Escute essas palavras para fechar com chave de ouro o palestrante mostrou que o tempo cura tudo ele contou a emocionante história de sua esposa Patrícia que soube ver o lado bom da própria doença amanhã é um novo dia e não podemos perder a esperança ele concluiu provavelmente Esta é uma história de Redenção esta provavelmente é a história de uma mulher muito forte que aprendeu com a própria doença e que tem muito a nos ensinar e isso quem está nos contando é este palestrante Mas provavelmente você notou um traço aí que é um traço de pobreza
do próprio texto é como se o texto não estivesse a altura de uma situação tão grandiosa como essa vivida pela Patrícia esposa dele e que ele evidentemente admira este palestrante Este é um texto fictício eu inventei aqui mas que eu trago para você perceber como a presença incidente frequente dos clichês deixa o nosso texto fraco então ouça de novo veja lá para fechar com chave de ouro o palestrante mostrou que o tempo cura tudo primeiro lugar para fechar com chave de ouro você já ouviu isso 1 vezes o palestrante mostrou que o tempo cura tudo
você também já ouviu mil vezes que o tempo cura tudo ele contou a emocionante história de sua esposa Patrícia emocionante história hisa você também já ouviu 1 vezes que soube ver o lado bom da própria doença ver o lado bom você também já viu 1 vezes amanhã é um novo dia e não podemos perder a esperança ele concluiu amanhã é um novo dia também não podemos perder a esperança também E aí para nós falarmos sobre Clichê O que é Clichê e E por que a gente deve evitar que os nossos textos sejam eivados de clichês
Eu quero ler para você um texto que eu mesmo escrevi como eu já fiz outras vezes aqui no canal eu trago textos que eu mesmo escrevi para que nós possamos comentá-los então vejamos Pode ser que a história de Patrícia seja um vulcão de inspiração mas o narrador conseguiu jogar toda a areia do Saara sobre a lava sobre a lava fechar com chave de ouro o tempo cura tudo emocionante história ver o lado bom amanhã é um novo dia não podemos perder a esperança já viu isso em algum lugar mas ainda já usou alguma dessas expressões
Muito provavelmente é provável que sim e milhares de vezes são os bons e velhos clichês expressões tão mas tão repetidas que se tornam vícios de linguagem responsáveis por rati até as ideias mais aptas ao pódio do MMA que que eu estou dizendo para você o clichê pega uma ideia que poderia ser um estrondo uma ideia que poderia ser comovente envolvente encorajadora pega uma ideia que poderia ser até inovadora e transforma essa ideia em algo pálido algo sem cor algo que você já viu um milhão de vezes e suas retinas já estão acostumadas com aquilo seu
texto fica raquítico seu texto que poderia ser um campeão de MMA fica absolutamente raquítico e eu continuo Mas qual é o problema dessas expressões Imagine que você seja um guia turístico pela cidade do Rio Escute aí essa metáfora nos primeiros passeios você se evee com o próprio discurso abre aspas o Cristo Redentor é feito de concreto armado e Pedra Sabão sabia disso seus braços esticados alcançam vultosos 28 m ele tem 30 m de altura fora os oito do pedestal impressionante não é Imagina você um guia turístico no começa fala Caramba que legal isso tal puxar
todo um impacto nesses números a mais de 700 M Acima do Nível do Mar há ali 30 m de imponência Cristã é possível dar um baita abraço de 28 m mas ao repetir isso pela centésima vez o Cristo Já parece um boneco some qualquer traço de vulto dos primeiros passeios Resumindo o que antes fora embc vira mera paisagem não que o Cristo em si tenha perdido a sua imponência tenha perdido a sua importância Mas é porque você já deu aquela informação tantas e tantas vezes que na maioria do tempo essa informação é mais uma coisa
na sua vida ali que você né faz tantas vezes Clichê é isto uma pais agem textual pela qual já passamos centenas de milhares de vezes e assim não casa não causa mais nenhuma comoção é a banalização da própria ideia traduzida pelo desgaste das palavras Esse é um bom jeito de nós conceituarmos é a banalização da própria ideia traduzida pelo desgaste das palavras Definitivamente não é a melhor escolha possível de palavras o oposto de um Clichê não não é uma ideia espalhafatosa Então veja o que eu estou falando é para que você não caia no Clichê
você não precisa ser espalhafatoso você não precisa se vestir de palhaço sair dançando com a melancia na cabeça não é isso mas o ângulo singular para contar qualquer ideia até a mais simples é uma questão de enquadramento digamos quantos e quantos livros não são absolutamente fantásticos nos contando coisas que acontecem em todas as esquinas aliás Talvez os livros mais fantásticos sejam justamente esses os que nos contam a história talvez da nossa vida da vida do Nosso vizinho da vida de lá tem uma família um irmão um pai uma mãe um filho já viveu alguma coisa
semelhante a aquilo algum relacionamento amoroso mas a maneira de contar a escolha das palavras o ângulo do olhar a pessoa escolhe olhar de um ângulo você fala meu Deus do céu eu estou terminando agora a leitura de um livro olha havia anos que um livro Mea tanto comigo eu olha se olha eu fiquei emocionada agora só de me lembrar do livro se chama olhai os lírios do campo de Erico Verissimo ele foi escrito em 1938 é uma história comum assim não há nada demais na no que acontece em si nos fatos mas a maneira como
éco conta é de uma profundidade e me fez refletir de tal forma que há muitos anos um livro não fazia isso comigo por quê Porque ele soube escolher bem as palavras e ele soube lançar o olhar por um ângulo que até então me era novo daquele jeito me era novo aí eu trago aqui então é uma questão de enquadramento né que ângulo você está enquadrando José Geraldo Vieira brilhante escritor brasileiro que infelizmente Foi esquecido Por muita gente angustiado pela espera que o separava da Amada que eu estou falando do livro a ladeira da memória que
é um livro excepcional escreveu que abre aspas a ironia do tempo é ele se fingir de substantivo abstrato Olha que frase maravilhosa a ironia do tempo é ele fingir na verdade não é se fingir não ele fingir de substantivo abstrato nós sabemos que um substantivo abstrato é aquele que depende de alguém para existir então quando eu falo que o tempo se finge de substantivo abstrato é como se ele não tivesse um Contorno próprio digamos assim como se ele fosse algo dependente só que pro José Geraldo Vieira que sentia na pele o passar do tempo passar
a fricção na sua pele ali dos minutos dos segundos dos milésimos porque ele estava longe da sua amada Renata para este autor né para este personagem na verdade ali dentro do livro O tempo era absolutamente concreto porque ele sentia nos poros dele Então veja a angústia vivia vivida por ele era tangível mensurável concreta nada abstrata o tempo e ele escreve tempo com letra maiúscula nessa frase lá em al Ladeira da memória o tempo assim com maiúscula se provava substantivo não só concreto como também próprio este invisível invisível ator que nos rouba a vida conta gotas
Olha como José Geraldo Vieira foi inspirado aqui eu estou falando para você ele é um agente próprio ele é um substantivo próprio ele é um substantivo concreto que tem existência própria porque ele nos seifa a vida a conta gotas de pouquinho em pouquinho ele vai nos tirando tudo que nós temos ele perde a Amada aqui inclusive Este é só um um esta é só um uma pista Na verdade o pessoal chama de spoiler né uma pista do livro mas que você descobre rapidinho tá Augusto dos Anjos passeando pela noturna cidade é lindíssimo esse poema de
Augusto dos Anjos chamado as cismas do destino disse que a noite fecunda o ovo dos vícios animais acho lindíssimo isso a noite fecunda o ovo dos vícios animais pensa nisso do carvão da treva imensa caía um ar danado de doença sobre a cara geral dos edifícios Imagine você andando ali por uma rua de uma de uma cidade grande sei lá exemplo de São Paulo Nova York e ali pela noite quando a noite cai você sabe que o ovo dos vícios animais é fecundado por quê Porque é durante a noite que a gente vê principalmente o
lado mais feio das pessoas é a noite que a maior parte sei lá das dos crimes acontecem das coisas erradas acontecem das traições acontecem e os vícios animais são aflorados Porque a noite fecunda o ovo desses vícios Olha que jeito poético de falar algo tão bruto tão forte do carvão da treva imensa então imagine a treva o breu à noite né ali na no firmamento e daquele carvão cai um ar danado de doença sobre a cara geral dos edifícios ele poderia dizer Face mas Face seria uma palavra menos brusca do que cara e aqu ele
está se valendo de uma personificação que trata estes prédios Tais Quais pessoas como se eles fossem pessoas doentes ali por quê Porque o carvão da treva imensa está caindo sobre elas sobre essas caras bem eu continuo ele poderia ter dito que a cidade parecia uma selva de pedra cinzenta e triste é poderia provavelmente não nos lembraríamos de seu texto nunca mais e não o invocar agora é verdade quantas vezes já viu Ah estou na selva de pedra legal mais um falando a mesma coisa clichês não fixam na nossa mente Clichê e aqui eu já me
encaminho pro final é uma renúncia à criatividade uma rendição ao Marasmo linguístico evidentemente sua existência não é em vão se há Clichê há uma ideia cristalizada que habita o Imaginário coletivo que é que eu estou dizendo aqui não é que o clichê seja Estúpido é claro que se existe um Clichê Porque existe um Imaginário coletivo que foi capturado numa frase ou numa palavra que já foi usada tantas e tantas vezes né num chavão o que a gente chama de chavão então é claro existe um valor porque existe uma ideia presente no Imaginário coletivo que é
traduzida por meio daquelas palavras mas já está desgastada E aí eu continuo tem seu valor portanto mas é a tinta para a pintura de desbotadas paisagens textuais Então por que que eu decidi escrever Este texto mais do que isso porque que eu decidi lê-lo aqui no canal para que você tenha um Novo Ângulo a respeito do que é Clichê geralmente quando nós pesquisamos sobre o que é Clichê nós vemos que são ideias muito repetidas expressões muito repetidas e só mas eu queria que você percebesse na suas vísceras como o excesso de clichês e veja não
estou dizendo um ou outro tá Clichê também não é crime mas o excesso de clichês aquela pessoa que só escreve com base em clichês só se comunica com base em clichês deixa o seu texto o seu discurso a sua retórica sua mensagem desbotada desbotada por isso vale sempre muito a pena que você pense a respeito da sua mensagem tanto com relação ao conteúdo dela como com relação à forma nenhum dos dois pode ceder ao Clichê caso você queira de fato ser impactante espero ter sido útil este vídeo para você um beijo e até semana que
vem