Brasil. O país que abriga a maior biodiversidade do planeta terra. A quinta maior nação do mundo, com uma variedade de biomas, ecossistemas e espécies que só muito recentemente começamos a valorizar.
Do ponto de vista natural, o país mais rico do mundo. Mas será o seu passado profundo tão diverso quanto seu presente? A resposta vai te surpreender!
O dinossauro mais antigo conhecido é gaúcho! O maior dinossauro do Brasil é mineiro! O cretáceo do nordeste transborda com alguns dos fósseis mais diversos e bem preservados do planeta.
E esse é só o começo! Eu te convido a viajar no tempo sem sair do lugar para conhecer a diversidade de paisagens e animais brasileiros durante a era mesozoica. No caminho, conheceremos alguns dos mais importantes dinossauros do Brasil e entenderemos como nosso território evoluiu durante esse tempo.
Tudo isso para responder a nossa pergunta: Como era o Brasil na era dos dinossauros? Esse documentário é inspirado e baseado na obra de Luiz Aneli, ilustrada por Julio Lacerda, o novo guia completo dos dinossauros do Brasil. Seja bem vindo ao Brasil da era Mesozoica.
Vamos nos localizar no tempo geológico. Popularmente, quando falamos sobre a era dos dinossauros, estamos falando de algo exageradamente antigo. Ela dura do início do período triássico, atravessando o jurássico até o fim do período cretáceo, de 252 até 66 milhões de anos atrás, com 186 milhões de anos de duração.
Esses três períodos compõem a era mesozoica. Antes dela, veio a era paleozoica, muito mais longa e depois dela, começa a era dos mamíferos, a que vivemos hoje: a cenozoica, bem mais curta. Parece uma quantidade imensa de tempo, e de fato é, mas se pensarmos em toda a duração da existência do planeta Terra, perceberemos que os dinossauros são relativamente recentes.
Se comprimirmos os 4,5 bilhões de anos da Terra em um único dia, começando a meia noite com a formação da terra e o presente situado a meia noite na passagem para o dia seguinte, perceberemos algo curioso. Os dinossauros apareceram as 22h46 da noite e desapareceram apenas 21 minutos antes da meia noite. Os mais antigos membros da nossa espécie apareceram apenas 6 segundos antes da meia noite, nesse relógio geológico.
Um pouco antes da era mesozoica, entre o fim do Carbonífero e o início do Permiano, o Brasil fazia parte das massas do supercontinente Gondwana, juntamente com a África, Antártida, Austrália e Índia. O desenho característico dos litorais brasileiros, assim como todas as nossas praias, não existiam, porque o oceano atlântico ainda não existia, e as regiões que são hoje litorâneas, eram o interior de um vasto continente, a milhares de quilômetros do oceano. Estávamos posicionados numa latitude muito mais próxima do Polo Sul, e por durante muito tempo, uma boa parte do cone sul e parte do Brasil central estavam cobertos por uma imensa geleira.
Essa é a glaciação Karoo, que deixou marcas em boa parte do território Brasileiro, como no interior de São Paulo, que abriga os mares de penedos, rochas arredondas que chamamos de matacões glaciais, retrabalhadas pela geleira durante a glaciação Karoo, assim como a rocha moutonée em Salto, que preserva uma marca de arranhão deixada pela passagem do gelo. O fóssil de uma geleira. Mas também o lago do varvito, em itu, que era um lago subglacial durante o inverno, com icebergs que transportavam rochas as vezes, bastante grandes, que caíram no sedimento e ali permaneceram pelos últimos 300 milhões de anos.
Na superfície das rochas, que um dia foram o fundo desse antigo lago, marcas de pegadas de pequenos artrópodes. O Sul do Brasil inteiro estava debaixo de uma camada de quase 1km de gelo, e por quase todo o território do Brasil, regiões áridas se espalhavam, nesse mundo frio e seco. Muito parecido com os desertos gelados da Argentina, atualmente.
Durante o permiano, último período antes da era dos dinossauros, os animais tetrápodes, com quatro patas, se adaptaram para os ambientes mais secos, principalmente através dos ovos amnióticos, que permitiam a reprodução fora da água, como a que os anfíbios usam até hoje. Esses animais amniotos se dividiram em duas linhagens: os sinápsidos, como nós mamíferos e muitos outros grupos extintos, e os saurópsidos, todos os repteis que você puder imaginar e mais um monte de grupos extintos e as aves. Isso significa que os dinossauros são saurópsidos, assim como os seus parentes mais próximos, os crocodilos, mas também os lagartos, tartarugas e cobras.
Os saurópsidos ocuparam papéis humildes nos ecossistemas permianos, que eram dominados por sinápsidos que eram mais próximos dos mamíferos, apesar de muitas vezes não parecer, e anfíbios temnospôndilos gigantes nas regiões úmidas e oceanos. O permiano brasileiro também é uma época com uma biodiversidade impressionante, que vale um documentário por si, mas nós ainda nem chegamos na era dos dinossauros. Ao longo do permiano, as massas do norte se juntaram à Gondwana formando o supercontinente Pangeia.
Ele não foi o primeiro, mas é certamente o mais famoso supercontinente conhecido. Isso isolou ainda mais o território brasileiro da umidade do oceano, tornando as condições ainda mais áridas e desafiadoras. Com todas as massas de terra do planeta reunidas em forma de “C”, formaram-se dois oceanos, o gigantesco Panthalassa e o mar de Thétis, no interior da Pangeia.
O ápice desse tempo extremamente ativo geologicamente foi quando grandes derrames basálticos aconteceram onde hoje é a Sibéria. Essas erupções podem ter durado milhares a milhões de anos, depositando quilômetros de rochas vulcânicas e envenenando a atmosfera. A cascata de eventos ecológicos desencadeada pela aridez global combinada com as mudanças climáticas e químicas trazidas pelos derrames, provocou a extinção em massa mais aniquiladora da história dos animais.
A chamada grande morte, ou extinção permo-triássica extinguiu quase 90% das formas de vida do planeta, pondo um fim as linhagens dominantes do permiano e abrindo as oportunidades de um recomeço. Quando a poeira assentou e o planeta pode lentamente se recuperar, o jogo da evolução havia virado de ponta-cabeça. Os sauropsidos puderam aumentar de tamanho e se diversificar, apesar dos sinápsidos não terem ficado tão pra trás, com linhagens muito bem sucedidas e até gigantescas.
Muitos novos grupos de saurópsidos, entre eles os arcossauros, que abriga os dinossauros e crocodilos, se diversificaram explosivamente nos primeiros milhões de anos do triássico, mas os dinossauros não estavam entre eles. Foi só mais de 20 milhões de anos triássico adentro que a linhagem dos dinossauros se separou dos seus arcossauros ancestrais. O que define o grupo, assim como qualquer grupo biológico, é que eles são todos parentes mais próximos entre eles do que com qualquer outro grupo de animais, como os pterossauros, que são o grupo mais próximo dos dinossauros mas não são dinossauros, embora ambos se unam para formar os avemetatarsalios.
Todos os animais dessa linhagem dos dinossauros, que inclui um ancestral comum e TODOS os seus descendentes, compartilham algumas características, e por isso as aves ainda são dinossauros. E nunca deixarão de ser Na biologia, uma vez que você faz parte de um grupo, você sempre vai pertencer a ele. Os dinossauros são definidos por algumas características compartilhadas no seu esqueleto, no crânio, vértebras, membros, como a fusão de pelo menos 3 vértebras sacrais e um acetábulo aberto.
Os primeiros dinossauros eram pequenos, bípedes e generalistas, muito provavelmente vivendo de comer insetos e pequenos vertebrados. Eles podiam ser presas dos grandes carnívoros dominantes, os pseudosúquios, mais próximos dos crocodilos. Mas depois de um evento de mudanças climáticas do meio pro fim do triássico, conhecido como evento pluvial do carniano, a sorte dos dinossauros mudou.
Um aquecimento dos oceanos, levado por forças vulcânicas afetou a biodiversidade dos oceanos, mas também dos continentes, provocando um período extremamente úmido, com chuvas anormais, durante mais de um milhão de anos. Isso reconfigurou os ecossistemas, a favor principalmente dos dinossauros, extinguindo os animais dominantes da primeira metade do triássico e inaugurando oficialmente a dominância dos dinossauros no planeta Terra. Sua habilidade de regular a própria temperatura e seus sistemas respiratórios eficientes foram essenciais para atravessar as chuvas do carniano e saírem vitoriosos.
Os desertos deram passagem para ambientes menos áridos, facilitando a dispersão dos dinossauros pela pangeia e tornando eles um dos grupos de vertebrados mais cosmopolitas de sua época. O palco estava montado para a diversificação do grupo mais icônico de animais da pré história. E é por aqui que começamos a conhecer os dinossauros do Brasil.
Cerca de 233 milhões de anos atrás, viveu Staurikosaurus, o primeiro dinossauro do mundo, na formação santa maria, do Rio grande do Sul. Seus ossos foram escavados há quase 90 anos, em 1938, mas ele só foi descrito e nomeado em 1970, sendo não apenas o mais antigo como o primeiro dinossauro brasileiro. Ele habitou essa região durante o evento pluvial do craniano, um intervalo com vegetação muito mais exuberante do que o normal para o interior da pangeia.
Ele pesava cerca de 12kg e se parecia muito com um dinossauro carnívoro tradicional, os chamados terópodes, mas olhando mais de perto, podemos perceber que ele pertence a outra linhagem de dinossauros. Muito cedo em sua história, os primeiros dinossauros se dividiram em duas linhagens: os ornitísquios e os saurísquios. Os ornitísquios do triássico são raros e sua diversidade aflorou mesmo no jurássico e cretáceo, com os dinossauros encouraçados, os estegossauros, hadrossauros e ceratopsianos.
Ou seja, todos os dinossauros herbívoros com exceção dos pescoçudos. Os pescoçudos, chamados saurópodes, são mais próximos dos carnívoros bípedes, os terópodes, formando o grupo saurísquia. Aparentemente, os herrerassaurídeos, como Staurikosaurus eram um grupo irmão tanto dos saurópodes quanto dos terópodes, sendo um saurísquio basal, uma linhagem que se dividiu antes da divisão das duas principais linhagens de saurísquia, mas que não deixou descendentes para o jurássico.
Um herrerasaurídeo ainda maior, com 3 metros de comprimento foi encontrado mais recentemente, em 2014, com um esqueleto praticamente completo, batizado Gnathovorax. A formação Santa Maria, onde foi encontrado, não abriga apenas alguns dos dinossauros mais antigos do mundo, mas também uma série de outros animais únicos do triássico, representando uma transição entre dois mundos. Alguns dos dinossauros mais abudantes do triássico brasileiro eram os sauropodomorfos.
Apesar de muito diferentes dos dinossauros pescoçudos, eles são mais próximos deles do que de qualquer outro grupo de dinossauros. Os primeiros dinossauros, como sabemos, eram pequenos, bípedes e generalistas com tendências carnívoras, mas os saurópodes subverteram tudo isso, se tornando grandes, quadrúpedes e herbívoros. Nessa transição evolutiva, estão várias linhagens de sauropodomorfos brasileiros.
Quanto mais perto da divisão entre a linhagem dos saurópodes e dos terópodes, mais difícil fica de dizer quem é quem. Algumas linhagens de sauropodomorfos permaneceram pequenas e principalmente carnívoras, como o pequeno Pampadromaeus barberenai e um pouco maior, Saturnalia tupiniquim. Ambos são interpretados como animais muito próximos um do outro, uma linhagem de dinossauros bípedes, mas com pescoços longos e dentes adaptados para uma dieta variada, que incluía pequenos vertebrados, ovos, insetos e vegetais.
Ambos, também gaúchos da formação Santa Maria. E eles não eram os únicos. Outros sauropodomorfos, como Buriolestes schultzi, Bagualosaurus agudoensis e Macrocollum itaquii, também habitaram a mesma região.
Buriolestes era pequeno e vivia de forma semelhante a Pampadromeus e Saturnália. Bagualosaurus era maior, tinha as patas traseiras mais largas e provavelmente se alimentava mais de plantas do que de animais. Mas Macrocollum era praticamente uma miniatura bípede dos dinossauros pescoçudos, com seus dentes denunciando uma dieta já quase completamente herbívora.
Isso significa que existiam sauropodomorfos de diversos tamanhos e hábitos ocupando diversos nichos ecológicos simultaneamente! Eles foram alguns dos primeiros dinossauros muito bem sucedidos. Mas percebemos que durante o início da diversificação dessa linhagem durante o triássico, os famosos terópodes e herbívoros ornitísquios estavam quase ausentes.
Sauropodomorfos foram os primeiros dinossauros herbívoros verdadeiramente grandes, e se espalharam por todo o planeta, com parentes como Plateosaurus sendo conhecidos da Alemanha, por exemplo. Através da confirmação dos fósseis do Sul do Brasil e norte da Argentina, pudemos entender que essa região foi o berço dos dinossauros, e que a partir dela, eles se espalharam pelo mundo e se diversificaram. Isso significa que existe uma grande chance de os primeiros dinossauros terem sido brasileiros, assim como é o mais antigo dinossauro conhecido.
Até o fim do triássico, os dinossauros já haviam se estabelecido como a megafauna dominante do planeta Terra, assim como os repteis aquáticos tinham dominado os oceanos e os pterossauros se tornaram os primeiros vertebrados a voarem. Mas um novo evento de extinção em massa marcou o fim do triássico e o início do jurássico, promovendo uma diversificação dos dinossauros e a extinção de muitas das formas únicas do triássico. A essa altura, o território brasileiro permanecia parte de um interior continental árido e desafiador.
Chegamos ao Jurássico, um período cujas rochas são raras aqui no Brasil, e consequentemente, não conhecemos quase nada sobre a sua diversidade de animais e plantas durante esse período. O jurássico brasileiro é um dos grandes mistérios da paleontologia, e pode ser que muitos grupos únicos de dinossauros tenham existido somente aqui, mas sem que seus esqueletos tenham durado até os dias atuais, para que possamos conhece-los. Em regiões mais ao Sul do nosso continente, bem como regiões da Antártida e da África, fósseis jurássicos são bem conhecidos e várias espécies de animais já foram documentadas.
Mas o Jurássico brasileiro não deixou rastros por uma razão que afeta a vida da maioria de nós: a formação das serras, mares de morros e planaltos do nosso país. A Pangeia já estava se rompendo em um eixo Norte-Sul, separando novamente Gondwana e Laurásia, enquanto se fragmentava lentamente. Também durante o Jurássico, uma cadeia de montanhas começa a se formar entre o que hoje é a América do Sul e da África.
Forças do interior do planeta forçaram Gondwana a se comprimir, formando uma imensa zona de elevação onde hoje é o Brasil, criando uma área de fraqueza, onde as placas se fragmentaram. Essa elevação constante favoreceu o desgaste e não a deposição das rochas nessa região, destruindo fósseis ao invés de formando fósseis. Até o fim do jurássico, essa zona de fraqueza, onde as montanhas haviam se formado, passaram a se separar, abrindo caminho para o jovem oceano atlântico e formando pela primeira vez, o reconhecível formato do litoral brasileiro.
As cicatrizes desse processo ficaram dos dois lados, com áreas elevadas e acidentadas na América do Sul e na África. São Paulo, por exemplo, fica a cerca de 40km do litoral, no entanto, a metrópole fica na beira de um imenso paredão de quase 700 metros de altura, as serras. O interior do sudeste brasileiro Brasil é caracterizado muitas vezes pelo que chamamos de mares de morros, montes arredondados que se espalham pela paisagem como ondas, as antigas montanhas formadas durante o Jurássico, que foram erodidas e atenuadas pela chuva e pelas demais forças da natureza por 150 milhões de anos.
Segundo Aneli, “No Brasil, rochas jurássicas aparecem aqui e ali, como os fósseis de uma antiga floresta petrificada no Ceará, o importante crocodilo no maranhão, pegadas de dinossauros em Pernambuco. A geologia poderia ter sido mais generosa, mas não foi. Os 46 milhões de anos do jurássico brasileiro permanecerão um grande mistério para nós até que novas e improváveis descobertas ocorram.
” O fóssil de dinossauro mais significativo do jurássico brasileiro também vem de terras gaúchas, na formação Guará, na cidade de Rosário do Sul. Ele é uma trilha de 2,4 metros de comprimento com cinco pegadas, quatro delas de patas traseiras com 32 cm de comprimento que pertenceram a um anquilossauro, grupo de dinossauros herbívoros fortemente armados. Eles são também os anquilossauros mais antigos da América do Sul, com 150 milhões de anos de idade.
Isso significa que por mais que não tenhamos muitos fósseis, existiam dinossauros até mesmo bem grandes por aqui, durante o jurássico. Essas pegadas são um tipo de icnofóssil, um registro indireto da presença de animais ou atividade biológica. Eles são fósseis muitas vezes subestimados e pouco conhecidos, mas para algumas perguntas eles são até mais reveladores do que os somatofósseis, ou fósseis de partes do corpo de animais e plantas.
Isso porque eles são uma janela para o comportamento animal, e muitas vezes, até mesmo sua fisiologia. Durante o Jurássico, os dinossauros se tornaram verdadeiramente gigantescos pela primeira vez, com os saurópodes ocupando o posto de maiores animais terrestres que a vida havia produzido até então. Mas mudanças importantes estavam ocorrendo entre alguns dos menores dinossauros, os dromeossaurídeos, um grupo muito bem sucedido de terópodes carnívoros emplumados de pequeno e médio porte.
Acreditamos que eles tenham sido os dinossauros mais inteligentes, sociáveis e sofisticados cognitivamente. Seus sacos aéreos e penas acabaram sendo cooptadas para uma função revolucionária evolutivamente: o vôo batido. Alguns dos primeiros dinossauros aparentados com as aves do Jurássico, como archaeopteryx, não tinham os músculos necessários para bater as asas e sustentar o vôo batido.
Mas eles tinham garras afiadas adaptadas para escalar árvores e planar de um ponto até o outro com muita precisão. Até o fim do jurássico a linhagem das aves já tinha aperfeiçoado até mesmo o vôo batido, começando a competir com os pterossauros por recursos no nicho de vertebrado voador. Muitos tem a ideia de que as aves só evoluíram depois da morte dos dinossauros tradicionais, mas isso não é verdade.
Do fim do jurássico até o fim do cretáceo, elas eram só mais um tipo de dromeossauro hiper especializado para o vôo. Seres muito parecidos com passarinhos já atormentavam os dinossauros gigantes há muito tempo quando eles finalmente morreram. Se pudéssemos conhecer o jurássico brasileiro, certamente nos surpreenderíamos com algumas das primeiras aves e primeiros dinossauros colossais.
Com o fim do enigmático jurássico, começa o cretáceo brasileiro, um dos períodos e lugares mais vibrantes e ricos da paleontologia. Durante o cretáceo, as plantas com flores e frutos se diversificaram e se expandiram, se tornando cada vez mais comuns, coevoluindo com os insetos sociais megadiversos no que chamamos de revolução terrestre do cretáceo. Nós mamíferos, já tínhamos nos dividido entre os placentários e os marsupiais há muito tempo, e vivíamos de formas mais diversas do que somos levados a crer.
Na medida em que Godwana se fragmentava, o oceano atlântico crescia, trazendo cada vez mais umidade para as massas de terra continentais. O cretáceo é um período muito longo, com quase 80 milhões de anos de duração, nos quais o território do nosso país se transformou profundamente. Nas regiões mais ao norte, chuvas fortes e volumosas vindas das águas equatoriais quentes sustentavam ecossistemas exuberantes e repletas de dinossauros, muitos deles com modos de vida ligados aos rios e lagos, como os grandes carnívoros piscívoros aparentados com o Spinosaurus africano, mas também os pterossauros pescadores.
Mais ao Sul, as chuvas eram bem mais raras, e grandes desertos com vegetação baixa se estabeleciam. Como a separação entre os continentes de Gondwana era mais recente do que a separação com os continentes do norte, nossa fauna se assemelhava muito a africana. Tanto na América do Sul quanto na África, os principais dinossauros herbívoros eram os saurópodes pescoçudos, já os carnívoros mais dominantes eram espinossaurídeos, charcarodontossaurídeos e abelissaurideos.
A dança tectônica do fim do Mesozoico acabou formando a dorsal meso-atlântica Essa cadeia de montanhas, chaminés e vulcões submarinos parece uma costura que atravessa do Polo Norte até o Polo Sul do planeta, e é aqui que nova plataforma oceânica é formada. Nela, estão as rochas mais recentes do assoalho do oceano atlântico, e quando nos distanciamos dela, na direção da América do Sul e da África, encontramos bandas de rochas cada vez mais antigas. Do outro lado, a placa oceânica é forçada para baixo da placa continental, causando a elevação da imensa cordilheira dos Andes, a mais longa do planeta.
É por isso que Brasil e África se encaixam, assim como o Norte da África encaixa no sudeste da América do Norte. Até agora, todos os dinossauros que conhecemos vinham da grande bacia do paraná, que abriga entre muitas formações, a Santa Maria. Ela parou de ser depositada no início do cretáceo, quando grandes camadas de magma oriundas do vulcanismo gerado pela separação entre América do Sul e África, foram expelidas.
Acima dessas expessas camadas de rochas vulcânicas, estão as rochas formadas no grande paleodeserto de Botucatu. Segundo Aneli, “Nas suas areias, 140 milhões de anos atrás, dinossauros, mamíferos, lagartos e artrópodes deixaram impressas milhões de pegadas. ” Essas pegadas são icnofósseis, muitas vezes muito curiosos, como é o caso de um de dois urólitos conhecidos de dinossauros pela paleontologia: uma marca de xixi fossilizado.
Em Araraquara, no interior de São Paulo, foi recuperado um fóssil acompanhado de pegadas, interpretado como a marca da urina de um dinossauro ornitísquio de 7 metros de comprimento. A força da excreção de mais de um litro de urina a quase 2 metros do chão foi capaz de deixar uma marca característica na rocha, que foi soterrada preservada pelos últimos 140 milhões de anos. Nas areias da bacia do rio do peixe, no estado da Paraíba, outra pegada importante foi encontrada, pertencendo a um dinossauro ornitópode gigantesco, com cerca de 12 metros de comprimento que viveu na Paraíba 125 milhões de anos atrás.
Ele deixou uma sequência de cerca de 40 metros composta por 32 pegadas, cada uma delas com diâmetro médio de 45 centímetros, descobertos em 1920 no sítio paleontológico do vale dos dinossauros em Souza, na Paraíba. Uma das bacias sedimentares mais ricas, extensas e impressionantes do Brasil é a Sanfrasciscana, que se estende de Minas Gerais até o Piauí. Ela guarda trechos do início do cretáceo, mas também muitos fósseis muito mais antigos e muito mais novos.
Dois dos dinossauros mais importantes do Brasil foram encontrados na formação Quiricó, em Minas Gerais, onde aflora o cretáceo inferior, 130 milhões de anos atrás. 64 milhões de anos antes da queda do asteroide. Spectrovenator e Tapuiasaurus são especiais por duas razões: Eles são dois de apenas 3 crânios completos de dinossauros conhecidos do Brasil, e porque foram encontrados juntos.
O nome spectrovenator ou “caçador fantasma” foi dado porque durante sua descoberta, ele apareceu por baixo do Tapuiasaurus, o que sugere que ele pode ter morrido sufocado pelo imenso peso de Tapuiasaurus. Spectrovenator era um predador abelisaurideo de médio porte, com 2,5 metros de comprimento. Ele não tem as características acentuadas dos abelissaurideos mais recentes, como a cara achatada do Carnotaurus, mas é uma peça importante para entender a evolução deles em Gondwana, onde se tornaram predadores muito bem sucedidos.
Já Tapuiasaurus é um sauropode de 13 metros de comprimento, que apesar de não ser tão colossal quanto seus parentes argentinos que se tornaram os maiores animais terrestres conhecidos, ele é importante por ser um dos poucos crânios de saurópodes titanossauros muito bem preservados e completos. Além disso, ele tem traços anatômicos surpreendentemente derivados para um animal da sua idade, puxando a existência de titanossauros mais modernos em quase 30 milhões de anos. Ambos morreram na beira de um lago, onde foram soterrados antes de serem consumidos.
Na medida em que o cretáceo avançava e América do Sul e África se separavam, as forças tectônicas abriram grandes fendas onde hoje é o nordeste do Brasil, que foram lentamente sendo preenchidas com sedimentos. Uma dessas fendas se tornou a grande bacia sedimentar do Araripe, que atravessa Ceará, Pernambuco e Paraíba, cuja camada mais famosa é composta pelo grupo Santana, que inclui as formações Crato, Ipubi e Romualdo, paleoambientes de lagos rasos e vegetação semi árida. A qualidade dos fósseis de plantas, insetos, anfíbios, peixes, tartarugas, crocodilos, pterossauros e dinossauros preservados excepcionalmente faz desse um dos 10 sítios paleontológicos mais importantes e ricos do planeta Terra!
Uma verdadeira janela para o cretáceo médio! Só da formação Santana são conhecidos 8 dinossauros, todos terópodes: O Irritator, Angaturama, Mirischia, Santanaraptor, Cratoavis, Kaririavis, Aratasaurus, Ubirajara e um megaraptor. Ubirajara ficou famoso recentemente e ganhou as manchetes dos jornais em virtude de seu vitorioso movimento por repatriação.
Acontece que esse dinossauro foi ilegalmente contrabandeado para a Alemanha na década de 90, mais tarde sendo comprado por um museu, onde ficou até 2023. A pressão nas redes e na justiça por parte da comunidade paleontológica pedindo para que o estado Alemão reconhecesse a legislação brasileira e nos devolvesse o fóssil, acabou surtindo efeito e hoje, ele está mais perto de casa. Muitos argumentam contra a repatriação dizendo que fora do Brasil esses fósseis estão mais protegidos, e apesar de isso acusar justamente o descaso de nossos governantes com a ciência brasileira como um todo, precisamos lembrar que a Europa, assim como qualquer lugar do mundo está vulnerável a catástrofes que levem a perda do patrimônio histórico.
Muitos fósseis importantes, como o holótipo do Spinosaurus, foram destruídos em bombardeios na segunda guerra mundial, mas poderiam ser citados muitos incidentes mais recentes. O fato é que segundo a legislação brasileira, nenhum fóssil brasileiro pode ser comprado ou vendido, todos pertencem ao estado e devem ser guardados em museus e acervos de instituições de pesquisa e ensino. Isso evita o mercado do colecionismo e o tráfico de fósseis, que na maior parte do mundo, tornam inacessíveis aos cientistas e pesquisadores o estudo de alguns dos fósseis mais completos e impressionantes do mundo, guardados por colecionadores ricaços.
Mas Ubirajara tem outro motivo pra ser famoso: ele pode ser o primeiro dinossauro com penas usadas como display sexual. Essas longas penas em formato de bastão se parecem muito com as penas extravagantes de aves do paraíso, que as usam para atrair parceiros sexuais. Isso significa que as aves herdaram isso de dinossauros não-avianos, e que Ubirajara provavelmente tinha cores chamativas e dançava para atrair parceiros.
Com cerca de 1,5 de comprimento, Ubirajara é um dos muitos fósseis extremamente bem conservados dessa região. A preservação de estruturas moles e delicadas como pele e penas de muitos animais, pode nos trazer informações sobre suas aparências e modos de vida que apenas seus esqueletos jamais revelariam. Se encontradas pequenas células de pigmento fossilizadas, podem até mesmo ser inferidas as cores em vida desses animais, tamanha é a fineza da preservação dessas camadas.
Cratoavis foi uma pequena ave enantiornithes, que viveu, como o nome denuncia, na região do Crato, 115 milhões de anos atrás, se alimentando de insetos. Com 13 centímetos de comprimento, seus ossos frágeis e delicados só podem ser preservados em condições excepcionais, o que faz com que os fósseis desses antigos grupos de aves sejam raros. De longe, ele pareceria um pássaro qualquer, mas de perto, percebemos que não é nada disso.
Diferente das aves, ele tem um bico com dentes verdadeiros e três dedos com garras afiadas nas asas, apesar de voarem muito bem, características intermediárias entre os dinossauros não avianos e as aves. Tanto Irritator quanto Angaturama eram dinossauros Espinossaurídeos, aparentados com o famoso Spinosaurus africano, apesar de não serem tão grandes quanto ele, com 8 metros de comprimento. Eles tinham um hábito majoritariamente piscívoro, se alimentando das mais de 30 espécies de peixes conhecidas da mesma formação que ambos.
Nessas lagunas do cretáceo, 120 milhões de anos atrás, os dinossauros semiaquáticos estavam entre os principais predadores. Infelizmente, o Irritator, apesar de pertencer ao Brasil, está também na coleção de um museu Alemão, tendo sido contrabandeado durante a década de 90 para lá. Movimentos de repatriação tem tomado força após a volta do Ubirajara para casa, e focam agora em trazer o crânio do Irritator de volta para o Piauí, sua casa.
O nome foi dado porque seu crânio foi de difícil interpretação, sendo considerado “Irritante” pelos cientistas que o descreveram em 1996. O outro Espinossaurídeo brasileiro além do Irritator e o Angaturama é o gigante Oxalaia quilombensis. Ele sim tinha um porte semelhante ao do Spinosaurus africano, tendo sido recuperado na bacia de São Luís-Grajaú no Maranhão.
Assim como hoje, no cretáceo essa era uma região litorânea que sofria a influência das marés constantemente e os rios encontravam o oceano, depositando camadas imensas de sedimentos, por muitas vezes contendo cacos de esqueletos de animais. Oxalaia era um desses cacos. Ele é conhecido por dois fragmentos do focinho, que por mais que muito humildes, revelam muito sobre esse animal, principalmente seu tamanho e seu parentesco com o Spinosaurus.
Muitos paleontólogos entendem que talvez Oxalaia não seja completo o suficiente para propor uma nova espécie, muito menos um novo gênero de dinossauros, argumentando que pode se tratar de um Spinosaurus brasileiro. Não seria absurdo, já que o norte da América do sul e da África e Europa, localizadas em regiões mais equatoriais, eram ricas em espinossaurideos e estavam muito mais próximas do que hoje. Sendo Spinosaurus quilombensis ou Oxalaia quilombensis, o fato é que havia um megaterópode de aproximadamente 15 metros de comprimento, maior do que o tyrannosaurus, vivendo no maranhão 100 milhões de anos atrás.
Mas ele não era o único carnívoro gigante do maranhão, porque na formação Alcântara encontramos dentes de um Carcharodontosaurideo de tamanho comparável ao Carcharodontosaurus africano e o Giganotosaurus argentino. Essa família de dinossauros fez muito sucesso em Gondwana durante a primeira parte do cretáceo, sendo extintos e substituídos por novos predadores cerca de 90 milhões de anos atrás. Com 12 metros de comprimento, ele era tão longo quanto o rex, mas essas medidas são estimativas aproximadas, já que apenas seus dentes foram recuperados e nenhuma espécie tenha sido nomeada.
As rochas mais recentes em que dinossauros brasileiros foram encontrados fazem parte da bacia Bauru, que se estende pelo paraná, são Paulo, mato grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais. Elas representam uma região desértica e semi árida que existiu aqui entre 95 e 65 milhões de anos atrás, quando nos posicionávamos em um cinturão de aridez no planeta Terra, fazendo da vida desafiadora. Berthasaura foi uma das espécies adaptadas a esse ambiente, tendo sido descoberta no Paraná, em Cruzeiro do Oeste, em camadas de 85 milhões de anos da formação Bauru.
Ele não parece, mas é o terópode mais completo conhecido do nosso país, com pouco mais de 1 metro de comprimento em vida. Esse terópode ceratossauro noassaurídeo perdeu os dentes e ganhou um bico rígido, de forma convergente com as aves, uma coincidência evolutiva entre linhagens diferentes. Segundo Aneli, “com bordas da maxila e dentário super cortantes, possivelmente revestidas de um bico córneo semelhante ao das tartarugas, levou os paleontólogos a suspeitar do hábito alimentar herbívoro desse terópodo esquisito” No entanto, a vida no deserto do Caiuá, onde a escassez de água era uma constante, nem sempre os vegetais estavam disponíveis, obrigando Berthasaura a se alimentar de ovos, insetos, pequenos animais e carcaças.
Pycnonemosaurus foi um dinossauro Abelissaurideo que viveu no Mato Grosso, 70 milhões de anos atrás, da formação Cambambe. Ele é um parente próximo do famoso Carnotauro, um dinossauro abelissauro argentino. Eles são caracterizados pelo seu rosto curto e bracinhos muito reduzidos.
Com 9 metros de comprimento, ele é o maior dinossauro Abelissaurídeo conhecido pela ciência. Muito provavelmente um dos maiores predadores de seu ecossistema. Outro abelissaurídeo foi encontrado em 2014, no noroeste do estado de São Paulo, entre as cidades de Ibirá e Uchoa, sendo batizado com o curioso nome Thanos, que significa morte, em referência ao vilão das histórias em quadrinhos.
Thanos, o dinossauro, tinha cerca de 5 metros de comprimento e viveu 70 milhões de anos atrás. Ele é conhecido por apenas uma vértebra do pescoço, que apesar de parecer pouco, é muito diagnóstica, que significa que podemos inferir muito sobre esse dinossauro somente por essa peça de seu esqueleto, com todas as suas características únicas. Claro que o esqueleto completo provavelmente mudaria a representação dele, mas extrapolar sua aparência a partir de seus parentes próximos é o melhor que a ciência é capaz de fazer a partir do material conhecido.
Uberabatitan e Austroposeidon são os dois animais que disputam o posto de maior dinossauro brasileiro. Ambos com um comprimento estimado em 26 metros. Eles eram saurópodes Titanossaurídeos, a família de animais que deu origem ao colosso Patagotitan argentino, considerado o maior animal terrestre conhecido pela ciência, com mais de 40 metros de comprimento.
Mesmo os maiores titanossauros brasileiros não eram nem de perto tão grandes quanto os titanossauros mais ao sul do continente, muito provavelmente devido a diferenças em seus ecossistemas. Mas Austroposeidon, por exemplo, viveu quase 30 milhões de anos depois desses maiores titanossaurídeos do Sul. Pode ser que titanossaurideos tão grandes quanto, ou o próprio Patagotitan possam ter caminhado sobre terras brasileiras, só não conhecemos seus esqueletos.
Austroposeidon foi descrito pela paleontóloga Kamila Bandeira e foi o único animal brasileiro a aparecer na série recente Prehistoric Planet. Ele foi descoberto na cidade de presidente prudente, na margem da rodovia Raposo Tavares, em São Paulo. O outro gigante brasileiro é o Uberabatitan, descoberto, como o nome denuncia, em Uberaba, na formação Marília em Minas Gerais.
As estimativas mais recentes apontam que ele seria cerca de um metro maior do que o Austroposeidon, e como seu esqueleto é significativamente mais completo, ele é considerado por muitos o maior dinossauro conhecido do Brasil, e na verdade, o maior animal terrestre que já pisou no nosso país, cerca de 70 milhões de anos atrás. Tendo vivido no fim do cretáceo, esse pode ter sido um dos dinossauros que estavam aqui para presenciar a queda do asteroide que pôs um fim ao mesozoico. Outros titanossauros brasileiros eram muito menores, como os nanicos Ibirania e Brasilotitan, que pesavam menos do que um elefante africano.
Ibirania foi um pequeno titanossauro herbívoro de cerca de 6 metros de comprimento, o menor conhecido de sua linhagem, tendo sido descoberto em 2005, na cidade de Ibirá em São Paulo. Já Brasilotitan é um pouco maior, com cerca de 8 metros, mas ainda pequeno para um saurópode, encontrado em 2000 também na margem da Raposo, em Presidente Prudente, São Paulo. Os herbívoros dessa região podem ter diminuído de tamanho em função da pressão seletiva por herbívoros que consumissem menos energia, já que eles viveram em ambientes áridos, cuja vegetação não era nada exuberante, e titanossauros muito maiores provavelmente não sobreviveriam.
Sauropodes pequenos também são conhecidos em ilhas, onde a disponibilidade mais limitada de alimento favorece o encolhimento das linhagens de herbívoros gigantes. A era dos dinossauros chegou ao fim com o impacto extraterrestre que marcou a passagem do cretáceo para a era dos mamíferos. O evento que criou a cratera de Chicxulub, no golfo México, quase 66 milhões de anos atrás foi gerado por uma rocha de cerca de 10km de diâmetro, maior do que o monte everest.
Os terremotos, explosões, ondas de choque, tsunamis, incêndios e oscilações climáticas bruscas por milhares de anos deram conta de extinguir todos os animais maiores do que 15kg. Entre eles, todos os dinossauros não-avianos. Um grupo de terópodes sobreviveu, inclusive, com algumas linhagens, todas aves sem dentes e com bicos, que passaram a se diversificar na ausência de seus antigos competidores pelos céus, os pterossauros.
Hoje, elas são os vertebrados terrestres mais diversos, com cerca de 10 mil espécies, sendo o Brasil o país mais rico em aves do planeta Terra. Isso significa que moramos no país que abriga a maior parte dos dinossauros viventes atualmente, e que mais do que qualquer outra nação, somos responsáveis pela sua preservação. A devastação quase completa da mata atlântica e os graves impactos da fragmentação e desmatamento no cerrado, Amazônia, pantanal e caatinga, assim como a presença de animais domésticos invasores, tem sido o principal desafio de muitas populações de aves, cada vez mais isoladas e perto da extinção.
Como pudemos ver, o Brasil é um país rico em diversidade tanto em seu presente, como em seu passado, e é de nossa responsabilidade prezar pela preservação e reconstrução dos nossos biomas, tarefa inadiável de nossa geração. Mas também do nosso patrimônio histórico, mineral e fossilífero, já tão depredado e criminosamente apropriado por países de mentalidade colonial. Em um tempo macabro em que muitas pessoas maltratadas pelo sistema educacional sequer acreditam na evolução, na existência dos dinossauros ou nos impactos negativos da nossa ação no clima e nos ecossistemas, é mais importante do que nunca reafirmar o valor desses nossos tesouros.
Os dinossauros brasileiros que conhecemos hoje estão extintos e jamais voltarão a vida, mas ainda dá tempo de prevenir a extinção de muitos dos dinossauros brasileiros atuais. Um agradecimento ao professor Aneli pelo seu trabalho em favor da ciência e da divulgação científica, que inspirou esse documentário. Sem as artes do brilhante Julio Lacerda, nem o livro e nem esse vídeo seriam os mesmos.
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