Nego Bispo: contracolonialidade e justiça climática

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Observatório da Branquitude
O ancestral Nego Bispo abriu o seminário Emergência climática: uma herança da branquitude, em 8 de n...
Video Transcript:
é uma eu tô meio nervoso aqui M Bispo vou ser sincero com o senhor tô meio nervoso de estar aqui e porque é uma honra muito grande para mim para quem tá vivendo esse aprendizado constante com o senhor não só de assistir as suas falas mas de ler as coisas que o senhor escreve também então é tô nervoso de estar aqui queria dizer isso eu não costumo ficar nervoso de falar em público Quem me conhece sabe disso sabe que no geral fico muito tranquilo hoje em especial Tô um pouco nervoso Vaio certo certeza o sentido
de existir o Observatório da branquitude em linhas muito Gerais é o questionamento de um mundo que cabe muito pouco a diversidade quando a gente olha pro mundo tal qual ele vem sendo construído quando a gente olha PR defini do que é branquitude que essa localiza social definida por dominação uma localização social que por definição é uma localização de dominação ela é uma localização que não cabe o outro só cabe esse Universal então cabe a branquitude nesse lugar universalizante onde os outros são apenas os outros nesse sentido eu queria já começar eu queria não fazer maiores
delongas mas já começar falando que uma das coisas que mais me chama atenção ao ler os seus livros e é e eu assistir suas falas e foi uma inspiração paraa criação do Observatório e por isso eu tô nervoso de estar aqui porque é uma inspiração paraa criação do Observatório que é esse lugar do mono dessa sociedade mono que não cabe o outro uma sociedade monoteísta uma sociedade orientada paraa monocultura e onde o outro tem que ficar sempre fazendo esse esforço er curo de caber tentar caber dentro desse mono né eu fiz Universidade eu fui aluno
da PUC e eu tive uma sensação muito grande durante toda a universidade que eu tinha que descobrir tudo que tava ali para poder caber naquele mundo né eu era um garoto tinha sei lá 18 anos eu ficava ali falando Ah eu ten que descobrir isso aí todo mundo ouvia Novos Baianos eu nunca tinha ouvido falar em novos banos e eu ten que descobrir tudo sobre os Novos Baianos e eu tava sempre numa coisa de caber em tudo que tava ali porque esse mono não permite o outro meus saberes não estavam colocados ali como saberes que
importavam para aquele espaço Então eu queria começar perguntando isso pro senhor né eh como é que a gente solapa esse mundo do mono que é esse mundo do qual o senhor fala e que a contracon realidade que o senhor propõe busca jogar pro alto isso né e obrigado pela sua presença vivas eu quero agradecer porque eu acredito que de todos os convites que eu recebi desde que nós lançamos o livro em 2015 Esse é o convite que mais se adequa à minha trajetória de todos porque eu fui criado exatamente observando estudando esse povo que se
diz o povo da branquitude para organizar as nossas técnicas de defesa Então eu fui pra escola para compreender as escrituras Porque só quem fala pelas escrituras são os ditos humanos e os ditos humanos da Bíblia ou seja o que se diria povo Branco nesse nosso livro colonização Quilombos modos e significações ele tem o texto Inicial onde eu começo escrevendo que foi um cuidado que eu tive com isso eu fui adestrador de bois então eu sei que nominar é a arte de dominar quem põe o nome Manda então eu como adestrador fiz o que todos os
adestradores fazem por exemplo alguém de vocês aí cria cachorro o nome do cachorro benut Beirut Beirut Beirut é é uma cidade é também né também é o que mais que é Beirut um sanduí um sanduíche também ótimo tá vendo ela nem sabe se o cachorro gosta de ser chamado de cachorro muito menos de Beirute muito menos de sanduíche Será que o cachorro gostaria de ser chamado de sanduíche ela deu esse nome pro cachorro dela porque ela domina cada vez que ela quer que ele Siga os seus comandos é berut ou berut pela maneira que ela
fala ele vai seguir os seus comandas isso é achte de dominar e os colonialistas sabem muito bem disso tanto é que as primeiras coisas que os colonialistas fazem também é dar nome isso significa dizer que colonizar adestrar educar educar é tudo muito parecido o educador é muitas coisas inclusive um colonizador tão colonizador que a maioria dos professores se o aluno lhe fizer uma pergunta sobre uma temática que ela não sabe ela muda de assunto tem que prevaler o assunto que aquela pessoa que é professora sabe ela não tem a humildade de aprender ela então tá
impondo o professor ele condiciona as pessoas a saber apenas aquilo que o professor quer que ele saiba e os professores saibem apenas aquilo que o sistema colonialista quer que ele saiam então eu tô colocando isso para dizer que a vida inteira eu faço isso tento compreender como é que um povo chega a um estágio de sentir raiva de outro povo que às vezes eles nem conhece como é que um povo trata o sofrimento como uma possibilidade de negação ou de negociação para o o perdão para negociar o meu perdão eu tenho que passar por uma
situação de sacrifício de dor ou de constrangimento de de submissão Tipo o que que mes O que é mesmo que tem nesse povo bom por que que eu não gosto de dizer a palavra Branco porque se eu disser a palavra Branco Essas pessoas vão se achar Opa tá me respeitando Eu sou branco eu tô por cima eu ganhei então eu não digo Branco porque eles gostam eu digo no mínimo amarelada ass a pessoa amarelada aí tudo bem mas voltando a história do Liv Liv quando eu comecei a escrever o livro eu comecei dizendo assim se
você olhar a cor da minha pele e a cor da pele que tá digitando essas minhas palavras você vai dizer que eu sou negro e você vai dizer que ela é branca mas se você olhar a cor da pele dela e a cor do papel onde essas palavras vão ser impressas aí você vai dizer que ela é amarela branca é o papel e aí eu fui essas histórias sempre pegando uma coisa que é branco aqui e que na frente ele não vai mais ser Branco ele vai ter uma outra coloração eu fiz isso nesse livro
para dizer que essa não é a questão de fundo a questão de fundo não é a cor da pele a questão de fundo é o modo de vida a questão de fundo são os relacionamentos a cor da pele tem tem uma especificidade que precisa se cuidar se a se observar Ela tem os seu significado mas ela não é a a a questão predominante Até porque não existe pessoas brancas de verdade não existe pessoa branca a pessoa que mais se aproxima do branco é o Albino aí logo a gente chama de Albino e já não chama
de branco bom então colocando isso para dizer que como esse povo é um povo bíblico como a humanidade está na Bíblia como todas as orientações desse modo de vida são bíblico basta ler a constituição essa constituição cidadã de 988 tudo que tem na Bíblia tem nessa constituição tudo simplesmente tudo então a a constituição é um anexo da Bíblia Então esse é um povo bíblico Tanto faz ser da Igreja Católica como ser da Igreja Evangélica a igreja não é a religião ainda tem isso ainda usam o português de forma muito equivocada o povo que fala ruim
português Ave Maria dá até dó porque porque a religião é o cristianismo a igreja não a igreja é uma loja de negociar essa religiosidade então a loja onde você negocia a religião cristã são as igrejas como as lojas onde você negocia os direitos trabalhistas são os sindicatos como a loja onde você negocia as políticas públicas são os partidos Então tudo são lójas de vender mas a religião é o cristianismo bom então agora para chegar né essa história mesmo do Observatório Então vamos fazer aqui uma breve observação lá em Gênesis tem um texto que diz assim
a terra será maldita por tua causa porque você me desobedeceu porque você comeu do fruto proibido tu haverás de comer com fadiga do suor do teu rosto comer com fadiga do suor do teu rosto porque as ervas são daninas tu haverás de comer apenas as ervas dos Campos e mesmo assim todas as tuas gerações serão Malditas serão amaldiçoadas isso é um Deus Jeová dizendo para Adão e Eva suas criaturas é um criador dizendo para suas criaturas naquele momento o Deus da Bíblia criou o trabalho se ele disse tu não pode comer do jeito que elas
nascem naturalmente tu tem que comer com fadiga do só te tu tem que trabalhar então Deus criou o trabalho mas criou o trabalho como castigo como castigo naquele momento Deus criou a cosmofobia o que que é a cosmofobia essa tal da doença mental que se anda alardeando discutindo e e debatendo em todos os conselhos de psicologia do Brasil eu tô dizendo isso porque sou convidado PR a maioria deles ecl a primeira vez que eu fui convidado eu até falei lá em casa conversando com a minha companheira assim por que será que estô me convidando para
discutir saúde mental no Conselho Regional de Psicologia Será que vou me ter como cobai que doido eu já sei que sou então estão precisando de uma cobaia lá me convidaram né não mas já convidaram várias vezes várias Vez Acho que primeiro foi para poder conhecer esse dois depois para avaliar para onde essa loucura tá indo que sempre me convidam mas a cosmofobia é isso é o medo da natureza quando esse Deus diz tu não pode comer das Ervas do campo tu não pode ter contato com a natureza do jeito que ela é tu tem que
modificar a natureza tu tem que sintetizar nesse momento também esse mesmo Deus criou o desenvolvimento tá aí a palavra desenvolvimento o que que é desenvolver ver é tirar do envolvimento é desconectar é deslocar de Então essa palavra é uma palavra ruim de novo esse povo fala um português muito ruim que dói essa palavra é ruim a palavra é envolvimento eu quero me envolver com a terra eu quero me envolver com as águas com eu quero me envolver com a vida eu quero vi de forma envolvida e não desenvolvida pedi para desenvolver tá aí as crises
Por que que tem as crises porque tá desenvolvido as catástrofes os desastres é fruto do desenvolvimento só tem crise no desenvolvimento no envolvimento não tem crise a crise examente leva para desenvolver então preste bem atenção de novo tô repetindo cosmofobia eu estudei pela escrita até a oitava série mas preste bem atenção já tem uma psicóloga em São Paulo nome dela é Aline Mateus negra que está escrevendo eu ela está escrevendo um livro sobre cosmofobia eu pedi ela para escrever nós nos conhecemos tomando uma cachaça e eu gostei muito da da conversa dela na minha compreensão
é uma das pessoas que já falou de cosmofobia de uma maneira mais profunda e patológica como ela é psicanalista então ela vai patologizar essa cosmofobia então daqui há 1 ano e meio 2 anos talvez vocês vão chegar não se vocês forem espera até que nem vá mas se vocês precisassem se vocês precisassem daqui a do anos de falar com uma analista Com certeza ela já não ia dizer que você tava com depressão ela ia dizer que você tem eh um vírus cosmofer do colonialismo e ele tratar desse vírus que a cosmofobia é uma doença mono
porque era o medo do Deus é o medo do Deus ao mesmo tempo ele é o medo do da natureza como um todo é é o medo do que do que não é você as pessoas cosmofit elas guardam dinheiro elas trabalham para morrer guardando dinheiro para ser de repente adoecer ter com queem se tratar Ora eu trabalho o mínimo possível e quando eu guardo dinheiro é para se de repente eu precisar ir para uma festa eu guardo dinheiro é paraa festa eu guardo dinheiro para me alimentar bem para entrar num restaurante de comida boa eu
guardo dinheiro para andar com conforto agora Antigamente eu eu chegava na cidade me exprimia dentro dos ônibus hoje não eu só vou de Uber não vou nem de moto tem que ser carro mesmo Ora por não eu guardo dinheiro é para isso olha pessoa vai guardar dinheiro para quando adoecer mentezinha pequena essa né então isso é cosmofobia o medo do que nem sabe se vai acontecer as pessoas das cosmofobia sempre espera o ruim quando eu atuava no sindical eu gostava de dizer que o certificado de um engenheiro agrônomo o certificado do engenheiro agrônomo eale ao
código de barra num papel higiênico eles ficavam feras Como assim eu não tô dizendo que vocês são merd eu tô dizendo que o código de barra Só serve para dar o preço o que que tem a ver código de barra com merda tem nada a ver eu falei código de barra com código de barra código de barra do papel higiênico e o certificado porque o certificado é para dar presa Então por que que ele se sentiu agredido porque eles são cosmofit quando são chamadas de macacos inclusive pessoas negras porque tem um que de cosmofobia ela
não quer ser comparada com animal Ela não quer ser comparado com a natureza isso é cosmofobia bom então isso é para dizer que na minha compreensão eu fui convidado para dizer para vocês aqui fazer acabei fazendo um relatório né de todos os meus estudos do Povo sobre o povo colonialista desde quando eu nasci Então parabéns pela iniciativa eu acho que o debate deve tomar esse rumo mesmo e aí A apresentação foi foi longo mas a partir de agora eu me coloco à disposição do debate super Obrigado por essa apresentação eh fiquei emocionado quando o senhor
disse que esse foi o convite que mais lhe mais está conectado com que o Senhor tem feito né e o sentido do Observatório É esse mesmo é nominar né nominar quem sempre nominou a gente né que foi o branco que criou o negro né que criou essa nomenclatura de negro e atribuiu subjetividade negativa a essa nomenclatura né só que ele esqueceu que ao criar o outro ele cria a si mesmo também e se coloca como outro desse outro que ele criou né é o efeito perverso que ele não percebeu né eh e aí a pergunta
que que eu queria fazer para continuar Leno Sobretudo o Terra dá Terra qu parece que eu tô conversando com o senhor aqui aqui né parece que eu tô num bate-papo aqui com o senhor quando quando eu leio o livro eh impressão que dá que eu ouço a sua voz ali falando da forma como o senhor fala dessa forma maravilhosa que o senhor fala eh e aí eu fico pensando que a população negra sempre produziu soluções pra questão da emergência climática eh vem produzindo soluções e sempre produziu essas soluções seja nos modos de vida ou sejam
soluções organizadas pelo próprio movimento negro que sempre debateu esse tema a Mari belmon que tá aqui que daqui a pouco ela vai vai compor a mesa o livro que ela lançou ontem ela vai falando sobre pessoas importantes que sempre debateram esse tema sempre produziram soluções e que nunca tiveram espaço para ter essas soluções eh realmente discutidas como políticas públicas ganho de escala enfim seja o que for Então queria perguntar pro senhor isso assim qual é esse lugar da oralidade na produção de soluções que lendo no seu livro existe agora os livros audiobooks né que são
livros que você ouve mas parece que mesmo lendo o livro Escrito parece que é um audiobook porque eu vou ouvindo ali a sua voz né então qual é esse lugar da oralidade na produção de soluções e como é que a gente faz para de fato ser ouvido e e se é pra gente ser ouvido também nesse mundo que a gente tá vivendo né então eu durante dois teros da minha vida eu me comuniquei muito mais pela oralidade não eu escrevi a carta que a carta é também uma oralidade você escreveu uma carta para pessoa é
uma conversa como se fosse hoje no celular então eu escrevi muitas cartas muitas mas livro mesmo o primeiro foi lançado em 2007 e não circulou E agora o que circulou foi de 2015 Mas o que eu observei e agora quando nós lançamos esse livro a terra da a terra queer que é um livro que eu não queria lançar foi foi muita dificuldade porque eu tô escrevendo um outro livro e eu eu queria apenas o esse outro que eu tô escrevendo mas várias questões fizeram com que aparecesse a terra da a terra quer aí depois eu
compreendi que ele tá certo que é meio é Começo Meio Começo então colonização é o começo ele é o meio o outro é o começo de novo mas então mas aí quando foi para lançar Esse livro foi em um quilombo lá em em Belo e no estado de Minas Gerais no quilombo manzo foi no quilombo manzo que limita com Belo Horizonte aquil Manza manzo limita com Belo Horizonte então foi lá aí eu fui pensando assim o que que eu vou dizer sobre esse livro porque para ser sincero eu li esse livro no dia da revisão
e depois não li mais que eu não gostei do livro Sinceramente não gostei não deixa aí quando o livro apareceu o povo lendo e mandando comentário e pensando o que que tem de estranho nesse livro que eu não sei até hoje eu não li Para não saber o que que tem de estranho nele Mas enfim mas aí o que que eu f como eu não sabia Para que rumo esse livro ia o que que eu disse lá eu disse que esse livro era um livro que veio para ensinar o povo das escritas a falar é
assim que esse livro me chega por que acontece o povo das escrituras o povo colonialista não sabe falar e a vida inteira eles diziam pra gente que a gente não sabia falar e a gente sabemos ou escrever eles diziam que a gente não sabia escrever sabemos não não senhor aí não vocês são na F vocês são atrasado você não sei o que porque vocês não sabem escrever não sab ler e escrever e nós nunca tivemos a coragem e vocês não sabem falar Nós não sabemos escrever vocês não sabem falar se nós somos analfabeto vocês são
horber você são alguma coisa de beta aí que que também não funciona nesse livro nós conseguimos dizer isso porque as coisas vão as comunicações vão melhorar quando eles aprenderem a falar que eles vão nos entender porque Nós aprendemos a ler porque fomos Obrigado eles além de se comunicarem pelas escritas transformaram todos os todos os contratos de relações sociais também pela escrita nos obrigaram a aprender a ler e escrever foi o jeito mas nós não digamos ele aprender a falar estão ensinando agora por generosidade a gente compreendeu que é bom ensinar que não sabe assim uma
das coisas assim que eu fico pensando não cabe na minha mente como é que uma pessoa vem para esse lugar que eu estou fazer uma fala e traz escrito ele chega aqui pega um a dó retroprojeto e lê para os outros ele escreveu sem saber se a pessoa queria acessar aquele aquele conteúdo aí ele joga na parede e ele anda lê pros outros como se os outros não soubesse mandava o texto não precisava nem vim né e e isso é o sofrimento de quem não sabe falar né a gente a gente vem para cá e
cont as histórias pode ser verdade ou mentira não interessa o interessa que vocês estão escutando isso aqui é o que vale mas então é isso então esse livro é por isso que ele tem essa oralidade quase todas as pessoas que Lê esse livro diz isso Ó eu tava ouvindo meu avô falar eu tava ouvindo meu pai falar eu tava ouvindo minha mãe falar tava ouvindo minha avó falar eu tava ouvindo os que me conhecem eu estava ouvindo você falar porque é isso esse estilo de escrever é muito estilo de escrever cartas a carta você se
você for escrever um livro de várias com várias cartas você vai encontrar o que tá nesse livro aí É como se eu tivesse sendo entrevistado mas aí é o jeito melhor que tem pra gente ensinar esse povo a falar porque é uma leitura gostosa eles só vão aprender a falar lendo porque nos ouvindo eles não sabe ouvir também não sabe falar não sabe ouvir É um sofrimento terr mas esse livro tem ess missão vai ensinar esse povo falar e depois que esse povo souber a falar aí a gente vai conversar e nós vamos resolver todas
as questões climáticas que é fácil de resolver é só dizer para eles mude o modo de vida de vocês viva parecido com a gente que já tá de bom tamanho se a gente disser isso para eles eles entenderem eu acho que eles vão entender depois que ele ler o livro né E aí a gente vai eh enfrentar várias questões com mais habilidade porque a fala vibra é por isso que a oralidade prevalece é por isso que a escritura é só um truque mas a oralidade ela é tão potente que o pastor vende a Bíblia para
os seus fiis mas depois ler porque ele sabe que no falar as coisas andam muito mais vocês T uma ideia por exemplo calmar apesar de calmar ter dito que a religião é o ópio do Povo mas cmar era tão Cristão quanto Jesus porque o trabalho é do cristianismo o mundo do trabalho é o Mundo Cristão então cm defendia o Mundo Cristão Jesus também o mundo do trabalho então pelo trabalho ambos eram Cristão pelo mundo do trabalho qual foi o grande problema é que Jesus percebeu que o povo falava Jesus falou o povo escutou cmar não
percebeu veu o povo não leu coitado desapareceu né Então essa é a diferença mas é porque a palavra ela é Ela é muito poderosa muito poderosa tanto é que ela continua até agora e com essa grande vantagem que nós vamos não é só eu Todos nós né Mas porque é muita gente nossa escrevendo agora é muita gente nossa escrevendo ó tá aqui Selma Cadê Selma ó aí negona acabou de escrever um livro aí com com a belmon né mas ela organizou outro estudi um monte de livro aí com muita gente então tem muito quilombola muita
quilombola escrevendo tem muito indígena e muito indígena escrevendo e todos nós escrevemos a partir da oralidade a diferença da literatura a partir de agora é essa nós falamos escrevemos para falar de novo ol de Novo Começo Meio Começo nós falamos escrevemos para falar de novo Eles escrevem para falar para escrever de novo Eles começam na escrita e vão pra escrita nós começamos na oralidade e vamos pra oralidade é isso contei um monte de história cumprida mas é o que eu é o que eu acredito quando a gente estava pensando o seminário como um todo né
E aí dialogando com o que você trouxe a gente ficou pensando muito né No que é um um lugar comum já quando a gente fala de racismo ambiental que é a população negra sofrendo os impactos desproporcionalmente né tem a emergência climática que que pode se dar um tom né de como é uma emergência climática que tá no clima tá no ar Parece que todo mundo sofre igual né que é que é que é uma tragédia democrática mas não é né a gente sofre esses efeitos de forma desproporcional pensando nisso a gente olha e fala Olha
se a gente sofre esses efeitos de forma desproporcional significa que tem alguém que toma decisão que tem a caneta na mão que vai decidindo para onde vai o rumo dessa desproporcionalidade né sejam governantes seja no poder público seja nas grandes empresas seja eh nas grandes multinacionais enfim tem sempre alguém com caneta na mão decidindo para onde vai então onde é que vai ficar o Lixão vai ficar em determinada cidade que tem uma maioria de população negra aqui no Rio a gente tem uma cidade que chove prata que é cidade não um bairro no Rio que
chove prata que é o bairro de Santa Cruz que é um dos bairros mais negros do Rio então tem Eh esses efeitos desproporcionais vão sendo sentidos tem uma autora norte-americana que ela fala o seguinte olha se tem alguém que toma decisão e esse alguém é branco que vai empurrando esses efeitos desproporcionais para populações ditas racializadas significa que a emergência climática é um efeito supremacista tanto Quanto é acústicos clã tanto quanto o que a gente convenciona chamar de supremacia branca só que é uma supremacia Branca quase mais silenciosa então é algo e que aponta que vai
falando o seguinte olha se tem alguém que sistematicamente toma decisões que prejudicam a população negra essa é uma decisão de supremacia Branca efetivamente então para complementar para fazer uma pergunta um pouco mais longa daqui a pouco a Carol canal vai fazer uma apresentação eh sobre um estudo que a gente fez que aponta que o Saber produzido na academia sobre meio ambiente aí falando meio ambiente de maneira geral ainda é E aí ela analisou daqui a pouco Carol vai apresentar Carol se tiver dando muito spoiler já te peço desculpas tá analisou a as bolsas de produtividade
Então quem tá recebendo para fazer pesquisa sobre meio ambiente de maneira geral tá E tá percebendo que o Saber ainda é branco predominantemente Branco produzido no Sudeste e Masculino mesmo quando tá se falando de Amazônia Então como é que fecha essa conta né que tem o mundo sendo empurrado pela supremacia branca para um lugar que vai afetando desproporcionalmente populações ditas racializadas e negros indígenas sobretudo e ao mesmo tempo quem tá produzindo solução na academia quem tá pretensamente produzindo solução da academia ainda é ainda são as pessoas brancas do sudeste sobretudo de São Paulo e masculinas
e homens então parece que é uma conta que nunca fecha e fala que solução é essa que vai ser produzida então a provocação eh já encaminhando para um lugar eh pra gente ir pensando como é que a gente faz as as soluções chegarem né já que as soluções a por ú que é na o meso público que nesse lugar supremacista empurrando o mundo essa emergência climática Então como é que a gente CONSEG não sei se fechar essa conta chegar lugar minimamente harmônico disso para que nossas soluções sejam encaradas de fato como soluções Pens em escala
pro povo né a sociedade euroc monoteísta é uma sociedade que está sempre procurando o diabo quando acontece uma coisa ruim que é para o diabo assumir a responsabilidade por aquilo e aliviar o seu Deus e ao mesmo tempo ela tá sempre procurando Deus para assumir uma coisa boa que acontece e se fortalecer mais ainda nada de ruim que acontece no mundo é dedicado a Deus tudo ao diabo e aí quando você diga os brancos você não tá incluindo aqui esse euroc cristianismo Quando você diz apenas os branco é por isso que eu faço questão de
dizer Euro cristianismo monoteísta porque tem também o cristianismo politeísta O cristianismo não é só monoteísta por exemplo uma uma pessoa da Umbanda muitas vezes você pergunta para ela qual é sua religião ela disz católica e ela é da Umbanda ou seja isso é sincretismo não isso não é sincretismo isso é politeísmo se nós somos P nós podemos ter quantas divindade nós quisemos inclusive Jesus Por que não agora se nós somos monos só Jesus então de novo eu não vou sabe reconhecer essa competência hegemônica no povo Branco eles não tem essa capacidade toda nunca tem nunca
tiveram e nem terão senão quando eles disseram que iam branquear a sociedade brasileira eles tinham conseguido Cadê nós somos mais de 50% O Milagre falhou o feitiço cresceu Então essa é primeira questão tem um povo nosso que gosta de falar apenas mal dos outros mas fala tanto mal dos outros que não consegue falar bem de si eu eu pretendo o contrário no dia que cada um de nós falarmos bem de nós bem dos nossos bem de quem nós conhecemos o mal não vai ter mais lugar nesse mundo mas as pessoas só falam do Mal esquece
de falar do bem então isso é para dizer que as decisões são tomadas de forma relacional nenhuma decisão é tomada assim Pu Do nada do nada para o tudo não as decisões são tomadas de forma relacional historicamente relacion então tudo que a gente diga que é o branco que decidiu corre o risco de alguma de de alguma maneira nós temos ajudado a decidir vou dizer uma coisa nós temos muitas pessoas negras que moram em af viles e os parentes na favela e El na faville e que no final de semana a in vez de visitar
os parentes na favela ela vai pra Europa ou você não conhece uma pessoa parecida com isso tem tem pessoas Nossa então isso de forma relacional ela tá contribuindo paraa tomada de decisão ela tá contribuindo para dizer que a Europa é mais é mais necessária do que aqui nós temos muitas pessoas nossas que nasceram na Catinga lá onde eu nasci muitas nossas que morreram lá e nunca quiseram sair de lá para lugar nenhum Mãe Joana uma das minhas Grande Mestre nasceu e se criou na Catinga tio Norberto má a minha geração avó toda só da minha
geração mãe que algumas pessoas saíram mas ainda não saíram tantas a minha mãe não saiu só da minha geração é que mais pessoas saiu então por que que ao invés de acessar as técnica de manutenção de vida na Catinga eu abro mão de lá e venho atrás das técnicas daqui do do sudeste por que que eu tenho que vir pro Sudeste para vi ver não eu eu ven pro Sudeste para passear né para conversar com vocês tá aqui ele disse que o o sudeste é quem toma as mais necessárias decisões e você acha se o
a hegemonia do saber eu nasci lá na caratina tenho até oitava sed e quem mais me chama para conversar é o Rio de Janeiro São Paulo e Belo Horizonte onte e é muito Olha tá com três vezes consecutiva em menos de dois meses que eu viio aqui no Rio de Janeiro então se ele sabe de alguma coisa eles estão guardando só para el Porque eles estão me chamando para perguntar então eles não sabe tanto assim não olha meu [Aplausos] irmão então é isso às vezes falta a gente falar bem da gente às vezes para você
dizer não existe hegemonia branco em lugar nenhum desse Brasil quem foi que disse que tem hegemonia Branca Como assim Foi eles que inventaram o Congado Foi eles que inventaram o batuca Foi eles que inventaram a capoeira foi eles que inventaram um bando o Candomblé Foi eles que inventaram o jongo foi ô Dá licença rapaz Como assim eles inventaram a sofrência Eu amo aí ISO foi que inventaram sofrença nós não não tem sofrença no nossos repertório tem não tem malandragem tem sofrença não Então olha eles são hegemonia aonde não são vamos deixar de fortalecer as trajetórias
desses coitados quees estão quase caindo já el estão no Apocalipse então é preciso a gente ter cuidado com isso é preciso a gente dizer Pessoal vocês já viram alguma imagem de seca lá no Nordeste quando a Globo e os jornais mostra a a foto dos animais mortos naqueles lugares quase deserto Vocês já viram isso já Alguém já viu numa num na Globo Quais são os animais que aparecem mortos naquelas imagens o gado principalmente o gado holandês sabe o que que a catinga ela é contra colonialista ela não gosta de gado Alê lá chega e morre
mas as cabas não morre os porcos não morrem preste bem atenção a sutileza dessa violência os outros animais não morrem de seca na Catinga só morre o gado algum vez por outro porque na competição com o gado porque o gado às vezes até como alimento dos outros e os nativos mas olha só Então por que que a catinga é o pior lugar para se viver não é eu vivo lá a gente precisa de mostrar as qualidades da Catinga e dizer Tudo bem pessoal quer dizer que a amazônia é o pulmão do mundo porque tem muita
água parabéns então a catinga é o cérebro do mundo é por isso que que nós lá da da Caratinga estamos vindo para cá conversar com o povo do sudeste sobre contra colonialismo é porque nós somos o cérebro Então não é não é nessa proporção tô de brincadeira não precisa verticalizar mas é dizer que se é necessário existir Amazônia é mas é necessário a catinga é necessário encerrados é necessário os mang é necessário se quebrar a verticalidade desse debate E isso não é só os brancos que são capazes não nós também é necessário que os negros
que nasceram no Rio de Janeiro chame os negros que nasceram no Piauí da maneira que quiser mas não chame de Paraíba que Piauí não é Paraíba então quando os negros daqui cham os negro de lado de Paraíba eles estão sendo tão perverso quanto os colonialistas que chama eles de negro então muitas coisas está entre nós então nós precisamos Primeiro resolvermos as nossas vidas para depois nós tentarmos resolver as vidas dos outros primeiro nós precisamos por exemplo eu estou aqui hospedado na casa da Mona muio eu não fui para Hotel eu sei que o evento poderia
pagar um hotel para mim por que que nós não fomos para Hotel porque nós temos casa de gente nossa para nos hospedar Mas para não deixar o dinheiro na mão do colonialista pessoal de quem são os hotéis é dos favelado não é é do Povo da maré não os hotéis São dos colonialistas então se eu dissesse Olha eu quero ir pro hotel tinha nos mandado encheu o bolso do colonialista não fui pra casa da mono tomamos lá né se virando do jeito que dá certo e tá uma maravilha andando junto tal e aí o o
colonialista não vai ver um centavo desse dinheiro Isso é um gesto que parece simples mas é um gesto contra o colonialista é uma maneira de não estar fortalecendo ele cada vez mais então assim eu sempre fujo do assunto né mas não é porque não é porque eu quero fugir não é para ter uma chance de falar mais é por isso não fugi não bom vi ali já com uma plaquinha já botando uma pressão não Fugiu do assunto não pelo menos não para mim né não não não me senti assim né fugindo do assunto eh seguindo
eh provocado eu já eu tinha um roteiro aqui que eu já assim já joguei pro alto esse roteiro eh que eu fiquei muito pensativo com uma coisa que o senhor falou agora que eu fico pensando isso quando a gente vai fazer falas fazer reflexões a gente sempre fala desse lugar de humanidade única né que fala olha buc é a branquitude pretende é uma humanidade única então eh desumaniza a gente o tempo inteiro trata a gente como não humano e aí por isso que chama a gente de de macaco tudo isso porque tira a gente desse
lugar de humanidade e aí a gente reivindica isso pra gente a gente fala olha a gente é humano sim né Claro que somos humanos e está o tempo todo reivindicando isso fiquei tocado e mexido agora pelo que o senhor falou que eu fico pensando Será que a gente tem que ficar nesse lugar de ficar reivindicando a nossa Humanidade para essa branquitude que fica tentando tirar a gente desse lugar o tempo todo porque aí quando a gente convencê-los de falar olha somos humanos sim Aí eles vão falar agora você é um da gente aqui vem cá
e é esse mundo que a gente quer estar né então e eu fiquei mexido com isso e pensando isso e se eu pudesse eu poderia comentar sobre isso né que é essa reivindicação de humanidade que a gente fica fazendo no tempo todo como é que a gente consegue fazer essa reivindicação mas sem que seja para caber nesse mundo que eles estão construindo que não é o mundo que é pra gente mesmo né foi o mundo que não é feito pra gente então como é que a gente consegue lidar com isso né então esse termo de
humanidade ele está muito de novo muito relacionado com civilidade muito relacionado com a Bíblia com a educação com sabe o que que é você ser uma pessoa humana é você ser uma pessoa dentro dos padrão da da Bondade dentro dos padrão enfim isso é que ser uma pessoa humana nós sabemos que o único animal que chega à idade adulta e ainda precisa estudar para viver é o tal do humano o os outros animais todos eles o pássaro quando ele for doim já era ele já sabe de tudo que ele precisa para viver o resto é
só aperfeiçoar ele vai aperfeiçoar nos relacionamento o boi o cachorro ess os bichos que vivem na selva na mata na relação com a natureza todos eles a cobra tudo chegou na fase adulta não precisa mais estudar só humano precisa Isso é inteligência Vamos pensar só o humano precisa de um remédio sintético para cuidar da sua saúde só humano os outros animais cuidam resolvem isso na alimentação todos só os humanos tem hospital os outros animais não t aí de novo Você é humano Quer dizer então que é o suprassumo da coisa toda quer dizer será que
é mais vantajoso ser humano eu vejo um jogador chorando Ah porque me chamaram de macaco o macaco é quem deve ficar chateado porque o macaco é um ser inteligente livre autônomo toca a vida dele por aí não não tá precisando de sabe de de ser nem comparado com ninguém macaco não tá precisando o jogador podia ficar chateado é pelo fato de ele ser preto e não poder ser o técnico Quantos técnicos negros já dirigiram a seleção brasileira só pode ser jogador não pode ser técnico o Pelé pode ser o reedi do futebol não pode ser
técnico do Santos muito menos o presidente Isso é que é racismo esses caras não vê o que que é ser um jogador de futebol é ser objetificado coisificado é um produto é uma mercadoria que manda quem tem dinheiro Então todo mundo pode me chamar de macaco mas por favor não me chama de jogador de futebol que eu não sou jogador de futebol não é nada coisa n em termos de dignidade em termos de altivez não é ninguém e eu aí fica desfazendo macaco então o que que eu tenho dito é preciso des animalizar ou melhor
des não animalizar é preciso animalizar os humanos e desumanizar os Animais é preciso que o cachorro Deixe de ser tão humano igual ele tá sendo agora então vamos desumanizar os animais para eles cumprir o papel deles na porque o cachorro da maneira que ele tá criado Hoje ele ele não cumpre os seus papéis na relação eu tava outro dia em Vassouras num festival esse ano ainda no festival que teve lá até com a clinac aí na casa que nós estávamos hospedado a cachorrinha morreu na hora do almoço a cachorro morreu aí logo organizaram um velório
e era um clamor chororo mais danado do mundo aí o clen olhou assim ei se fosse na comunidade se fosse na comunidade era aniversário dos urubu que morre um cachorro na comunidade o urubu vai comer esse é o caminho natural aí não lá iam cremar cachorrinha cremar tirar deixar o povo do ubu com fome né morreu tem um ciclo natural a natureza sabe o que que Abu interação entendeu Mas então eu tô colocando isso é para dizer que a categoria humana é uma categoria autoc criada a partir das escrituras mas se ela continuar do jeito
que ela tá o resto das espécie Como diz muito bem da vi copenal o resto das espécies vão ser extinta então é preciso des humanizar os animais e animalizar os humanos então eu não reivindico a categoria de humano a categoria de quilombola Me Basta quilombola ponto sem adjetivo vou fazer uma última pergunta Tá mas senhor fico com tempo para responder o tempo que o senhor quiser a gente solapa o tempo aqui aqui eh muito aberta e muito objetiva mais objetiva do que eu gostaria que essa conversa caminhasse mas eh dentro dessa sociedade eurocris monoteísta e
que a sociedade brasileira busca para si isso né busca ser cada vez mais eurocris cada vez mais monoteísta né e enquanto a gente fica puxando pro outro lado falando não o caminho é esse volta aqui volta aqui mas o Brasil ah sobretudo essa branquitude né sempre olha pro hemisfério norte pensando assim esse é o meu meu Horizonte né É de fato o norte né então é para lá que eu quero olhar e para lá que eu quero ser né não à toa eh o BUM de entre aspas movimentos antirracistas aqui no Brasil foi quando teve
a morte do George Floyd lá nos Estados Unidos como se diariamente não acontecesse uma dessa eu não vou nem falar lá no Brasil vou falar aqui no Rio de Janeiro né a cada 23 minutos um jovem negro morre no Brasil né mas assim aqui no Rio de Janeiro todo dia tem um George Floyd desse e não foi suficiente para despertar um movimento antirracista vindo sobretudo de pessoas brancas e só quando George floy morreu lá no hemisfério norte aqui olharam e falaram ih a gente tem que reagir as pessoas negras estão morrendo foi uma grande novidade
pra população branca aqui no Brasil mas o que queria te perguntar é como nessa sociedade a gente faz uma agenda efetiva de garantia de direitos pra população negra sobretudo as que vivem na cidade né porque eh quanto Horizonte né eu olho e falo assim eu quero acabar com essa sociedade que eu não caibo nela eu quero acabar com ela e construir outras formas de vida que não seja essa forma colonial de vida mas eu não vou conseguir fazer isso agora então como é que a gente olha para isso e fala como é que a gente
constrói uma agenda de garantia de direitos nesse momento nesse agora que a gente tá vivendo né porque amanhã acho que eu não vou est aqui pessoal na hora que eu terminar aqui eu vou autografar alguns livros que vocês vão comprar né aí de um ladinho é esse livro aqui colonização Quilombos modas e significações esse livro tá em PDF na internet tá Quem não tiver dinheiro para comprar não se preocupe eu fico muito satisfeito se vocês baixarem na internet se imprimirem também numa impressora pública é mais bonito ainda mas também quem gosta do livro fiz se
quiser comprar a gente tem para vender mas tá disponível Então aqui tem um capítulo chamado guerra das denominações esse capítulo ele é de 2015 então na guerra das denominações nós trouxemos algumas denominações que nós já famos aqui tipo cosmofobia que é a doença da sociedade Cristão monoteísta é uma doença monista Mas aqui tem confluência que é uma palavra que todo mundo fala só que a sonoridade que nós demos pra palavra confluência a vibração ela foi tão poderosa que muita gente hoje usa até em grupo de WhatsApp confluência sei o que e tal eu fiquei muito
festivo com isso mas aqui também tem saber orgânico e saber sintético aqui também tem biotera aqui também tem circularidade verticalidade então são palavras germin que a academia chama de conceito Então esse é um livro que ele trouxe várias germinando que hoje a academia tá tratando como concejos inclusive nas pós-graduações e isso é pra gente ter cuidado com o jogo das palavr então quando o camada diz assim olha o seu saber é empírico não meu saber é orgânico o seu é que é sintético aí o seguinte se ele não quiser que eu chama o saber dele
de sintético ele não chama o meu de empírico saber é saber ponto não precisa saber é isso ou aquilo mas se botar adjetivo no meu eu boto adjetivo no seu que isso eu sei fazer bom Então tô falando para diz direito Nós não precisamos de direitos de o que que é direito você tem direito mas não tem acessibilidade para que valer o direito e às vezes o direito é um uma enganação Cuidado Com direito por exemplo eu moro a 500 km 500 km da capital onde tem os hospitais né de grande complexão complexibilidade se o
que de alta complexibilidade é público só que da minha casa para chegar nesse Hospital eu tenho que pagar 130 em um ônibus quando eu chegar na capital eu tenho que pagar um hospedagem e tenho que pagar um U para chegar no Hospital Então o que eu vou pagar de acesso P hospital é mais do que se eu fizesse uma consulta particular lá no no município onde eu nasci então eu tenho direito mas não tenho as condições se eu não tenho as condições para que ter direito é nisso que nós fomos enrolado eu fui Sindicalista eu
falo de cadeira quando eu falo aqui é porque eu falo de cadeira o sindicato eu disse que é uma loja de vender direito e é porque o sindicato vende os direitos para o patrão entregar o patrão quase sempre não entrega E aí os partidos político vende política pública pro estado entregar o estado não entrega e daí como a igreja vende a salvação para Deus entregar e Deus não entrega e as pessoas fica aí perambulando então muito cuidado com com essa questão Então o que nós precisamos ter é condição é mais do que direito o que
que é a condição por exemplo nesse momento nós estamos aqui fazendo um debate com o Observatório da branquitude Então nesse momento isso aqui é o Observatório da branquitude mas se de repente sair todo mundo e vi um grupo de capoeira Nesse Mesmo Lugar uma roda de capoeira aqui já é um outro lugar aqui é o lugar da roda de capoeira então aqui é o quilombo enquanto aoir tiver aqui aqui é um quilombo então o quilombo não é C Terra física o quilombo é o lugar cosmológico é o lugar onde você está no Cosmo e você
se comporta como quilombola então Quilombo é o lugar onde você se comporta como quilombola pronto não precisa você ter esse espaço físico Então isso é para dizer que nós precisamos é ter as condições Então nós não precisa consertar a sociedade como um todo cada quilombola só precisa consertar o seu Quilombo quando nós resolvemos todos os problemas da comunidade sa cortume se vocês Nego bisso você já resolver esse problema pode nos ajudar aqui aí a gente vai mas primeiro resolver os nossos A grande questão é que nós fomos ensinado para resolver sempre os dos outros sempre
resolver os dos outros a esquerda quer resolver o problema do da classe trabalhadora o sindicato quer resolver o problema da classe trabalhadora a os padres progressistas quer resolver o problema da classe trabalhadora todo mundo quer resolver o problema da classe trabalhadora Será que perguntaram a classe trabalhadora será queria que esse problema fosse resolvido ora assim que começou a pandemia uma pessoa me perguntou lá em Campinas em São Paulo Ei nego como é que nós vamos fazer para educar as comunidades quilombola foi Como assim como é que nós vamos fazer para educar politicamente as comunidades quilombola
porque você no munda pergunta como é que vocês vão fazer para se educar nas comunidades de crola rapaz quem sabe fazer política nesse país somos nós Porque nós faz é o jogo da política mesmo você sabe quem foi que não foi que inventou Mas quem melhor aplicou e aplica a corrupção no Brasil até hoje os quilombos os quilombos são corruptores nós somos corruptores e os euroc cristãos são corruptíveis é fácil fácil eles estão sendo sendo corrompido nas eleições por exemplo eles vão na nossa comunidade ninguém vota sem receber um dinheirinho nos quilombos só vota Se
receber um dinheirinho isso é corromper o processo eleitoral mas ficar com dinheiro no B se não pegar naquela hora não pega mais nunca ele sabe disso todo mundo sabe que vota é uma mercadoria que você ou vende a vista ou você vende a prazo Mas você vende ou você troca por dinheiro ou você troca por um emprego ou você troca por um concurso público ou você troca por um saneamento na sua rua mas é negociar Então os quilombolas sab fazer isso E desde Palm que os quilombolas negocia com os fazendeiros negocia mesmo e negocia bem
que o ruim é você negociar ruim o ruim da negociação é você perder mas se eu vou negociar para ganhar eu vou tô em todas as mesas agora perder ruim qualquer lugar então colocando ISO que nós temos de novo nós temos que resolver os nossos problema dentro de casa nós temos que quando a vizinha precisa de trabalhar aí tem uma criança e não tem quem Olhe se você tá passando o dia em casa olha a criança da vizinha no quilombo faz assim o nós precisamos é que se a vizinha não tem comida hoje não precisa
nem ela lhe dizer você percebe que ela não tem pega um pouco e vai deixar o que nós precisamos é de compartilhamento nós precisamos de chegar junto e chegar com firmeza quando esse esse americano morreu você ligava no meu celular e eu dizia salve salve todo mundo que li ligara no meu celular eu dizia salve salve aí morreu aí começar a dizer vidas negras importam vidas negras importam e eu não tô gostando aí hoje você liga no meu celular que que eu digo vivas vivas vivas hoje esse é meu cumprimento só que no tempo do
americano diz assim vivas vivas porque todas as vidas são necessárias não é só as vidas negras não todas as vidas são necess Ária se eles dizem que só as deles importa a nossa não e nós diz a mesma coisa que eles dizem onde é que tá a diferença então todas as vidas são necessárias não é só a vida dos humanos é a vida dos humanos dos Quilombolas dos indígenas dos umbandistas dos cistas dos ciganos Seja lá de quem for até do pessoal lá da da guerra da Europa então de novo pessoal vamos cada um de
nós resolver primeiro os nossos problemas eu conheço professoras que defendem a escola pública e bota os filhos na escola particular desse jeito aí fica difício eu conheço feministas que cospe sangue na plenária mas na sua cozinha tem uma mulher fazendo aquilo que ela não gostaria de fazer bom tá errado não é quem sou eu para dizer que tá certo ou que tá errado agora nesse lugar eu não me diria feminista se é para que aí você vai di assim neg bisso e será que lá na tua roça um dia não tem uma pessoa que vai
trabalhar recebendo mesmo que tu recebe numa palestra é mas numa palestra eu tenho 63 anos eu levei 63 anos para fazer essa palestra aqui essa aqui a outra daqui a pouco do mesmo jeito mas a questão é eu chego na minha comunidade chega um menino que tá numa situação de dificuldade com família muitas vezes por conta do craque mas muitas vezes só por conta da maconha aí chega para mim nego bisto tô precisando de comprar um cigarro de maconha que que eu faço não posso lhe dar o dinheiro porque se eu lhe der a sua
mãe e o seu pai vai dizer que eu tô incentivando mas vai fazer um serviço para mim eu lhe pago e com dinheiro você compra o que você quiser e aí é é para isso que eu pego também que eu pego esse dinheirinho aqui ou seja eu não deixo os meus sofrendo eu tendo porque os meus nunca me deixaram Então nós não nos deixamos nós nos quilombos nós não nos deixamos sofrendo eu não quero saber sear maconha certa ou errado eu até acho que é certo se fosse errado pouca gente queria porque o que é
ruim ninguém quer se quer porque tem alguma coisa de boa nesse negócio aí né que talvez conversando fosse melhor de resolver se a gente dissesse assim né meu amigo não é viciado em maconha ele tem um relacionamento com a maconha isso já mudava já mudava o sentido de muita coisa né daqui para ali já mudou então acho que olha se fosse só um relacionamento talvez não seja tão ruim mas é isso eu de novo eu vou insistir de novo pessoal vamos falar bem de nós vamos falar bem dos nossos vizinho O Nosso vizinho faz coisa
ruim mas não vamos falar da coisa ruim ele também faz coisa boa todo mundo faz coisa boa e coisa ruim vamos falar da boa como dizer Mãe Joana palavras boas horas algumas palavras ruim horas nenhuma quero te agradecer Bispo assim foi uma uma grande aula né E já levantaram um monte de plaquinha para mim aí há um tempão Então acho que já a gente já tá com tempo esgotado não sei direito mas como já tem um tempão que levantaram acho que surgi alguém ali falando está assim então quero muito te agradecer e uma grande aula
eh saio provocado como eu disse no começo né O senhor é uma inspiração paraa criação do Observatório então fiquei até emocionado quando o senhor falou olha o que eu faço é isso é observar para nominar né e e mudar isso tudo né Então essa é uma inspiração pra gente foi desde o início uma inspiração pra criação do Observatório Então esse momento aqui é um momento muito especial pra gente por tudo isso então quero te agradecer e pedir Palmas aí pra presença do mestre nego Bispo Quer fazer alguma Fala final aí de encerramento essa declamação essa
declamação ela nos diz tudo isso que eu falei aqui com poucas palavras Quem somos nós quem são os colonialistas Olha só nós extraímos os frutos nas árvores eles expropriou as árvores dos frutos nós extraímos animais na mata eles expropriou a Mata dos animais nós extraímos peixes nos rios eles expri os rios dos peixes nós extraímos a brisa no vento eles expri o vento da Brisa nós extraímos a vida na Terra ele ex a terra da vida [Música] gratidão
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