CRISTO E ROMA: a saga em aberto丨30 ANOS d'O JARDIM DAS AFLIÇÕES

1.04k views5804 WordsCopy TextShare
Bruna Torlay
CAIXA COMEMORATIVA: https://jardim30anos.com.br/jardim-das-aflicoes-deluxe-edicao-30-anos?utm_source...
Video Transcript:
[Música] Estamos na década de 60 do primeiro século, 64 ou 67. Pedro, sabendo que é procurado pelo prefeito Agripa de Roma, convencido pelos seus acólitos, irmãos, decide fugir disfarçado de Roma. Mas, na porta da cidade, Jesus Cristo aparece para ele e aí ele cai de joelhos e pergunta: “Quo vadis?
Aonde vai, Senhor? ” E Jesus responde para ele: “Eu vou para Roma para ser crucificado novamente. ” É nesse momento que Pedro se dá conta do que significa ser seu apóstolo e do que realmente significa ser a pedra de início da Igreja de Jesus Cristo no mundo.
E aí ele volta para Roma para ser crucificado. E, mais do que isso, quando Pedro é posto na cruz pelo prefeito Agripa, ele ainda solicita que seja crucificado de cabeça para baixo, de ponta-cabeça, porque ele não é digno de ser crucificado como foi seu Senhor. E acalma todos aqueles que estão indignados à sua volta, dizendo: “Não façam nada contra o prefeito, tudo vai acontecer como o Senhor nos disse.
” Relembrando o preço, justamente, a todos aqueles que estavam ao seu redor. O preço próprio daqueles que escolhem a cruz. Esse momento fascinante, marcante, comovente e emocionante da vida do apóstolo Pedro foi retratado no romance “Quo Vadis”, que é um dos romances que eu mais gostei de fazer.
Aqui nesse canal do YouTube, você encontra porque é um dos melhores romances escritos no século XX, escrito por um autor que mereceu o Prêmio Nobel e que escreveu esse livro, que é realmente um tributo ao cristianismo, começando a se difundir em Roma e, aos poucos, ganhando o coração dos pagãos, mas em meio a tribulações e perseguições. E é muito significativo que “Quo Vadis” tenha sido escrito no século XX, um século em que o cristianismo recebeu pedradas de todos os lados, por todos os arremedos de César que atravessaram o século. Nós tivemos a perseguição, e a forte perseguição aos cristãos por parte dos nazistas.
Nós tivemos, entre os comunistas, os maiores inimigos da Igreja. Na verdade, ao contrário, os comunistas entendiam que a Igreja Católica, que os seguidores de Cristo, eram as únicas pessoas sobre as quais eles não poderiam ter controle. Por isso, os comunistas – e eu estou falando do grupo realmente bem no comecinho da KGB, das pessoas próximas a Stalin – eles entendiam que era impossível controlar um cristão.
Por isso, os comunistas sempre tiveram na Igreja Católica sua maior inimiga, seu adversário mais difícil, por assim dizer. E por isso, aliás, que João Paulo I, polonês como autor de “Quo Vadis”, foi talvez um dos maiores papas da história, porque ele viveu tudo aquilo. Ele esteve numa encruzilhada em que os arremedos de César, os continuadores de Roma, estiveram no encalço de Cristo.
Mas ele conseguiu manter a dignidade da Igreja, que sai fortalecida, como o cristianismo sai profundamente fortalecido após as perseguições romanas, muito intensificadas por Nero, depois, nos séculos seguintes, com todos aqueles imperadores que seguiram o exemplo de Nero. Tudo isso foi simplesmente assombrando os romanos que viam aqueles cristãos martirizados se deixarem martirizar felizes, porque eles sabiam que aquele seria o dia em que eles voltariam, que eles encontrariam finalmente seu Senhor. Então, o martírio dos cristãos, tão magnificamente bem descrito no romance “Quo Vadis”, o sofrimento mesclado de redenção no rosto deles, foi o que deu à Igreja, digamos assim, o pontapé para a conversão do mundo pagão.
Porque os romanos ficavam assombrados com o fato de eles morrerem em paz. Eles morriam em paz porque sabiam exatamente que aquilo era a imitação do caminho, da verdade, da vida, ou seja, de Jesus Cristo. Portanto, eles estavam morrendo seguindo justamente a única coisa digna de ser seguida.
E assim, eu começo isso que eu espero que seja uma espécie de resenha da obra “O Jardim das Aflições”, do Olavo de Carvalho, que revisita justamente essa problemática e que procura dar conta daquilo que é refletido no romance “Quo Vadis”. Porque, se “Quo Vadis” é chamado o romance da era de Nero, “Quo Vadis” retrata Paulo de Tarso, o apóstolo Pedro, entre os pagãos. Você tem uma linda história de amor que representa Roma se ajoelhando finalmente à dificuldade de Roma se ajoelhar ao cristianismo, mas o quão inevitável foi esse ajoelhar-se.
Porque o cristianismo não subjuga Roma, ele a conquista. Então, você tem uma cristã, um patrício que se apaixona por ela, e ele quer tê-la de qualquer forma, mas ele precisa aprender a ser cristão para poder alcançá-la. Mas o amor dele, justamente, o transforma.
Então, é uma imagem absolutamente maravilhosa do que o cristianismo fez com o paganismo, do que o cristianismo faz com cada homem ainda hoje. Mas o fato de “Quo Vadis” ter sido escrito no século XX por um polonês, na era dos totalitarismos, é muito significativo, porque a era dos totalitarismos é a era da expressão máxima da concentração de poder, da tentativa de se subjulgar o poder espiritual, o poder temporal. A era do materialismo expresso politicamente de forma mais violenta foi justamente o século XX.
Então, é claro que “Quo Vadis” não foi escrito à toa nessa época. Ele foi escrito, justamente, na época em que aqueles arremedos de César procuravam se livrar, dominar Cristo de novo. Só que é impossível.
É impossível, porque eles estão abaixo, eles estão abaixo. Portanto, eles podem ter martirizado quantos cristãos. Eles conseguiram isso só engrandecer a Igreja, isso só engrandecer o ensinamento de Cristo.
E é isso que “Quo Vadis” veio nos recordar, na época da sua publicação. Então, é evidente que quando Olavo de Carvalho escreve “O Jardim das Aflições”, todo esse contexto a gente tem que ter em mente. E eu estou gravando esse vídeo para vocês por duas razões: porque realmente a vídeo editorial lançou uma edição comemorativa e eu fui uma das pessoas a quem eles confiaram que eu divulgasse essa caixa; é uma caixa comemorativa que vem.
. . Com a sacolinha que é esse seu banner, que vocês estão vendo aqui do meu lado, que eu pendurei aqui para esse vídeo, né?
Bloquinho, uma caneta em que está escrito "Jardim das Aflições 30 Anos", uma série de pequenos símbolos para se comemorar realmente a publicação dessa obra, né? E você ganha na caixa também um lindo registro do Josias Teófilo, feito durante a gravação do filme "Jardim das Aflições", que tem uma cronologia da vida do Olavo de Carvalho. As fotografias são muito bonitas, né?
Eu já tinha esse livro, mas veio de novo com a caixa. Já tinha divulgado esse livro para vocês; é um livro bem bonito, "Mas o filósofo e suas circunstâncias". Mas, na verdade, é o seguinte: o filme do Josias Teófilo chama-se "O Jardim das Aflições", porque é uma obra muito significativa que Olavo de Carvalho escreveu, e é uma obra que se coloca como mais uma das reflexões, assim como "Cadeia", é uma das reflexões a respeito dessa saga em aberto entre Cristo e Roma, tá?
É por isso que é um livro que merece leitura, releitura e reflexão. Eu não vou aqui me ocupar de falar sobre: "Ai, puxa, se você gosta do Olavo de Carvalho, você tem que ter essa coleção" e para fazer você gastar dinheiro. Eu quero assim: se você já tem esse livro, ótimo!
E se você não tem ainda, é uma oportunidade interessante você ter a edição comemorativa, que é muito mais bonita do que aquele da capa vermelhinha que é vendido por aí. Eu tinha o da capa vermelhinha, foi nela que eu li, e eu acho que a mensagem do livro é mais importante do que esse aparato todo de comemoração. Se você gosta muito do livro, claro, e você quiser ter uma recordação, beleza.
O link está na descrição. Se você não tem o livro, é uma boa oportunidade de comprar nessa edição, mas eu quero aqui aproveitar que a Vide Editorial lançou essa caixa comemorativa para recordar o valor intrínseco da obra, porque eu acho que é isso que Olavo de Carvalho gostaria que nós fizéssemos, né? Mais do que a campanha de marketing para um produto, lembrar do valor da sua obra, porque afinal ele foi um filósofo, né?
Com todas as falhas, todos nós somos humanos, somos falíveis, temos qualidades e loucuras. Ele tinha muitas maluquices, né? Muitas características estranhas, é um ser humano, né?
Miserável como todos nós. Nós todos somos um bando de miseráveis também; assim foi ele. A diferença é que ele sabia, não sabia?
Porque tinha autoconhecimento profundo. E, por ter um conhecimento profundo da própria miséria, foi capaz de investigar as misérias do mundo. E algumas das misérias do mundo ele investigou muito bem, em especial a miséria da perda de autonomia sobre a própria consciência.
Autonomia é um termo que eu não gosto, mas a perda da conexão com a própria consciência, tá? Que foi um dos frutos mais graves da era dos totalitarismos, né? E, tendo sido um profundo estudioso do comunismo, que foi o daquelas tentativas de reviver o Império Romano, a mais eficaz, tendo sido um profundo conhecedor de tudo isso, conhecia muito bem também todas as técnicas psicológicas de desumanização, né?
E nós sabemos que o cristianismo, Cristo, é justamente Aquele que nos permite ter uma consciência profunda da nossa humanidade, com todas as nossas misérias. Cristo é, quando você segue Cristo, você tem a consciência da sua humanidade. Por isso que é o único inimigo que o comunismo não pode vencer.
Não pode vencer, não só o comunismo, qualquer tipo de religião civil, tá? O que são as religiões civis? São justamente essas cartilhas dogmáticas a respeito de como se deve viver, como se deve pensar, como se deve falar, como se deve tratar o próximo, ou seja, como se deve ser, como se deve existir no mundo.
Mas elas são feitas em nome de se garantir um projeto de poder. Então, uma religião civil é uma cartilha de existência que instrumentaliza o ser humano para servir ao poder político. Isso é uma religião civil.
As religiões civis vêm à tona com força desde a Revolução Francesa, mas elas tiveram no comunismo o seu ápice e a sua forma mais persistente, a tal ponto que o comunismo, como diz o próprio Olavo de Carvalho, é muito mais uma cultura do que uma ideologia. É uma cultura porque está em permanente metamorfose. E por que o comunismo se faz uma cultura?
Porque ele tem esta sanha, esta pretensão de superar o cristianismo, o que evidentemente nunca vai acontecer. É impossível que aconteça, porque Cristo é o caminho, a verdade e a vida, né? E o comunismo é uma religião civil, e a característica das religiões civis é que elas têm a base materialista.
O que isso significa, base materialista? Elas estão intrinsecamente atreladas ao tempo, portanto, elas são horizontais, são necessariamente finitas, são necessariamente condenadas ao perecimento. Elas são uma expressão do tempo, elas são circunstâncias sem consciência, tá?
Elas são circunstâncias. Dizem: "Ah, nós somos nós e nossas circunstâncias". O que isso significa?
Nós estamos no tempo, mas nós temos uma alma; nós somos uma alma no tempo. Mas as religiões civis são uma cartilha de existência submetida a um projeto de poder. Portanto, é evidente que elas… O que é um projeto de poder?
É justamente um esquema de domínio, de manutenção de circunstâncias. Portanto, é algo intrinsecamente atrelado ao tempo e sem nenhuma relação com a eternidade, porque a única coisa que tem relação com a eternidade é a verdade. E, para que nós toquemos, percebamos e sejamos capazes de nos abrir à verdade, é preciso que a nossa vida seja um caminho rumo à verdade.
Por isso que a gente diz, né? Por isso que a gente diz, não, por isso que a gente repete aquilo que ensinou Jesus. Né sobre o vínculo entre caminho, verdade e vida, tá a existência, que é vida, é uma existência imbuída de essência.
Então, são circunstâncias. Claro, estamos no tempo, mas sem perder a capacidade de olhar pro alto, ou seja, olhar pra verdade. Por isso que Olavo de Carvalho diz, nessa sua obra, que, enquanto as religiões civis são horizontais, eu tô tentando explicar aqui, elas são intrinsecamente atreladas ao tempo, confinadas ao tempo e destinadas ao perecimento.
Quanto a elas serem horizontais, a verdade é aquilo que promove em nós uma experiência de verticalidade, porque a verdade é eterna, atravessa o tempo, porque está acima do tempo, se sobrepõe ao tempo e, porque ela se sobrepõe ao tempo, está acima do tempo. Para que nós sejamos capazes de contemplá-la, é preciso que nós olhemos para cima, olhemos pro alto, e ao olhar pro alto, nós somos capazes de nos libertar das limitações das nossas circunstâncias e sermos algo a mais do que nossas circunstâncias, ou seja, contemplarmos aquilo que há de eterno em nós, que é nossa alma. Então, é apenas por meio do reconhecimento da verdade como algo real, objetivo e perene que nós somos capazes de ser algo a mais, algo além das circunstâncias.
E, quando nós somos algo além das circunstâncias, o fato de que as nossas circunstâncias nos matam já não é um problema para nós. Por isso que Edith Stein e Maximiliano Kolbe foram martirizados em Auschwitz, né? Repetiram aquilo que aconteceu aos cristãos martirizados na época de Nero; foram martirizados por Nero chamado Hitler, assim como, a exemplo de Pedro e Paulo, né?
E eles certamente o fizeram entendendo-se honrados por imitar a Cristo, mas o fizeram com a tranquilidade de quem se sabe algo a mais do que as suas circunstâncias. A câmara de gás em que morreu Edith Stein foi uma circunstância, mas ela está viva, ela permanece. Ela permanece; aquilo que ela ensinou vive em nós, cada vez que nós lemos a verdade que ela conseguiu veicular por meio de palavras nas suas obras, nos seus livros, mas sobretudo por meio do seu exemplo de vida, do seu testemunho, que foi a maneira como ela acatou as suas circunstâncias.
Então, essa verticalidade que nós adquirimos, a experiência de verticalidade que apenas a religião cristã nos propicia, nos liberta das nossas circunstâncias. E porque o comunismo é uma religião civil, portanto, limitado às circunstâncias, é daí que eles dizem: "é impossível vencer; esse é o nosso pior inimigo, um inimigo difícil". Daí que todo o esforço da ideologia da cultura comunista tenha sido de produzir infiltrações na Igreja Católica para rebaixar-se o discurso a ponto de convertê-lo em um imanentismo vulgar.
Que me perdoem, é o caso da teologia da libertação. Aquilo é imanentismo vulgar. O que é imanentismo?
Veja, não se fala mais de Deus, não se fala mais de eternidade, não se fala de verticalidade; se fala apenas de circunstâncias na teologia da libertação, tá? E é por todas essas coisas que eu estou dizendo nesse vídeo que a leitura de "O Jardim das Aflições" permanece atual, né? Eu queria mostrar para vocês que, independentemente da visão que vocês tenham do Olavo de Carvalho, se apreciavam ou não, nós temos que nos desapegar do "gostava, não gostava", isso não é importante.
O que é importante é o que ele disse para nós. Porque é o seguinte: todos nós somos uns miseráveis desgraçados, e é muito natural que nós provoquemos mais antipatia que simpatia nos nossos próximos, porque, enfim, que nós somos, né? Mas existe algo em nós que é uma capacidade realmente de caridade.
Existe, existe. Veja, o ser humano é curioso, porque é como se nós vivêssemos entre o inferno e a possibilidade do céu, né? A gente está sempre entre esbarrar no inferno e tocar a porta do céu, ou pelo menos sermos dignos de, talvez, podermos tocar a porta do céu, né?
E o que é esse nosso lado? É justamente a expressão da caridade; é quando a gente percebe, por exemplo, que temos um tipo de gesto capaz de transmitir ao próximo o nosso amor por ele. Esse livro do Olavo de Carvalho foi o grande gesto de caridade na vida dele.
Uma vez, me convidaram para falar a respeito da obra dele no Instituto Veraz de São Paulo, e eu falei: "tá bom, então eu vou explicar; vou pegar um livro mais simples, porque 'O Jardim das Aflições' é mais denso. Eu vou pegar um livro que serve de introdução a ele, que é a 'Nova Era: Revolução Cultural', e explicar porque aquele livro foi um gesto de caridade". E foi o que eu fiz na palestra: eu expliquei porque aquilo não era bem um livro, era um ato profundamente cristão, era um gesto de caridade, né?
"O Jardim das Aflições" também é isso, mas ele é um pouco mais do que isso, porque ele exprime o espanto propriamente filosófico de um homem no momento em que ele se dá conta de que essa saga em aberto de Roma contra Cristo permanece e está assim na cara dele, na frente dele. Então, muita gente estranha que "O Jardim das Aflições" comece com esse espanto, mas é um livro profundamente filosófico. É um livro profundamente, eu acho que é o melhor livro do Olavo de Carvalho.
É engraçado que essa edição comemorativa tem cartãozinho, marca página, esse logo bonito, mas vamos nos atentar ao principal, que é o conteúdo. É curioso que na nota do autor da segunda edição ele menciona que o imbecil coletivo nada mais é do que um conjunto de notas de pé de página que não couberam nos rodapés de "O Jardim das Aflições". Porque, mesmo, o imbecil coletivo é a exemplificação da realidade exposta em "O Jardim das Aflições".
É isso de que eu falei até agora nesse vídeo, muito resumidamente e sem todo referencial histórico e instrumental filosófico que vocês vão encontrar no livro, que é um livro rigoroso, é um livro muito bem feito, né? E ele diz o seguinte: o Imbecil Coletivo teve seis edições em oito meses. Mas por que teve seis edições em oito meses?
Porque o Imbecil Coletivo tem um caráter polêmico. Como, na verdade, são um conjunto de exemplos que provam a tese que está no Jardim das Aflições, esse conjunto de exemplos são as atitudes daqueles contemporâneos do Olavo de Carvalho, aqueles professores das universidades que ficavam se imbecilizando reciprocamente, e essa imbecilização recíproca nada mais é do que condenar a existência a circunstâncias a serviço de uma religião civil, né? Então, basicamente, o que eram?
Eram todos militantes disfarçados de intelectuais que ficavam uns convencendo aos outros que aquilo era inteligência e que aquilo tinha algum valor, quando a única coisa que tem valor real é a verdade. E, quando você amplia as camadas de escamas nos seus olhos, em vez de deixar que elas caiam, o que você está fazendo é ampliar sua imbecilidade, em vez de, aos poucos, libertar-se dela por humildemente se ajoelhar diante da Verdade. Entende o espírito do Imbecil Coletivo?
Mas ele tinha um caráter polêmico porque mencionava a pessoa, descrevia atitudes, e as pessoas gostam de fofoca. Foi simplesmente por esse motivo que o Imbecil Coletivo fez tanto sucesso, porque as pessoas, na sua miséria, estão mais interessadas. "Ai, que ele falou daquele cara ou daquele.
" E é uma pena porque o Imbecil Coletivo, sem o Jardim das Aflições, é como se o Imbecil Coletivo fosse um conjunto de cirurgias, mas, se o cirurgião não tem a arte, a técnica da cirurgia e não entende por que é importante que cada cirurgia que ele faz é para garantir a vida, cada cirurgia feita por um grande cirurgião é incapaz de explicar a motivação e o juramento de Hipócrates do médico verdadeiro que diz: "Eu vou fazer tudo que eu puder para salvar vidas. " Né? Por quê?
Porque a vida é importante! A vida é importante e é fundamental que o médico se ajoelhe, razão pela qual ele acorda às quatro da manhã para fazer todas as cirurgias que ele precisar. Essa é a relação que existe entre o Jardim das Aflições e o Imbecil Coletivo; é como se o Jardim das Aflições fosse o juramento mesmo de Hipócrates do Olavo de Carvalho, e o Imbecil Coletivo foi sua prática.
E ele diz que, "n'óleo", tem um monte de edições, e o Jardim das Aflições teve uma só. E ele diz assim: "No entanto, entre os dois, ele se refere ao Jardim, o melhor e o único que constitui propriamente um livro, coisa unida e coesa, com começo, meio e fim, enquanto o Imbecil não passa de uma coletânea de notas de rodapé que não couberam no rodapé, solicitando humildemente a parcela de audiência a que julga ter direito. O Jardim comparece porque, afinal, é a segunda edição, limpa, correta, melhorada em detalhes de linguagem e sem as gralhas mais visíveis da primeira edição.
Toda primeira edição de um livro vê-se de erros, mas continua. Olavo de Carvalho não aumentou se há um livro em que o autor disse tudo o que queria, o que nele queria dizer, é este. Se é um livro em que o autor disse tudo o que nele queria dizer, é este.
Esse livro aqui é importante porque ele é o juramento de Hipócrates do Olavo de Carvalho; é a razão que explica a atitude dele ao longo da vida. É o fundamento de todo o trabalho dele no curso online de Filosofia, de tentativa de devolver para as pessoas a consciência a respeito delas próprias, a consciência a respeito da imortalidade da alma, a capacidade de formar as próprias personalidades se ajoelhando diante da Verdade e evitando o engodo das religiões civis que nos conduzem ao cadáver falso e nada mais, como elas vêm fazendo desde a Revolução Francesa. Eu não quero fazer um vídeo muito longo.
Eu teria inúmeras coisas para falar a respeito do Jardim das Aflições. É uma obra muito bonita. Eu vou simplesmente dizer: esse juramento de Hipócrates do Olavo de Carvalho foi fruto de uma assombração filosófica, o assombro de se perceber diante da sedução exercida pela religião civil do comunismo ao frequentar os encontros do MASP, as palestras do Pessanha, o notório professor ali da USP sobre o Jardim de Epicuro, né?
Mas o elogio de Epicuro feito pelo Pessanha é, na verdade, um pretexto para vender que estar no mundo e o existir circunstancial é o sentido da existência. E é isso que a sombra de Carvalho diz. "É, aí você tá vendendo a horizontalidade como o caminho, a verdade e a vida.
" Caminho, a verdade e a vida nas dão experiência da verticalidade. Então, é isso que o choca. Depois, evidentemente, tem uma segunda parte em que ele critica a filosofia de Epicuro, de quem ele é crítico pelo caráter materialista.
Pelo caráter materialista, é a única visão de Epicuro possível. Evidente que não! Epicuro tem um caráter comum às demais escolas filosóficas de busca pela felicidade.
E existe um ensaio maravilhoso do Pierre Ador que explica que o epicurismo, na verdade, ensinava as pessoas o puro prazer da existência. Há valor no puro prazer da existência, sim, quando nós percebemos esse valor enquanto uma espécie de agradecimento pelo presente. Então, esse é um componente de verdade no epicurismo, sutil, né?
Mas não é esse o componente que alimenta a tradição materialista moderna que tem Feuerbach e Marx como seus representantes maiores, ah, e que evidentemente entrava ali nas palestras do Pessanha, nas palestras sobre ética, para simplesmente preparar aquela audiência e tornar aquelas pessoas mais sujeitas à imbecilização própria de. . .
Se vender a experiência da horizontalidade, de ser reduzido às circunstâncias e achar que as circunstâncias são tudo que existe, e porque são tudo que existe, nós devemos nos moldar a elas. Veja, é assim que o Olavo de Carvalho, se ele. .
. O assombro dele se deve a isso. Mas você tá vendendo a porcaria como se ela fosse o que há de mais importante.
O que há de mais importante é radicalmente distinto. Você vende essa linha, essa aqui, tá? Então, o que você tá fazendo?
Você tá enchendo os olhos das pessoas de escamas em vez de ajudar as pessoas a enxergar a verdade e ajoelhar-se a ela. Você não tá servindo a verdade; você tá servindo a um projeto de poder, né? Esse é o assombro que dá início ao Jardim das Aflições.
É o assombro filosófico de perceber a saga em aberto de Cristo contra Roma, da Verdade contra o poder. Que tá ali todos os diálogos filosóficos de Platão, em que ele mostra a enorme diferença de atitude entre Sócrates, o mártir e matriz da filosofia, e os sofistas, que são as matrizes do discurso do poder pelo poder e de que o homem é a medida de todas as coisas, e o homem é medida de si mesmo, né? Eh, e os sofistas, por outro lado, e uma figura como Trásimachos ali, do começo da República, é o protótipo do vendedor de religiões civis.
Não, não vou nem dizer dos vendedores de religiões civis. Ter um pouco mais de sofisticação, né? Seria muito mais um gorgas.
. . um vendedor de religiões civis, tanto personagem ali político que há no seu diálogo quanto Trásimachos na República.
Aqueles que colhem os frutos de as pessoas se deixarem levar pelo fascínio da religião civil. Esses são os aproveitadores, né? Nero é um seguidor de Trásimachos, como Hitler e Stalin também o foram.
Stalin, que matou quantos cristãos em seu governo? E o quanto ele teve que destruir, né, a Igreja Católica? E Hitler, não precisa nem falar, né?
Quantos e quantos seres humanos, ungidos de alma, não foram simplesmente destruídos, foram eliminados, porque Hitler, essa espécie de arremedo de Nero, surgiu para dizer quem era digno de viver e quem não era. Quem era digno de viver e quem não era. E aí, o que faz Hitler?
O que faz Hitler é incendiar a multidão para aquela escolha: Barrabás. É isso, só isso, né? Então, é essa a importância desse livro.
Vocês estão entendendo? E essa é a importância desse livro, né? Eu tenho um vídeo muito antigo, lá de 2020.
Foi o vídeo com que eu inaugurei a livraria Bruna Torl. A livraria, ela começou, acho que, se eu não me engano, em abril ou maio de 2020; acho que abril. E o primeiro vídeo que eu fiz, eu vou até colocar aqui na descrição, tá?
Eu falo em termos mais detalhados do Jardim das Aflições. Hoje eu queria deixar para vocês o espírito do livro. A razão pela qual é importante, e assim, por que a editora achou importante fazer uma comemoração dos 30 anos, para lembrar que essa obra existe.
E por que a gente tem que lembrar que essa obra existe? Porque a saga de Cristo em Roma permanece e sempre permanecerá, porque as circunstâncias, ou seja, a rebeldia e a soberba, invejam o caráter eterno daquilo que tá acima delas sempre, né? E tenta se vender como salvação.
Não é salvação, é abismo. Mas se você disser para alguém: "Venha comigo por esses campos que você vai pular e cair lá no lamaçal", ninguém vai. Você tem que dizer: "Venha comigo por esses campos que você vai experimentar os maiores prazeres e as maiores alegrias que você jamais imaginou.
" E a pessoa vai iludida. E quando ela chega lá, você dá um empurrãozinho e ela cai no fosso do inferno, né? É isso que as religiões civis fazem e têm feito.
Cristo simplesmente diz: "Deixa tudo, me siga. Abrace o sofrimento, entenda a condição humana, porque é parte da sua condição, é parte do que você é estar num vale de lágrimas. " Com tudo, nem por isso não há razão para ter esperança, porque eu sou a razão de você ter esperança.
Porque eu vim aqui para que você tenha chance de redenção. Eu me dou, e a prova é que ele realmente vai pra cruz. É pra cruz.
Então, não tem maior prova. Não tem maior prova de quem são as pessoas e de que tipo de gestos realmente nos dão esperança e nos mostram o caminho, né? São os atos tão imbuídos de significação que eles estão acima do tempo, atravessam o tempo e irrigam as almas dos homens, despertando inúmeras reflexões que se convertem em obras de cultura, as mais diversas, né?
Uma delas tendo sido "Romanov". Outra delas, aqui entre nós, no Brasil, nos anos 90, 1995, tendo sido sim o Jardim das Aflições de Olavo de Carvalho. Espero ter feito uma homenagem à altura do valor desse escrito, tá?
Eu deixo aí para figuras com menos envergadura intelectual venderem o livro por razões pessoais. Eu acho que não é esse o ponto, não. Nós temos de ser fiéis ao que o Olavo de Carvalho procurou ensinar.
Não percam, não percam as consciências, tá? Desenvolvam as consciências, desenvolvam as inteligências, formem a personalidade de vocês por meio de um cultivo permanente da consciência, porque o domínio é justamente anestesiar sua consciência. E é por isso que o livro começa com esse choque diante da anestesia geral das consciências, que foi aquele movimento de ética na política, etc.
, inaugurado pelo Pessanha pela turma da Marilena Chauí, que foram pessoas que estavam ali realmente promovendo toda a fundamentação filosófica que serviria para seduzir uma quantidade enorme de pessoas a. . .
A catár uma religião civil é só por isso que Liv, importante, é um ato de coragem, né? O ato de caridade é um ato de coragem. Eu acho que o Olavo de Carvalho merece ser reconhecido por esse livro, tá?
Não importa se você é simpático ou não a ele, não importa se você tem antipatia ou não a ele. Leia esse livro, entenda a mensagem que tá aqui, porque tem uma coisa que eu aprendi também ao longo da vida, né? A quanta coisa eu escrevi que, eu sinceramente, deixo para lá, mas as coisas que nós produzimos e escrevemos imbuídos de reverência à verdade, ao caminho e à vida são as únicas valiosas que nós fazemos.
E se o Olavo de Carvalho fez algo valioso na sua vida, foram duas coisas: esse livro aqui, "Jardim das Aflições", e a quantidade de pessoas que ele ajudou por meio do curso online de filosofia. Tá, saíram muitos idiotas de lá, com certeza, mas aí aquela história: para que a pessoa aprenda algo de valioso com alguém que tem algo de valioso, é preciso que, antes de mais nada, ela tenha entendido; ela tenha já percebido, antes de buscar que alguém a ensine a cultivar cada vez mais o que é valioso. É preciso que, primeiro, ela já tenha entendido o que é valioso e o que não é.
Então, a gente encontra uma série de pessoas até próximas do Olavo de Carvalho que parece que não aprenderam tão bem, né? E deixam dele uma imagem que tem um lado meio idiota. Eu vi pessoal que continua se embasbacado com lideranças políticas, essas bobagens.
Mas isso é da pessoa, entendeu? Não tem a ver com a mensagem que ele deixa. A mensagem que ele deixa tá aqui, e a atitude dele de ter feito o curso online de filosofia para tentar devolver as pessoas ao cultivo da própria consciência, com os defeitos dele, imbuído das misérias que lhe eram próprias, mas há um gesto de caridade ali.
Eu acho que se nós temos também caridade no nosso coração e se nós realmente temos, temos mesmo, reverência pelo caminho, pela verdade, pela vida e conhecemos intimamente a experiência da verticalidade, nós conseguimos reconhecer a bondade no outro. E quando que uma pessoa colocou todas as suas energias para deixar algo que ajudasse as pessoas a se libertarem de mentiras e serem menos? Esse livro foi esse tipo de gesto.
Então, por isso que eu, com muita, muita alegria, faço a recomendação. Li mais de uma vez. Quando eu assisti ao filme do José Teófilo, eu lembro que eu era professora numa estadual e eu falei: "Vocês têm que assistir esse filme, porque é um filme sobre filosofia".
E esse livro também é um livro que só poderia ter sido escrito por um filósofo, né? Tanto que eu acho assim: "Ah, puxa, mas você não lê a obra toda do Dan? " Eu li esse livro, e esse livro só poderia ter sido escrito por um filósofo porque o filósofo é justamente aquele que, não se deixa, é aquele que, diante do assombro, faz algo, diz, reage, se move, sofre com assombro e procura explicar por que aquilo assombra e por que é para assombrar todo mundo.
É isso que ele faz nessas páginas, tá? Então fica aí a recomendação. Eu vou deixar na descrição deste vídeo vários links: o link para quem quiser comprar essa caixa completa, comemorativa, bonita, porque quer ter essa obra, tá?
Vou deixar um link aqui. Vou deixar também um link para quem não tem muito dinheiro, porque tá difícil a situação do país. Eu vou deixar um link da Amazon pro livro "Jardim das Aflições".
Uma pessoa que não. . .
ela quer conhecer a tese, que é o principal, que é aquilo que o Olavo de Carvalho nos deixou de melhor, de verdade, tá? Mas ela não tem dinheiro para comprar esse kit bonito. Vou deixar também o link da Amazon ou da minha livraria; vocês comprem onde acharem melhor.
E se você também não tiver dinheiro nenhum e conseguir emprestar de alguma biblioteca ou com alguém esse livro, não deixe de ler esse livro, porque toda essa edição comemorativa é só um pretexto, tá? Só um pretexto, o próprio editor sabe disso. É um pretexto para que a gente volte a falar do problema que motivou a produção dessa obra magnífica.
É magnífica! Você é um livro magnífico, de verdade! Assim, acho que todas as vezes que eu releio, eu me impressiono, né?
Porque realmente é importante, é um livro bom, é um livro realmente bom, e é bom porque ele se preocupa com problemas que são dos mais importantes. Tá? É isso, pessoal.
Links na descrição. Muito obrigada a quem me acompanhou. Muito obrigada pela companhia.
Por favor, se você assistiu a esse vídeo contaminado por opiniões, por opiniões políticas, faça o seguinte: faça um favor a você mesmo, tome um chá, faça. . .
diga para você mesmo: "Eu vou tentar repetir tudo que essa professora de filosofia falou, no espírito em que ela falou, no espírito de amor à verdade, compreendendo que a verdade está acima de todos nós e que, portanto, diante dela, cabe-nos reconhecê-la. Vou me libertar de todas as minhas circunstâncias, vou tentar compreender a mensagem que ela tentou transmitir com esse vídeo. " Aí você volta lá pro começo, tá bom?
Vai te fazer bem! Obrigada pela companhia, pessoal. Links na descrição e até a próxima!
Copyright © 2025. Made with ♥ in London by YTScribe.com