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para lá para Ah, não. Alguém tinha que ter tirado essa foto, né? Tem alguém no nosso grupo, gente? Então, tá, tá funcionando. Bom, então, eh, muito bom dia a todos e todas. Eh, é um prazer ter vocês aqui. Que bom que vocês vieram, se interessaram pelo nosso tema. Nós somos os professores da linha de pesquisa psicanálise, sofrimento e política do departamento de psicologia clínica aqui do instituto. Eu sou a Lívia, tenho a minha direita Maira, professora Miriam, Cristian, Ivan, Gabriel e Aline. Eh, nossa ideia é discutir metodologia de pesquisa em psicanálise, eh, sobretudo porque a
gente entende que esse é um tema bastante eh delicado para quem tá no campo da pesquisa e é delicado também, não sei se a maior parte de vocês sabem, pros orientadores. Então essa é uma conversa que a gente tem tido entre nós e que a gente então resolveu compartilhar com vocês, porque as dificuldades com relação ao método psicanalítico na pesquisa não são só dos orientandos. Então, eh, vocês viram aí pelo programa que a gente montou, eh, os temas que a gente vai debater e eu vou considero aberta essa primeira jornada da nossa linha de pesquisa.
Vou passar a palavra rapidamente para cada um dos membros da linha e depois a gente segue com os trabalhos, iniciando com a fala da professora Miran, tá? Bom dia a todas e todos. Um prazer enorme estar aqui com essa turma e com essa turma eh para debater essa questão crucial, que é a forma como a gente constrói o nosso trabalho, eh, e de forma a que os trabalhos construídos na universidade tenham impacto, eh, na não só na universidade, mas tenham aí impacto na sociedade e contribuam aí para eh elucidar questões relevantes. Oi, gente. É um
prazer, uma satisfação estar aqui com vocês e um momento diferente. A gente não costuma ter tantos encontros assim, especialmente abertos, né? eh para discutir essa é uma questão candente, né, para o nosso momento e de redefinição, de apresentação de de razões, né, para o nosso fazer enquanto pesquisa, né, eh, debater o Estatuto da Psicanálise no contexto das ciências, né, eh, especialmente em consideração as novas epistemologias críticas, né, e também em relação a às novas as discussões sobre eh a relação entre ontologia, epistemologia e metodologia, né? Então, eu acho que é um momento muito interessante também
de ampliação, pessoas novas chegando aqui na linha de pesquisa, eh, pra gente fazer essa essa discussão a céu aberto, né, sobre o que que a gente entende e como a gente transmite, o que a gente faz em termos de pesquisa, né? Então, sejam bem-vindos. Espero que todo mundo aí goste dessa manhã coletiva. Bom, eh, de novo, né? Bom dia, bem-vindos, né? Eh, é, é curioso isso. a gente pensou, né, de inicialmente um evento, né, que seria um tanto até interno, né, no sentido de poder eh eh trabalhar um pouco, né, e acompanhar como é que
cada um de nós eh tem pensado algo da da sua metodologia, né, da sua pesquisa, né, eh, e de uma certa maneira e é isso até nos ajudar, né, porque acho que isso que a Lívia tocou, né, não é não é uma coisa que diz respeito só aos orientandos que estão em as voltas com as suas pesquisas e os orientadores ali acompanhando, mas até eh eh para que a gente possa um tanto eh formalizar algo da maneira com que a gente pesquisa, né? Para para mim foi um exercício complexo, né? Acho que talvez vocês vão
acompanhar e provavelmente falar aqui do do dos furos, né? Me devolver um pouco, né? do que que funciona e do que não funciona. Mas enfim, eh espero que é isso, né, que a gente consiga fazer esse eh bate-bola, né, esse retorno, né, isso que vai eh daqui e e retorna de vocês para que podemos então ir refinando as possibilidades eh metodológicas sem de uma certa forma eh engessá-las, né, nesse aspecto. Então, um pouco disso que eu tô aqui nessa expectativa de hoje, né? Bom dia a todas e todos, né? Eu acho que é um grande
prazer recebê-los e estar aqui diante ou do lado, né, de colegas e e referências eh absolutamente históricas, né, e históricas e contemporâneas no campo da pesquisa em psicanálise, em psicopatologia, eh, em temas aferentes, né? Eu acho que é importante dizer também que é esse esforço de uma primeira jornada, de uma linha de pesquisa, né, pensando, eu acho que de forma bastante complexa, eh, todas essas diferenças e semelhanças, cruzamentos no que diz respeito às às heranças epistemológicas, né, as as conexões narcísicas muitas vezes que dizem respeito às nossas pesquisas, aos nossos temas. E eu acho que
também falando desde este lugar tão tão paradoxal e extraterritorial eh da psicanálise na universidade enquanto orientadores que atuam com metodologias psicanalíticas num programa de psicologia clínica, né, com uma forte implicação no trabalho institucional, social e político também. Então, acho que vai ser desde um lugar de um lugar analítico, né, que a gente vai tentar discutir sobre esses rumos e devires hoje. Obrigado. Bom dia, gente. Eu sou a Aline, né? Eh, eu sou uma das mais novas professoras aqui dessa casa. Eu fui professora bastante tempo no Mackenzie, então tô bastante honrada e feliz de estar aqui
com pessoas que foram meus professores, que são muito importantes. Eh, e espero que vocês aproveitem o dia. Oi, pessoal, bom dia. Eh, sou a caçula dessa mesa aqui. Acabei de chegar aqui como professora no instituto. Tô muito feliz de estar nessa mesa, de fato, acho que, sei lá, é muito afeto e história. É uma honra estar com vocês. Eh, foi um desafio preparar aqui a minha fala. Acho que vocês vão ver que a gente vai cada um trazer um pouco um olhar aí do que acredita e constrói enquanto pesquisa. Espero que vocês aproveitem essa troca
e eu acho que o mais importante é poder tocar vocês também e a gente ter um debate no final e vocês contarem um pouco dos interesses. Enfim, como o Ivan tava falando, era para ser um evento pequeno e que de repente foi ganhando uma amplitude. Isso quer dizer que não só a gente se interessa pela temática, que vocês também. Então vamos fazer essa troca acontecer. Bom dia e bem-vindo a todos e todas. Bom, então, eh, antes de passar a fala pra professora Miriam, eu queria anunciar que no final do nosso evento, nossa linha de pesquisa
vai compartilhar com vocês um projeto novo, fazer vocês tomarem conhecimento de um projeto novo da nossa linha e ver quem se interessa de participar com a gente desse projeto. Mas isso vai ficar pro final, tá bom? Então vou passar a palavra pra professora Miriam e a gente então se retira da mesa para que ela assuma aí essa abertura. Bom, vamos então. Vamos a Vamos lá, pessoal. Eh, me coube aqui essa primeira fala. Eh, e como para todos nós, eu fiquei pensando eh que recorte eu daria nesta nesse primeiro momento, né? E o que de certa
forma já marca um pouco o as formas aí de pesquisar, ou seja, não dá para fazer tudo, não dá para saber tudo sobre um fenômeno. Eh, é preciso encontrar o modo particular eh em que você em que é possível abordar eh esse esse fenômeno. E esta forma de recortar vai nos levar a direções específicas. Então, esta primeira eh esse primeiro passo, vamos dizer, eh, no processo de pesquisa, eh, faz parte fundamental, né, do que, eh, a gente pretende trabalhar e encontrar para que eh onde eh onde este tipo de abordagem, né, do fenômeno eh nos
leva do ponto de vista vista da teoria psicanalítica, do ponto de vista da clínica psicanalítica e do ponto de vista da leitura social e política, eh, que eh que o os nossos achados e recortes vão eh vão incidir, na onde vão incidir. Então, vamos dizer, vou abordar, né, dentro da linha aqui de pesquisa, psicanálise, sofrimento, eh, e política, eh, algumas das formas que o laboratório, a psicanálise, eh, sociedade política vão abordando e também dentro dele o veredas migração e psicanálise, que é um grupo de eh intervenção mas também de formação e também de pesquisa, né?
Então, essas três formas, né, de eh de trabalho se interagem, né, dentro eh não só do laboratório, mas dentro da linha psicanálise, sofrimento e política. Eh, então, embora tenhamos e esses essa marca comum, né, eh cada um de nós vai abordar de uma forma eh específica e tem aí o eh depende que depende também, né, da relação com os orientandos. Eh, de alguma forma a gente escolhe os orientandos, mas também somos escolhidos. Então, eh, os orientandos também nos formam, também nos incitam a a questões que muitas vezes ainda não estavam formuladas e que, julgamos pertinente
e possível de serem desenvolvidas. Eh, então, ah, eh, de todo modo, eu diria que, eh, a psicanálise é uma praxis. Esse é um ponto de partida que aborda então o sujeito, mas o sujeito enredado eh na nos fenômenos sociais e políticos, seja dentro de um certo contexto discursivo, contexto eh de de uma trama de poder que o situa em um certo lugar e que condiciona os seus modos de fala. Então, a pesquisa, né, eh, supõe adentrar em várias camadas das cenas que nos eh remetem a a pensar. cenas que têm camadas pulsionais, familiares, políticas, sociais
e que se apresentam sejam na clínicas, seja na clínica, nos equipamentos de saúde, de educação, nos discursos jurídicos, nos discursos sociais, né? Então, a ideia da cena, né, nos permite eh distinguir diferentes aspectos, né, que podemos chamar a partir de Lacã as suas dimensões reais, simbólicas ou imaginárias que permitem então adentrar nessa outra cena que pro Lacan é o eh diz respeito aí a indicar que o inconsciente é a política, ou seja, a modalidades de poder que eh estão eh nas relações ou na sociedade que muitas vezes não estão explícitas para o sujeito, mas que
estão conduzindo a cena. Eh, é claro que nem toda pesquisa vai abordar todos esses aspectos, mas é necessário que toda pesquisa saiba que esses aspectos estão presentes, né? E e você pode escolher um um desses aspectos ou um modo ou a manifestação desses aspectos na cena. Então, a ideia da cena, eu acho que é central para pensar aí o alguns recortes, né, e algumas experiências nesta cena ou que o sujeito relata ou uma cena também em que o analista, pesquisador está presente, né? Então, ao ele ao relatar, o pesquisador também está nessa cena. eh pois
esse relato eh diz respeito a uma certa perspectiva eh de, né, de quem é esse com quem estou falando, ou seja, do lugar em que o pesquisador tá sendo colocado pelo eh pelo pesquisado, no contexto do pesquisado. Então, vamos dizer, diferente de outras pesquisas, o pesquisador está na cena, né? H, não são só essas direções, mas já que eu entrei por essa dimensão do real simbólico imaginário, eh, eu destaco lá no seminário do RSI três direções que eh que o Lacan eh vai articular sujeito e política. a dimensão do sintoma, onde que ele relaciona também
ao fetichismo da mercadoria, a dimensão do discurso e as relações sociais geradas pelo sistema de produção capitalista e a dimensão de gozo, né, ou seja, a mais valia das relações sociais, né, só para dar esse eh esse gostinho aí pra gente adentrar, não vou desenvolver, né, porque eh queria eh tomar uma dimensão mais eh eh mais, vamos dizer, pragmática da questão da pesquisa. Então, eh se pensamos então a psicanálise como uma praxis, né, vinculada aí esses termos, eh vamos pensar nessa eh implicação e inclusão do pesquisador e o seu trâmite pelo enigma, né? Um pesquisador,
ele tem que tá eh tem que ser pensado por uma questão, né? Ele tem que tá na escuta eh de algo que também eh o envolve naquele tema. Então, eh, e é esse enigma que também está na no pesquisador que ele também quer resolver, eh, que conduz o modalidade de de escuta eh dos discursos e da transferência que são colocados na cena. Então, eh, eu entendo que a a pesquisa psicanalítica ela tem ela responde a vários circuitos, né? O circuito da clínica, da teoria responde à comunidade psicanalítica. Mas não só, né? O que se produz,
a responsabilidade da produção da pesquisa dentro de uma universidade, de uma universidade pública, é, vamos dizer, questionar e produzir e disputar as verdades de um certo tempo, as verdades sobre determinados sujeitos, sobre determinadas categorias, sobre determinados fenômenos. Então, não é pouca a responsabilidade daquilo que eh estamos produzindo como resultados de nossas pesquisas. Então, eh não é para ficar mais tenso, mas é só para, vamos dizer, saber que estamos num certo lugar social, né, e que tem implicações aquilo que a gente produz nesse lugar. H, então, nesse nesse sentido, quando falamos aí de certas produções de
subjetividade, também falamos sobre o modo eh com que nos referimos à alteridade, né, a esse outro radicalmente diferente de cada um e que eh justamente pela diferença incita a construção de pactos que queremos eh civilizatórios e coletivos. Infelizmente, né? Eh, não é sempre que um pacto é civilizatório e coletivo. Então, estamos advertidos, né, da produção de eh de processos aí de leitura da realidade, da subjetividade, principalmente dos grupos. subalternizados que são guiados por um imaginário distópico colonial, patriarcal nas estruturas sociais e políticas, ainda presentes aqui na nossa sociedade e atuantes para produzir então as verdades
sobre esses sujeitos. Bom, eh, então quais os métodos, né? eu não poderia, né, no singular, eu poria, eh, diferentes formas de pensar esse método, eh, para desconstruir estas leituras eh pré-estabelecidas sobre os fenômenos e sobre os sujeitos, né? H, vou dar algumas indicativas e meus colegas vão dar outras eh para para esse trabalho. Então, uma das ferramentas que a psicanálise nos fornece é pensar em tempos da pesquisa, né? e o os tempos eh de ver, né, que tem a ver um certo mergulho no território a ser pesquisado, o tempo de compreender e consultar, né, eh,
quem já está eh as concepções que já estão postas dentro desta eh, desse campo que nós vamos eh abordar, né? Então, e para poder nos situar, né? Então, estão estamos dentro de um tempo histórico. Muitas pessoas já se debruçaram sobre essas questões e precisamos estar situados no conjunto de eh de produções que já foram feitas e que direções tomaram, né? Então isso a gente chama um pouco o estado da arte e como tempo de compreender, compreender que lugar vamos ocupar dentro desse estado da arte. E o tempo de concluir, nem sempre, eh, principalmente nos mestrados,
a gente chega no tempo de concluir, porque o tempo de concluir é um tempo de tomar uma posição, né, dentro do eh defender uma posição. Quando a gente fala defender uma tese, né, é uma tomada, a gente tá dizendo de eh uma tomada aí de olha eh a minha posição em relação a essa verdade é esta, né? E é isso que eu vou defender. Então, defender uma tese é defender uma certa ideia, né, uma certa posição em relação ao fenômeno estudado, né? Então, eh, nem que tenhamos que, eh, pagar uma libra de carne eh por
essas posições. Ou seja, quando a gente toma uma posição, a gente entra num campo de disputa em relação a outras vertentes e a outras leituras deste fenômeno. Bom, em relação, né, dentro desses tempos que não são, eh, eles vão se colocar em todo o percurso dos trabalhos, né? Então, são tempos, eh, que vão nessa ordem, né? eles vão se articulando. H, mas queria destacar também mais dois aspectos do método. Um dos aspectos eh diz respeito ao modo de formular as questões. A psicanálise tem modos específicos de formular as questões, porque ela ela tem na sua
especificidade atenção ao sujeito e àeridade, a um modo de pensar alteridade, né? Então, eh, quando a gente, eh, escolhe e tem uma questão, essa questão vai sendo reformulada a partir dessa imersão nesse no território em que a questão se coloca. Então, para dar eh pelo menos dois exemplos, né, que que eu acho importante para eh para ler eh o que que é essa forma de formular questões, é a gente eh ler o texto Porque a guerra, que é o texto que Freud responde a essa pergunta formulada pelo Einstein, né? O Einstein não é um psicanalista,
como todos sabem, é um eh é um pesquisador das ciências exatas, né? Eh, e que dirige, se dirige ao Freud. Seria muito interessante, não vou especificar aqui, mas quem tá preocupado com o método vendo como ele parte da pergunta do do Einstein para ir dizendo de que ponto de vista o que que aspectos desta pergunta ele pode responder. E ele vai aí questionando até ah uma certa ah uma certa pergunta e uma lógica que tava presente na pergunta do Einstein, que era eh o desejo de paz, né? Então, que é uma das questões que Aline
no seu eh projeto de doutorado também refaz, né? Porque a paz se você tá nos territórios em que eh você é atacado, né? Então, sugiro essa leitura também. É bem interessante quando eh a psicanálise é muito questionada enquanto uma ciência, enquanto tá dentro deste campo epistemológico, né? A forma como o Lacan vai conduzir esta pergunta, né? onde ele inverte a pergunta, né? Eu acho que os colegas vão abordar mais essa questão, mas eu tô pegando mais nessa forma, né, de trazer a questão para aquilo que é da ordem do que a psicanálise pode elucidar. Então
o Lacan inverte a pergunta eh para para dizer o que é uma ciência que inclui a psicanálise e daí vai desenvolver justamente o que ele pensa que a psicanálise pode eh pode fazer. Então, eh, a pergunta que vai sendo reformulada conforme se adentra ao campo da pesquisa, ela vai permitir eh chegar em nossos territórios. Eh, para chegar um pouco mais mais próximo, eh, esta questão quando eh eh resolvemos formular uma política de saúde mental para a universidade, para a USP, né, também é uma questão que nos fazíamos. E aí é como a gente pode pensar
uma política e não só o sujeito um a um, né? Sujeito um a um, mas também como a psicanálise pode eh incidir na questão dessa política. E daí eh eu coloco eh dois aprendizados, né? Uma questão é que eh dentro deste campo o psicanalista não trabalha sozinho, ele trabalha num campo que é interdisciplinar, né? E, portanto, ele precisa dialogar com as outras formas de leitura do campo, né, e com os outros conhecimentos. Então, na equipe lá da Pró-Reitoria de Inclusão e Hipertencimento, nós temos pessoas da matemática, da educação, da saúde pública, da saúde coletiva, eh
da história, eh eh enfim, da psicologia e da psicanálise. Então, eh este conjunto de saberes permite que a gente possa pensar uma política de uma forma que em que cada um desses saberes tem um lugar, afinal uma política de saúde mental em uma instituição escolar, né, em uma universidade particular, em uma universidade. Então todas essas questões nos fizeram pensar como primeiro primeira ação, a construção de um questionário. E a construção de um questionário ou de uma entrevista, ela supõe pensar muito em que perguntas, né? Ou seja, que tipo de resposta a gente precisa para construir
uma política. E se a dimensão de saúde mental posta não é eh apenas detectar patologias eh para encontrar formas específicas desse tratamento, mas eh pensar na saúde mental articulada com o bem-estar social, ela precisa de saber o que cabe a uma política de saúde mental na universidade num ponto de vista muito muito mais da promoção da saúde mental e da prevenção da saúde mental, né? eh sem deixar de lado os aspectos aí de eh de poder atender especificamente a casos particulares, mas dentro desta lógica, né, ou dessa gramática, como chamaria, eh, como chama eh o
professor eh Christian Dunker aqui presente, eh, individualista, neoliberal, né, a gente não vai pensar o sujeito não vai reproduzir essa lógica na nossa pesquisa. Então, como, né, poder abordar aí esses aspectos sem cair nessas nessas questões eh que induzem o sujeito a se autodeclarar a partir de um diagnóstico ou uma de uma patologia, né? Então, eh, as questões que formulamos fomos foram no que a USP mais prejudica ou beneficia a sua saúde mental? Eh, quais os lugares da universidade que mais beneficiam ou prejudicam, né? Ou seja, aonde podemos atuar, né, ou reforçar, eh, para que
os benefícios sejam maiores, né? Eh, quais os elementos que mais alteram a sua saúde mental? Pedagógicos, a o os as violências praticadas na instituição, enfim, só dando alguns exemplos disso que eu tô dizendo, de como h construir uma uma pesquisa que vai desde esse for, né, de um questionário que é para uma população de 120.000 pessoas que são eh a população USP, até o questionário que você ou as perguntas que você pode conduzir para um pequeno grupo ou para uma pessoa. Dentro deste articulado, então, essa forma de formular uma pergunta, a gente vai é método
da pesquisa por excelência escuta e a escuta é o modo psicanalítico de escutar, ou seja, atento ao tipo de transferência e ao tipo de eh de relação que se estabelece ali de forma a que um saber possa emergir dessa relação, né? Então, a escuta é um método não só na clínica, mas também na pesquisa, né? E e a partir dessa escuta em diferentes campos que cabe ao pesquisador inventar dispositivos que permitam uma escuta, né? Então você tem que construir, né? eh inventar, construir os dispositivos para cada lugar. Se você vai eh trabalhar na escola, se
você vai eh ver quais são eh as questões do imigrante, da criança imigrante na escola, né? eh como esse modo particular de pesquisar eh faz o o pesquisador ir até a escola, ir até a rua, ir até a instituição eh de de saúde eh para poder saber de que forma então ele pode estar lá. Então, eh eh esse esse modo, né, de invenção, eh, de dispositivo cabe naquela primeiro momento que é instante de ver e de estar presente nesses territórios. Então, isso quer dizer algumas coisas que paraa psicanálise, a pesquisa e a intervenção não são
campos completamente distintos, né? estar presente na instituição, estar presente naquele campo de de pesquisa, a sua própria presença como alguém estimo aquele lugar, ele tem incidências e provoca ali eh algumas já alguns questionamentos que antes não estavam presentes. Então, eh, eh, claro que não são a mesma coisa, né, mas, eh, eh, estão juntos, né? Eh, a própria, o próprio pesquisar modifica o que tá presente ali no campo. E o objeto da pesquisa, embora a gente tenha que fazer um projeto, tem que sim que fazer um projeto e dizer tudo que vai fazer na pesquisa para
entrar na pós-graduação, mas isso é um ponto de partida. o objeto propriamente da pesquisa vai ser definido durante, às vezes no final, né, eh durante o processo de pesquisar, né? Então ele não é dado, né? Ele é produzido no na no decorrer da pesquisa na transferência que se estabelece dentro dos processos. e a a escrita que finaliza ali o seu eh o seu processo de pesquisar, que também é algo que promove um tanto de sofrimento nos ah nos orientandos, eh é justamente o relato, né, deste desta trajetória, né, é um relato porque a escrita inscreve
um certo forma de ter pesquisado e, portanto, nos responsabiliza. E aí muitas vezes a gente eh, né, vacila, né, em poder dizer, não foi isso, né, eh, até em muitas vezes em função eh do seu narcisismo. Nossa, eu queria fazer uma coisa tão grande, né, e cheguei nisso. Mas a gente aprende, né, que eh isso que a gente chega é grande, né? Porque a gente chega como fruto de um trabalho e ele tá inserido num contexto com outros trabalhos e, portanto, somos parte de um um grupo um grupo de pesquisadores psicanalistas, um grupo de pesquisadores
da crítica social e da crítica política. Bom, eh, a, eh, ainda em relação a à pesquisa, eh, eu vou lembrar que a Inês Loureiro dizia que a pesquisa eh a metodologia da pesquisa eh na verdade eh ela é construída depois também deste processo todo, né? Claro que a gente faz um método no começo, né? sem um ponto de partida não há pesquisa, mas eh o caso metodológico eh vai ser escrito a a posteriore, né? a posterior é que você vai poder reler tudo o que aconteceu no eh no decorrer da pesquisa, tudo que foi chamando
atenção, tudo que não estava aparentemente na cena e poôde ser detectado pela escuta que vai então poder eh reescrever o seu caso metodológico, né? Ah, deixa eu ver como tempo aqui. É meia hora. Tem mais uns 10 minutinhos, né? Bom, hã, como eu tava dizendo, a gente tem que, eh, para pensar na escuta, a gente tem que eh se perguntar e se formular quais as condições eh da escuta. E aí eu entro particularmente nas situações em que o encontro com o outro é atravessado por conflitos, violências de classe, violências de gênero, violências raciais e culturais,
entre outras, né? Então, eh, nesse sentido, eh, há, né, eh, nessas vertentes, né, nesse caudo, eh, social e cultural, aquilo que produz um aspecto do sofrimento, que é o sofrimento sociopolítico, né, que ocorre justamente quando o sujeito tá imobilizado, né, no laço social, eh, e em que essas violências pela adjetivação, pela prisão sintática em que ele tá colocado como louco, drogado, eh marginal, eh árabe, judeu, né? são, vamos dizer, modalidades aí de pré-definição, né, de quem é aquele sujeito e eh sobre as quais ele não tem a menor possibilidade de atravessar com seu discurso. Ou
seja, tudo que ele diz é lido através dessa eh dessa desqualificação e em função dessa desqualificação e hierarquização eh das relações, onde aidade, a diferença é transformada em uma não só a desqualificação, mas muitas vezes a desumanização. É isso que naturaliza as violências sociais que permitem que o corpo do outro seja utilizado a sua rebelia, que permite que determinadas falas ofensivas podem ser dirigidas eh na certeza da impunidade, que permitem então que eh esse sujeito eh seja muitas vezes eh cooptado na identificação a esses lugares. ou mesmo imobilizado e silenciado para poder dizer eh da
sua verdade, da sua subjetividade para além desta forma, desse lugar que ele ocupa no laço social. Este é um uma das dificuldades da escuta, né? Porque esse sujeito, sim, tá divertido dos lugares de poder que a universidade, que os psicanalistas, que os psicólogos ocupam para dizer quem ele é, né? Então, muitas vezes, eh, é necessário, tá, eh, eh, advertido e construir, então, eh, modalidades de acesso a esses sujeitos que permitam com que ele possa efetivamente eh recolocar eh o lugar do eh do pesquisador, do psicanalista, eh, em um lugar que permita que ele ele efetivamente
fale de si e não só desconfie, né? Então, não só o sujeito eh automaticamente se coloca numa posição de suposto saber, mas como vão dizer Emília e e Andreia Guerra, o o sujeito analista, pesquisador é um sujeito suspeito saber, né? aquele que se arvora a já saber sobre ele. Então, é necessário desmontar esse esquema para que se possa avançar na pesquisa. Então, eh, né, é importante também, eu acho que justamente a ética da pesquisa é não aderir acriticamente a essas modalidades de discurso, né, onde o outro comparece como monstro, como zumbi, como amoral, eh, enfim,
e que todo tipo de banimento, né, eh, da vida pública e da vida social, eh, está presente como uma norma, exigindo submissão, exigindo o silenciamento das suas leituras e de uma leitura que pode dizer a verdade do seu tempo, a verdade da sua sociedade, né? Então é importante então a gente ter essa escuta advertida, né, dos modos de governança da eh do campus social. Bom, eh, sabemos aqui que a nossa sociedade brasileira não está eh tem ainda como um discurso social predominante eh a embora não explícito, né, a manutenção e a extensão dos privilégios advindos
do patriarcado, eh, da exploração escravagista, eh, e atualizada e mantidas por outros meios. e eh convertidas em discursos. Então, dentro dessa perspectiva, é necessário eh diferenciar o que é eh o discurso do outro, né? ou seja, o campo simbólico que permite o sujeito se situar do que é o discurso de determinado grupo social, determinada modalidade de poder eh dentro desse grupo social que transforma a diferência e desigualdade de forças em modalidades de opressão. Então, podemos dizer que esses sujeitos eh sofrem um certo déficit de inscrição na social e de reconhecimento no campo social, reconhecimento da
sua eh humanidade, eh, sendo que justamente por isso são muitas vezes colocados fora do pacto social, né? Então, eh tem uma uma situação bem emblemática, né, nesse sentido, eh, que, eh, estávamos uma vez discutindo a questão dos adolescentes em medida soceducativa, um grupo de pesquisadores, e vem um promotor que e é indignado com aquele grupo e ele levanta e diz: "Nós defendemos a sociedade, né, e vocês, eh, passam pano eh pros bandidos, né? Então, eh, enfim, como ser aqueles adolescentes, eh, né, que cometeram atos infracionais não fossem parte da sociedade, né? Então, é muito emblemático
e a gente tem que tomar cuidado para não eh ser capturado nesses discursos. Bom, enfim, para finalizar, né, vou eh vou dizer que a pesquisa psicanalítica então está na contramão dos discursos que instituem os marcadores sociais, que são ferramentas eh para estabelecer fronteiras, ou seja, a pesquisa eh tem eh como norte junto com outras pesquisas movimentar fronteiras e não solidificar muros. Então, ah, ela permite também, né, a começar a deslindar e desmontar esses mecanismos que naturalizam as violências. H, então, nesse sentido, precisamos estar atentos a a apropriação simbólica, como vai dizer eh Bento, e os
modos fixos de reconhecimento eh eh presentes eh na sociedade, no campo que vamos eh discutir. Ah, vamos, precisamos est atentos ao desamparo discursivo, ao silenciamento, portanto, dessas eh pessoas que estão nessas posições. E então ah, como condições pra pesquisa, temos a necessidade de ampliar o conceito de caso, né, de caso da pesquisa para incluir, né, o contexto em que aquele eh fenômeno, aquele acontecimento eh se eh opera eh e temos que nos posicionar em relação ao discurso de um dado tempo, de uma dada época que eh para poder apontar identidades, desarticular gozos, recuperar memórias, repensar
as bases do pacto social vigente e conceber, quem sabe, formas de transformação social. Então, a ética na pesquisa eh tá na direção de não reproduzir ou reafirmar práticas sociais desumanidadoras, patriarcais e colonialista, devendo detectar modalidades de poder que as naturaliza e podendo então ah recuperar um conceito de história que inclui a história também dos eh eh dos ditos subalternos, como diria hã spíb. Tá bom? Então, fico por aqui e passo a palavra então ao próximo grupo, aos colegas que vão estar aqui presentes na próxima mesa. Então vou chamar o professor Gabriel Binkovski, professora Aline Souza
Martins e o professor Ivan Var bom depois você me disse isso mesmo. Tá publicar controlar o tempo. Quanto tempo a gente tem? Sim, por favor. É, ajuda bastante. Já foi curtinho. Você foi dia 20, né? Ah, bom dia de novo. Todo mundo escutando bem? Eh, bom, gente, eu acho que coloquei aqui alguns títulos, né, tanto da nossa, do nosso evento quanto das das falas, porque eu acho que eles ajudam sempre a engatar e a entender que a gente precisa de um endereçamento sempre, né? Eu acho que é a partir disso que eu vou tentar tecer
algumas considerações sobre isso de fazer pesquisa psicanalítica na universidade, orientar pesquisas, né, que tentem produzir movimentos analíticos num determinado campo, num determinado numa confrontação de objetos, né, e de um jeito de descobrir coisas, porque afinal a gente tá sempre fazendo isso em psicanálise, né, descobrindo coisas, né, e quando a gente chega num determinado lugar, aquilo não é mais o nosso objeto, né? não é mais inconsciente. E eu achei curioso também, fui refletir sobre sobre esse momento de hoje, né? E e a gente marcou metodologia no singular e não metodologia no plural, né? como costuma acontecer
eh nessas nessas nesses momentos assim de paradoxo, quando a gente para para pensar o que que a gente vai fazer numa pesquisa e a gente seguidamente pensa: "Bom, estamos num programa de psicologia clínica, né, num instituto de psicologia, às vezes a gente tá em pesquisas associadas, né, com linguística, com filosofia, com com eh com psicopatologia psiquiátrica, por exemplo. E e aí essa história da metodologia ela ressurge, né? Que que recursos a gente vai vai lançar à mão para para chegar num tema, né? por exemplo, vamos usar entrevistas, vamos trabalhar com vinhetas, com estudo de caso,
com algum tipo de levantamento da ordem, né, da que pode vir de uma experiência de campo, que pode vir de um questionário, de uso de testes, mas aqui a gente marcou esse metodologia no singular e que me parece que tem a ver com um movimento, né, de se pensar essa essa essa condução psicanalítica das pesquisas. Acho que esse é um ponto bem importante, eh, e também de uma espécie de passagem que acontece na pesquisa em psicanálise, que é o que eu vou tentar eh escrever um pouco aqui, né, pelo que eu tenho vivido, acompanhado, né?
Tem esses colegas referências, os colegas parceiros aqui, tem os orientandos, que são são os parceiros, né, que vão da iniciação científica até as os momentos adiantes nessa nossa vida acadêmica. Eh, e aí por isso eu, né, sugiro esse título, esse endereçamento pra gente, que é a busca de uma metodologia de pesquisa psicanalítica na universidade entre desistência e insistência. E é curioso, né, porque ao conduzir uma pesquisa, a gente conduz um processo em que o que conta não é necessariamente ou raramente o sujeito do pesquisador mudo, né? A, muitas vezes a gente começa com algo que
seria da ordem do sujeito, do orientador, né? Não é à toa que os candidatos a mestrado, né, a doutorado se aproximem de nós com essa penacha de bom, ã, com que você trabalha, vou tentar adequar os meus interesses e meus objetos de pesquisa o que você faz, né? Vou tentar te pegar dessa dessa forma. E assim, dentro da lógica do produtivismo universitário, isso faz sentido, não é? Porque poxa, vou trabalhar com um especialista em tal área, afinal quero me tornar um especialista em tal área, quero ser uma referência. Só que a psicanálise ela ela é
muito antagica isso, né? A gente faz pesquisa com o que nos falta e com o que nos falta é aquilo que nos interessa, que nos dá curiosidade, que nos dá mal-estar, que produz sintoma em nós, né? A gente acaba fazendo pesquisa sobre algo que que incomoda lá no âmago do nosso do nosso ser, como se diria, né, em alguma formulação lacaniana. Mas então acho que a gente tem isso, né? Poxa, que que é o sujeito do orientador, que é esse sujeito que eu, né, que que faz parte de alguma forma do princípio da pesquisa, da
autorização da pesquisa, mas também tem o sujeito do pesquisador, o seu desejo, né, num movimento que vai até a construção de um sujeito de pesquisa. E aí esse sujeito que tem essa essa essa duplicidade, né, de sujeito como tema e o sujeito do sujeito, né, do de uma oração, de uma frase, eh, que fica o tempo todo numa grande confrontação entre o sujeito da pesquisa e o objeto de pesquisa, né, como a professora Miriam tava aqui descrevendo. né? E acho que até interessante, a Miriam cita a expressão responsabilidade, né? Como algo que parece ter uma
marcação fundamental desse movimento entre o sujeito do pesquisador e, finalmente, o objeto da pesquisa e adiante o sujeito da pesquisa, né, que parece que é algo que vai que pode oferecer algo para que a psicanálise continue, né, para que a gente não desista dela, sobretudo na universidade, né? Então, é curioso acompanhar pesquisas, fazer pesquisas, né? Porque a gente sabe que muitas vezes ela começa uma pesquisa numa alienação, numa alienação que ela é com um tema, que é com uma metodologia, que é com orientador, muitas vezes orientador, orientadora, é com um grupo de pesquisa específico, né?
E a gente sabe que existem esses movimentos de desalienação disso, seja do orientador, do grupo, da metodologia que a gente escolheu, né? Às vezes a gente vê algumas pesquisas que têm ferrenhamente a ideia de trabalhar com algum protocolo específico de entrevistas e que eh que e que isso é fáho em alguma medida, né? a gente precisa ser confrontado com uma desalienação disso para encontrar eh para encontrar alguma coisa que seja digna, né, de um de uma pesquisa que a gente possa chamar psicanalítica. E eu acho que é bem curioso quando a gente começa, por exemplo,
a fazer as entrevistas de pós-graduação, a gente vai colocando questões eh pros pros candidatos, né? E e eu acho que uma questão que eu gosto muito de colocar e por que que você quer fazer essa pesquisa na universidade, não em outro lugar? Qual vai ser a diferença dessa pesquisa, desse tema numa universidade, especialmente nessa universidade, nessa linha de pesquisa, com esse grupo de pesquisa? Mas por que que você não pode fazer isso numa associação psicanalítica, numa instituição? Dá para fazer uma monografia, dá para ser um pesquisador fora do campo universitário e fazer pesquisa tão boa
quanto até melhor, né? Por que na universidade, né? E e é curioso que existe, a gente sabe que existem as lógicas intrínsecas ao mundo associativo da psicanálise, as instituições, né, que tem tem toda uma série uma série de questões políticas super impactantes, né, de estar presente numa numa associação de psicanálise cujo cujo objetivo fim é continuar a instituição, associação e formar psicanalistas, né? Só que a universidade ela ela jamais diria que ela vai formar psicanalistas. Jamais garantiria isso, né? não é à toa que alguns programas, né, vamos pensar o caso da UFRJ que, né, que
vai há décadas atrás institui um programa de de teoria psicanalítica, né, como lá os colegas de Paris 7 também, né, foram desde aquelas discussões envolvendo o o Pier Feddá, por exemplo, foram pensar em psicanálise e medicina, né, algumas coisas um pouco mais fronteiriças para falar dessa presença da da psicanálise no coração da universidade. E mais ainda, né, a gente tem essas perguntas que eu tava dizendo que podemos fazer aos candidatos, que também dá para dá para avançar nisso e e colocar como questão, mas por que que você não faz essa movimentação teórica, conceitual, essa mobilização
que você quer fazer num espaço de militância junto ao partido político, junto a uma instituição que trabalha com algum tema específico, que tem um horizonte. a gente tá vendo um um florescimento aqui no Brasil de diversos espaços de formação psicanalítica para institucional, né, que é um movimento muito salutar, né, por que não fazê-lo eh desde outros lugares com a universidade? Então, eh eu acho que essa é uma uma são questões provocadoras, né, que provocam o sujeito, né, e que provocam o sujeito a emergir disso um objeto de pesquisa que vai se tornar um sujeito de
pesquisa, né? E esse sujeito de pesquisa, ele tem uma vida própria, porque a gente sabe que os nossos atos de fala, né, os nossos nossos escritos, eles ganham vida própria e eles se separam de nós em alguma medida, eles se desalienam de nós. Então, acho que primeiro começo com essas questões para dizer que a universidade não dá garantia de nada, às vezes dá garantia de de um título de mestrado, né, ou de doutorado, de alguma nomeação, mas isso não garante muita coisa ou garante muito pouco, né? E a psicanálise ela garante menos ainda, né? Se
a se a universidade às vezes garante um diploma, a psicanálise ela pode garantir, não sei, um pé na bunda, alguma coisa assim, aprender a falhar, aprender a errar, esse tipo de coisa. E eu acho que é que isso me remete, né, a a uma posição que o que o Renê Major, né, um psicanalista franco canadense insistia bastante, né, a psicanálise ela tem uma uma posição diante da história, diante da política e diante do real. que é de que o inconsciente é uma decisão e essa decisão é da ordem política. Então essa decisão ela não é
da ordem do ser ou do ser, né? Seu desígnio é de se retirar ali onde o poder, né? Eh, aplaca, onde o poder se apresenta. Então, tem um movimento interessante com com entreistir como duas posições de sujeito, né? E isso tem a ver com essa inserção do inconsciente como um fenômeno, como um construto e como uma metodologia orientadora na pesquisa. Então a gente tem essa esse inconsciente multiverso presente nas pesquisas, né? seja como objeto, seja como fenômenos, seja como uma construção teórica que, né, indo junto com Renê Major aqui, é uma decisão política, né, instituir,
esperar, construir, eh, e talvez desejar, né, que o inconsciente se faça numa pesquisa. Então, né, voltando isso, né, fazer pesquisa em psicanálise tem a ver, me parece com isso que eu coloco no título, né, essa renúncia insistência que tem uma se acompanha desse dessa passagem, né, de uma pesquisa que é do pesquisador, de um movimento desejante de um sujeito para o sujeito da pesquisa. É um desejo do pesquisador sujeito da pesquisa. H bom, a gente sabe que, né, só retomando, acho que um pouco a etimologia sempre é interessante pra gente em psicanálise, né, o desistir,
ele ele tem uma etimologia, né, tem o prefixo des é essa negação, afastamento e o cister, né, que significa parar ou deter. Então, tem uma tem um pleonasmo ali, né, no no desistir, que é parar de parar ou deixar de prosseguir, renunciar a algo, né? E eu acho que tem renúncias importantes na condução de uma pesquisa e na construção de uma metodologia de pesquisa em psicanálise. E aí tem essa questão da insistência, né, que também latim, esse insister e que esse manter estar sobre. E e e é curioso, né, que esse manter, esse tentar, esse
esse insistir seguidamente, ele ele me fez muito pensar numa numa das dos exemplos príncipes de pesquisa freudiano sobre inconsciente, que é do ato fardo do do familiionário, né, em que o Freud, né, tem uma dica muito popular assim para para tentar achar aquilo que seria da ordem do inconsciente, que estaria produzindo uma repressão, né, E aí o Freud diz: "Olha, a a gente dá um tempo, a gente deixa a angústia baixar, né? Existe um tratamento para angústia que tem a ver com uma espécie de desistência, como um movimento subjetivo, né, de forma que que aquilo
possa aparecer, que aquilo possa se dar. Eh, e eu acho que eu eu faço essa pequena introdução que já tomou tempo demais, né, para dizer que essa essa relação entre psicanálise e universidade ela é muito tensa. Eh, e existe algo que eu acho que a gente pode colocar como hipótese aqui, que desde o, né, o o inconsciente freudiano, vamos dizer assim, eh, existia um desejo de que a psicanálise estivesse na universidade, né, pelo menos havia um desejo de Freud de estar na universidade, né, como professor, como pesquisador, como neurologista. Eh, depois, em vários momentos, houve
esse esse flirt da psicanálise com a universidade, um desejo de que a psicanálise fosse eh, né, conquistasse a terra prometida da psiquiatria, de que a psicanálise oferecesse uma modalidade de tratamento universal, uma uma também uma ferramenta constante paraa psiquiatria e também bases paraa construção de conhecimentos. em psicologia. E esse posicionamento freudiano, né, em relação à universidade, ele ele aparece, por exemplo, num texto de 1919, né, em que deve se ensinar a psicanálise na universidade, que é um texto fundamental, porque ele lança uma série de debates e ele marca um um posicionamento de novo ambivalente do
Freud, né, em que ele ele tinha na na universidade uma possibilidade para psicanálise, mas uma possibilidade que necessitava da manutenção de fronteiras movediças, né? Acho que a Miriam fala um pouco disso, dessa eh desistência de fronteiras, mais do que de uma insistência de fronteiras em relação aos objetos e metodologias da psicanálise. É o que a gente vê, por exemplo, em grupos de pesquisa, né, em revistas, em instituições, assim, por vezes se começa a insistir em demazin em algum tipo de objeto, em algum tipo de metodologia e isso denota uma espécie de esvaziamento, né, da possibilidade
de produção de algo que possa ser realmente interessante, né, do ponto de vista psicanalítico e científico mesmo, né? Então, eh, eu acho que ainda é importante dizer que, bom, se havia essa ambivalência da posição freudiana e dessa psicanálise das primeiras décadas com a universidade, eh, também tinha um um um flirto, né? e um e algo que foi ao longo da história, a gente pode ver, né, dessa incorporação da psicanálise, seja na nos institutos de filosofia, pelas artes, depois na construção dos departamentos de psicologia, de psicologia clínica, né, que tem uma história super interessante em vários
países do mundo, mas que eu acho que dá pra gente citar um pouquinho eh algo que acontece na história da França, né, quando do surgimento de um departamento de psicologia, de um título universitário de psicologia. dia que ele é marcado pela presença da psicanálise, né? Tá lá com o Daniel Lagashi ali primeiro numa numa cátedra de psicologia. O Daniel Lagas que era médico psiquiatra, era filósofo e era psicanalista formado pela IPA, né? E e a partir dessas dessas discussões que inclusive eh alguns anos depois o próprio Lacan vai tentar pensar eh e vai forjar um
conceito para falar desse lugar de estrangeira da psicanálise em relação ao saber universitário, à ciência, ao direito. E ele vai sugerir, né, ou forjar o conceito de extraterritorialidade, né, que é um conceito para, né, que tenta proteger de alguma forma a psicanálise de ser fagocitada, por exemplo, pela medicina, né, com aquela interdição da prática da psicanálise aos leigos, né, aos não médicos, né, isso também, essa essa posição de territorialidade, ela é interessante por um lado, né, porque ela ela tenta manter a psicanálise não completamente amente incorporada a um certo a um certo uma certa instituição,
um tipo de funcionamento, ou seja, um status qu. Mas essa extraterritorialidade, ela também ela é muito arriscada, uma vez que ela pode eh oferecer, né, eh um uma espécie de sono dogmático para psicanalistas, né, que é manter-se fora de certos debates que necessitem uma implicação do sujeito, né? Então, por exemplo, né, isso tem algumas pessoas que escreveram sobre isso, como Sebastião Dupom, que vai trabalhar um texto baseado no nas teses do Derridá sobre a autodestruição do movimento psicanalítico, em que a gente vê assim que existe sempre esse risco de um elitismo psicanalítico que tem a
ver com esse retirar-se da implicação subjetiva em relação aos nossos objetos, né? Então, como eu vou falar sobre loucura sem tá exatamente implicado tanto no trabalho como numa discussão política sobre o que é loucura, sobre o que é saúde mental, sobre o que é ser criança ou adolescente hoje em dia, né? como como fazer isso aí, só que a extraterritorialidade ela também permita que eu não col não me coloque enquanto psicanalista num lugar que é o de produzir um discurso, né, como um discurso do mestre ou um discurso da ciência, que é um dos grandes
riscos da presença da psicanálise na universidade. E aí em íntima conexão com a questão da extraterritorialidade tem a estimidade, né, que é uma outra produção lacaniana que tenta dizer que estamos ao tempo todo lidando com algo que tá dentro e algo que tá fora. Somos o tempo todo, enquanto analistas ou produtores de atos analíticos e de pesquisa na universidade eh de uma um uma dupla implicação enquanto sujeitos e enquanto objetos. Por isso que eu vou tentando trazer aqui, né, e já me dirigindo para um fim, é de que em primeiro lugar a gente não resolve
essas passagens subjetivas que eu comento no começo, né, do sujeito do orientador, por exemplo, sujeito do pesquisador, pro sujeito da pesquisa, para um objeto de pesquisa. Isso nunca é totalmente resolvível em psicanálise. Porém, essa tensão, ela pode ser interessante, malgrado o risco de que ela paralise a pesquisa com angústia, né? que é a angústia do pesquisador, que é a angústia do militante, que é a angústia do cientista, que é a angústia do analista, angústia do paciente e assim sucessivamente. E aí eu acho que a gente tem algumas, né, acho que eu queria trazer alguns pontos
assim sobre epistemologia da pesquisa psicanalítica, depois sobre métodos e estratégias de investigação, eh, que acho que a gente busca, né, constantemente uma indissociabilidade entre teoria e prática, né, tem algo que que não se resolve ali e que é interessante, mas que eh mantemos essa disposição de produzir, de acolher fenômenos inconscientes, né, e que isso, por vezes gera dera uma série de mal-estares metodológicos, né? Porque por vezes estamos, por exemplo, a gente faz entrevista, grava entrevista, transcreve entrevista e comete um ato falho transcrevendo uma entrevista, né? E como incorporar isso eh na pesquisa que me parece
que que um ato analítico possível ali é como não incorporar um lapso numa pesquisa, né? Então, acho que existe esse esse primado ético pra gente na psicanálise de que é que sempre dá lugar aos fenômenos inconscientes que aparecem numa determinada situação de produção de dados, de produção teórica e assim sucessivamente. E aí a gente encontra algo, né, que que eu acho que eu eu me debato muito com os meus orientandos atualmente, que é o que que significa fazer uma revisão bibliográfica psicanalítica, porque, né, mesmo que a gente possa tentar se colocar num lugar muito extraterritorial
em psicanálise, a gente sabe que quem vai fazer pesquisa precisa de bolsa, precisa de salário, precisa est integrado em grupos para est ou atendendo ou fazendo alguma ação social ou pesquisa. a gente tá envolvido numa série de de relações de troca, certo? E aí, né, como pensar essas relações de troca, como, por exemplo, tô descrevendo um projeto de fomento de pesquisa paraa FAPESP ou para um outro órgão, né? E aí eu preciso descrever esse momento da revisão bibliográfica. E o que que poderia ser uma revisão bibliográfica psicanalítica, né? O que que é fazer uma leitura
psicanalítica de um texto? é psicanalisar o autor, é psicanalisar o tema, né? Eu acho que até o o Renê Major, citando duas vezes hoje também tem um livro, uma biografia sobre o Freud que ele escreve com a Chantal, tole que ele tenta fazer uma, o que que é um ensaio de uma de uma biografia psicanalítica do próprio Freud, que é tentar ao mesmo tempo que a gente vai tentando dar esses marcos históricos e teóricos de uma vida, de uma obra, tentando acompanhar os movimentos subjetivos da criação de uma teoria. E aí, eh, eu acho que
isso tem a ver com com uma um elemento que me parece essencial assim nessa nessa direção de métodos e estratégias de investigação em psicanálise, né? Porque como eu tava dizendo, a gente pode lançar mão de recursos, né, como estudos de caso, vinhetas, grupos focais, uso de testes, recolher experiências de vida, né, e mesmo metodologias muito mais intrincadas, né, que às vezes tem mais lugar, por exemplo, na sociologia, na antropologia, porém hã tem algo que que é bem interessante da gente levar em consideração aqui de forma de forma bastante contundente, insistente, né, de que a psicanálise
ela surge, né, ela coloca no seu cerne o sujeito da ciência, né, uma vez que o sujeito na ciência, essa hipótese, né, lacaniana, ele ele teria sido forcluído, né, no na produção científica da modernidade, né, ele teria sido deixado de fora diante do perigo que é a angústia do pesquisador. né? E como eu tava tentando descrever um pouco antes, né? Todos esses movimentos de uma pesquisa e do pesquisador psicanalítico, eles são acompanhados de um confronto muito grande com angústia, né? E eu acho que tem tem coisas que vão surgindo numa pesquisa que fazem com que
eh haja essa necessidade de de entender que a pesquisa psicanalítica ela jamais vai descobrir aquilo que ela tinha por intenção descobrir, né? Se a gente chega num mesmo ponto, se a gente volta pro mesmo lugar, tem um, acho que um movimento de realienação que aconteceu ali, né? E que, de novo, é é preciso renunciar. Então, acho que queria eh acho que trazer um pouco isso, né? Ah, pensando aqui com vocês hoje, né, com os colegas sobre primeiro essa a presença da psicanálise na universidade, né, esse esse alcance dela que que é para além da clínica,
mesmo que a gente faça movimentos que são clínicos, que são psicanalíticos o tempo todo, né, existe esse desejo, acho que muito constante na nossa linha, né, e no e numa psicanálise contemporânea de de abordar fenômenos sociais e políticos, né, e e de alguma forma de de de integrar, de colocar no cerne do dos debates sobre subjetividade e atualidade, aquilo que a gente tenta cancelar, aquilo que a gente tenta desistir e sobretudo aquilo que nos causa eh angústia, né? Então acho que vou terminar por aqui, né? Fazendo uma uma ódia angústia e a e aos nossos
movimentos de desistir, resistir, insistir e de continuar. Obrigado, tá bom? Gente, bom dia de novo, né? Eh, bom, são eh algumas eh três considerações, pré-textos, rapidinho e depois a entrada aqui na na própria estrutura do texto, né? A primeira é que eu a Miriam tava saindo, né? Eu tava subindo e assisti a fala dela e comentei, né? A gente trabalha junto. Ah, é melhor não falar, né? quanto tempo, mas eh a gente bastante tempo e eh enfim, reconhecia, né, muito do que ela falou, a gente não preparou o texto juntos, né, do que ela falou
no meu texto, né, e provavelmente vocês também. Então, virou um pouco um exercício de retórica de dizer a mesma coisa de outra forma, né? Segunda questão, né, um pouco que é curioso, né, o texto, eh, quando a gente vai construindo um texto, me acontece com uma certa frequência de eu pensar uma linha, mas alguma coisa vai se impond não fosse exatamente eu que tivesse escrevendo, mas alguma coisa tivesse insistindo, né? E nesse caso é uma insistência que vem aparecendo bastante. Quem acompanha um pouco das coisas que eu tenho feito no laboratório vai perceber uma certa
linha ali em torno da questão da subversão, né? Eh, e, eh, terceiro ponto, né, que, eh, enfim, tem, eu comentei, né, com a Mairra, tem um mantra, né, que eu costumo usar com os meus orientandos, né, eu digo mantra porque eu repito muito isso, eh, e que já devem ter ouvido que a a a pesquisa nunca acaba, né, o que acaba é o prazo, né? A pesquisa ela é interminável. Eh, o texto é igual, né? Então, eh, enquanto eu tava aqui ouvindo, eu também tava reescrevendo o texto, tava vendo a linha aqui reescrevendo algumas coisas,
né? E isso vai, isso me afringe um pouco às vezes de ter que dar o título antes, né? Porque como o texto nunca tem fim, é difícil dar um título, né? Mas enfim, ficou metodologia psicanalítica, né? Mas o Gabriel faz a ênfase que, na verdade, falta o S, né? Metodologias, né? Eh, entre teoria da ação e leitura social. Eh, eu pus um entre parênteses, uma coisa que eu pensei agora h pouco, que é is um método histérico, né? Foi essa o o parêntese, né? Espero chegar nesse ponto. Ã, pouco tempo atrás, né, a gente tava
eh discutindo, né, essa justamente esse evento, né, o formato desse evento e começamos, né, ali numa reunião da linha de pesquisa e eh o o o Cristian justamente tava falando: "Bom, olha, cada um tem a sua metodologia. Miriam tem tal metodologia, o Gabriel, aquela, Lívia, essa, né, Maira, essa e o Ivan. E aí ele parou, né, eh, deu uma travada, né, ficou ã e aí ele me perguntou, né, qual que é mesmo a sua metodologia? Eh, e eu também dei uma travada ali, né, qual que é mesmo a minha metodologia, né? Eh, deu a famosa
tela azul, né, todo mundo, né, um pouco travou e depois ele continuou falando: "Ah, não, claro, né, análise da estrutura conceitual, né?" E isso foi meio, fiquei interrogado disso, né? Como que fala isso para falar assim, né? Então, brevemente de algo da metodologia, né? Eh, e isso que ele traz, né? A análise de estrutura conceitual é em parte verdade, né? Mas acho que a trava se deveu, talvez as dificuldades, né? De delimitar as especificidades, né, do do método de pesquisa, né? Eh, no num outro trabalho que eu já fiz sobre a questão metodológica, né, de
pesquisa em psicanálise, eu argumentava no sentido de que a psicanálise tá articulada em três eixos centrais, né, partindo da clínica, né, o campo por excelência da experiência na psicanálise, né, e a gente aí nesse caso já não pensa, claro, a clínica só como o consultório, né, a clínica tá aí às voltas em várias em vários campos, né? eh partindo da clínica para constituição da teoria e chegando na articulação com o campo social, né? E mesmo que se possa focar uma pesquisa psicanalítica, né, em algum desses eixos, né, clínica, teoria, extensão, eh eles não são só
eixos didáticos nessa insistência, mas necessários paraa manutenção da própria psicanálise, né? Então, a a psicanálise depende dos pontos de intersecção que cria com os outros campos. para sustentar-se eh, enquanto área de saber em termos metodológicos, né? Eh, transita-se entre esses eixos, né? Então, a dificuldade de situar na metodologia, acho que surge um tanto daí, né? Que a minha pesquisa em geral ela passa um pouco pelos três, né? E acho que o Gabriel falou um pouco disso, a Miriam também já tocou nisso, tanto com investigações sobre a questões da clínica, né? Então, tenho artigo sobre a
presença do analista e a função do corpo do psicanalista, eh, a direção e o final de análise, né? Eh, como análises mais teóricas, né? ou tem um livro sobre a teoria freidiana do complexo de Edpo, né, que foi aí o meu mestrado e muitos trabalhos aí um pouco nesse campo de extensão, né, um texto Mal-estar na democracia, na psicanálise, sujeito neoliberal, né, que são temas que a gente trabalha então transitando ali entre esses três campos, mas dizendo, olha, faz parte inclusive da própria estrutura metodológica esse trânsito. Navegar por eles é uma exigência, eh, mas que
pede também certas diretrizes. Então eu pensei aqui, eu botei em três giros, né? Eh, o primeiro deles, curiosamente, diz respeito aí a um um significante que eu não esperava que surgisse aqui tão rápido, mas que a Miriam falou, Gabriel falou, a responsabilidade, né? Interessante. Eu coloquei no título aqui, olha, a responsabilidade da prática, né? o subtítulo. Ah, então o a metodologia de pesquisa na clínica, né, se configura na pesquisa, né, psicanalítica por excelência e já bem conhecida, né, então o método, né, o método clínico psicanalítico, que envolve a transferência, né, como condição da emergência do
inconsciente, a associação livre como via de acesso ao material inconsciente, a escuta analítica, né, que orienta se não pelo sentido manifesto, né, mas pelo que escapa, né, pelo equívoco, pelo pelo laço, pelo lapso, né? Engraçado fazer lapso com laço, eh, lapso com lá, com lapso, mas pelo significante, né? A interpretação como intervenção que desvela e reorganiza o saber inconsciente. E o Lacan ainda coloca o ato analítico, né, como um momento de ruptura e produção de um saber novo, né, um certo momento de subversão, né? Eh, isso evidencia um ponto que ganha um aspecto metodológico importante.
Aqui eu vou me permitir uma digressão em alguma discussão um pouco filosófica, né? Pedir ajuda um pouco eh para ver se eu não eh um pouco se eu entrar numa numa outra área, né? Eh, então faço aqui uma digressão rápida para ilustrar uma posição na eh a a crítica, né, de que alguns pensadores teriam certo grupo, né, o Niet, Heidegger, Derriu, Fouu, eh oferecem em geral ferramentas para diagnosticar problemas, né, desconstruindo lógicas, ideologias, estruturas de poder, mas eh não propriam uma teoria da transformação clara, né, uma propõe soluções, eh, e que é uma uma crítica
recorrente, né, né? Eh, que aponta, por exemplo, que eh eles serem um tanto irresponsáveis por não oferecerem modelos claros de transformação social e que isso não é um mero mal entendido, né? Que é um debate eh filosófico sobre o que significa fazer política, né? Eh, essa acusação vem basicamente duas vertentes, né? Eh, tem tanto o o Habermans, né, a que ataca a pós-modernidade por abandonar o projeto emancipatório da ilustração e que e pensadores como Foucault, Derridá cairiam numa espécie de nilismo teórico, né, eh, desmontando todas as estruturas, mas não propondo alternativas, deixando um vazio que
favorece o estatus qu, né? Então, seria mais, acabaria caindo numa questão mesmo conservadora. Eh, o o Zizek também fala um tanto disso, né? O sujeito incômodo que argumenta que a desconstrução pós-moderna é justamente conservadora. Ele usa esse termo, pois substitui a revolução concreta por um jogo de linguagem eh infinito, né? Para ele, conceitos como diferença, né, do derridá ou risoma do de são inúteis para o contra o capitalismo global e que é preciso um sujeito político forte e um projeto coletivo, né? Eh, tem outros que fazem a crítica, mas eu vou pular pela questão de
tempo, né? Eh, mas tem isso, né? Essa crítica, né, de dizer que eh tanto, por exemplo, o devir milionário, né, do deles gatari ou a biopolítica do Foucault, eh, não se confirmariam em estratégias palpáveis, né? Eh, e que, por exemplo, o conceito de contraconduta também fucotiano, ajuda a entender as resistências locais, mas não diz como articular essas lutas numa frente ampla. Eh, isso não não é sem protestos, né? J Foucault responde essa crítica, né? Não que é a crítica, dizendo que a crítica não eh não é uma teoria, mas uma prática de desobediência à governabilidade,
né? Então, que sim, haveria algo nesse sentido, né? eh o e que expor as engrenagens do poder é um ato político, né, que não é preciso eh substituí-lo por outro sistema, né? Eh, enfim, tem então essa posição, essa argumentação, tô tô trazendo dela, né? Porque por que que ela importa aqui? Porque vários desses autores dialogam ou são influências paraa psicanálise, né? Particularmente freudiana e lacaniana, mas entre outras também. Eh, e a metodologia clínica exige a construção de uma clínica que, por sua vez, demanda uma teoria da mudança, né, nesse ponto que eu tô dizendo. Então,
então haveria aí, se for levar em consideração essa crítica, uma algo que difere ali. Olha, você precisa de uma teoria da mudança. Veja, se trata de uma questão, ao mesmo tempo, metodológica e ética da psicanálise, pois a psicanálise, tendo por base sua clínica, não pode prescindir nunca da responsabilidade de ter um plano de ação e uma teoria da mudança, né, ou uma teoria do ação, né, como eu coloquei no título. Eh, Lacan nos avisa, né, mais uma vez da indissociabilidade entre praxis e teoria psicanalítica. Eh, é um vetor da própria pesquisa em psicanálise a pergunta
de qual transformação se busca na clínica e daí a orientação para onde a clínica segue, que é uma orientação, antes de tudo ética e política. Sabemos que a proposta lacaniana não é nilista e tem forte potencial subversivo, né? A mudança pretendida, né, implica em vários casos, né, numa saída de um local de submissão a um predicado da qual o sujeito se assujeitava, né, em efeito, em geral, de uma discursividade. Eh, a mudança também pretendida na possibilidade de sustentar um campo de indeterminação de si, naunção de formas criativas e singulares, no saber fazer com real e
com gozo. O que pretendo dizer aqui é que o método clínico tá preso à exigência de que é preciso ter responsabilidade na construção de uma teoria de ação, da mudança subjetiva e sempre estar vetorizado no sentido de que se pretende modificar. Ter a clínica como locos de onde se tira o material é ao mesmo tempo, estar diante do imperativo de se interrogar todo o tempo para onde isso leva, né? Logo, a psicanálise é uma teoria, um método de investigação que tá alicerçada em uma concepção de praxis que lhe dirige para uma política, né? Isso significa
que a psicanálise não pode se dar ao luxo de ser uma concepção que propõe uma modalidade diagnóstica, eh, ou ainda uma visão crítica e desconstrutiva, só, né? uma visão crítica desconstutiva, uma modalidade de diagnóstico. Ela está comprometida com uma praxis que a direciona para um campo positivo de mudança. Não pode se propor apenas com uma leitura do psiquismo ou mesmo do inconsciente, mas está às voltas com técnicas que efetuam modificações. Logo, a psicanálise é um modo de intervenção e mais que isso, sua metodologia é interventiva por excelência, né? Coisa que a Miriam também tocou. Segundo
giro, né? Eu passava pela via teórica, né? Então aqui, né, chegou ao ponto que que o Cristian falou um tanto na na na reunião, né, que supõe ser a a metodologia da qual me vale com frequência, né, eh, que seriam os problemas e impasses de uma teoria. Eh, como eh apontei, há uma indissociabilidade entre clínica e teoria, mas isso não significa que não se possa isolar a teoria como objeto de estudo e a partir dela desenvolver uma metodologia específica. Essa abordagem pode se dar de várias maneiras, mas eh me interessa aqui destacar o modo psicanalítico
eh de fundamental de tratar uma teoria. Eh, e tem aí uma uma leitura, tem um texto do Monzani que eu particularmente gosto, que é o discurso filosófico e discurso psicanalítico. Ele vai destrinchar um pouco essa metodologia e eu cito ele um pouco aqui, né, que ele diz assim, né, então uma pesquisa pela via epistemológica, né, que parte da ideia eh de que cada domínio científico tem seu contorno e sua especificidade própria e que é inútil tentar instaurar um ideal unitário de ciência, né, eh, e que não vale só pra ciência, é interessante, né? trabalha ali
pelo pelo encontro das epistemologias, né? Em seguida, deve-se procurar no interior de cada discurso como uma rede de significações que vale a pena ser comentada, explicitada para, finalmente, a partir de uma análise interna, examinar, e esse é o ponto importante, os critérios próprios específicos de validação e o critério e a ideia de verdade que daí brotam, né? Ou seja, então dentro de um campo epistemológico, você teria então critérios específicos de validação e de verdade que daí brotam. Isso vira uma uma estrutura de leitura, né? Eh, essa perspectiva eh me é particularmente interessante porque não submete
a psicanálise a critérios externos de validação, né? mas busca compreender sua lógica interna, seus modos próprios de produção de verdade. No caso da psicanálise, esse movimento se dá sempre em diálogo com a clínica, já que a teoria não é uma abstração autônoma, mas uma ferramenta que emergem da prática e a ela retorna, né? Eh, o Lacan, por exemplo, no seu retorno a Freud, oferece exemplos paradigmáticos de como operar essa leitura interna da teoria psicanalítica, tanto em sua dimensão epistemológica quanto em sua estrutura conceitual. Ele não trata os textos freudianos de maneira dogmática, mas o aborda
como um campo vivo marcado por tensões, impasses e rearranjos. Sua pesquisa justamente se concentra nos pontos de inconsistência, nos fios soltos da teoria, que muitas vezes revelam os avanços mais radicais, né? Acho que eu daria para usar o Freud, mas é é curioso que eu suspeito que dá para fazer a mesma coisa com o Lacan, inclusive, né? Ou seja, quais são esses pontos soltos, né? Eh, quais são esses pontos de impasse, de problemas, né? Eh, um exemplo, né? Se tem outros aqui, mas eh questão de tempo eu pulo, né? que o o um dos exemplos
mais conhecidos é a maneira como Lacan é o problema da passagem do altoismo ao narcisismo em Freud, né, bem conhecida, né, eh, no Introdução ao Narcisismo, né, que o Freud descreve eh como investimento libidinal inicialmente disperso nas zonas autoeróticas, passa a se concentrar numa unidade imaginária, o eu, no entanto, ele não explica, né, ele diz claramente isso, olha como essa unificação se dá, né, eh, Lacre identifica aí um impasse teórico e propõe o estádio do espelho como solução, né? A criança, ainda em estado de descoordenação motora, antecipa uma imagem unificada de si no espelho, né,
ou no olhar do ou olhar e fala do outro, constituindo aí o eu como uma identificação imaginária. Esse movimento não apenas resolve o problema deixado por Freud, mas também redefine a noção de sujeito na psicanálise, introduzindo a dimensão imaginária como constitutiva, né? Então aqui lá que opera uma leitura eh epistemológica, identificando o problema na teoria freudiana e propõe um conceito novo que reorganiza o campo, né? Eh, o, bom, tem um outro exemplo, acho que também vale a pena, né? Eh, é a reformulação lacaniana do inconsciente, né? Freio descreve como um sistema de representações recalcadas, mas
Lacan ao reler, né, a interpretação dos sonhos, chiste, a sua relação com o inconsciente, psicopatologia da vida cotidiana, percebe que o inconsciente opera segundo uma lógica significante, não é um reservatório de conteúdos ocultos, mas uma estrutura que se manifesta nas falhas do discurso, né, atos falhos, sonhos, sintomas. Ao afirmar que o inconsciente é estruturado como uma linguagem, Lacan não está apenas reinterpretando Freud, mas estabelecendo um critério interno de validação. A psicanálise lida com efeitos de linguagem e sua verdade não está numa realidade psíquica oculta, mas o modo como o desejo se inscreve no discurso. Esses
exemplos mostram que a teoria psicanalítica em Lacan não é um sistema fechado, mas um campo em constante reelaboração, onde os impasses freidianos viram motores de reinvenção. A leitura epistemológica permite isolar os critérios de verdades próprios da psicanálise, enquanto a abordagem epistemológica revela como os conceitos se reorganizam frente às demandas da clínica, né? Eh, então o precisamos entender que a teoria psicanalítica ela mesma um processo e não um monumento. Eh, e é justamente nos seus pontos de falha, nos furos que ela mais produz, né? Eh, indo então agora pro terceiro ponto, né? Então, falava: "Olha, a
questão da clínica, questão da teoria, eh, a implicação, questão da da extensão, né, que eu chamei de a implicação da política, uma clínica e teoria subversiva, né? Eh, então, desde o princípio, né, apontei que é uma necessidade que a psicanálise estabeleça pontos de diálogo, intersecção com outros campos. Isso não se configura em um exercício de erudição, né, como já se ouviu falar, mas eh mesmo uma questão de sustentação e sobrevivência do próprio discurso psicanalítico. Eh, das diversas modalidades de termos que temos para se falar desse ponto, né? Então, o debate da psicanálise aplicada, da psicanálise
extensão, entre outros. Eh, eu acabei escolhendo, né, fui testando aqui, mas é um termo que eu achei eh só com a Miriam, né, que é o psicanálise implicada, né, que eu até procurei para ver quem outros autores trabalharam, até joguei no deepic e tudo e não achei. Eh, então, eh, mas tem esse texto e eu gosto desse termo em particular, né, psicanálise implicada. Eh, ela dá margem para se pensar ao mesmo tempo uma posição metodológica e ético-política, o que dá um pouco na mesma, eu diria em certos pontos, né? A psicanálise implicada, né? Eh, eh,
ela trabalha com esse campo da subversão e crítica, né? Desde suas origens, a psicanálise se constitui como um discurso que questiona as normas sociais, os ideais de adaptação e as verdades estabelecidas, né? Isso não quer dizer que de tempos em tempos os psicanalistas não caiam aí num empuxo normalizante, né? A gente vai percebendo isso e e e lidando com isso, né? Sua força tá justamente em sua capacidade de subverter os discursos dominantes, desnaturalizando aquilo que é tomado como normal. Essa postura crítica não é um acidente, mas uma condição essencial para que psicanálise mantenha a sua
vitalidade teórica e clínica, né? Eh, o conceito de psicanálise implicada vai além de uma mera aplicação interdisciplinar. Ele carrega uma dimensão ético política, exigindo que a psicanálise se envolva ativamente nos debates sociais, não como uma ferramenta de conformismo, mas como um instrumento de desestabilização. E aqui nos arriscamos a dizer que isso ganha caráter metodológico, ou seja, a subversão como método, né? Eh, e aí a gente volta para aquela minha digressão, né? Ou seja, o tanto Foucault, etc. tenham tanto essa vertente, né, da subversão como método, né? Eh, então, a psicanálise, ela não aceita, né, o
malestar, seja reduzido a disfunções individuais ou tratado, né, apenas com ajustes comportamentais. Ela questiona as estruturas sociais que produzem sofrimento, mostrando como angústia e outros sofrimentos são também respostas a um discurso que impõe padrões insustentáveis. Eh, o Freud, né, um outro exemplo, já demonstrava no mal-estar que o recalque dos desejos é condição paraa vida em sociedade. Mas a psicanálise não celebra esse recalque. Ela problematiza. Seu papel é desmontar os ideais sociais que prometem felicidade através do consumo, da produtividade compulsória e ou da obediência das normas rígidas de gênero, raça, eh, e classe, né? Eh, a
psicanálise tem se voltado para grupos marginalizados, como populações, situações de rua, refugiados, vítimas de violência de estados, não para, entre aspas, tratá-los, né, mas para escutar como seus sintomas revelam também falhas estruturais da sociedade, né, em contexto de exclusão, a clínica psicanalítica não apela, né, paraa neutralidade, entre aspas, mas sim toma posição. precisa e reconhecer que o sofrimento psíquico é atravessado por racismos, desigualdades econômicas e violências institucionais. A psicanálise pode se aliar a movimentos sociais, denunciando a naturalização da exclusão e afirmando que o inconsciente também é político, né? O juro, tava tava escrito antes aqui,
né? Eh, se a psicanálise perder sua capacidade de subverter e criticar, ela se tornará mais uma técnica de adaptação, esvaziando o seu potencial transformador, né? ou seja, perdendo a sua responsabilidade, né, com a transformação. Sua tarefa não é ajudar as pessoas a se conformarem no mundo como ele é, mas a questionarem porque o mundo é assim, né? A psicanálise implicada, portanto, não é apenas um diálogo com outros campos, mas um compromisso ético de desmontar discursos opressivos, né, tanto na clínica quanto na sociedade. Seu maior desafio, sua maior potência é permanecer fiel a essa vocação subversiva.
Então, proponho, né, a psicanálise implicada como um método que guia a interpretação do campo social com a psicanálise, né? E aí, eh, eh, voltamos à questão posta na clínica e a crítica feita ao grupo, né? Subverter não significa apenas negar e desmontar, exige também a construção de alternativas. A clínica psicanalítica, ao escutar o que escapa aos discursos hegemônicos, abre caminho para modos de vias menos eh opressivos, né? Pensei, pus algumas opções aqui, né, para para título de finalização, né? Por exemplo, pelo reconhecimento do real, né? né? Então, lacan distingue, né, entre o simbólico, imaginário e
o real e uma clínica, né, e uma lógica social que não tampe o real com respostas prontas, mas que sustenta a sua irrupção, permitindo que novos arranjos sociais surjam a partir do inesperado, né, por uma ética do desejo, não do consumo. Então, se o capitalismo exige que o sujeito demande objetos pré-fabricados, a psicanálise propõe uma ética baseada no desejo como falta. Isso abre espaços de sociabilidades que não se organizem em torno da posse, mas da invenção coletiva ou pela cria de ideais totalizantes, né, que Lacup alerta, né, pros perigos dos grandes outros estado, religião, mercado
que prometem completude. A psicanálise, ao desidealizá-los, abre espaço para laços sociais baseados não em obediência, mas no reconhecimento da falta comum. Eh, a psicanálise, então, ela não se contenta em denunciar, aponta as fissuras nos sociais, onde novas formas de vida podem surgir. Seu método é subversivo porque recusa respostas fechadas, mas sua responsabilidade é propor que outra sociabilidade é possível, uma que aceite a incompletude, valorize o desejo e reinvente incessantemente os laços que nos unem. Em suma, para finalizar, eh podemos, posso tratar algumas considerações que pautam a metodologia psicanalítica, né? A metodologia psicanalítica é crítica e
responsável, é fiel à experiência clínica ou inconsciente, é questionador em relação à teoria e subversível em relação ao discurso social, né? Nesse sentido, uma metodologia histérica. É isso, gente. Obrigado. Bom, gente, eh, boa t bom dia, né? já aparece tarde. Eh, então eu também eh criei um texto a partir dessa dessa mesma cena que o Ivan descreveu aqui, porque quando o Cristian tava fazendo essa provocação, para mim foi eh instantâneo que ele olhou na minha cara e falou: "Aline, por que você não fala sobre a metodologia no feminismo e na psicanálise?" Então, eu me pus
esse desafio, eh, talvez porque eu a minha pesquisa é sobre reconhecimento e relações de poder atualmente, né? E isso me levou a estudar a violência doméstica. Então, hoje eu vou falar um pouco e vou tentar falar sobre o a metodologia no que tange a psicanálise a partir do feminismo. Eh, então, qual que é a contribuição do feminismo, né, para o nosso campo? Eu parto de uma concepção de feminismo a partir da Silvia Federite. E para ela, não sei se eh vocês já tiveram a oportunidade de entrar em contato com essa teórica, né? Eh, o feminismo
ele tá muito atrelado à criação do sistema capitalista. Então, eh, para ela, a origem da diferença entre papéis sociais de gênero ocorre por uma necessidade de exploração do trabalho de cuidado na implementação do sistema capitalista. Esse trabalho de reprodução da vida que envolve os cuidados necessários para gerar, criar, manter os filhos vivos, também é necessário para garantir a sobrevivência de todos. Eh, como cozinhar, limpar, lavar, observar atentamente para verificar se as pessoas não estão doentes, né? regular emocionalmente, eh, e ensinar minimamente um ser humano a virar um ser humano. Então, no capitalismo, esse é um
trabalho dito e naturalizado como um trabalho feminino e consequentemente não pago e desvalorizado. A exploração desse trabalho necessária para que a conta do lucro seja possível é um problema, né? e que essa divisão impõe uma desigualdade entre funções que implica uma dominação, na qual existem lugares de agentes decisórios que detém o poder da interpretação e outros lugares de objeto de quem executa o trabalho explorado. Esse modelo, que é um modelo do sistema de exploração capitalista, também pode ser visto como um discurso que feminiza todos aqueles que são colocados nesse lugar de outro ou de objeto,
como a população negros, indígenas e todos os descritos pela teórica crítica literária indiana Gaiatripak, como subalteran-nos. Portanto, o nosso sistema socioeconômico eh nele a principal engrenagem de sustentação desse modo de vida é a objetificação, ou seja, transformar os sujeitos em objetos a serem explorados e descritos. Transformação feita por quem tem o direito de falar. Também outro texto da Espíac. Essa crítica não é nova, nem tem sido desenvolvid e tem sido desenvolvida com diversos nomes diferentes por feministas negras como Bel Bell Hooks, Patrícia R Collins, Grada Quilomba, com o nome de outridade. Então, sobre esse ponto,
a gente escreveu um texto com o grupo de raça, eh, classe gênero do Psopol, que chama a objetalização da categoria mulher. Quem quiser se aprofundar, então paraa Silvana Ramos e Mariana Piazola em um texto desse mês para amp, só para vocês verem que não é que é uma questão também atual, né? Eu cito, por razões históricas, a mulher enquanto função trabalho se tornou um dos pilares de sustentação desse modo de produção. Mais que isso, ao capital não interessam as determinações abstratas do feminino se ele é performatividade, devir ou identidade. a não ser circunstancialmente, pois nada
impede que outros grupos sociais subalternizados, né, racializados ou mesmo provenientes de processos migratórios possam assumir o lugar do feminino de modo a realizar sua função trabalho. Então, por esse motivo, o nosso sistema econômico depende da complexa relação entre classe, raça e gênero e do colonialismo pra criação ideológica do outro, ou seja, esse objeto a ser explorado que justifica a transformação da diferença em desigualdade, tornando natural a exploração e a violência. Então, a partir disso, eu vou pro meu segundo ponto, né? Mas qual a relação entre esse conceito e metodologia, que é o que interessa a
vocês aqui? Então agora a gente vai entrar no campo da epistemologia. Epistemologia é o ramo da filosofia que se debruça sobre a questão da produção de conhecimento, eh, e é o estudo, então, do ato de produção de conhecimento científico. Temos autores conhecidos nesse campo, né? Acho que todo mundo aqui já deve ter ouvido falar do Poper, né, e do Thomas Kum. Mas me interessa aqui especialmente a proposta eh eh da dona Hary, né, que foi escrita em 80 e 90. Ela é uma zoolóloga, professora de história da consciência no texto Saberes localizados, que foi uma
resposta a outro texto, né, eh, da Sandra Harding, que que se chamou A questão da ciência no feminismo. Então, a Harway diz, eu cito novamente, né? Agora você tá a Harry. A ciência, o jogo real, aquele que devemos jogar, é retórica, é a convicção de atores sociais relevantes de que o conhecimento fabricado por alguém é um caminho para uma forma desejada de poder saber objetivo. Fim de citação. Então, com isso, né, ela desloca do lugar do saber científico da verdade neutra para um discurso no jogo de poder. ciência deslocada para esse lugar, né? Então, destaca-se
o caráter interpretativo das nossas percepções nessa teoria, que é eh ativa e localizada ao construir modos de ver que se traduzem como modos de vida. Assim, toda a forma de visão contemporânea em si eh traz uma infinidade de pontos cegos que necessariamente violentarão a perspectiva dos outros. Então, os subjulgados não estão isentos da violência dos seus próprios olhos, mas como nunca ocuparam o lugar da neutralidade, já nasceram advertidos da parcialidade do saber universal. Talvez o caminho seja a tentativa ética, já frustrada de início, né, de se colocar no lugar do outro, não ocupando nunca o
lugar do ser. em outras palavras, não se sentar no trono do poder que subjuca outras formas de conhecimento. E aí aqui é que tem uma similaridade aqui com eh o que a gente acabou de ouvir, né? Essa perspectiva, bem condizente com uma psicanálise crítica, evitaria a fidelidade e a alienação apaixonadas, posicionando-nos advertidamente na violência inerente da nossa própria perspectiva. Em outro texto, a Hary questiona a lógica política de um modo de fazer ciência baseado na guerra e na disputa, que é muito comum a gente ouvir falar sobre isso, né? principalmente dentro das universidades. Essa perspectiva
aponta o dualismo como estratégia de sustentação e dominação através da localização da unidade e da verdade da razão no eu, enquanto caberia ao chamado outro a experiência do dominado, diferente, irracional e principalmente o exótico a ser estudado. Voltamos, portanto, ao problema da objetização do outro. Para Harway, não é por acaso que as mulheres, os negros, a natureza, os trabalhadores e os animais ganham ganham esse estatuto de outro na ciência. Essa innegável diferenciação valorativa entra na esteira de outras dicotomias históricas criadas para a dominação, como mente, corpo, cultura, natureza, macho, fêmea, civilização, primitiva, todo parte, agente
recurso, criador, criação criado, ativo, passivo, certo, errado, Deus, homem e, finalmente, sujeito, objeto. Essa discussão metodológica não só questiona a universalidade do positivismo, como também aponta para a necessidade de pensarmos as relações de poder dentro do que é chamado ciência. Não por acaso, uma série de pesquisadores cujos corpos são marcados por questões coloniais, de raça, de classe, de gênero, vem questionando a forma de produção do conhecimento considerada neutra. Estamos diante de uma retomada dos mecanismos perversos de descorporificação do saber, que servem a uma retomada dos mecanismos eh que servem para encobrir e perpetuar a dominação,
né? Esse ponto também foi desenvolvido no texto o poder e o corpo por trás do texto. Assim podemos responder nossa pergunta. O feminismo, ao denunciar essa outrificação da qual tô falando, né, como uma estratégia de dominação e exploração, denuncia um modo de funcionar do sistema capitalista, no qual também a ciência está inserida em suas inúmeras lógicas de criação e aprisionamento de alguns sujeitos no lugar de objetos a serem descritos, olhados, tocados, analisados e teorizados por sujeitos unos e neutros que detém o direito de narrar. ou que apenas são mais ouvidos, levados a sério, lidos e
citados. Então, partimos pro nosso terceiro ponto. O que que a psicanálise tem a ver com isso, né? Como é que ela dialoga com essa discussão da ciência? Então, até a inteligência artificial a IA sabe que a psicanálise é um método terapêutico, né? E uma teoria psicológica criada por Freud, né? e que explora o conceito de inconsciente. Não vou falar de novo porque meus colegas aqui já exploraram esse ponto. É, mas eh ao menos enquanto está dentro da universidade, a psicanálise faz parte do jogo, que é o ponto que a Miriam trouxe com o tema da
responsabilidade, da disputa pelo reconhecimento do seu campo e consequentemente o jogo político, que envolve a divisão de verbas, espaços, influência na sociedade, até para que o inconsciente não seja ignorado ou tomado como erros de adaptação. Nesse sentido, ela faz parte da disputa estratégica pelo campo da ciência e da verdade, mas também ela pode incorporar o modelo de outrificação, se colocando no lugar de unia agente interpretador do objeto a ser descrito, sendo que estes outros podem ser desde pessoas até campos de saber. Então vamos com calma, né? Um, que a psicanálise não é uma visão de
mundo, já estamos cansados de escutar. Dois, entretanto, isso não significa que a psicanálise não tenha como contribuir para outros campos. E três, mas isso significa que outros campos também têm a contribuir para a psicanálise. Claro que isso não é novo. São bastante conhecidos os textos do Freud, no qual ele dialoga com a literatura. eh, como estranho, né? Ou Totem Tabu, que ele dialoga com antropologia ou Moisés no monetismo com os textos da teologia, né? E isso porque a gente nem começou a falar de Lacan, que praticamente canibalizou a filosofia, a matemática, né, chegando até a
China, né, com seus textos sobre a China. Eh, então, esses dois autores são conhecidos por criarem suas teorias a partir do encontro com o saber que os pacientes lhe traziam nos casos clínicos. Mesmo que Lacan não tenha escrito sobre eles exatamente, sua tese de doutorado o levou paraa psicanálise, mas também em outros campos do conhecimento. Então, nesse sentido, podemos dizer que temos pesquisas que usam metodologias diversas dentro da psicanálise. Vou fazer aqui um exercício um pouco perigoso, né, de uma divisão com um caráter ilustrativo das pesquisas, né? Então, primeiramente, a gente podia falar das pesquisas
que se se enquadram no grupo A, que é as que não dialogam com outros campos, né? Para essas pesquisas deve se eh a psicanálise deve se manter pura. Ela não elas exigem uma fidelidade teórica com o seu campo para que o sentido da teoria pareça o mais coerente possível. Inclusive, geralmente, se recomenda não usar outros autores psicanalistas de outras correntes. É melhor se manter sempre dentro da mesma perspectiva ou grupo. Então, chamaremos de B um outro grupo, que são outras pesquisas que se colocam em um papel subserviente, né? O saber está unicamente com o outro
campo e cabe à psicanálise se adequar à lógica e a metodologia desse campo que se coloca em uma posição de detentor do poder e da verdade ou pesquisas que usam a sua própria teoria para encaixar os seus sujeitos de pesquisa ou os seus pacientes. C. Algumas ainda colocam a psicanálise como grande mestre, interpretador de outros campos, obras e pessoas a serem moldados a partir das teorias psicanalíticas para caberem em sua lógica. Então agora fica para vocês pensarem onde se encaixa cada uma das pesquisas, né? Eu não vou me colocar nessa posição política complicada. Eh, eu
estou aqui interessada, né, especificamente na terceira, na C, né, que vai trazer o que eu chamei no título da minha apresentação de uma tendência colonizadora. Para Kelly Oliver, né, uma filósofa-americana, a colonização do espaço psíquico é a descrição de uma força de opressão que determina o sujeito, não apenas eh de fora para dentro, mas também uma força que se instaurou dentro dos processos subjetivos. Então, retomando fan, essa é uma força depositada dentro dos ossos dos oprimidos, que sustenta as posições de privilégio dos opressores. Pra nossa sorte, Lacanja fez a crítica a impostura da criação de
sentidos estabilizados, o que não nos deixa acreditar cegamente no apaziguamento que criamos com a teoria única, o que em uma analogia poderia ser uma atitude imperialista de impormos uma história única, como nos diz a escritora camaronesa Shimamanda Adish. né, eliminando outras línguas, culturas e formas de pensar e viver. Então, partimos então agora, né, paraa nossa última pergunta. Qual seria então a relação B, né, que apontaria por uma possibilidade de pesquisa menos isolada, dominada ou dominante? A psicanalista feminista Jéssica Benjamin tem apontado para a necessidade de atenção paraa criação de relações que ela chama de sujeito,
sujeito, né? E o psicanalista Stephan Frost, né, extrapola essa ideia para a relação da psicanálise fora da clínica com outros campos de saber. A ideia principal é que ao irmos ao encontro de outros campos do saber, o objetivo seja escutar para se modificar e não apenas usar o outro como receptáculo passivo das nossas teorias. Paraa nossa sorte, novamente, a psicanálise, na psicanálise, iniciamos a teorização a partir dos casos clínicos, como o colega já falou, né, que podem nos servir de guia ético para pesquisas clínica e teóricas. O caso é uma narrativa em torno de um
acontecimento de queda do narrador, enigma que se instaura e põe o sujeito a construir sentidos, mesmo que sejam singulares e transitórios. Destacamos três aspectos constituintes e anodados na construção do caso clínico, né? Num texto que eu escrevi com a Miriam, Isabel, Tati, Ana Musat, no qual a gente analisa um caso chamado Shake. E aí, para isso, a gente vai em várias teorias sobre o caso clínico, inclusive do nosso colega Christian Dunker. Eh, então o caso aqui vai servir para mim como uma ética de pensar a pesquisa em psicanálise. Então, começo citando, né, três pontos do
nosso da nossa teorização sobre o caso clínico. A primeiro ponto é a necessidade de, no caso, a gente ter o que o do Mesil chama de marca do caso, que é o enigma em torno do qual a narrativa do analista é estruturada. Então, nessa lógica, a marca do caso faria, né, paraa pesquisa, um paralelo com a necessidade de localização discursiva dos pesquisadores que estão implicados até os ossos com o enigma de suas pesquisas, também já falado pela mesa. Eh, o segundo ponto é o seu caráter de construção, que evidencia o abandono do ideal de busca
de uma verdade única, busca a elaboração de um saber na direção tanto da historicização do sujeito como da interrogação da teoria. Isso no caso clínico. Então, paraa pesquisa, esse segundo ponto traz o caráter de construção, que seria a queda da ideia de neutralidade e objetividade da pesquisa, optando pela posição ética de circunscrever a teoria como um sentido criado dentro de um contexto e participante de um discurso. Terceiro ponto, né? O efeito de transmissão da dupla direção para quem fala e escreve sobre o caso, remete a transformação da vivência em experiência e quem escuta tem a
possibilidade de receber o testemunho e dar endereço para sua circulação. Isso no caso. Então, na pesquisa, esse terceiro ponto seria o efeito de transmissão da pesquisa, né, que marca o encontro, a dupla direção que acontece em cada análise e cada pesquisa, na qual existe uma modificação da teoria a partir do encontro com o outro campo do saber. Então, portanto, eh na psicanálise podemos considerar que existe uma língua criada por cada sujeito como expressão de sua singularidade. É tarefa do psicanalista que ele esteja atento à sua clínica ou fazendo pesquisa ao escutar atentamente a experiência do
outro, mesmo que esse outro seja um campo de saber. Cada experiência de pesquisa psicanalítica se torna singular nesse aspecto, pois porta um processo repleto de conflitos e frustrações inseridos em uma história. Então eu cito Figueiredo aqui: "A pesquisa científica acaba sempre paradoxalmente dependendo de acontecimentos e movimentos que escapam à posição teórica de sua racionalidade. Os avanços científicos acabam dependendo de fatores do acaso, surpresa, susto, decepção e frustração. Em outras palavras, mesmo que a atividade científica exige uma razão e planejamento, essas dimensões, por si só, não garantem aquela autonomia que a exterioridade do objeto eh da
exterioridade do objeto. Há, nesse caso, tanto uma perda de si como sujeitos soberanos da razão e da vontade, como uma perda de objetos que se supunha estivessem sobre o controle da teoria. Fim de citação. Então, essa formalização marca o próprio ato de pesquisa pela dialética entre espaço de ignorância e desejo de conhecer, né? Eh, o que a Miriam nos diz, né, que é é através da escuta do que não se pode ser dito, é que algo novo pode emergir como denúncia do inaudível de uma situação de dominação, exploração e exclusão. Ou seja, a possibilidade D
seria a pesquisa como ética do caso clínico, no qual o encontro e escuta com o outro como sujeito que diz de si é obrigatório. Partimos agora paraa conclusão. Múltiplas contribuições, né, da crítica feminista para a metodologia em psicanálise, que é a minha perspectiva. Então, ponto um, não há neutralidade. Portanto, os pesquisadores devem localizar sua produção de conhecimento dentro do universo discursivo de onde vieram para serem honestos no jogo de poder da ciência. Dois, ao se colocarem na relação de pesquisa, estejam atentos ao processo de outrificação do nosso sistema. Entender os sujeitos da pesquisa como aqueles
que detém o saber sobre si inverte a transferência e supõe o saber no outro sujeito, nos permitindo mudar nossas hipóteses iniciais e realmente avançarmos no conhecimento. Três, a metodologia em psicanálise deve acompanhar o sujeito pesquisado, se constituindo singularmente, e não o sujeito ser amputado para caber na metodologia. Dessa forma, a descrição metodológica começa como um guia e terá que ser reescrita, como um mapa que, por fim, descreverá o caminho que foi necessário para o encontro com o enigma proposto. Quatro, analisar as referências bibliográficas a partir da teoria dos discursos, tanto os seus textos como as
suas fontes. E eu acho que talvez esse seja o meu ponto mais importante, tá gente? pensar a política das citações para que não haja a perpetuação do apagamento do trabalho intelectual de pesquisadores subalternizados. Se os textos que você está usando só tem autores homens brancos, esses textos devem ser repensados como textos parciais. Cinco. Procurar diversificar as leituras sem proibições, mas com o esforço da resistência de quem deseja uma pesquisa não alienada a uma única narrativa. Cinco foi o outro, né? Seis. Partir da premissa de que em cada encontro os dois lados saem modificados e, portanto,
não temos saberes petrificados e sim paradigmas em movimento que serão usados enquanto são úteis. E último, sete, procurar fazer laços. Embora a pesquisa seja eh em si um momento solitário, as citações não são o nosso único ponto de contato com o outro. Estar em grupos, dialogar, se apoiar e pedir leituras dos textos para os colegas são práticas que fortalecem o pesquisador e consequentemente a pesquisa. Obrigada. Gente, então nós vamos abrir para um bloco, acho que três perguntas, né? Quem quiser fazer perguntas pode se adiantar aqui até o microfone, por favor. Alguém gostaria de levantar a
mão? sem questões. Então, acho que a gente pode passar diretamente, né, pra próxima mesa. Tá bom, gente? e Vamos lá, vamos dar continuidade à nossa jornada e é uma jornada, agradeço mais uma vez a presença de cada um, cada uma de vocês, o interesse por nos ouvir e se possível depois que terminarmos essa mesa, vamos conversar um pouco, né? Conversar, eu acho, eu chamo todo mundo para cá de volta e quem não perguntou a mesa anterior tem tempo de elaborar a questão, tá bom? Eu tenho muitas coisas para falar, então reduzi o que eu queria
falar em tópicos. Não tenho propriamente um texto ainda, mas vou fazer questões para vocês. Vou trazer questões para vocês que são questões minhas, na verdade, e pelo que a gente ouviu até agora, são questões dos meus colegas também. A primeira questão e eu tenho quase certeza que eu tô falando para vocês como pesquisadora, mas muito especialmente como orientadora de pesquisas num programa de pós-graduação dentro de uma universidade pública. Então, muitas dessas questões são questões típicas de alguém que tá às voltas com orientação de pesquisa. E algumas dessas questões a gente faz para muitos de vocês
que estão aqui, vocês vão reconhecer que a gente faz essas questões. Eu digo a gente, eu e Cristian, há alguns anos temos sido a dupla que entrevista os nossos candidatos. A gente faz essas perguntas para vocês, às vezes não da forma que eu vou trazer aqui, mas vocês, quem já passou por entrevista com a gente vai reconhecer. Então, a primeira questão o Gabriel trouxe: por e para que um psicanalista se propõe a fazer uma tese em psicanálise na universidade? Por e para quê? Então, vou começar a fala com essa pergunta. É evidente que a presença
do pensamento freudiano como eixo norteador em diversas linhas de pesquisa dos programas de pós-graduação de nosso país tá posta. Existem muitos programas de pós-graduação dentro dos quais as linhas de pesquisa são linhas norteadas pelo pensamento psicanalítico. O que que isso significa? Eu não sei dizer e em geral o que que isso significa, mas em particular isso significa, me parece, uma espécie de engajamento, desejo de engajamento desses psicanalistas na produção de conhecimento científico acadêmico na área. Esse desejo de engajamento implica, obviamente na contribuição dos psicanalistas que vão pra universidade orientar trabalhos. Eles contribuem na formação de
pesquisadores e todos eles juntos, orientadores e orientandos, portanto, esse conjunto de pesquisadores, psicanalistas que trabalham na universidade estão atentos. Isso é um traço comum. tão atentos às demandas atuais da sociedade e mais do que tá atento à demandas atual da sociedade, eles têm uma característica que a Miriam colocou, mas acho que os outros colegas também, eles têm uma característica que é um certo interesse, espero eu, que seja o interesse em fazer uma interlocução com os demais campos de saber. Nenhum professor psicanalista que eu conheço, que trabalha na pós-graduação, tá interessado necessariamente em se fechar na
psicanálise dentro da universidade. Ele tem interesse de apurar as demandas sociais, ele tem interesse de fazer interlocução interdisciplinar e eu diria que ele tem interesse em construir dispositivos clínicos capazes de acolher e tratar do sofrimento desse que a gente tem chamado de sujeito contemporâneo. É, portanto, a universidade um lugar privilegiado pra produção de novos saberes. E isso é muito importante, gente, porque dizer que a universidade é um lugar privilegiado paraa produção de novos saberes é dizer que ele não é um lugar paraa aplicação de velhos saberes. Isso implica numa política importante que nossos candidatos nem
sempre estão atentos. Eles chegam querendo demonstrar o que gostam, né? não é o melhor lugar para fazer isso. Do nosso ponto de vista, eu tenho uma rica oportunidade, então, de dirigir grupos de pesquisa, formar pesquisadores em programa de pós-graduação na universidade e isso tem sido importantíssimo para minha própria formação. Acho que essa é uma outra característica que vocês não ficam muito atentos. O trabalho de um psicanalista enquanto professor e orientador no programa de pós-graduação é parte de sua própria formação. Isso é uma coisa que a gente fala muito pouco e eu gostaria de falar um
pouco mais sobre isso. Mas essa oportunidade rica de continuar nossa própria formação nessa função de professor/ra orientador, ela também nos dá a oportunidade de perceber ano após ano, com alguma preocupação, a inconsistência, eu devo falar com sinceridade para vocês, a inconsistência de várias pessoas quando se propõe como pesquisadores apresentam projetos inviáveis, apresentam projetos que têm uma boa intenção, mas demonstram uma certa distância do que que é um projeto em psicanálise na universidade, sobretudo na universidade pública, tá? Não vai dar tempo de conversarmos sobre essas inconsistências todas que nos preocupam, até porque a gente não segue
com essas pessoas. Então a gente não tem, é um um problema complicado esse, a gente formar quem não entrou, é que a gente segue formando quem não entrou. Mas uma experiência como essa aqui nesse momento, nesse auditório lotado, talvez seja um lugar para dizer das nossas preocupações eh com esses o que eu vou chamar a partir de agora, esses impasses metodológicos que nos preocupam como orientadores. Eh, a pesquisa psicanalítica deve ser, do meu ponto de vista, apresentada como um meio de investigação, de intervenção, de produção de saber e de transmissão de saber, possibilitando então que
a pesquisa psicanalítica cumpra o que eu tenho chamado de função social. tem uma função social. Os psicanalistas não vem a passeio, gente, não vem fazer turismo. Tem uma questão que precisa ser respondida. A gente se pergunta a cada instante essa pesquisa responde a qual questão? Essa pesquisa resolve qual problema. Isso é importante na psicanálise, sobretudo, não só em qualquer pesquisa, mas na psicanálise sobretudo. Por que eu acho que vale a pena trazer alguns tópicos? O que é que eu acho que falta de clareza pros nossos candidatos que não entraram? Tá, eu tô, eu sei que
vocês estão aqui, a maior parte já tá aqui mesmo, de fato, mas eu tô falando agora pros que não estão aqui, que talvez um dia estejam depois de ouvir o que a gente tem para dizer. Há uma dificuldade simples, mas frequente, de diferenciar pesquisa como aquisição de conhecimento e pesquisa como produção de saber capaz de responder um problema. Quando alguém é perguntado por que que você tá se propondo como candidato no programa de pós-graduação, por que que você quer estudar esse tema? A resposta muito frequente é porque isso vai ser importante para mim. É verdade,
é uma resposta super honesta, bem honesta mesmo. Também eu também tô aqui porque isso é importante para mim. Mas assim, o que mais? Não basta fazer pesquisa na universidade porque é importante para mim. Eu tenho que ter noção de que eu faço parte de um time, de um grupo que tá lá bem antes de mim. Qual é o meu lugar nesse grupo? A qual a qual questão a minha pesquisa vai resolver ou ajudar a resolver que não seja a mim próprio, né? Uma outra coisa que eu acho que é muito frequente e aí é muito
frequente e muito compreensível também, aí já não é mais aí é já para quem entrou também. Acho que tem uma dificuldade grande quando a gente diz qual é o problema da sua pesquisa. É a mesma coisa de perguntar qual é o objeto da sua pesquisa. Não, não é a mesma coisa assim. literalmente, mas tem relação. Qual é o problema da sua pesquisa? Tem que ver com o que que justifica a sua pesquisa e qual é a importância disso. A excelência em pesquisa pode ser conferida, por exemplo, pela relevância dos problemas com os quais ela se
propõe a resolver. A questão é que muito frequentemente a gente entra num trilho de pesquisa porque encontra uma questão no nosso cotidiano, na nossa clínica ou no nosso trabalho, na nosso trabalho na instituição, nosso trabalho na formação, na leitura de textos. Essa questão surge sempre no campo do singular. a questão que surge no campo de cada profissional, que para muitos se transforma em obstáculo. Tem gente que encontra um obstáculo e desiste, né? A fala do Gabriel existência desiste. Não, eu inclusive tem gente que não faz pesquisa porque diz que precisa trabalhar. Como assim? A pesquisa
pode ser um trabalho de uma tentativa de resolver o obstáculo. O problema é que é difícil transformar o problema, a pedra no seu caminho no item problema de pesquisa no seu projeto. transcrição. E a palavra é essa mesmo, transcrever o que aconteceu comigo para um item chamado problema de pesquisa, que ainda por cima deve ser relevante, que não só para mim, pros outros e pra comunidade na qual eu tô inserido. Esse é um trabalho difícil. E aí eu acho que esse trabalho não é para fazer sozinho, é para fazer junto com o grupo de pesquisa,
é para fazer junto com o orientador. Então, além de não diferenciar a pesquisa como conhecimento próprio de pesquisa científico acadêmica, há uma dificuldade de transcrever o problema encontrado no meu caminho e transformá-lo num problema de comunidade, uma comunidade científica. Acho que tem muitas pessoas também que se encontram angustiadas quando a gente pergunta qual é o seu objetivo. Eh, as pessoas são super francas, que bom que são, que dizem assim: "Tem outra pergunta, professora, para fazer? Pode pular essa pergunta. Qual é o seu objetivo?" Quer dizer, o que que você quer saber? Aonde você quer chegar?
A verdade é que nem sempre a gente sabe nem o que quer saber, nem onde quer chegar, mas ainda assim precisa ter um item chamado objetivo. Ou se não tiver um item chamado objetivo, você precisa dizer para alguém o que é que você quer saber, né? Não é um trabalho sozinho. Você tá num trabalho, eu digo mais uma vez, em comunidade. Quando é que eu acho que um projeto é muito problemático quando eu percebo que ele representa para quem tá apresentando esse projeto, uma espécie de bandeira, bandeira que quer ser fincada em algum lugar, é
alguém que tem uma se pois, não sei bem por, uma missão, por exemplo, de dizer que a psicanálise é legal, que A psicanálise precisa do meu escrito para continuar no mundo, que a psicanálise precisa ser aplicada. Gente, isso eu acho muito complicado. A ideia de uma psicanálise a ser aplicada num outro campo de saber. Eu prefiro a ideia de que a gente vai investigar quais são os problemas desse campo e pensar como a psicanálise pode contribuir, tá? Eu eu acho que se tem uma coisa que esses anos todos de jornada me permitiu aprender, é que
a psicanálise, seja na clínica, seja no ensino, seja na supervisão, seja na pesquisa, ela não é o lugar da aplicação de um saber, mas é o lugar de sua produção. Então, cuidado com a pesquisa que entra para demonstrar no fundo para você mesmo aquilo que você entra sabendo que quer dizer. O que é que vale, do meu ponto de vista a um não querer saber investigar, né? Então, digo isso para as pessoas que conhecem psicanálise. É extremamente importante analisar o desejo de ser pesquisador num programa de pós-graduação, especialmente na nossa linha. Eh, deixa eu pular
aqui para eu ser fiel ao tempo. No item método de um projeto, quais são os problemas que mais me preocupam? Tem uma fala do Freud bastante conhecida que, do meu ponto de vista é todo dia distorcida. Quando eu leio isso, eu fico com vontade de ligar pra pessoa e dizer assim: "É isso mesmo". Especialmente em banca. Porque assim, Freud disse, e é verdade que ele disse isso mesmo, ele disse que o método clínico psicanalítico é também um método de investigação. Método clínico, psicanalítico, é também uma pesquisa. Aí a pessoa pega isso e diz: "Agora eu
me salvei". Qual é o método que você vai usar? O método clínico psicanalítico. Não tem um paciente na pesquisa. Por, por que que você escreveu isso? Não, não foi eu, não, foi Freud, né? Então, Freud disse: "Eu não tenho mais o que fazer". É isso, tá dito. Eu sou psicanalista. Você, minha orientadora, é psicanalista. O método, cito Freud, não foi disso, não. Não é disso que se trata. É verdade que uma psicanálise é uma investigação, mas isso não quer dizer que o seu método de pesquisa é isso que o Freud disse, né? Eu acho que
essa é uma coisa que precisaria ser discutida em sala de aula. Método é, portanto, caminho. Caminho a ser percorrido. Todo mundo sabe quando chegou ao fim de uma pesquisa, digamos assim, bem-sucedida, que o método que foi posto no início não tem nada a ver com o que aconteceu. Isso é uma coisa excelente, porque assim, a gente não sabe, é que nem quando recebemos uma pessoa para fazer análise com a gente, assim, a gente sabe o método a ser seguido, mas a gente não sabe o que que vai acontecer. Temos ideias do que gostaríamos que acontecesse,
mas provavelmente nada disso vai acontecer. Então, a clareza de que método é caminho e a fidelidade ao conceito de a posteriore, né, na teoria psicanalítica, não podem ser desconsideradas quando a gente vai pra pesquisa. Uma outra coisa que me preocupa bastante, a ideia de análise de dados. E isso é um item que todas as agências de fomento nos pedem, né? E a gente olha um pro outro, diz: "Análise de dado." Primeiro que eu não sei se é dado. Dado é uma coisa que tá lá e eu vou coletar. Eu acabei de dizer que o resultado
é a produção de um saber inédito. Como é que é dado exatamente, né? A ideia de dado é discutível, mas vamos dizer que a gente passa um pano pra ideia de dado e aí vem a outra coisa que quando eu tô lendo eu fecho às vezes assim, os dados serão analisados à luz da psicanálise, a luz da psicanálise. Eu acho que a maior parte das vezes que alguém escreve a luz da psicanálise, leia-se. Não tenho a menor ideia do que fazer com esse item. É para ser discutido. Não, agora não vai dar tempo, mas é
para ser discutido, gente. Porque como é que a gente diz isso? Não parece a vocês que é a mesma coisa de não dizer nada? Para mim também. Atenção ao uso de vinhetas clínicas. A Line já falou que elas às vezes são usadas para manutenção do status qu. Dificílimo a gente pegar uma tese em psicanálise que traz uma vinheta clínica para discutir a teoria, para colocar em cheque a teoria, para ampliar o escopo teórico da psicanálise, etc. Então essa esse uso ilustrativo da vinheta, eu tenho quase tô mais ou menos segura de dizer que é um
mau uso da clínica na pesquisa psicanalítica. Poderíamos falar sobre a diferença entre resultados, discussão e conclusão? Me parece confusa na hora. Não, não só pros psicanalistas isso. Acho que para todo mundo é um pouco confuso, mas isso não me parece mais fácil de resolver. E lembrar que o fim de uma pesquisa tem a ver, como o Ivan disse, com o prazo, mas ele tem a ver, se é que ele existe, fim de pesquisa, existe, mas ele tem a ver com a transmissão do que foi feito. Eu penso que é muito tímida a publicação em psicanálise
ainda em relação ao que de fato é feito. A maior parte das pesquisas termina com a defesa. Acho que esse é um problema que nós temos obrigação enquanto linha de repensar. E digo isso não só como orientadora, mas como editora de uma revista psicanalítica que recebe artigos que tem uma porcentagem muito pequena de aceitação, porque o que chega é muito complicado, gente. Chega sob a luz da psicanálise. É pra gente apagar o computador e voltar no dia seguinte. Então é uma responsabilidade nossa, enquanto orientadores, cuidar dessa parte também. Por fim, vou propor uma reflexão e
acho que essa eu tô propondo, tô propondo aqui na frente de todo mundo, mas tô propondo paraos meus colegas de linha uma reflexão sobre as relações entre pesquisa em psicanálise na universidade, a formação do psicanalista e a função do orientador psicanalista. orientador, psicanalista. Aí é que eu volto à questão inicial. Por que e para que um psicanalista se propõe a fazer uma tese em psicanálise na universidade? A, o Gabriel já disse que não é, a universidade não é o lugar da formação de um psicanalista, mas eu também disse aqui que isso tem certamente contribuições com
a nossa formação enquanto psicanalista. Eu perguntaria quais são os efeitos da pesquisa em psicanálise para formação de um psicanalista, tá? Tenho uma hipótese e termino com ela. Minha hipótese, a pesquisa em psicanálise, mais do que uma investigação científica que traz paraa universidade a dimensão da alteridade radical, é também, pro orientando, uma oportunidade de elaboração de uma experiência singular por meio da escrita e da transmissão do que é escrito. E aí eu me pergunto, será que a tese em psicanálise não seria um trabalho de luto por meio do qual se constrói um autor? Obrigada. Oi, me
ouvem? Bom dia de novo, pessoal. Tudo bem? Eh, bom, me deram aqui uma missão um tanto complicada compor essa mesa aqui. É uma honra. Eh, então eu fiz um texto porque são muitas emoções de tá aqui para ver se me ajuda um pouco a percorrer. Eh, acho que a ideia desse texto é também poder uma apresentar para vocês um pouco do que a gente tem feito enquanto pesquisa no nosso laboratório, eh, e poder servir um pouco de, sei lá, a ideia, a provocação para aqueles corajosos. a embarcar nesse trem aí da pesquisa em psicanálise com
a gente, eh, que tem seus desafios, como a Lívia tava dizendo, e como todos os outros colegas. Bom, meu título é A pesquisa em psicanálise nas instituições de saúde, um desencontro de epistemologias. E eu começo com uma citação do livro A Montanha Mágica, que é assim: A partir dali, a viagem, que até esse ponto prosseguia em linha reta rapidamente começa a se dispersar. Há delongas e complicações. No momento em que se põe em movimento a locomotiva de pequeno porte, mas evidentemente de extraordinária força de tração, começa a parte de veras aventurosa da viagem. Acho que
a gente já disse aqui um pouco, né, que um método a gente começa com pensando que vai ser um caminho e no fim é totalmente diferente. Então tem aventura pela frente. Bom, o título já anuncia três eixos principais que eu pretendo desenvolver com vocês hoje. pesquisa, mas no nosso caso mais específico, a pesquisa na universidade, o que irá definir muitas das suas características, já que sabemos que o caminho de pesquisar pode se dar em diferentes ambientes, a psicanálise como campo de saber marcado pelo inconsciente como método de investigação e prática clínica, e as instituições de
saúde regidas por um campo de saber científico biomédico. mas que se escancaram como um lugar possível da escuta e do discurso analítico, diante de questões amplas que envolvem o adoecimento e que irão ganhar um toque subjetivo a partir da presença do psicanalista. Então, o enlace desses três eixos é o que vai nos interessar aqui nesse texto. Ao longo de muitos anos, como psicanalista no campo da saúde e atenta às manifestações do subjetivo, pude perceber que, por trás da generalização intrínseca e necessária correspondente ao adoecimento, que promove um cálculo tais e tais sintomas igual a determinada
doença, ou ainda determinada doença define tal tratamento ou tal tratamento fomenta um cuidadoso prognóstico ou uma reabilitação. Existe a eclosão de uma singularidade que causa desafios e questionamentos, muitas vezes de maneira surpreendente. Ela marcará a presença do específico na cena, do olhar no caso a caso, da aprendizagem essencial de que as mesmas palavras podem significar coisas completamente diferentes para pessoas diferentes. O território universitário é um espaço onde as pesquisas em psicanálise se desenvolvem como resultado de uma construção da experiência singular do pesquisador, descendo um texto que se ocupa também do trabalho de transmissão rigorosa e
pode se sustentar eticamente como um outro modo de produzir saber. Nesse sentido, produzir e compartilhar saber é uma função importante do psicanalista que se encontra na universidade, possibilitando um diálogo com a sociedade. Sabemos que nem a psicanálise depende da universidade para garantir sua produção de conhecimento e nem a qualidade do seu ensino. Eh, não, calma. É, e no entanto, o encontro dessas duas pode trazer contribuições enriquecedoras pros estudantes e profissionais que se dediquem às investigações, levando em conta a subjetividade atravessada pela dinâmica inconsciente. Com a realidade estabelecida da presença de psicanalistas nas instituições de saúde
há muitos anos, a universidade tem sido um lugar de endereçamento das questões frente aos desafios de uma prática clínica na instituição e ao desencontro do diálogo das equipes multiprofissionais que habitam distintos campos de saber. O estranhamento ou incômodo muitas vezes vira enigma, vira pergunta sem uma resposta rápida que obtura e que abre caminho paraa formulação de uma pergunta de pesquisa que se foque em resolver problemas. Afinal, o trabalho que dá pesquisar serve para alguma coisa. A partir da psicanálise, a pergunta não vem do outro, ela não tá pronta, não é dada. Ela é original da
inquietação singular de cada pesquisador diante da sua experiência e pode começar a se desenvolver na arquitetura de um projeto. Investigar e analisar são verbos gerais que têm uma amplitude de compor qualquer objetivo de pesquisa, mas ele só ganha um complemento de objeto possível se ela for construída pelo traço único de um pesquisador incomodado. Uma das primeiras e fundamentais etapas para o início do caminho de pesquisa, a Lívia já tava falando, é a formulação de um problema de pesquisa. Como estamos falando nessa apresentação de um contexto específico à pesquisa em psicanálise na instituição de saúde, precisamos
fazer duas ressalvas fundamentais. Um problema institucional não é necessariamente um problema de pesquisa. Ele pode ser levado como queixa numa reunião de gestão, por exemplo, e não vai adentrar os muros da universidade. Assim como um problema clínico também não é necessariamente um problema de pesquisa. E nesse caso, ele pode ser levado como um impasse relacionado ao manejo ou a direção de tratamento no cenário da supervisão, em vez de se propor uma investigação acadêmica. Para que uma experiência ganhe o status de problema de pesquisa, precisa haver, além da inquietação, uma certa construção. Vieram, na minha memória
duas importantes pesquisas que aconteceram lá no laboratório, no Labipsi, com problemáticas advindas da escuta psicanalítica nas instituições hospitalares. Uma delas da Aline Bragueto, que teve base seu estranhamento a partir da escuta psicanalítica de pacientes sobreviventes de algum câncer que relatavam o sofrimento psíquico diante da cura. E após verificar que essa temática surgia em diversas pesquisas internacionais, nomeada como o aparecimento de sintomas de ansiedade e depressão relacionadas à retomada da vida do paciente, a pesquisadora formulou como problema de pesquisa que o término do tratamento oncológico não é apenas um momento de alegria muito esperado pelo paciente.
Ele pode ser um momento mobilizador de sofrimento psíquico, vivido como uma experiência de perda. E se o sofrimento não é reconhecido pelos profissionais de saúde, ele não pode ser cuidado. A outra pesquisa é da Thaís Pereira, que defendeu a tese de que a psicose no hospital geral é um lugar a ser construído. Ela parte da constatação de que a psicose causa um estranhamento e um mal-estar na equipe multidisciplinar na cena hospitalar, inclusive no psicanalista, frente o inesperado da loucura. E aí ela constrói um problema de pesquisa relacionado à equipe de saúde demonstrar uma dificuldade no
cuidado de tais pacientes, pois não o sente como seu escopo de trabalho, uma vez que o tratamento da psicose deve ser contemplado nos contextos de centro de atenção psicossocial, portanto, ela decide investigar o lugar da psicose nas relações de cuidado do hospital geral. Bom, como vimos nesses exemplos, a clínica psicanalítica pode aparecer como centro de inquietações que concebem um problema de pesquisa. Ou seja, partindo dela, encontra-se uma trajetória para construir um saber a respeito do sofrimento e retornar a clínica, oferecendo um novo espaço e uma nova escuta pros sujeitos envolvidos nos questionamentos e elaborações frente
à vicissitude do adoecimento. Nesse sentido, a proposta e concepção de uma pesquisa com um método teórico clínico, por exemplo, que leve em conta tanto o saber da teoria psicanalítica, quanto o saber expresso no discurso do sujeito escutado na clínica, pode nos ajudar a refletir acerca de um reposicionamento clínico para lidar com os sujeitos imersos no sofrimento. Entendemos metaforicamente o método, já disse a Lívia também, como um caminho, um percurso, uma viagem que prevê um objetivo a ser alcançado ou conquistado. Certamente essa viagem apoia-se em um ponto de partida e almeja um ponto de chegada, mesmo
que a gente não saiba muito bem que pontos são esses. O trajeto entre um ponto e outro, além dos meios de locomoção utilizados, podem ser organizados e determinados a priori, mas a gente vai contar com imprevistos, desejos de novas paradas, recálculo de rota, tudo isso deve ser levado em conta. Acrescentamos a essas condições um outro fator essencial. Na fator essencial, na pesquisa em psicanálise, o inconsciente se faz presente e a influencia com sua imprevisibilidade. Levando em conta o que dissemos, se o ponto de partida for a clínica, as inquietações das experiências enquanto psicanalista diante do
sofrimento do sujeito nas instituições de saúde, aqui no caso, o ponto de chegada pretendido é poder descortinar respostas e agregar um conteúdo que nos permita edificar novos manejos clínicos com pacientes e com profissionais que sejam nossos interlocutores Ou seja, tem um retorno à clínica e aí com novos recursos e novas ferramentas. O caminho percorrido, ele vai se iniciar com uma retomada de experiências que causaram questionamentos e pode se e podem se referir à prática do psicanalista no âmbito clínico, mas também no âmbito institucional ou de formação. Esse movimento de retorno pode guiar reflexões, justificando a
pertinência e a relevância de uma pesquisa aprofundada diante das comunidades médica e psicanalítica e delineando de maneira mais clara objetivos propostos. Pensar experiências institucionais da prática no âmbito da saúde que contemplam a posição do psicanalista no seu fazer tem a função de produzir uma pesquisa feita de alinháveis, caracterizando um método possível que compõe um tecido numa linha teórica e numa linha experiado de acordo com a conveniência de cada questão. Outro passo essencial no caminho, já disseram aqui, é a revisão da literatura científica. Nesse cenário de encontro de distintos saberes, se mostra rico nos debruçarmos, por
um lado, sobre fundamentos de uma lógica da racionalidade da clínica moderna, atingindo inovações da era neoliberal da ordem saúde versus doença, e, por outro lado, sobre um fio condutor das evoluções e contribuições do discurso psicanalítico em relação aos efeitos subjetivos no encadeamento do adoecer. Esse ponto é essencial para dar força ao que representa a tese de uma pesquisa, pois é o momento de identificar referências e problematizar o que diversos autores verificaram em suas práticas, confrontando com as experiências. Prosseguindo à viagem, um outro momento da pesquisa teórico-clínica é a possibilidade de construir um terreno pros casos
da clínica psicanalítica na instituição de saúde. Eles vão sustentar a problemática escolhida para uma investigação, demonstrando a inseparabilidade entre teoria e prática em psicanálise. Toma-se aqui a ideia de um caso clínico como algo vivido na clínica que sofre uma metamorfose e ramifica uma experiência com o intuito de comunicar o relevante da escuta. O caso não é um relato fiel de uma sessão de psicanálise, com diálogos entre paciente e analista, e também não pretende-se contar uma história com todos os elementos trazidos do sujeito que se queixa, elencando acontecimentos de uma trajetória de vida. A vida real
transcrita não é o objetivo do caso clínico. Existe uma operação feita pelo psicanalista que transforma o material manifesto na narrativa em elementos do funcionamento psíquico de cada sujeito. Cada caso será único. Levando em conta o contexto da nossa prática psicanalítica nas instituições de saúde, lembramos que o caso pode ser uma forma do analista de se inserir e sustentar seu lugar na instituição, garantindo o espaço pro saber e a ética da psicanálise, que não implica o uso de protocolos, tabelas com como os outros saberes dentro de uma instituição. Nesse caso, a construção, nesse sentido, a construção
do caso atinge um efeito de produção de saber relacionado à verdade de um sujeito e de transmissão da psicanálise entre pares nas instituições, propiciando então a abertura a um diálogo para uma interlocução de saberes no interior de uma equipe multiprofissional, por exemplo. Isso possibilita a transmissão do fazer da nossa clínica, partindo de uma impossibilidade de tudo dizer. A partir deste contexto, no campo da saúde e levando em considerações a característica da pesquisa em psicanálise enquanto processo investigativo, com base em um dispositivo que toma o inconsciente como estrutura lógica, com o propósito de produção e transmissão
do conhecimento, a pesquisa teórico clínica em psicanálise pode ter dois focos concomitantemente. por um lado, nos dar subsídios para o diálogo com o campo de saber da medicina, que tem bases na racionalidade científica tradicional, e, por outro, recuperar conceitos psicanalíticos para estabelecer conexões teóricas que sejam sustentáculo de problemáticas da subjetividade frente, o mal-estar, sofrimento e sintoma na clínica, uma vez que sintoma e patologia para psicanálise não é equivalente ao que é sintoma e patologia paraa medicina. Eh, sob esse ângulo, lembrando das reflexões de Kang Guilherme em torno das concepções do uso do normal e do
patológico, passando pelas noções de anomalia, anormal, doença, norma, normatividade, normalidade, que estabelecem relações paradoxais entre si. Eh, o autor defende que individualizando a norma e o normal, as fronteiras entre o normal e o patológico podem ser abolidas e questionadas, pois o que se vê como norma ou normal aqui pode ser patológico ali, ou seja, de um indivíduo para outro precisa ser aplicada a relatividade do normal. No entanto, cabe nos atentarmos para essas fronteiras e distinções em um único indivíduo. Pois quando uma pessoa começa a se sentir doente e sobretudo se dizer doente, ela passou para
um outro universo, um novo mundo da doença, ao qual o médico e também nós psicanalistas precisamos estar alerta e não sustentar um discurso pela banalidade da relatividade do normal. Portanto, é importante darmos atenção durante uma pesquisa ao que o sujeito determina como sendo sua narrativa de sofrimento, as suas queixas e suas articulações com a trajetória de significantes da sua história, o que traduz uma maneira toda singular de apropriação do patológico. Diante desse cenário metodológico, podemos lançar a ideia de que para percorrermos um caminho de investigações e descobertas, precisamos assumir uma posição de que há um
encontro de duas linhas epistemológicas regidas por distintas relações com a cientificidade, aquela que sustenta a prática da medicina moderna e a que embasa a psicanálise enquanto clínica e teoria. Uma possível comprovação dessa posição de encontro é a ideia de que a Lívia já diz que entre a psicanálise e a medicina existe uma antinomia radical, ou seja, são saberes que operam suas clínicas de acordo com princípios opostos. Um, de acordo com o referencial dos processos psíquicos regidos pelo inconsciente e outro com referencial na doença, respectivamente. No entanto, existe um encontro necessário desses campos de saber no
campo da saúde, quando seus objetivos são cuidar de um paciente que chega como pedido de ajuda. A respeito desse contexto epistemológico da medicina, Foucault já diz que o nascimento da clínica médica entre o final do século XV, início do XIX, o conhecimento dessa disciplina deixa de ser calcado na descrição de casos que caracterizava como uma medicina individual e se tornam uma área de saber na qual existe inclusão de uma metodologia de comparação de doenças e sintomas, possibilitando um novo modelo de hospital e conferindo, então, a existência de uma medicina social. Além do nome das doenças
e os agrupamentos dos sintomas mudarem, a superfície que o olhar do médico percorria também não era a mesma. E todo um sistema de orientação desse olhar mudou. Para concretizar o alcance do saber e da verdade sobre as doenças, a clínica médica privilegiou num primeiro momento, o ato de observar, descrever, catalogar, classificar fenômenos patológicos. E essas atividades possibilitavam a formação de signos clínicos que passavam a ser referência para a investigação dos sintomas, consequentemente e também paraa nomeação de diagnósticos. Nesse sentido, o clínico ouve o paciente, mas não ocupa o lugar de quem o escuta. Ele ouve
para comparar as informações passadas pelo doente a uma referência teórica anatomopatológica, o que indica um signo de uma doença. Portanto, esse signo exclui o sujeito doente e faz com que o médico estabeleça e legitime uma doença. É nesse contexto da clínica médica que surge a psicanálise no final do século XIX, uma vez que Freud parte dos seus estudos no campo da neurologia para desenvolver o que ele acreditava ser uma ciência da natureza, que não se pretendia uma forma de conhecimento fechado e contradizia o ideal científico daquele século, o qual sustentava a necessidade de uma só
verdade, portanto, uma só ciência e um só método. O texto As pulsões e seu destinos de 1916 é conhecido como uma introdução de Freud na epistemologia da psicanálise. Ele diz que não é raro ouvirmos a exigência de que uma ciência deve ser edificada sobre conceitos fundamentais, claros e bem definidos. Na realidade, nenhuma ciência começa com tais definições, nem mesmo as mais exatas. O verdadeiro início da atividade científica está na descrição dos fenômenos que depois são agrupados, ordenados e relacionados entre si. Essas palavras de Freud nos demonstram como ele pretendia equiparar a psicanálise com o funcionamento
científico mais amplo daquela época, convocando uma metodologia que a posiciona diante de uma área de conhecimento tradicional, descrevendo fenômenos para sua posterior ordenação estrutural. No entanto, na realidade, a indeterminação, a ambiguidade, a dúvida são o início de investigação psicanalítica. são fundamentos para um percurso metodológico. Podemos indicar que a posição epistemológica da psicanálise renuncia a uma concepção de homem e de mundo que se atrele a um pressuposto objetivo. Ela sustenta uma ética que conta com a hipótese do inconsciente. E é fundamental ressaltarmos o fato de que podemos entender a psicanálise como método de tratamento, método de
investigação, teoria e discurso. Em relação a isso, retomando um breve percurso histórico dessa clínica médica moderna no Ocidente, podemos referir a psicanálise como uma experiência de cura, um conjunto de técnicas de palavra, mas inclusive um capítulo da história da clínica no ocidente, que subverte, como já disseram aqui, essa palavra subversão, especificamente uma clínica médica. Então, nesse contexto também tem um toque de subversivo. Esse movimento subversivo promove a transposição do olhar como fundamento da perspectiva clínica na medicina paraa escuta como fundamento da clínica psicanalítica. Então, nos estudos diante desse tipo de saber, cada problema de pesquisa
construirá uma forma única de se organizar metodologicamente, com o esforço para atingir seu campo de descoberta, não se orientando pela prática de produção de conhecimento das ciências objetivas. O pesquisador em psicanálise se percebe convocado a sustentar a irredutibilidade da experiência analítica, que tenha um campo epistemológico singular e também uma metodologia compatível com a sua racionalidade. Acreditamos que cada epistemologia se caracteriza por um discurso específico da realidade e que cada área do conhecimento não dá conta sozinha do seu objeto. Nesse sentido, uma pesquisa em psicanálise nas instituições de saúde se encontra em um campo de produção
de conhecimento trans e interdisciplinar. Ela é fiel ao rigor dos seus princípios para propor um diálogo com o saber médico na tentativa de atingir novos conhecimentos sobre o sofrimento daquele que adoece. Além de nos debruçarmos sobre essa questão para pensarmos o contexto da pesquisa na universidade a partir das experiências nas instituições de saúde, colocamos essas duas instituições na conversa. É prioritário e sensato focar nas possíveis respostas do psicanalista no âmbito institucional a partir dos achados da sua pesquisa. A interlocução com as equipes multidisciplinares da área da saúde é fundamental. Consideramos, considerando, como já dissemos, que
a visão do médico pro adoecimento é diferente do sofrimento de cada sujeito em relação ao próprio adoecimento. Precisamos incluir as divergências com o discurso médico, buscando a configuração de uma linguagem em comum, advertidos do desencontro, para que haja um entendimento possível, mesmo que cada um esteja mergulhado no seu campo, no seu próprio campo de saber. Então, para finalizar, incluir um olhar cuidadoso para a transmissão da pesquisa aos profissionais interlocutores se configura como um retorno institucional da função do psicanalista e pode colaborar com a sustentação de um lugar dedicado com a equipe de saúde, objetivando defender
uma ideia de inclusão da subjetividade do paciente que sofre. Muitas vezes o trabalho a ser feito levará em conta um movimento de tradução, ainda mais porque no âmbito da psicanálise temos muita atenção com a escolha do uso dos significantes, mostrando a complexidade de muitas vezes ter que transmitir o que é intransmissível. É isso. Obrigada, gente. Gente, eu vou tentar fazer um comentário eh sobre o nome da nossa linha, né, que envolve psicanálise, sofrimento e política e eh tentar reunir um conjunto de reflexões que vem já há bastante tempo presidindo aqui as nossas pesquisas, né, os
nossos estratégias de seleção, a a composição inclusive dessa dessa linha, né, nesses termos, né, Eh, então vou incluir aqui o trabalho dos laboratórios, tentar dialogar, né, com essa experiência que já tem quase aí 20 anos, né, eh, que que vem redefinindo o o próprio departamento de psicologia clínica, onde a gente onde se encontra alocado, né? Eh, eu queria começar com essa observação, né, que a Lívia trouxe, eh, de que a psicanálise é, antes de tudo, um método, né, mas que e não basta enunciar isso como espécie de abra cadabra, né, para que esse método trabalhe,
para que ele funcione, para que ele eh esteja à altura do seu objeto, da sua experiência, para que ele consiga absorver e representar o ponto de vista daquele que está assim investigando. Eh, uma breve nota técnica me remete a própria definição freidiana da psicanálise, né, onde a gente vai encontrar duas alusões ao método. Ele diz lá, a psicanálise é um método de tratamento e daí a expressão em alemão é é behandlod, né? O termo forte de método é usado para falar da prática, né, de como a gente trata pacientes, né, fecções neuróticas que não poderiam
ser acessíveis por outros caminhos. Definição B. A psicanálise é um método, essa tradução que eu tenho aí corrente, né, eh, de investigação. Só que aqui a palavra muda, não é métoda, mas é forchum, né? Fortschum é uma palavra que tem uma um peso muito específico, né, eh, em alemão, porque ela remete a algo que é assim uma mistura entre ciência e saber, tá? Uma mistura entre uma prática, né, uma intervenção e ao mesmo tempo uma forma de conhecimento, né? E quando o Freud diz assim, na nossa prática investigação e tratamento andam juntos, Suzamen, ele não
está dizendo que são a mesma coisa, ele está dizendo que elas andam juntas, ou seja, método de tratamento e método de investigação, metoda e fcho, né? Eh, acho que isso serve para ajudar a gente a entender esse lugar que a Lívia destacou. e que é um lugar que a gente espera esteja claro para sim os nossos candidatos, né, que é o lugar suplementar da pesquisa na formação do psicanalista, não é obrigatório que ele que ele se interesse pela pesquisa, que ele faça pesquisa, né, do ponto de vista assim institucional, formal. E e isso devia tá
claro, né, para aqueles que se candidatam e que muitas vezes dizem: "Olha só, eu não consigo levar adiante minha formação como psicanalista porque eu tô muito engajado no mestrado. O doutorado está tomando todo o meu tempo." Bom, então temos um problema aqui, né? Se a sua formação está sendo atrapalhada pelo seu engajamento na pesquisa, é bastante provável que não saia nem uma boa pesquisa, nem uma boa formação, né? Isso levanta eh, vamos dizer assim, a a uma espécie de fôlego, né, de pulmão para aqueles que se candidatam a essa tarefa, né, de manter e levar
adiante a sua investigação sem eh substituir, sem, vamos dizer assim, derivar-se para fora do seu caminho de formação, porque é de lá que vem as perguntas, é de lá que vem os bebês, é de lá que a gente se inquieta com o que a gente faz e, portanto, pode de fato praticar né, a praxis enquanto enquanto referência metodológica para eh paraa relação tensa entre conceitos e experiência, a que a Maira se referiu agora a pouco, né? Eh, há há um personagem que Freud associa com o Forscher, né, o investigador, diz o nosso grande e referência
aqui é em Pédocles de Agrigento, tá? Que é um que é uma mistura, ele diz, né? Ele qualifica assim, é uma mistura de médico, pensador e político. A gente tende a tirar esse último termo, né? Mas é como Freud disse, né? Uma mistura de médico, né? Método de tratamento, investigador ou pesquisador, né? pensador, melhor dizendo, e político. Ah, eh, em péoclise, ele é eh eh se se torna prefeito depois de erradicar a a a a uma doença em metilene, né, a malária. Bom, eh, mas h uma terceira definição aqui que é importante quando a gente
pensa na psicanálise e suas inflexões metodológicas, que é o fato de dizer Freud dizer é um método de tratamento, é um método de investigação, mas é também uma nova ciência, tá? A gente não gosta dessa parte. Essa parte ela está, vamos dizer assim, posta entre parênteses, entre aspas, né? Mas ela tem um reparo, né? Nova ciência aqui o Fred disse no Venhaft. Existe uma palavra em alemão para ciência no sentido pesado que é. Ele não usa essa palavra. Ele fala em vent que vem do verbo vin, que quer dizer saber. Ou seja, ventimento que acompanha
essa essa forma de saber ou essa forma de ciência, que ela de reputa como nova, né? Que é a Deiton, né? A Deiton é uma mistura de interpretação, comentário e intervenção, né? Alguém que tem uma Doiton é alguém que tem um saber como um sapateiro, por exemplo. Tem uma Doiton, né? Ele é capaz de resolver os problemas ali com o sapato, mas ele também é capaz de entender, ler problemas e transmitir o seu saber para outros. Se segundo aí a lógica clássica, né, do das oficinas, das guildas e etc. Tá. Bom, eh, o o a
ideia de que de que o Freud filiava a psicanálise ao à ciência, ela tem várias atualizações, né? Eh, a primeira, os três primeiros parágrafos de pulsão suas institutes que a Mai Maira mencionou e que apresenta uma incrível coincidência, né, na sua exposição com aquilo que seria assim um paradigma para ciências naturais e para a medicina. um texto de 1935 escrito por um polonês chamado Fleck, né? A formação de um fato científico, né? Você compara esses dois, esses três parágrafos com o texto do Fleg dizer, "Bom, o Freud estava absolutamente em acordo com o que se
entendia por descoberta científica e que é um texto lindo e que não tem muito que ver com que hoje a gente chamaria de ciência, né? Ou seja, há uma espécie atualização histórica desse debate que se a gente não faz perde a mão, né? Porque não não vai entender o que que seria, né, a implicação científica da psicanálise e vai eh, vamos dizer assim, homogeneizar a ciência mais do que ela precisa, mais do que ela já está, né? Ciência interessa a psicanálise. Por quê? do ponto de vista de Freud e de Lacan, porque ela é uma
forma da gente se inscrever no debate público, né? É uma forma da gente justificar o que a gente faz no espaço público. É uma forma da gente advogar nossa importância, presença na formação de políticas públicas. Ou seja, eh, o nosso foco para quando a gente fala em ciência costuma ser a epistemologia, mas a gente esquece que a ciência é um uso da razão privilegiado para que você legitime, né, argumentos, práticas no espaço público, portanto, no espaço político, né? A gente pode fazer isso de outras maneiras, né? A arte também eh advoga e reputa sua presença
no espaço público. A eh em certos sentidos, né, que a gente pode criticar, mas a religião também faz isso para o bem e para o mal, né? Não sei se o o Gabriel concorda comigo, mas o Freud escolhe a ciência, né? Ah, bom. Eh, ciência é também uma forma da gente transmitir saber, da gente eh generalizar, da gente falar uma língua mais ou menos comum e, portanto, dissolver autoridades personalizadas. é, portanto, dissolver condomínios, é, portanto, dissolver eh formas, vamos dizer assim, pré-públicas, né, privadas, privilegiadas, privilégiam, quer dizer isso, né, lei privada, eh, que ainda estão
presentes, inclusivamente no espaço público, tá? Então, há uma outra versão de ciência aqui em disputa que nos interesse, né? Não vai ser diferente. Quando a gente olha para o Lacan e encontra lá essa ideia de que a psicanálise é uma ciência da linguagem habitada pelo sujeito. Veja que aqui há uma deriva interessante, né? Ele não tá dizendo a psicanálise é uma ciência diretamente, ele tá dizendo a psicanálise se apoia numa ciência, no fundo, em várias ciências que aquilo são as ciências da linguagem. Mas as ciências da linguagem não são suficientes. É preciso acrescentar ainda a
ideia de que habitadas pelo sujeito, né? Isso nos qualifica no campo das ciências da linguagem. Nós nos interessamos pelo sujeito, né? Lacan vai introduzir duas outras definições, né, da psicanálise, muito importantes para nossos propósitos. A primeira de psicanálise é uma ética e não apenas possui uma ética, né? Quer dizer, ela é uma ética, é um sentido constitutivo de uma ética. E o trocando em miúdos, isso significa, conforme a famosa frase do 58, direção da cura, na impossibilidade de sustentar autenticamente uma praxis, se degrada esse fazer no exercício de um poder, né? Seja aqui eu chamo
a atenção de vocês pro fato de que os textos mais eh tecnicamente centrados, né, no fazer psicanalítico, são textos todos em que o Lacan põe em questão o poder, direção da cura, os princípios do seu poder, variantes da cura tipo, né, para além no princípio da realidade. você pegar todos esses textos, inclusive liturgia, em todos eles, você vai encontrar uma crítica do poder, uma crítica do poder nas instituições, nas escolas, no modo dos psicanalistas transmitirem o seu os seus saberes e uma crítica do poder dentro da situação de tratamento. Isso é absolutamente novo, né? Ou
seja, contra os manuais de técnica, contra a padronização do que a gente faz, contra a reificação de conceitos, ele vai dizer: "É preciso instalar no coração do que a gente faz, o desejo, o desejo de um analista. E esse desejo, ele é a, vamos dizer assim, função política da crítica do exercício do poder, da crítica da dominação, da crítica da segregação, das críticas da da da opressão, como a gente vai ver no texto eh da eh proposição, né? Mas como que essa eh crítica do poder imanente à psicanálise se aplica à própria psicanálise, né? E
aí eu vou vou eh ponderar com a minha amiga Lívia, que eu também não gosto da ideia de aplicação da psicanálise, mas eu tenho uma sessão que é a aplicação da psicanálise a ela mesma, né? aplicação da psicanálise, a própria psicanálise. E esse exercício, ele é um exercício de contrapoder, ele é um exercício de autolimitação, ele é o exercício de dizer: "Olha, esse é um campo que, portanto, deve e precisa reconhecer outros campos na apreensão dos seus objetos". Isso é farto no Lacan. Não tem autor que foi parasitar, buscar outros conceitos, outros léxicos e abandoná-los
às vezes depois, quer na antropologia, quer na filosofia, quer na ciência, né? Assim como Freud, ou seja, há eh, vamos dizer assim, uma parasitagem que é própria do nosso método, né? pode se transformar em canibalização, pode se transformar em colonização, pode se transformar em subordinação de outros saberes, mas aí vai entrar a aplicação da psicanálise ela mesma. É assim que a gente lida com a língua dos outros, traduzindo ela no nosso próprio léxico e fazendo o outro falar a nossa linguagem. Isso é colonização, né? Bom, mas como é que você consegue distinguir? Como é que
você consegue ver? Não consegue ver a priori, n? C é um exercício que faz com que a crítica seja um processo no tempo, né? Você não põe ela no bolso e diz: "Agora eu sou crítico porque mal aderia esse autor ou aquela aquela uma ou outra conceitografia". Isso nos leva a três excepções do que entendemos por política, né? Nesta linha, né? psicanálise política e sofrimento. A primeira é que esse campo, né, eh, que muitas vezes é nomeado como um campo unitário, né, a psicanálise, se a gente aplica a psicanálise a ela mesma, a gente vai
ver que ele é composto por programas clínicos distintos, ele é composto por tensões, ele é composto por conflitos, conflitos que tm uma história, tá? muito frequentemente a gente evita isso na formulação dos nossos métodos e isso realmente é imperdoável inclusive para a situação brasileira onde a gente vê teses em que o sujeito cita todos os autores daquela escola e você diz e aceitou outro texto aqui não é da sua escola. Ah, não é eu decidi metodologicamente que eu não vou usar esse texto, tá? Quer dizer, isso é vársia, né? Isso é, vamos dizer assim, o
uso da decisão metodológica para excluir, né? Aquele autor que não fala que você pensa, aquele autor que não pensa psicanálise segundo o seu parâmetro. Quer dizer, se a universidade não for um lugar onde essa diferença, essa conflutiva pode ser acolhida, não vai ser em nenhuma outro. E é isso que diferencia a o que se faz na universidade de do que do que se faz nas escolas, que são mais ou menos porosas, algumas são mais abertas, né, a esse a esse princípio e outras mais fechadas. Mas aqui é obrigatório, né? difícil de manter, difícil de sustentar,
porque isso o que que faz com que eh eh tradições que não dialogam entre si, infelizmente, elas encontrem aqui uma necessidade de detenção, né? Então, eh, concordo muito com o autor americano chamado Chevren, que diz assim: "Olha, olhando de perto epistemologicamente, a psicanálise não é uma coisa só, ela é um campo heterogêneo, né? E a gente precisa olhar para ela desta forma. Claro que a gente se refere, não, a psicanálise, a psicanálise geralmente é para para fazer algum contraponto com outros saberes, né? Então, se a gente quer uma crítica política da dos nossos métodos, temos
que eh entender que há uma luta de classes dentro da psicanálise, né, de que a psicanálise não é idêntica, homogênea, né, como aliás as críticas mais simples, mais mais fáceis costumam fazer. Ah, porque ah, psicanálise, escuta, você tá olhando isso da onde? Da lua, da China, a psicanálise, né? Psicanálise é muita coisa, gente. É muita coisa. E há psicanálises conservadoras, e há psicanálises liberais e há psicanálise de todo tipo político. Ué, qual seria a dificuldade da gente aderir a isso e tirar as consequências epistêmicas, né, para aplicar a psicanálise, a própria psicanálise, né? Aliás, Bachelado
fez isso, pegou as ciências, tons que tá olhar para ele. A gente se quer ser uma nova ciência, tem inconsciente nesse sentido inconsciente. Segundo sentido de política, que é política do tratamento, né? Eh, ou seja, de onde vem e quais os compromissos que a gente assume quando diz que faz ou faz o que faz, né? Então, nesse sentido, a gente já tem aqui uma tradição de pesquisa sobre a arqueologia do fazer. epistemologia, né? Ou seja, de onde vem o que a gente faz. Aí vem eh bom para da medicina mal, mas é da medicina e
a subversão do método clínico, mas ainda é o método, o método clínico, a gente tem uma diagnóstica, tem oologia. Eh, e de que forma se dá essa esse giro? Muito importante a gente estudar isso para fundamentar e para fazer crítica do poder, né? Eh, mas a mim me parece muito sensível o argumento de que se a gente for olhar no no registro mais longo, eh, e aí é uma coisa que a Aline já colocou, a psicanálise descende das práticas do cuidado de si, né? Então, a noção de cuidado, a noção de sofrimento, eh, tal, tais
quais foram estudadas pelo Radô, mas também pelo Foucault em Hermenêutica do Suito, Parésia, enfim, o último Foucault é muito curioso porque ficou um grande crítico da psicanálise, ou seja, nossa obrigação ler os críticos, né, onde vai terminar de dizendo, agora eu vou pegar a psicanálise, vou mostrar como ela vem da confissão, da pastoral, da, enfim, da, da, do discurso sobre a carne. Eu vou mostrar os compromissos religiosos da psicanálise. Mas fucora era tão grande que ela ao fazer isso descobriu que a própria confissão vinha de uma prática anterior que estava lá no alcebíadas, nos gregos,
que era uma prática de resistência ao poder. Ah, mas não quer dizer que esta prática, né? Bom, sebiedes chega a cena primária disso, sebiedes chega para o Sócrates e diz: "Agora eu tô bom para governar, eu quero mandar, né?" Aí o Sócrates responde: "Olha, você quer mandar? Cuida da tua alma". Não, não quero mandar, quero quero fazer os outros obedecer. Se você não consegue ter uma relação de cuidado consigo, não se meta a mandar nos outros, porque o que você vai fazer é violência, o que você vai fazer é opressão, o que você vai fazer
disciplina, o que você vai fazer é aplicação dessa poder que você maltrata, com o qual você se maltrata aos outros. Parece uma lição fundamental, né? Quando Lacama diz: "Não, Sócrates é o primeiro analista, eh, não, mas Sócrates é histérico, como argumentou Ivan. E bom, tem toda uma discussão que nos leva a essa arqueologia, né? Mas tem que fazer justo. Claro que que tem a fase da da cultura de si, tem a fase da confissão, você pode eh, vamos dizer assim, se comprometer com a história que te que te torna possível, né? É o que o
próprio Foucault diz, temos que fazer ontologia do presente. É por isso que a gente faz história, não é? Não é para, eh, vamos dizer assim, glorificar e santificar os nossos antepassados, né? Em terceiro lugar, a gente tem a terceira acepção de política, que é política da psicanálise em relação a outras políticas de sofrimento, né? Então, a linha chama, né, psicanálise, política e sofrimento. Então aqui tem uma tem uma decisão nossa, né, onde a gente entende que e que já é tempo de situar a psicanálise em relação em contraste, mas também, por não em aliança com
outras políticas em relação ao sofrimento, né? Então o neoliberalismo tem uma forma de administrar no duplo sentido da palavra as experiências de sofrimento, ou seja, produzi-las a depois eh agenciá-las, né? induzi-las, depois, eh, tratar, né, ou medicalizar eh os sujeitos que estão objetos do seu próprio da sua própria gestão. Eh, é uma política de sofrimento, existem outras, né, como é que a psicanálise, como é que aquele pesquisador, como é que aquela aquela posição se comporta, se compromete em relação a a essa geografia, ou seja, mais além do do que seria assim a nossa política própria.
Então aqui a gente tem eh desde o desde as teses de que Marx inventou o sintoma, né, a Amídia fez fez alusão a isso. A a afiliação da psicanálise a tradições críticas do Ocidente, crítica da modernidade, crítica da consciência, crítica do da metodologia operativa convencionalista em psicopatologia, enfim, nós temos nós temos um não estamos começando agora, né? mas precisar fazer um pouco a busca aí dos nossos dos nossos aliados e a renovação da crítica. Por exemplo, a nós, a mim e me interessa muito particularmente a crítica do totemismo psicanalítico, do totemismo naturalista que está dentro
da psicanálise, está lá em totem tabu. O antídoto talvez esteja um pouco em um heimlich, né, o o o estranho, mas eh me parece que é uma tarefa importante pra gente decolonizar se a se a ideia ela ela funciona, né? Eh, não diria o inconsciente, né, mas estruturas, né, imanentes ao sujeito, estruturas libidinais, né, que que eh, vamos dizer assim, nos fizeram produzir certos compromissos e compromissos de generalização eh em relação ao naturalismo totemista, né? Bom, queria terminar então essa essas eh notas assim eh enfrentando o problema aqui posto eh mais prático, né, de como
é que a gente distingue metodologia, método e procedimentos, né? Eu acho que o que a a Lívia contou, né? Quer dizer, a resposta em bloco, vou trabalhar com psicanálise, no fundo, é porque a pessoa não consegue analisar, né, quebrar a palavra, o termo psicanálise e e construir assim uma sequência de de eh movimentos, uma sequência de procedimentos, encaixar esse e subordinar esses procedimentos a uma decisão de método e muitas vezes não discute a pertinência e dessa escolha metodológica com a ontologia do teu objeto, com a epistemologia do teu objeto. Enfim, são três discussões que é
bom separar para o seu capítulo de método não ficar assim um uma condensação, né, no mau sentido. Então, no campo da metodologia, acho que há aí inúmeras novidades, né, pra gente discutir, mas eh mas aqui a gente, bom, pelo menos tenho defendido isso nos trabalhos e que há sim uma importância, uma necessidade da gente voltar, né, sair um pouco da sobrecarga epistemológica e discutir eh ontologia, né? Ou seja, a ontologia não é metafísica, né? Mas a ontologia é que que corresponde a que tipo de mundo você está se endereçando, tá? Ah, ou quais formas de
mundo você supõe para fazer o que você faz, né? E aqui, bom, o perspectivismo aeríndio do do viver de Castro tem sido muito importante, assim como a recuperação da tradição da ontologia negativa em psicanálise, que tá aí no Lacan, desde o Hegel e etc., né? Bom, em relação à metodologia, muito importante um comentário do meu amigo Valdir Beividles numa discussão que já tem mais de 10 anos, onde ele observava o seguinte: metodologia psicanalítica não dá para ser sem transferência. Transferência é o único conceito específico, né, eh, da metodologia psicanalítica. mesmo inconsciente, você tem inconsciente na
antropologia, você tem inconsciente na análise de discursos, tem outros outros entendimentos de de inconsciente, né? A pulsão, a mesma coisa, agora a transferência é próprio, né? E isso o argumento Valdir, e eu concordo com ele, acaba produzindo uma espécie de excesso de transferência, que é o que a gente estava brincando aqui, né? Eu vou fazer uma tese e vou trazer os meus amigos, né? E vou fazer todas as minhas transferências, né? Sim. viajarem às vezes em conexão com outras transferências e isso a pesquisa. Acho que isso é falta de crítica, é falta de entendimento de
como a psicanálise, enquanto metodologia tem uma filiação vasta, diversificada e geral com a crítica, né? Crítica do desde a Decart, desde Cand até a crítica contemporânea dos feminismos, dos eh do da teoria decolonial, enfim, toda toda a tradição crítica, né? ciência se faz tudo bem com proposições, tes com crítica de conceitos, né? Muito difícil a gente encontrar isso hoje, né? Eh, nas teses em geral, a gente encontra um uso que é ah, submissivo, né? Um uso que é doxológico, um uso que é bom, lá Freud falou, depois Freud falou, daí Lacan falou, daí o outro
falou, daí todo mundo falou. É bom. Ã, qual é a lacuna dentro desse conceito? Zero, né? vamos formalizá-lo, eh, o que seria assim ainda pior, né? Bom, então dentro da discussão metodológica, cabe eh discutir, né, o a transferência e o excesso de transferência. É, cabe situar o que você tá fazendo em relação à política no sentido aí do que o Lacan disse, definiu, né? O inconsciente é político, mas também disse a metafísica, ou seja, a que que a sucedânia da visão de mundo, é o que colocamos no buraco da política. Ou seja, a política tem
uma estrutura pro lacan que é estrutura de buraco, né? Estrutura simbólica, né? Ah, como é que a gente fecha o buraco? Metafísica, tá? E aí você pode trazer toda a crítica que o Freud faz, que o Lacan faz da metafísica para dizer: "Olha, se a Jand quer fazer metodologia, tem que fazer na nossa época crítica metafísica, também conhecida como crítica da ideologia, também é aposentado o termo, mas ela funciona, né? Pensar contra si, pensar contra as suas próprias categorias, pensar contra os seus próprios pressupostos". Bom, feito isso, né? Aí a gente vai para bom, vamos
discutir então o método, método como uma decisão de compromisso e de subordinação, né? Eh, há uma maneira de de de pensar, né? Então, aqui eu acho que tem uma coisa interessante que é a um certo ã descompasso ou inversão metodológica do Freud pro Lacan, né? O Freud, nesse parágrafo que mencionei e e e Maira já comentou de pulsão atitudes, escreve um método psicanalítico, não na filosofia da natureza, mas como um método indutivo, né? Comparação entre intuições e conceitos, até que você consegue fixar o uso do conceito num gumber, grife, etc. Por isso que é parecido
com flec, porque é indutivo. O método lacaniano não é esse. O método lacaniano é o método dedutivo, né? O método que joga com com a síntese, né, do conceito elevado à dignidade da da da formalização, né? Ou seja, de escrita de aspiração universal. Vou dizer: "Bom, então agora tá na moda, escolhe um dos dois porque eles são incompatíveis". Acho que não necessariamente, mas tem que saber, tem que saber que você tem um movimento que vai seguir essa plano, outro movimento vai seguir outra outra forma de pensamento, né? Então, eh me parece que a gente devia
valorizar mais, né, a ideia de abdução, né, abdução, eh, enquanto ah, aproximação entre eventos onde você não consegue inferir uma causalidade específica, mas que você intentes, né? E aqui já vai uma afinidade, né, da psicanálise com dois duas referências metodológicas que eu acho que toda pesquisa, ou a maior parte das pesquisas que a gente faz deveriam ter, né? Um é o recurso não sendo estrutura. A estrutura é um método, é uma coisa, né? Eh, é um método para justamente a gente pensar certas totalidades, né, certas unidades. E outra é a história, tá? Então, se a
gente quer ser fiel, a Freud e a Lacan tem que fazer, né, o uso, empréstimo, a quarentena, a predação, o canabilização de eh bom da da filosofia da história, né, da história inclui a história dos conceitos, né, e da eh noção eh de estrutura ou ou suas variantes, né? Bom, e aí a gente tem os os procedimentos onde eh a gente vê assim uma certa eh um certo efeito de de de pequeno risco, de pouca originalidade, quando a gente olha pros autores clássicos, né, com exceção do Bolas, que é um autor que que vem fazendo
invenções muito interessantes, né? Mas aqui no campo do lacanismo, os nossos procedimentos eles estão muito eh eu diria assim eh monótonos, pouco inventivos, né? E contrariando a ideia lacaniana de que você, se você tem o teu horizonte político, claro, a política ética, se você tem estratégia mais ou menos montada, se sinta livre para usar o plano tático. O plano tático, o plano dos das invenções locais de como você vai fazer para para pensar aquele objeto, aquela experiência, tá? Por exemplo, lá no texto do Moisés, eh, do do Michelangelo, né? O Freid inventa um negócio incrível.
Ele tá analisando lá a estátua e daí ele fala: "Eu não consigo pensar, eu não consigo narrativizar essa estátua, eu não consigo ver o o tempo do gesto do Moisés. Então o que que eu vou fazer? Eu vou contratar desenhistas para fazerem o que que seria o esboço suposto imaginário dessa peça de escultura. E assim que ele faz e assim que ele cria uma série, né? Esse é um conceito, é um procedimento, né? H, que eu tô dando aqui como um exemplo mais básico, né? Quer dizer, e pensar estruturalmente e pensar historicamente é pensar em
séries, né? Ele construiu uma série lá a partir de uma de uma suposição, de um de um de um procedimento, né? A gente vê muito pouco disso, né? tanto os procedimentos assim mais inventivos e tal, o ponto de vista tático, eh, quanto também, né, as, eh, uma ideia que tá muito forte no Lacan, ah, de propor modelos, n, de propor novos conceitos, de trazer, né, olha aqui, eu tô entendendo essa situação e e isso diferencia a análise psicanalítica de discurso de outras análises de discurso com a qual, enfim, vem trabalhando e bem importando ideias. Inclusive
agora em setembro a gente vai ter uma uma disciplina com a Erica Burman, com William Parker, né, trabalhando com a análise de discurso a criança como como método, né, eh, childs. Mas então eh se a gente quer fazer uma análise psicanalítica de discurso, tem que entender que a gente não vai só descrever, nós vamos ter que intervir. E essa é a é a dimensão política do que a gente faz. E a gente intervém quando a gente propõe modelos, né? Quando a gente diz, olha, as coisas eh podem ser descritas assim, mas por que elas poderiam
ser diferentes, né? Então aí são ou termino a minha fala com isso. São os quatro desafios que eu acho eh metodológicos que a gente enfrenta ali na prática com os objetos e experiências específicas. Primeiro desafio é a relação entre oralidade escrita, né? Nós fazemos uma coisa totalmente fora de de esquadro, que é uma prática oral, em tempo oral. E em ciências você faz o quê? Só vale o escrito. Então tem toma uma dimensão, vamos dizer assim, você pode pegar o oral e põe no escrito. Aí você perdeu o oral, né? Como é que você faz
para escrever sem perder temporalidade, prosódia, tudo aquilo que tá imerso na nossa experiência? e que tantas vezes quando você faz um retrato numa construção de casas, mas se empobreceu totalmente o caso. É porque as coisas mais importantes eram silêncios, um rum coisas que eu não consigo escrever assim passando, né, do oral para escrito. Isso é um desafio. Desafio. Se não pensar a respeito, vai fazer de uma forma às vezes precária, né? A segunda, o segundo problema é, eh, que a gente já precisa pensar, né, quando, quando, quando faz análise psicanálica de discurso na outra cena,
sempre onde é que tá a outra cena. E a outra cena inclui o próprio o próprio pesquisador ou o seu próprio ponto de vista, né? A imicão, a, a imersão do ponto de vista do pesquisador na situação, na cena, é uma condição do que a gente faz. Poucos, né? Porque é difícil você montar, né? mais de uma cena e fazer esse procedimento, levar a cabo esse procedimento, né? Eh, o terceiro ponto são os performativos, né, de como quando a gente faz o que faz, a gente faz algo mais acontecer no mundo, né? E a análise
dos performativos é o que talvez seja mais difícil pra gente captar na pesquisa em clínica, porque a essência disso é como acontece uma transformação. A narrativa é um um um procedimento básico pra gente conseguir captar isso, mas o fulcro do problema é como algo, alguém, uma instituição, uma comunidade, uma pessoa, um sujeito se transforma, né? Para isso, a gente precisa de aportes da teoria da linguagem, especificamente a noção de performatividade, mas não só, né? Só para indicar assim, temos um problema, um problema metodológico, né? E o último problema metodológico, assim difícil de traduzir pelo pela
pelo que eu vejo nas pesquisas, é a ideia de contingência, tá? Então, eh, quando a gente propõe modelos e quando a gente escreve, quando a gente tenta aprender o objeto, a gente tenta paralisá-lo ali num num determinada rede de determinações, né, de necessidades. Só que o que a gente faz tá crucialmente ligado à emergência de algo que não estava previsto, algo que não estava cabendo, algo que não estava eh bom em conformidade com, sei lá, os dispositivos daquele hospital, daquela escola, daquela situação clínica. Então, introduzir a noção de contingência como operador metodológico é um grande
problema. está posto aí para nós. Cada um tenta resolver do seu jeito. Então são essas notas. Vamos conversar. Bom, eu convido os demais professores, Gabriel, Miram, Aline, Ivan pra mesa e vamos fazer uma rodada de perguntas. Nós estamos bem atrasados. Dá uns 15 minutinhos de perguntas. Não, só não. Oi, gente. Tem muitos parceiros aí que t coisas a dizer, eu tenho certeza. Por favor, assuma um lugar aqui, mesmo que seja de discordância. Clara, é por causa da gravação. Dá para eu me ouvir? Eu não escrevi, vou tentar ficar calma para organizar, porque eu fiz uma
bricolagem um pouco de várias coisas que eu escutei. Primeiro foi o que a Miriam falou, né, de de ao final, quando você defende ou tenta defender uma tese, né, tem uma pode ter uma perda de livra de carne, né, assim. E e aí depois o que o Gabriel falou eh da na revisão da na leitura bibliográfica, né, também como isso atualiza alguma coisa, né, assim nessa tese, né? E eu acho, escutando vocês, eu não tinha essa não tinha essa dimensão de que o fazer, né, de pesquisa científico ele propunha algo novo assim, né? Então, a
gente fala muito do desejo do analista, mas eu fiquei pensando também com Cristian, o Cristian falou, né, do investigador e tudo mais. Isso propõe algum certo tipo de renovação do desejo e que que isso se paga também em alguma medida, uma aposta, né, assim, para que essa psicanálise possa est se renovando, né, assim, eh, enfim. E eu gostei muito. Agradeço vocês por terem feito esse evento e fico feliz de poder estar aqui. Acho que é um comentário, né? Não sei. Mas obrigada, Clara, pelo comentário. Alguém mais? Vinícius. Então venham. Oi, gente. Eh, bom dia. Meu
nome é Leonardo. É, a minha pergunta, ela não é muito focada em algum tema específico, mas eu acho que ouvindo vocês, isso ecoou na minha cabeça por um tempo, que é sobre algumas categorias de análise que muitas vezes aparecem nas pesquisas e nas leituras sobre singular, particular e universal. E que parece que existe eh uma certa dificuldade ou então alguns impasses que implicam na passagem de um pro outro nas pesquisas. Eu queria que vocês falassem um pouco sobre isso, assim, vamos recolher as perguntas. Pode vir. Vem já fica aqui. Eh, oi, gente. Meu nome é
Rafael. Eh, não é bem uma pergunta, né? Acho que como a colega, primeira colega que apareceu aqui, é mais um comentário, eh, que eu acho que perpass na fala da maioria de vocês e foi, eh, pegando um pouco mais a farada da Lívia, né? Eu achei muito interessante quando você fala dessa, eh, preocupação que muitos psicanalistas têm em necessariamente aplicar a psicanálise a outros campos. Quando eu eh eu fiquei refletindo que eu acho que interessante não é nem necessariamente, né, a aplicação da psicanálise em si, mas é necessariamente pensar implicação. Então, eh como que a
psicanálise, suas epistêmicas, né, elas eh podem nos auxiliar no campo da pesquisa saúde pública e políticas públicas eh para além dessa, perdão, o termo, né, mas tipo dessa masturbação teórica assim de de conceitos e tudo mais. Eh, mas qual essa eh eh esse lugar que a a praxis psicanalítica ocupa, né? Então, em vez de se pensar necessariamente na aplicação, pensar em se implicar mesmo, né, como profissionais de saúde que somos, às vezes esquecemos, somos profissionais de saúde, né? Eh, bom, pelo menos aos colegas psicólogos que aqui estão, né? Não sei se tem o pessoal que
é somente psicanalista, mas eh eu acho que é mais isso e é uma honra estar diante de vocês aí. Oi, gente. Eh, eu tô fazendo o meu TCC exatamente sobre a relação da universidade com a psicanálise no que diz respeito à formação do analista. E eu acho que eu fui encontrando algumas eh lacunas em relação à à formação, essa a relação da formação com a universidade e a psicanálise. E aí eh eu queria um pouco perguntar assim para vocês que quando a gente tá falando sobre formação, exatamente, a gente tá falando sobre o quê? quando
a gente tá falando sobre formação do analista, assim, e aí é uma pergunta mais para pensar um pouco além ou articulando o que a gente já sabe sobre formação do analista, né, do tripé e tudo mais, mas acho que eh pensando nessa articulação de saberes, acho que eu fui encontrando um pouco uns impasses em relação à metodologia, inclusive, porque no final das contas minha pergunta é sobre o que é a formação do analista. Exatamente. Eh, é isso. Eh, meu nome é. Eh, eu sou uma das que ainda não entrou, tô querendo entrar. E aí eu
queria aproveitar então para Maria Lívia desdobrar um pouco eh o que você falou sobre a inconsistência, né, que você fala, a gente vê muita inconsistência, às vezes muita incoerência nos projetos, na metodologia, né? Então eu queria aproveitar minha pergunta, já que eu sou uma que tô querendo entrar, que você desdobrasse um pouco mais isso, sabe? Que você falou, não vai dar tempo aqui de de discorrer, né? Os outros também se puderem falar um pouco, né? Eu agradeço muito. Agradeço muito o evento. Foi bem bacana. Bom dia. Tá me ouvindo? Dá para ouvir, né? Eh, melhor.
Então, eu queria agradecer primeiro o evento ser aberto, né? Ser gratuito é muito importante, assim, eh, ter espaços como esse. Eh, e principalmente porque eu vim, eu sou do Ceará, né, e recentemente eu tô morando no Paraná e fica mais fácil para eu vir agora. Então, só para ressaltar isso, assim, que é um privilégio mesmo poder estar aqui hoje. E diante disso, assim, eu queria colocar, eu já fiz alguns projetos de mestrado, assim, não entrei ainda, mas porque eu vim para cá, porque essa questão metodológica assim sempre foi um grande impasse, assim para mim, sempre
foi muito difícil desde a graduação o enigma, né? E na residência que eu fiz agora dentro do hospital, né, eu ficava na UTI e daí como era difícil o trabalho na UTI com as famílias, com os pacientes. Eh, e daí essa questão que alguém falou aqui sobre não tampar o real, mas permitir que ele surja, como é difícil. Isso me instigou muito a querer escrever algo sobre isso, mas eu não sabia que método usar, como fazer esse método. E esse é um dos motivos que eu tô aqui. Agora o outro motivo é porque tô na
eminência assim de eh tentar conduzir um grupo com pais de bebês em UTI neonatal e daí eu também tô tipo assim meio perdida em como enfrentar isso, sabe? Então, minha questão é essa com real assim e entre insistência e desistência que alguém também falou aí, então todos os discursos me marcaram de algum modo aqui. Obrigada, gente. A gente vai ouvir mais três perguntas. Vamos encerrar com a Vanusa. E lembrem que eu ainda tenho que fazer um um comunicado convite. Eh, ouve todas, tá? Eu sou a Valéria. Eh, eu me senti muito provocada pela fala da
Maira, assim como de todos que passaram. Eh, mas pensei um pouco sobre o cenário das instituições de saúde, pensando que o sujeito quando vai em busca no tratamento ou quando tá num contexto de adoecimento, a priori supõe-se que ele vá buscar a cura física, biológica e dos desafios que nós nos deparamos dentro desse cenário, pensando que falamos de coisas diferentes. ou de como uma começa e outra termina, como que elas se correlacionam. Eh, a minha preocupação, né, tendo estado em hospital e hoje em clínica, é justamente pensar essas diferenças. Como que nós podemos lidar com
esses fenômenos que se atravessam sendo que não sabemos onde um inicia ou o outro. Então, é algo que me perturba assim, que eu fui muito provocada pela Maira. Muito obrigada. Eh, boa tarde. Eu me chamo Germano e sou doutorando aqui com a professora Maria Lívia. Eh, muitas das falas de vocês tocam no nas atividades que a gente já tá fazendo, né, no grupo. Eh, tive meu projeto lido esses dias, então, ah, muita coisa já tá em andamento. Mas a minha pergunta específica é paraa Aline, até uma coisa que eu já conversei com ela antes, eh,
no intervalo, que é o uso que ela faz da palavra resistência bem no finalzinho da fala dela. Eh, e eu queria escutar você mais falando sobre essa resistência no campo que eu tô entendendo da política e e de um outro outro campo e a resistência pra clínica, como que a gente eh faz desse, dessa distinção algo potente eh nesse retorno à nossa nosso fazer, digamos assim, né? que eu acho que é e depois eu quero a referência que eu te pedi. É, é isso. Obrigado. Bom dia. Me chamo Vanusa, venho de Belém do Pará, onde
atualmente faço o meu doutorado na UFPA. E foi, por sorte, estava em São Paulo nesse dia desse evento. Acho que eh tenho algumas inquietações para para compartilhar, mas uma delas assim eh que me tocou foi quando você falou especialmente eu vou traduzir como a questão da eh o que disso dessa da fala eh não se consegue transmitir na linguagem por vários motivos. Inclusive fico pensando em relação a a próprios problemas que a gente possa ter no Brasil, né? por exemplo, a minha pesquisa sobre o que que ressoa na nossa língua e na nossa cultura sobre
as línguas originárias, né? O que que resta? E e foi um uma questão que surgiu inclusive no trabalho clínico institucional, no hospital. Mas por que que eu tô trazendo isso, né? Porque eu fico pensando essa questão da enunciação e problemáticas que ocorrem inclusive dentro da Universidade Federal, no campus de antropologia, onde existem alunos indígenas ali que não conseguem escrever seus trabalhos, por exemplo. Enfim, eu acho que a gente tem muitos trabalhos aí para pensar o Brasil. Não sei se são as mesmas questões que passam aqui, eh, ou que circulam por aqui, né? porque eu imagino
que eh eh enfim, diversas línguas também habitem, né, esse contexto. Acho que eh eu escuto algo de uma abertura da linha de psicanálise para se pensar várias questões, inclusive pensar como a psicanálise pode eh escutar para além, né, da sua própria língua, inclusive, né, que não é uma, enfim, a gente sabe que o inconsciente é sempre estrangeiro, mas eh a minha pergunta é um pouco nessa direção, né? O que que levou a, o que que os levou a pensar, especialmente professor Cristian, essa questão do esse esse esse intervalo aí, né, entre o que é dito,
o que que pode ficar ali, que é importante para uma pesquisa, mas que não se pode demonstrar dessa forma, né, dessa forma em que se constrói, por exemplo, no caso de uma tese escrita, né, que outras alternativas se teriam dentro dessa estrutura universidade, por exemplo, né? E uma outra questão também, eh, talvez mais especificamente, né, para para os demais professores, né, eh que tem que ter coragem para sustentar uma pergunta, né, tem que vir até aqui e falar, mas também isso cabe para isso que circulou sobre a responsabilidade com essa pergunta. Então, quando vocês dizem
assim, a gente tem uma responsabilidade para além da universidade com com o campo, mas também com as pessoas que vão, de certo modo, eh em para quem, né, a gente produz o saber, o conhecimento. Do que exatamente vocês estão falando, o que que vocês têm feito nesse sentido, né? São projetos, né? Como é que faz chegar para além desse circuito acadêmico mesmo? A minha pergunta é essa, tá? Obrigada. Bom, agradecemos, né, também em nome dos colegas as perguntas e inquietações e acho que nos 2 minutos que temos cada um, não nos cabe respond, a gente
pode montar um outro um outro eh evento. Bom, ah, começo comentando a questão da psicanálise implicada, né, que concordo e inteiramente. Eu me lembro quando eu comecei a trabalhar com os imigrantes e que trazia as minhas inquietações para grupo de psicanalistas e um deles falou: "Mas qual o seu problema? É só ir lá ver se são neuróticos, psicóticos ou perversos." Ah, tá. Isso é psicanálise aplicada, né? Ou seja, toda a dimensão do exílio, toda a dimensão do percurso, toda a dimensão do das línguas, enfim, que tava em jogo, né, ficaria eh contido, né, o que
é injusto também pra questão diagnóstica, né, porque eh diagnóstica em psicanálise não é essa aplicação, né, ela supõe uma relação transferencial também, né? Então, eh, eu acho importante essa implicação e isso diz respeito a essa responsabilidade que foi agora também citada no eh eh no final, né? Então, a responsabilidade é em função eh de que quais são as apostas que estão colocadas eh em construir uma tese não uma universidade pública, né? Então você tem uma responsabilidade como psicanalista, né, com aquilo que você escuta e tem uma, responsabilidade na transmissão e na eh, vamos dizer, eh,
e tá presente no debate público sobre as questões que envolvem aqueles achados. Então, não é pouca coisa você entrar numa universidade pública, porque ela diz respeito a essa eh implicação que você tem no plano da saúde, no plano, enfim, da justiça, eh com eh e isso supõe eh entrar no debate, né? Acho que todos um pouco falamos nisso. Agora no início o Cristian também, né, entrar no debate sobre eh as fórmulas, né, o Ivan também eh referiu sobre aquilo que tá dado, né, e que é preciso desmontar determinados mecanismos para na direção da transformação social
e não apenas na descrição eh da desigualdade. Enfim, tem outras coisas, mas eu vou passar aqui a palavra, tentar ser assim sintético. De fato, essas noções são muito maltratadas, né? Universal, particular e o singular. Eh, na medida que, eh, bom, há uma certa, um certos entendimentos sobre o que que seria universal, né? Uma espécie crítica eh meio simplificada, né? Da ideia de que o universal não é bom. Eh, e às vezes na retórica psicanalítica, a ideia de que, bom, somos sujeitos singulares, né? Não, não somos sujeitos singulares na baciada, não, não nos é dada a
singularidade, a singularidade é construídas, né? Seja no processo, seja na própria investigação. Ou seja, a ideia de você conseguir falar, né, esse esse único e demanda grande esforço, né, de mobilização, eh, de conceitos universais e de particulares que o negam, né? Ou seja, por aproximação que você vai extraindo. Isso que seria a devolução da voz, né? Fazer nossos pacientes falar, fazer o sofrimento falar. Mas é muito difícil, né? Você conseguir essa nível eh em que você tem ali uma diferença radical, você tem uma diferença, eh, que resiste, né, a sua inclusão e nas categorias que
a tornam possível, né? a definição de formação, eh, eu tenho me dedicado bastante a esse esse termo, né? Eh, é um desses conceitos que a psicanálise tomou da filosofia da história, formação quer dizer eh quando você tem elementos em contradição e que formam um determinado objeto, né? Então, Freud usou essa ideia para falar do sintoma como algo que se forma, né, a partir do inconsciente pensado como conjunto de de de contradições. Eh, hum, a ideia de formação, ela é contrária a a à assimilação de conteúdos, né? Porque lá na sua origem, do ponto de vista
do eu, significava autodilaceramento do eu, tá? Se você tá em formação, você está numa espécie de crise de identidade, né? você não sabe mais quem você é, o que que te fizeram ser, a educação que você recebeu, você, enfim, não tá mais conciliado com ela. Esse estado de crise mais ou menos administrada que que a gente chama de formação, né? Em relação à saúde pública, acho que os psicanalistas estão massivamente presentes hoje na saúde pública, nos operadores jurídicos, né? Eu diria mais do que outras abordagens, né? inclusive porque acaba sendo a abordagem que faculta maior
continuidade de formação, né, para os jovens psicoterapeutas. E as pesquisas que a gente faz sobre isso, elas têm apontado pro seguinte, há uma degradação da escuta na na saúde mental, na saúde pública, né? os nossos melhores alunos, eles são imediatamente alocados para processos de triagem, processos administrativos, que eles conseguem entender a lógica do Estado e se separam, se distanciam da clínica, né? Então, tem todo o movimento dos psicanalistas na saúde pública de retorno à clínica, né? E retorno à clínica significa volta de uma escuta que não seja meramente operacional, né? Quer dizer, aplicação de técnicas
que, bom, a gente já sabe, são um problema grave hoje no na tanto na saúde mental quanto na saúde em hospitais, né, sua saúde geral, protocolos, consensos e e demais práticas de de singularização, é o que a gente pode dizer. Então, o o papel da psicanálise hoje na saúde pública, ele é decisivo, ele é reconhecido pelos diferentes ministérios, né? Nós estamos tomando parte aí na formação de políticas públicas em relação, por exemplo, ao discurso de ódio, em relação a, por exemplo, eh, prática de psicoterapia, em relação ao autismo, né? Eh, acho que a psicanálise já
deixou para trás o seu relativo encastelamento, né, sua atitude de condomínio. Hoje a gente tem clínicas do cuidado, né, e clínicas públicas de psicanálise pelo Brasil. Aa, em relação a a questão da fala, né, e muito interessante a tua pesquisa. Ah, cadê? Eh, porque eh a gente não se dá conta e raramente aparece nas nossas pesquisas eh o fato de que o Brasil ele se distingue inclusive em relação a outros países da América Latina pela sua oralidade, né, eh, e pela eh repressão, recalque linguístico que que a gente sofreu, muito pouco conhecido, até 1758, quando
o marquês de Pombau expulsou jesuítas e declarou que o português era a língua que devia ser falada nessa pedaço de canto do mundo. A língua oficial do Brasil era língua geral, uma mistura tupiguarani com espanhol e português que a gente não entende e que não tinha versão escrita. Isso era a língua, vamos dizer assim, da primeira colonização. Então, quando a Leila Gonzáes diz, a gente passou por um recalcamento no plano linguístico, ela tá falando de algo ou de imensas proporções. 1758 tá agora aqui, né? É do lado, né? Para processos que envolvem linguagem. Isso é
muito, né? Então isso talvez ajude a entender porque a psicanálise eh não foi tão bem recebida no Brasil, porque a gente precisa pensar assim de forma eh política e crítica eh como é que a gente lida com esse espaço entre o oral e o escrito, né? Ah, que não é só assim, você pode gravar, você pode fazer suplementos, né? dança de canção, que é muito importante para pensar o Brasil, mas no fundo é o desafio, né, de como é que você transmite, como é que você retém no tempo características que são não reprodutíveis, né? Então
é melhor reconhecer que tem coisa que vai ser ali perdida na experiência da oralidade e que tem muito que ver com o sujeito da psicanálise. Aliás, como disse o Foucault, né? Quer dizer, a a o história do sujeito no ocidente, o sujeito se coloca contra o escrito, né? Dizendo assim, o sujeito é oral, né? O sujeito que você trata, né? É oral. E a psicanálise tá aqui para para lembrar isso. Bom, eu vou falar muito rapidamente porque nós realmente estamos eh eu tenho um compromisso às 2 horas fora daqui, então eu vou ser rápida, vou
falar da questão da Érica sobre a inconsistência e vou ser muito rápida, não inconsistente. Um projeto inconsistente é um projeto que se você analisa a relação entre objetivo e método, tem uma incoerência que tende a inviabilizar o projeto como ele tá. É mais ou menos como se você tá de carro e diz a gente que você precisa chegar hoje ainda ao Rio de Janeiro. Em vez de pegar a Dutra, você pega Ris Bitencu. Isso é inconsistente, irmãzinho. Cirúrgico também, né? Assim, porque a mesma coisa, né? Eu tenho um compromisso, na verdade, é 1:45. Eh, e
o meu celular também já tá me avisando que o Gabriel também tem uma banca em pouco tempo. Éí, 9 minutos, né? Eh, enfim. Eh, eh, acho que que mais pertinente a mim era a questão da da psicanálise implicada, né? A Miriam tocou também agora, mas eu diria assim, eh, eh, de fato, né? Então, foi feita, né? A Lívia também falou, eu também passei por essa problemática da psicanálise aplicada que a gente percebe que eventualmente alguém propõe aí como possibilidade metodológica, né, aplicar a psicanálise, né, e a essa esse torálise implicada, né? Então tem uma diferença
e de início não é a única, né, Miriam tocou em outra, a psicanálise aplicada como essa que de uma certa forma eh aplica um saber, né, nesse sentido, né, a implicada eh já de início parece que faz o inverso, ou seja, o analista nesse lugar de suspensão de saber, né, e que então não não estaria, por exemplo, uma investigação eh universitária, não estaria na posição de vou demonstrar a minha hipótese, comprovar a minha hipótese, mas ao contrário, vou testá-la e porque eu ainda não sei, né, essa essa inversão nesse sentido e isso se vincula diretamente,
então, essa posição de responsabilidade. Mas, enfim, não vou, é, como eu falei, cirúrgico, não vou insistir. A gente vai ter que fazer uma segunda jornada. Oi. Oi. Eh, Valéria, né? vou ser direta para você, já que eu te provoquei. Eh, eu acho que quando um paciente chega eh com uma doença eh ele não é só a doença, né? E é por isso, exatamente, que a gente tem um espaço na instituição de saúde. E é interessante ver quando na prática clínica você vai escutar um paciente, você tá esperando que ele fale, sei lá, do câncer que
ele acabou de descobrir e ele vai falar de todo o romance familiar e de todos outros dramas que não passam por aí. E eu acho que é exatamente porque tem esse esse resto aí, né, que é a subjetividade, enfim, que a gente consegue estar na instituição e fazer pesquisa disso, porque tem um desencontro aí que faz questão e que nos inquieta e que incomoda, igual tava falando, e a gente constrói alguma coisa para responder e para devolver, enfim, bem breve, mas acho que tem a ver com isso. Bom, gente, então eu vou eh já vi
que nós respondemos quase todas as perguntas, eu vou me direcionar só pro Germano, né, sobre a questão da resistência. Eh, esse é um tema que a primeira vez que eu ouvi falar foi pela Inara Marim, que é uma psicanalista e filósofa da Unicamp, né? Eu acredito que esteja no livro Limiares, no texto que ela escreveu lá, mas a diferenciação ali que a gente pensou no momento que ela falou sobre isso foi que a, na psicanálise, a resistência geralmente é um mecanismo de defesa contra uma angústia, né? Eh, e aí a gente se defende dessa angústia
usando uma resistência. Só que no campo político, não. No campo político, eh, a esse tipo de resistência que eu usei, eh, ele é usado para a gente se defender de uma imposição externa, né, eh, de algo que gera uma ansiedade, né, muitas vezes, porque, eh, envolve uma alienação do do campo, né, e que a gente tá vendo essa alienação ou uma limitação do campo, né? Então, como eh eu acho que esse uso da resistência aparece muito no diálogo com a política, né, mas para ser mais desenvolvido. E só uma palavrinha sobre a questão da Vanusa,
né, que eu acho que é uma questão muito interessante. Eh, você falou várias coisas, uma coisa que me pegou é essa questão. Eu já ouvi várias indígenas falando sobre a dificuldade de publicar, né? E uma das coisas que elas têm feito é criar suas próprias editoras, porque a linguagem e a forma de pensamento, né, eh, que essas pessoas trazem é tão inovadora que não é reconhecida como um campo de saber. Então, a gente tem uma política interna, que eu acho que a gente já falou bastante aqui dentro da própria psicanálise, mas é uma política dentro
dos campos. E eu acho que uma forma de a gente fazer resistência, né, a essa política que vai mantendo uma naturalização dos lugares, né, é a gente buscar eh fortalecer que esses discursos apareçam mais. Acho que é, acho que é importante, né, ver que a gente teve um fio aqui nessa manhã que eu acho que vai se esclarecendo, que é a questão da linguagem, né, problemáticas, potências, possibilidades e e dessas passagens de níveis de linguagem, né, eh, do oral escrito, a linguagem, a a pesquisa com essa impressão da pesquisa monádica, né, da mona, para uma
pesquisa que é coletiva, que são sempre coletivas, que acontecem nesse nesse esse transferenciamento mais do que numa ideia só de transferência, né? Isso, acho que para finalizar, isso me faz muito pensar numa uma história que contam quando DT Suzuki, né, que foi convidado pelo Eric Fron, foi pros Estados Unidos da Universidade da Califórnia estudar, né, dar lições sobre budismo, psicanálise e budismo também no momento em que o orientalismo ganhava uma uma espécie de nova vida como um saber outro que poderia trazer transformações pro Ocidente, né, pras condições ocidentais de vida e de consumo. E aí
se for uma grande, uma grande plateia num auditório para recebê-lo para essa primeira aula, ele chega um pouco atrasado, senta, toca no microfone. Zen bud, very difficult. Thank you very much. Esse é um ato performativo, né, que fala dessa limitação da linguagem, mas também que eu acho que tem algo do, né, desse desse intercâmbio entre o externo e o interno, né, que talvez seja o mais o mais tanto mais sedutor quanto mais interessante e arriscado pra gente sempre, mas enfim, é isso que estão aí. Eu queria finalizar essa jornada, primeiro agradecendo a presença de vocês,
aqueles que ficaram até o fim com a gente e também dizer da grande satisfação de ouvir meus colegas. Para mim, pessoalmente, é uma imensa alegria me sentir pertencendo a essa linha, porque me sinto muito bem acompanhada o tempo todo. Eh, bom, então é o seguinte, nós estamos numa universidade que tomou uma decisão política de cuidar da inclusão e do pertencimento. Inclusive, a grande novidade nesse sentido foi a criação de uma quinta pró-reitoria que não existia antes da da reitoria atual e da quinta pró-reitoria, chama-se Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento. E nós temos a honra de
ser colega da Pró-Reitora adjunta, professora Miriam Debier. né, que tá à frente dessa pró-retoria nova, que foi nesses últimos anos realmente um avanço significativo para essa universidade. O projeto que eu vou apresentar para vocês bem brevemente é uma ação de inclusão. É uma ação social de inclusão que em todos os cantos da universidade tá se pensando a inclusão, inclusive na FEST, que é a fundação pro vestibular. Já temos feito, trabalhado na FVET em várias outras ações de inclusão, pequenas e grandes. Mas essa que eu vou apresentar para vocês é uma ideia que surgiu da constatação
do fato de que os candidatos ao vestibular da FVEST tem vivido, ou melhor, sempre viveram, mas tem manifestado, né? muito claramente crises de ansiedade e várias outras experiências de sofrimento ligadas ao ingresso na universidade. E a gente entende como psicólogos, psicanalistas, professores, que a demanda da FVEST de fazer algum projeto de intervenção é uma demanda legítima. nos sentimos bastante honrados desse projeto ter sido, digamos assim, encomendado à nossa linha de pesquisa. Então, a gente vai fazer um a partir desse ano, agora já pros ingressantes do vestibular final do ano, um projeto que chama-se FVEST escuta.
Escuta é com a gente, né? com a gente. Eh, nós sete vamos ser cada um de nós coordenadores de equipe de escutadores, de candidatos da Feste. A ideia é oferecer um espaço de de escuta e acolhimento para ajudar esses candidatos a enfrentar esses desafios no campo da saúde mental, do bem-estar. Eh, porque a gente entende sem grandes explicações que a ansiedade, a angústia e etcitos bastante nocivos no momento do enfrentamento de uma prova que às vezes é uma prova decisiva na vida de alguém. Então, nesse sentido, nós estamos eh compondo, nós vamos selecionar cada um
de nós pesquisadores barrapsicólogos/médicos/escutadores para compor nossas equipes. Cada um de nós já tem um em mente pessoas que vão querer participar e a gente tá divulgando para vocês. Esses não vamos fazer uma divulgação ampla, mas as pessoas que vieram até aqui, ou seja, que quiseram nos escutar, que tem um, precisa ser formado, precisa ter um CRP, precisa ter um CPF, precisa ter um CRM, tá? Então, quem tiver interesse de participar conosco, eh, o que essa pessoa precisa ter além do interesse do engajamento, são 20 horas o a o de trabalho para para escutar ingressantes ou
candidatos. Eh, esse projeto vai acontecer de agosto a novembro. é 20 horas distribuídas ao longo de 3 meses. Então, se alguém que tá aqui tiver interesse de compor a equipe com a gente, eu peço que se candidate por meio de contato com um de nós. Ah, eu quero compor a equipe do Ivan. Então, manda um e-mail pro Ivan dizendo interesse no projeto FVEST e o Ivan vai ver se dá para você entrar ou não. Tem uma seleção. Não, certo, gente. Eh, mas vocês são os primeiros fora daqui a serem informados desse projeto que tá em
construção e que vai acontecer no segundo semestre, quer dizer, vai iniciar no segundo semestre. E é isso, tá? a intenção eh é que vocês participem de de discussões conosco. a gente vai ter reuniões de preparação para esse projeto e vocês no fim teriam terão um diploma da Fuveste de colaboração, um um documento oficial da universidade atestando a participação de vocês nessa ação social, porque para aqueles que querem investir em carreira acadêmica é um é um ponto bastante bastante interessante, tá? Então é isso, muito obrigada pela presença e bom boa tarde para todo mundo, gente de
Parabéns, foi lindo. Deixa eu te fazer um verb eh esse projeto só é porque já é tem outra. Então vamos continuar aprendendo. Continuar. Tá. Eu posso pegar carona na mã dela que vai falar a mesma coisa. Desculpa, tu anotou. Posso pegar? Ah, tá. Ah, você dois. Ah, que bom. Bom, já conheço que a reitoria aí não me impeça de tá presente. Você votou? Sim. É, A gente a Obrigado. Tchau. Obrigado. Obrigado. Mas ele Vai simular quer levar S.
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