O petróleo tem sido tanto motor de crescimento e de desenvolvimento quanto de guerras e mudanças climáticas. Para além do que ele representa na vida moderna, o petróleo existe graças a um processo de transformação que começou milhões de anos atrás. E, ao contrário da crença popular, não tem muito a ver com os dinossauros.
Eu sou André Biernath, da BBC News Brasil,e neste vídeo explico a teoria mais cientificamente aceita a respeito de como se formou esse combustível, que é a principal fonte de energia do mundo. Acredita-se que 70% das reservas de petróleo conhecidas atualmente começaram a se formar entre 252 e 66 milhões de anos atrás, durante a era Mesozoica. Essa era se divide entre os períodos Triássico, Jurássico e Cretáceo.
E é justamente nesses dois últimos períodos que os dinossauros tiveram o seu apogeu, até serem extintos. Isso ajuda a explicar por que é tão difundida a ideia de que os fósseis desses répteis pré-históricos seriam a origem do petróleo. Mas, na verdade, a teoria mais aceita pelos cientistas, chamada de teoria orgânica, aponta que o petróleo se formou da decomposição de trilhões de minúsculas algas e plânctons marinhos que se acumularam no fundo de mares e lagos.
Segundo essa teoria, o acúmulo de restos orgânicos formou uma camada de sedimentos que, ao longo de milhões e milhões de anos, foi ficando coberta sobre outras camadas geológicas. E, nesse período de tempo tão longo, esses sedimentos foram decompostos e quimicamente transformados por bactérias. No meio dessa transformação, há um ponto em que se formou um composto chamado querogênio.
É um material insolúvel, com aspecto de cera, que é basicamente a matéria-prima do petróleo. Submetido a outros fatores, como a pressão das camadas geológicas e a temperatura, o querogênio foi lentamente formando hidrocarbonetos – ou seja, cadeias químicas que contêm carbono e hidrogênio -, como o gás e o petróleo. Mas será que nessa camada de sedimentos também podem ter caído restos de dinossauros?
Na prática, provavelmente sim. O que os cientistas dizem é que qualquer resto orgânico formou parte desse processo. A grande diferença está no volume.
É que a geração de petróleo exigie quantidades gigantescas de matéria. E isso, na teoria vigente até agora, só aconteceu graças aos grandes volumes de plâncton no mar. Sendo assim, a matéria orgânica proveniente de outras fontes, como a decomposição de corpos de dinossauros, não é considerada significativa para permitir a formação de petróleo.
Existem outras teorias a respeito de como o petróleo se formou, mas elas não têm até o momento o respaldo da maioria dos cientistas. Estou falando das chamadas “teorias inorgânicas”. Elas sugerem que o petróleo não teria surgido a partir de restos biológicos, mas sim do magma do interior da Terra – e que isso teria acontecido muito antes de existir vida no nosso planeta.
Esse material inorgânico teria subido até as camadas mais próximas à superfície da Terra e se acumulado, formando as reservas hoje exploradas pelas petrolíferas. Uma versão dessas teorias foi criada pelo falecido cientista austríaco Thomas Gold. Na década de 90, Gold defendeu que os compostos do petróleo teriam sido parte dos elementos que formaram a Terra, 4,5 bilhões de anos atrás.
O próprio Gold lembrou que teoria semelhante já havia sido apresentada décadas antes, por cientistas soviéticos. Mas essas teorias inorgânicas até agora não convenceram a maior parte dos acadêmicos. A hipótese mais aceita hoje é a teoria orgânica, segundo a qual o plâncton microscópio - e não os dinossauros – formaram esse recurso que é hoje uma fonte de energia tão importante quanto poluente.
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Obrigado e até a próxima.