Se a última vez que você ouviu falar em clones foi quando essa ovelha nasceu, ou quando esse exército marchou numa galáxia muito muito distante…prepare-se. Clones são mais comuns, e estão mais próximos de você do que você pode imaginar. Se você plantou uma muda em algum momento da sua vida, parabéns.
. . você já criou um clone.
Se já comeu banana, comeu um clone. Desde a década de 50 cientistas já clonavam organismos simples a partir de células embrionárias, que só existem nos primeiros instantes da vida. Mas esse foi o primeiro caso de um mamífero clonado artificialmente a partir de células adultas.
O processo que gerou a Dolly parece ficção científica, ou do Frankenstein, ou brincar de Deus, dependendo de como você enxerga a coisa toda. Os cientistas pegaram uma célula normal da ovelha original, tiraram e guardaram o núcleo. Depois pegaram um óvulo não fertilizado de outra ovelha e jogaram o núcleo fora.
O próximo passo foi colocar um dentro do outro e dar choques elétricos até que as duas coisas se fundiram. Falando assim parece fácil, mas isso foi feito 277 vezes. Só 29 deram certo.
Esses 29 foram implantados em 13 ovelhas barrigas de aluguel. Só uma gravidez vingou e alguns meses depois a Dolly nasceu. Depois disso, rapidamente a técnica foi aprimorada e várias outras espécies já foram clonadas, no mundo inteiro.
Em 2013 um camundongo foi clonado a partir de uma única gota de sangue. Desde 2014 existe um laboratório na Coréia que clona cães de estimação. .
. por 100 mil dólares. Mas as técnicas de clonagem tem um potencial muito maior do que sair por aí copiando seres vivos, ou mortos.
Tem a possibilidade de um dia poder combater doenças que hoje não tem cura. Para entender como isso seria possível, preciso te lembrar das aulas de biologia. Você um dia já foi uma única célula.
. . que foi se multiplicando, a princípio igualzinha.
Depois de mais ou menos 4 dias, elas começaram a se especializar e formar cada um dos seus órgãos. Você inteiro veio de um conjunto de células genéricas, que tinham a capacidade de se transformar em todos os diferentes tipos de células que você tem hoje. São as células tronco.
Por outro lado, muitas doenças são causadas pela deterioração de células adultas que são difíceis de repor. É o caso, por exemplo, da catarata, diabetes e de várias doenças do cérebro. Junta essas duas coisas agora.
Células tronco, que podem virar qualquer outra. . .
e células danificadas que não conseguimos substituir. Se a gente tivesse um estoque dessas, poderíamos usar essas para substituir essas, o que poderia ajudar no tratamentos de várias doenças que hoje não têm cura. O problema é que isso é uma via de mão única.
Desde quando saímos da barriga, já somos feitos majoritariamente de células super especializadas, que nunca mais voltam a ser células tronco por livre e espontânea vontade. No seu cordão umbilical até tinham células tronco, e na sua medula tem até hoje, mas elas não são tão versáteis quanto as embrionárias. Agora pensa de novo na Dolly, mais especificamente nos primeiros momentos da clonagem.
Nesse ponto, o que os cientistas fizeram foi, na prática, transformar o núcleo de uma célula adulta super especializada em uma célula tronco embrionária, o tipo mais versátil que existe. Fazer isso com ovelhas é uma coisa. .
. com humanos é bem mais complicado. Além disso, essa técnica tem várias implicações éticas e até religiosas.
Afinal, estaríamos gerando uma vida só para servir de fábrica de células tronco embrionárias. Essa é uma reflexão individual que cada um deve ter. .
. aliás, estou curiosa para saber a sua opinião, deixa aí nos comentários do vídeo! Recentemente, esses cientistas desenvolveram um método que diminui bastante as questões éticas.
Basicamente, eles descobriram como converter uma célula adulta em células genéricas direto. . .
sem passar por um embrião. Isso tem potencial tão grande que rendeu aos dois um Prêmio Nobel da Medicina. Uma possível aplicação dessa pesquisa é no tratamento da infertilidade, por exemplo.
Mesmo que um homem, por qualquer que seja o motivo, não possa mais gerar espermatozóides, através dessa técnica, uma célula qualquer dele poderia ser convertida em uma célula tronco, que por sua vez viraria um espermatozóide. No caso de mulheres com dificuldades de fertilidade, as células seriam convertidas em óvulos, o resto é igual. Esse procedimento já é realidade em testes com camundongos em laboratório.
Teoricamente essa mesma técnica permitiria até que casas homossexuais tenham filhos biológicos. A lógica é a mesma. Uma célula qualquer de uma mulher pode ser convertida em uma célula tronco, que por sua vez vire um espermatozóide.
. . que seria usado para fertilizar a sua companheira.
Com homens, é exatamente o contrário…. a única diferença é que eles precisariam de uma barriga de aluguel, obviamente. Essas coisas estão longe de se tornarem realidade.
Antes de sequer pensar em testes com humanos, serão necessários anos de pesquisa. E ainda tem as barreiras éticas e legais a serem vencidas, o que pode demorar mais ainda. Mas clonagem já é uma realidade em outras áreas.
Por exemplo, já não é mais raridade clonar animais de elite para produção de carne e leite, inclusive no Brasil. A Embrapa produz clones de vacas 100% brasileiras desde 2001. Também já tem empresas por aqui que clonam animais comercialmente.
Se você tiver uma vaca excepcional, pode comprar clones por cerca de 60 mil reais. Essa área também não é bem regulamentada no Brasil. .
. tem projeto de lei para isso, que começou no Senado em 2007, levou 6 anos pra chegar na Câmara e tá lá sem ser votado até hoje. A boa notícia é que pesquisa com células tronco é regulamentada e permitida, com certas condições, desde 2005.
Esse assunto é fascinante, e só exploramos o ponto de vista biológico. As coisas ficam realmente bizarras quando você pensa do ponto de vista físico. .
. e de repente se vê no estranho mundo quântico, questionando do que é feita a consciência humana. .
. e o que faz você ser você. Mas isso é papo pra outro vídeo.
. . enquanto isso, se inscreva no canal, curta e compartilha com os seus amigos.
Até a próxima !