Antigamente, acreditava-se que bebês não tinham lá muitas capacidades cognitivas, mas você sabia que eles conseguem criar memórias e que a saúde mental deles pode ser influenciada por eventos que ocorrem logo depois de nascerem? Eu sou o André, tenho um doutorado em psicologia e hoje, com a ajuda da amiga e mestra em psicologia Beatriz Cavendish, quero te explicar como funcionam as mentes dos bebê e como podemos promover o desenvolvimento deles, tanto físico quanto psicológico. Se você achou interessante o tema de hoje, não deixa de clicar no joinha para nos ajudar, inscreva-se no canal e siga a gente nas redes sociais!
Assim que um bebê nasce, ele já possui algumas capacidades reflexas. Se você bater palmas bem pertinho do rosto de um recém-nascido, provavelmente ele vai piscar os olhos bem forte. Coloque a boca dele em contato com qualquer objeto e ele tentará abocanhá-lo.
Se apoiar o peito do bebê na água, ele vai movimentar braços e pernas como se estivesse nadando. Esses são apenas alguns dos vários reflexos que recém-nascidos apresentam, sendo que outros começam a aparecer no período final da gestação. Você já viu imagens de ultrassom nas quais o feto está chupando o dedo?
Este é o reflexo da sucção e ele já pode surgir nesse período. Todos esses reflexos são considerados involuntários nos primeiros meses de vida e alguns vão sendo substituídos por movimentos mais voluntários em torno dos seis meses de idade. Apresentar esses reflexos no início da vida é importante não só por uma questão de sobrevivência, mas também porque sinaliza que o bebê está se desenvolvendo como seria esperado ou pode sinalizar um possível atraso no desenvolvimento.
Por exemplo, é comum que bebês se assustem quando ouvem um barulho alto, ou que virem o rosto na direção de onde estão escutando algum som. Bebês com autismo muitas vezes não reagem a sons da maneira esperada. Os reflexos devem sempre ser avaliados nas primeiras consultas pediátricas, já que eles podem oferecer pistas importantes sobre o desenvolvimento, mesmo que cada bebê tenha um ritmo individual de desenvolvimento.
Comparando as características de um bebê com as da maioria dos bebês, é possível ter uma noção geral do que se pode esperar dele em determinadas faixas etárias, assim como antever quais estímulos podem ser mais adequados para ajudá-lo diante de alguma dificuldade. Alguns fatores são bem importantes para o desenvolvimento do feto durante a gestação. O seu crescimento saudável depende bastante de uma boa alimentação da mãe, por exemplo.
A ingestão de coisas como álcool, nicotina ou outras substânticas pode gerar prejuízos graves e até mesmo fatais para o feto. Desde muito cedo, bebês apresentam capacidades psicológicas impressionates. Com apenas 5 meses de idade, por exemplo, muitos deles já apresentam noções rudimentares de matemática.
Em um estudo, bebês com essa idade reagiram de uma forma muito peculiar ao resultado final de operações simples de adição e subtração. Contas como 1 + 1 ou 2 - 1 eram realizadas diante dos bebês por meio de alguns objetos. Os cientistas perceberam que os bebês passavam mais tempo olhando para o resultado apresentado quando ele estava errado do que quando estava correto.
De acordo com os pesquisadores, esse olhar prolongado refletiu uma espécie de quebra de expectativa nos bebês. Outro aspecto no qual bebês se destacam é na audição. Muitos recém-nascidos conseguem distinguir e até mesmo preferem a voz materna em relação a outras vozes.
Parte disso se deve a experiências no ambiente uterino. O útero é um ambiente bem estimulante para a audição e isso contribui para o desenvolvimento dessa capacidade. Como a voz da mãe é ouvida de forma próxima e frequente, é comum que o bebê se sinta mais familiar com esse som.
Bebês evitam alturas de forma bem espontânea. Muitos imaginam que o receio de alturas surge depois que bebês sofrem quedas, machucam-se ou adquirem uma maior percepção de profundidade, mas algumas pesquisas mostram que não é isso o que costuma acontecer. O receio de altura parece estar mais relacionado com o aumento de experiências locomotoras em torno dos 9 meses de vida.
Elas tornam o bebê mais confiante nas informações visuais que sinalizam a relação entre os seus movimentos e o ambiente, inclusive informações sobre alturas. Muita gente acredita que bebês não conseguem formar memórias, mas não é exatamente isso. É verdade que bebês não conseguem se lembrar de fatos, nomes e detalhes de eventos, até porque nem linguagem verbal eles possuem para ajudar nisso se forem muito novinhos.
Então, quanto a memórias declarativas, bebês realmente não conseguem se lembrar de muita coisa. Agora, quanto a memórias não declarativas, ou seja, aquelas ligadas à aquisição de coisas como habilidades motoras, bebês conseguem formá-las praticamente desde que são recém-nascidos. Isso é possível porque esse tipo de memória não depende de uma consciência super desenvolvida ou de linguagem verbal para ser armazenada.
Memórias desse tipo nos permitem executar tarefas bem complexas na fase adulta, como tocar um solo de guitarra, andar de bicicleta ou dirigir um carro. Se você já fez alguma dessas coisas, deve se lembrar que, depois de um período inicial mais turbulento, mal precisamos pensar conscientemente para realizá-las. Em um estudo, essa capacidade cognitiva foi avaliada em bebês de 6 e 9 meses de idade focando-se na imitação induzida.
Uma ação simples utilizando um objeto, como tocar um sino, era apresentada aos bebês inicialmente. Depois, os cientistas observavam se o bebê repetia a ação espontaneamente. Aqueles de 6 meses imitaram a ação dentro de 24 horas depois que ela tinha sido apresentada, enquanto os de 9 meses conseguiam repetí-la até 48 horas depois de terem sido expostos à ela.
É natural que não lembremos de tantas coisas sobre os nossos primeiros anos de vida, já que a linguagem verbal faz muita falta na hora de criar memórias declarativas. Conforme nossas capacidades linguísticas se aprimoram, a memória também melhora. Mesmo sem que você se lembre conscientemente delas, as suas memórias não declarativas e adquiridas na infância podem permanecer com você pelo resto da vida, afetando vários dos seus comportamento sem que você perceba.
O cérebro de bebês é bem mais flexível e possui muito mais conexões entre neurônios do que o cérebro dos adultos. É nessa fase, chamada de primeira infância, que o cérebro mais se desenvolve ao longo da vida, maximizando muito a capacidade de aprendizagem deles. Após esse grande crescimento inicial, acontece a poda sináptica.
Nela, ocorre a eliminação de conexões entre neurônios pouco utilizadas e o fortalecimento de conexões mais frequentemente ativas, tornando o funcionamento do cérebro mais eficiente. As competências socioemocionais de bebês começam a se desenvolver desde muito cedo. Um bom vínculo afetivo entre a mãe e o bebê se relaciona com competências socioemocionais mais desenvolvidas posteriormente na criança.
Os pais ou cuidadores são a principal fonte de amor, segurança e compreensão do mundo para um bebê. Construir uma relação positiva com eles pode passar a impressão de que o mundo é um lugar seguro, estável e de que se relacionar com os outros pode ser algo bom. Já uma relação negativa com os pais pode passar a impressão contrária e gerar repercussões nada positivas.
Quando bebês vivem constantemente em situações estressantes e não percebem com clareza quem podem buscar para obter apoio, eles podem apresentar diferentes prejuízos psicológicos no futuro. É importante que os pais ou cuidadores de um bebê garantam um ambiente menos estressante e utilizem formas não violentas de educar, mesmo em situações desafiadoras. Como explicamos no vídeo sobre educação sem maus tratos, pode ser difícil para muitos pais não recorrer à violência nesse tipo de situação.
O ideal é que métodos não violentos de educar sejam adotados de forma consistente e desde cedo. Só isso já pode evitar muita dor de cabeça desnecessária para os pais e para os bebês. A notícia boa é que, se você cuida de um bebê e quer garantir que ele tenha o melhor desenvolvimento possível, não precisa fazer nada de muito extravagante.
Garantir que a saúde fisíca dele esteja boa, construir uma relação carinhosa e estimular o cérebro dele com a sua própria fala, com músicas ou outras coisas já vai ajudar bastante nos primeiros meses de vida. No Brasil, toda gestante tem direito ao atendimento pré-natal. Esse acompanhamento é muito importante para prevenir, identificar e tratar qualquer problema que possa afetar a saúde da mãe e o desenvolvimento do bebê.
O pré-natal ainda ajudará a mulher a entender as transformações pelas quais o seu corpo passará e os possíveis impactos da gravidez na sua vida. Se você se interessa pelos assuntos que abordamos aqui no canal, então não deixa de conferir o meu livro que acabou de ser lançado, o "Ser humano: Manual do usuário - As origens, os desejos e o sentido da existência humana". Você já pode comprá-lo no link que está aqui embaixo, na descrição do vídeo.
Dentre os assuntos que abordei no livro, um que pode te interessar mais se você gostou do vídeo de hoje é a memória. Eu falo várias coisas interessantes sobre ela, assim como sobre a percepção, a atenção e as crenças que desenvolvemos ao longo da vida. O natal já está chegando, né, então já compra hoje logo alguns exemplares para dar de presente para os seus amigos e parentes mais queridos!
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Hoje falamos sobre certas capacidades dos bebês que nem todo mundo conhece, como as noções rudimentares de matemática, a percepção auditiva aguçada, o receio espontâneo de altura e as memórias não-declarativas. Também decrevemos fatores que podem prejudicar a saúde mental deles e como esses fatores podem ser evitados. O que você achou do tema que abordamos hoje?
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