Psicanálise e a Clínica das Depressões | Maria Rita Kehl

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Instituto ESPE
Confira nosso primeiro encontro sobre a Psicanálise e a Clínica das Depressões com a psicanalista e ...
Video Transcript:
olá para todos que estão participando dessa aula aberta agradeço a presença Agradeço o convite também de vocês e eh O que foi demandado para mim foi falar sobre as depressões eh que é Enfim vou fazer um um resumo muito resumido e de um de um livro que eu escrevi em 1900 1900 não em 2010 e que foi o jabuti de 2001 11 eh que é sobre depressão justamente se chama o tempo e o cão a atualidade das depressões Depois eu explico o que que o cão tá fazendo aí eh a psicanálise não tem uma teoria
sobre a depressão Freud não tinha Lacan achava que isso era uma coisa da psiquiatria enfim como se a depressão fosse só ou uma doença psiquiátrica ou uma invenção da Indústria Farmacêutica para vender mais remédio né Eh eu justamente eh quando pensei comecei a carami olar a respeito das depressões também tava pensando será que o único jeito é remédio enfim depois no debate se interessar eu vou colocar algumas alguns dispositivos que eu inventei eh com pessoas deprimidas tem debate tá então depois eu falo sobre isso eh enfim mas esse livro especificamente que devia estar aqui mas
não está para mostrar aí esse livro aqui que se chama o tempo e o cão e atualidade das depressões e já tem algum tempo mas eu acho que ela que ele é atual ele é de 2010 Então mas ele é atual e o meu objetivo foi justamente tentar investigar lendo vários psicanalistas e tudo o fenômeno de para trazê-lo pro campo da psicanálise resgatá-lo do campo exclusivo da da psiquiatria não se trata de tentar proibir que as pessoas vão a psiquiatras mas que seja exclusivamente a psiquiatria que tem algo a dizer sobre a depressão né primeira
coisa a primeira dificuldade é que Freud não tem uma teoria da depressão Freud escreveu sobre a melancolia e a melancolia é um fenômeno diferente da depressão A melancolia para Freud ela é eh o tipo de sofrimento que a pessoa tem quando ela se identifica com um objeto um objeto quer dizer uma outra pessoa que ela odeia então tem vários textos sobre isso tem um autor agora desculpem que me escapou que escreveu um livro que chama a mãe má e exatamente para falar da melancolia quer dizer uma mãe que não dá amor PR a criança que
a criança não ama mas que ao mesmo tempo sendo o primeiro objeto de grande convívio e tudo toda criança tem algo a ver com a mãe nãoé então o melancólico identificado com esse objeto que ele odeia ele passa a odiar a si mesmo então não é eh não é a mesma coisa que a depressão daqui a pouco eu vou falar um pouco mais sobre a melancolia mas o fato é que o que chamou a minha atenção paraa relação entre as depressões e a velocidade do nosso dia a dia foi um evento que não teve nada
a ver com nenhum dos meus analisandos eh entre 2006 e 2011 eu atendi pacientes na escola nacional florestana Fernandes a escola quando foi inaugurada chamou uma porção de intelectuais de esquerda foram perguntando quem podia contribuir com o qu Então tinha médicos tinha dentistas tinha professores e eu brinquei quando chegou minha vez eu falei olha eu não tenho nenhuma contribuição muito objetiva para dar porque eu sou psicanalista então eu posso até ajudar a vir aqui plantar árvore mas provalmente enquanto eu planto uma árvore você planta um 30 mas a gente sabe que tem no movimento social
muita gente eu brinquei falei muita gente doida como tem em qualquer lugar então se vocês precisarem de mim eu tô aí e foi muito engraçado porque todo mundo riu e quando acabou a reunião vieram dois dirigentes falaram Quando é que a senhora pode começar e eu trabalhei lá até 2011 eu ia todo sábado eh mas Isso é para contar do evento da que me fez pensar na depressão só um minuto eu ia todo sábado Só parei quando começou a Comissão da Verdade que daí nos sábados eu tinha aqui para minhas pesquisas enfim mas o fato
é que eh na numa dessas idas pela Via Dutra eu ainda tinha carro na época agora não tenho mais eu atropelei um cachorro não atropelei assim de passar por cima dele felizmente ele vinha cruzando sem olhar para nada eu tentei desviar mas também não podia mudar de pista de repente porque tinha outro carro para lá então eu consegui desviar um pouquinho meu carro bateu no flanco dele ou flanco dele bateu no carro e ele saiu pro acostamento e eu só via o desenho do uivo na boca dele porque não dava para vi dentro do carro
mas eu via uh aquela cara assim de quem tava uivando enfim eh Então esse esse evento não teve nada a ver com os meus analisando-os mas eh o cão ele é o símbolo da melancolia na na Renascença tem inclusive uma uma gravura do durer um holandês eu não sei se vai dar para ter boa visibilidade que se chama a melancolia vejam que bonito e que tem aqui uma espécie de anjo mas é um anjo ele tem asas então a gente vê que é um anjo mas é um anjo cabis baixo assim apoiando a cara na
mão não é eh aqui tem um tem um tem tem instrumentos de de de medição Globo astrolábio coisas assim e aqui tem um cão encolhidinho dá para ver Magrelo e enfim o cão era o símbolo da melancolia eh então foi muito interessante eu pensar a primeiro a disparidade de velocidades entre eu e aquele cachorro eu no carro e ele não morreu felizmente mas enfim eu atropelei com a pressa do do trânsito um animal que é símbolo da melancolia faço a primeira ligação aqui né Eh a outra coisa importante que também faz parte das minhas considerações
é que nos anos 90 na minha clínica Eu ainda não tinha muita experiência e eu sofri eu digo eu sofri porque foi super sofrido para mim dois suicídios de pacientes dois suicídios nenhum dos dois tinha a ver com a questão das depressões tal como eu vou abordar daqui a pouco que tem a ver com uma relação com a velocidade com que a gente vive a pressa né enfim foram eh pessoas que os dois casos não um era um rapaz que veio de muita pobreza muita pobreza muita pobreza ele a primeira vez que ele viu uma
maçã ele não sabia o que era só que ele era muito inteligente então ele fez uma trajetória e ele saiu não me lembro se de uma comunidade ou de uma roça no interior e tava trabalhando numa grande Editora Paulista aqui ganhando bem e essa velocidade para continuar no tema das depressões ligadas à velocidade com que ele acendeu ficou insuportável para ele e e ele se matou um dia ele primeiro um dia foi vir teve uma tentativa de se matar cortou os pulsos na redação mas vieram Levaram ele Pronto Socorro tudo mais e da outra e
daí Levaram ele para mim e mas ele nem teve tempo fez pouquíssimo tempo de sessão e pulou de cima do viaduto para mim foi uma coisa assim totalmente traumática e o outro era um caso de melancolia que tem a ver com essa identificação com ob odiado era um rapaz que tinha uma mãe muito mal ele odiava a mãe e o suicídio dele foi como eh eh matar dentro dele esse objeto odiado isso tem a ver com com a melancolia não com a depressão esse rapaz ainda fez uma coisa porque ele tinha um filho e quando
ele falou da vontade de se matar eu disse para ele mas você tem um filho imagina como é que é pro seu filho ele vai achar que você não liga para ele né aí o que que ele fez ele foi para uma comunidade bem afastada de carro Carrão dele se deu um tiro e evidente que quando encontraram ele ali no carro depenar o carro inteiro então o o que chegou pra família foi latrocínio Claro ninguém viu se tinha ou não pólvora na mão então mas alguém algum parente alguém sabia que isso foi para proteger o
filho mas acho que a própria mãe sabia que que não era um latrocínio né enfim eh então Eh nesses dois casos tem um tinha a aceleração do tempo por causa da cocaína não é e o outro eh tinha tinha a aceleração do tempo em que ele ele eh subiu na vida e ficou completamente perdido e pulou do viaduto né enfim são duas histórias muito tristes mas aí eu comecei a me interessar mais pelo tema dos depressivos e comecei a achar uma bobagem isso que a psicanálise não não tinha que falar disso né Eh pelo menos
hipóteses A gente pode traçar e esse livro é uma grande hipótese né ele não é um livro que tem um cqd no fim como queremos demonstrar tá provado né Eh eu Articule a a o aumento das depressões eh na atualidade com velocidade que marca a nossa relação com o tempo né e tô pensando de um outro paciente que não era deprimido nada mas Que adorava fazer essa [Música] piada que já dá sim Que adorava fazer essa piada assim preciso acordar logo para tomar banho logo para tomar café logo para sair logo para chegar no trabalho
logo para trabalhar logo para voltar logo e daí ele ria e falava e PR que essa correria toda né como se perdesse um sentido pra vida só que esse rapaz ele representou isso de uma maneira est triônica e muito resumida mas ele tava falando um pouco do vazio dos outros que tinham se matado né enfim a velocidade com que nós cumprimos múltiplas tarefas elimina possibilidade da gente construir uma né nessa escola nacional S Fernandes que eu tava mencionando onde eu atendi pacientes tinha uma frase tinha não tem até hoje uma frase do Antônio Cândido uma
uma cara dele num não é uma pedra mas é como se fosse uma uma pedra um lugar não sei agora não lembro mais se era esculpido ou não em que ele diz o seguinte Dizem que o tempo é dinheiro Isso é uma barbaridade o tempo é o tecido das nossas vidas Isso é uma beleza nãoé e ele é ele Antônio Cândido era um um sociólogo quer dizer mas ele consegi é acho que era sociólogo ele conseguiu eh resumir a barbaridade que é a velocidade com que a gente vive hoje em dia nãoé eh e a
a a velocidade com que nós eh cumprimos inclusive múltiplas tarefas né né hoje foi o exemplo Acabei de de atender fui tomar um banho vocês chegaram arruma aqui vou falar enfim n eh elimina a possibilidade da gente construir uma experiência e o que é que nós chamamos de experiência né Eh porque a gente usa muito experiência como como ah Tive uma experiência incrível porque porque eu fui num foi num lugar onde projetavam a cara da gente num holograma que grande experiência não é isso que é experiência eh eu vou tomar um pouco aqui o o
Walter Benjamim que é um autor melancólico mas não suicida quer dizer ele ele foi suicida mas vou explicar eh daqui a pouco enfim ele é um ator melancólico que se suicida mas o suicídio dele não tem a ver com a melancolia dele já vou chegar lá mas important que o Walter Benjamim ele eh ele tem um um texto chamado experiência e pobreza e tem outro texto chamado o narrador que são os dois textos dele mais conhecidos inclusive porque são menos são quase grandes crônicas assim não são difíceis o texto os textos mais teóricos dele são
muito cerrados assim muito difíceis e ele eh nos dois ele tá falando da mesma coisa da importância de transmitir o que a gente vive então ele faz uma diferença entre eh a vivência e a experiência a vivência é a composição dos nossos atos rápidos ou não rápidos mas do dia a dia quer dizer acorda toma banho escova dente vai trabalhar para no para no supermercado no caminho volta vai buscar dinheiro no banco o nosso dia é composto de vivências não é mas de vez em quando no meio dessa vivências acontece algum fato extraordinário e como
esse meu de quase atropelar um cachorro na na vi duta e que nos faz ter vontade de contar aquilo quando a gente quer contar passa passa adiante a gente transformou a vivência numa experiência e o que que isso tem a ver com as depressões tem a ver que a vivência ela é H vou usar a palavra insignificante quer dizer não para quem tá vivendo mas ela não significa ela não necessariamente adquire significados quando você consegue narrar a sua experiência a sua vivência ela se torna uma experiência vou dar um exemplo banal caseiro a minha mãe
quando era criança ia muito com a família para uma fazenda que era de um tio avô meu e ela contava muito dessa fazenda para mim então era muito interessante porque eh eu me identificava com as travessuras que ela falava que fazia com as coisas que aconteciam etc e para ela provavelmente ela tava se transmitindo sua experiência para mim não é tava transmitindo porque queria porque essa experiência era muito cara a ela a gente pode transmitir outros tipos de experiência também olha eu corri muito na estrada botei o carro eu quero que vocês saibam que não
corram na estrada mas nesse caso da minha mãe não era simplesmente um conselho uma coisa assim era uma narrativa então o o o o que eh ajuda a transformar a vivência em experiência é nar rala um dos textos dele se cham narrador um dos textos importantes dele E ele fala do do do vendedor ambulante por exemplo né nas nas aldeias medievais que vai de Aldeia em Aldeia Vendendo as coisas dele etc e cada lugar que ele para eh é uma pessoa nova naquela Aldeia então forma-se uma roda de conversa enfim isso é claro Benjamim tá
dizendo isso não como um Historiador ele tá fazendo uma espécie de um de um Clichê do que era Provável não é e esse essa pessoa começava a contar quando tava vindo V para cá eu vi tal coisa ou então começa a contar uma história da vida dele ou começa a contar uma história que contaram para ele e a narrativa transforma a vivência em experiência ela tem uma riqueza para quem faz essa essa essa transmissão e tem uma riqueza para quem recebe também porque você passa a experimentar um pouco daquilo mesmo que seja na sua imaginação
não é a narrativa dá um sentido imaginário a vida agora deixa eu explicar um pouco porque que a gente tem que resgatar esse sentido Imaginário da vida porque o Imaginário é aquilo que tem a ver com a nossa imaginação né assim para simplificar mas a neurose também ela é muito ancorado no Imaginário as nossas neuroses normais que gente vai para analista dizendo eu sou infeliz porque meu pai não gostava de mim porque ele gostava mais do meu irmão porque na sua narrativa de vida muito é Imaginário né né você não é um jornalista da sua
própria vida você imagina muita coisa e isso pode fazer de você uma pessoa que tem coisas tristes a contar mas que não é um deprimido o Deprimido é aquele que não consegue dar um sentido imaginário pra vida não é deixa eu voltar para Walter Benjamim para depois eu entrar mais um pouco na na questão da depressão mesmo né Ele diz que a perda experiência eh por causa da que ele chama das infinitas preocupações da vida diária produz também uma perda do sentido da vida nãoé eu eu peguei aqui um trechinho do narrador Mas é claro
que eu pus esse papel dentro para para pus esse papel dentro para para marcar quando Ah tá aqui 197 gente desculpem isso é editado depois a gente po editar então bom p não pelo menos PR para não ficar essas eu marquei tudo e desmarquei Ah aqui não eu vou tirar isso aqui gente porque eu acho que é muito longo Esse trecho e eu tenho que explicar muita coisa o que importa é o seguinte a narrativa pro Benjamim ã ela cria um fio ela tece um pouco o fio da vida ela conecta o passado com o
presente inclusive com futuro porque esse que acabou de ouvir também vai passar paraa frente tá eh e o o Benjamim considera que a narrativa é uma forma artesanal de comunicação engraçado pensar hoje que nós não queremos saber de nada que seja artesanal mas na hora que você senta num bar para bater papo e começa a dizer meu dia hoje aconteceu uma coisa extraordinária é uma forma artesanal de comunicação né Eh então para voltar paraas depressões quer dizer a narrativa ela pode ser um mesmo que a pessoa não tenha já pensando nisso um um dispositivo antidepressivo
você cria uma espécie de teia né Eh eu conto coisas para meus filhos mas eu conto coisas para meus filhos paraos meus filhos porque minha mãe me contava coisas da da infância dela né Eh uma fazenda que eles iam no dia que uma pessoa caiu dentro do poço o dia que alguém subiu na ave e não conseguia descer essas coisas vão dando uma consistência paraa vida não é eh a velocidade com que cumprimos as múltiplas tarefas da vida hoje em dia elimina a possibilidade de construir uma experiência né Eh então Eh caramba Por que que
tá dando confusão aqui bom deixa eu continuar na coisa das depressões então Eh e a depressão tem a ver com essa com essa velocidade né não tem a ver só com isso mas tem a ver com essa velocidade e tem a ver não só com a velocidade com que você vive né mas com a velocidade que o mundo capitalista te oferece coisas vamos supor que você tenha poder aquisitivo para ter essas coisas porque uma parte grande da humanidade tá excluída disso né mas te oferece coisas e você para ir atrás quer dizer você tem que
ralar trabalhar muito muito depressa para poder eh eh ganhar esse dinheiro para poder comprar as coisas e para poder mas depois você não pode desfrutá-los exatamente porque você tem que continuar correndo né Eh e isso é que traz pro depressivo uma experiência de vazio embora ele possa fazer muitas coisas eh passar o dia correndo ele possa eventualmente adquirir muitas coisas guardar muitas coisas lá pra casa dele mas a experiência é de vazio e aí que a depressão se instala porque você não tem você não construiu na sua vida um sentido que possa ser narrado justamente
aquilo que pode se tornar uma narrativa eu não sei se vocês já repararam que às vezes no fim do dia quando teve um dia muito interessante você Repassa mesmo que você não tenha com quem falar você Repassa aquilo na sua cabeça para lembrar que diz espal que foi aquele né não necessariamente com coisas boas mas com coisas diferentes surpresas coisas bizarras eh a ausência disso e a ausência de poder acionar a imaginação é que caracteriza o sofrimento do depressivo né nessa questão então da velocidade eu instituí um um dispositivo paraos meus pacientes deprimidos e a
partir daí Felizmente eu nunca mais tive um suicídio no meu consultório eu dizia você vai me ligar todos os dias três vezes por dia mas não na hora que você quiser você vai ligar digamos 9 da manhã pegava meus intervalinho né 9 da manhã 1 da tarde e 6 da tarde para falar 15 minutos 10 minutos o que eu tava produzindo para ele não era mais espaço para falar que eu podia dizer você vai ter que vir aqui mais vezes por semana para falar abaixa seu preço não era isso o que eu tava querendo produzir
nessas pessoas deprimidas era uma marcação do tempo em vez de ficar naquele Pântano disforme que o deprimido se instala E por coincidência ou não desde que eu criei esse dispositivo e quem quiser que use abuse quem achar que isso vale a pena nunca mais eu tive caso de suicídio e eu lembro de um que da última vez que ligou depois ele voltou a fazer sessões presenciais também mas da última vez que ele ligou ele falou Alô sou eu não ten nada para contar hoje mas como você quer que eu conte alguma coisa vou inventar Tá
bom uma formiga subiu por mim carregando uma borboleta que tava carregando uma lagarta sei lá inventou uma bobagem qualquer e eu percebi que esse cara tava saindo da depressão né mesmo que essa imaginação dele fosse uma imaginação apenas fazer uma comigo ele tava sendo capaz de fantasiar e isso é um paradoxo pros psicanalistas porque a fantasia por um lado ela aliena o sujeito daquilo que tá acontecendo com ele que ele veio investigar né Mas por outro lado se ele não fantasia se ele não tem a capacidade de fantasiar ele não tem expressão pro seu desejo
porque muitas vezes a fantasia a gente pega a criança pequena fala eu vou ser não sei o que vou ser piloto a fantasia é o suporte do desejo de modo que às vezes a gente tem que de alguma forma aí nesse caso quer dizer o que eu consegui foi o dispositivo que eu criei foi de criar horas marcadas paraas pessoas me me me ligarem Não é mas também de eh mas isso toda anara faz perguntar sonhos perguntar eh para acionar um pouco esse outro lado fantasioso e Enfim acho que eu posso parar por aqui não
sei como é que tá a hora mas 25 minutos Ah mas eu queria perguntar sobre que você tava falando e da experiência a experiência então seria a contemplação não não não ao contrário quer dizer você pode fazer da contemplação uma experiência mas a experiência é algo que você viveu qualquer coisa banal que você pode construir uma narrativa sobre ela não é contemplativo Você é ativo né quer dizer quando eu escrevi esse que foi o começo desse livro quase atropelei um cão na vi Dutra eu tô fazendo uma pequena narrativa né Eh vamos supor que eu
não tivesse escrito o livro mas que eu tivesse contado isso para outra pessoa aliás eu contei para um monte de gente porque foi a única vez que eu atropelei um ser vivo e felizmente ele não morreu né mas isso quando eu começo a contar isso para alguém ou às vezes até para mim mesma eu já tô fazendo dessa vivência que é esse esse acontecimento veloz que podia passar batido não é mas de tantos acontecimentos velozes que passam batido eu fico esvaziada Uma das uma dos Sentimentos do depressivo é que ele tá vazio mas ele tá
vazio e não é que ele não tenha sentimentos isso ele tem angústias horríveis tristeza tô pensando no caso de um depressivo né mas ele não tem narrativas ele não tem o que dizer sobre ele mesmo o que foi dito sobre ele mesmo e às vezes você vê também num depressivo eh um pai ou uma mãe que também não tem não transmitem nada fazem tudo que tem que fazer direitinho mas não transmitem nada da história deles ou da própria infância da criança que tá crescendo uma vez você fez isso você fez aquilo isso que vai compondo
a nossa consistência subjetiva né então torna-se depressivo digamos é ninguém nasce depressivo uhum ninguém nasce depressivo por mais que existam casos de de bebês com depressão por exemplo olha casos de bebês com depressão devem ser casos no vínculo materno uhum bebê não nasce deprimido agora pode ter caso de bebês com depressão eh até quer dizer e quando esse essa terapeuta que o meu filho foi mas ele não era bebê mas ela me devolveu isso olha para ele é assim H Vai tomar banho vai fazer não sei o quê enfim eu tava separada do pai dele
já tinha nascido minha minha segunda filha de um outro casamento e eu já já trabalhava bastante e o tempo todo era assim funcionar funcionar funcionar toma café leva pra escola almoça Vai tomar banho vai estudar era funcionar e e esse chama chamado de atenção da da professora quando ele tava indo mal que ele podia correr o risco de repetir foi assim um uma chacoalhada em mim entendeu e eu passei a inventar mais jogos que eu participava também em casa a contar umas histórias enfim a e a também perguntar para na época não tinha lido Valter
Benjamim ainda perguntar para eles qual tinha sido a experiência deles daquele dia né as você acha que as redes sociais as tecnologias que a gente tem os videogames eles contribuem para porque acaba que pelo que você tá me falando eh uma pessoa entra em estado depressivo Porque ela fica no automático né e não cria experiências e não não sai para viver novas coisas você acha que as as redes as tecnologias os videam contribuem para isso olha eu acho de verdade eu eu não sei dizer quanto aos videogames porque os videogames de alguma forma ele um
mínimo de experiência Você tem ali né você não tá só cumprindo uma coisa mas claro a velocidade é a rainha dos videogames né Então como eu não pensei isso na época eu também não tenho uma resposta segura para te dar né E é claro que tudo depende também nesse caso de eh dos Pais os pais pode achar muito prático a criança ficar lá na frente do videogame não solicitar nada não dá trabalho só dá trabalho na hora que falar Desliga a televisão e vai dormir mas fora isso não dá trabalho então de alguma forma eh
eles estão se livrando do da dos do filho eh deixando ele ficar horas no videogame isso acho errado de qualquer maneira se isso dá depressão não dá depressão eu acho errado de qualquer maneira mas muito Provavelmente sim a sua pergunta é boa porque ele fica ali e o videogame também é a questão é da velocidade né tanto faz se é um fugindo do outro se é corrida de carro eh eh e e dali não se constrói narrativa quer dizer a criança que finalmente levanta Exausta ou obrigada pelo pai de Horas de um videogame ou de
duas 3 horas que seja ela não tem nada para te contar né então se o Benjamim Tá certo eu acho que ele tá Eh esses esses Prazeres gozosos assim que não constituem narrativa eles podem contribuir para uma para um Estado de vamos dizer se a pessoa vai virar um depressivo ou não você não pode jurar mas que a relação com o mundo fica depressiva porque nada lhe interessa nãoé só lhe interessa esse esse opiáceo da velocidade e da imagem na tela né então você não Por mais que ele esteja empolgado diante do videogame Você não
tem nenhuma e esse empolgado diante do videogame não quer dizer que não possa se tornar uma criança depressiva e um adulto depressivo a gente tem uma pergunta aqui no chat eh da Grazielle a passagem da vivência para a experiência seria uma tratativa da depressão seria mas eh seria a pergunta é boa porque é claro que quando a pessoa narra sua experiência ela não tá eh a depressão vence entre outras coisas né mas tô pegando aqui a questão do Benjamim a depressão vence ela não constitui narrativas sobre si mesma fica só um fazer fazer fazer mesmo
que esse fazer fazer seja a imaginação pret Porter da do desen animado do dos jogos eletrônicos etc eh nada ela coloca de si e era nada pode reproduzir que narrativa que você faz sobre um videogame né quantos quantas pessoas você derrubou no isso não é uma narrativa né então a pergunta dela é se é a tratativa da a a passagem da vivência para a experiência seria uma tratativa da depressão sim seria quer dizer seria um antídoto conta depressão né Eh então de certa forma é uma tratativa porque quando o paciente tá muito deprimido você também
estimula ele a fantasiar E olha que a psicanálise em geral faz o contrário quer dizer ela tenta esvaziar as fantasias porque as fantasias são que criam a neurose n se minha mãe gostava de mim se meu pai não sei o quê se eu fui abusada Mas de repente é uma fantasia se eh Se eu você o campeão do mundo mas é uma fantasia ela ela é o ela é a formatação da neurose nãoé Mas você tentar contribuir pr pra saída da neurose desconsiderando quer dizer tentando eliminar a fantasia é um mal dispositivo você sabe o
caso de recomendar uma psiquiatria junto com o tratamento depressivo psicanalítico não é nem sempre a gente sabe não é mas sim quando a pessoa diz eu não tô aguentando mais Eu sinto que eu vou pro lado da janela aí eu falo então você vai a um psiquiatra n eu continuo A análise eu continuo manejando A análise mas mas aí eu recomendo um psiquiatra se quiser já encerrando Tá bem tá bem Agradeço [Música] i
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