Olá pessoal! ! Hoje, no episódio 8, vamos continuar aprendendo sobre economia de forma simples e didática, mas vou aprofundar um pouco mais os conceitos vistos no episódio anterior, para entendermos porque o comércio é bom para todos, mesmo quando um dos agentes econômicos é melhor na produção de todos os bens.
O card com a playlist dos episódios anteriores aparece aqui acima, recomendo para aqueles que estão chegando agora no canal, que assistam na sequência para um melhor entendimento. Mesmo satisfeito com o aprendizado da noite anterior, após aprender sobre possibilidades de produção e porque o comércio é bom para todos, o habitante do estado da ilha estava intrigado pelo enigma que o professor havia deixado no ar. Como, mesmo o pecuarista sendo melhor na produção de batatas, seria mais vantajoso ele comprar essas batatas do agricultor e se especializar na produção de carne.
Da mesma forma, porque seria vantajoso ao agricultor se especializar na produção de batatas, mesmo ele sendo pior que o pecuarista na produção delas. A ansiedade pelas respostas era tanta que ficou visível para o professor durante o café da manhã, ele não conseguiria deixar o assunto para o jantar. Dessa forma, convidou o seu hóspede para caminhar pela ilha do norte para que ele pudesse ver alguns exemplos que ajudariam no entendimento daquele enigma.
Quando passavam pelo cais da ilha, o professor avistou algo que lhe serviria de exemplo no aprendizado. Está vendo aquela pessoa no meio da multidão? Apontando para que o habitante da ilha pudesse localizar.
Qual? Perguntou ele. Aquele de uns 2 metros… prontamente localizado pelo seu hóspede, já que pela altura o mesmo se destacava no meio da multidão.
Ele é um mercador. O melhor comerciante aqui do estado do norte. Tem dons de negociador que jamais ví em outra pessoa.
Isso o tornou muito rico. É mesmo? Exclamou o habitante da ilha.
Muito rico mesmo? Perguntou. Sim.
Ele deve lucrar umas 400 moedas de cobre por hora, realizando suas negociações de compra e venda. Respondeu o professor. Puxa, ele deve ser muito bom mesmo no que faz, comentou o hóspede.
Sim, mas dou sempre muitos conselhos à ele, pois ao mesmo tempo que é muito esperto, seu temperamento o faz praticar algumas burrices que passam despercebidas. Disse o professor. Por ser o maior comerciante das redondezas, ele tem várias carroças que servem para transportar as mercadorias, e agora com a descoberta da sua ilha, ele já possui 3 barcos.
Ahh, me lembro de ter visto ele lá no estado da ilha nessa última viagem que vocês fizeram pra lá. Sim, a maioria dos produtos que fomos vender pra vocês, foi ele que levou. Mas quais erros ele comete?
Perguntou o habitante da ilha. Como disse ele é muito temperamental. Ao mesmo tempo que é muito gentil e educado, as vezes se irrita facilmente.
Eu até o apelidei de "O Mercador de Veneta". Veja bem, continuou o professor. Ele sempre foi muito bom em tudo que fez.
Tanto as carroças, quanto seus barcos, foi ele mesmo que os fabricou, e sabe como ninguém fazer isso. Assim como dar manutenção neles. Quando fica irritado com o transporte das suas mercadorias, ele briga com quem dá manutenção nas carroças e vai ele mesmo fazer isso.
Conserta tudo mais rápido do que ninguém. Mas o que há de errado nisso? Ou considerado burrice, como o senhor disse.
O professor então passou a explicar, e o hóspede tratou de prestar bastante atenção, pois sabia que aquele exemplo estava sendo dado para que ele pudesse entender o enigma do dia anterior. Tá vendo aquele outro sujeito alí, de pele clara e cabelo comprido? Perguntou o professor.
É a pessoa que dá manutenção nas carroças e barcos do mercador, ele também negocia mercadorias, mas como não tem muita habilidade de persuasão, consegue ganhar em média, apenas 10 moedas de cobre por hora. Todas aquelas pessoas na multidão são mercadores, inclusive ele. Mas o "Mercador de Veneta" é o melhor, por isso consegue ganhar muito mais.
Como o branquinho alí ganha pouco como comerciante, ele decidiu consertar carroças para ganhar mais. Cobra 15 moedas por hora de trabalho, e costuma levar duas horas no serviço. Assim ganha em média 30 moedas por carroça que conserta.
O mercador, quando fica irritado, vai lá e consegue arrumar a própria carroça em 1 hora, ele é muito melhor que todos nesse ofício. Então, ele dispensa o consertador e faz ele mesmo o serviço, na metade do tempo. Eu também faria, disse o habitante da ilha.
Se ele é melhor, as suas carroças ficam prontas mais rápidas. Aí que está o erro, interrompeu o professor. Ele tem uma vantagem absoluta, mas não uma vantagem comparativa.
Essa é a chave paravocê entender o enigma que te falei ontem. Agora era o hóspede quem interrompia o professor. Mas qual a diferença dessa vantagem absoluta para o que o senhor chama de vantagem comparativa?
Custo de oportunidade. Respondeu o professor. Mais um conceito novo para o desesperado habitante da ilha, que revirava os olhos tentando absorver e decorar os novos ensinamentos.
Custo do quê professor? ? Custo de oportunidade, é o custo que temos para fazer uma determinada coisa.
Ou, o custo de oportunidade de uma coisa é aquilo de que abrimos mão para obtê-la. O "Mercador de Veneta" abriu mão de passar uma hora negociando seus produtos, e passou uma hora consertando a carroça. Logo ele abriu mão de negociar uma hora para obter o conserto de sua carroça.
Novamente, o custo de oportunidade de uma coisa é aquilo de que abrimos mão para obtê-la. Entendeu? ?
Ahh! ! !
Exclamou novamente o hóspede do professor. Mas como mensuramos isso? Simples.
Lembra que te falei há pouco que o mercador lucra em média 400 moedas por hora, quando está focado na sua atividade? Negociando os produtos que comercializa? Sim.
Concordou o habitante da ilha. Então. Ele abriu mão de ganhar 400 moedas de cobre quando passou uma hora consertando a sua carroça.
Ele consertou mais rápido, pois tem uma vantagem absoluta, economizou 30 moedas ao fazer ele mesmo o serviço, mas deixou de ganhar 400 moedas. O habitante da ilha começava a ligar os pontos e entender o enigma. O professor continuou: Já o consertador não tem uma vantagem absoluta no conserto de carroças, pois leva o dobro de tempo que o mercador para fazer o mesmo serviço.
Mas tem uma vantagem comparativa, porque o custo de oportunidade dele é menor. Explique melhor professor, não estou conseguindo entender. Pediu o habitante da ilha.
Simples. O consertador abriu mão de ganhar 10 moedas por hora ao deixar a atividade de mercador, para ganhar 15 moedas por hora consertando carroças. Já o "Mercador de Veneta" abriu mão de 400 moedas por hora ao deixar de comercializar produtos, para economizar 30 moedas ao consertar a própria carroça em uma hora.
Assim o custo de oportunidade do consertador é menor que o do mercador. Um tem um custo de 10 moedas e o outro de 400 moedas. Apesar do consertador ser pior no seu próprio ofício, o custo de oportunidade dele é menor, então ele tem uma vantagem comparativa no conserto de carroças em relação ao mercador, apesar do mercador ter uma vantagem absoluta no conserto.
É melhor que o mercador deixe o conserto da carroça para outros e foque seu trabalho naquilo que ele tem vantagem comparativa. Já era hora do almoço e o professor convidou seu hóspede para almoçar no restaurante próximo ao cais da ilha do norte. Ao se sentarem, o habitante da ilha não se conteve e pediu o mesmo prato do jantar do dia anterior.
Carne com batatas, queria apreciar novamente esse prato até então desconhecido. Motivado pelo cardápio, aproveitou para retomar o assunto do pecuarista e do agricultor, Então, professor, disse ele. Obrigado pelos ensinamentos desta manhã aqui no cais.
Entendi bem os conceitos de custo de oportunidade e vantagem comparativa. Mas para reforçar, o senhor poderia voltar ao caso do pecuarista e do agricultor, e mostrar esses conceitos seguindo a conversa de ontem. Claro, prontamente se dispôs o professor.
E começou a desenhar as informações do jantar da noite passada. Vamos considerar primeiro o custo de oportunidade do pecuarista. Se ele gasta 10 minutos produzindo batatas, ele terá 10 minutos a menos para produzir carne.
Como ele precisa de 20 minutos para produzir 1 kilo de carne, em 10 minutos ele produz ½ kilo, certo? Seu hóspede balança a cabeça concordando. Lembra que para produzir 1 kilo de batatas ele leva 10 minutos?
Então se nos mesmos 10 minutos ele produz ½ kilo de carne, 1 kilo de batatas lhe custa ½ kilo de carne. Lembre-se e anote aí para não se esquecer: "O custo de oportunidade de uma coisa é aquilo de que abrimos mão para obtê-la". Para produzir 1 kilo de batatas, ele abre mão de produzir ½ kilo de carne.
Anotou? Sim. Respondeu atento o habitante da ilha.
Então agora vamos ver o custo de oportunidade do agricultor. Para produzir 1 kilo de batatas ele leva 15 minutos, e para produzir 1 kilo de carne ele leva 60 minutos, fazendo as contas, é só dividir 1 kilo por 4, e 60 minutos por 4. Então ele produz 250 gramas de carne em 15 minutos.
Logo, o custo de oportunidade para o agricultor produzir 1 kilo de batatas, é de 250 gramas de carne. Vendo que o seu hóspede anotava tudo de forma atabalhoada, o professor pegou outro pedaço de couro e desenhou, de forma mais organizada, uma tabela com as informações. Olhe aqui, disse o professor.
Já vimos que o custo de oportunidade das batatas são essas. Para o pecuarista 1 kilo de batatas custa ½ kilo de carne, e para o agricultor o mesmo kilo de batatas custa 250 gramas de carne. Observe que o custo de oportunidade da carne é o inverso do custo de oportunidade das batatas.
Como 1 kilo de batatas custa ao pecuarista ½ kilo de carne, 1 kilo de carne vai lhe custar 2 kilos de batatas, entendeu? Da mesma forma, como 1 kilo de batatas custa ao agricultor 250 gramas de carne, 1 kilo de carne vai lhe custar 4 kilos de batatas. Veja bem, diz o professor apontando na tabela que desenhava para o habitante.
O agricultor tem custo de oportunidade menor na produção de batatas, enquanto o pecuarista tem custo de oportunidade menor na produção de carne. Isso nos mostra que o agricultor tem uma vantagem comparativa na produção de batatas, e o pecuarista tem uma vantagem comparativa na produção de carne. Nossa, agora estou entendendo melhor, disse o habitante da ilha.
Como vimos agora há pouco com o mercador e o consertador. O mercador tem um custo de oportunidade menor no comércio, já que produz 400 moedas em uma hora, enquanto o consertador levaria 40 horas para produzir as mesmas 400 moedas. E o consertador tem um custo de oportunidade menor nos consertos, pois abre mão de ganhar 10 moedas no comércio em uma hora, enquanto o mercador abre mão de ganhar 400 moedas.
Exato! ! Disse feliz o professor, ao notar que estava conseguindo fazer o seu hóspede entender um conceito aparentemente complexo.
As diferenças nos custos de oportunidade e nas vantagens comparativas criam ganhos no comércio. Quando uma pessoa se especializa na produção daquilo que ela tem maior vantagem comparativa, a produção total da economia aumenta, e melhora a situação de todos. Vamos relembrar a negociação proposta ao agricultor pelo pecuarista.
Ele receberia 5 kilos de carne em troca de 15 kilos de batatas, lembra? É a mesma coisa que ele comprar 1 kilo de carne por 3 kilos de batatas, concorda? Sim, respondeu o habitante da ilha, fazendo as contas na cabeça.
Então, como vimos há pouco, que o custo de oportunidade de 1 kilo de carne para o agricultor era de 4 kilos de batatas, a proposta feita pelo pecuarista de 3 kilos de batatas é mais barata para o agricultor. Ele vai se beneficiar porque comprará a carne mais barata. Agora veja pelo lado do pecuarista.
Se ele comprar 15 kilos de batatas por 5 kilos de carne, o preço das batatas será de ⅓ do kilo de carne. Nesse momento o seu hóspede fez sinal para o professor esperar ele fazer as contas. Sim, concordou, se 1 kilo de carne custa 3 kilos de batatas, 1 kilo de batatas custa ⅓ do kilo de carne.
Exato, prosseguiu o professor. Esse preço pelas batatas é menor que o seu custo de oportunidade atual, que é de ½ kilo. Assim o pecuarista também se beneficia porque comprará as batatas mais baratas.
Com essa negociação feita, o agricultor passará mais tempo produzindo batatas e o pecuarista passará mais tempo produzindo carne, com isso a produção total de carne passa de 16 para 18 kilos, e a de batatas aumenta de 40 para 44 kilos. E os dois se beneficiam desse aumento na produção. Nossa!
Parece mágica mas não é, tem uma explicação lógica para isso. Custo de oportunidade e vantagem comparativa, nunca vou me esquecer disso, falou satisfeito o habitante da ilha. Mas qual a lição você tirou disso tudo meu amigo?
Perguntou o professor. Diante do silêncio pensante do habitante da ilha, o professor emendou: O comércio pode beneficiar a todos os membros da sociedade porque permite que as pessoas se especializem em atividades nas quais têm uma vantagem comparativa. O conteúdo de hoje foi mais denso, mas você gostou?
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