A INFLUÊNCIA DO NEOLIBERALISMO NO DESEMPREGO E BEM ESTAR SOCIAL | Belinda Mandelbaum

o desemprego é um fato social na ele sempre esteve presente num sistema capitalista né max nos seus estudos do capitalismo de alguma maneira já mostrava como o capitalismo depende para o seu funcionamento daquilo que ele chamou de um exército industrial de reserva ou seja uma parte da população economicamente ativa que necessariamente está fora do do emprego e das relações de trabalho e que de alguma maneira pressiona é vamos dizer assim as relações de trabalho no sentido de baixar os seus salários porque afinal de contas se você não concorda com aquilo que você ganha tem alguém

lá fora que vai topar é trabalhar então acho que essa é uma noção é que eu acho que ela ainda é útil nos dias de hoje mas sem dúvida eu acho que é na contemporaneidade as políticas neoliberais né eu acho que contribuíram para um incremento é do desemprego e praticamente pra uma bronze aparecimento do emprego né eu acho que cada vez mais as relações de trabalho foram ficando precarizados né acho que todos hoje conhecem as diferentes formas pelas quais as relações de trabalho sidão é cada um pode virar um cnpj os trabalhos temporários sem carteira

assinada é etc não é toda todas essas situações que têm um impacto vamos ser assim psíquico é muito grande em cada um de nós é porque nós perdemos uma certa estabilidade que o emprego poderia oferecer não existe mais hoje praticamente a idéia de que alguém entra numa empresa e pode fazer uma carreira lá dentro e passar anos ou décadas ou se aposentar né nós estamos sempre numa situação de uma certa em habilidade não é que claro que tem conseqüências psíquicas bastante importantes né e dizer que a gente está vivendo vamos ser assim na economia é

políticas de cunho neoliberal também significa que cada vez mais o mercado foi tendo prioridade sobre a vida social ou seja as demandas do mercado às pressões e e as características do mercado se sobrepõe às necessidades sociais tanto é que hoje nós estamos aí no brasil com mais de 12% da população economicamente ativa que está desempregada que está sem trabalho isso sem que a gente leve em considerar por exemplo que para certos índices governamentais mesmo quem está na na rua e flanelinha limpando janela de carro tá empregado então é uma uma concepção de emprego extremamente ampla

e se a gente quiser um pouco questionável é faz parte também dessa dessa dessa ideologia que hoje vamos ser assim regula está muito presente na nossa vida social em relação às questões de trabalho a ideia de que estar ou não trabalhando ter sucesso ou não o trabalho depende de cada um de nós depende da nossa formação do nosso currículo do nosso empenho e etc então isso faz parte daquilo que a gente pode chamar de uma ideologia porque é não é totalmente verdade se é verdade que o sistema depende para o seu funcionamento de que uma

parcela esteja fora do mercado de trabalho então não depende só de nós como indivíduos isolados estar ou não é ter ou não oportunidades de trabalho não é toda essa ideologia nos atravessa como pessoas e atravessa as famílias que nós as nossas famílias isaac pertencermos noé então acaba acabando por produzir então no desempregado é um sentimento muito grande de fracasso pessoal né é de incompetência não é uma ideia que esses praia vamos ser assim por todo o grupo familiar eu acho que é um agravante dessa situação é que o nosso atual governo não oferece políticas públicas

de proteção ou desempregado então se entregado muitas vezes se vê muito só diante da demanda da necessidade urgente de procurar um emprego e diante da condição de tekke ter atendido às necessidades básicas de alimentação de saúde e necessidades básicas das pessoas que dependem de muitas vezes são famílias inteiras que dependem e aí eu acho que vai depender de da organização de cada família das relações também afetivas no interior de cada família se a família vai poder oferecer um acolhimento ou não para essa pessoa que está desempregada então ou seja se a família tem uma forma

de organização e uma forma de pensar que é mais rígida né no sentido dos papéis sociais por exemplo de que é o homem que tem que trabalhar e trazer os proventos pra casa de que a mulher que é responsável pelos cuidados da casa e do cuidado com os filhos etc então é talvez essa família tenha menos possibilidade de tem saem em formas de se reorganizar que de alguma maneira possam é implicar em que outros membros da família possam eventualmente é sair para o mercado de trabalho conseguir trabalho né então é quando eu falo isso eu

estou pensando em exemplos bem concretos porque esse foi um tema que eu estudei pesquisa z é com famílias pobres é na cidade de são paulo então em que em algumas famílias e encontrei uma situação em que se o marido perdeu o emprego é ele saía desde às 6 da manhã até de noite pelas ruas procurando emprego um dia ele contou que voltou se da manhã pra casa porque estava chovendo aos cântaros ea mulher dele disse que você está fazendo aqui vai pra rua e ele falou eu tá chovendo muito eu posso te ajudar um pouco

na cozinha e ela desvia chouchou cozinha não é lugar pra homem né por outro lado também conversei com 11 outros desempregados em que por exemplo me contava que perdeu emprego chegou em casa a mulher era auxiliar de enfermagem e ela disse bom você trabalhou já bastante eu acho que consigo ampliar minhas horas de trabalho e você fique em casa cuidando eles tinham uma filha de 12 anos cuidando dela e ajudando na casa e eu vou estão ampliar minhas horas de trabalho então esse senhor que tinha sido motorista de ônibus super orgulhoso da sua profissão durante

décadas vital resolve resolve não com a mulher e se ele vai ficar em casa ele começou a assistir programas femininos de manhã ele descobriu a culinária então ele começou a cozinhar em casa começou a fazer pratos e chamar a mulher e as amigas dela pra comer e tal e de alguma maneira puderam se rearranjar então eu tô dizendo contando essas duas situações porque a família acaba por ser praticamente um dos poucos lugares na nossa vida social de acolhimento ao desempregado mas ela pode também reproduzir vamos dizer assim no seu interior essa mesma violência que o

exterior que o mundo lá ir lá fora produz porque o desemprego é uma forma de violência também mas por outro lado ela pode também servir de acolhimento como esse segundo caso que eu contei e é claro que essa essa possibilidade ou não de acolhimento vai ser atravessada na família também pela questão desses valores mais amplos não é porque embora o mercado de trabalho tenha mudado muito ao longo do século 20 no sentido da entrada da mulher no mercado de trabalho etc andré por outro lado esses valores tradicionais patriarcais da sociedade brasileira mudam com muito mais

lentidão então é o que acaba acontecendo é que muitas famílias é muito difícil que o homem esteja em casa e que a mulher esteja fora trabalhando né é uma espécie de impacto e identitário para muitos homens que é difícil né tem um estudo que contou um caso que é bem interessante de uma família em santa catarina que a mulher saiu para o trabalho o homem ficou em casa e ele conta para pesquisador aqui pendurava a roupa no varal de madrugada para que os vizinhos não vissem que ele está fazendo isso né ou seja é nós

ainda estamos numa sociedade em que esses lugares de homem e mulher né em muitos estratos sociais isso tem mudado mas estão bastante demarcados e eu tive a oportunidade de ver em países da europa professores grandes professores da universidade passando roupa sábado à noite o que acho que é uma situação rara da gente vê aqui no brasil mas acho que é importante para as pessoas pensarem a respeito porque o que acaba gerando é uma dupla ou tripla tripla jornada da mulher ela trabalha fora mas acaba ainda ficando com ela toda a responsabilidade dos cuidados da casa

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