Que os exercícios físicos são o melhor jeito de atingir a boa forma e melhorar o condicionamento físico, a ciência já sabe há bastante tempo. O que ainda não estava claro é a relação entre as diferentes intensidades das atividades e a melhora do condicionamento físico. Para esclarecer algumas dúvidas, cientistas da Escola de Medicina da Universidade de Boston, nos Estados Unidos, fizeram o maior estudo já registrado sobre essa relação, com mais de 2 mil participantes.
Eu sou Elderlan Souza, da BBC News Brasil em Londres, e neste vídeo vou explicar as 3 principais revelações trazidas por essa pesquisa. Os resultados foram publicados no periódico científico European Heart Journal. Vamos direto às descobertas.
Uma das principais revelações é a de que os exercícios intensos, como corridas, podem trazer benefícios até três vezes maiores para o condicionamento físico de uma pessoa, quando comparados com atividades leves, como caminhadas. Se a gente comparar atividades mais intensas com pequenas reduções no sedentarismo do dia a dia, como levantar para mudar o canal da TV ou pegar escadas em vez do elevador, o benefício chega a ser 14 vezes maior. Os participantes da pesquisa foram submetidos ao Teste Cardiopulmonar de Exercício, o TCPE, considerado o padrão-ouro para avaliação de atividades físicas.
O exame mede índices como o consumo de oxigênio pelo organismo, a produção de gás carbônico e algumas outras variáveis de um teste de exercício físico convencional. Baseada em estudos anteriores, a pesquisa adotou o consumo de oxigênio durante a atividade física ou descanso como principal parâmetro para avaliar o condicionamento dos participantes: quanto maior o consumo durante o pico de esforço, mais bem condicionada é a pessoa. A análise dos dados do TCPE permite avaliar o funcionamento dos sistemas cardiovascular, respiratório, muscular e metabólico.
O teste consiste em monitorar uma pessoa em situações de repouso, exercício leve, pico de esforço e recuperação. Na semana anterior à realização do teste, os participantes tiveram de prender na cintura um equipamento chamado acelerômetro, para medir a frequência e a intensidade dos movimentos naquele período. Eles só puderam tirar o aparelho para dormir ou tomar banho.
Os 2070 participantes foram testados duas vezes em um intervalo médio de oito anos. Depois de analisarem os dados, os pesquisadores observaram que aumentar em 17 minutos o tempo diário de exercícios intensos, acrescentar 4. 312 passos na rotina diária ou ainda reduzir em 249 minutos o tempo diário de sedentarismo resultou numa melhora de 5% no consumo de oxigênio durante o pico de esforço na média dos participantes.
Como falamos no começo do vídeo, esse é o principal parâmetro de condicionamento físico adotado pela pesquisa. Os resultados variaram pouco de acordo com sexo, idade, índice de massa corporal e doenças cardiovasculares dos participantes. Ou seja, essas recomendações valem para a maior parte das pessoas.
A média de idade dos participantes foi de 54 anos, sendo que 51% eram mulheres. O grupo pesquisado teve uma média diária de quase oito mil passos, 13 horas e meia de sedentarismo e 22 minutos de atividade física intensa. O estudo adotou definições de outros trabalhos científicos para estabelecer que seria uma atividade física intensa.
O critério adotado por esses trabalhos foi o número de passos dados por minuto. Caminhar ou correr a uma taxa de pelo menos 130 passos por minuto foi considerado um exercício intenso. Um ritmo entre 100 e 129 passos por minuto representaria uma atividade moderada e quem andasse de 60 a 99 passos por minuto estaria praticando uma atividade leve.
Seguindo essa lógica, atingir aqueles 10 mil passos distribuídos ao longo do dia recomendados por aqueles aplicativos de vida saudável ainda seria considerado uma atividade leve, viu? Vale lembrar que a pesquisa só analisou o impacto dos exercícios no condicionamento físico e não na saúde em geral. Ou seja, não foram levados em conta os benefícios da atividade física na prevenção e controle de doenças cardiovasculares ou diabetes por exemplo.
Mas não dá para deixar de mencionar que o condicionamento físico tem uma grande influência na saúde e está associado a um risco menor de doenças cardiovasculares. A segunda descoberta do estudo que listamos neste vídeo é que as pessoas mantiveram um número de passos maior do que a média, ou praticaram exercícios intensos em curtos períodos do dia, alcançaram um condicionamento físico também acima da média. E isso independentemente de quanto tempo ficaram sentadas no dia, e em todos os gêneros, faixas etárias e condições de saúde.
Ou seja, aparentemente é possível compensar o sedentarismo “acumulado” ao longo do dia com o aumento da atividade em outros momentos. O professor de cardiologia Matthew Nayor, que liderou a pesquisa, diz que as atividades físicas leves são importantes especialmente para pessoas mais velhas ou que tenham condições médicas impeçam a realização de atividades mais intensas. Ou seja, não é porque as caminhadas leves não produzem o mesmo resultado que os exercícios intensos que elas devem ser deixadas de lado.
Outro dado interessante do estudo, o último do vídeo, é que o consumo de oxigênio no pico de esforço de pessoas que apresentaram altos índices de atividade intensa no primeiro teste e baixos índices no segundo, não apresentaram diferenças significativas. O mesmo ocorreu em casos inversos – quando o primeiro teste envolveu baixos índices de atividade intensa e o segundo, ano depois, índices altos. Isso sugere, segundo os cientistas, que a exposição cumulativa a exercícios pode estar relacionada a benefícios de longo prazo no preparo físico.
E você? Consegue manter uma rotina de exercícios intensos ou está no time dos sedentários? Escreve aqui nos comentários.
Se você gostou deste vídeo, não esquece de se inscrever no nosso canal no YouTube e clicar no sininho para ativar as notificações. Assim você fica sabendo quando tiver vídeo novo. Eu fico por aqui.
Obrigado e até a próxima!