a plataforma do letramento tem o prazer e a honra de receber a Professora Magda Soares que dispensa apresentações ela sempre brinca com comigo que eu falo que dispensa apresentações mas mas eu acabo apresentando Ela é professora emérita da faculdade de educação da UFMG orientou diversos inúmeros trabalhos na área da alfabetização e do ensino de português e desenvolveu diferentes pesquisas nessa área de conhecimento é um prazer estar aqui com você com você Magna a gente vai falar muito mineires nessa nessa entrevista porque Somos Dois Mineiros e a e vamos discutir vários temas ligados à alfabetização e
a um termo que a Magda ajudou Ah foi uma das principais pessoas a elaborar no Brasil que é o tema do letramento Mag é um prazer est com você aqui você é um prazer estar aqui também bom então vamos o primeiro bloco nosso é são é constituído de um conjunto de perguntas que professores costumam Nos enviar então a gente fez uma espécie de consolidado dessas perguntas a primeira delas é eu sei que o senhor não gosta de dar conselhos então eu vou mudar o nome e que sugestões você daria para um professor que tá começando
a a sua carreira e tá começando o seu trabalho como a turma de alfabetização b a sugestão primeira é que ele não desanime porque realmente é um impacto quando Professor sai ou a professora sai curso inicial de formação e se depara com uma turma de 30 35 alunos 20 alunos eh que ela precisa fazer leitores e escritores né Isso é é talvez a tarefa mais difícil na no ensino porque é o talvez seja a única área em que é sim ou não quando se trata de estudos sociais história matemática o aluno aprendeu um pouco muito
Tudo e você pode afirmar isso mas na alfabetização o aluno aprendeu a ler e escrever ou não aprendeu a ler e escrever então é a professora que está so uma responsabilidade maior do que as demais eu me atrevo a dizer que a formação Inicial não as prepara inteiramente para isso o que eu a minha sugestão é que elas primeiro não desanimem segundo considerem sempre que as crianças são capazes de aprender essa é uma mentalidade que nós sobretudo quem trabalha na escola pública é vencer essa mentalidade de que os alunos vão ter dificuldade que os alunos
vê de um contexto cultural que dificulta tudo o que não é verdade os alunos são capazes e ela precisa acreditar neles como capazes de aprender e buscar soluções pros problemas Onde buscar soluções estudando né estudando refletindo buscando ajuda de quem já tem mais experiência enfim acreditando nas crianças não desanimando e estando sempre alerta para entender compreender os problemas e buscar resolvê-los e a sugestão que eu daria Magda muitos professores eh encontram na na psicogênese uma base importante para desenvolver o seu trabalho né na psic Gênese da alfabetização especialmente nas na descrição das hipóteses que as
crianças fazem ao longo do seu processo de aquisição da escrita e muitos perguntam pra gente como fazer para que elas vençam as diferentes hipóteses e passem de uma hipótese ah pril para uma hipótese silábica de uma hipótese silábica para uma hipótese alfabética que princípios na verdade né podem ajudar a fazer atividades que promovam essa passagem de uma hipótese para outra que elas vençam essas hipóteses B aí de novo é a questão de compreender o processo de as professoras compreenderem o processo e compreendendo saber como agir como atuar no no no no processo das Crianças a
psicogênese tou uma enorme colaboração esclarecendo como as crianças vão construindo o conceito de língua escrita através de etapas de Fases que realmente a gente vê acontecer no na nas crianças pelo menos em todas as crianças isso já tá comprovado as crianças de que tem uma ortografia e menos complexa ou transparente ou próxima da Transparência mas a a questão que aí me parece que ainda não está suficientemente esclarecida é como o professor agir para que a criança caminhe ao longo desse processo de uma maneira mais fácil para ela né E e aí é preciso a gente
associar a psicogênese a psicologia sociocultural do do vigotsky não é que sempre sobretudo naquele conceito fundamental de trabalhar na zona de desenvolvimento proximal não não podemos deixar ou não devemos deixar que as crianças eh enfrentem esse processo sem a ajuda Para isso elas estão na escola para receber a ajuda das professoras como ajudar nesse processo de modo que como você disse a criança passa de pré-silábica para silábica silábica sem valor sonoro silábica com valor sonoro né silábica alfabética e finalmente alfabética eh qual é o processo pelo qual a criança passa nisso o que que está
por trás desse processo do ponto de vista cognitivo a criança quando tá pré-silábica ela não se deu conta ainda de que a língua o quando escrevemos nós registramos o som das palavras e não o significado das palavras como fazer que a criança entenda que a a a língua é som também não é só significado para que ela saia da fase icônica né da fase do Realismo nominal ela tem que botar a o o a atenção no som das palavras isso é consciência fonológica né as pessoas têm um pouco de medo de consciência fon lógica mas
basicamente é isso n então uma consciência fonológica e que se desenvolve através de parlendas de trabalho com rimas com palavras começa igual né para que a criança atente para isso que quando ela fala ela não está apenas falando de alguma coisa mas está falando com um som uma cadeia sonora bom percebendo isso para aprender a língua escrita ela tem também que entender que a essa cadeia sonora que é a palavra é segmentária criança no no primeiro momento é segmentar em sílabas porque a sílaba ela tem uma realidade linguística e consciência fonológica pra criança perceber que
a palavra pode ser dividida em sílabas é a consciência silábica né ela eh se torna silábica porque percebeu que a palavra pode ser dividida em sílaba ou seja porque ela desenvolveu consciência da segmentação da cadeia sonora em sílabas isso é consciência fonológica de silábica Eh vamos passar pela fase do silábica sem valor sonoro né a a criança entende que cada um dessa cada um desses segmentos da palavra oral é representado por uma letra e isso porque também se está trabalhando desde o início com a criança com letras ela vê as letras Em volta dela no
contexto ela percebe ela constrói esse conhecimento que se escreve com letras Então ela põe uma letra para cada sílaba qualquer letra Ela percebeu os segmentos mas ela ainda não percebeu a a natureza dos sons nesses segmentos eh trabalhando-se de com consciência silábica caminhando paraa consciência fonêmica com atividades que que levem a criança a perceber que na sílaba há mais de um som né E e aí é é é o salto mais difícil paraa Professora porque é do passar para da consciência silábica para consciência fonêmica então n essa passagem eh não pode ser como foi na
consciência silábica de a criança pronunciar uma palavra dividir em sílabas não pode ser isso porque não se consegue pronunciar os fonemas né Por por mais que pensem que é possível fazer a criança pronunciar femas isso é linguisticamente impossível e não só linguisticamente mas nosso aparelho fador não tem condições de pronunciar um fonema os fonemas consonantais né podia dar um exemplo é interessante que nas pesquisas de que costumam fazer de avaliação da consciência fonêmica da criança aí coloca as crianças a a pronunciar os fonemas de uma palavra e é muito engraçado quando você vê isso né
porque nem o o o avaliador o pesquisador consegue pronunciar o fonema então ele vai pronunciar os fonemas da palavra boneca aí ele fala ó presta atenção criança só B ele não falou B ele falou B né ele colocou aí uma semivogal e para conseguir pronunciar o b e interessante que nessas pesquisas em geral usam os sons os fonemas em que a articulação fica mais clara né que são a a as fricativas né então a maioria das pesquisas se não todas trabalham ou com essas bilabiais porque a criança aí pode prestar atenção no movimento do lábio
só que o som não se produz só pelo movimento do lábio não adianta eu fazer e dizer que aí a criança diz saber se eu tô falando ou B ou P ou M né Aham eh Então não é aativa é como da letra F a letra F representa ou então fala né da do do s mas isso é a isso não é um fonema isso é um som fricativo que a gente tá produzindo com articulação Então essa passagem da sílaba para consciência silábica para consciência fonêmica tem que ser por confronto porque a criança quando ela
fala ela já sabe que mapa é diferente de mata ela não consegue não confunde quando ela fala o mapa da geografia e a Mata atrás da minha casa ou seja ela já distingue esses fonemas para passar isso para escrita ela tem que perceber que mapa se escreve com uma letra e mata se escreve com uma outra consoante e assim que que tem que trabalhar levando a criança a fazer o confronto porque aí ela percebe a diferença n do fonema de uma palavra para outra tá sempre comparando então a a a o aspecto sonoro com a
escrita sempre o sonoro acompanhando desde o começo desde o começo desde a consciência da palavra já a palavra vamos vamos trabalhar com a divisão de boneca em sílabas já convém que a professora escreva boneca boneca vamos falar cada pedacinho bonea porque a criança já vai entendendo que se escreve registrando o som e a consciência fonêmica viria da da comparação por exemplo entre boneca e soneca e soneca Sona ou você variando a consoante Inicial ou a o fonema Medial né então de forma alguma você seria acha que seria defensável por exemplo o método fônico Jamais porque
não tem fundamento linguístico o método F nenum né e e falsifica porque supõe que você pode ensinar as Crianças A pronunciar fonema e depois juntar um fonema com outro o que não é eh é artificial aham e não não resolve né a não ser num primeiro momento então resumindo o o uma boa forma de de fazer com que as crianças passem de uma hipótese para outra é eh fazendo com que elas percebam o aspecto sonoro da da fala dá fala eh aumentando a sua consciência eh fonológica quer dizer dizer a consciência primeiro do aspecto sonoro
da linguagem dep da da das sílabas e dos fonemas mas sempre comparando com a língua escrita isso sempre comparando com a língua escrita e uma coisa isso vai em paralelo né o desenvolvimento psicogenético e o desenvolvimento fonológico um ajudando o outro né e o o a a passagem de uma hipótese para outra sendo ajudada pelo pela explicitação para criança através de atividades apropriadas da da da sonoridade da língua e da segmentação da língua falada Às vezes a gente ouve eh as pessoas dizendo que a Magda não é não é construtivista Ou Desconsidera a as pesquisas
da Emília Ferreiro behaviorista vamos dizer assim então a a descrição que você acabou de fazer é de alguém que que incorpora a as pesquisas da Emília Ferreiro mas a situa num plano socioconstrutivista eh incorporando ao mesmo tempo pesquisas de natureza relacionadas à consciência fonológica e é e tudo tudo isso eh com o suporte da da do processo cognitivo das crianças e linguístico ao mesmo tempo da pesquisa linguística voltando ao texto seu dos anos 80 eh eh eh a gente diria que e é de tentar incorporar as muitas facetas da alfabetização você continua sendo a pesquisadora
das muitas facetas das muitas facetas ver da alfabetização então e voltando ao professor lá que tá começando é ou Isto ou Aquilo como se uma coisa excluísse a outra não sou construtivista então é o o o desenvolvimento psicogenético da criança ou então sou fonológico sou da da linha não vou falar fônico sou da língua fonológica e sou E aí O o que é construtivista diz assim essa coisa de fonologia não pode não não deve né O que é da fonologia da acha que é o problema da eh também diz assim não essa coisa de construtivismo
tem nada a ver quando na verdade elas são inseparado elas são inseparáveis Então as duas caminham juntas é uma enorme contribuição que a Emília Ferreira trouxe eu acho que é esse países tem que esse países de vários países tem que ficar gratos a ela por ter explicitado esse processo para nós das línguas latinas né E E ao mesmo tempo nós temos que ser gratos a fonologia E aí nem se pode indicar uma pessoa mas enfim aos que que tem se voltado pra língua escrita também paraa aprendizagem da língua escrita e que percebem esse caminho fonológico
e eu acho bonito quando você vê que as duas coisas vão juntas né que que esses processos acontecem ao mesmo tempo na criança mais dificilmente quando não se está trabalhando na zona de desenvolvimento proximal deixando que a criança vença Essa zona sozinha né atravesse o mar vermelho sozinho quando a gente pode abrir o mar vermelho paraa criança para que ela passe mais facilmente de uma hipótese para outra eu vou romper um pouco com com o objetivo desse bloco mas só por é porque a oportunidade é muito interessante o os os pesquisadores em geral tendem a
a a generalizar a sua contribuição para a sal de aula para a educação como se ela fosse a única né então se eu faço pesquisa na área no campo da Psicologia eh construtivista aquela é a contribuição se eu faço na pesquisa da consciência fonológica aquela é a contribuição deixando de lado deixando de ver que a criança aprende um objeto que é complexo são várias facetas ao mesmo tempo o que que você acha que te permite buscar essa integração olha Provavelmente porque eu tenho uma formação de linguística né Muito autodidata porque nos velhos tempos em que
eu fiz curso de letras nem havia linguística ainda muito menos fonologia na no currículo do do curso mas era filologia né sempre trabalhando com com ensino de português porque eu posso ser pesquisadora eu posso ser escritora Mas fundamentalmente eu sou professora eh sempre voltada para o processo de aprendizagem das crianças dos jovens né e e e e e curiosa de ver como é que esse processo ocorre Talvez isso me tenha me levado a buscar essas essas relações né Eh e enxergar o processo como um todo e não o um pedaço do processo só não é
que que na verdade como você diz cada um trabalha e tem que ser assim a ciência se faz assim cada um tem que se aprofundar no num numa parte do processo ninguém consegue estudar o processo inteiro o o problema é que depois se acha que a parte que ele estuda e resolve o todo né e não é isso que ocorre precis somar as partes porque o processo é complexo ele tem várias facetas e não não adianta dizer que essa faceta resolve o processo é preciso ver essa integração e Que ciência é essa que faz a
soma das partes quem faz a soma das partes deveria ser a pedagogia que tá voltada pra criança pro Ensino pra educação então a pedagogia no meu entender caberia ver conhecer essas várias partes e organizar o ensino de forma articular essas várias partes de modo que o o processo complexo que a criança enfrenta vivencia quando aprende a língua escrita seja respeitado como um processo complexo e não se se deturpe o processo levando a criança a desenvolver uma faceta só perdendo as outras E por que não tem feito eu vejo Por que não tem feito eu acho
primeiro porque há esse certo corporativismo de que quem que as as pessoas acharem que e aderindo a uma faceta aos estudos de uma faceta eh elas tem que ser fiéis a ela e esquecer o resto né Então essa é uma uma das razões nós que trabalhamos com educação não podemos ser corporativistas Nesse sentido porque temos que entender que são várias facetas e trabalhar essas todas essas facetas articuladamente e um outro aspecto que dificulta isso é a formação dos professores que não TM eh explicitado essa essa complexidade do processo e essas várias facetas é uma formação
eh também complexa do professor alfabetizador ele tinha que ter um conhecimento bem profundo do da psicogênese que em geral se fica só nas etapas a criança passa por essas etapas acabou é o que eu acho que até ofensivo pra Emília porque a Emília já avançou muito tem publicado muito acabou de sair um livro da Emília que ela já já trata de consciência fonológica né e as pessoas acham que você tá ofendendo a Emília Ferreira se você falar qualquer coisa de consciência fonológica que não é a posição dela não é eu Eu acho que posso afirmar
isso com certa Tranquilidade e e já outros aderem ao fonologia com ciência fonológica né e disse é isso é isso aqui coisa psicogênica não interessa sem enxergar que a a consciência fonológica Tá é tá junto com a com a psicogênese né Tá sustentando o processo da criança de avanço pelas várias etapas