tenho alegria imensa e uma honra de receber no conversas pastorais e trazer para a nossa conversa dessa manhã a Ilton crenac bem-vinda bem-vindo bonitinho ess aqui eh eu perguntei como eu devo apresentá-lo mas depois eu vi que era uma pergunta sem noção eh Aílton kenac senhoras e senhores bem-vindo você está em casa está em casa no nosso coração e entre nós obrigado eh eu Tô mesmo me sentindo em casa a gente só tira o sapato quando a gente tá em casa Ah que bom [Aplausos] e essa acolhida eh com licença obrigado querida essa acolhida que
vocês me proporciona aqui nesse sábado de manhã Eh é quase que um uma um contínuo da experiência que nós tivemos ontem com a chuva com vento com uma quase tempestade para nos lembrar que nós estamos imerso [Música] numa mudança tão visível daquilo que a gente aprendeu a fluir como natureza que essa experiência do da realidade virtual com o aparelhinho ela reflete bem a nossa dificuldade de compreender as mudanças que estão acontecendo ao nosso redor E que reflete na nossa vida no nosso corpo na nossa saúde eu quero saudar a todas vocês a todos vocês que
estão eh nessa conferência E agradecer o privilégio da palavra é claro que é um presente para qualquer pessoa a possibilidade de tomar a palavra e se dirigir a uma assembleia dessa para comunicar alguma ideia sobre essa interrogação que tá impressa em algumas camisetas e que é o tema eh da nossa conferência ou do nosso congresso haverá futuro eu não sei desde quando vocês estão refletindo sobre esse tema do Futuro mas eu tenho observado que por onde eu ando não aqui no Brasil e fora do Brasil tem uma interrogação na testa das pessoas que é haverá
futuro e há cerca de 15 anos atrás o um professor da universidade eh do Museu Nacional lá do Rio de Janeiro o professor Eduardo Viveiros de Castro ele organizou uma uma um Simpósio Internacional e trouxe o Bruno latur trouxe pessoas que estudam e acompanham essas mudanças amplas que Implica também em mudar a nossa cognição nosso modo de conhecer o mundo nosso mundo nossa maneira de entender o mundo é provável que aqui entre nós tem alguém que é privado dessa visão alguém que precisa de briley ou algum outro sinal para poder ler o mundo quando a
gente era criança nós não tínhamos problema nenhum de dizer que essa pessoa era cega agora tem uma correção linguística que sugere que a gente vai vai falar que ele ele tem uma ele tem uma ausência de alguma coisa que nós normalmente experimentamos e ele não tem pois bem eh essas mudanças de compreender o mundo de enxergar o mundo ela pode também nos tornar todos cegos tem um grande escritor português chamado José Saramago Saramago escreveu uma obra é uma ficção mas que tem o título de Ensaio Sobre a Cegueira Ensaio Sobre a Cegueira podia ser uma
um convite uma provocação para que a gente saísse dessa cômoda com compreensão de que nós estamos encaixados no planeta Terra no mundo e que nós podemos fazer o que a gente quiser aqui a gente pode consumir tudo a gente pode comer tudo parecendo uma dessas festas que tem um panetone no Natal e já naturalizaram a as pessoas já naturalizaram que vai ter panetone e chega o natal e todo mundo come o panetone e sabem que vai ter outro panetone esse tipo de conhecer o mundo Essa maneira de conhecer o mundo tá errado a primeira vez
em Milão ou numa cidade no norte da Europa que eu me hospedei num hotel lá do outro lado do Atlântico já Tava incomodado com o frio e com ar seco aí eu tomei um banho e no café da manhã me disseram que aquele banho que eu tinha tomado era água Reus reuso gente quase que eu tive um troço eu falei caramba que isso essa água já já já deram uma descarga nela pegaram ela e mandaram ela pro chuveiro para mim de novo eu falei Esses caras são porco eles são tão bacana e tão porco e
esses choques de visão eles devem provocar alguma mudança interior na gente se eles não provocarem mudanças interior na gente nós vamos ficando com a casca dura vamos achar que sempre vai ter panetone e que sempre vai ter água nós estamos vivendo uma realidade no planeta hoje que cerca de 350 a 400 milhões de pessoas não tem água para beber não é para tomar banho não é para beber durante a pandemia aqui no nosso país eu me engajei nas campanhas para tentar a cuar algum conforto paraas pessoas que viviam em condições de muita abandono nas favelas
nas quebradas onde as pessoas já não tem água e quando veio a pandemia aí é que piorou geral e tinha uma campanha pública que era Lave as Mãos esfregue bem a mão lave a mão e tal nós somos tão cretinos que a gente manda alguém que não tem água para beber lavar as mãos três vezes antes de tomar café não tem café não tem essa de lavar a mão três vezes mas a gente naturaliza essa essa conversa esse pensamento esse discurso e a gente reproduz essa conversa como se o fato da gente declarar isso fizesse
isso acontecer como se o Natal fosse um evento que produzisse panetone ou frango ou que a Páscoa produz coelhos então a gente constrói uma mitologia totalmente desconcertante que depois vai conduzir a gente pela vida a gente vive uma vida eh orientada por essas mitologias no caso do capitalismo que virou uma religião planetária eh quem não for capitalista por favor levanta o dedinho aí vai ganhar um panetone Olha bem gente a gente não escolheu a gente não escolheu participar de uma economia Global onde todo mundo todo mundo é interdependente de uma única economia no planeta inteiro
quando eu era jovem as pessoas diziam É mas lá na China não é mas isso era quando eu era jovem porque a China hoje a economia da China ela é uma economia capitalista não tem nenhum país do planeta que não tem a economia capitalista é como um vírus o vírus se espalhou entrou nas pequenas comunidades em todos os cantos do planeta se você chegar na floresta e buscar uma um povo indígena que ainda tá eh vivendo com seus costumes próprios não estão consumindo roupa não estão consumindo esses adereços todos que é necessário pro cotidiano eh
do que nós achamos normal lá dentro o capitalismo já entrou Ele entrou como ele entrou nas relações entre as pessoas o meu amigo Davi copenal Yanomami que eu estava no Rio para homenagear ele no lançamento de uma biografia dele um filme com o título de copena o sonho da terra floresta é a pessoa que nesse planeta hoje mais mimetiza mais expressa mais eh é árvore é uma pessoa árvore um homem Floresta Ele nasceu vive ele tem a minha idade e até hoje ele é esse ser Floresta ele não fala da floresta ele é a floresta
e ele disse para mim há 20 anos atrás estão criando um programa de assistência pras famílias e veio um senador aqui na nossa aldeia é lá em Roraima na fronteira com a Venezuela para consultar a gente se a gente queria cadastrar os velhos para eles receberem o bolsa família esse dinheiro eu disse para ele não de jeito nenhum eu não quero isso aqui e eles disseram Ah mas vocês têm direito vocês têm direito a esse dinheiro aí ele disse mas esse dinheiro é veneno não mas é o direito de vocês ele falou eu quero ter
o direito de não querer e ele disse para mim kenac os nossos velhos são muito importante são os nossos velhos que ensinam tudo que a gente precisa saber para viver bem na floresta se a gente corromper os nossos velhos dando um dinheirinho para eles eles podem perder a noção do que eles são e para que eles envelhecem eles sabem por que eles duram muito tempo e eles vivem 70 80 anos e são muito importantes no meio Onde eles vivem porque todo mundo quer ouvir eles eles ganham muito presente por causa disso as pessoas caçam e
dão comida para eles vão na roça e trazem comida para eles pescam e dão coisas para eles fazem adornos bonitos assim e dão para eles se enfeitar trazem coisas e dão para eles quando eles começarem a se corromper com dinheiro ninguém mais vai se interessar por eles e a importância que eles têm socialmente para nós vai diminuir eu não quero esse dinheiro aqui dentro isso foi há mais de 15 anos atrás 20 anos atrás quando estavam disseminando no país essa ajuda financeira que em alguns lugares ela tem todo sentido mas que no meio da floresta
para um povo que viveu 2000 anos dentro da floresta 3.000 anos dentro da floresta sem precisar de transacionar com moeda com dinheiro porque eles faziam tudo por afeto são relações de solidariedade de reciprocidade eu te dou alguma coisa sem nenhum interesse e recebo muitas outras coisas de vocês sem nenhum interesse esse tipo de experiência ele é anterior à ideia da economia a economia que o pastor Ed já deve ter falado com vocês que o etimológico dela é casa oicos né casa economia é casa a floresta é casa Se você souber cuidar da casa da floresta
essa economia ela é natural então o capitalismo que invadiu todos os redutos da vida no planeta na China no Japão nos Estados Unidos ele subordinou a vida de milhões bilhões de pessoas que vivem a dinâmica disso consumir o mundo consumir a terra consumir Floresta consumir água consumir tudo consumir energia a ideia de energia por exemplo quando a gente fala em energia alguém deve pensar ah ele tá falando de acender essas lâmpadas energia é o Pilar dessa civilização contemporânea se der uma falha nesse complexo sistema de mover o mundo a metade de nós morre em 24
horas morre nos edifícios de 23 andares sem ar cima sem elevador para descer morre nos ambulatórios nos sanatórios em tudo com tti porque tudo funciona à base da tecnologia que nós naturalizamos e que essas coisas assim como o panetone do Natal ela ia resolver as nossas carências saúde educação isso que vulgarizar chamado de Meio Ambiente tudo seria resolvido com tecnologia A tecnologia vai resolver isso então a gente fica parecendo que somos uma espécie independente da etnia da cultura da raça que nós somos uma espécie como espécie Sapiens humanos nós nos tornamos uma espécie tão boba
uma espécie boba que perdeu a capacidade de invenção e que se acomodou com tudo que já foi custumizado e agora nós vamos consumir o século X trouxe a industrialização o século 20 avançou imensamente nisso que é a técnica a tecnologia disparou na nossa frente de uma maneira impensável e agora nós estamos diante de um dilema se é Nós ainda somos capazes de desligar a máquina ou se a máquina é que vai manter a gente agora funcionando Quem é que tá eh à frente das escolhas que nós fazemos hoje é um algoritmo você pensa que você
escolhe alguma coisa você acha que você escolheu a escova de dente que você usou hoje de manhã tem certeza você acha que você escolheu o sapato ou o sapato escolheu Será Que Nós escolhemos o que a gente come nossos hábitos alimentícios alimentares nós somos capazes de distinguir o que é que nós estamos comendo se alguém te der uma bolacha de papelão saborizada e disser para você que é chocolate você acredita ou não se você tiver no voo da Gol e eles perguntarem para você assim você quer um snaks tome cuidado porque eles podem estar te
dando a sola do sapato para você comer saborizada Morango baunilha o alimento que a maioria de nós consome ele é hiper processado significa que se você tirar uma batata da terra a partir daquela batata você pode produzir uma infinidade de coisas que podem ser mastigadas e engolidas acrescentada de vitaminas e outros suplementos em que nós vamos estar eh comendo coisas que não tem mais nada a ver com isso que a gente acha que é agricultura mas nós gostamos de naturalizar as coisas e dizer não existe agricultura a terra a terra produz a gente aprendeu a
mexer com ela nós somos um país que exporta bilhões de toneladas de grãos nós estamos bem na fita bem bem vai olhar o cerrado o errado que representa 1/3 da extensão territorial do Brasil desde aquii do serrado Paulista até o serrado lá no Maranhão que atravessa o país inteiro Tocantins sobe o Mato Grosso Goiás ele foi devastado pro Brasil se tornar o maior exportador de grãos o cerrado essa paisagem quase que considerada como um filho bastardo da ecologia brasileira ele foi entregue pro agronegócio transformar ele num carpete num carpete ordinário cheio de veneno Brasil é
o país que mais importa pesticida no planeta todos os pesticidas todos os herbicidas todos os venenos agrícolas que são proibidos na Europa São vendidos no Brasil Ora nós somos o quê um laboratório do capitalismo eles testam veneno na gente se a gente sobreviver como ratos a gente ganha um prêmio a gente vira o maior exportador de veneno do planeta Então no que estamos nos tornando como pessoas a escolha da pergunta é porque eu não consigo fazer a pergunta no sentido amplo do que estamos nos tornando como sociedade como comunidade a canção diz de todas as
coisas do mundo guarda o teu coração é tão linda essa canção é tão bonita essa mensagem mas se a gente guardar só o coração o que que vai acontecer com o estômago nós estamos nos consumindo como se nós também fôssemos mercadoria nós estamos nos consumindo como se isso fosse um moto Perpétuo uma coisa que a gente já herdou não tem jeito de escapar disso é assim mesmo o pau tá quebrando a cidade Rachou a meio teve uma tempestade um furacão Ah mas é assim mesmo torceu tudo Ah mas é assim mesmo é a maneira covarde
da gente recuar diante do desafio da vida e de sermos capazes de responder ao dom da vida com Grandeza com um sentimento verdadeiro de amor amor à vida mas tem gente que fala ah mas a gente não consegue nem amar uns aos outros entendeu como é que a gente vai amar a vida a vida é tão subjetiva o que que é a vida a a vida é o Jardim lá de casa são os passarinhos como é que eu posso amar uma coisa que eu não sei o que que é amar a vida seria uma boa
aproximação se nós respondemos a pergunta haverá futuro com uma meditação sobre o que é a vida se a gente souber para cada um de nós uma resposta do que é a vida e pudermos compartilhar ela com todos que estão ao nosso redor como alguma coisa que não acaba como uma fonte que é tão eh fecunda que ela não acaba que ela não vai ter reuso porque a questão é que nós podemos também naturalizar que a vida dá reuso a gente pode acreditar que nós somos uma espécie de duracel aquela pilinha que para enganar a gente
dizia que ela não acabava ela dura céu dura sempre a linguagem da propaganda a a drogadição da propaganda que mostra pra gente um carro flutuando na pandemia todo mundo morrendo e a indústria mobilista disparando design de carro novo para alcançar o nosso coração e Plantar lá no fundo do nosso coração um desejo de ter aquele carro nem que a gente tenha que matar a mãe da gente vocês devem falar nossa mas que feio matar a mãe eu tenho vivido talvez já há 50 anos com uma parte de nós como povo como população do país eu
tenho vivido uns 50 anos com uma parte de nós que acredita que a Terra é a nossa mãe mãe Terra Mãe Terra nas línguas indígenas com quem eu aprendo a Terra é mãe a semana passada lá na aldeia crenac foi inaugurada uma pequena casa feita de madeira e Palha que a minha companheira decidiu dar o nome para aquela casa de kem e o pu significa casa mãe porque ela quer fazer um trabalho social com as suas irmãs seus afilhados sobrinhos é uma família grande na aldeia mas que passou por muitos traumas a gente perdeu um
rio inteiro a gente não perdeu um copo d'água a gente perdeu o Rio Doce 630 km de extensão de um rio que foi devastado pela mineração e eu me tornei assim uma espécie de de acusador eu acuso as corporações mineradoras de estar matando os rios não só o nosso rio o rio doce mas de matar Rios na Amazônia vocês devem ter visto que o Rio Madeira tá secando o Solimões há do anos atrás ficou com as embarcações atoladas no barro não tinha nem água paraas embarcações passar acontece que semelhante à coisa da energia para funcionar
a cidade na Amazônia não tem Estrada tem rio se secar a água do rio as pessoas não saem de casa não vão buscar Socorro em lugar nenhum e nem vão se ajudar em lugar nenhum vão ficar paralizados em alguns lugares sem atravessar de barco de canoa um lugar pro outro e vão ter que buscar água muito longe carregando uma vasilha de água na cabeça porque as pessoas devem achar que a floresta é tão úmida que basta você fazer assim pegar água e botar na boca não é verdade você pode morrer de sede numa boa no
meio da floresta Então isso que a gente chama de Meio Ambiente Ecologia Essas frases que a gente costumou elas podem ocultar uma parte da nossa hipocrisia a gente naturaliza tudo da mesma maneira que a gente naturalizou no na linguagem dos brasileiros a ideia De menor abandonado menor abandonado tem muitos relatórios que diz a cidade tá tem tantos menores abandonados tantos menores abandonados assistente social fala ah lá a gente tem não sei quantos mil meninos menores abandonado a gente naturaliza essas expressões depois que elas estão naturalizadas elas vão pra carteira acabou dane-se se eles vão ser
1 milhão 10 milhões Eles já são uma categoria menor abandonado nas grandes metrópoles a gente já instituiu uma outra categoria que são as pessoas que dormem nas calçadas você tá andando eu levei um susto uma vez que eu tava andando numa dessas calçadas urbanas Nossa e tropecei num ser humano tinha um humano enrolado em papelão e era de noite e a gente tava descendo uma dessas calçadas pirambeira daí a pouco eu vi que eu tava tropeçando em alguma coisa e era um ser humano eu fiquei horrorizado e eu me lembrei de um poema que eu
acho que é do drumon que diz que ele viu um bicho removendo a lata de lixo quando ele chegou perto para ver era um humano o drumon com aquele coração dele ele achava que que seria um abismo você não não ser mais capaz de distinguir um ser humano de um rato um bicho e eu confesso para vocês gente eu já me enjoei de ver ser humano virando lata e tirando lixo e separando qual parte do lixo que ele vai comer então nós nos tornamos uma humanidade que eu costumo dizer que deu metástase não um indivíduo
não um órgão mas a espécie Será que é possível uma espécie da metástase porque na linguagem médica metástase é quando o nosso organismo cessa a capacidade de renovação celular eu não tô falando de iPhone não hein e nem desse Samsung porque você não vai a renovação celular vão comprar um celular novo o consumo é uma desgraça que pega a gente de todos os lados se alguém disser Ah eu não tenho isso tá mentindo por favor gente acendam uma lâmpada e andem por aí e procure alguém que não ten a doença do consumo como como a
gente vai fazer com essa doença porque de um lado nós consumimos consumimos consumimos e do outro lado aquilo ou aquela que a gente acha que é da nossa espécie está enfiada numa lata de lixo caçando coisa para cheirar ver se tá podre se dá para comer e nós estamos atravessando um corredor para pegar um avião passando dentro de um espaço que é tão indecente que para você chegar até o portão onde você vai embarcar tem 30 prateleira vendendo coisas para você vendendo perfume sapato remédio roupa O que é que tem a ver você enfiar dentro
de um espaço do aeroporto um shopping aquele lugar deveria ser um lugar de trânsito onde alguém se desloca eles transformaram Aquilo num arapuca aonde você fica perdido perde o voo perde a paciência perde o tudo perde a grana perde a vergonha dentro daquela peste daquele lugar que eles chamam de Free Shop Então é isso Free Shop o que nós queremos engajados integrados numa comunidade global que só consome e que acha que consumir é o nosso destino então aquele o homo vber que fazia ele virou agora esse homem mercadoria doente pela mercadoria louco pela mercadoria Não
importa se é o carro da última moda desenho e tudo que flutua no espaço carros não tem que flutuar no espaço carros necessariamente devem andar agarrado no chão mas a indústria trata a gente como idiota eles mostram um carro flutuando para despertar o nosso desejo gente a gente deveria nos perguntar como é que vai o nosso desejo alguém pode falar assim eu desejo sair correndo aqui vim no lugar errado qu pode dizer eu desejo me conhecer melhor me conhecer para saber se eu sou capaz de fazer alguma escolha boa porque se eu não me conheço
se eu não consigo prospectar Quem tá aqui dentro falando eu posso sair por aí fazendo qualquer escolha porque eu não sou ninguém mesmo essa conformidade de que a gente pode ser ninguém é uma armadilha também que a gente pode andar oculto na multidão [Música] E de dentro desse lugar oculto da multidão a gente pode mandar bala perdida para todo lado consumir consumir consumir comer o mundo comer o mundo comer o mundo e ainda apontar alguém que é culpado tem alguém que é culpado eu comi o mundo mas tem alguém que é culpado ora tem um
um termo que não é muito comum e eu mesmo demorei muito para entender o sentido dele que para além da gente constituir um uma pessoa uma identidade eu sou o João eu sou a Maria José o Ailton o para além dessas identidad nós precisamos pra gente ser capaz de instituir um sentido de alteridade autoridade é uma personalidade que consegue ver o outro e que sabe que eu não sou você eu não sou você você é diferente de eu tenho que reconhecer você na sua diferença eu tenho que ser capaz de achar alguma coisa boa em
você que não é a minha imagem e semelhança se eu quiser achar bonito em você só o que já tem em mim é um espelho né a gente pega um espelho e põe aqui assim ó aí pessoa olha olha igualzinho eu que bonitinho e nós somos capazes de admirar o que não é a nossa própria imagem ou o que é diferente a gente acha sem graça feio desimportante o princípio da alteridade pode ajudar muito uma pessoa a se tornar melhor para si mesmo e se tornando melhor para si mesmo ser referência para quem tá ao
redor para se organizar também internamente para não ser um coração Pânico né os chineses os mestres antigos chineses tipo Confúcio chsu esses caras que viveram 2000 4000 anos atrás eles diziam diferente do Ocidente que acha que a gente pensa com a cabeça eles diziam que a gente pensa com o coração é entre o estômago e o coração que tá situado esse lugar de Sabedoria não é na cabeça mas todos nós fomos colonizados pela ideia de que não ele é uma cabeça boa ele tem não sei o que na cabeça mais do que cabelo e piolho
então ele tem muito muito cabelo pouco piolho muito piolho pouco cabelo então Eh o que interessa saber De onde nós disparamos os nossos pensamentos se é do coração ou se é da cabeça nós falamos sobre essa iniciativa interreligiosa para as florestas tropicais encontrei o Carlos Vicente aqui que a gente deve ter quase 20 anos que a gente não se encontra porque a gente se encontrava em outras situações e as situações que a gente se encontrava era na frente de luta para manter as florestas em pé as florestas estavam sendo violentamente atacadas estavam sendo apropriadas nosso
país estava mudando o código florestal para liberar geral a gente tava contra a gente perdeu perdeu mais essa é bom também a gente fazer uma contabilidade e ver quantas coisas a gente já perdeu sem ficar ofendido a gente pode fazer uma lista das coisas que a gente já perdeu não faz mal não porque às vezes a gente repugna a ideia de listar o que a gente perdeu a gente é tão perfeito que a gente não quer perder nada a gente é tão esperto e sabido que botar uma lista de coisa que a gente perdeu dá
até vergonha acontece que a vida é assim mesmo a primavera vem o inverno o verão o outono se alternam aquelas ávores bonitas frondosas cheias de folha que dá vontade da gente até comer as folhas depois aquelas folhas secam e caem e o chão fica lá cheio de folha caída isso que a gente chama de natureza ensina todo momento para nós que a vida como diz Guimarães Rosa ela aperta e solta aperta e solta tem pais que não quer deixar seus filhos sair de perto porque acha que vão controlar os filhos tem mãe que pensa assim
não mas ele só tem 11 anos 12 anos pode não ah ela só tem 15 anos pode não e a gente cria essas prisões particulares pequenas cinh domésticas onde a gente fica aterrorizando uns aos outros com decretos de prisão perpétua não sai daqui não hein Olha aí hein então a gente faz isso como um punhado de vícios que a gente naturalizou na nossa vida e depois quando a gente olha ao redor da gente vê o terremoto chegando a gente fica muito incomodado porque nós queremos um mundo feito pra gente estragar a gente não quer lista
de coisas que a gente perdeu a gente não quer ver nenhuma imperfeição em nada a gente quer um mundo perfeito porque nós estamos aqui para estragar ele se tivesse uma pergunta cósmica pros humanos dizendo Ei humanos vocês que estão aí zoando no planeta o programa de vocês é qual mesmo que vocês vão fazer nesse planetão a única resposta honesta gente seria consumir a gente vai comer esse planeta essa iniciativa pelas florestas Ela é tímida diante do tamanho da tragédia seria mais ou menos como aquela ideia do beijaflor que carrega uma gotinha d'água e vai lá
naquele incêndio apavorante e joga a Gotinha de água e vai buscar outra Gotinha de água e alguém teria perguntado mas beija flor que Coisa inútil você ir buscar uma gotinha d'água para apagar aquele incêndio e ele fala tô fazendo a minha parte essa coisa da iniciativa eh interreligiosa eu quase que diria que ela chegou tarde nós estamos com as florestas no chão em alguns lugares calcinadas queimadas a fumaça da floresta tá passando em cima das nossas cidades a centenas de quilômetros de onde ela tá queimando tem um cientista que eu Vivi com ele nos últimos
anos que eu gosto muito dele que se chama Antônio Nobre ele é um especialista de clima e é um dos maiores estudiosos dos ciclos naturais de Floresta como que uma floresta nasce como que uma floresta prospera e como uma floresta pode acabar esse meu amigo ele diz que as árvores não uma árvore mas as árvores em Bosque elas T uma inteligência natural que elas TM uma inrede Elas têm uma ele chama de uma internet subterrânea que são as micro filamentos delas Raízes que se comunicam em Floresta e que todas são solidárias umas com as outras
e que a floresta tem inteligência tem uma inteligência viva será que a gente não consegue imitar a floresta gente e nos constituir numa inteligência viva ao in vez da gente ser só comedores de planeta o desafio é isso é ser uma inteligência viva desse lugar de uma inteligência viva a gente pode se relacionar com os outros eventos da cultura da Fé disso que a gente chama de religião a gente pode se relacionar com tudo mas a partir de uma semente viva senão a gente vai ficar conformando que tá tudo bem Entendeu que faz as nossas
escolhas a cultura é assim mesmo e a gente continua comendo a única mãe que nós temos que é a terra mãe mesmo mãe Global mãe de todo mundo a única mãe de todo mundo que eu conheço é a terra eu ten a minha querida mamãe eu não sei se os meus sobrinhos conseguiram trazer ela aqui mas ela é análoga a essa mãe planetária para mim ela é um planeta e é tão maravilhoso ela tá viva entre nós fazer aniversário completar 95 96 da gente Pou fala nossa daqui a pouco ela vai fazer o quê 100
é maravilhoso né mas essa é uma mínima expressão da Maternidade que o planeta concede eu sei que para muitos de nós todos que foram formados no ocidente a ideia da terra como organismo vivo capaz de ser nossa mãe mesmo é uma abstração para muitos de vocês a ideia de a terra ser nossa mãe é uma expressão poética mas nada aplicada para mim não é poética a Terra é mesmo a mãe de tudo que a gente entende que tá viva no planeta e quando ela se aborrecer com a gente ela pode eventualmente tirar o oxigênio da
gente por uns 10 20 minutos e vocês vão ver o que é bom pra tosse a única maneira da gente viver sem o oxigênio que o planeta nos dá de graça É com um equipamento de astronauta com aquela coisa esquisita aquele escafandro aquele trem ora eu não quero andar daquele jeito já foi muito incômodo usar uma pequena máscara durante a pandemia Imagina você andar um com com um garrafão aqui e uma coisa na sua cabeça porque você não pode respirar esse ar que tá aqui fora e é alimentado por oxigênio através de um mecanismo cretino
que a tecnologia vai nos dar haverá futuro uma das minhas frases que tem mais se repetido em vários formatos é que o futuro é alguma coisa que nós imaginamos o futuro não existe o futuro é alguma coisa que a gente pode imaginar pode projetar e o grande desafio é depois de projetar fazer o futuro não é um panetone te esperando no natal se você acreditar nisso pode ficar sem festa no final do ano pode bater a cara na lata o futuro é uma das mitologias que a sociedade da mercadoria inventou para enganar a gente Dizem
que quando o John Ford descobriu que podia fazer carro em série vender aqueles carroos bigode dele aqueles Forge do final da da do do 910 12 parece que o primeiro 11 12 16 primeiro modelo de carro quando fizeram aqueles primeir modelo de carro ele descobriu que ele podia costumizar aquilo né Aliás a expressão fordismo é aquela coisa que o McDonald faz toda hora sai um hambúrguer igual bifin bifin bifin bifin hambúrguer hambúrguer hambúrguer bifin tem menino por aí porque se falar bifin hambúrguer perto das crianças fica tudo orçado bifin bifin hambúrguer então o o o
fordismo é é a capacidade que a civilização Industrial tem de fazer Mais do Mesmo fazer igual é o fordismo fazer sapato igual roupa igual camisa igual calça igual óculos igual tudo igual fordismo porque eles já estavam projetando um mundo entupido com 8 bilhões de pessoas para quem você tinha que vender coisa olha que coisa louca tem aquela propaganda daquele biscoitinho que diz esse biscoitinho é mais sequinho porque a gente come muito ou a gente come muito porque ele é mais sequinho vocês lembram dessa propaganda de uma bolachinha aquela piada é sobre isso então a gente
o mundo tá tão crocante a gente come o mundo crocante porque a gente come mais mundo ou porque o mundo é mais crocante do que a gente come no mundo então lá vem o tatu Raimundo né então é desse jeito gente é desse jeito a gente parece um bando de bobo mordendo o nosso próprio rabo então a gente precisa ser capaz de sair dessa espécie de dormência mas a gente podia experimentar uma saída da dormência semelhante ao que uma semente faz os agrônomos os os agroflorestais o pessoal que mexe com plantio de Floresta Eles sabem
que muitas sementes não é suficiente que você jogue ela no chão você precisa quebrar a dormência dela tem que quebrar a dormência da semente para ela germinar algumas sementes são bem duras precisa escarificar ela ralar ela para depois ela disparar outras são o vento leva elas prosperam Tomara que essa campanha das florestas tropicais ainda alcança escala para que a gente possa mesmo apoiar a restauração Florestal em Milhões de hectares de Floresta que foram queimadas de propósito nos últimos 10 anos no Brasil foram queimadas de propósito tipo assim senta fogo vocês viram eu não vou repetir
coisas que vocês viram no noticiário um sujeito correndo com uma trilhadeira jogando fogo na vegetação disparando uma coisa de máquina jogando fogo para trás quer dizer o mundo que nós estamos habitando não é um jardim da infância o mundo que a gente tá habitando é um lugar que exige muito cuidado o cuidado de si né cuidado com a gente mesmo e o cuidado do outro plantar Floresta cuidar de Floresta é uma missão que deveria ser considerado das duas ou três mais importantes tarefa de nós os humanos porque se a gente não tiver Floresta não vai
ter água e vocês podem ter certeza usar água de esgoto é chato para caramba inclusive que a gente aprendeu que a água não tem cor né água não tem cor e nem sabor eu guardo isso na minha cabecinha desde criança se você ver uma água que tem cor desconfie dela se ela tiver sabor tem alguma coisa errada água não tem cor nem sabor não é maravilhoso isso e no entanto a gente não vive sem água e a primeira vez que eu tive que tomar um banho com água re ciclada eu realmente Ban não [Aplausos] vamos
lá Bé será que a vai sentado gratidão a gente vai fazer um intervalo agora ótimo tá bom beb gente eh eu tenho certeza que enquanto você ouviu o krenak você fez muitas conexões com evangelho e eu enquanto ouvia o kenac Lembrei de dois livros que foram muito importantes na minha inspiração espiritual né água ai que maravilha Essa não é de reuso viu Fica tranquila e eu estava falando de dois livros O primeiro é o Cristo Universal do Richard hor e o segundo na mesma linha na mesma pegada é o Cristo cósmico do Leonardo bof e
eu recomendo para vocês que T interesse em perceber que que o Cristo que nós celebramos adoramos e servimos ele atravessa as fronteiras religiosas e ele cuida do mundo está presente no mundo e hoje pela manhã nós tivemos nesses poucos instantes a oportunidade de perceber quanta conexão quanta comunhão e quanta unidade existe ah entre nós e tudo que nós ouvimos e entre nós e com a mãe terra entre nós e a vida as fontes de vida e o Cristo que atravessa tudo isso