem como a gente lidar com adolescência sem entender que é uma passagem e o quanto mais interessante mesmo que difícil gostosa seja essa passagem ela transforma gerações tudo que há de novo virada aí desse encontro confronto entre as gerações E aí a ideia da alça tem a ver com ser uma espécie de um suporte e a gente vai entendendo que a alça às vezes é algo toda essa complexidade né que a gente tá falando que a passagem de adolescente algo muito singelo às
vezes um sujeito vendedor do churrasquinho se torna um ponto uma alça que permite ao adolescente fazer essa travessia sem morrer porque os adolescentes negros pobres da Periferia precisam sobreviver um adolescente correndo com guarda-chuva ele pode ser assassinado porque a polícia não vai pagar para pensar se é uma arma um guarda-chuva né então às vezes ele se salva ali e essa alça foi aquele encontro cotidiano que permitiu uma abertura um vira ser aquilo que o Rambo chama de encontrar a fórmula e o lugar e de outro lado porque o adolescente não tá sozinho né a todo
um conjunto que pode produzir o encerramento pode produzir a coação e pode produzir a abertura do encontro desse sujeito com as possibilidades de resposta que o seu saber pode produzir então do lado do outro no campo do outro é preciso que a gente repagine-se regriff os textos que a gente leu e que a gente possa também estar disponível para suportar sem cair junto com adolescente sem se tornar um adolescente sem largar tudo né e alongar na vida adulta uma experiência já decisão a gente também pode encontrar essa possibilidade da gente se renovar e se rejuvenescer
da gente se reler da gente se reduzir a Lidiane disse como trabalhar a pura realidade em especial a dos adolescentes com currículo escolar que o universaliza os corpos mudando os currículos mas não podemos ficar só nisso né Toda reprodução midiática intelectual científica É configurada nesse modelo que se deseja o nívoco é mais que na verdade é imposto né De um modo muito violento como hegemônico e pode ser uma violência doce né ou uma violência brutal a hipermedicalização eu acho que é uma dessas formas doces né da gente sedar a reação adolescente eu acho que é
fazendo que vem sendo chamado de Justiça epistêmica O que que significa isso todo mundo pensa o mundo desde que o mundo é mundo de barriga bem fácil né ninguém vem ao mundo e não se pensa ninguém vê o mundo e deixa de tentar entender onde é que vive como é que vive mesmo quando a gente tem diferença depressão né uma reação recuada em relação ao mundo o mundo nos Interroga permanentemente e permanentemente as respostas são construídas então quando a gente cria uma tradição de cinco países pelo menos na academia né como se cinco países fossem
capaz de entender 180 tem no mínimo uma matemática estranha aí quando a gente escuta essa pluralidade que hoje se escreve e exija a reescrita do mundo a gente já começa a interrogar Os Clássicos ler e acho que Renato Nogueira também fez isso ele falou né de referências centradas por quê que a gente não liga essa filosofia psicanálise a psicanálise eminentemente europeia e branca a gente vai ter que escrever uma psicanálise Latina uma psicanálise escrito como aos demais mulheres trans a gente tá tendo privilégio de viver o avanço né de um mundo imitação e de poder
interferir nos processos decisórios sobre como ele vai ser reescrito eu digo que é privilégio apesar de saber que essa escrita nem todo mundo vai participar dela do mesmo jeito é que necessariamente as escritas que emergiram vão ser umas escritas com mais dificuldade do que outras de em relação ao acesso para serem lidas para circular mas já não há como não incluí-las o bispo é um Pensador quilombola Antônio Bispo ele vai ele vai recolocando as palavras e com isso ele vai recolocando o modo de enxergar os problemas né ele tem um último livro que são os
quatro cantos do mundo onde ele vai mostrando essa lógica que não tem um centro não é que ela é descentrada Ela tem múltiplos centos esse desvelamento vai ganhando forma e nome quando uma pessoa pode nomear uma violência sexista ou uma violência racista até a angústia até o modo como o corpo dela lida com sofrimento se modifica como não produzir novas ideias como não sustentar que a gente precisa de responder de outro lugar o tema vasto e complexo do adolescência vem sendo estudado e refletido por diversos especialistas e ao longo dos anos como as tantas transformações
da nossa sociedade Vemos as mudanças na forma dos jovens atravessarem essa fase tão marcante da vida humana nesses 20 anos O Café Filosófico tem convidado psicanalistas médicos filósofos entre tantos profissionais para nos ajudar a pensar a adolescência e seus movimentos [Música] na adolescência a neurose vem através do desamparo através da angústia tamanho o tamanho do seios a moda o grupo o futuro que que você vai ser filha o que Que profissão você vai escolher não sei É uma angústia muito grande eu queria ser professora mais se eu falar isso me matam percebe Então eu tenho
que escolher uma coisa que não tire o desejo dos outros sobre mim que se faz com essa angústia essa angústia tem que ser trazida para dentro de casa e transformada em fala como que a angústia do Adolescente aparece através da neurose através da raiva do medo e da culpa precisa ter alguém em casa para perceber isso nossa meu filho tá nervoso a gente fala bom dia para ele ele fala um palavrão então tá normal [Aplausos] e o que é necessário fazer ficar perto dele e senta aqui vamos conversar mas eu não quero conversar com você
eu vou ficar aqui perto de você até a hora que você quiser conversar comigo eu vou ficar aqui perto de você [Música] que essa geração ai não sei o quê que eles é uma geração que está absolutamente infantilizado e está cada vez mais retraída não saem menos de casa tem menos amigos pessoais e carne e osso mas amigos virtuais dormem menos por conta desse uso desmesurado do celular diminuição de jovens que querem dirigir um carro diminuição de jovens portanto que querem sair de diminuição de jovens que saem de casa ficam até se estendem anos e
anos não querem sair de casa de jeito nenhum diminuição das relações afetivas São Marcos extremamente importantes que estão falando de jovens que estão cada vez mais se retirando do contato como o mundo talvez tenha algo que a gente possa destacar na fala dos dois que é a presença é interessante como que de uma forma né quando Ivan fala do lugar do outro parental principalmente né no modelo tradicional burguês né de família a gente chama reduzida né nesse modelo de família e a Dani te Pondé traz a tecnologia para pensar como que a adolescência se fecha
em si mesma é me ocorreu que há uma necessidade da gente seguir com olhar atento porque se a gente sabe que as tecnologias mudaram o mundo que o mercado de trabalho daqui a 20 anos a gente não sabe o que será escolher profissão hoje não é algo Evidente é impossível a gente saber se a profissão que a gente deseja daqui a 40 anos ou 30 vai existir vai existir essa profissão como que as nossas objetividades não estariam transformadas como que as adolescências não seriam já que são essas portas vozes do novo as primeiras a experimentarem
o que que é essa novidade E aí o que me ocorreu é que acho que eles já dão também um caminho né O que é muito interessante olhar atento e corpo ao lado porque há uma demanda e a gente não sabe o que que ela vem esse silêncio do Adolescente ele não é eterno esse tempo da tela ele não é 24 horas bom se é algo já muito mais radical mas estar ao lado e disponível também do lado do mundo adulto não é evidente os modos de configuração da paternidade da Maternidade especialmente agora né que
são possíveis configurações familiares distintas desse modelo hetero normativo a gente começa e o mundo do trabalho o mundo adulto do trabalho também se modificou e eu ainda acrescentaria nesses 20 anos né pandemia cujas consequências estamos ainda por entender o que que uma Adolescência vivida né no auge do encontro com a Sexualidade na tela vai produzir não é sem consequência falar sobre adolescência tem alguma singularidades não é um objeto qualquer existem experiências que a gente passa e consegue olhar de fora com a adolescência um pouco diferente adolescência ela resta em nós de alguma forma Então o
que a gente queria é tirar essa ideia de que os adolescentes são os outros a primeira questão para uma abordagem da adolescência é entender a nossa relação com ela todos nós fomos adolescentes né todos nós passamos por isso foi um período difícil o período de sofrimento e se a gente não entender como é que a gente absorveu isso isso vai voltar de uma forma de uma ignorância cognitiva Sobre aquelas experiências não entendidas porque adolescência que você teve vai ser a lente que vai te permitir enxergar a adolescentes que estão na tua frente e adolescência atual
não afogar o adolescente que a gente foi né porque se a gente afogar a gente vai se privar da nossa experiência nós não vamos entender a nossa história porque às vezes o que a gente afoga não é algo só em ordem da prepotência da ingratidão do afoito que a gente é quando o Moço mas às vezes a gente afoga o sonhos que nós tivemos e aos quais nós não podemos corresponder tem um documentário que se chama nunca me sonharam são adolescentes na sua grande maioria falando né uma outra entram algumas construções especialmente teóricas de pensadores
do nosso tempo nesse documentário eu me lembrei de duas passagens que são os adolescentes do hip hop cantando e um deles fala é na letra dele eu olho para frente eu não vejo nada na realidade o que me ocorreu foi e o que a gente nem vê da nossa na nossa adolescência não apenas o ponto em que não nos demos conta de atravessar alguns traumas obstáculos da nossa adolescência mas o quanto que cada adolescência configurou o mundo e deixa de Fora outras porque não dá para ser o mesmo depois desse encontro com outra adolescência também
é a nossa e a outra inscreva-se no canal do Café Filosófico CPFL no YouTube e siga nossas redes sociais para mais reflexões então o desafio Talvez né de pensar essas vidas negadas que precisam se refazer dia a dia para recuperar né O Poder sustentar que são humanas e não não seja o de escutar essa diferença e respeitá-la quando ela aparece em qualquer nível de conversa seja na clínica seja no posto de saúde seja na escola [Música]
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