[Música] he o dia começava como qualquer outro com o sol brilhando no céu e o ar fresco da manhã preenchendo a casa a pequena Maria de 4 anos corria pela sala com sua energia habitual empolgada para mais uma aula de natação seus cachos Dourados balançavam enquanto ela pulava de um lado para o outro mal podendo esperar para mergulhar na piscina e mostrar para a mãe como estava progredindo mamãe olha só o que aprendi na última aula exclamou ela agitando os braços desajeitadamente para imitar as braçadas da natação a mãe Joana sorriu observando a filha tão
animada ela se sentia orgulhosa Maria sempre foi uma criança Alegre e cheia de vida ela sabia que a natação era algo que a filha amava e como toda mãe dedicada fazia o possível para incentivá-la em suas atividades porém naquela manhã Joana estava com a cabeça um pouco longe preocupada com a lista de afazeres que a aguardava depois da aula de Maria ela precisava passar no mercado buscar um documento no trabalho e ainda por cima estava atrasada Maria Anda logo querida temos que ir senão vamos nos atrasar de novo chamou Joana enquanto apanhava as chaves do
carro e a bolsa eu tô indo mamãe só quero pegar minha toalha respondeu a menina com a voz fina e animada em poucos minutos as duas estavam prontas para sair Joana abriu a porta do carro e enquanto Maria subia no banco de trás ela deu uma olhada rápida no relógio o tempo parecia correr mais rápido naquele dia e ela sabia que se não saíssem imediatamente perderiam a primeira parte da aula com pressa Joana ajudou a filha a sentar-se na cadeirinha e passou o cinto de segurança de forma apressada não verificou se estava bem preso apenas
certificou-se de que estava passado sobre o corpo da filha pronto princesa estamos prontas vamos lá disse Joana tentando disfarçar a pressa em sua voz Maria deu um grande sorriso balançando as perninhas pequenas vamos nadar mamãe comemorou batendo as mãozinhas nos joelhos com entusiasmo Joana ligou o carro e saiu rapidamente as ruas pareciam mais movimentadas do que o normal mas ela tentou manter a calma enquanto dirigia desviando o pensamento para as preocupações do dia enquanto Maria cantarolava uma música qualquer no banco de trás Joana ajustava o rádio procurando algo para se distrair mãe depois depois da
natação a gente vai tomar sorvete perguntou Maria interrompendo a música que cantava Claro filha se você se comportar e nadar direitinho a gente vai Joana respondeu automaticamente sem tirar os olhos da estrada o trânsito estava começando a ficar mais denso à medida que elas se aproximavam de um cruzamento movimentado Joana impaciente começou a acelerar tentando aproveitar cada oportunidade para avançar entre os carros Foi então que tudo aconteceu rápido demais Joana olhou para o lado por um segundo distraída por um barulho no rádio que não conseguia ajustar quando sentiu uma pancada violenta no lado direito do
carro o impacto foi tão repentino que não houve tempo para reação o carro girou e foi lançado contra a calçada o mundo ao redor de Joana ficou em silêncio por um instante e tudo o que ela conseguia ouvir era o da própria aceler o impacto a deixou atordoada o corpo preso pelo cinto de segurança e seu primeiro pensamento foi em Maria Maria gritou desesperada tentando se virar no banco para ver a filha a visão que Joana teve quando olhou para trás foi um golpe esmagador Maria estava inconsciente caída no banco traseiro com o cinto de
segurança solto e a pequena cabeça inclinada de maneira estranha jo dentro de si como uma onda gigante e sua mente recusava-se a aceitar o que Via Maria não gritou com a voz trêmula esticando o braço para alcançá-la os segundos seguintes pareciam uma eternidade enquanto Joana tenta sair do carro mas suas mãos tremiam tanto que ela mal conseguia abrir a porta lágrimas já escorriam por seu rosto enquanto o desespero tomava conta de seu coração ela finalmente conseguiu sair do carro correndo para o banco de trás e abrindo a porta Joana segurou Maria com cuidado tentando falar
com a filha na esperança de que ela apenas estivesse desmaiada por favor Maria acorda sussurrava sacudindo levemente o corpo da menina Filha mamãe está aqui por favor as sirenes comearam a longe mas tudo parecia distante demais para Joana o rosto de Maria permanecia imóvel pálido e o pequeno corpo dela parecia tão frágil nos braços da Mãe Joana tentava controlar o choro sem sucesso enquanto o caos se desenrolava ao redor delas pessoas se aproximavam alguém chamava por ajuda e os socorristas chegaram rapidamente mas Joana só conseguia olhar para a filha como se o mundo congelado um
dos paramédicos se aproximou com cuidado senhora preciso que você se afaste Vamos cuidar dela disse ele com um tom firme e profissional Joana não queria soltar Maria cada fibra de seu ser resistia à ideia de deixá-la ir como se assegurando pudesse protegê-la de qualquer coisa ruim que estivesse por vir mas o paramédico insistiu com um olhar sério e sentindo-se impotente afastou-se com relutância assistindo enquanto a equipe médica começava a atender sua filha ela vai ficar bem não é perguntou Joana a voz embargada de dor por favor me diga que ela vai ficar bem o paramédico
evitou responder diretamente focado em seu trabalho Joana sabia que aquilo não era um bom sinal ela observa cada cada tentativa de ressuscitar sua filha e cada segundo parecia corroer suas esperanças a ambulância estava pronta para levar Maria ao hospital e Joana correu atrás sem conseguir pensar em mais nada O arrependimento começava a tomar forma em sua mente como uma sombra que a perseguia eu deveria ter verificado o cinto eu estava com pressa isso não poderia estar acontecendo pensava repetidamente sentindo-se sufocar pela culpa crescente dentro da ambulância Joana segurava a mãozinha de Maria esperando rezando para
que ela abrisse os olhos para que aquilo tudo fosse apenas um pesadelo do qual ela pudesse acordar a sirene da ambulância soava estridente enquanto o veículo cortava as ruas da cidade Joana estava sentada ao lado da maca de Maria a mão pequena e gelada da filha entre as suas enquanto os paramédicos trabalhavam incansavelmente o coração da mãe batia em ritmo Frenético como se fosse explodir a qualquer momento cada respiração de Maria parecia frágil demais a cada segundo a linha tênue entre a vida e a morte parcia ficar mais tênue por favor por favor Joana sussurrava
quase inaudivel os olhos marejados fixos no rosto pálido da filha aguente firme meu amor mamãe está aqui um dos paramédicos olhou para ela com compaixão mas havia urgência em seus olhos Estamos fazendo tudo o que podemos senhora disse ele enquanto ajustava um tubo de oxig e verificava os sinais vitais de Maria precisamos chegar a hospital o mais rápido possív Joana apenas assentiu sentindo o pavor aumentar a cada segundo que passava sua mente estava em um turbilhão de pensamentos ela repetia para si mesma que tudo ficaria bem que isso era apenas um pesadelo e que em
breve Maria abriria os olhos e sorriria como sempre fazia no entanto a visão da filha imóvel sem reação com o cinto frouxo ainda fresco em sua memória tornava impossível afastar a culpa que a consumia minutos depois a ambulância chegou ao hospital as portas se abriram e os médicos já esperavam para receber Maria Joana saiu correndo atrás da maca observando enquanto eles levavam sua filha para dentro da sala de emergência um médico jovem se aproximou tentando guiá-la para uma área de espera mas ela resistia eu preciso ficar com ela Joana gritava as lágrimas escorrendo pelo rosto
por favor deixem-me ficar com ela senhora precisamos cuidar dela agora disse o médico gentil mas firme tentando mantê-la afastada Eu prometo que faremos o possível mas você precisa esperar aqui relutante Joana finalmente cedeu e deixou-se guiar para uma cadeira próxima ela mal sentia o corpo as mãos tremiam enquanto esfregava o rosto molhado o hospital Parecia um labirinto de sons abafados luzes Frias e o murmúrio distante de médicos e enfermeiras a cada minuto que passava seu desespero aumentava as cenas do acidente repetiam-se em sua mente como um filme cruel eu deveria ter checado o cinto eu
estava com pressa ela é tão pequena e eu falhei a espera parecia interminável Joana estava perdida em pensamentos sombrios quando sentiu uma mão em seu ombro ela olhou para cima e viu o rosto tenso de Marcelo seu marido ele havia sido chamado assim que souberam do acidente e agora estava ali tentando entender o caos que se desenrolava a sua frente Joana o que aconteceu perguntou ele a voz baixa e repleta de preocupação como está Maria os olhos dela se encheram de Lágrimas ao ver o marido a culpa que a atormentava desde o acidente transbordou e
ela desabou nos braços dele foi minha culpa sussurrou entre soluços eu não prendi o cinto direito eu estava com pressa e agora agora ela Marcelo a apertou com força mas estava em choque com o que ouvia ele sabia que aquela não era hora de procurar culpados mas ver sua esposa tão devastada o fazia temer o pior não Joana Não fala isso disse ele tentando manter a voz firme embora o p também tomasse conta de seu coração vai ficar tudo bem os médicos estão com ela eles vão cuidar da nossa filha mas as palavras dele pareciam
se dissolver no ar sem força para aliviar a dor de Joana ela só conseguia pensar no momento em que colocou Maria no carro na forma apressada com que passou o cinto sem verificar se estava seguro o suficiente Aquela pequena ação tão comum rotineira agora Parecia um erro Irreversível que poderia custar a vida da sua filha algum tempo depois um médico emergiu da sala de emergência o semblante dele era grave o que fez Marcelo se levantar instantaneamente apertando a mão de Joana doutor como está a nossa filha perguntou Marcelo a voz trêmula tentando se manter firme
o médico hesitou por um momento como se tentasse encontrar a palavras certas ele abaixou levemente a cabeça antes de responder fizemos tudo o que podíamos mas começou ele respirando fundo Maria não resistiu os ferimentos internos foram muito graves lamento profundamente as palavras atingiram Joana como um golpe mortal ela sentiu o chão desaparecer so seus pés e tudo ao seu redor ficou em silêncio a respiração dela ficou regular os olos fixos noic como aa tentando process o elab de dizer não havia como for Joabe violentamente sem que ouv Marcelo tentou segurá-la mas Joana se debatia completamente
tomada pelo desespero seu corpo inteiro tremia e ela começou a gritar soluçando de forma incontrolável foi minha culpa foi minha culpa gritava ela as palavras saindo em meio ao choro repetidas vezes eu não coloquei o cinto direito eu matei nossa filha Marcelo a abraçava com força sem saber o que dizer o rosto dele também estava manchado de Lágrimas mas ele sabia que precisava ser forte por ela mesmo que seu próprio coração estivesse Despedaçado Joana por favor calma tentou ele a voz rouca pela dor não foi sua culpa não foi aconteceu um acidente mas não foi
culpa sua mas Joana estava inconsolável sua mente já estava mergulhada em um abismo de culpa do qual parecia não haver saída ela não conseguia parar de repetir que era responsável pela morte de Maria cada vez mais agitada vendo o estado dela uma enfermeira se aproximou preocupada ela trocou um olhar com o médico e rapidamente tomou a decisão de intervir acho que ela precisa ser sedada sugeriu a enfermeira olhando para Marcelo é melhor que ela Descanse por um tempo para evitar que se machuque Marcelo hesitante olhou para a esposa completamente devastada e fora de si ele
assentiu sentindo-se impotente diante da situação a enfermeira preparou uma dose de sedativo e com cuidado aplicou em Joana que logo Começou a se acalmar os gritos cessando enquanto o efeito do medicamento a envolvia Vamos cuidar dela senhor disse a enfermeira gentilmente mas ela precisará de tempo Marcelo se sentia péssimo com um peso constante no peito que parecia esmagá-lo a minuto ele não estava lá quando o acidente aconteceu estava viajando a trabalho longe de Joana e Maria e isso só aumentava sua culpa ele sempre viajava a negócios e naquela semana não foi diferente o Telefone Tocou
tarde Naquela tarde fatídica e a notícia o atingiu como um soco no estômago sua filha sua pequena Maria estava morta e sua esposa sua esposa estava destruída afundada em um abismo do qual ele não sabia se ela conseguiria sair quando chegou ao hospital naquela noite viu Joana chorando totalmente devastada desde então ele Tentava ser forte por ela mas a cada tentativa sentia que também estava sendo engolido pela culpa se ele estivesse lá se não tivesse viajado talvez pudesse ter impedido o acidente talvez tivesse visto o cinto mal colocado talvez tivesse segurado uma nos braços e
a protegido mas ele não estava eu deveria ter ficado eu deveria estar lá com vocês murmurava Marcelo para si mesmo Enquanto olhava para Joana que dormia sedada no leito do hospital sinto muito Joana os médicos tentaram várias vezes tirar Joana da sedação Mas cada vez que oiam ela começava a gritar desesperadamente pela filha Maria os gritos de Joana ecoavam pelos corredores do hospital seu corpo debatendo-se enquanto tentava se levantar da cama os olhos arregalados de dor Onde está a minha filha eu preciso dela os médicos e enfermeiros se aproximavam rapidamente tentando acalmá-la mas era em
vão o sofrimento de Joana era profundo demais e a culpa a corroía de tal forma que sempre que voltava à consciência ela revivia o pior momento sua vi por favor senhora Tente se acalmar Dizia um dos médicos em tom suave mas ele sabia que era uma tentativa inútil não vocês não entendem foi minha culpa eu matei minha filha gritava Joana suas palavras dolorosamente Claras perfurando o coração de Marcelo cada vez que as ouvia eles não tinham outra escolha acedam novamente e o repetia um mês se passou nesse estado até que finalmente os médicos consideraram que
era hora de Joana voltar para casa a dor nunca deixaria de existir Mas eles acreditavam que talvez com o apoio da família ela pudesse encontrar foras para seguir em frente Marcelo levou Joana para casa mas logo percebeu que o tempo no hospital não havia amenizado a dor dela ela estava em casa mas não era a mesma Joana seu corpo estava presente mas sua mente parecia distante perdida em um vazio que ele não conseguia alcançar nos primeiros dias Marcelo tentou de tudo para ajudá-la preparou as comidas favoritas dela colocou músicas suaves para tocar na sala até
contratou uma cuidadora para ajudar durante o dia mas Joana não respondia ela se sentava no sofá abraçada a travesseiro de Maria e chorava em silêncio Joana querida você precisa comer alguma coisa dizia Marcelo tentando suar calmo enquanto coloca uma bandeja sopa ao lado dela sei que é difícil mas você precisa se cuidar ela não o respondia seus olhos estav inchados de tanto chorar e suas mãos tremiam a bandeja ficava ocada e Marcelo só podia assistir impotente enquanto a mulher que Ele amava se afundava cada vez mais em sua própria dor noites inteiras se passaram assim
Joana chorava até adormecer e Mesmo dormindo seu corpo se contraí como se estivesse sendo consumido por um pesadelo interminável Marcelo sentia a própria dor aumentar a cada dia vendo-a definhar diante de seus olhos sem conseguir fazer nada para ajudá-la então em um dos dias mais sombrios desde a volta para casa algo terrível aconteceu Marcelo estava no escritório tentando trabalhar de casa para ficar de olho em Joana quando sentiu um cheiro forte de fumaça seu coração disparou e ele correu para a cozinha onde encontrou a panela no fogão com as chamas começando a se alastrar pelas
cortinas O cheiro de gás misturado com a fumaça densa encheu a sala Joana gritou Marcelo correndo para apagar o fogo ele rapidamente Desligou o fogão e jogou água sobre as cortinas em Chamas extinguindo o incêndio antes que se alastrasse Seu Coração batia descontrolado a adrenalina tomando conta quando olhou para o lado viu Joana parada no meio da cozinha os olhos vidrados como se não estivesse realmente ali ela tinha deixado o fogão ligado e Esquecido completamente da comida Joana você Você quase colocou fogo na casaou ele segurando pelos ombros você não pode ficar assim você precis
de auda mas ela malcia notar a gravidade do que havia acabado de acontecer apen olou para el os olos vazos sem dizer palra e volt para a sala onde novamente se sentou no sofá abraçando o travesseiro de Maria foi naquele momento que Marcelo soube que não poderia mais deixá-la em casa ele não queria aceitar mas não havia outra escolha Joana estava presa em uma espiral de dor e culpa e ele não sabia mais como ajudá-la no dia seguinte com o coração pesado ele a levou para um Hospital Psiquiátrico A decisão foi uma das mais difíceis
de sua vida mas ele sabia que não podia mais adiar era a única forma de garantir que ela ficasse em Joana disse ele enquanto segurava a mão dela na recepção do Hospital eu não estou te abandonando Ok eu vou ficar com você mas você precisa de ajuda não posso perder você também Joana não o respondeu seus olhos se mantinham fixos no chão as lágrimas silenciosas escorrendo por suas bochechas a enfermeira se aproximou conduzindo Joana para dentro Marcelo a observou desaparecer pelos corredores sentindo uma mistura de desespero e esperança ele queria acreditar que aquilo era o
certo que Joana encontraria alguma paz ali mas o vazio que ela deixava ao ser levada para longe o consumia por dentro Joana passou meses internada no Hospital Psiquiátrico o ambiente era silencioso quase sempre pesado preenchido por conversas entre pacientes e médicos circulando de sala em sala e a constante presença das medicações Joana tomou uma série de remédios ajustados conforme os médicos tentavam encontrar um equilíbrio que a ajudasse a sair daquele estado de apatia passou por diversas sessões de terapia com psicólogos e psiquiatras que tentavam pacientemente fazê-la externalizar suas emoções lidar com o luto de uma
forma menos destr Além disso o hospital organizava encontros em grupo onde outras mães que haviam perdido seus filhos compartilhavam suas hisas de dor naativa de encontrar consolo umas n outras porém mesmo toda a ajuda oferecida Joana não melor cada S de terapia cada medicação nova cada palavra de apoio das outras mães era abafada pelo imenso peso da culpa que ela carregava ela sempre voltava para o mesmo Ponto revivendo o momento do acidente culpando-se por não ter colocado o cinto de segurança de Maria da maneira correta era como se sua mente estivesse presa naquele instante terrível
incapaz de avançar eu matei minha filha repetia Joana com frequência olhando para o vazio e sempre que alguém tentava lhe convencer do contrário ela apenas balançava a cabeça negando Marcelo nunca deixou de visitá-la todo fim de semana lá estava ele sentado ao lado de Joana segurando sua mão na esperança de que ela desse algum sinal de melhora ele havia Tão distante tão perdida o amor que sentia por ela permanecia intacto mas a dor de vê-la naquele estado o consumia Joana ele dizia quase sempre em tom de Súplica eu eu estou aqui eu nunca vou te
deixar nós vamos superar isso juntos eu prometo mas as palavras de Marcelo raramente obtinham resposta Joana olhava para ele com olhos vazios e quando respondia era de forma monossilábica o tempo passou e os médicos finalmente sugeriram que ela poderia voltar para casa embora Joana não tivesse feito Progressos significativos eles acreditavam que o ambiente familiar talvez a ajudasse a encontrar alguma paz Marcelo a levou de volta para casa os primeiros dias foram silenciosos Joana parecia uma sombra de si mesma perambulando pelos cômodos sempre com o olhar distante Marcelo quase não viu melhora as únicas palavras que
Joana dizia eram respostas curtas e vazias Como você está hoje ele perguntava tentando iniciar qualquer tipo de conversa bem Joana respondia mas sem emoção sem conexão Marcelo estava triste profundamente abatido ele não sabia mais o que fazer Tentava ser forte mas via sua esposa desaparecer lentamente e com ela a vida que eles tinham antes o luto pela perda de Maria já era doloroso o suficiente mas perder Joana para a culpa e a depressão era um segundo golpe devastador Um Dia Após Mais uma jornada longa e cansativa de trabalho Marcelo estava voltando para casa quando em
uma esquina viu uma menina de talvez 6 anos sentada na calçada ela tinha o rosto sujo e o olhar faminto vestia roupas velhas muito grandes para o seu corpo pequeno e segurava um copo de plástico nas mãos Moço você pode me dar algo para comer pediu a menina com a voz fraca mas cheia de esperança parou por um momento o coração apertado Ele olhou para a criança e sentiu uma onda de compaixão Parecia Impossível ignorar a fome nos olhos dela sem hesitar ele entrou em uma lanchonete próxima e comprou alguns sanduíches e um suco voltou
até a menina e entregou a comida a ela que sorriu timidamente Obrigada moço Deus te abençoe disse a criança antes de se afastar para devorar os sanduíches enquanto voltava para casa Marcelo não conseguia tirar a menina da cabeça algo sobre aquele encontro despertou uma ideia em sua mente uma ideia que começou a ganhar força conforme ele pensava mais sobre o assunto e se e se ele e Joana tentassem ter outro filho talvez isso a ajudasse talvez Ao Sentir a vida crescer dentro dela novamente jo trasse uma nova razão para viver algo para Recomeçar um novo
propósito quando chegou em casa naquela noite Marcelo encontrou Joana sentada no sofá com o olhar perdido na janela ele se aproximou devagar sentando-se ao lado dela tentando encontrar as palavras certas para expressar o que vinha pensando Joana começou ele com a voz baixa estive pensando e acho que talvez talvez se nós tivéssemos outro filho isso poderia te ajudar não que não que isso vá substituir Maria porque eu sei que ela é insubstituível mas talvez uma nova vida Uma Nova Esperança possa trazer um pouco de luz para nós O que você acha Joana permaneceu em silêncio
por alguns segundos o rosto sem expressão antes de virar-se lentamente para ele o olhar dela era diferente dessa vez um olhar carregado de algo que Marcelo não esperava raiva seus olhos brilharam e sua expressão antes apática agora estava dura contida de fúria como você pode dizer isso sua voz era baixa mas cheia de amargura você acha que eu posso simplesmente substituir a nossa filha você acha que outro filho vai apagar o que aconteceu vai tirar a culpa que eu sinto todos os dias Marcelo abriu a boca para responder mas as palavras não saíram ele nunca
tinha visto Joana tão enfurecida desde o acidente Maria é insubstituível continuou ela levantando-se do sofá tremendo de raiva não importa quantos filhos nós tenhamos nenhum deles vai trazer a minha filha de volta eu a perdi e foi minha culpa a voz dela quebrou e ela comeou a soluçar descontroladamente Marcelo tentou se aproximar est a mão para acalmá-la mas Joana recuou os olhos cheios de dor e fúria não não tente me consertar Marcelo não me peça para esquecer o que aconteceu eu não consigo ela disse entre soluços antes de correr para o quarto batendo a porta
atrás de si Marcelo ficou parado no meio da sala sentindo o peso das palavras de Joana ele apenas queria ajudar mas agora percebia o quanto suas sugestão a ferira ela ainda estava presa no ciclo de culpa e dor e ele não tinha certeza de como tirá-la de lá enquanto o silêncio tomava conta da casa novamente Marcelo sentiu uma tristeza profunda se instalar ele só queria trazer um pouco de esperança para a vida deles mas agora temia ter causado ainda mais sofrimento os meses se arrastavam em um ritmo lento e sufocante Marcelo observava impotente enquanto Joana
piorava gradualmente a mulher que um dia fora cheia de vida e energia agora passava os dias deitada na cama imóvel envolta por um vazio que parecia ter consumido sua alma não falava mais nem reagia a nada ao seu redor bem devagar ela havia se distanciado tanto do mundo que parecia não mais existir nele a cama se tornara seu refúgio silencioso onde ela se escondia da dor insuportável da perda da culpa que a consumia Marcelo desesperado tentou de tudo chamou médicos especialistas em traumas psiquiatras renomados cada um deles veio com teorias diagnósticos tratamentos mas nada parecia
funcionar Joana estava presa em Um estado catatônico uma paralisia emocional e física causada pelo trauma e nenhum remédio ou terapia parecia capaz de trazê-la de volta ela precisa de tempo diziam os médicos mas Marcelo sabia que o tempo sozinho não resolveria aquilo sem conseguir cuidar de Joana sozinho ele contratou uma cuidadora Helena uma mulher experiente e dedicada ela vinha todos os dias para cuidar de sua esposa alimentar Joana levá-la ao banheiro dar-lhe banho e empurrá-la na cadeira de rodas já que Joana havia parado de andar era como se o corpo de Joana tivesse se desligado
junto com sua mente o máximo que conseguia fazer era abrir a boca quando alguém lhe oferecia comida mas sempre era necessário que alguém A alimentasse pois ela não fazia nenhum esforço para se mover Marcelo assistia a tudo isso com uma dor imensa no peito ele que havia sido A Âncora de Joana durante tanto tempo que havia prometido a si mesmo que seria forte por ambos finalmente estava começando a se quebrar ver sua esposa naquele estado incapaz de responder de se comunicar de viver era demais para ele suportar uma noite enquanto Helena preparava o jantar na
cozinha e Joana estava em seu quarto deitada como sempre Marcelo entrou silenciosamente no cômodo e se aproximou da cama ele se sentou ao lado dela pegou a mão dela entre as suas e olhou para o rosto de Joana ela estava ali fisicamente mas sua estava distante perdida em um lugar inacessível Marcelo não sabia mais o que dizer não sabia mais como alcançá-la Joana sua voz falhou o som quase um sussurro eu não sei o que mais posso fazer eu tentei de tudo tentei te ajudar mas parece que estou te perdendo mais a cada dia ele
fez uma pausa sentindo a garganta se apertar eu sinto tanto eu sinto tanto pela nossa filha mas também sinto tanto por você não aguento mais ver você assim ele fechou os olhos com força tentando segurar as lágrimas que finalmente começaram a escorrer por seu rosto Marcelo que sempre se mantivera firme que havia sido a força silenciosa para Joana finalmente quebrou ele chorou como uma criança soluçando incontrolavelmente ao lado da esposa segurando sua frágil a dor da perda de Maria o peso de meses de luta infrutífera para ajudar Joana a solidão esmagadora de estar diante da
pessoa que amava e não conseguir alcançá-la tudo isso o inundava depois de um longo tempo Marcelo se levantou enchugou os olhos e saiu do quarto deixando Helena a cuidar de Joana ele precisava de ar precisava sair daquela casa que parecia afundar em tristeza decidiu caminhar esperando que o movimento o simples ato de andar pudesse aliviar um pouco a dor que parecia não ter fim ele caminhava sem rumo pelas ruas da cidade perdido em seus pensamentos sem prestar atenção ao que acontecia ao seu redor o mundo ao seu redor parecia uma sombra uma ilusão distante que
ele não conseguia realmente enxergar em sua mente tudo o que ecoava era a imagem de Joana naquela cama vazia e de Maria que ele nunca mais veria foi nesse estado de distração que Marcelo não percebeu o sinal de trânsito ele atravessava a rua sem olhar sem se dar conta de que um carro vinha em alta velocidade em sua direção o motorista buzinou mas Marcelo parecia não ouvir absorto em sua própria tristeza de repente um grito infantil ecoou pela rua moço Marcelo se sobressaltou e em um reflexo parou e olhou para o lado viu o carro
se aproximando rapidamente e com um salto para trás conseguiu evitar ser atropelado o motorista passou acelerado xingando mas Marcelo mal o ouviu seu coração estava disparado o susto o fez voltar à realidade Ele olhou ao redor procurando de onde vinha o grito que o salvara Foi então que a viu a mesma menina moradora deu que ele havia encontrado meses atrás quando comprou sanduíches para ela a garotinha de cabelos desgrenhados e roupas sujas estava parada na calçada olhando para ele com olhos arregalados ela parecia assustada mas aliviada por ele estar bem Marcelo ficou sem palavras por
um momento ainda Processando o que havia acontecido você você me salvou disse ele com a voz trêmula Obrigado menina se não fosse por você Ele deu um passo na direção dela querendo agradecê-la adequadamente mas antes que ele pudesse se aproximar a garota deu meia volta e começou a correr fugindo rapidamente Ei espera gritou Marcelo confuso mas a menina já estava longe desaparecendo pelas ruas escuras Marcelo ficou parado ali perplexo por que ela correria ele só queria agradecê-la por que a menina fez aquilo o comportamento dela o intrigava ela não tinha motivo para fugir dele Marcelo
ficou alguns instantes em silêncio olhando para a Rua Deserta antes de balançar a cabeça tentando afastar o desconforto havia algo de estranho naquele encontro algo que ele não conseguia entender completamente Marcelo passou dias sem conseguir tirar da cabeça o fato de que aquela a mesma que ele ajudara meses atrás o havia salvado de um acidente fatal algo nela o intrigava profundamente como se houvesse um vínculo invisível entre os dois Algo que ele não conseguia explicar durante suas caminhadas ele se pegava procurando por ela imaginando quem era o que fazia sozinha nas ruas e porque havia
fugido tão rápido depois de ajudá-lo ele não sabia como ou porquê mas sentia que essa menina tinha algo a mais algo que ele ainda não conseguia entender completamente alguns dias depois enquanto voltava do trabalho Marcelo a viu novamente ela estava na esquina de uma rua movimentada mas algo estava diferente dessa vez a menina parecia nervosa agitada Olhando em volta como se estivesse fugindo de alguém Marcel observou por alguns momentos e logo viu que a deixava tão apreensiva dois homens andavam pela calçada olhando para os lados como se estivessem procurando por alguém a menina esta escondida
atrás de uma pequena lieira tentando não ser vista Marcelo franziu o senho algo estava errado ele se aproximou discretamente da menina e se agachou ao lado dela a voz baixa e tranquila Ei está tudo bem perguntou ele tentando não assustá-la a menina olhou para ele com os olhos arregalados claramente assustada mas reconhecendo-o imediatamente depois de um momento de hesitação ela respondeu com a voz baixa e trêmula são eles murmurou ela apontando levemente para os dois homens que ainda estavam à procura eles são do Orfanato estão atrás de mim Marcelo sentiu um frio na espinha ao
ouvir aquelas palavras ele não sabia muito sobre a vida de órfãos mas a ideia de que uma criança estivesse fugindo de um orfanato o fez sentir um aperto no peito Por que você saiu de lá perguntou ele tentando entender a situação a menina mordeu o lábio inferior e desviou o olhar como se tivesse medo de responder mas depois de alguns segundos ela sussurrou eles me maltratavam lá ninguém se importa as pessoas são cru o olhar da menina era um misto de dor e medo Marcelo observou atentamente tentando ver se havia alguma incerteza ou mentira no
que ela dizia mas tudo o que ele viu foi o sofrimento estampado no rosto da garota um sentimento de proteção o invadiu como se ele precisasse fazer algo para ajudá-la quer vir comigo perguntou Marcelo de repente sem pensar muito nas consequências ele POD aquela menina na rua fugindo de pessoas que a faziam mal a menina Surpresa hesitou por um instante ela o olhou com desconfiança Afinal era um homem desconhecido oferecendo ajuda mas os passos dos homens estavam se aproximando e o medo de ser capturada e levada de volta ao orfanato a fez tomar uma decisão
rápida ela assentiu sim respondeu ela com a voz ainda cautelosa mas você promete que não vai me devolver ver Prometo disse Marcelo firme você está segura comigo sem mais perguntas ele a pegou pela mão e a conduziu por entre as Ruas desviando dos homens que a procuravam eles caminharam até o carro de Marcelo e ele a levou para casa a menina se acomodou silenciosamente no banco do passageiro lançando olhares nervosos para fora da janela mas sem dizer muito Marcelo por outro lado sentia uma mistura de alívio por tê-la ajudado e preocup com o que o
futuro traria ele sabia que estava tomando uma decisão arriscada mas não podia deixar de seguir seu instinto protetor ao chegarem em casa Helena os esperava na porta surpresa ao ver a menina ao lado de Marcelo ele rapidamente explicou a situação e Helena sempre prática e acolhedora assumiu a tarefa de cuidar da nova moradora ela levou a menina para o banheiro ajudando-a a tomar um banho quente e oferecendo-lhe roupas limpas as roupas de Maria a menina que se apresentou como Sofia parecia aliviada ao finalmente estar em um lugar seguro ainda que desconfiada enquanto isso Joana estava
no mesmo lugar de sempre deitada na cama os olhos perdidos no teto quando Marcelo entrou no quarto com Sofia ao lado Joana não reagiu de imediato ela olhou na direção deles seus olhos vagos passando pela figura da mas não houve reconhecimento ou emoção em seu rosto era como se ela estivesse olhando através deles Sofia curiosa se aproximou da cama e olhou para Joana com uma mistura de timidez E curiosidade ela parecia perceber que algo estava errado com aquela mulher mas não tinha certeza do que era Joana por sua vez apenas fechou os olhos novamente Como
se quisesse se afastar ainda mais do mundo ao seu redor Marcelo com um nó na garganta observou a interação silenciosa ele sabia que no fundo esperava que Joana reagisse de alguma forma à presença de Sofia mas aquilo não aconteceu a culpa e a tristeza ainda a mantinham presa em sua própria escuridão nos dias que se seguiram Sofia passou a fazer parte da rotina da casa Marcelo montou um quarto para ela simples mas aconchegante onde Sofia poderia ter seu próprio espaço ele a tratava como se fosse sua própria filha tentando dar-lhe o carinho e o cuidado
que ele sabia que ela não havia recebido por muito tempo Helena também se dedicou à menina dividindo seu tempo entre cuidar de Joana e garantir que Sofia estivesse bem alimentada e segura Sofia no entanto não desistiu de tentar se aproximar de Joana sempre que tinha uma oportunidade ia até o quarto dela e tentava iniciar uma mostrando suas bonecas e brinquedos novos que Marcelo havia comprado para ela olha senora Joana Essa é minha boneca preferida dizia Sofia com um sorriso tímido segurando uma boneca de vestido azul ela se chama Clara quer brincar comigo mas Joana não
respondia seus olhos permaneciam fixos em algum ponto distante alheia a qualquer interação a cada tentativa frustrada o sorriso de Sofia murchava um pouco mas ela não desistia Marcelo observava tudo com o coração apertado ele queria acreditar que de alguma forma a presença de Sofia poderia trazer uma centelha de vida de volta a Joana mas por enquanto a mulher que Ele amava continuava presa em seu silêncio devastador enquanto o peso do passado a mantinha distante do presente entretanto Marcelo não podia negar que Sofia havia trazido uma nova luz à casa ela preenchia os espaços com sua
curiosidade e sua energia e com os dias a presença daquela menina parecia Abrir portas que ele pensava estarem trancadas para sempre Marcelo sabia que por mais que Sofia estivesse trazendo vida de volta a sua casa ele não podia simplesmente ficar com a menina sem que as coisas fossem feitas da forma correta a presença de Sofia Era um consolo para ele e de certa forma uma tentativa de preencher o deixado por Maria no entanto ele precisava resolver a questão legalmente precisava adotá-la com isso em mente ele decidiu visitar o orfanato onde Sofia morava quando chegou lá
a realidade Era pior do que ele imaginava o prédio era precário mal cuidado com paredes descascadas e janelas quebradas as crianças que brincavam no pátio sujo e sem vida tinham expressões tristes como se estivessem alheias à própria infância as cuidadoras pareciam indiferentes cumprindo suas funções sem um mínimo de afeto ou cuidado Genuíno Marcelo com o coração apertado não conseguiu deixar de pensar em como Sofia devia ter sofrido ali ele se lembrou das palavras dela sobre os maus tratos e embora não tivesse provas sentia que ela estava dizendo a verdade decidido a fazer algo Marcelo contratou
um particular para investigar o orfanato ele precisava de provas concretas de negligência ou abuso algo que pudesse fortalecer seu caso para adotar Sofia e tirá-la definitivamente daquele lugar enquanto o detetive trabalhava Marcelo aguardava ansioso sem saber o que o futuro traria nesse tempo Sofia continuava brincando na frente de Joana tentando dia após dia fazer com que a mulher saísse de seu estado catatônico mas Joana não reagia permanecia imóvel presa em seu silêncio Sofia sempre otimista levava suas bonecas para o quarto de Joana todos os dias ela sentava ao lado da cama e mostrava cada uma
como se estivesse apresentando amigas Essa é a clara e essa é a Helena igual a sua ajudante dizia Sofia com um sorriso quer brincar comigo senora Joana mas Joana apenas olhava para o vazio Sem esboçar nenhuma reação Sofia no entanto não desistia certo dia enquanto brincava Sofia decidiu colocar uma de suas bonecas no colo de Joana vou deixar a Clara com você tá disse ela com doçura colocando a boneca nos braços imóveis de Joana Sofia Começou a correr pela casa brincando com outra boneca rindo e imaginando cenários infantis Mas de repente ao correr pelo jardim
ela escorregou e caiu na piscina o pânico tomou conta da menina ela não sabia nadar e começou a se debater na água tentando desesperadamente se segurar nas bordas da piscina ajuda gritava Sofia agitando os braços por favor alguém me ajude o som de seus gritos ecoava pela casa mas ninguém parecia ouvi-la Helena estava na cozinha distraída com a panela que fervia o som da água borbulhando abafando Qualquer ruído do lado de fora Marcelo por sua vez estava do outro lado da casa ao telefone com o detetive que o informava sobre o progresso da investigação ele
estava tão concentrado na conversa que não percebeu o perigo em que Sofia se encontrava dentro do quarto imóvel mas os gritos de Sofia finalmente penetraram sua mente por um momento parecia que sua consciência estava tentando atravessar as camadas de dor e culpa que a mantinham paralisada lentamente uma lembrança começou a emergir das profundezas de sua memória ela se viu anos atrás com Maria sua filha na piscina durante sua primeira aula de natação Maria estava apavorada com medo da água e em um momento de desespero parecia que iria se afogar Joana quis pular na piscina para
ajudar mas o professor rapidamente interveio segurando Maria e tranquilizando-a a lembrança daquele dia atingiu com força o rosto de Sofia os gritos dela tudo se misturava à memória de Maria como se o passado e o presente se sobrepusessem Joana tentou se mover seu corpo estava fraco quase sem força depois de tantos meses imóvel ela mal conseguia levantar as pernas mas algo dentro dela a impulsionava a agir a imagem de Maria sua filha perdida estava tão viva em sua mente que parecia estar chamando por ela com grande esforço Joana começou a se arrastar para fora da
cama suas pernas não a sustentavam Então ela se arrastava pelo chão forçando o corpo a cada movimento chegando à porta do quarto ela pode ver Sofia ainda lutando na piscina a água se agitando enquanto a menina pedia ajuda Joana sentiu o desespero aumentar dentro de si ela sabia que tinha que fazer algo sem pensar duas vezes Joana se arrastou até a piscina e com as poucas forças que lhe restavam jogou-se na água o impacto com a água fria fez seu corpo estremecer mas ela estava determinada mesmo sem forças Joana conseguiu segurar Sofia e empurrá-la para
fora da pis para que a menina pudesse se salvar mas Joana Exausta e fraca demais não conseguiu manter-se à tona seu corpo começou a afundar lentamente enquanto seus pulmões imploravam pur ar foi nesse exato momento que Marcelo e Helena chegaram ao Jardim Sofia gritou Marcelo correndo em direção à piscina ao ver Joana submersa ele não hesitou e pulou na água mergulhando Até o fundo para tirá-la de lá Helena puxou Sofia para fora da piscina e a abraçou com força verificando se a menina estava bem Sofia tocia ofegante mas estava fora de perigo enquanto isso Marcelo
com o coração disparado conseguiu trazer Joana de volta à superfície ele a deitou no chão ao lado da piscina desesperado Joana ele gritava tentando reanimá-la por favor acorda fica com Helena que tinha experiência em primeiros socorros correu até eles e ajudou Marcelo a tentar reanimar Joana após alguns momentos que pareceram eternos Joana finalmente comeou a toir cuspindo a água que havia engolido seus olhos abriram lentamente e ela olou em volta desorientada mas viva vamos levá-la ao hospital rápido disse Helena já pegando o telefone para chamar uma ambulância Marcelo aliviado e ao mesmo tempo aterrorizado segurou
a mão de Joana com força enquanto esperavam a chegada da ambulância naquele momento ele percebeu algo que não havia visto em meses uma pequena Faísca de vida nos olhos de sua esposa o hospital estava silencioso naquela noite com apenas o som suave dos monitores e o passo firme das Enfermeiras quebrando a tranquilidade esta sala de espera com as mãos Unidas emem oração embora não soubesse exatamente para quem ou o que estava rezando ele estava exausto emocionalmente drenado pensava em tudo o que havia acontecido em como Joana depois de tanto tempo imóvel finalmente reagiu era como
se ela estivesse lutando para voltar à vida e isso lhe dava Esperança algumas horas depois os médicos saíram da sala onde Joan estava sendo observada sua esposa está bem Senor Marcelo disse o médico com um sorriso Gentil ela estava muito fraca devido ao longo tempo de inatividade e o esforço físico ao salvar a menina a exauriu mas não há nada grave vamos mantê-la em observação apenas por precaução amanhã ela poderá ir para casa Marcelo sentiu uma onda de alívio inundar seu peito e agradeceu ao médico ele mal podia esperar para vê-la depois de meses em
um estado catatônico Joana finalmente havia mostrado sinais de vida e ele precisava estar ao lado dela assim que lhe permitiram entrar no quarto Marcelo caminhou devagar o coração acelerado com uma mistura de ansiedade e esperança Quando entrou viu Joana deitada ainda pálida mas com uma leveza no rosto que ele não via há muito tempo seus olhos estavam abertos e para sua surpresa ela o olhou diretamente e então algo que Marcelo Jamis esperaria naquele momento aconteceu ela sorriu um sorriso tímido Fraco mas Genuíno era como se uma centelha de luz tivesse voltado para seus olhos Marcelo
não conseguiu conter as lágrimas ele se aproximou da cama e se ajoelhou ao lado dela segurando sua mão com delicadeza como se temesse que ela fosse desap Joana você Você Sorriu sussurrou ele a voz embargada pela emoção eu pensei pensei que nunca mais veria isso ela não respondeu mas Manteve o sorriso suave enquanto olhava para ele era o suficiente para Marcelo naquele momento ele chorou mas dessa vez eram Lágrimas de Felicidade Joana fechou os olhos logo depois ainda sorrindo e o sedativo a fez adormecer profundamente Marcelo ficou ao lado dela a noite toda vigiando seu
sono como quem guarda um tesouro precioso na manhã seguinte quando Joana acordou algo mudou ela olhou ao redor reconhecendo o ambiente hospitalar e quando viu Marcelo ao seu lado seus olhos se encheram de Lágrimas Marcelo sussurrou ela sua voz ainda fraca mais clara como uma melodia suave que ele não ouvia há tanto tempo Marcelo a olhou o coração batendo forte no peito ele se inclinou e a abraçou suavemente quase como se estivesse abraçando uma criança frágil sentir o corpo dela nos braços finalmente se movendo e falando novamente era algo que ele desejava há meses você
voltou ele disse com a voz embargada você voltou para mim Joana ela iu o abraço apesar da fraqueza em seus braços e por um momento o mundo de Marcelo estava completo novamente Joana estava de volta não totalmente recuperada mas havia esperança e aquilo era tudo o que ele precisava após receber a alta Joana voltou para casa com Marcelo embora sua voz ainda estivesse fraca e seus movimentos lentos ela falava com frequência conversando sobre coisas triviais e revivendo memórias do passado Marcelo não podia acreditar que depois de tanto tempo em silêncio sua esposa estava ali com
ele interagindo para ele era como viver um milagre a cada palavra que saía de sua boca assim que chegaram em casa Sofia correu ao encontro de Joana A menina estava nervosa mas cheia de gratidão Obrigada por ter me salvado disse Sofia com um sorriso tímido eu estava com muito medo Joana olhou para a menina por alguns segundos como se processasse tudo que havia acontecido Então ela sorriu novamente dessa vez um sorriso mais amplo e segurou a mãozinha de Sofia eu faria de novo disse Joana a voz Suave você é importante para nós Sofia Sofia com
o coração cheio de gratidão foi até seu quarto e voltou com sua boneca favorita Clara ela a entregou a Joana com um sorriso tímido eu quero que você fique com a clara ela me dá coragem e acho que você precisa dela agora Joana emocionada pegou a boneca e assegurou com cuidado ela agradeceu a menina com os olhos cheios de Lágrimas algo que parecia impossível há poucos meses com o passar dos dias Joana continuou a melhorar seus passos antes incertos e fracos tornaram-se mais firmes e logo ela já conseguia andar novamente sem dificuldade seu corpo parecia
responder à vontade de viver e Sofia Estava sempre ao seu lado trazendo alegria e leveza à casa Joana e Sofia se tornaram inseparáveis ninguém jamais substituiria Maria e Joana sabia disso mas Sofia trouxe de volta uma luz que ela pensava ter perdido para sempre as duas passavam horas conversando brincando e Joana parecia mais feliz do que nunca como se tivesse encontrado um novo motivo para sorrir Marcelo por sua vez abraçava Joana sempre que podia com o coração cheio de saudade e gratidão por tê-la de volta eles saíam juntos como uma família indo a parques restaurantes
e passeios que há muito tempo não faziam Helena continuava na casa mas agora sua principal função era cuidar de Sofia enquanto Joana assumia novamente sua vida porém como em toda felicidade o momento triste chegou o Conselho Tutelar finalmente Descobriu onde Sofia estava sem que Marcelo ou Joana esperassem um grupo de funcionários apareceu na casa com a decisão de levar a menina de volta ao orfanato Marcelo tentou argumentar tentou explicar a situação mas as regras eram rígidas sem a adoção formal Sofia precisava voltar ao sistema Joana que estava em um de Alega crescente sentiu seu coração
partir novamente ao ver Sofia ser levada as lágrimas escorreram por seu rosto mas dessa vez algo era diferente ao invés de ser dominada pelo desespero Joana parecia mais firme ela enxugou as lágrimas e olhou para Marcelo com determinação nós vamos conseguir trazê-la de volta disse Joana a vozme faz parte da nossa família agora eu sei que vamos ter ela de volta Marcelo a olhou surpreso mas também inspirado pela força que via nela ele segurou a mão de Joana com força e assentiu Sim nós vamos Marcelo contava os dias com ansiedade aguardando o momento em que
o detetive reunisse as provas necessárias para que ele e Joana pudessem ter Sofia de volta cada dia sem a menina em casa era um vazio que eles não sabiam Como preencher Joana apesar de mais forte do que antes ainda sentia a ausência de Sofia de maneira muito intensa eles tinham se apegado tanto à menina que ela já era parte essencial de suas vidas e a ideia de perder a chance de adotá-la era insuportável finalmente o Telefone Tocou era o detetive Marcelo atendeu com pressa ansioso por notícias Marcelo Tenho boas e más notícias começou o detetive
com um tom de voz sério mas não desesperador as provas que conseguimos são sólidas o orfanato tem sido negligente e em muitos casos abusivo descobrimos que há registros de maus tratos e até mesmo de fraude nos documentos das Crianças isso será mais do que suficiente para garantir que Sofia possa voltar a você Marcelo respirou fundo o alívio começando a tomar conta de seu corpo mas antes que pudesse responder o detetive continuou no entanto há algo mais que você precisa saber durante Nossa investigação descobrimos que Sofia tem mais dois irmãos uma menina da mesma idade que
ela e um garoto um ano mais velho o orfanato com sua desorganização e falta de cuidado nunca informou isso às crianças eles separavam os irmãos como forma de facilitar as adoções tornando tudo mais rápido para eles essas crianças cresceram sem saber que eram parentes de sangue Marcelo ficou sem palavras por alguns instantes processando a informação dois irmãos perguntou ele surpreso Sofia tem irmãos e não sabia sim confirmou o detetive nem ela nem os outros dois E além disso com as denúncias que vamos fazer e com a prisão do diretor o orfanato será fechado Isso significa
que todas essas crianças precisarão ser realocadas o impacto dessa notícia pesou sobre Marcelo embora a alegria de saber que Sofia voltaria para casa fosse imensa ele não conseguia deixar de sentir uma profunda tristeza pelas outras crianças incluindo os irmãos de Sofia a ideia de separá-los novamente depois de de finalmente saberem que eram parentes Parecia impensável quando Marcelo contou tudo a Joana ela ficou igualmente abalada pela notícia não podemos deixá-los assim disse Joana a voz firme mais triste essas crianças já passaram por tanta coisa Sofia não deveria ser separada dos irmãos dela Marcelo concordou e juntos
decidiram agir não só para garantir que Sofia e seus irmãos juntos mas também para ajudar as outras crianças que dependiam daquele orfanato eles fizeram uma grande doação e organizaram uma campanha de arrecadação com a ajuda de amigos familiares e a comunidade o objetivo era simples salvar o orfanato as crianças não podiam perder o único abrigo que tinham e Marcelo e Joana estavam dispostos a fazer o que fosse necessário com o dinheiro arrecadado e o apoio da Comunidade eles Conseguiram manter o orfanato aberto o diretor corrupto foi preso e uma pessoa mais capacitada e com experiência
no Cuidado de crianças vulneráveis assumiu a direção do lugar a transformação foi instantânea o ambiente ficou mais organizado limpo e as Crianças começaram a receber o amor e cuidado que sempre mereceram finalmente após um longo processo Sofia voltou para casa quando ela entrou pela porta seus olhos brilharam de felicidade ao ver Joana e Marcelo esperando por ela a menina correu e os abraçou com força um sorriso enorme no rosto mamãe papai disse ela pela primeira vez chamando-os assim Joana e Marcelo se emocionaram as lágrimas correram livremente enquanto eles abraçavam Sofia agora oficialmente sua filha aquela
palavra pais os tocou profundamente preenchendo o vazio que a perda de Maria havia deixado era um novo começo uma nova família e ambos sabiam que tinham muito amor para dar temos uma surpresa para você disse Marcelo enxugando as lágrimas Sofia olhou curiosa com os olhos arregalados de expectativa Joana saiu da sala por um momento e voltou acompanhada de duas crianças um uma da mesma idade de Sofia Sofia olhou para eles e algo dentro dela pareceu despertar ela já os conhecia os havia visto no orfanato mas nunca soubera que eles eram mais do que simples colegas
de abrigo Esses são seus irmãos disse Joana com um sorriso Carinhoso de verdade eles são seus irmãos de sang Sofia ficou de boca aberta incrédula para as duas crianças à sua frente processando aquela Revelação o choque deu lugar a um sorriso tímido e logo ela correu para abraçá-los meus irmãos perguntou Sofia com a voz cheia de emoção Vocês são meus irmãos de verdade sim disse o garoto com os olhos cheios de Lágrimas somos seus irmãos eles se abraçaram forte e a emoção no ar era palpável Sofia que sempre sonhara com uma família agora tinha não
só dois pais amorosos mas também dois irmãos que até então ela desconhecia Joana e Marcelo observavam com lágrimas nos olhos enquanto as três crianças se abraçavam e Riam como se finalmente estivessem completos nós adotamos seus irmãos também disse Marcelo colocando a mão no ombro de Sofia agora todos nós vamos morar juntos as crianças comemoraram com entusiasmo rindo e pulando pela sala a casa antes marcada pela dor e tristeza agora transbordava de alegria o som de Risadas infantis enchia os cômodos e Joana e Marcelo olhando para aquela cena sentiam que finalmente suas vidas tinham encontrado um
novo sentido a vida na casa de Joana e Marcelo mudou completamente as crianças eram inseparáveis sempre brincando juntas enchendo a casa com energia e alegria Joana que antes estava paralisada pela dor agora vivia Dias cheios de propósito cuidando e brincando com os filhos Marcelo por sua vez sentia que finalmente tinha uma família novamente e seu coração estava cheio de gratidão apesar de todos os desafios que enfrentaram agora eles sabiam que estavam prontos para viver essa nova fase com seus filhos ao lado construindo juntos uma história de amor superação e esperança [Música]