QUEM FOI JÚLIA LOPES DE ALMEIDA? Vida e obra da autora

lute como uma Júlia Lopes de Almeida gostou desse título ficou bom né então vamos falar um pouquinho sobre a vida sobre a obra dela sobre a importância dela na literatura brasileira e como ela foi deixado um pouquinho de lado na história das nossas letras mas ainda bem que ela tem sido revista tem sido trazida à tona cada vez mais bom a nossa escritora nasceu no Rio de Janeiro no dia 24 de setembro de 1862 só o professor Alencar tá com a memória boa quando ela era muito pequenininha Ela foi morar em Campinas lá ela começou

na verdade a escrever aí seus primeiros textos a vocação literária surgiu muito cedo na Júlia depois ela foi embora para Portugal para viver em Lisboa lá que ela conhece inclusive o marido dela o poeta português Filinto de Almeida E aí na terra dos patrícios digamos assim ela faz a sua primeira publicação contos infantis 1886 87 interessante ela é uma precursora entre os brasileiros de Literatura Infantil ela escreveu até em parceria com a irmã dela mas raramente a gente cita a Júlia quando a gente fala de né O pai da literatura infantil no Brasil a gente

fala do Monteiro Lobato Não tudo bem Que Monteiro Lobato nessa área aí de escrita para crianças e jovens ele foi o primeiro grande nome mas também poderemos lembrar vez ou outra da Júlia e aí tem início uma carreira fantástica de muitos textos muitas publicações só que na época não era muito fácil não por uma moça de família de classe média de família burguesa querer apresentar ou se apresentar como artista como escritora amor foi criada para cuidar da família para cuidar da casa sair da tutela do pai entrar na tutela do marido né inclusive numa entrevista

aí que a Júlia deu aí por 1908 O Grande João do Rio ela fala sobre isso ela fala que desde pequenininha ela ela começou aí a rabiscar os seus primeiros seus primeiros textos mas fazer isso escondida ela criança se trancava no quarto ia lá para sua escrivaninha criar com palavras o seu próprio mundo até que um dia ela foi descoberta Pela irmã e o irmão adora denunciar o outro denunciou para o pai o pai ficou bastante preocupado mas não proibiu a sua filha de escrever com o tempo inclusive ele foi apoiando graças a isso temos

aí uma grande produção uma caudalosa produção aí foram romances crônicas que mais peças de teatro poesia e no quesito crônica a crônica sempre teve ligada Aos periódicos aos jornais as revistas Então tá ligado ao Jornalismo e a Júlia foi uma grande jornalista ela colaborou com os grandes jornais grande os grandes periódicos do Rio de Janeiro consequentemente do Brasil naquele tempo Jornal do Comércio por exemplo Gazeta de Notícias O país no país ela Manteve uma crônica semanal era uma espécie de coluna chamada dois dedos de prosa e ela escreveu durante 30 anos crônicas para esse jornal

Aí ela é mantendo aí a família né casa marido filhos com a profissão também de escritora ela é escritora e palestrante e ela escrevi falava muito bem coisa que a gente não encontra em todos os artistas não são todos que se expressam bem com a sua arte e também com a sua fala acontece com alguns tô lembrando aqui da Lígia Fagundes Telles né que faleceu recentemente uma das escritoras mais incríveis que o Brasil já teve e também se expressava de uma forma excelente verbalmente até recomendo a vocês para assistirem a entrevista que a Lígia deu

para o Roda Viva acho que foi nos anos 90 vocês encontram no YouTube ela se desdobrava em mil para conseguir dar conta de tudo e ao que tudo indica pelos dados biográficos dela ela Fazia tudo muito bem ela era uma esposa dedicada uma mãe zelosa e também uma artista impressionante na parte artística nas letras na literatura a gente pode associar a Júlia ao movimento da lista ela é realista naturalista Ela guarda aí elementos dos dois ou seja ela também gostava de descortinar soprar aquela fumacinha que envolvia a sociedade na época do Romantismo mostrava tudo de

um jeito mais superficial idealizado ela tira o véu e desnuda ela fala como as coisas Realmente são faz críticas aí então a questão das aparências a questão aquilo que a gente já falou bastante né das hipocrisias dentro das críticas dela o foco principal acaba sendo a figura da mulher a mulher sofrendo violências Em uma sociedade machista sexista patriarcal ela inclusive é considerada uma das primeiras feministas do Brasil no tempo dela não se usava ainda o termo feminismo não era o feminismo como a gente conhece Hoje os primeiros movimentos feministas são aí dos anos 60 70

semana de bom voar e outras figuras aí que são bastante famosas e a luta da Júlia em relação a um transitar na sociedade de forma igualitária ela tem a ver aí com algumas Bandeiras né que ela levantou por exemplo a questão da educação para mulheres a Júlia era muito muito ativa nesse sentido então a escola para homens escola para mulheres escola para todo mundo outra coisa o voto feminino ela já defendia que mais a questão do divórcio a lei do divórcio Lembrando que no Brasil as pessoas só puderam se divorciar a partir dos anos 70

do século passado Então a gente tem aí pouco mais de 40 anos até então quem se separava era desquitado mas a mulher precisava continuar com sobreno do marido que ela não queria mais muitas vezes pela vida toda então a Júlia ela tava aí mais de 100 anos a frente do tempo dela e você sabe que a literatura dela as palestras dela fizeram um relativo sucesso então ela teve aí uma projeção muito interessante no Rio de Janeiro era difícil falar uma projeção Nacional porque naqueles tempos a gente não tinha a mídia como tem hoje era hoje

em dia é muito mais fácil de alguém que trabalha em determinada região acabar espalhando aí as suas ideias para outros lugares do Brasil e do mundo hoje tá tudo muito conectado naquela época não as coisas acabaram sendo muito mais regionais a Júlia ela fazia sucesso ali no Rio de Janeiro imediações assim como a semana de 22 a princípio teve mais projeção em São Paulo mesmo duas obras impactantes nessa coisa crítica e principalmente a crítica social ligada à figura da mulher são a falência e anse eterna ance eterna é um livro primordial em para você entender

primeiro o que é fazer conta é uma obra de contos Como se faz uma história curta bem feita como se constrói todo o universo com pouquíssimas palavras olha nesse livro Os Contos não passo aí de quatro páginas Às vezes tem duas às vezes tem três então ela não é prolixa ela consegue e não serve mesmo das questões dizer só aquilo que interessa então é do ponto de vista literário artístico é uma obra muito bem realizada e depois ela toca aí né nesses temas que a gente tá falando ela faz aí algumas cutuca na sociedade bastante

fortes e aí envolvendo a figura da mulher a maioria dos contos tem como personagens principais a mulher a figura feminina o homem às vezes simplesmente não aparece ou aparece para incomodar digamos assim e ela joga a mulher no universo gótico a cultura gótica é aquela que tem a ver com lugares fantasmagóricos assustadores né obscuro sempre tem uma preferência aí pela noite em detrimento do dia e aí figuras monstruosas é um universo gente de obras como Frankenstein Drácula O Morro dos Ventos Uivantes o médico e o monstro ou então é o universo aí dos filmes e

séries de terrores suspense que a gente vê tanto nas plataformas a cultura gótica que ela surgiu na Inglaterra no século 18 e nunca mais parou na literatura depois continuou se desenvolvendo na literatura e acabou migrando para outras manifestações artísticas para televisão para cinema beleza porque que ela joga a mulher dentro desse contexto gótico porque é um contexto que assusta que amedronta que reprime então uma espécie de metáfora da mulher na sociedade daquele tempo reprimida maltratada E aí você percebe nesse livro mulheres que sofrem violência física e psicológica a caolha acaba olhando os contos mais famosos

da mulher que tem uma aparência física que desagrada as pessoas ela não se encaixa nos padrões sociais por isso ela é deixada de lado até pelo próprio filho e ela não tem nem nome na história ela é só a caolha porque afinal de contas é que a sociedade a ver que a sociedade a chama então o caso de Rute da moça que é violentada na adolescência pelo padrasto e depois ela tem muitas dificuldades na vida ela não consegue superar isso ou então os porcos que é o conto da Umbelina aquela acabou aquela que mora num

sítio acaba engravidando do filho do patrão mas ele não quer saber dela e ela então resolve que ela não quer o filho que vai esperar o filho nascer vai matar vai colocar na escadaria lá do patrão do amante dela que é mentiroso e quando o dito cujo sair de casa vai ver a criança morta Ali vai se sentir culpado Então veja aí que acabou né a um Belina ela sofre por ter engravidado do rapaz rico branco e ele não sofre nada os homens podem as mulheres não podem então a dica porém a Júlia Ela acabou

ficando um pouquinho afastada da história da literatura mesmo com as qualidades todas aí que a gente vem arrombando e Por que então vamos tentar descobrir bom o que que nós podemos dizer se hoje nós abrimos aí um livro didático de linguagens língua portuguesa de literatura encontramos a Júlia é algo não muito comum era para ela nos livros de literatura por exemplo aparecer aí no realismo naturalismo junto com Machado de Assis com Aloísio Azevedo com outras figuras nem sempre quase nunca ela aparece ela passou aí por uma espécie de processo de cancelamento para usar um termo

um pouco mais atual vocês sabem que no final do século 19 lá no Rio de Janeiro ela participou reuniões para a fundação de uma Academia Brasileira de Letras que nós não tínhamos ainda então vamos seguir os modelos franceses nós nos baseamos na França para fazer a academia lá com 40 cadeiras 40 Imortais das reuniões participaram Machado de Assis a Júlia entre outros escritores e intelectuais da época mas quando fundaram a academia decidiram que mulheres não podiam fazer parte não podiam entrar e a Júlia ficou de lado no lugar dela entrou o marido que é o

Filinto de Almeida quer ver uma foto dele aí olha só nessa foto você tem grandes figuras Como Machado de Assis como Olavo Bilac Arthur Azevedo irmão do Aluísio Azevedo E tem também bem no meio aí o Filinto a partir desse por que que eu tô contando esse episódio a partir Episódio é como se ela fosse aos poucos caindo em ostracismo ficando de lado na história das nossas letras aí pelos anos 80 talvez do século passado ela tem sido retomada e hoje em dia ela tá aparecendo em listas de obras aí de vestibulares a falência faz

parte da lista da Unicamp ance eterna a lista da UFSC e a Júlia falece aos 72 anos em 1934 depois que ela faz uma viagem para África olha só ela acaba adquirindo aí acaba contraindo a malária e não resiste o marido dela até viveu um pouco mais do que ela mas como diríamos Romanos a vida é breve mas a arte é longa a obra dela permanece aquilo que é clássico não morre e nós podemos aproveitar até hoje outras gerações também poderão Valeu gente [Música]