Olá, pessoas. Essa é a quinta aula da monitoria de cognição e neuropsicologia, e o assunto hoje será memória. Bom, podemos falar que a memória é nossa capacidade adquirir, armazenar e recuperar diferentes tipos de informações.
Ela é fundamental para nossa sobrevivência e a nossa formação identitária, então aquilo que somos ou quem somos. O ser humano se constitui a partir de momentos, experiências vivenciadas ao longo da vida, que seria os seus gostos, as suas opiniões, seus posicionamentos e tudo que o constitui através das suas experiências de vida. Então, Izquierdo coloca em uma sentença uma definição muito bela do que é a memória: "Nós somos aquilo que recordamos ou que, de um modo ou de outro, resolvemos esquecer" então vemos nessa frase a importância da memória para nós.
A nossa memória depende de alguns fatores, então, os níveis de armazenamento, a nossa capacidade de reter as informações, ela depende de alguns fatores comuns, como por exemplo: nível de consciência e atenção do momento em que essa memória está se formando, então a atenção que damos à aquele estímulo vai interferir em como vamos armazená-lo e se o armazenaremos por muito ou pouco tempo, o estado emocional, então é esse background de emoções do momento da memória também vai interferir no seu armazenamento, memórias que tem um vinculo muito forte com esse background emocional, elas se formarão com mais facilidade e também serão evocadas futuramente com mais facilidade. Lembrando que não existem memórias sem uma emoção vinculada a elas, essa emoção é primordial para a formação das nossas memórias. Motivação e contextos, meio que eu já expliquei dentro dessas explicações anteriores.
A motivação diz respeito ao quanto eu dou importância para o estímulo que eu estou tentando reter na minha memória, e o contexto diz respeito a como todo o ambiente em que eu estou, ou a todo o contexto mesmo do acontecimento do qual estou participando vai influenciar também em como eu vou armazenar aquela informação, se armazenarei ela com maior fidedignidade ou se a esquecerei rapidamente. Bom, existem algumas fases no processamento da memória, então, por exemplo, quando eu falo em codificação eu falo numa fase que corresponde a entrada dos conteúdos na minha memória, então é quando eu converto esses estímulos do ambiente em estímulos que o meu cérebro o meu sistema nervoso conseguem ler de forma adequada. O armazenamento é a fase da conservação desses conteúdos que eu adquiri, que podem ser mantidos por diferentes períodos de tempo, como vocês verão mais adiante: curto prazo, longo prazo ou apenas memória sensorial, que dura milissegundos ou segundos.
Quando eu falo em evocação, eu falo da fase de recuperação, da fase onde eu consigo recordar esses conteúdos que eu adquiri, que eu consegui reter na minha memória. Então, a memória sensorial se refere a uma memória que corresponde a diferentes órgãos dos sentidos, como por exemplo a memória auditiva, que é chamada de ecóica, ou a visual que é chamada de icônica, elas são memórias que eu manipulo por milissegundos e decido se quero ou não dar algum tipo de nível atencional para ela, para que eu consigar retê-la na memória de curto prazo posteriormente. Bom, então pensem que na memória sensorial há o armazenamento ultrarrápido das informações, essas informações podem se perder se não forem processadas adequadamente e esse processamento depende do nivel de atenção que eu vou dar a aquele estímulo para que ele passe para o estado de ultra rápido para o estado de rápido, como é no caso memória de curto prazo.
Então, na memória de curto prazo, por outro lado, existe um tipo de armazenamento de informação que dura curtos períodos de tempo, como o nome já diz, o que significa segundos ou minutos. Essa memória tem uma capacidade de armazenamento limitada e ela pode ser consolidada mediante técnicas de memorização que nós já discutimos anteriormente como, por exemplo, o background emocional, a nossa motivação e os nossos níveis atencionais. Então, se houver um exercício dessa memória ou tipo de recitação, isso segundo o modelo clássico, tá pessoa, lembrem-se disso, esse é o modelo clássico da memória.
Segundo esse modelo clássico, se houver uma recitação, se houver um exercício dessas informações na memória de curto prazo, essas informações serão consolidadas. O que nos leva a memória de longo prazo, aonde as informações retidas na memória são armazenadas por um longo período de tempo, o que significa horas, meses ou durante toda a nossa vida. As informações contidas na memória de longo prazo foram consolidadas após passar pela memória sensorial primeiro, e a de curto prazo em seguida, formando nosso repertório mnemónico.
Bom, pessoal, esse foi o modelo antigo da memória, no novo modelo nós temos a substituição do conceito de memória de curto prazo por memória de trabalho, mas antes de falamos sobre ela, vamos falar um pouco sobre como a memória de longo prazo é organizada. A memoria de longo prazo pode ser dividida em: memórias declarativas, quando o arquivamento e a recuperação das informações acontecem de forma consciente e as não declarativas, como veremos um pouco mais à frente. Essas memórias declarativas estão relacionadas a experiências vividas ou a informações adquiridas pelo sujeito ao longo da vida, podendo ser dividida em episódica e semântica.
A memória episódica está relacionada ao sistema de resgate de informações vivenciadas por nós, eventos pessoais como: casamentos, formaturas e términos de relacionamentos. Ao contrário da memória episódica, a semântica é caracterizada pela perda de dados contextuais, temporais e espaciais, por exemplo: vocês conhecem a palavra comportamento, mas o episódio real, o momento em que vocês adquiriram essa informação provavelmente está perdida na memória de vocês, vocês não conseguem falar em que momento da vida de vocês vocês aprenderam o significado da palavra comportamento, mas vocês sabem o que ela significa e conseguem definir, daí a memória semântica. Ao contrário da memória declarativa, temos a memória não-declarativa, ou implícita, que não permite uma evocação consciente das informações armazenadas, estando mais relacionada a padrões de comportamento, habilidades e hábitos sem um conhecimento verbalizável daquilo que estamos realizando, como por exemplo: praticar um esporte, tocar um instrumento ou andar de bicicleta.
Vocês sabem fazer isso porque existe a memória implícita dentro de vocês, mas vocês não conseguem verbalizar como vocês fazem essas coisas, vocês apenas as fazem e sabem faze-las por algum motivo. Bom, agora que descrevemos como se organiza a memória de longa duração, vamos falar o conceito de memória de trabalho. Vamos explorar um pouco mais sua estrutura e os seus conceitos.
Bom, definimos memória de trabalho como um sistema de capacidade limitada que permite o armazenamento temporário e o gerenciamento de informações. Esse conceito foi proposto em 1974 por Baddeley e Hitch, e também é conhecido como memória operacional. Esse sistema múltiplo de memória veio substituir o conceito de memória de curto prazo, deixando de ser apenas um armazenamento temporário para ser um processador ativo capaz de manipular um conjunto limitado de informações por um curto período de tempo.
O modelo inicial define memória de trabalho como sistema composto por três componentes: o executivo central, que atuaria como controlador atencional, e dois subsistemas de apoio especializados no processamento e na manipulação de uma quantidade limitada de informações específicas, no caso, a alça fonológica e o esboço visuoespacial. Em 2000, Baddeley ampliou o modelo, acrescentando um quarto componente: o buffer episódico, também conhecido como retentor episódio. Ele é responsável pela integração das informações mantidas temporariamente na memória de trabalho, com aqueles provenientes dos sistemas de longo prazo em uma representação episódica única.
Vamos tentar desenvolver esse modelo em mais detalhes, por exemplo: o executivo central desempenha várias funções, como a atenção seletiva, que é a habilidade de focar a atenção em informações relevantes enquanto inibe outras informações que são distratoras. A flexibilidade mental, que é a capacidade de coordenar múltiplas atividades cognitivas de forma simultânea e ele também seleciona e executar planos e estratégias, além de dar a capacidade de alocar recursos em outro espaço na memória de trabalho e a capacidade de evocar informações armazenadas na memória de longo prazo. A alça fonológica armazenaria e processaria as informações codificadas verbalmente, sejam elas apresentadas por vias auditivas ou visuais.
O esboço visuoespacial, por outro lado, realiza o processamento e a manutenção de informações visuais e espaciais referente aos objetos e as relações espaciais entre eles, ao mesmo tempo, desempenha um papel relevante na formação e na manipulação de imagens mentais. Já o buffer episódico é um componente de armazenamento temporário e com capacidade limitada, ele é acessível a consciência e dialoga com a memória de longo prazo episódica e semântica na construção de representações integradas com base em uma nova informação, dessa forma, o buffer episódio permite gerenciar uma grande quantidade de informações que ultrapassa a capacidade de armazenamento fonológico e visuoespacial, sem depender necessariamente do executivo central. Bom, pessoal, essa foi a nossa aula sobre memória, essa aula foi muito rápida, porque o assunto é simples, ele não é complicado.
Para fazer esse roteiro eu usei os livros que já são referência para vocês, que no caso é "Neuropsicologia: teoria e prática" e "Neuropsicologia hoje", mas eu também usei um artigo que falava sobre memória de trabalho para elucidar algumas questões relacionadas a esse conceito, então desde a sua estrutura, seus conceitos e o seu desenvolvimento. Espero que tenham gostado e quero reiterar que vocês podem contar com a minha ajuda em dúvidas relacionadas à disciplina então até a próxima aula e é isso.