k [Música] [Música] o que move hoje as relações amorosas no contexto do neoliberalismo onde tudo se transforma em mercadoria os afetos podem ser comprados como é possível um encontro real no mundo das relações virtuais se a gente tá o tempo inteiro performando a gente acaba criando conexões mas não cria vínculos O que determina a forma como nos comportamos e sentimos existem scripts culturais roteiros culturais construídos que te dizem como você deve performar como homem ou como mulher como o nosso desejo é construído as coisas que compõem a nossa sociedade Vão marcar também as formas as
cores os tipos de amor que a gente tem desafios e possibilidades do amor contemporâneo tema desta série do Café [Música] Filosófico pensar o amor sempre foi fascinante para o ser humano filósofos artistas poetas psicanalistas tanto se dedicaram e se dedicam a entender as relações amorosas o que nos move nos atrai nos une é possível encontrar Quais são as respostas para uma pergunta aparentemente simples Como Amamos conhecer as estruturas materiais e simbólicas que nos rodeiam entender o contexto social cultural ecm ao longo dos anos nos permite conhecer também o nosso modo de amar Vivemos em um
sistema capitalista seria ele capaz de influenciar o que queremos e o que praticamos inclusive nos arranjos amorosos vou começar com uma história do patriarcado ele é um sistema vai construir uma narrativa que vai atribuir a natureza a sua condição e vai em seguida criminalizar a própria natureza eu tô falando então de uma narrativa que vai colocar certas características e condições habilidades e competências a partir de uma generificação e isso vai ser um fator que vai estabelecer as transações eróticas ou seja homens mais altos ombros mais largos quadris estreitos corredores que se possam caçar e voltar
houve uma hipervalorização disso que foi construindo então certos os arquétipos de masculino e de feminino então homens atraentes são homens capazes de fazer o quê provisão e tem um lugar que é dôo doméstico para o feminino então mulheres se aproximando na natureza homens da cultura razão mulheres emoção o patriarcado é um sistema e a gente entende o machismo é uma tecnologia desse sistema e tem um discurso em torno desse sistema e dessa tecnologia desse dispositivo que é a misoginia Então as características para manutenção da vida material elas são características masculinas a Sofie benet uma arqueóloga
ela vai fazer uma observação muito interessante que vai dizer não é bem assim as mulheres faziam caçavam também as mulheres também eh garantiu a vida material e isso ela vai problematizar essa hegemônica que tá dizendo alguma coisa de características de mulheres e de homens que tá ali num binarismo de gênero e nesse binarismo ela tá atribuindo a força a virilidade ao masculino Isso vai ser colocado na conta da natureza ou seja natural que assim seja é natural que as mulheres desejem homens for última instância a força virilidade como olia de resolução de conflitos foi produzindo
os homens numa socialização em que o medo e a raiva foram afetos muito mais utilizados na hora de lidar com conflito com a oposição com a contradição então na história da humanidade O protagonismo das form das formas coletivas de violência não que não que não tenham mulheres envolvidas mas é masculino os dados mostram isso é masculino tem uma história tem uma tecnologia dos afé que vai produzir isso como o corpo masculino preferencial dito isso vou passar pro século X na Europa ocidental e eu quero chegar no romantismo no amor romântico tem uma cena do amor
romântico que ela começa nessa narrativa do patriarcado o pedido de casamento ele remonta no nosso inconsciente coletivo no nosso inconsciente afetivo a uma imagem popularizada que é do trovador na produção do Amor corts em que um trovador cantava para Z ela que estava na sacada da janela essa é uma cena de uma produção de uma de uma tecnologia de conquista e sedução O corajoso e uma pura que que acontece nesse momento tem um enfrentamento com a ascensão do amor corts se enfrenta o seguinte até então os casamentos em muitos contextos né culturais no mundo inteiro
os casamentos não eram ligados a uma escolha individual os casamentos tinham relações diretas com acordos geopolíticos com firmar parcerias de clãs grupos familiares manutenção de território patrimônio nesse momento começa a ter um chamamento pra liberdade que é um conceito que é um afeto chamar de afeto e liberdade também como afeto que vai ser muito importante pro liberalismo pro capitalismo possibilidade de escolha feito isso a gente tem essa cena que é uma cena de que essas mulheres têm que ser de aluma forma cultuadas adoradas Então existe um grau de proteção a essa mulher que tem uma
margem de escolha para poder se organizar estamos falando de então de uma cultura que ela é Cis heteronormativa patriarcal misógina que tem lugares sociais definidos por natureza e que aponta natureza como um lugar de exploração Um Outro registro do patriarcado o patriarcado além de ser esse editor esse autor de um regime amoroso é também responsável por outras formas de organização social o capitalismo tem a ver com o patriarcado e o racismo também tá embrenhado no patriarcado o patriarcado ele se organiza a partir de uma certa fobia em relação ao outro no eixo num num eixo
geométrico de poder onde tem uma linha horizontal onde os homens habitam uma linha vertical onde as mulheres habitam a parte de baixo o X tem duas obras que eu quero destacar especificamente né a mejera Domada que é uma comédia de 1594 e 3 anos depois ele publica Romeu Julieta uma tragédia que que acontece nessas duas histórias que também aparece entre estão e zolda que é uma prosa poética alemã medieval que elas têm Elas têm ali a paixão a paixão é um afeto que entra na composição dos relacionamentos pela primeira vez Isso fica muito acentuado e
a paixão parece o elemento preferencial para nos levar a uma escolha amorosa e a paixão tem uma ela é acionada por um agente individual diferente do agente coletivo que organizava um casamento deve prevaleceu amor bom Peregrino ofende demais a sua mão que que se mostrou reverente e devota Esse é um princípio que vai atravessando S comeu Julieta Tristão e zolda estão preocupados com você e eu também eu posso ver mas a Meira Domada ela tem algo importante nessa comédia Talvez seja uma boa imagem de como tem um processo de transformação desse desse discurso do patriarcado
do Poder masculino como essa relação ela vai se organizando para um cuidado e para um tipo de conquista na peça A meera Domada escrita por William Shakespeare um rico Mercador italiano deseja casar as suas duas filhas a mais nova era bonita e agradável e todos competiam para desposá-la mas o pai impõe uma regra que antes alguém se case com a filha mais velha Catarina obstinada forte e considerada desobediente surge Petrúquio um falido senhor de Verona que buscava uma esposa rica ele se revela um grande estrategista mostra-se interessado em Catarina concordando com suas ideias ela iludida
casa com ele que então se revela começa a domar sua esposa recusando sua comida detestando suas roupas e discordando de tudo que ela diz após um tempo presa a esse casamento ela se rende e petruquio se vangloria de ter sido ele aar reinado com muita habilidade tensionando chegar ao fim comito completo Meu Falcão está com fome enquanto não ficar bastante dócil não encherá o papo de outro modo não obedecerá a me aceno Essa é a maneir de matar com Carícias uma esposa dobrarei desse mod o gênio dela se alguém sabe como amanar melhor uma mejera
Venha ensinar-me que aqui fico à espera um elemento fundamental do patriarcado que tá presente no capitalismo que é a competição a concorrência devemos concorrer a mais bela e também as mulheres aos melhores aqueles que são os bons partidos o patriarcado ele produz um regime afetivo um regime amoroso e o patriarcado tá na base do capitalismo por qu o patriarcado ele parte de uma concepção de que a natureza é hostil como a natureza é hostil nos cabe conquistá-la e dominá-la tudo aquilo que é natural dá riscos e nessa narrativa do patriarcado nessa breve história do patriarcado
como ele aponta as mulheres como seres pertencentes à natureza no próximo bloco cada vez mais temos uma percepção de que estamos obsoletos que precisamos avançar evoluir melhorar nos aprimorarmos uma oração para que a gente possa ser amado durante séculos uniões e casamentos aconteciam por interesses políticos ou por questões de patrimônio a ideia do amor como elemento importante em um relacionamento surgiu apenas após o século X com a criação do chamado amor Cortez o amor vai se ligando assim à ideia de liberdade e de escolha individual bases do pensamento liberal o que valoriza a competição e
a concorrência pela pessoa amada de que maneira esse percurso do amor dentro do sistema capitalista pode influenciar o modo como nos relacionamos hoje quer se trate de afetos emoções e sentimentos aptidões linguísticas manifestações do desejo dos sonhos ou do pensamento em suma a própria vida nada parece do seu alcance uma vez que tudo se tornou fonte potencial de capitalização o capital se converteu em mundo uma Alucinação de dimensão planetária produzindo em escala ampliada sujeitos que são simultaneamente calculistas fictícios e delirantes o capital tornou-se Nossa infraestrutura comum nosso sistema nervoso a garra transcendental que agora desenha
o mapa do nosso mundo e de seus limites psicofísicos vemos cada vez menos do que nos é mostrado e cada vez mais do que a todo custo queremos ver mesmo que aquilo que a todo custo queiramos ver não corresponda a nenhuma realidade original talvez mais do que antes outros possam se oferecer a nós em uma presença física e tátil concreta enquanto permanecem numa ausência espectral e num vazio não menos concreto quase fenomenal esse tá um livro brutalismo da Killing bamb um grande Pensador contemporâneo grande filósofo que vai fazer o diagnóstico do projeto neoliberal né Ele
tem muito conhecido também pela questão do necropoder um tema que ele estuda ele traz aqui algo importante pra gente pensar ele tá falando do momento de vamos dizer assim de travessia e tá falando de um momento de crise da modernidade quando a modernidade entra em crise pode ser chamar de hipermodernidade ultram modernidade pós-modernidade é uma crise em que as metas narrativas modernas elas ficam desacreditadas é uma crise em que a razão Iluminista ela encontra Barreiras né aquele projeto aquela ideia de que a democracia de um estado burguês resolveria que a ciência tecnologia nos levaria um
avanço a pós-modernidade diz não é bem assim como diz o lotar François lotar filósofo francês mas tomando como essa crise eberg o que a gente vai chamar de neoliberalismo num ponto de vista mais prático que nós chamamos de neoliberalismo tem a ver com o Consenso de Washington no final dos anos 80 em que ele colocou alguns princípios fundamentais como reforma tributária reforma fiscal desestatização menos estado desregulamentação das relações comerciais de trabalho para aumentar tividade para que as possa ser mais veloz conquistar mais fazer mais coisa acumular tem uma ideia do patriarcado que é de acumulação
ter mais colecionar Porque como tenho pouco eu tenho medo de ficar com pouco então tem uma fantasia que eu pouco preciso de mais coisas e isso vai tá no projeto neoliberal em que medida todas instâncias da vida bem tá dizendo isso elas estão marcadas pelo pela pela medula espinhal que é o capital um dos elementos fundamentais do Capital a gente pensar com a filosofia pensar com Marx por exemplo é mercadoria mercadoria Tá no tá no CNE também da questão a força de trabalho e a mercadoria até o momento da humanidade não tínhamos mercadoria quando a
mercadoria surge a mercadoria é marcada por valor de troca e valor de uso a grosso modo e quando a gente fala em fetiche a gente tá falando de uma experiência que que abandona o valor de troca que não conhece o processo de como as coisas foram feitas e fica fixada onde fixada no valor de uso na marca um elemento do fetiche na filosofia de Marx é alienação eu não tenho contato estar alienado tá enredado né por por véu por Anéis que impedem que a gente possa manter contato com alguma coisa a gente não compreende o
processo das coisas não tem contato com o custo daquela produção a gente não consegue ter contato com todos os processos das relações que levam a produção de uma mercadoria a produção de alguma coisa a gente tá distante e quando a gente tá distante tem um elemento aí voltando aqui ao feti que é justamente incorporar um valor de uso que está além do próprio valor que é como se fosse um alguma coisa mágica quando trabalha com a psicanálise a gente pensando com Freud nos ensaios e também com Lacan o fetiche tem a ver com a substituição
de um objeto o fetiche é de alguma maneira é algo que tá dentro de um daqueles quadros psicopatológicos clássicos né que é neurose psicose e perversão o fetiche tá ligado à perversão a perversão tem um problema com a regra com a lei com o acordo a perversão quer ser a única fonte de acordo em certa medida e o fetiche serve para isso o fetiche substitui o objeto do desejo se torna o próprio objeto ou encarna pensando aqui o feitiche num registro psicanalítico num registro eh filosófico do ponto de vista da das relações de produção ele
é um elemento importante do projeto neoliberal eu tô muito interessado em pensar os impactos ou como o neoliberalismo que é um modo de produção o modo de organização Econômica ele vai eh modular a nossa subjetividade amorosa afetiva o que eu estou a dizer o capitalismo ele vai modular nossas transações eróticas cada vez mais também elas vão est ligadas a uma indústria do da Diversão uma indústria do Lazer tem um roteiro cultural que ele vai modulando e organizando os nossos encontros isso passa como mercadoria B de mercado projeto Liberal ele operava de que maneira as coisas
ficam obsoletas em curto espaço de tempo eu tem um celular e ele dura a sua novidade dura cada vez menos a gente customiza os produtos lá no século XX na década de 20 os produtores de lâmpada estadunidenses resolveram encurtar a vida das lâmpadas para vender mais lâmpadas isso é um dos protótipos da obsolescência programada Qual a diferença do projeto neoliberal não é mais uma obsolescência programada da mercadoria mas eu arrisco a dizer pensando com o regime amoroso que é uma objetificação de si cada vez mais nos Auto objetificam cada vez mais temos uma percepção de
que estamos obsoletos que precisamos avançar evoluir melhorar nos aprimorar uma aprimoração para que a gente possa ser amado eu tô partindo um pressuposto clássico que a gente tá buscando a ser amado a gente quer amar a gente quer amor amor que nos sustenta n e a gente vai competir pelo amor nessa competição nesse regime amoroso de o mercado dos afetos o orgulho é um afeto que nós queremos parece que é um afeto que nós desejamos ter orgulho de si orgulho da pessoa que tá com você o Adam Smith ele vai falar do self Love o
self Love que é esse amor próprio esse amor por si ele surge numa arquitetura do que é a moral Liberal onde um Pensador Holandês Bernard mandev ele vai dizer o seguinte os vícios privados fazem bem pra vida pública e coletiva e as virtudes podem levar a idade a ruína que vai ser o amor próprio do Adam smi que é o seguinte o tem um grau de beleza no egoísmo porque ele é produtivo ele é produtor e o egoísmo tem ali sua relação com a competição com a concorrência isso nos levaria ao avanço enquanto um excesso
de humildade um excesso de virtudes não competitivas elas podem nos levar a não avançar isso tá na raiz então do liberalismo o Adame bovari é um exemplo disso uma moleque que buscava o amor apaixonado afal é trágico também da história esse amor apaixonado é uma concorrência uma seleção é uma disputa encontrar alguém que caiba nesse sonho que caiba nessa fantasia de Um percurso do patriarcado que articula um regime moral um regime sexual um regime amoroso com uma modulação de organização social e econômica que é o capitalismo no próximo bloco querer trabalhar o tempo justo necessário
pra vida mas não ter o tempo todo colonizado pelo [Música] trabalho afinal o que move nossos afetos o que acontece com nossas vidas quando a cultura do lucro e a dinâmica do Capital transforma tudo em mercadoria incluindo nossas relações amorosas essa ideia de que tudo compõe o mercado tem invadido dimensões da vida e do cotidiano que antes eram restritas ao âmbito dos afetos e do privado Será que percebemos as influências que nos rodeiam e o modo como nossas escolhas e afetos podem estar sendo pautadas por elas nós somos seres que habitamos o reino dos afetos
fundamentalmente máquinas de sentir Como diz né Antônio damaz neurocientista português e a gente tá então os afetos foram quase que cristalizados como coisas dadas e uma classificação são classificados Alguns são bons outros são ruins Alguns são desejáveis eu quero alegria eu quero felicidade quero me afastar da tristeza por exemplo a quem diga isso né que não quer sentir tristeza a tristeza tem uma potência muito grande ela faz com que nós faz um reencontro conosco que a tristeza ela tem caráter de manutenção do Silêncio alegria ela é dada BB né a fazer barulho a tristeza ela
pede silêncio pede um grau de silêncio ou seja uma introspecção Espinosa é um filósofo que faz uma teoria dos afetos onde ele vai falar sobre paiões e paiões tristes de um ele fala do catos nossa nossa ânsia pela vida nosso querer viver e isso que ele tá falando que é buscar paixões alegres é essa isso é porque aumenta a potência de existir Então o que o Espinosa coloca então buscar o amor é buscar uma potência de aumento de força né aumento de vigor e quando aumenta o nosso vigor a gente consegue experimentar melhor a vida
então é isso que tá em jogo né isso é interessante porque a questão é quando a gente tá numa baixa potência a gente não consegue estabelecer uma conexão com o mundo nem comer o que é saboroso nem aproveitar o sono e aí uma pessoa faz isso né uma uma combinação né um agenciamento afetivo pode fazer isso então tô partindo que nesse quadro dos afetos Nós habitantes do Reino dos afetos Nós estamos sem ali tentando no contexto do neoliberalismo onde tudo se transforma em mercadoria os afetos podem ser comprados é como se nós pudéssemos comercializar os
afetos é como se nós pudéssemos então e aí a escolha de alguém de uma parceria amorosa ela passa agora não mais por um elemento fundamental do Romantismo amor romântico que tava lá na modernidade mas com a crise da modernidade ele também cai em declínio o projeto neoliberal de um mundo onde o algoritmo ele organiza os fluxos o algoritmo né o Big Data organiza fluxos nós desejamos mais controle é preciso saber quem é a pessoa as procedências de onde vem somos calculista calculistas fictícios delirantes vamos calcular custo benefício temos um grau de ficção a gente pressa
ficção naquele corpo da fotografia naquelas características que aparecem ali no site de relacionamento e delirantes isso faz com que a gente no projeto do capitalismo sempre podemos aprimorar os produtos nunca tá pronto nunca é suficiente nesse sentido e em que medida alguém se torna elegível para ocupar esse posto ao mesmo tempo que o neoliberalismo também ele aponta para outras aberturas para regimes amorosos que não são marcados mais por um contrato monon normativo uma necessidade de exclusividade sexual ele vai criando possibilidades vai criando muitas Abas muitas alternativas uma impressão de liberdade também é ter mais alternativas
concorrer por mais recurso concorrer por mais experiências a gente pensar na nossa estrutura afetiva Nossa estrutura pensar com a neurociência também como a gente funciona a gente gosta cada vez mais de dopamina a gente tá em alta velocidade pouco tempo para parar todos desejamos um respiro do mundo uma pausa dos padrões impossíveis que com frequência estabelecemos para nós mesmos e para outros é natural que procurássemos um alívio de nossas próprias ruminações incansáveis Por que fiz isso porque não posso fazer isso olha o que me fizeram então somos atraídos para qualquer uma das formas agradáveis de
fuga que agora estão disponíveis para nós cocktails a moda a câmara de ressonância da mídia social maratona de reality shows batata fritas e fast food videogames a lista não acaba drogas e comportamentos viciantes oferecem esse respiro mas com o tempo contribuem para nossos problemas e se em vez de tentar escapar do mundo para esquecer corremos em direção a ele e se em vez de deixar o mundo para trás mergulharmos de cabeça nele o mundo pode se tornar algo em que vale a pena prestar atenção a paciência é um afeto né ele aumenta a conexão com
as coisas porque você tem mais chance de observar de se conectar com uma situação uma circunstância com alguém nós habitamos um reino afetivo somos seres afetivos somos máquinas de sentir que pensam e todos os afetos eles fazem parte da nossa condição então não se trata da gente não gostar mais de um ou gostar mais de outro exatamente mas é como a gente lida ou se equilibra né nesse feixe nesse furacão nessa espiral afetiva que nos afeta que tá o tempo inteiro conosco então não ter tempo qual é o problema de não ter tempo a gente
não poder experimentar vivenciar tem algo que é próprio da humanidade que é experimentação do tempo então que é próprio de nós o problema quando a gente não tem o tempo para saborear para experimentar as coisas não quer dizer você tem que manter um formato único específico mas a ideia do tinder faz todo sentido com esse essa necessidade do pam enérgica da dopamina onde a gente quer picos de alegria Picos ali o tempo inteiro manter-se muito no alto né ter pouco tempo para degustar Eh vamos dizer assim as experiências mais comezinhas né as mais simples então
eu diria que não tem aqui uma forma só de fazer as coisas não tem o mais certo ou mais errado mas tem aquilo que vai deixar as pessoas mais confortáveis Ou seja você não não ter paciência tá afetando a forma como você vive tá afetando a sua conexão a sua intimidade com você afeta os seus relacionamentos em que medida isso t te afetado então será que a paciência pode ser um recurso que contribui para que você tenha mais tempo para se encontrar para se escutar e tem um quadro novo diante disso esse quadro novo ele
é uma sociedade interligada onde tem uma cibercultura nessa cibercultura a gente também se apresenta pelas redes sociais se apresenta e se comunica cada vez mais com palavras chaves descritores então em redes de site de relacionamento né divertida extrovertida legal bacana Gosto de passear de sair de teatro cinema Parece que foi produzido quase por um tipo de Inteligência Artificial que vai dando descritores que todo mundo tá interessado e quase todo mundo parece que deseja aquele descritor em que medida essa liberdade Prometida pelo projeto neoliberal por uma vamos dizer assim um neoliberalismo afetivo dos afetos ele nos
pregaria uma peça Essa é minha pergunta que nós somos capazes de escolher em última instância escolhemos a mesma coisa e obviamente que o corpo ali cristalizado como se o corpo fosse aquela fotografia que é o corpo que a gente vai procurar com aqueles descritores e alguns corpos são mais olhados do que outros obviamente dito isso tem então algo que é uma promessa de que nós podemos justamente encontrar algo que é próximo à perfeição que nós podemos escolher isso somos capazes de fazer essa escolha nós somos capazes de a partir de alguns critérios de exclusão assentimento
de uma introspecção que parece que nós sabemos também muito bem quem nós somos nós podemos eh ver que que preenche e calcular as probabilidades tem uma racionalidade neoliberal que ela calcula os riscos as taxas de riscos eu tenho ali um conjunto de dispositivos para poder fazer um cálculo sou calculista posso calcular que que vai dar nesse arranjo Com certas pessoas nessa busca por amor diante das transformações dessa objetificação que a gente vai vivendo né como é que a gente pode ser sujeito né numa relação é objeto Mais objetificado acho que tem algo importante que é
passar tempo conosco acho que qu a gente consegue passar tempo com a gente isso é uma coisa importante porque eu fico pensando em que tecnologias né Tem tecnologias culturais que é a gente ter tempo né tempo livre por quando o tempo é ocupado a gente opera muito por Demanda Isso é uma característica tem uma demanda chegou um negócio para fazer entrega faz você não tem um tempo que é o tempo desse silêncio ou dessa conversa ou dessa balbúrdia que por exemplo foi chamado foi mal interpretado vou dar dois exemplos Aqui foram mal interpretados para vocês
um exemplo foi a chamada preguiça que foi uma pesta Colonial colocada pros povos originários pra não é tempo livre porque não vou trabalhar o tempo inteiro eu vou fazer outras coisas vou pensar vou sentir vou observar o Horizonte né O que os estudos mostram é isso observar o horizonte reduz tempo de tela né botar pé no chão verde na cultura negra no Brasil foi o quê chamar de malandragem que era querer trabalhar o tempo justo necessário pra vida mas não ter o tempo todo colonizado pelo trabalho como a gente ser sujeito investir em tempo livre
tempo para isso Ó pra gente conversar sobre vida pra gente pensar quem nós somos pra gente e e eh experimentar uma canção tempo que não seja só produtivo então a objetificação tá muito ligado a uma hiperprodutividade' [Música] nós ou do outro alguma coisa que esse outro não pode entregar e como queremos que o outro se Curve ao nosso [Música] desejo discutir De que modo nossas relações amorosas passaram a ser influenciadas pela comunicação empresarial tem sido o tema de alguns estudiosos nomeando-o como capitalismo afetivo essa abordagem defende que a lógica capitalista invadia o interior dos relacionamentos
afetivos e a forma como vemos o outro e a nós mesmos precisamos competir no mercado mas também no mercado dos afetos E para isso é preciso performar e apresentar apenas a nossa melhor faceta de que maneira podemos criar vínculos verdadeiros e reais dentro do marketing de relacionamentos atual como as redes sociais poderiam contribuir nesse sentido seria possível algum formato de amor que resista ao mercado Eva é essa pensadora essa socióloga que tem trabalho com as emoções tem discutido debatido os afetos ela fala do amor na era do capitalismo né Franco israelense que nos brinda com
o seguinte né tem uma tecnologia de manejo que tá pela comunicação tem um eu editado tem um eu editado com as melhores partes né porque então o nosso narcisismo é provocado né mostrar melhor Face do que nós temos né do que nós somos e nessa edição de quem nós somos a comunicação serve para que a gente possa ter uma relação interativa e intra fetiva como é que essa relação intra fetiva Eu tenho um um grau de consciência relevante significativo do que eu t estou sentindo do que eu gosto do que eu desejo e eu consigo
comunicar isso pro outro eu tô pressupondo que tem uma linha direta entre quem enuncia e a pessoa que é receptora nessa linha da comunicação nesse modelo clássico né enunciador e receptor enunciador e receptora quem tá recebendo tá enunciando esse modelo clássico que essa linha direta que essa linha não tem ruído algum uma das questões mais Inter que a filosofia pode nos trazer comunicação ela é marcada pelo ruído né ruído o tempo todo tem que diminuir o ruído eu digo Vamos tentar diminuir o ruído da comunicação E nessa n nesse pressuposto a competência comunicativa ela é
condição de garantia do desejo condição de garantia de que o encontro amoroso seja funcional eu consigo dizer o que eu sinto o outro também que que nos falta então se nós somos capazes de conversar somos capazes de falar pro outro a ideia terapêutica de comunicação passou a designar os atributos afetivos linguísticos e em última instância pessoais do bom administrador e membro competente da empresa a ideia de comunicação e do que eu gostaria de chamar de competência comunicativa é um exemplo destacado de que Foucault chamou de episteme um novo objeto do saber que por sua vez
gera mais instrumentos e práticas de conhecimento em outras palavras em contraste com as abordagens fuco tianas que reúnem significados psicológicos e práticas sobre os rótulos de disciplina vigilância e governamentalidade sugiro que façamos um gesto pragmático Isto é que indaguemos o que as pessoas realmente fazem com o saber de que modo os produtos prodem sentidos que funcionam em contextos e esferas sociais diferentes o modelo linguístico da comunicação é uma ferramenta e repertório cultural usado como um modo de coordenar relações entre pessoas tidas como iguais e dotadas dos mesmos direitos e coordenar o complexo aparelho cognitivo e
afetivo necessário para fazê-lo comunicação portanto é uma tecnologia de manejo do eu que se apoia largamente na linguagem e na administração adequada dos Sentimentos mas com o objetivo de instaurar uma coordenação Inter e intra fetiva eu quero pensar que a comunicação ela pode ser um ato de fala ou a comunicação pode ser uma conversação pegar aqui dois encaminhamentos possíveis tá baseado em abordagens teóricas diferentes a comunicação como um ato de fala eu pressuponho que eu digo algo pro outro e tem um grau de objetividade nesse dizer pro outro tem um pressuposto que tem um grau
de objetividade e eu também tenho algum grau de consciência e calculabilidade do que aquilo provocará no outro a conversa como o nome tá colocando são versos que se compartilham são muito mais versos compartilhados do que alguma coisa que eu entregue pro outro eu não sei o que vai acontecer com aquilo que eu disponibilizei eu tenho necessariamente uma impossibilidade de cálculo completo do que vai acontecer então a conversa ela é de uma outra natureza só que nesse contexto de competência comunicativo que pressupomos é que somos capazes de atos de fala onde objetivamente nos comunicamos isso pressupõe
que eu possa então captar a natureza do outro nessa comunicação e me relacionar com essa natureza me relacionar com esse outro que está dado ali como se esse outro não fosse impermanente nós também e o nosso encontro fosse um sistema diferente do que nós somos então pensando em conversa pensando em comunicação um dos pressupostos da comunicação do contexto neoliberal é o marketing é a propaganda é preciso saber vender-se a si mesmo uma lógica da empresa onde todos se tornam empresas de si mesmos é is saber vender você mesmo saber se organizar e se mostrar de
modo que você Atraia o seu público o que é próprio de um relacionamento amoroso é um encontro com a humanidade do outro e com a nossa própria humanidade O que significa obviamente não se encontrar com uma fantasia o que o relacionamento nos exige E aí o regime amoroso ele vai ter esse problema vou trazer um outro elemento aqui desse do regime amoroso que ele vem com amor romântico vem com patriarcado estruturado nós falamos até agora nos exigiria algo que é uma impossibilidade e de fazer o encontro com a natureza do outro e nesse contexto da
comunicação contexto Liberal nessa conjuntura eh quando a gente fala em mercadoria a gente fala uma comunicação que passa pelo marketing em alguém que se vende bem né alguém que nos dá o afeto do orgulho nesse projeto de concorrência a gente tá falando em escolha individual de uma radicalização da escolha uma radicalização da Escolha que passa por esse artefatos probabilísticos que nós temos acesso mas em última instância Nós escolhemos o amor não é cruel nós somos cruéis o amor não é um jogo fomos nós que fizemos um jogo do amor em que medida trazer instâncias da
vida política da economia política PR nossa vida íntima que é a competição e a con faz com que a única forma de experimentação dos regimes amorosos passe por algum grau de crueldade em que medida tem um grau de crueldade que faz com que nós exijamos de nós ou do outro alguma coisa que esse outro não pode entregar e como queremos que o outro se Curve ao nosso desejo seria o caso então de apostarmos no amor confluente que serve tanto para monogamia e não monogami que é uma dinâmica amorosa seria o caso de retomarmos o amor
corts ou de reinventar o amor romântico ou seria o caso de apostarmos no poliamor qual dinâmica amorosa é capaz de resistir ao acachapante e violento movimento que torna as nossas relações amorosas transações econômicas e faz de nós e do outros meras mercadorias feti de um desejo que vai às vezes de encontro contra o nosso próprio desejo como ir a favor do nosso próprio desejo é óbvio que a gente não vai ter uma receita para isso né mas eu aposto uma hipótese é que o ritual e ter um espaço onde as pessoas consigam eh vivenciar intimidade
eu diria que é experimentar e a dinâmica do amor confluente por qu o amor confluente é uma dinâmica que ela em contraste com o amor romântico ela não parte do pressuposto de uma fantasia ela parte um pressuposto que esses arranjos são feitos e refeitos parte um pressuposto que as pessoas se modificam alguém que tá 20 anos com outra pessoa não é a mesma pessoa que ela conheceu anos atrás tem outras coisas cresceu mudou mudou a idade mudou mudou interesse Será que fizeram as viagens juntos habitam mesmo atmosfera afetiva querem habitar é bom que habitem alguns
casos pode ser bom que habite outr outros talvez não a pergunta que veio do público do Henrique Figueiredo Ele pergunta se o amor confluente pode se desenvolver em larga escala no capitalismo acho que a gente tem aí muitas muitas tensões para lidar né Eh como a gente faz com amor confluente nesse contexto do capitalismo e eu vou trazer aqui uma formulação e uma pergunta pra gente pensar é possível que o capitalismo se Organize de modo que a vida dê lucro que seja lucrativo viver que seja lucrativo a expansão da vida seja lucrativo uma vida onde
a natureza não seja de uma rival Então a gente tem aqui uma uma Um Desafio o ag gente então Eh repensa o capitalismo que é um modo de produção em que o lucro ele tem um compromisso com a vida ou seja colocar uma dimensão biofílica no capitalismo ou a gente vai ter que trabalhar outros modelos outra forma de produção tem que ser outro Imaginário econômico mas ser possível é colocar a vida e o prazer das pessoas respeitando os limites como uma maneira da gente se organizar a gente se relacionar a gente consegue criar um modo
de produção onde o bem-estar ele seja lucrativo ou seja o bem-estar se se é algo que aumenta porque faz circular ou seja gera riqueza mais pessoas felizes gera riqueza as pessoas de bem consigo gera riqueza à pessoas que não resolvem os seus conflitos acessando eh eh pacotes arquivos de violência as pessoas não tendo necessidade de se transformar num outro editar o seu eu para ser amado não precisar ser um outro não precisar se transformar não precisar aparecer menos idade do que tem vou ter uma outra forma física que seja diferente é possível isso seu desafio
existe margem para isso margem tem economia dos afetos e fetiche do desejo foi o tema deste programa E que nos leva a indagar é possível resistir a este forte movimento que encara as relações amorosas como transações econômicas é possível criar relacionamentos que não partam do pressuposto da fantasia mas sim de arranjos feitos e refeitos por pessoas que estão sempre se transformando este programa termina aqui mas no canal do Café Filosófico você encontra mais dessa reflexão sobre possibilidades e impossibilidades do amor e como fatores históricos e sociais podem afetar a forma como nos relacionamos acesse e
inscreva-se no canal do Café Filosófico CPFL no [Música] YouTube como a gente tem um fenômeno histórico que foi a escravização negra no Brasil o regime sexual e o regime afetivo o regime amoroso Eles foram ali separados porque pessoas negras foram tomadas como coisas objetos ferramentas Então esse corpo ferramenta corpo mercadoria ele tinha direito na Constituição dos afetos ele tinha direito a um regime sexual não um regime [Música] amoroso h