No início dos anos 2000, um BlackBerry era o sonho de consumo de muita gente. O celular moderno de teclado largo que enviava e-mails dominava o mercado e parecia muito longe de ser alcançado por qualquer outro modelo. Nessa época, a BlackBerry já era a maior marca de telefones do planeta e uma das empresas de crescimento mais rápidaso do mercado.
18 anos não parece muito tempo, mas olhando pra meados de 2005, a impressão é de que a gente vivia numa realidade paralela. Pra você ter uma ideia, os maiores concorrentes da BlackBerry na época eram a Nokia e a Motorola. O Motorola V3 e o Nokia N70 eram alguns dos que batiam de frente com a super máquina enviadora de e-mails.
BlackBerry, Nokia e Motorola dominavam o mercado, hoje elas não aparecem nem na foto. Bom, talvez só a Motorola apareça um pouquinho. Mas o fato é que agora o mercado se resume a Samsung ou iPhone.
Segundo dados do Statista, em 2011, a receita da BlackBerry chegou ao seu auge, atingindo 19 BIlhões e 907 milhões de dólares. 10 anos depois, em 2021, esse valor não chegou nem a 900 milhões. Então, o que resta saber é: O que aconteceu com a BlackBerry?
O que ela está fazendo hoje? Existe alguma chance da BlackBerry voltar a ser o que ela foi no início dos anos 2000? É exatamente isso que eu te conto nesse vídeo!
A BlackBerry começou quando tudo era mato. A empresa foi fundada em 1984 e inicialmente era chamada de Research In Motion, ou simplesmente RIM. No início, a RIM comprou uma série de patentes na área da tecnologia, criou o push email e reuniu diversos desenvolvedores talentosos que impulsionam a marca.
Na época, a empresa trabalhava com tecnologias como modems e pagers. Em 2000, a RIM lançou seu primeiro celular, o BlackBerry 957. O celular tinha uma excelente criptografia, era seguro, tinha e-mail, um ótimo sistema de mensagens e acesso à internet.
Não demorou muito para virar o preferido do mercado corporativo, afinal os profissionais podiam fazer tudo o que já faziam no computador, só que agora sem a necessidade de ficarem sentados em frente às telas. Vale lembrar aqui que o BlackBerry era muito mais corporativo do que pro usuário comum. Embora pessoas comuns tenham começado a usar o celular no dia a dia, a marca não dava muita importância pra esse tipo de público.
Mas, independente do público-alvo, o BlackBerry era o que o iPhone é hoje no mercado: status. Todo mundo queria ter um, porque quem tinha era visto como importante. Só pessoas bem de vida e com um bom trabalho que exigisse atualizações constantes tinham um BlackBerry.
A marca também foi a primeira a popularizar o teclado Qwerty em celulares, que serviu muito tempo como sua bandeira de vendas. A BlackBerry sabia o que o cliente queria e usava isso a seu favor. Ela sabia que as pessoas gostariam de conseguir responder seus e-mails fora do escritório e que o teclado largo seria conveniente pra isso.
E foi pensando em como seus usuários gostavam e necessitavam de contato constante com os outros, sem ter que se preocupar com limites, que criaram o BlackBerry Messenger, outro grande impulsionador dos celulares da marca. A funcionalidade permitia que os usuários trocassem mensagens ilimitadas, era quase um WhatsApp das antigas, mas apenas para donos de BlackBerrys. Depois essa funcionalidade virou um aplicativo para IOS e Android, mas foi engolido pela concorrência pesada.
lém de tudo o aparelho ainda tinha um design simples e era fácil de usar. foi com o BlackBerry que o vício em celular começou. As pessoas passavam o tempo inteiro grudadas na tela, atualizando e respondendo constantemente seus e-mails.
O celular que tinha sido lançado prometendo mais comodidade e liberdade aos profissionais, acabou deixando eles ainda mais ocupados, mesmo em seus horários livres. Os donos de BlackBerrys estavam sempre conectados. Atualmente não é nenhuma novidade, mas na época os celulares eram usados basicamente para SMS e ligações e não era um canivete suiço como hoje.
O vício era tanto que nos Estados Unidos o aparelho chegou a ser chamado de Crackberry, fazendo referência ao Crack e à dependência que ele causa. Mas isso não foi um problema, pelo contrário. Ano após ano, a BlackBerry lançava celulares cada vez com mais recursos e com uma tecnologia melhor.
O fato de celebridades como Kim Kardashian e o então presidente dos EUA Barack Obama usarem a marca também acabou sendo um grande impulsionador. Era um celular para todos. Os concorrentes também ofereciam a função de e-mail, mas nenhum investia tanto nisso quanto a BlackBerry.
Ele vinha equipado com o famoso teclado físico, tinha um serviço de mensagens exclusivo que só usuários da marca podiam aproveitar e ainda era seguro ao ponto de ser escolhido pela Casa Branca. Em 2009, a BlackBerry foi considerada a empresa de crescimento mais rápido do mundo pela revista Fortune. A Apple ocupava o 39º lugar da lista.
Nessa época, a participação da BlackBerry no mercado americano de smartphones era de 56%. A BlackBerry tava voando, gigante, dominando o mercado, sequer passava pela sua cabeça que ela poderia ser passada para trás. E esse foi seu primeiro grande erro.
A Apple chegou de fininho. Em 2007, quando foi lançado o primeiro iPhone, a BlackBerry não deu muita bola. O iPhone era caro e não tinha teclado físico.
Onde já se viu um celular sem teclado físico? Era isso que a empresa se perguntava. Mas a Apple estava pronta para dominar o setor e fez isso de pouco em pouco.
Foi aí que a BlackBerry cometeu um erro fatal, até um tanto egocêntrico pode-se dizer, ela acreditou que o usuário nunca abandonaria os teclados físicos e decidiu pagar pra ver. As duas maiores falhas da BlackBerry foram subestimar os concorrentes e não enxergar a mudança de comportamento dos consumidores. O mercado evoluiu e as pessoas mudaram seus gostos, mas a BlackBerry continuou a mesma, apostando no mesmo arroz com feijão de sempre e acreditando que o teclado físico e sua funcionalidade de e-mail seguraria a empresa por muito tempo.
A Apple não fez apenas um celular qualquer sem teclado e lançou no mercado, ela construiu todo um ecossistema em volta do iPhone. A BlackBerry tentou competir, mas foi lenta e teve uma evolução desastrosa. Pensando em bater de frente com o touchscreen da Apple, em 2008, a empresa lançou o BlackBerry Storm, mas o celular foi recebido com diversas críticas negativas.
As pessoas criticavam o touchscreen do aparelho, a falta de conexão Wi-fi e até o comportamento do teclado virtual. Em 2009, a empresa lançou o Storm 2, mas o público não reagiu muito diferente. Ainda assim, os BlackBerrys continuaram vendendo.
Primeiro porque o iPhone ainda era muito caro e também porque a Apple tinha um contrato de exclusividade com a operadora AT&T, que durou até 2011. Então quem não queria mudar de operadora ou pagar mais caro, ficava com o que já tinha. Fora que as pessoas também mostraram certa resistência em trocar seu celular por um sem teclado físico Mas os golpes na BlackBerry estavam só começando.
A marca queridinha das empresas não conseguiu prever que as pessoas comuns seriam o futuro dos smartphones, ao invés das grandes corporações. E e-mail não é o único interesse do usuário comum. Em 2008, a Apple lançou a App Store e o iPhone 3G de segunda geração, que suportava aplicativos móveis.
A App Store foi a grande jogada aqui. É claro que a BlackBerry seguiu o mesmo caminho, mas a loja de aplicativos deles só chegaria 1 ano depois. Enquanto isso, a Apple convencia os usuários de que o celular não servia só para trabalho e que ter aplicativos e jogos era mais legal do que ter “só” e-mail e segurança.
Em 2010, a loja de aplicativos da BlackBerry, a BlackBerry App World, acomodava cerca de 17 mil aplicativos, enquanto a App Store já tinha mais de 150 mil. Steve Jobs acertou em cheio e a BlackBerry não conseguiu acompanhar. Em 2007, a Apple vendeu um pouco mais de 1 milhão de iPhones, em 2011 esse número já estava em 72 milhões e em 2015 alcançou o pico de 231 milhões de vendas, de acordo com o Statista.
Nesse mesmo período, após o pico de mais de 52 milhões de vendas registrado em 2011, a BlackBerry voltou praticamente à mesma coisa que era lá em 2007, com menos de 10 milhões aparelhos vendidos, segundo o Business Insider. Tão brilhante quanto, mas de um jeito diferente, o Google também foi importante para a queda da BlackBerry. O Google comprou o Android em 2005 e tudo mudou a partir daí.
Com o passar dos anos, a tecnologia evoluiu e marcas como Samsung e LG foram algumas das que se aproveitaram do sistema operacional do Google. Então não tinha mais desculpa, se o iPhone era caro demais, era só comprar um Android. Afinal, quem iria querer um celular com botões e aplicativos limitados quando se podia ter um Android ou um iPhone?
Com o tempo, a Apple e o Google tornaram a BlackBerry obsoleta. Foi uma verdadeira queda livre. De acordo com o Business Insider, de 2009 até 2016, a participação de mercado da BlackBerry caiu de 20% para 0,1%.
Em 2016, a empresa anunciou que não fabricaria mais seus próprios hardwares, ao invés disso, passaria a terceirizar a produção. Nesse mesmo ano, Barack Obama trocou seu BlackBerry supostamente por um S4 da Samsung. E Kim Kardashian chorou a morte do seu celular preferido.
Em janeiro de 2022, a empresa encerrou para sempre o e-mail BlackBerry, o BlackBerry Messenger e outros serviços necessários para o funcionamento da maioria dos aparelhos da marca, reforçando o fim da trajetória de uma das maiores fabricantes de celulares de todos os tempos. Mas será que ainda tem alguma chance de a gente assistir uma volta triunfal da marca? Quando descontinuou vários de seus serviços em janeiro de 2022, a BlackBerry deu um fim definitivo no aparelho que deu nome à marca.
Os celulares ainda são vendidos, mas estão longe de ser a revolução os que conhecemos lá no início dos anos 2000. Isso aconteceu porque depois de várias tentativas frustradas de fazer um modelo de celular emplacar novamente, a BlackBerry se viu sem saída. Charles Eagan, que era o chefe global de software de dispositivos da empresa na época, admitiu que eles realmente ficaram desapontados com a má performance dos aparelhos no mercado.
Mas, apesar da frustração no mercado dos smartphones, a BlackBerry ainda tinha uma coisa muito importante a seu favor: ela ainda era reconhecida como uma referência em segurança. Invadir um aparelho da marca era extremamente difícil. Por causa disso, a empresa tinha uma posição privilegiada em setores sensíveis e altamente regulamentados, como o próprio governo.
Hoje, a BlackBerry trabalha com soluções de segurança corporativa e sistemas operacionais para carros. A nova BlackBerry está focada em conquistar as grandes empresas, não mais os consumidores comuns como eu e você. De volta às raízes Segundo o site da empresa: “garantindo um futuro conectado em que você pode confiar.
BlackBerry ajuda as organizações a se defenderem contra ameaças cibernéticas. [. .
. ] a BlackBerry é agora líder em segurança cibernética, ajudando empresas, agências governamentais e instituições críticas de segurança de todos os portes a proteger a Internet das Coisas (IoT). De qualquer forma, o mais empolgante da BlackBerry hoje são as tecnologias para carros, portanto é pouco provável que você volte a escutar alguém falar da empresa no mercado consumidor, se não de forma nostálgica.
O que você achou do destino da BlackBerry? Comenta aqui em baixo. Agora, se você quer descobrir como eu transformei o youtube em um negócio e como você pode fazer o mesmo, eu acabei de gravar uma aula nova onde eu te mostro como ir do Zero a 100 mil inscritos utilizando o que eu chamo de Efeito Netflix.
Pra assistir é só acessar o primeiro link da descrição descrição desse video apertando em “mais” logo abaixo do título desse vídeo. Ou apontando a câmera do seu celular pro QR code que tá na tela antes que essa aula saia do ar. Agora, pra descobrir como o Google pode estar com os dias contados, confere esse vídeo que tá aqui na tela.
Aperta nele que eu te vejo lá em alguns segundos. Por esse vídeo é isso, um grande abraço e até mais.