[AUDIOBOOK-COMPLETO] VIDAS SECAS -GRACILIANO RAMOS

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"Vidas Secas", escrito por Graciliano Ramos, é uma obra-prima da literatura brasileira que retrata d...
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este audiolivro é produzido pela sociedade do audiolivro com narração de usef Bacos inscreva-se curta comente E compartilhe se esse conteúdo Foi útil considere contribuir com qualquer quantia para que todos os dias possamos trazer novos conteúdos e contribuir com a promoção da literatura uma boa leitura a todos Vidas Secas de Graciliano Ramos Capítulo 1 mudança na planí avermelhada os juazeiros alargavam duas Manchas Verdes os infelizes tinham caminhado o dia inteiro estavam cansados e Famintos ordinariamente andavam pouco mas como haviam repousado bastante na areia do Rio Seco a viagem progredira bem três Léguas fazia horas que procuravam
uma sombra a folhagem dos juazeiros apareceu longe através dos Galhos pelados da Catinga rala arrastaram-se para lá devagar sim a Vitória com o filho mas novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça Fabiano Sombrio cambaio o aó atira colo a cuia pendurada numa Correia presa ao cinturão a espingarda de pederneira no ombro o menino mais velho e a cachorra baleia iam atrás os juazeiros aproximaram-se recuaram sumiram-se o menino mais velho pôs-se a Chorar sentou-se no chão anda condenado do diabo gritou-lhe o pai não obtendo resultado fustigou-o com a bainha da faca de
ponta mas o pequeno esperneou acuado depois sossegou deitou-se fechou os olhos Fabiano Ainda lhe deu algumas pancadas e esperou que ele se levantasse como isto não acontecesse espiou os quatro cantos zangado praguejando baixo a catinga estendia-se de um melho indeciso salpicado de manchas brancas que eram ossadas o voo negro dos urubus fazia círculos altos em redor de bichos moribundos anda Escom um gado o piralho não se mexeu e Fabiano desejou matá-lo tinha um coração Grosso queria responsabilizar alguém pela sua desgraça a seca parecia-lhe como um fato necessário e a obstinação da criança irritava-o certamente esse
obstáculo miúdo não era culpado mas dificultava a marcha e o vaqueiro precisava chegar não sabia onde tinha deixado os caminhos cheio de espinho e seixos fazia horas que pisava à margem do rio a lama seca e rachada que escaldava os pés pelo Espírito atribulado do sertanejo passou a ideia de abandonar o filho naquele descampado pensou nos urubus nas ossadas coçou a barba ruiva e suja irresoluto examinou os arredores senha Vitória estirou o beiço indicando vagamente uma direção e afirmou com alguns sons guturais que estavam perto Fabiano meteu a faca na bainha guardou-a no cinturão acocorou-se
pegou no pulso do menino que se encolhia o joelhos encostados no estômago frio como um difunto aí a cólera desapareceu e Fabiano teve pena impossível abandonar o anjinho aos bichos do mato entregou a espingarda assim a Vitória pôs o filho no cangote levantou-se agarrou os bracinhos que lhe caíam sobre o peito moles finos como cambitos sim a Vitória aprovou esse arranjo lançou de novo a interjeição cultural designou os juazeiros invisíveis e a viagem prosseguiu mais lenta mais arrastada num silêncio grande ausente do Companheiro a cachorra baleia tomou à frente do grupo arqueada as costelas amostra
corria o fegan a língua fora da boca e de quando em quando se Detinha esperando as pessoas que se retardavam ainda na véspera eram seis viventes contando com o papagaio coitado morrera na areia do rio onde haviam descansado à beira de uma poça a fome apertar demais os retirantes e por ali não existia sinal de comida baleia jantara os pés a cabeça os ossos do amigo e não guardava lembranças de agora enquanto parava dirigia as pupilas brilhantes aos objetos familiares estranhava não ver sobre o baú de folha a gaiola pequena onde a ave se equilibrava
mal Fabiano também às vezes sentia falta dela mas logo a recordação chegava tinha andado à procura de raízes à toa o resto da farinha acabara não se ouvia um berro de rez perdida na Catinga sem a Vitória queimando o assento no chão as mãos cruzadas segurando os joelhos udos pensava em acontecimentos antigos que não se relacionavam festas de casamento Vaquejadas novenas tudo numa confusão despertara um grito áspero vira de perto a realidade e o papagaio que andava furioso com os pés apalheta atitude ridícula resolvera de supetão aproveitá-lo como alimento e justificara se declarando a si
mesmo que ele era mudo e inútil não podia deixar de ser mudo ordinariamente a família falava pouco e depois daquele desastre viviam todos calados raramente soltavam palavras curtas o louro aboiava tangendo um gado inexistente e latia arremedando a cachorra as manchas dos juazeiros tornaram a aparecer Fabiano [Música] aligeira-se altos e a embira tinha-lhe aberto entre os dedos rachaduras muito dolorosas os calcanhares duros como cascos cret avamse e sangravam num cotovelo do caminho avistou um canto de cerca encheu-o de esperança de achar comida sentiu desejo de cantar a voz saiu-lhe rouca medonha calou-se para não estragar
força deixaram a margem do rio acompanharam a cerca subiram uma ladeira chegaram ao airos Fazia tempo que não viam sombra sim a Vitória acomodou os filhos que a raram como trouxas cobriu-os comoos o menino mais velho passada a Vertigem que o derrubar encolhido sobre folhas secas a cabeça encostada a uma raiz adormecia acorda e quando abria os olhos distinguia vamente um monte próximo algumas pedras um carro de bois a cachorra baleia foi enroscar-se junto dele estavam no pátio de uma fazenda sem vida O Curral Deserto o chiqueiro das Cabras arruinado e também deserto a casa
do Vaqueiro fechada tudo anunciava abandono certamente o gado se finara e os moradores tinham fugido Fabiano procurou em vão perceber um toque de chocalho avizinhou-se da casa bateu tentou forçar a porta encontrando resistência penetrou no cercadinho cheio de plantas mortas rodeou a Tapera lançou o terreiro do fundo vi um Barreiro vazio um bosque de catingueiras murchas um pé de turco e o prolongamento da cerca do Curral trepou-se no Mourão do canto examinou a catinga onde Av voltavam as ossadas e o negrume dos urubus desceu empurrou a porta da cozinha voltou desanimado ficou um instante no
copiar fazendo tensão de hospedar ali a família mas chegando aos juazeiros encontrou os meninos adormecidos e não quis cortá-los foi apanhar gravetos trouxe do chiqueiro das Cabras uma braçada de madeira meio ruída pelo copim arrancou touceiras de Macambira Arrumou tudo para a fogueira nesse ponto baleia arbit as orelhas arregaçou as ventas Sentiu o cheiro de preá farejou um minuto localizou-se no morro próximo e saiu correndo Fabiano seguiu-a com a vista e espantou-se uma sombra passava por cima do Monte tocou o braço da mul apontou o céu ficaram os dois algum tempo aguentando a claridade do
sol enxugaram as lágrimas foram agachar-se perto dos filhos suspirando conservaram-se encolhidos temendo que a nuvem se tivesse desfeito vencida pelo azul terrível aquele azul que deslumbrava e endoidei dia as noites cobriam a terra de chofre a tampa anilada baixava escurecia quebrada apenas pelas vermelhidões do Poente miudinhos perdidos no deserto queimado os fugitivos agarraram-se somando as suas desgraças e os seus pavores o cora de Fabiano bateu junto do Cora de sinha Vitória um abraço cansado aproximou os Farrapos que os cobriam resistiram à fraqueza arrastaram-se envergonhados sem ânimo de afrontar de novo a luz dura receosos de
perder a esperança que os alentava iam se amodor e foram despertados por baleia que trazia nos dentes um prear levantaram-se todos gritando o menino mais velho esfregou as pálpebras afastando pedaços de sonho sim a Vitória beijava o focinho de baleia e como focinho est ensanguentado lambia o sangue e Tiito do beijo aquilo era caça bem mesquinha mas adiaria a morte do grupo e Fabiano queria viver olhou o céu com resolução a nuvem tinha crescido agora cobria o morro inteiro Fabiano pisou com segurança esquecendo as rachaduras que lhe estragavam os dedos e os calcanhares sim a
vitória remexeu no baú Os meninos foram quebrar uma aste de alecrim para fazer um espeto baleia o ouvido atento o traseiro em repouso e as pernas da frente erguidas vigiava aguardando a parte que lhe Iria tocar provavelmente os ossos do bicho e talvez o couro Fabiano tomou a cuia desceu a ladeira encaminhou-se ao Rio Seco achou no Bebedouro dos animais um pouco de lama cavou a areia com as unhas esperou que a água marejasse e debruçando-se no chão bebeu muito saciado caiu de papo para cima olhando as estrelas que vinham nascendo uma duas três quatro
havia muitas estrelas havia mais de cinco estrelas no céu o poente cobria-se de cirros e uma alegria doida o coração de Fabiano pensou na família sentiu fome caminhando movia-se como uma coisa para bem dizer não se diferenciava muito da bolandeira de seu Tomás agora deitado apertava a barriga e batia os dentes que F teria levado a bolandeira de seu Tomás olhou o céu de novo os cirros acumulavam-se a lua surgiu grande e branca certamente a chover seu Tomás fugira também com a seca a bolandeira estava parada e ele Fabiano era como a bolandeira não sabia
por mas era uma duas três haviam mais de cinco estrelas no céu a lua estava cercada de um alo cor de leite ia chover bem a catinga ressuscitaria a semente do Gado voltaria ao Curral ele Fabiano seria o vaqueiro daquela Fazenda morta chocalhos de badalos de ossos animari a solidão os meninos gordos vermelhos brincaram no chiqueiro das Cabras sim a Vitória vestiria saias de ramagens vistosas as vacas povoaram O Curral e a catinga ficaria toda verde lembrou-se dos filhos da mulher e da cachorra que estavam lá em cima debaixo de um Juazeiro com sede lembrou-se
do préa morto encheu a cuia ergueu-se afastou-se lento para não derramar a água salobra subiu à Ladeira a aragem morna acudia o chiqui e os mandacarus uma palpitação nova sentiu um arrepio na Catinga uma ressurreição de garranchos e folhas secas chegou pôs a cuia no chão escorou a com pedras matou a sede da família em seguida acocorou-se remexeu o aió tirou o fuzil acendeu as raízes de Macambira soprou-lhe o rosto queimado a barba ruiva os olhos azuis minutos depois o prea torcia e chiava no espeto de alecrim Eram todos felizes Sinha Vitória vestiria uma saia
larga de ramagens a Caram murcha de sinha Vitória remaria as nadegas Bambas de sinha Vitória engrossaram a roupa encarnada de sinha Vitória provocaria a inveja das outras caboclas a lua crescia a sombra leitosa crescia as estrelas foram esmorecendo na aquela brancura que enchia a noite uma duas três agora havia poucas estrelas no céu ali perto a nuvem escurecia o morro a fazenda renasceria e ele Fabiano seria o vaqueiro para bem dizer seria dono daquele mundo os troços minguados ajuntava se no chão a espingarda de pederneira o aió a cuia de água o baú de folha
pintada a fogueira estalava o prea eava em cima das brasas uma ressurreição as cores da Saúde voltariam à cara triste de sinar Vitória os meninos se espojariam na terra fofa do chiqueiro das Cabras chocalhos te lintar pelos arredores a catinga ficaria Verde baleia agitava o rabo olhando As Brasas e como não podia ocupar-se daquelas coisas esperava com paciência a hora de mastigar os ossos depois iria dormir Capítulo 2 Fabiano Fabiano Procurou no rasto a bicheira da novilha raposa levava no aió um frasco de criolina e se houvesse achado o animal teria feito o curativo ordinário
não o encontrou mas supôs distinguir as pisadas dele na areia baixou se cruzou os dois gravetos no chão e rezou se o bicho não estivesse morto voltaria para o Curral que a oração era forte cumprida a obrigação Fabiano levantou-se com a consciência tranquila e marchou para casa chegou-se à beira do rio a areia fofa cansava mas ali na lama seca as alpercatas dele faziam chepe chepe os badalos dos chocalhos que lhe pesavam no ombro pendurados em Correias batiam surdos a cabeça inclinada o espinhaço Curvo agitava os braços para a direita e para a esquerda esses
movimentos eram inúteis mas o vaqueiro o pai do Vaqueiro o avô e outros antepassados mais antigos haviam se acostumado a percorrer Veredas afastando o mato com as mãos e os filhos já começavam a reproduzir os gestos hereditários cheep chep os três pares de alpercatas batiam na lama rachada seca e branca por cima preta e mole por baixo a lama da beirada do Rio calcada pelas alpercatas balançava a cachorra baleia corria na frente o focinho arregaçado procurando na Catinga a novilha raposa Fabiano ia satisfeito sim senhor arrumara-se chegara naquele estado com a família morrendo de fome
comendo raízes caíra no fim do pátio debaixo de um Juazeiro depois Tomara conta da casa Deserta ele a mulher e os filhos tinham se habituado à camarinha escura pareciam ratos e a lembrança dos Sofrimentos passados esmorecer pisou com firmeza no chão gretado puxou a faca de ponta esgaravatar tirou do aió um pedaço de fumo picou fez um cigarro de palha de milho acendeu a binga ou se a fumar regalado Fabiano você é um homem exclamou em voz alta conteve-se notou que os meninos estavam perto com certeza iam admirar-se de ouvi-lo falar só e pensando bem
ele não era homem era apenas um cabra ocupado em guardar coisas dos outros vermelho queimado tinha os olhos azuis a barba Rui e os cabelos cuos mas como vivia em terra alheia cuidava de animais alheios descobria-se encolhia-se na presença dos brancos e julgava-se Cabra olhou em torno com receio de que foram os meninos alguém que tivesse percebido a frase imprudente corrigiu-a murmurando você é um bicho Fabiano isto para ele era motivo de orgulho sim senhor um bicho capaz de vencer dificuldades chegara naquela situação medonha e ali estava forte até gordo fumando seu Cigarro de Palha
um bicho Fabiano era apossar-se da casa porque não tinha onde cair morto passaram uns dias mastigando raiz de imbu e sementes de mucunã Viera a trovoada e com ela o fazendeiro que o expulsar Fabiano fizera-se desentendido e oferecera seus préstimos resmungando coçando os cotovelos sorrindo aflito o jeito que tinha era ficar e o patrão aceitara entregar-lhe as marcas de Ferro agora Fabiano era vaqueiro e ninguém o Tiraria dali aparecera como um bicho entocara-se como um bicho mas criara raízes estava plantado Olhou as kipá os mandacarus e os chiqu chiques era mais forte do que tudo
isso era como as catingueiras e as Baraúnas eles S A Vitória os Dois Filhos e a cachorra baleia estavam agarrados à Terra chapchap as alpercatas batiam no chão rachado o corpo do Vaqueiro deque ava-nsg consad pareciam macaco entristeceu considerava-se plantado em terra alheia engano a cina dele era correr mundo andar para cima e para baixo à toa como O Judeu errante um vagabundo empurrado pela seca achava-se ali de passagem era hóspede sim senhor hóspede que demorava demais tomava amizade a casa ao Curral ao chiqueiro das Cabras ao Joazeiro que os tinha abrigado uma noite deu
estalos com os dedos a cachorra baleia aos saltos veio lamber-lhe as mãos grossas e cabeludas Fabiano recebeu a Carícia enterneceu se você é um bicho baleia vivia longe dos homens só se dava bem com animais os seus pés duros quebravam espinhos e não sentiam a quentura da terra montado confundia-se com o cavalo grudava-se a ele e e falava uma língua cantada monossilábica e cultural que o companheiro entendia a pé não se aguentava bem pendia para um lado para o outro cambaio torto e feio às vezes utilizava nas relações com as pessoas a mesma língua com
que se dirigia aos brutos exclamações onomatopeias na verdade falava pouco admirava as palavras Compridas e difíceis da gente da cidade tentava reproduzir algumas em vão mas sabia que elas eram inúteis e talvez perigosas uma das Crianças aproximou-se perguntou-lhe qualquer coisa Fabiano parou franziu a testa esperou de boca aberta a repetição da pergunta mas não percebendo o que o filho desejava repreendeu o menino estava ficando muito curioso muito enxerido se continuasse assim metido com o que não era da conta dele como iria acabar repeliu o vechado esses capetas T ideias não completou o pensamento mas achou
que aquilo estava errado tentou recordar o seu tempo de infância viu-se miúdo enfado a camisinha encardida e rota acompanhando o pai no serviço do campo interrogando o debalde chamou os filhos falou de coisas imediatas procurou interessá-los bateu Palmas eco eco a cachorra baleia saiu correndo entre os alastrado e paz farejando a novilha raposa depois de algum uns minutos voltou desanimada triste o rabo murcho Fabiano consolou a afagou Queria apenas dar um ensinamento aos meninos era bom eles saberem que deviam proceder assim alargou o passo deixou a lama seca da beira do rio chegou à Ladeira
que levava ao Pátio ia inquieto uma sombra no olho azulado era como se na sua vida houvesse Aparecido um buraco necessitava falar com a mulher afastar aquela perturbação encher os cestos dar pedaços de Mandacaru ao gado felizmente a novilha estava curada com reza se morresse não seria por culpa dele eco eco baleia voou de novo entre as macambiras inutilmente as crianças divertiram-se animaram-se e o Espírito de Fabiano Se destouches o exercício fácil bater palmas expandir-se em gritaria Seguindo os movimentos do animal a cachorra tornou a voltar a língua pendurada arquejando Fabiano tomou a frente do
grupo satisfeito com a lição pensando na égua que ia montar uma égua que não fora ferrada nem levara a cela haveria na Catinga um barulho medonho agora queria entenderse cons senar Vitória a respeito da educação dos pequenos certamente ela não era culpada entre aos arranjos da casa rasgando os craveiros e as panelas de losna descendo ao bebedouro com o pote vazio e regressando com o pote cheio deixava os filhos soltos no Barreiro enlameados como porcos e eles estavam perguntadores insuportáveis Fabiano dava-se bem com a ignorância tinha o direito de saber tinha não tinha aí está
está aí se aprendesse qualquer coisa necessitaria aprender mais e nunca ficaria feito lembrou-se de seu Tomás da bolandeira dos homens do Sertão o mais arrasado eraa seu Tomás da bolandeira por quê Só se era porque ele ia demais ele Fabiano muitas vezes dissera seu Tomás voz me não regula para que tanto papel quando a desgraça chegasse eu tomasse estrepa igualzinho os outros pois Viera a seca o pobre do velho tão bom e tão lido perdera tudo andava por aí mole talvez já tivesse dado o couro às que pessoa como ele não podia aguentar verão puxado
certamente aquela sabedoria inspirava respeito quando seu Tomás da bolandeira passava Amarelo sisudo corcunda montado num cavalo cego pé aqui pé acolá Fabiano e outros semelhantes descobriam e seu Tomás respondia tocando na beira do Chapéu de Palha Virava para um lado e para o outro abrindo muito as pernas calçadas em botas pretas com remendos vermelhos em horas de mal Fabiano desejava imitá-lo dizia palavras difíceis truncando tudo convencia de que melhorava tolice via-se perfeitamente que um sujeito como ele não tinha nascido para falar certo seu Tomás da bolandeira falava bem estragava os olhos em cima de jornais
e Livros mas não sabia mandar pedia esquisitice um homem remediado ser Cortês até o povo censurava aquelas maneiras mas todos obedeciam a ele Ah quem disse que não desciam os outros brancos eram diferentes o patrão atual por exemplo berrava sem precisão quase nunca vinha à Fazenda só botava os pés nela para achar tudo ruim o gado aumentava o serviço ia bem mas o proprietário descompunha o vaqueiro natural descompunha porque podia descompor o Fabiano ouvia as descomposturas com o chapéu de couro debaixo do braço desculpava se e prometia emendar-se mentalmente Jurava não emendar nada porque estava
tudo em ordem e o amo só queria mostrar autoridade gritar que era dono quem tinha dúvida Fabiano uma coisa da Fazenda um traste seria despedido Quando menos Esperasse ao ser contratado recebera o cavalo de fábrica perneira Gibão guarda peito e sapatões de couro cru mas ao sair largaria tudo ao vaqueiro que o substituísse sim a Vitória desejava possuir uma cama igual a de seu Tomás da bolandeira doid disse não dizia nada para não contrariá-la mas sabia que era doidice cemes podiam ter luxo e estavam ali de passagem qualquer dia o patrão bateria fora e eles
ganhariam o mundo sem rumo nem teriam meio de conduzir os cacarecos viviam de trouxa arrumada dormiriam bem debaixo de um pau olhou a catinga amarela o que o poente avermelhava se a seca não chegasse se a seca não chegasse não ficaria planta Verde arrepiou-se chegar naturalmente sempre tinha sido assim desde que ele se entendera e antes de se entender antes de nascer sucedera o mesmo anos bons misturados com anos ruins a desgraça estava em caminho talvez andasse perto nem valia a pena trabalhar ele marchando para casa trepando a ladeira espalhando os seixos com as alpercatas
ela se avizinhando-se não queria morrer ainda tonava correr mundo ver terras conhecer gente importante como o seu Tomás da bolandeira era uma sorte ruim mas Fabiano desejava brigar com ela sentir-se com força para brigar com ela e vencê-la não queria morrer estava escondido no mato como tatu duro lerdo como tatu mas um dia sairia da toca andaria com a cabeça levantada seria homem um homem Fabiano coçou o queixo cabeludo parou reacendeu o cigarro não provavelmente não seria homem seria aquilo mesmo a vida inteira cabra governado pelos brancos quase uma rez na fazenda alheia Mas depois
Fabiano tinha a certeza de que não se acabaria tão cedo passara dias sem comer apertando o cinturão encolhendo o estômago viveria muitos anos viveria um século mas se morresse de fome ou nas pontas de um touro deixaria filhos robustos que gerariam outros filhos tudo seco em redor E o patrão era seco também arrado exigente e ladrão espinhoso como um pé de mand Caru indispensável os meninos entrarem no bom caminho saberem cortar Mandacaru para o gado consertar cercas amanar Brabos precisavam ser duros virar tatus se não calejassem teriam o fim de seu tomá da bolandeira coitado
para que ele servira tanto livro tanto jornal morrera por causa do estômago doente e as pernas fracas um dia sim quando as secas desaparecessem e tudo aquilo andasse direito seria que as secas iriam desaparecer e tudo andar certo não sabia seu Tomás da bolandeira é que devia ter lido isso Livres daquele perigo os meninos poderiam falar perguntar encher-se de Caprichos agora tinham a obrigação de comportarse como gente da laia deles alcançou o pátio enxergou a casa baixa e escur de telhas pretas deixou atrás os juazeiros as pedras onde se jogavam cobras mortas o carro de
bois as alpercatas dos pequenos batiam no chão branco e liso a cachorra baleia trotava arquejando a boca aberta aquela hora sim a Vitória devia estar na cozinha acocorada junto à trempe a saia de ramages entalada entre as coxas preparando a janta Fabiano sentiu vontade de comer depois da comida falaria com Sinhá Vitória a respeito da Educação dos meninos Capítulo 3 cadeia Fabiano tinha ido à feira da Cidade comprar mantimentos precisava sal farinha feijão e rapaduras sim a Vitória pedia Além disso uma garrafa de querosene e um corte de chita vermelha mas o querozene de seu
Inácio estava misturado com água e a chita da amra era cara demais Fabiano percorreu às lojas escolhendo o pano regateando um tostão en côvado receoso de ser enganado andava irresoluto uma longa desconfiança dava-lhe gestos oblíquos à tarde puxou o dinheiro meio tentado e logo se arrependeu certo de que todos os caixeiros furtavam no preço e na medida amarrou as notas na ponta do lenço meteu-as na algibeira dirigiu-se à bodega de seu Inácio onde guardara os picuás aí certificou-se novamente de que o querozene estava batizado e decidiu beber uma pinga pois sentia calor seu Inácio trouxe
a garrafa de água ardente Fabiano virou o copo de um Drago cuspiu limpou os beiços à Manga contraí o rosto ia jurar que a cachaça tinha água por que seria que seu Inácio botava água em tudo perguntou mentalmente animou-se e interrogou o bodegueiro por que é que voz M bota água em tudo seu Inácio fingiu não ouvir e Fabiano foi sentar-se na calçada resolvido a conversar o vocabulário dele era pequeno mas em horas de comunicabilidade enriquecia se com algumas expressões de seu Tomás da bolandeira pobre de seu Tomás um homão direito sumir-se como cambembe andar
por este mundo de trouxas nas costas seu Tomás era pessoa de consideração e votava quem diria nesse ponto um soldado amarelo aproximou-se e bateu familiarmente no ombro de Fabiano como é camarada vamos jogar um 31 lá dentro Fabiano atentou na farda com respeito e gaguejou procurando as palavras de seu Tomás da bolandeira Isto é vamos e não vamos quer dizer enfim contanto etc é conforme levantou-se e caminhou atrás do amarelo que era autoridade e mandava Fabiano sempre havia obedecido tinha muque e substância mas pensava pouco desejava pouco e obedecia atravessaram uma bodega a corredor desembocaram
numa sala onde vários tipos jogavam cartas em cima de uma esteira desafastar ord ou polícia aqui tem gente os jogadores apertaram se os dois homens sentaram-se o soldado Amarelo pegou o baralho mas com tanta infelicidade em pouco tempo se enrascar croue também sim a Vitória ia danar se com razão bem feito ergueu-se furioso saiu da sala Trombudo Espera aí paizano gritou o amarelo Fabiano as orelhas ardendo não se virou Fi pedir a seu Inácio os troços que ele havia guardado o gibão passou as Correias dos alforges no ombro ganhou a rua debaixo do Jatobá do
quadro tar melou com a sinhar Rita louceiras que desculpa iria apresentar assim a Vitória forjava uma explicação difícil perdera o embrulho da fazenda pagara a Botica uma garrafada para senha Rita louceiras atrapalhava se tinha imaginação fraca e não sabia mentir nas invenções com que pretendia justificar-se a figura de a Rita aparecia sempre e isto o desgostava arruinaria uma história sem ela diria que haviam Furtado o cobre da Chita pois não era os parceiros o tinham pelado no 31 mas não devia mencionar o jogo contaria simplesmente que o lenço das notas ficara no bolso do Gibão
e levara sumiço falaria assim comprei os mantimentos botei o Gibão e os alfes na Bodega do seu Inácio encontrei um soldado Amarelo não não encontrar ninguém atrapalhava se de novo sentia desejo de referir-se ao soldado um conhecido velho amigo de infância a mulher se inchar com a notícia talvez não se inchas era atilada Notaria A pabulagem pois estava acabado o dinheiro fugira do bolso do Gibão na venda de seu Inácio natural repetia que era natural quando alguém lhe deu empurrão atirou-o contra o Jatobá a feira se desmanchava escurecia o o homem da iluminação trepando numa
escada acendia os lampiões a estrela papaia branqueou por cima da torre da igreja o Doutor Juiz de Direito foi brilhar na porta da farmácia o cobrador da prefeitura passou cocheando com talões de recibos debaixo do braço a carroça de lixo rolou na praça recolhendo cascas de frutas seu Vigário saiu da casa e abriu o guarda-chuva por causa do sereno senha Rita Lira retirou-se piano estremeceu chegaria à Fazenda noite fechada entretido com o diabo do jogo tonto de Agu ardente deixara o tempo correr e não levava o querozene ia se alumiar durante a semana com pedaços
de facheiro aprumou se disposto a viajar outro empurrão desequilibrou o voltou-se e viu ali perto o soldado Amarelo o que o desafiava a cara enferrujada uma ruga na testa mexeu-se para sacudir o chapéu de couro nas ventas do agressor com uma pancada certa no chapéu de couro aquele tico de gente ia ao Barro Olhou as coisas e as pessoas em roda e moderou a indignação na Catinga ele às vezes cantava de galo Mas na rua encolhia-se vós M não tem o direito de provocar Os que tão quieto desafastar bradou o polícia e insultou Fabiano porque
ele tinha deixado a bodega sem se despedir lorota gaguejou O Matuto eu tenho culpa de vós me seis bagaçar os seus possuídos no jogo engasgou se a autoridade rondou por ali um instante desejosa de puxar questão não achando pretexto avizinhou-se e plantou o salto da reuna em cima da aperca do Vaqueiro isso não se faz moço protestou Fabiano estou quieto veja que mole e quente ao pé da gente o outro continuou a pisar com força Fabiano impacientar Se e xingou a mãe dele aí o amarelo apitou e em poucos minutos o destacamento da cidade rodeava
o Jatobá toca paraa frente berrou o cabo Fabiano marchou desorientado entrou na cadeia ouviu sem compreender uma acusação medonha e não se defendeu está certo disse o cabo faça lombo paizano Fabiano caiu de joelhos repentinamente uma lâmina de facão bateu-lhe no peito outra nas costas em seguida abriram uma porta deram-lhe um safanão que o arremessou para as trevas do cárcere a chave trintou na fechadura e Fabiano ergueu-se atordoado cambaleou sentou num canto rosnando hum hum Por que tinham feito aquilo era o que não podia saber pessoa de bons costumes Sim Senhor nunca fora preso de
repente um fuzuê sem motivo achava-se tão perturbado que nem acreditava naquela desgraça tinham-lhe caído todos em cima de supetão como uns condenados assim um homem não podia resistir bem Bem Passou as mãos nas costas e no peito sentiu-se moído os olhos azulados brilharam como Olhos de Gato tinham no realmente surrado e prendido mas era um caso tão esquisito que instantes depois balançava a cabeça duvidando apesar das machucadura ora o soldado Amarelo sim havia um amarelo criatura desgraçada que ele Fabiano desmancharia com um tabf não tinha desmanchado por causa dos homens que mandavam cuspiu com desprezo
safado morfino escarro de gente por morde uma peste daquela maltratava se um pai de família pensou na mulher nos filhos e na cachorrinha engatinhando procurou os alforges que haviam caído no chão certificou-se de que os objetos comprados na feira Estavam todos ali podia-se ter perdido alguma coisa na confusão lembrou-se de uma fazenda Vista na última das lojas que visitara bonita encorpada larga vermelha e com ramagens exatamente o que sim a Vitória desejava encolhendo um tostão en côvado por sovinice acabava o dia daquele jeito tornou a mexer nos alforges S A Vitória devia estar desassossegada com
a demora dele a casa no escuro os meninos em redor do fogo a cachorra baleia vigiando Com certeza haviam fechado a porta da frente estirou as pernas encostou as carnes doídas ao muro se lhe tivessem dado tempo ele teria explicado tudo direitinho mas pegado de surpresa embatucar quem não ficaria auret com semelhante despropósito não queria capacitar-se de que a malvadez tivesse sido para ele havia engano Provavelmente o amarelo o confundira com outro não era senão isso então por que um sem vergonha desordeiro se arrelia bota se um cabra na cadeia dá-se pancada nele sabia perfeitamente
que era assim acostumara-se a todas as violências a todas as injustiças e aos conhecidos que dormiam no tronco e aguentavam se pó de boi oferecia com consolações Tenha paciência apanhar do governo não é desfeita agora rangia os dentes soprava merecia castigo Ah e por mais que forcejar não se convencia de que o soldado Amarelo fosse governo governo coisa distante e perfeita não podia errar o soldado Amarelo estava ali perto além da grade era fraco e ruim jogava na esteira com os matutos e provocava-lhe tão grande safadeza Afinal para que serviam os soldados amarelos deu um
pontapé na parede gritou enfurecido para que serviam os soldados amarelos os outros presos remexeram se o carcereiro chegou à grade e Fabiano acalmou-se bem bem Não há nada não havia muitas coisas ele não podia explicá-las mas havia fossem perguntar a seu Tomás da bolandeira que Lia livros e sabia onde tinha as ventas seu Tomás da bolandeira contaria aquel história ele Fabiano um bruto não contava nada só queria voltar para junto de senhar Vitória deitar-se na cama de varas por vinham bolir com um homem que só queria descansar deviam bolir com outros ah estava tudo errado
ah tinham lá coragem imaginou o soldado Amarelo atirando-se a um cangaceiro na Catinga tinha graça não dava um caldo lembrou-se da Casa Velha onde morava da cozinha da panela que Ava na trempe de pedras sim a Vitória punha sal na comida abriu os alforges novamente a trouxa de sal não se tinha perdido bem sim a Vitória provava o caldo na de coco e Fabiano se aperreia por causa dela dos filhos e da cachorra baleia que era como uma pessoa da família sabida como gente naquela viagem arrastada em tempo de seca braba quando Estavam todos morrendo
de fome a cadelinha tinha trazido Para eles um préa e a envelhecendo Coitada sim a Vitória inquieta Com certeza fora muitas vezes escutar na porta da frente o galo batia as asas os bichos [Música] bodejando meteu os olhos pela grade da Rua Chi que pretume o Lampião da esquina se apagara Provavelmente o homem da escada só botara nele meio quarteirão de querozene pobre de sinha VIT cheia de cuidados na escuridão os meninos sentados perto do lume a panela chiando na trempe de pedras baleia atenta o candeeiro de folha pendurado na ponta de uma vara que
saía da parede Estava tão cansado tão machucado que ia quase adormecendo no meio daquela desgraça havia ali um bêbado transviado em voz alta alguns homens agachados em redor de um fogo que enchia o cárcere de fumaça discutiam e queixavam-se da lenha molhada Fabiano lava a cabeça pesada inclinava-se para o peito e levantava-se devia ter comprado kirene de seu Inácio a mulher e os meninos aguentando fumaça nos olhos acordou sobressaltado pois não estava misturando as pessoas desatin talvez fosse feito da cachaça não era tinha bebido um copo tanto assim quatro dedos se lhe dessem tempo contaria
o que se passara ouviu o Falatório desconexo do bêbado caiu numa indecisão dolorosa ele tamb também dizia palavras sem sentido conversava à toa mas irou-se com a comparação deu marradas na parede era bruto sim senhor Nunca havia aprendido não sabia explicar-se estava preso por isso como era então mete-se um homem na cadeia porque ele não sabe falar direito que mal fazia a brutalidade dele vivia trabalhando como um escravo desentupa o bebedouro consertava as cercas curava os animais aproveitara um casco de fazenda sem valor tudo em ordem podiam ver tinha culpa de ser bruto quem tinha
culpa se não fosse aquilo nem sabia o fio da ideia cresceu engrossou e partiu-se difícil pensar vivia tão agarrado aos bichos nunca vira uma escola por isso não conseguia defender-se botar as coisas nos seus lugares o demônio daquela história entrava lhe na cabeça e saía era para um cristão endoidecer se lhe tivessem dado ensino encontraria meio de entendê-la impossível só sabia lidar com bichos enfim cont tanto seu Tomás daria informações fossem perguntar a ele homem bom seu Tomás da bolandeira homem aprendido cada qual como o Deus o fez ele Fabiano era aquilo mesmo um bruto
o que desejava Ah esquecia-se agora se recordava da viagem que tinha feito pelo Sertão a cair de fome as pernas dos meninos eram finas como boros Sen ória tropic Ava debaixo do Baú de trens na beira do rio havia comido o papagaio que não sabia falar necessidade Fabiano também não sabia falar às vezes largava nomes atravessados por embromação via perfeitamente que tudo era besteira não podia arrumar o que tinha no interior se pudesse Ah se pudesse atacaria os soldados amarelos que espancam as criaturas inofensivas bateu na cabeça apertou-a que faziam aqueles sujeitos a COC em
torno do fogo que dizia aquele bêbado que se esguela como um doido gastando fôlego à toa sentiu vontade de gritar de anunciar muito alto que eles não prestavam para nada ouviu uma voz fina alguém no xadrez das mulheres chorava e a renegava as pulgas rapariga da vida certamente de porta aberta essa também não prestava para nada Fabiano queria berrar para a cidade inteira afirmar ao juiz de direito ao delegado ao seu Vigário e aos cobradores da prefeitura que ali dentro Ninguém prestava para nada ele os homens acocorados o bêbado a mulher das pugas tudo era
uma lástima Só servia para aguentar facão era o que ele queria dizer e havia também aquele fogo corredor que ia e vinha no espírito dele sim havia aquilo como era precisava descansar estava com a testa doendo Provavelmente em consequência de uma pancada de cabo de facão e doía lhe a cabeça toda parecia-lhe que tinha fogo por dentro parecia-lhe que tinha nos miolos uma panela fervendo pobre de senha Vitória inquieta e sossegando os meninos baleia vigiando perto da trempe Se não fossem eles agora Fabiano conseguia arranjar as ideias o que o segurava era a família vivia
preso como um novilho amarrado ao Mourão suportando ferro quente se não fosse isso um soldado Amarelo não lhe pisava o pé não o que lhe amolecia o corpo era a lembrança da mulher e doss filhos sem aqueles cambões pesados não envergar o espinhaço não sairia dali como onça e faria uma asneira carregaria a espingarda e daria um tiro de Pé de Pau no soldado Amarelo não o soldado amarelo era um infeliz que nem merecia um tabefe com as costas da mão mataria os donos dele entraria num bando de cangaceiros e Faria estrago nos homens que
dirigiam o soldado Amarelo não ficaria um para semente era a ideia que lhe fervia na cabeça mas havia a Muler havia os meninos havia a cachorrinha Fabiano gritou assustando o bêbado os tipos que abanavam o fogo o carcereiro e a mulher que se queixava das pulas tinha aqueles cambões pendurados ao pescoço devia a arrastá-los sim a Vitória dmia mal na cama de varas os meninos eram uns brutos como o pai quando crescessem guardariam as rezes de um patrão invisível seriam pisados maltratados machucados por um soldado Amarelo Capítulo 4ro sim a Vitória a cocorada junto às
pedras que serviam de trempe a saia de ramagens entalada entre as coxas sim a Vitória soprava o fogo uma nuvem de cinzas voou dos tições e cobriu lhe a cara a fumaça inundou lhe os olhos o Rosário de contas brancas e azuis desprendeu-se do Cabeção e bateu na panela sim a Vitória limpou as lágrimas com as costas das mãos encar pilhou as pálpebras meteu o Rosário no seio e continuou a soprar com vontade enchendo muito as bochechas Labaredas lamberam as achas de anjico esmoreceram tornaram a levantar-se e espalharam-se entre as pedras senha Vitória aprumou o
espinhaço e agitou o abano uma chuva de faíscas mergulhou num banho luminoso a cachorra baleia que se enroscava no calor e cochilava embalada pelas emanações da comida sentindo a deslocação do ar e a crepitação dos gravetos baleia despertou retirou-se prudentemente receosa de sapecar o pelo e ficou observando maravilhada as estrelinhas que se apagavam antes de tocar o chão aprovou com um movimento de cauda aquele fenômeno e deixou expressar sua admiração à Dona chegou-se a ela em saltos curtos ofegando ergueu-se nas pernas traseiras imitando gente mas sim a Vitória não queria saber de elogios arreda deu
um pontapé na na cachorra que se afastou humilhada e com sentimentos revolucionários s a Vitória tinha amanhecido nos seus azeites fora de propósito dissera ao marido umas inconveniências a respeito da cama de varas Fabiano que não esperava semelhante destino apenas grunhira Hum Hum E a munhe Carara porque realmente mulher é bicho difícil de entender deitara-se na rede e pegara no sono senha Vitória Andara para cima e para baixo procurando em que desabafar como achasse tudo em ordem queixara-se da vida e agora vingava-se em baleia dando-lhe um pontapé avizinhou-se da janela baixa da cozinha viu os
meninos entretidos no Barreiro sujos de lama fabricando bois de Barro que secavam ao sol sob o pé de turco e não encontrou motivos para repreendê-los pensou de novo na cama de varas e mentalmente xingou Fabiano dormiam naquilo tinham se acostumado mas seria mais agradável dormirem numa cama de lastro de couro como outras pessoas fazia mais de um ano que falava nisso ao marido Fabiano a princípio concordara com ela mastigara cálculos tudo errado tanto para o couro tanto para a armação bem poderiam adquirir o móvel necessário economizando na roupa e no querozene sim a Vitória respondera
que isso era impossível porque eles vestiam mal as crianças andavam nuas e encolhiam todos ao anoitecer para bem dizer não se se acendiam candeeiros em casa tinham discutido procurando cortar outras despesas Como não se entendessem S A Vitória aludir bastante azeda ao dinheiro gasto pelo marido na feira com jogo e cachaça ressentido Fabiano condenara os sapatos de verniz que ela usava nas festas caros e inúteis calçada naquilo trôpegos como um papagaio era ridícula S A Vitória ofendera se gravemente com a comparação se não fosse o respeito que Fabiano lhe inspirava teria despropositado efetivamente os sapatos
apertava-lhe os dedos fazia lhe Carlos equilibrava-se mal tropeçava manquejando nos saltos de meio palmo devia ser ridícula mas a opinião de Fabiano entristecer a muito desfeitas essas nuvens curtidos de sabores a cama de novo lhe aparecera no horizonte acanhado agora pensava nela de mau humor julgava inatingível e misturava as obrigações da casa foi à sala passou por baixo do Punho da rede onde Fabiano roncava tirou do caritó o cachimbo e uma pele de fumo saiu para o copiar o chocalho da vaca laranja tilin para os lados do Rio Fabiano era capaz de se ter esquecido
de curar a vaca laranja quis acordá-lo e perguntar mas distraiu-se olhando e chique chiques e os mandacarus que a voltavam na Campina o mormaço levantava-se da terra queimada estremeceu lembrando-se da seca o rosto Moreno desbotou os olhos pretos arregalaram se diligenciou afastar a recordação temendo que ela virasse realidade rezou baixinho uma ave maria já tranquila a atenção desviada para um buraco que havia na cerca do chiqueiro das Cabras esfarelou a pele de fumo entre as palmas das mãos grossas encheu o cachimbo de Barro foi consertar a cerca voltou circulou a casa atravessando o cercadinho do
Oitão entrou na cozinha é capaz de Fabiano ter se esquecido da vaca laranja agachou-se atiçou o fogo apanhou uma Brasa com a colher acendeu o cachimbo PSE a chupar o canudo de Taquari cheio de sarro jogou longe uma cusparada que passou por cima da janela e foi cair no terreiro preparou-se para cuspir novamente por uma extravagante Associação relacionou Esse ato com a lembrança da cama se o cusp lasse O terreiro a cama seria comprada antes do fim do ano encheu a boca de saliva inclinou-se e não conseguiu o que esperava fez várias tentativas inutilmente o
resultado foi secar a garganta ergueu-se desapontada besteira aquilo não valia aproximou-se do canto onde o pote se erguia numa Forquilha de Três Pontas bebeu um caneco d'água água salobra Ixe isto lhe sugeriu duas imagens quase simultâneas que se conf fundiram e neutralizaram panelas e bebedouros encostou o fur bolos na testa indecisa em que estava pensando olhou o chão concentrada procurando recordar-se viu os pés chatos largos os dedos separados de repente as duas ideias voltaram o Bebedouro secava a panela não tinha sido temperada foi levantar o testo recebeu na cara vermelha uma baforada de vapor não
é que ia deixando a comida esturrar osua nela e remexeu a com preta de coco em seguida provou o caldo osso nem parecia boia de Cristão chegou-se ao giral onde se guardavam com bucos e mantas de carne abriu a mochila de sal tirou um punhado jogou-o na panela agora pensava no Bebedouro onde havia um líquido escuro que bicho enjeitar só tinha medo da seca olhou de novo os pés espalmados efetivamente não se acostumava a calçar sapatos mas o remoque de Fabiano molestara pés de papagaio isso mesmo sem dúvida matuto anda assim para que fazer vergonha
a gente arrel ava-ufrpe era como se tivesse nascido depois que chegara à Fazenda a referência aos sapatos abrira lhe uma ferida e a viagem reaparecera as alpercatas dela tinham sido gastas nas pedras cansada meio morta de fome carregando o filho mas novo o baú e a gaiola do Papagaio Fabiano era ruim mal agradecido Olhou os pés novamente pobre do louro na beira do rio Matara o por necessidade para sustento da família naquele momento ele estava zangado fitava na cachorrinha as pupilas sérias e caminhava aos tombos como os matutos em dias de festa para que Fabiano
fora despertar-lhe aquela recordação chegou à porta Olhou as folhas amarelas das catingueiras suspirou Deus Não havia de permitir outra desgraça agitou a cabeça e procurou ocupações para entreter-se tomou a cuia grande encaminhou-se ao Barreiro encheu de água o Caco das Galinhas endireitou o poleiro em seguida foi ao talzinho regar os Cravinhos e as panelas de losna e botou os filhos para dentro de casa que tinham Barro até nas meninas dos olhos repreendeu-os safadinhos porcos sujos como deteve-se ia dizer que eles estavam sujos como papagaios Os Pequenos fugiram foram enrolar-se na esteira da sala por baixo
do caritó e sen a Vitória voltou para junto da trempe reacendeu o cachimbo a panela chava um vento morno e empoeirado sacudia asteia de aranha e as cortinas de pucumã do teto baleia sob o giral coçava com os dentes e pegava moscas ouvia-se distintamente os roncos de Fabiano compassados e o ritmo deles influiu nas ideias de sinha Vitória Fabiano roncava com segurança provavelmente não havia perigo a seca devia estar longe outra vez senha Vitória pôs-se a sonhar com a cama de lastro de couro mas o sonho se ligava à recordação do papagaio e foi-lhe preciso
um grande esforço para isolar o objeto de seu desejo tudo ali era estável seguro o sono de Fabiano o fogo que estalava o toque dos chocalhos até o zumbido das Moscas davam-lhe sensação de firmeza e repouso tinha de passar a vida inteira dormindo em varas bem no meio do catre havia um nó um calombo grosso na madeira e ela se encolhia num canto o marido no outro não podiam estirarse no centro a princípio não se incomodara Bamba moída de trabalhos deitar-se iia em empregos Viera porém um começo de prosperidade corriam engordavam não possuíam nada se
retirassem levariam a roupa a espingarda o baú de folha e troços Miúdos mas iam vivendo na graça de Deus o patrão confiava neles e eram quase felizes só faltava uma cama era o que apera sem a Vitória como já não se estasa em serviços pesados gastava um pedaço da a noite parafusando e o costume de encafuar se ao escurecer não estava certo que ninguém é galinha nesse ponto as ideias de C A Vitória seguiram outro caminho que pouco depois foi desembocar no primeiro não era que a raposa tinha passado no rabo a galinha pedrez logo
a pedrez a mais gorda decidiu armar um mundel perto do poleiro encoleriza se a raposa pagaria a galinha pedrez ladrona pouco a pouco a zanga se transferiu os roncos e Fabiano eram insuportáveis não havia homem que ronc asse tanto era bom levantar-se e procurar uma vara para substituir aquele pau amaldiçoado que não deixava uma pessoa virar-se por que não tinham removido aquela vara incômoda suspirou não conseguiam tomar resolução paciência era melhor esquecer o nó pensar numa cama igual a de seu Tomás da bolandeira seu Tomás tinha uma cama de verdade feita pelo Carpinteiro um estrado
de sucupira AL a enxó com as juntas abertas a formão tudo embutido direito e um couro cru em cima Bem esticado e bem pregado ali podia um cristão estirar os ossos se vendesse as galinhas e a marrã infelizmente a escada raposa tinha comido a pedrea mas gorda precisava dar uma lição à Raposa e armar um mundéu junto do poleiro e quebrar o espinhaço daquela sem vergonha ergueu-se foi à camarinha procurar qualquer coisa voltou des animada e esquecida onde Tinha a cabeça sentou-se na janela baixa da cozinha desgostosa venderia as galinhas e aaran deixaria de comprar
querosene inútil consultar Fabiano que sempre se entusiasmava arrumava projetos esfriava logo e ela franzia a testa espantada certa de que o marido se satisfazia com a ideia de possuir uma cama sim a Vitória desejava uma cama real de couro e Sucupira igual a de seu Tomás da bola Capítulo 5 o menino mais novo a ideia surgiu-lhe na tarde em que Fabiano botou os arreios na égua alazã e entrou à amansala não era propriamente ideia era o desejo vago de realizar qualquer ação notável que espantasse o irmão e a cachorra baleia naquele momento Fabiano lhe causava
grande admiração metido nos couros de perneiras Gibão e guarda-o era a criatura mais importante do mundo as rosetas das esporas dele tilintam no pátio as abas do Chapéu jogados para trás preso debaixo do queixo pela Correia aumentava-se a Vitória subjugava agarrando-o o vaqueiro apertou a cilha e pôs-se a andar em redor fiscalizando os arcanjos lento sem se apressar livrou-se de um coice virou o corpo os cascos da égua passaram lhe rente ao peito raspando o gibão em seguida Fabiano subiu ao copiar saltou da cela a mulher recuou e foi um redemoinho na Catinga trepado na
porteira do Curral o menino mas novo torcia as mãos suadas estirava se para ver a nuvem de poeira que tava as imburanas ficou assim uma eternidade cheio de alegria e medo até que a égua voltou e começou a pular furiosamente no pátio como se tivesse o diabo no corpo de repente a silha ar rebentou e houve um desmoronamento o pequeno deu um grito ia tombar da Porteira mas sossegou logo Fabiano tinha caído em pé e recolhia-se banzeiro e cambaio os arreios no braço os estribos soltos na carreira desesperada batiam um no outro as rosetas das
esporas tini sim a Vitória cachimbar tranquila no banco do copiar catando lendias no filho mais velho não se conformando com semelh indiferença depois da Façanha do pai o menino foi acordar baleia que preguiça a barriguinha vermelha descoberta sem vergonha a cachorra abriu um olho encostou a cabeça à pedra de amolar bocejou e Pegou no sono de novo julgou-a estúpida e egoísta deixou-a indignado foi puxar a manga do vestido da mãe desejando comunicar-se com ela sim a Vitória soltou uma exclamação de aborrecimento e como o pirralho insistisse deu-lhe um cocorote retirou-se zangado encostou-se num esteio do
Alpendre achando o mundo todo ruim e insensato dirigiu-se ao chiqueiro onde os bichos bodejando erguendo os Focinhos franzidos aquilo era tão engraçado que o egoísmo de baleia e o mau humor de senha Vitória desapareceram a admiração a Fabiano é que ia ficando maior esqueceu desentendimentos e grosserias um entusiasmo verdadeiro encheu lhe a alma pequenina apesar de ter medo do pai chegou-se a ele devagar esfregou se nas perneiras tocou as abas do Gibão as perneiras o gibão o guarda-o as esporas e o barbicacho do chapéu maravilharam no Fabiano desviou o desatento entrou na sala e foi
despojar-se daquela grandeza o menino deitou-se na esteira enrolou-se e fechou os olhos Fabiano era terrível no chão despidos os couros reduzia-se bastante mas no lombo da égua a lasan era terrível dormiu e sonhou um pé de vento cobria de poeira a folhagem das imburanas simha Vitória catava piolhos no filho mais velho baleia descansava a cabeça na pedra de amolar no dia seguinte essas imagens se varreram completamente os juazeiros no fim do pátio estavam escuros destoavam das outras árvores Por que seria aproximou-se do chiqueiro das Cabras viu o bode velho fazendo um barulho feio com com
as ventas arregaçadas lembrou-se do acontecimento da véspera encaminhou-se aos juazeiros curvado espiando os rastos da égua a alã a hora do almoço S A Vitória repreendeu este capeta anda leso ergueu-se deixou a cozinha foi contemplar as perneiras o guarda-o e o gibão pendurado num torno na sala daí marchou para o chiqueiro e o projeto nasceu arredou se fez tensão de estender-se com alguém mas ignorava o que pretendia dizer a égua alã e o bode misturavam-se e ele e o pai misturavam-se também odeu o chiqueiro mexendo-com-voce [Música] precisava mostrar que podia ser Fabiano conversando talvez conseguisse
explicar-se PSE a caminhar banzeiro até que o irmão e baleia levaram as cabras ao Bebedouro a porteira abriu-se um fartum espalhou-se pelos arredores os chocalhos soaram a camisinha de algodão atravessou o pátio contornou as pedras onde se atiravam cobras mortas passou os juazeiros desceu a ladeira alcançou a margem do rio agora as cabras se se empurravam metendo os Focinhos na água os cornos entre chocavam-se baleia atarefada latia correndo trepado na ribanceira o coração aos Baques o menino mais novo esperava que o bode chegasse ao bebedouro certamente aquilo era arriscado mas parecia-lhe que ali em cima
tinha crescido e Podia virar Fabiano sentou-se indeciso o bode ia saltar e derrubá-lo ergueu-se afastou-se quase livre da Tentação vi um bando de periquitos que voava sobre as catingueiras desejou possuir um deles amarrá-lo com uma embira dar-lhe comida sumiram-se todos chiando e o pequeno ficou triste espiando o céu cheio de nuvens brancas algumas eram carneirinhos mas desmanchava-se e tornavam-se bichos diferentes duas grandes se juntaram e uma tinha a figura da égua aã a outra representava Fabiano baixou os olhos encandeado esfregou os aproximou-se novamente da Ribanceira distinguiu a massa confusa do rebanho ouviu as pancadas dos
chifres se o bode já tivesse bebido ele experimentaria decepção examinou as pernas finas a camisinha encardida e rasgada enxergar viventes no céu considerava-se protegido convencia que forças misteriosas iam ampará-lo boaria no ar como um periquito PSE a berrar imitando as cabras chamando o irmão e a cachorra não obtendo o resultado indignou-se EA mostrar aos dois uma proeza voltariam para casa espantados aí o bode avizinhou-se e meteu o focinho na água o menino despenhou-se da Ribanceira escancha se no espinhaço dele mergulhou no pelame fofo escorregou tentou em vão segurar-se com os calcanhares foi atirado para a
frente voltou achou-se montado na garupa do animal que saltava demais e provavelmente se distanciava do bebedouro inclinou-se para um lado mais fortemente sacudido retomou a posição vertical entrou a dançar desengonçado as pernas abertas os braços inúteis outra vez impelido para a frente deu um salto mortal passou por cima da cabeça do bode aumentou o rasgão da camisa numa das pontas e estirou-se na areia Ficou ali estatelado quietinho um zumzum nos ouvidos percebendo vagamente que escapara sem honra da Aventura viu as nuvens que se desmanchava interessou-se pelo Voo dos urubus debaixo dos Couros Fabiano andava banzeiro
pesado direitinho um urubu sentou-se apalpou as juntas doídas fora sacolejado violentamente parecia-lhe que os ossos estavam deslocados olhou com raiva o irmão e a cachorra deviam tê-lo prevenido mas não descobriu nele nenhum sinal de solidariedade o irmão ria como um doido baleia séria desaprovava tudo aquilo achou-se abandonado e mesquinho exposto a quedas coices e marradas ergueu-se afastou-se com desânimo até a cerca do bebedouro encostou-se a ela o rosto virado para a água barrenta o coração esmorecido bateu os dedos finos pelo rasgão coçou o peito magro o tropu das Cabras perdeu na ladeira a cachorrinha ladr
longe como estariam as nuvens provavelmente algumas se transformavam em carneirinhos outras eram como os bichos desconhecidos lembrou-se de Fabiano e procurou esquecê-lo Com certeza Fabiano e s a Vitória iam castigá-lo por causa do acidente levantou os olhos tímidos a lua tinha aparecido engrossava acompanhada por uma estrelinha quase invisível aquela hora os periquitos descansavam na Vazante nas touceiras secas de milho se possuísse um daqueles periquitos seria feliz baixou a cabeça tornou a olhar a poça escura que o gado esvaziara uns riachos Miúdos marejam na areia como artérias abertas de animais recordou-se das Cabras abatidas à mão
de pilão penduradas de cabeça para baixo num caibro do copiar sangrando retirou-se a humilhação atenuou se pouco a pouco e morreu precisava entrar em casa jantar dormir precisava crescer ficar tão grande como Fabiano matar cabras à mão de pilão trazer uma faca de ponta à cintura ia crescer espichar se numa cama de varas Fumar cigarros de palha calçar sapatos de couro cru subiu à Ladeira chegou-se à casa devagar entortando as pernas banzeiro quando fosse homem caminharia assim pesado cambaio importante a rosetas das esporas tilintando saltaria no lombo de um cavalo brabo e voaria na Catinga
como Pé de Vento levantando Poeira ao regressar apearse ia num pulo e andaria no pátio assim torto de perneiras debão guarda peito e chapéu de couro com barbicacho o menino mais velho e baleia ficariam admirados Capítulo 6 o menino mais velho deu-se aquilo Porque sem a Vitória não conversou um instante com o menino mais velho ele nunca tinha ouvido falar em inferno estranhando a linguagem de sinha terta pediu informações Sinha Vitória distraída aludiu vagamente a um lugar ruim demais e como o filho exigisse uma descrição encolheu os ombros O menino foi à sala a interrogar
o pai encontrou-o sentado no chão com as pernas abertas desenrolando um meio de sola bota o pé aqui a ordem se cumpriu e Fabiano tomou a medida da alpercata deu um traço com a ponta da faca atrás do calcanhar outro adiante do Dedo grande riscou em seguida a forma do Calçado e bateu Palmas a reda o menino afastou-se um pouco mas ficou por ali rondando e timidamente arriscou a pergunta não obteve resposta voltou à cozinha e foi pendurar-se à saia da mãe como é senha Vitória falou em Espetos quentes e fogueiras a senhora viu aí
Sen gla se zangou achou o insolente e aplicou-lhe um cocorote o menino saiu indignado com a injustiça atravessou o terreiro escondeu-se debaixo das catingueiras murchas à beira da lagoa vazia a cachorra baleia acompanhou naquela hora difícil repousava junto à trempe cochilando no calor À Espera de um osso provavelmente não receberia mas acreditava nos ossos e o torpor que a embalava era doce mexia se de longe longe punha na dona as pupilas negras onde a Confiança brilhava admitia a existência de um osso graúdo na panela e ninguém lhe tirava esta certeza nenhuma inquietação lhe perturbava os
desejos moderados às vezes recebia pontapés sem motivos os pontapés estavam previstos e não dissipavam a imagem do osso naquele dia a voz estridente diss a Vitória e o cascudo no menino mais velho arrancaram baleia da modorra e deram-lhe a suspeita de que as coisas não iam bem Foi esconder-se num canto por detrás do Pilão fazendo-se miúda entre Cumbuco e cestos um minuto depois levantou o focinho e procurou orientar-se o vento morno que soprava da Lagoa fixou-se ao longo da parede transpôs a janela baixa da cozinha atravessou o terreiro passou pelo pé de turco topou o
camarada chorando muito infeliz a sombra das catingueiras tentou minorar lhe o padecimento saltando em roda e balançando a caluda não podia sentir dor excessiva e como nunca se impacienta continuou a pular ofegante chamando a atenção do amigo Afinal convenceu-o de que o procedimento dele era inútil o pequeno sentou-se acomodou nas pernas a cabeça da cachorra pôs-se a contar-lhe baixinho uma história tinha um vocabulário quase tão minguado como o do papagaio que morrera no tempo da seca valia-se pois de exclamações e de gestos baleia respondia com o rabo com a língua com movimentos fáceis de entender
todos o abandonavam a cadelinha era o único vivente que lhe mostrava simpatia afagou a com os dedos magros e sujos e o animal encolheu-se para sentir bem o contato agradável experimentou uma sensação como a que lhe dava a cinza do borralho continuou a acariciá-la aproximou do focinho dela a cara em lada olhou bem fundo nos olhos tranquilos estivera metido no Barreiro com o irmão fazendo bichos de Barro lambuzando deixara o brinquedo e fora interrogar S A Vitória um desastre a culpada era S aerta que na véspera depois de curar com reza a espinhela de Fabiano
soltara uma palavra esquisita chiando o canudo do cachimbo preso nas gengivas banguelas ele tinha querido que a palavra virasse coisa e ficara apontado Quando a mãe se referira a um lugar ruim com espetos e fogueiras por isso rezingar esperando que ela fizesse o inferno transformasse todos os lugares conhecidos eram bons o chiqueiro das Cabras O Curral o Barreiro o pátio o bebedouro mundo onde existem seres reais a família do Vaqueiro e os bichos da Fazenda além havia uma serra distante e azulada um monte que a cachorra visitava caçando preás Veredas quase imperceptíveis na Catinga moitas
e capões de mato impenetráveis bancos de Macambira E aí fervilhavam uma porção de Pedras Vivas e plantas que procediam como gente esses mundos viviam em paz Às vezes desapareciam as fronteiras habitantes de dois lados figura entendia-se perfeitamente auxiliavam-se existia Sem dúvida em toda a parte forças maléficas mas essas forças eram sempre vencidas e quando Fabiano am manava brabo evidentemente uma entidade protetora segurava o na cela indicava lhe os caminhos menos perigosos livrava o dos Espinhos e dos Galhos nem sempre as relações entre as criaturas haviam sido amáveis Antigamente os homens tinham fugido à toa cansados
e Famintos sim a Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto equilibrava o baú de folha na cabeça Fabiano levava no ombro a espingarda de pederneira baleia mostrava as costelas através do pelo escasso ele o menino mais velho caíra no chão que lhe torva os pés escurecer de repente os chique chiques e os mandacarus haviam desaparecido mal sentia as pancadas que Fabiano lhe dava com a bainha da faca de ponta naquele tempo o mundo era ruim mas depois se consertar para bem dizer as coisas ruins não tinham existido No giral da cozinha arrumavam se
mantas de carne seca e pedaços de inho a sede não atormentava as pessoas e à tarde aberta a porteira o gado miúdo corria para o bebedouro ossos e seixos transformavam-se às vezes nos entes que povoavam as moitas o morro a serra distante e os bancos de Macambira como não sabia falar direito o menino balbuciava expressões complicadas repetia as sílabas imitava os berros dos animais o barulho do vento o som dos Galhos que rangiam na catinga roçando se agora tinha tido a ideia de aprender uma palavra com certeza importante porque figurava na conversa de Sin terta
ia decorá-la e transmiti-la ao irmão e a cachorra baleia permaneceria indiferente mas o irmão se admiraria invejoso inferno inferno não acreditava que Um nome tão bonito servisse para designar coisa tão ruim e resolvera discutir com sená Vitória se ela houvesse dito que tinha ido ao inferno bem sim a Vitória impunha-se autoridade visível e poderosa se houvesse feito menção de qualquer autoridade invisível e mais poderosa muito bem mas tentara convencê-lo dando-lhe um cocorote isto lhe parecia absurdo achava as pancadas naturais quando as pessoas grandes se zangava pensava Até que a zanga delas era a causa Única
dos cascudos e puxava Anes na orelha esta convecção tornava-o desconfiado fazia-o observar os pais antes de se dirigir a eles animar-se a interrogar-se a Vitória porque ela estava bem disposta explicou isto a cachorrinha com abundância de Gritos e gestos baleia detestava expansões violentas estirou as pernas fechou os olhos e bocejou para ela os pontapés eram fatos desagradáveis e necessários só tinha um meio de evitá-los A Fuga mas às vezes apanhavam na de surpresa uma extremidade de alpercata batia ali no traseiro saía Latin ia esconder-se no mato com desejo de morder canelas incapaz de realizar o
desejo aquii etava se efetivamente a exaltação do amigo era desarrazoada tornou a estirar as pernas e bocejou de novo seria bom dormir o menino beijou-lhe o focinho úmido embalou a a alma dele pôs-se a fazer voltas em redor da Serra azulada e dos bancos de Macambira Fabiano dizia que na serra havia tocas de suçuaranas e nos bancos de Macambira rendilhados de espinhos surgiam cabeças chatas de jararacas esfregou as mãos finas esgaravatar sujas pensou nas figurinhas abandonadas junto ao Barreiro mas isto lhe trouxe a recordação da palavra infeliz diligenciou afastar do Espírito aquela curiosidade funesta imaginou
que não fizera a pergunta não recebera Portanto o cascudo levantou-se via a janela da cozinha o cocó diss a Vitória e isto lhe dava pensamentos maus foi sentar-se debaixo de outra árvore avistou a serra coberta de nuvens ao escurecer a serra misturava-se com o céu e as estrelas andavam em cima dela como era possível haver Estrelas na Terra a cadelinha chegou-se aos pulos cheirou lambeu lhe as mãos e acomodou-se como era possível haver Estrelas na Terra entristeceu talvez sen a Vitória dissesse a verdade o inferno devia estar cheio de jararacas e suçuaranas e as pessoas
que moravam lá recebiam cocorote puxões de orelhas e pancadas com bainha de faca apesar de ter mudado de lugar não podia livrar-se da presença de sinha Vitória repetiu que não havia acontecido nada e tentou pensar nas estrelas que acendiam na terra inutilmente aquela hora as estrelas estavam apagadas sentiu-se fraco e desamparado Olhou os braços magros os dedos finos pôs-se a fazer no chão desenhos misteriosos para que sim a Vitória tinha dito aquilo abraçou a cachorrinha com uma violência que a descontentou não gostava de ser apertada preferia saltar e espojar-se farejando a panela franzia as ventas
e reprovava os modos estranhos do amigo um osso grande subia e descia no caldo esta imagem consoladora não a deixava o menino continuou a abraçá-la e baleia encolhia-se para não magoá-lo sofria a Carícia excessiva o o dele era bom mas estava misturado com emanações que vinham da cozinha havia ali um osso um osso graúdo cheio de tutano e com alguma carne Capítulo 7 inverno a família estava reunida em torno do fogo Fabiano sentado no pilão caído sem a vitória de pernas cruzadas as coxas servindo de travesseiros aos filhos a cachorra baleia com o traseiro no
chão e o resto do corpo levantado olhava As Brasas que se cobriam de cinzas estava um frio medonho as goteiras pingavam lá fora o vento sacudia os Ramos das catingueiras e o barulho do rio era como um trovão distante Fabiano esfregou as mãos satisfeito e empurrou os tições com a ponta da alpercata As Brasas estalaram a cinza Caiu um círculo de luz espalhou-se em redor da trempe de pedras clareando vagamente os pés do Vaqueiro os joelhos da mulher e os meninos deitados de quando quando estes se mexiam porque o lume era fraco e apenas aquecia
pedaços deles outros pedaços esfriava pelas rachaduras da parede e pelas gretas da janela por isso não podiam dormir quando iam pegando no sono arrepiavam tinham precisão de virar-se chegavam-lhe congruências às vezes uma interjeição cultural dava energia ao discurso ambíguo na verdade nenhum deles prestava atenção às palavras do outro iam exibindo as imagens que lhe vinham ao espírito e as imagens sucediam-se deformam não havia meio de dominá-las como os recursos de expressão eram minguados tentavam remediar a deficiência falando alto Fabiano tornou a esfregar as mãos e iniciou uma história bastante confusa mas como só está estavam
iluminadas as alpercatas dele o gesto passou despercebido o menino mais velho abriu os ouvidos atento se pudesse ver o rosto do pai compreenderia Talvez uma parte da narração mas assim no escuro a dificuldade era grande levantou-se foi a um canto da cozinha trouxe de lá uma braçada de lenha sim a Vitória aprovou este ato com um rugido mas Fabiano condenou a interrupção achou que o procedimento do filho revelava falta de respeito e estirou braço para castigá-lo o pequeno escapuliu se foi enrolar-se na saia da mãe que se pôs francamente ao lado dele hum hum que
brabeza aquele homem era assim mesmo tinha um coração perto da guela estourado remexeu As Brasas com o cabo da de coco arrumou entre as pedras achas de anjico molhado procurou acendê-las Fabiano ajudou-a suspendeu a tagarelice pôs-se de quatro pés e soprou os carvões enchendo muito as bochechas uma fumarada invadiu a cozinha as pessoas tosir enxugaram os olhos sim a Vitória manejou o abano e passado um minuto as labaredas espirrar entre as pedras o círculo de luz aumentou agora as figuras surgiam na sombra vermelhas Fabiano visível da barriga para baixo ia se tornando indistinto daí para
cima era um negrume que vagos clarões cortavam desse negrume saiu novamente a parolagem mastigada Fabiano estava de bom humor dias antes a enchente havia coberto as marcas postas no fim da terra de aluvião alcançava as catingueiras que deviam estar submersas certamente só apareciam as folhas A Espuma subia lambendo as ribanceiras que desmoronava dentro em pouco o despotismo de água ia acabar mas Fabiano não pensava no futuro por enquanto a inundação crescia matava bichos ocupava GR e várzeas tudo muito bem e Fabiano esfregava as mãos não havia perigo da seca imediata que aterrorizar a família durante
meses a catinga amarelecer avermelhar a-se o gado principiar a emagrecer e horríveis visões de pesadelo tinham agitado o sono das pessoas de repente um traço ligeiro rasgara o céu para os lados da Cabeceira do Rio outros surgiram mais claros o trovão roncar perto na escuridão da meia-noite rolaram nuvens cor de sangue a ventania arrancara sucupiras e imburanas houvera relâmpagos em demasia e s a Vitória se escondera na camarinha com os filhos tapando as orelhas enrolando-se nas cobertas Mas aquela brutalidade findara de chofre a chuva caíra a cabeça da cheia aparecera arrastando troncos e animais mortos
a água tinha subido alcançando a ladeira estava com vontade de chegar ao Juazeiro do fim do pátio sem a Vitória andava amedrontada seria possível que a água topasse os juazeiros se isto acontecesse a casa seria invadida os moradores teriam de subir o morro viver uns dias no morro como preás suspirava atiçando o fogo com o cabo da de coco Deus não permitiria Que sucedesse tal desgraça hã a casa era forte hã os esteios de aroeira estavam bem fincados no chão duro se o rio chegasse ali derrubaria apenas os Torrões que formavam um enchimento das paredes
de taipa Deus protegeria a família hã as varas estavam bem amarradas com cipós nos esteios de aroeira o arcabouço da casinha resistiria à Fúria das águas e quando elas baixassem a família regressaria sim viveriam todos no mato como preás voltariam quando as águas baixassem tirariam do Barreiro terra para vestir o esqueleto da casa hã sim a Vitória moveu o abano com força para não ouvir o barulho do Rio que se aproximava seria que ele estava com intenção de progredir o abano zumbia e o rumor da enchente era um sopro um sopro que esmorece para lá
dos juazeiros Fabiano contava façanhas começara moderadamente mas excitarse pouco a pouco e agora via os acontecimentos com exagero e otimismo estava convencido que praticara feitos notáveis necessitava esta convicção algum tempo antes aconteceu Aquela desgraça o soldado Amarelo provocara o na feira dera-lhe uma surra de facão e metera o na cadeia Fabiano passar as semanas capiongo fantasiando vinganças vendo a criação definhar na Catinga torrada se a seca chegasse ele abandonaria mulher e filhos cozeria a facadas o soldado amarelo depois mataria o juizz o promotor e o delegado estiveram dias assim murcho pensando na seca e roendo
a ação mas a trovoada ronca Viera a cheia e agora as goteiras pingavam o vento entrava pelos buracos das paredes Fabiano estava contente e esfregava as mãos como o frio era grande aproximou as das Labaredas relatava um fusu terrível esquecia as pancadas e a prisão sentia-se capaz de Atos importantes o rio subia à Ladeira estava perto dos juazeiros não havia notícia de que os houvesse atingido e fabianos seguro baseado nas informações dos mais velhos narravam uma briga de que saíra vencedor a briga era sonho mas Fabiano acreditava nela as vacas vinham abrigar-se junto à parede
da casa pegada ao Curral a chuva fustigava-o alhos batiam iriam engordar com o novo pasto dar crias o pasto crescia no campo as árvores se enfeitaram o gado se multiplicaria engordaram todos ele Fabiano a mulher os Dois Filhos e a cachorra baleia talvez sem a Vitória adquirisse uma cama de lastro de couro realmente o giral de varas onde se espichava era incômodo Fabiano gesticulava sim a Vitória agitava o abano para sustentar as labaredas no anico molhado os meninos sentindo frio numa banda e calor na outra não podiam dormir e escutavam as lorotas do pai começaram
a discutir em voz baixa uma passagem obscura da narrativa não conseguiram entender-se zaram azedos iam se atracando Fabiano zangou-se com a impertinência deles e quis puni-los depois moderou se repiso o trecho incompreensível utilizando palavras diferentes o menino mais novo bateu Palmas Olhou as mãos de Fabiano que se agitavam por cima das Labaredas escuras e vermelhas as costas ficavam na sombra mas as palmas estavam iluminadas e cor de sangue era como se Fabiano tivesse esfolado um animal a barba ruiva e maranh estava invisível os olhos azulados e móveis fixavam se nos tições a falad dura e
rouca entre cortava se de silêncios sentado no pilão Fabiano derre ava-ufrpe dizia-lhe a verossimilhança um desencanto estirou-se e bocejou Teria sido melhor a repetição das palavras altercar com o irmão procurando interpretá-las brigaria por causa das palavras e a sua convicção encorpar Fabiano deveria tê-las repetido não apareceram uma variante o herói tinha se tornado humano e contraditório o menino mais velho recordou-se de um brinquedo antigo presente de seu Tomás da bolandeira fechou os olhos reabriu o sonolento o ar que entrava pelas rachas da parede esfriava lhe uma perna um braço todo o lado direito virou-se os
pedaços de Fabiano sumiram-se o brinquedo se quebrara o pequeno entristecer a vendo as peças inúteis lembrou-se dos currais feitos de seixos Miúdos sob as carting iras agora a lagoa estava cheia tinha coberto os currais que ele construíra o Barreiro também se enchera atingia a parede da cozinha as águas dele juntavam-se às da Lagoa para ir ao quintal onde haviam craveiros e panelas de lna sem a Vitória saía pela porta da frente descia o copiar e atravessava a porteira de baraona atrás da casa as cercas o pé de turco e as catingueiras estavam dentro d'água as
goteiras pingavam os chocalhos das vacas tini os sapos cantavam o som dos chocalhos era familiar mas a cantiga dos sapos e o rumor das goteiras causavam estranheza tudo estava mudado chovia o dia inteiro a noite inteira as moitas e capões de mato Onde viviam seres misteriosos tinham sido violados havia lá sapos e a cantiga dele subia e descia uma toada lamentosa enchia os arredores tentou contar as vozes atrapalhou se eram muitas Com certeza havia uma infinidade de sapos nas moitas e nos capões que estariam fazendo porque gritavam a cantoria gorgolejo nunca vira um deles confundia
os com os habitantes invisíveis da terra e dos bancos de Macambira enrolou-se acomodou-se adormeceu uma banda aquecida pelo fogo a outra banda protegida pelas nádegas de Cinha a Vitória o abano agitava a madeira úmida chiava e o Vulto de Fabiano iluminava Se e escurecia baleia imóvel paciente olhava os carvões e esperava que a família se recolhesse enfastiava-a o barulho que Fabiano fazia no campo seguindo uma rez se esgoela demais natural mas ali a beira do fogo para que tanto grito Fabiano estava se cansando à toa baleia se enjoava cochilava e não podia dormir sim a
Vitória devia retirar os carvões e a cinza varrer o chão deitar-se na cama de varas com Fabiano os meninos se arrumaram na esteira por baixo do caritó na sala Era bom que a deixassem em paz o dia todo espiava os movimentos das pessoas tentando adivinhar coisas incompreensíveis agora precisava dormir livrar-se das pulas e daquela vigilância a que a tinham habituado varrido o chão com Vassourinha escorregar entre as pedras enroscar-se iia adormecera no calor sentindo o cheiro das Cabras molhadas e ouvindo rumores desconhecidos o tique-taque das pingueiras a cantiga dos sapos O sopro do Rio cheio
bichos Miúdos e sem Don iriam visitá-la Capítulo 8 festa Fabiano e sim a Vitória e os meninos iam à festa de Natal na cidade eram 3 horas fazia grande calor redemoinhos espalhavam por cima das Árvores amarelas nuvens de poeira e folhas secas tinham fechado a casa atravessado o pátio descido a ladeira e peson avam nos seixos como bois doentes dos cascos Fabiano apertado na roupa de brim Branco feita por c aerta com chapel de Beata colarinho gravata botinas de vaqueta e elástico procurava erguer o espinhaço o que ordinariamente não fazia sim a vitória enfronhar no
vestido vermelho de ramagens equilibrava-se mal nos sapatos de salto enorme teimava em calçar se como as moças da rua e dava topadas no caminho os meninos estreavam calça e palitó em casa sempre usavam camisinhas de Riscado ou andavam luz mas Fabiano tinha comprado 10 varas de pano branco na loja e incubiram-me [Música] olhava o chão evitando as pedras os tocos os buracos e as cobras a posição forçada cansou e ao pisar a areia do Rio notou que assim não poderia vencer as três Léguas que o separavam da cidade descalçou se meteu as meias no bolso
tirou o paletó a gravata e o colarinho Roncou aliviado sim a Vitória decidiu imitá-lo arrancou os sapatos e as meias que amarrou no lenço os meninos puseram as chinelinhos do braço e sentiram-se à vontade a cachorra baleia que vinha atrás incorporou-se ao grupo se ela tivesse chegado antes provavelmente Fabiano a teria enxotado e baleia passaria à festa junto às cabras que sujavam o copiar mas com a gravata e o colarinho machucados no bolso o paletó no ombro e as botinas enfiadas num pau o vaqueiro achou-se perto dela e acolheu-me a tarde foi comida facilmente e
ao cair da noite estavam na beira do riacho a entrada da rua aí Fabiano parou sentou-se lavou os pés duros procurando retirar das gretas fundas O Barro que lá havia sem se enxugar tentou calar-se E foi uma dificuldade os calcanhares das meias de algodão formaram bolos nos peitos dos pés e as botinas de vaqueta resistiram como virgens senha Vitória levantou a saia sentou-se no chão e limpou se também os dois meninos entraram no riacho esfregaram os pés saíram calçaram as chinelinhos movimentos dos pais sem a Vitória aprontava se e erguia-se mas Fabiano soprava arreliado tinha
vencido a obstinação de uma daquelas amaldiçoadas botinas a outra emperravam palpites que irritavam o marido não havia meio de introduzir o di do calcanhar no tacão a um arranco mais forte a alça de trás rebentou se e o vaqueiro meteu as mãos pela borracha energicamente nada conseguindo levantou-se resolvido a entrar na rua a si mesmo cocheando uma perna mais comprida que a outra com raiva excessiva a que se misturava alguma esperança deu uma patada violenta no chão a carne comprimiu os ossos estalaram a meia molhada rasgou-se e o pé amarrotado se encaixou entre a as
paredes da vaqueta Fabiano soltou um suspiro Largo de satisfação e dor em seguida tentou prender o colarinho duro ao pescoço mas os dedos trêmulos não realizaram a tarefa sen a Vitória auxiliou o botão entrou na casa Estreita e a gravata amarrou as mãos sujas suadas deixaram no colarinho manchas escuras está certo gruni Fabiano atravessaram a Pinguela e alcançaram a rua sim a vitória caminhava aos tombos por causa dos altos dos sapatos e conservava o guarda-chuva suspenso com o Castão para baixo e a biqueira para cima enrolada no lenço impossível dizer porque senha Vitória levava o
guarda-chuva com biqueira para cima e o Castão para baixo ela própria não saberia explicar-se mas sempre vira as outras matutas procederem assim e adotava o costume Fabiano marchava teso os dois meninos espiava não se sentiam curiosidade sentiam medo e por isso pisavam devagar receando chamar a atenção das pessoas suponham que existiam mundos diferentes da Fazenda mundos maravilhosos na terra azulada aquilo porém era esquisito como podia haver tantas casas e tanta gente com certeza os homens iriam brigar seria que o povo Ali era brabo e não consentia que eles andassem entre as barracas estavam acostumados a
aguentar cascudos e puxões de orelhas Talvez as criaturas desconhecidas não se comportassem como sen a Vitória mas os pequenos retraísse às Paredes meio encandeado os ouvidos cheios de rumores estranhos chegaram à igreja entraram baleia ficou passeando na calçada olhando a rua inquieta na opinião dela tudo devia estar no escuro porque era noite e a gente que andava no quadro precisava deitar-se levantou o focinho sentiu um cheiro que lhe deu vontade de tosir gritavam demais Ali perto e havia luzes em abundância mas o que a incomodava era aquele cheiro de fumaça os meninos também se espantavam
no mundo subitamente alargado viam fabianos sem a Vitória muito reduzidos menores que as figuras dos Altares não conheciam Altares mas presumiam que aqueles objetos deviam ser preciosos as luzes e os cantos estasi havam noos de luz havia na fazenda o fogo entre as paredes da cozinha e o candeeiro de querozene pendurado pela asa numa vara que saía da taipa de canto o bendito de senha Vitória e o aboio de Fabiano o aboio era triste Uma cantiga monótona e sem palavras que entorpecido estava silencioso olhando as imagens e as velas acesas constrangido na Roupa Nova o
pescoço esticado pisando em Brasas a multidão apertava o mais que a roupa embaraçava oo de perneira Gibão e guarda peito andava metido numa caixa como tatu mas saltava no lombo de um bicho e voava na Catinga agora não podia virar-se mãos e braços roçavam lhe o corpo lembrou-se da sorra que levara e da noite passada na cadeia a sensação que experimentava não diferia muito da que tinha tido ao ser preso era como se as mãos e os braços da multidão fossem agarrá-lo subjugá-lo espremê-lo num canto de parede Olhou as caras em redor evidentemente as criaturas
que se juntavam ali não o viam mas Fabiano sentia-se rodeado de inimigos temia envolver-se em questões e acabar mal à noite soprava e esforçava-se inutilmente por abanar se com o chapéu difícil mover-se estava amarrado lentamente conseguiu abrir caminho no povar esgueirou-se até junto da pia de água benta onde se deteve receioso de perder de vista a mulher e os filhos ergueu-se nas pontas dos pés mas isto lhe arrancou um grunir os calcanhares esfolados começavam a aflinge senha Vitória que se estendia atrás de uma coluna provavelmente os meninos estavam com ela a igreja cada vez mais
se enchia para avistar a cabeça da mulher Fabiano precisava estirarse voltar o rosto e o colarinho perfurava lhe o pescoço as botinas e o colarinho eram indispensáveis não podia assistir a novena Calçado em alpercatas a camisa de algodão aberta mostrando o peito cabeludo seria desrespeitoso como tinha religião entrava na igreja uma vez por ano e sempre vira desde que se entendera roupas de festa assim calça e Paletó engomados batinas de elástico chapéu de Beata colarinho e gravata não se arriscaria a prejudicar a tradição embora sofresse com ela supunha cumprir Um dever tentava aprum marse mas
a disposição esmorece o espinhaço vergavam deixam-se desengonçados comparando-se aos tipos da cidade Fabiano reconhecia-se inferior por isso desconfiava que os outros mangavam dele fazia-se carrancudo e evitava conversas só lhe falavam com o fim de tirar-lhe qualquer coisa os negociantes furtavam na medida no preço e na conta o patrão realizava com pena e tinha cálculos incompreensíveis da última vez que se tinham encontrado houvera uma confusão de números e Fabiano com os miolos a dendo deixara indignado o escritório do banco certo de que fora enganado todos lhe davam prejuízo os caixeiros o comerciante e o proprietário tiravam-me
não queria pensar nisto preguiçosos ladrões faladores mufin estava convencido de que todos os habitantes da cidade eram ruins mordeu os beiços não poderia dizer semelhante coisa por falta menor aguentar a facão e dormira na cadeia ora o soldado Amarelo sacudiu a cabeça livrou-se da Recordação desagradável e procurou uma cara amiga na multidão se encontrasse um conhecido iria chamá-lo para calçada abraçá-lo sorrir bater palmas depois falaria so obgado estremeceu tentou ver o cocó de sinar Vitória precisava ter cuidado para não se distanciar da mulher e dos filhos aproximou-se deles alcançou-se saíram aos encontrões desceram os degraus
empurrado machucado Fabiano tornou a pensar no soldado amarelo no quadro ao passar pelo Jatobá virou o rosto sem motivo nenhum o desgraçado tinha ido provocá-lo pisar-se perder a paciência tivera um rompante consequência facão no lombo e uma noite na cadeia convidou a mulher e os filhos para os cavalinhos arrumou-os distraiu-se um pouco vendo-os rodar em seguida encaminhou-o às barracas de jogo coçou se puxou lento desatou contou o dinheiro com a tentação de arriscar no bozó se fosse feliz poderia comprar a cama de couro cru o sonho de S A Vitória foi beber cachaça numa toda
voltou PSE a rondar indeciso pedindo com os olhos a opinião da mulher sen a Vitória fez um gesto de reprovação e Fabiano retirou-se lembrando-se do jogo que tivera em casa de Seu Inácio com o soldado Amarelo fora roubado Com certeza fora roubado avizinhou-se de avizinhou-se da toa e bebeu mais cachaça Pouco a Pouco ficou sem vergonha festa é festa bebeu ainda mais uma vez e empertigou se olhou as pessoas desafiando-os estava resolvido a fazer uma asneira se topasse o soldado amarelo esb odega se com ele andou entre as barracas emproado atirou coices no chão insensível
às esfoladas dos pés queria era desgraçar se dar um pano de amostra aquele safado não ligava importância à mulher e aos filhos que o seguiam apareça um homem berrou no barulho que enchia a praça ninguém notou a provocação e Fabiano foi esconder-se por detrás das barracas para lá dos tabuleiros dos Doces estava disposto a esbagaçar se mas havia nele um resto de prudência ali podia irritar-se dirigir ameaças e desaforos a inimigos invisíveis impelido por forças Opostas expunha-se e acautela Sabia que aquela explosão era perigosa temia que o soldado amarelo surgisse de repente viesse plantar lhe
no pé a reuna o soldado Amarelo falto de substância ganhava fumaça na companhia dos amigos era bom evitá-lo mas a lembrança dele tornava-se às vezes horrível e Fabiano estava tirando uma desafora estimulado pela cachaça fortalecia se Cadê o valente quem é que tem coragem de dizer que sou feio apareço um homem lançava o desafio numa fala atrapalhada com vago receio de ser ouvido ninguém apareceu e Fabiano Roncou alto gritou que eram todos uns frouxos uns capados sim senhor depois de muitos berros supôs que havia ali perto uns homens escondidos com medo dele insultou cambada de
parou agoniado suando frio a boca cheia de água sem atinar com a palavra cambada de qu tinha o nome debaixo da língua e a língua engrossava perra Fabiano cuspia fixava na mulher e nos f uns olhos vidrados recuou alguns passos entrou a enguiar em seguida aproximou-se figura novamente das luzes capengando foi sentar-se na calçada de uma loja estava desanimado bambo o entusiasmo a refira cambada de qu repetia a pergunta sem saber o que procurava olhou de perto a cara da mulher não conseguiu distinguir-los traços sem a Vitória perceberia a atrapalhação dele havia ali outros matutos
conversando e Fabiano enjoou os se não tivesse tão ansiado arrotando suando brigaria com eles a interrogação que lhe apeava o espírito confuso juntou-se à ideia de que aquelas pessoas não tinham o direito de sentar-se na calçada queria que o deixassem com a mulher os filhos e a cachorrinha cambada de quê soltou um grito áspero bateu Palmas cambada de cachorros descoberta a expressão teimosa alegrou-se cambada de cachorros evidentemente os matutos como ele não passavam de cachorros procurou com as mãos a mulher e os filhos certificou-se de que eles estavam acomodados uma contração violenta no pescoço entortou
lhe o rosto a boca encheu-se novamente de saliva pôs-se a cuspir Serenou respirou com força passou os dedos por um fio de baba que lhe pendia do beiço estava era tonto com uma zoada infeliz nos ouvidos ia jurar que mostrara valentia e correra perigo achava ao mesmo tempo que havia cometido uma falta agora estava pesado e com sono enquanto Andara fazendo espalhafato a cabeça cheia de água ardente desprezar as esfoladas dos pés Mas esfriava e as botinas de vaqueta magoava noos em demasia arrancou-me libertou-se do colarinho da gravata e do palitó Enrolou tudo fez um
travesseiro estirou-se no cimento puxou para trás os olhos o chapéu de Beata e adormeceu com o estômago embrulhado sem a vitória achava-se em dificuldade torcia para satisfazer uma pressão e não sabia como se desembaraçar podia esconder-se no fundo do quadro por detrás das barracas para lá dos tambores das doceiras ergueu-se meio decidida tornou a acocorar se abandonar os meninos o marido naquele estado apertou-o e observou os quatro cantos com desespero que a precisão era grande escapuliu disfarçadamente chegou à esquina da loja onde havia um magote de mulheres agachadas e olhando as frontar das casas e
as lanternas de papel molhou o chão e os pés das outras matutas afastou-se para junto da família tirou do bolso o cachimbo de Barro axou acendeu o largou umas baforadas longas de satisfação livre da Necessidade viu com interesse o Formigueiro Que circulava na praça a mesa do leilão as listas luminosas dos foguetes é a vida não era má pensou com um arrepio na seca na viagem medonha que fizera em caminhos abrasados vendo ossos e garranchos afastou a lembrança ruim atentou naquelas belezas o burburinho da multidão era doce o realejo fanhoso dos cavalinhos não descansava para
a vida ser boa só faltava assim a Vitória uma cama igual a de seu Tomás da bolandeira suspirou pensando na cama de varas em que dormia Ficou ali de cócoras cachimbando os olhos e os ouvidos muito abertos para não perder a festa os meninos trocavam impressões coxixando Aflitos com o desaparecimento da cachorra Puxaram a manga da mãe que fim teria levado baleia sim a Vitória levantou o braço num gesto mole indicou vagamente dos pontos cardeais com o canudo do cachimbo Os Pequenos insistiram onde estaria a cachorrinha indiferentes a igreja as lanternas de papel aos bazares
às mesas de jogo e aos foguetes só se importavam com as pernas dos transeuntes Coitadinha andava por aí perdida aguentando pontapés de repente baleia apareceu trepou-se na calçada mergulhou entre as saias das mulheres passou por cima de Fabiano e chegou-se aos amigos manifestando com a língua e com o rabo um Vivo contentamento o menino mais velho agarrou-a estava segura tentaram explicar-lhe que tinha sido um susto enorme por causa dela mas baleia não ligou importância a explicação achava é que per um tempo num lugar esquisito cheio de odores desconhecidos quis latir expressar Oposição a tudo aquilo
mas percebeu que não convenceria ninguém e encolheu-se baixou a cauda resignou-se ao Capricho dos seus donos a opinião dos meninos assemelhava-se a dela agora olhavam as lojas as todas a mesa do leilão e conferenci avam pasmados tinham percebido que havia muitas pessoas no mundo ocupavam-se em descobrir uma enorme quantidade de objetos comunicaram baixinho um ao outro as surpresas que os enchiam impossível imaginar tantas Maravilhas juntas o menino mais novo teve uma dúvida e apresentou-a timidamente ao irmão seria que aquilo ali tinha sido feito por gente o menino mais velho hesitou espiou as lojas as todas
iluminadas as moças bem vestidas encolheu os ombros talvez aquilo tivesse sido feito por gente nova dificuldade chegou-lhe ao Espírito soprou a no ouvido do irmão provavelmente aquelas coisas tinham nomes o menino mais novo interrogou-o com os olhos sim com certeza as preciosidades que se exibiam nos Altares da igreja e nas prateleiras das lojas tinham nomes puseram-se a discutir a questão entr trincada como podiam os homens guardar tantas palavras era impossível ninguém conservaria tão grande soma de conhecimentos livres dos nomes as coisas ficavam distantes misteriosas não tinham sido feitas por gente e os indivíduos que mexiam
nelas cometiam imprudência vistas de longe eram bonitas admirados e medrosos falavam baixo para não desencadear as forças estranhas que elas porventura encerrassem baleia cochilava de quando em quando balançava a cabeça e franzia o focinho a cidade se enchera de suores que a ela desconcertam sim a Vitória enxergava através das barracas a cama de seu Tomás da bolandeira uma cama de verdade Fabiano roncava de papo para cima as abas do Chapéu cobrindo lhe os olhos o kengo sobre as botinas de vaqueta sonhava agoniado e baleia percebia nele um cheiro que o tornava irreconhecível Fabiano Se agitava
soprando muitos soldados amarelos tinham Aparecido pisavam lhe os pés com enormes rei unas e ameaçavam com facões terríveis Capítulo 9 baleia a cachorra baleia estava Para Morrer tinha emagrecido o pelo caíra-lhe Em vários pontos as costelas voltavam num fundo róseo onde manchas escuras supuravam e sangravam cobertas de moscas as Chagas da boca e a inchação dos beiços dificultavam-lhe a comida e a bebida por isso Fabiano imaginara que ela tivesse com um princípio de hidrofobia E amarrar ali no pescoço um Rosário de sabugos de milho Queimados mas baleia sempre de mal a pior roçava se nas
Estacas do Curral ou metia-se no mato impaciente enxotava os mosquitos sacudindo as orelhas agitando a cauda pelada e curta grossa na base cheia de moscas semelhante a uma cauda de Cascavel então Fabiano resolveu matá-la foi buscar a espingarda de perneira lixou Limpou com o sacatrapo e fez tensão de carregá-la bem para a cachorra não sofrir muito sim a Vitória fechou-se na camarinha rebocando os meninos assustados que adivinham desgraça e não se cansavam de repetir a mesma pergunta vão bolir com baleia tinham visto o chumbeira e o polvinho os modos de Fabiano Afram noos davam-lhes a
suspeita de Que baleia corria perigo ela era como uma pessoa da família brincavam juntos os três para bem dizer não se diferenciavam rebolam na areia do Rio e no estrume fofo que ia subindo ameaçava cobrir o chiqueiro das Cabras quiseram mexer na taramela e abrir a porta mas sen a Vitória levou-os para a cama de varas deitou e esforçou-se por tapar lhes os ouvidos prendeu a cabeça do mais velho entre as coxas e espalmou as mãos nas orelhas do segundo como os pequenos resistissem aperreou se e tratou de subjugá-los resmungando com energia ela também tinha
um coração pesado mas resigna-se naturalmente a decisão de Fabiano era necessária e justa pobre da baleia escutou ouviu o rumor do Chumbo que se derramava no cano da arma as pancadas surdas da vareta na bucha suspirou coitadinha da baleia os meninos começaram a gritar e a espernear e como s a Vitória tinha relaxado os músculos deixou escapar o mais taludo e soltou uma praga capites como um gado na luta que travou para segurar de novo o filho rebelde zangou-se de verdade safadinho atirou um cocorote ao crânio enrolado na coberta vermelha e na saia de ramagens
pouco a pouco a cólera diminuiu e sem a Vitória embalando as crianças enjoou se da cadela a achac gargarejo mochos e nomes feios bicho nojento babão inconveniência deixar cachorro doido solto em casa mas compreendia que estava sendo Severa demais achava difícil baleia endoidecer e lamentava que o marido não houvesse esperado mais um dia para ver se realmente a execução era indispensável nesse momento Fabiano andava no copiar batendo castanholas com os dedos senha Vitória encolheu o pescoço e tentou encostar os ombros às orelhas como isto era impossível levantou os braços e sem largar o filho conseguiu
ocultar um pedaço da cabeça Fabiano percorreu o Alpendre olhando a Baraúna e as Porteiras aul um cão Invisível contra animais invisíveis eco eco em seguida entrou na sala atravessou o corredor e chegou à janela baixa da cozinha examinou O terreiro viu baleia coçando se a esfregar as peladuras no pé de de turco levou a espingarda ao rosto a cachorra espiou o dono desconfiada enroscou-se no tronco e foi se desviando até ficar no outro lado da árvore agachada e arisca mostrando apenas as pupilas negras aborrecido com esta manobra Fabiano saltou a janela esgueirou-se ao longo da
cerca do Curral deteve-se no Mourão do Canto e levou de novo a arma ao rosto como o animal estivesse de frente e não apresentasse bom alvo adiantou-se mais algum alg uns Passos ao chegar às catingueiras modificou a pontaria e puxou o gatilho a carga alcançou os quartos traseiros e inutilizou uma perna de baleia que se pôs a latir desesperadamente ouvindo o tiro e os latidos sim a Vitória pegou-se a Virgem Maria e os meninos rolaram na cama chorando alto Fabiano recolheu-se e baleia fugiu precipitada rodeou o Barreiro entrou no quintalzinho da esquerda passou rente aos
craveiros e as panelas de losna meteu-se por um buraco da cerca e ganhou o pátio correndo em três pés dirigiu-se ao copiar mas temeu encontrar Fabiano e arrastou-se para o chiqueiro das Cabras demorou-se aí um instante meio desorientada saiu depois sem destino aos pulos defronte do carro de bois faltou-lhe a perna traseira e perdendo muito sangue andou como gente em dos pés arrastando com dificuldade a parte posterior do corpo quis recuar e esconder-se debaixo do carro mas teve medo da roda encaminhou-se aos juazeiros sob a raiz de um deles havia uma Barroca macia e funda
gostava de espojar-se ali cobria-se de poeira evitava as moscas e os mosquitos e quando se levantava tinha folhas secas e gravetos colados nas feridas era um bicho diferente dos outros caiu antes de alcançar essa cova arredada tentou erguer-se endireitou a cabeça e estirou as pernas dianteiras mas o resto do corpo ficou deitado de banda nesta posição torcida mexeu-se a custo ralando as patas cravando as unhas no chão agarrando-se nos seixos Miúdos Afinal esmoreceu e aquietou-se junto às pedras onde os meninos jogavam cobras mortas uma sede horrível queimava lhe a garganta procurou ver as pernas e
não as distinguiu um nevoeiro impedi-las pôs-se a latir e desejou morder Fabiano realmente não latia uivava baixinho que os uivos iam diminuindo tornavam-se quase imperceptíveis como o sol a encandear conseguiu adiantar-se umas polegadas e escondeu-se numa nesga de sombra que ladeavam se Senti o cheiro bom dos preás que desciam do morro mas o cheiro vinha fraco e havia nele partículas de outros viventes parecia que o morro se tinha distanciado muito arregaçou o focinho aspirou o ar lentamente com vontade de subir a ladeira e perseguiu os preás que pulavam e corriam em liberdade começou a arquejar
penosamente fingindo ladrar passou a língua pelos beiços torrados e não experimentou nenhum prazer o olfato cada vez mais se embota certamente os preá tinham fugido esqueceu-o e de novo lhe veio o desejo de morder Fabiano que lhe apareceu de diante dos olhos meio vidrados com um objeto esquisito na mão não conhecia o objeto mas pôs-se a tremer convencida de que ele encerrava surpresas desagradáveis fez um esforço para desviar-se daquilo e encolher o rabo cerrou as pálpebras pesadas e julgou que o rabo estava encolhido não podia morder Fabiano tinha nascido perto dele numa camarinha sob a
cama de varas e consumir a existência em submissão ladrão para juntar o gado quando o vaqueiro batia Palmas o objeto desconhecido continuava a ameaçá-la conteve a respiração cobriu os dentes espiou o inimigo por baixo das pestanas caídas ficou assim algum tempo depois sossegou Fabiano e a coisa perigosa tinham se sumido abriu os olhos a custo agora havia uma grande escuridão Com certeza o sol desaparecera os chocalhos das Cabras tilintaram para os lados do rio o fartum do chiqueiro espalhou-se pela vizinhança baleia assustou-se que faziam aqueles animais soltos de noite a obrigação dela era levantar-se conduzi-los
ao bebedouro franziu as ventas procurando distinguir os meninos estranhou a ausência deles não se lembrava de Fabiano tinha havido um desastre mas baleia não atribuía a esse desastre a impotência em que se achava nem percebia que estava livre de responsabilidades uma angústia apertou-lhe o pequeno coração precisava vigiar as cabras aquela hora cheiros de susuarana deviam andar pelas ribanceiras rondar as moitas afastadas felizmente os meninos dormiam na esteira por baixo do caritó onde S A Vitória guardava o cachimbo uma noite de inverno gelada e nevoenta cercava a criaturinha silêncio completo nenhum sinal de vida nos arredores
o galo velho não cantava no poleiro nem Fabiano roncava na cama de varas estes sons não avam baleia mas quando o galo batia as asas e Fabiano Se virava emanações familiares revelavam-se no quarto e a viagem difícil do Barreiro ao fim do pátio desvanecia se no seu espírito provavelmente est esta na cozinha entre as pedras que serviam de trempe antes de se deitar sem a Vitória retirava dali os carvões e a cinza varria com molho de vassourinha o chão queimado e aquilo ficava um bom lugar para cachorro descansar o calor afugenta as pugas a terra
se amaci Ava e findos os cochilos numerosos preás corriam e saltavam um formigueiro de preás invadia a cozinha a tremura subia deixava a barriga e chegava ao peito de baleia do peito para trás era tudo insensibilidade e esquecimento mas o resto do corpo se arrepiava espinhos de mandakaru penetravam na carne meio comida pela doença baleia encostava a cabecinha fatigada na pedra a pedra estava fria certamente s a Vitória tinha deixado o fogo apagar-se muito cedo baleia queria dormir acordaria feliz no mundo cheio de preás e lamberia as mãos de Fabiano um Fabiano enorme as crianças
se espojariam com ela rolariam com ela num pátio enorme num chiqueiro enorme o mundo ficaria todo cheio de preás gordos enormes Capítulo 10 contas Fabiano recebia na planilha a quarta parte dos bezerros e a terça dos cabritos mas não tinha roça e apenas se limitava a semear na Vazante uns punhados de feijão e milho comia da Feira desfazia-se dos animais não chegava a ferrar um bezerro ou assinar a orelha de um cabrito se pudesse economizar durante alguns meses levantaria a cabeça forjara planos toliss quem é do chão não se trepa consumidos os legumes roídas as
espigas de milho recorria a gaveta do amo cedia por preço mais baixo O produto das sortes reinga numa aflição tentando espichar os recursos minguados engasgava se engolia em seco transigido com outro não seria roubado tão descaradamente mas receava ser expulso da fazenda e rendia-se aceitava o cobre e ouvia conselhos era bom pensar no futuro criar juízo ficava de boca aberta vermelho o pescoço inchado de repente estourava conversa dinheiro não anda a cavalo e ninguém pode viver sem comer quem é do chão não se trepa pouco a pouco o ferro do proprietário queimava os bichos de
Fabiano e quando não tinha mais nada para vender o sertanejo endividava se ao chegar a partilha estava encalacrado e na hora das contas davam-lhe uma ninharia ora daquela vez como das outras Fabiano ajustou o gado arrependeu-se enfim deixou a transação meio ap palavrada e foi consultar a mulher senha Vitória mandou os meninos para o Barreiro sentou-se na cozinha concentrou-se distribuiu no chão sementes de várias espécies realizou somas e diminuições no dia seguinte Fabiano voltou à cidade mas ao fechar o negócio notou que as operações de sim a Vitória como de costume diferiam das do patrão
reclamou e obteve a explicação habitual a diferença era proveniente dos juros não se conformou devia haver engano ele era bruto sim senhor via-se perfeitamente que era bruto mas a mulher tinha miolo Com certeza havia um erro no papel do branco não se descobriu o erro e Fabiano perdeu os estribos passar a vida inteira assim no toco entregando o que era dele de mão beijada estava direito aquilo trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria o patrão zangou-se repeliu a insolência Achou bom que o vaqueiro fosse procurar serviço noutra Fazenda aí Fabiano baixou a pancada
e amunhecou bem bem não era preciso o barulho não se havia dito palavra à toa pedia desculpa era bruto não fora ensinado atrevimento não tinha conhecia seu lugar um cabra ia lá puxa questão com gente rica bruto sim senhor mas sabia itar os homens devia ser ignorância da mulher provavelmente devia ser ignorância da mulher até estranhar as contas dela enfim como não sabia ler um bruto sim senhor acreditara na sua velha mas pedia desculpa e Jurava não cair noutra o amo abrandou e Fabiano saiu de costas o chapéu varrendo o tijolo na porta virando-se enganchou
as rosetas das esporas afastou-se tropeçando os sapatões de couro cru batendo no chão como cascos foi até a esquina parou tomou fôlego não deviam tratá-lo assim dirigiu-se ao quadro lentamente diante da Bodega de seu Inácio virou o rosto e fez uma curva larga depois que acontecera aquela miséria temia passar ali sentou-se numa calçada tirou do bolso o dinheiro examinou procurando adivinhar quanto lhe tinham Furtado Não podia dizer em voz alta que aquilo era um furto mas era tomavam-lhe o gado quase de graça e ainda inventavam juro que Juro o que havia era safadeza ladroeira nem
lhe permitiam queixas porque reclamara achara a coisa uma exorbitância o branco se levantara furioso com quatro pedras na mão para que tanto espalhafato hum recordou-se do que lhe sucedera anos atrás antes da seca longe num dia de apuro recorrera ao porco magro que não queria engordar no chiqueiro e estava reservado às despesas do Natal Matara o antes de tempo e fora vendê-lo na mas o cobrador da prefeitura chegara com o recibo e atrapalhar o Fabiano fingir-se desentendido não compreendia nada era bruto como o outro lhe explicasse que para vender o porco devia pagar imposto tentara
convencê-lo de que ali não havia porco havia quartos de porco pedaços de carne o agente se aborrecera-se encolhera-se [Música] não entendia de imposto um bruto está percebendo supunha que o cevado era dele agora se a prefeitura tinha uma parte estava acabado pois ia voltar para casa e comer a carne podia comer a carne podia ou não podia o funcionário Batera o pé agastado e Fabiano Se desculpar o chapéu de couro na mão o espinhaço Curvo quem foi que disse que eu queria brigar o melhor a gente acabar com isso despedir-se metera a carne no saco
e fora vendê-la noutra cua escondido Mas atracado pelo cobrador gemera no imposto e na multa daquele dia em diante não criara mais porcos era perigoso criá-los Olhou as cédulas arrumadas na Palma os níqueis e As Pratas suspirou mordeu os beiços nem lhe restava o direito de protestar baixava a crista se não a baixasse desocupar a Terra largarse ia com a mulher os filhos pequenos e os cacarecos para onde hein tinha para onde levar a mulher e os meninos tinha nada espalhou a vista pelos quatro cantos além dos telhados que lhe reduziam o horizonte a Campina
se estendia seca e dura lembrou-se da Marcha penosa que fizera através dela com a família todos esados e Famintos haviam escapado e isto lhe parcia um milagre nem sabia como tinham escapado se pudesse mudar-se gritaria bem alto que o roubavam aparentemente resignado sentia um ódio imenso a qualquer coisa que era ao mesmo tempo a Campina seca o patrão os soldados e a gentes da prefeitura Tudo Na verdade era contra ele estava acostumado tinha a casca muito grossa mas às vezes se arrel Ava não havia paciência que suportasse tanta coisa um dia o homem faz besteira
e se desgraça pois não estavam vendo que ele era de carne osso tinha a obrigação de trabalhar para os outros naturalmente conhecia o seu lugar bem nascera com esse destino ninguém tinha culpa de ele haver nascido com um destino ruim que fazer podia mudar a sorte se lhe dissessem que era possível melhorar de situação espantar-se ia tinha vindo ao mundo para mansar brabo curar feridas com rezas consertar cercas de inverno a verão era ca o pai vivera assim o avô também e para trás não existia família cortar Mandacaru ensebar látegos aquilo estava no sangue conformado
não pretendia mais nada se lhe dessem o que era dele estava certo não davam era um desgraçado era como um cachorro só recebia ossos Porque seria que os homens ricos Ainda lhe tomavam uma parte dos Ossos fazia até nojo pessoas importantes se ocuparem com semelhantes porcarias na palma da mão as notas estavam úmidas de suor desejava saber o tamanho da extor da última vez que fizera contas com o amo o prejuízo parecia menor alarmou ouvira falar em juros e em prazos isto lhe dera uma impressão bastante penosa sempre que os homens sabidos lhe diziam palavras
difíceis saía logrado sobressaltar se escutando-o evidentemente só serviam para encobrir ladroeira mas eram bonitas às vezes decorava algumas e empregava as fora de propósito depois esquecia as para que um pobre da laia dele usar Conversa de Gente rica s aerta é que tinha uma ponta de língua terrível era falava quase tão bem quanto as pessoas da cidade se ele soubesse falar como se aerta procuraria serviço no outra Fazenda haveria de arranjar-se não sabia nas horas de aperto dava para gaguejar embaraçava se como um menino coçava os cotovelos aperreado por isso esfolava-o safados tomar as coisas
de um infeliz que não tinha onde cair morto não viam que isso não estava certo que iam ganhar com semelhante procedimento he que iam ganhar Ahã agora não criava porco e queria ver o tipo da prefeitura cobrar dele imposto e multa arrancava-lhe a camisa do corpo e ainda por cima davam-lhe facão e cadeia pois não trabalharia mais ia descansar talvez não fosse interrompeu o monólogo levou uma eternidade contando e recontando mentalmente o dinheiro amarrotou com força empurrou no bolso Raso da calça meteu na casa Estreita o botão de osso porcaria levantou-se foi até a porta
de uma bodega com vontade de beber cachaça como havia muitas pessoas encostadas ao balcão recuou não gostava de se ver no meio do povo falta de costume às vezes diz uma coisa sem intenção de ofender entendiam outra e lá vinham questões perigoso entrar na bodega o único vivente que o compreendia era a mulher nem precisava falar bastavam os gestos sem aerta é que se explicava como gente da rua muito bom uma criatura ser assim ter recurso para se defender ele não tinha se tivesse Não viveria naquele estado um perigo entrar na bodega estava com desejo
de beber um quarteirão de cachaça mas lembrava-se da última visita feita à venda de seu Inácio se não tivesse tido a ideia de beber não lhe haveria sucedido aquele desastre nem podia tomar uma pinga descansado bem ia voltar para casa e dormir saiu lento PES capiongo as rosetas das esporas silenciosas não conseguiria dormir na cama de varas havia um pau com um nó bem no meio só muito cansaço fazia um cristão acomodar-se em semelhante dureza precisava fastigo no lombo de um cavalo ou passar o dia inteiro consertando cercas derreado bambo espichava se e roncava como
um porco agora não lhe seria possível fechar os olhos rolaria a noite inteira sobre as varas matutando naqu pela perseguição desejaria imaginar o que ia fazer para o futuro não ia fazer nada matar-se ia no serviço e moraria numa casa alheia enquanto o deixassem ficar depois sairia pelo mundo iria morrer de fome na Catinga seca tirou do bolso o rolo de fumo preparou um cigarro com a faca de ponta se ao menos pudesse recordar-se de fatos agradáveis a vida não seria inteiramente má deixara a rua levantou a cabeça viu uma estrela depois muitas estrelas a
figura dos inimigos esmoreceram pensou na mulher nos filhos e na cachorra morta pobre de baleia era como se tivesse matado uma pessoa da Família Capítulo 11 o soldado Amarelo Fabiano meteu-se na Vereda que ia desembocar na Lagoa Seca torrada coberta de catingueiras e capões de mato ia pesado o aió cheio a tira colo muitos látegos e chocalhos pendurados num braço o facão batia nos tocos espiava o chão como de costume decifrando rastos conheceu os da égua russa e da cria marcas de cascos grandes e pequenos a égua russa com certeza deixara pelos brancos num tronco
de anico urinara na areia e o mijo desmanchar as pegadas o que não acontecia se se tratasse de um cavalo Fabiano ia desprecarização e a catinga Deserta animava se os bichos que ali tinham passado voltavam apareciam lhe diante dos olhos Miúdos seguiu a direção que a égua havia tomado Andara cerca de 100 braças quando o cabrecho de cabelo que trazia no ombro se enganchou num pé de quipá desembaraçou o cabresto puxou o facão PSE a cortar as quipás e as palmatórias que interrompiam a passagem tinha feito um estrago feio a terra se cobria de Palmas
espinhosas deteve-se percebendo rumor de garranchos voltou-se e deu de cara com o soldado amarelo que um ano antes o levara à cadeia onde ele aguentar uma surra e passara a noite baixou a arma aquilo durou um segundo menos durou uma fração de segundo se houvesse durado mais tempo o amarelo teria caído esperneando na poeira com o quengo rachado como o impulso que moveu o braço de Fabiano foi muito forte o gesto que ele fez teria sido bastante para um homicídio se outro impulso não lhe dirigisse o braço em sentido contrário a lâmina parou de chofre
junto a cabeça do intruso bem em cima do boné vermelho a princípio o vaqueiro não compreendeu nada viu apenas que estava ali um inimigo de repente notou que aquilo era um homem e coisa mais grave uma autoridade sentiu um choque violento deteve-se o braço ficou irresoluto bambo inclinando-se para um lado e para o outro o soldado Magrinho enfezadinho tremia e Fabiano tinha vontade de levantar o facão de novo tinha vontade mas os músculos afrouxava realmente não quisera matar um cristão procedera como quando a montar brabo evitava Galhos e Espinhos ignorava os movimentos que fazia na
cela alguma coisa O empurrava para a direita ou para a esquerda era essa coisa que ia partindo a cabeça do amarelo se ela tivesse demorado um minuto Fabiano seria um cabra Valente não demorara a certeza do perigo surgira e ele estava indeciso de olho arregalado respirando com dificuldade um espanto verdadeiro no rosto barbudo coberto de suor o cabo do Facão mal seguro entre os dois dedos Miúdos tinha medo e repetia que estava em perigo mas isto lhe pareceu tão absurdo que se pôs a rir medo daquilo nunca vira uma pessoa tremer assim cachorro ele não
era Dunga da cidade não pisava os pés dos matutos na feira não botava gente na cadeia sem vergonha mufino irritou-se por que seria que aquele safado batia os dentes como um Caititu não via que ele era incapaz de vingar-se não via fechou a cara a ideia do perigo ia se sumindo que perigo contra aquilo nem precisava facão bastavam as unhas agitando os chocalhos e os látegos chegou à mão esquerda grossa e cabeluda à cara do polícia que recuou e encostou-se a uma Catingueira se não fosse a Catingueira O Infeliz teria caído Fabiano pregou nele os
olhos ensanguentados meteu o facão na bainha podia matá-lo com as unhas lembrou-se da surra que levara e da noite passada na cadeia sim senhor aquilo ganhava dinheiro para maltratar as criaturas inofensivas estava certo o rosto de Fabiano contraí-la as rugas da testa aprofundavam Os Pequenos olhos azuis abriam-se demais numa interrogação dolorosa o soldado encolhia-se escondia-se por detrás da árvore e Fabiano cravava as unhas nas palmas calosas desejava ficar cego outra vez impossível readquirir aquele instante de consciência repetia que a arma era desnecessária mas tinha a certeza de que não conseguiria utilizá-la e apenas queria enganar-se
durante um minuto a cólera que tia por se considerar impotente foi tão grande que recuperou a força e avançou para o inimigo a raiva cessou os dedos que feriam a Palma descerraram se e Fabiano estacou desajeitado como um pato o corpo amolecido grudando se a Catingueira o soldado apresentava apenas um braço uma perna e um pedaço da cara mas esta banda de homem começava a crescer Aos olhos do Vaqueiro e a outra parte a que estava escondida devia ser maior Fabiano tentou afastar a ideia absurda como a gente pensa coisas bestas alguns minutos antes não
pensava em nada mas agora suava frio e tinha lembranças insuportáveis era um sujeito Violento de coração perto da guela não era um cabra que se arrel Ava algumas vezes e quando isto acontecia sempre se dava mal Naquela tarde por exemplo se não tivesse perdido a paciência e xingado a mãe da autoridade não teria dormido na cadeia depois de aguentar zinco no lombo dois excomungados tinham lhe caído em cima um ferro batera lhe no peito outro nas costas ele se arrastara tirando como um frango molhado tudo porque se esquentar e dissera uma palavra inconsiderate falta de
criação tinha lá culpa o sarapatel se formara o cabo abrira caminho entre os feirantes que se apertavam em redor toca pra frente depois surra e cadeia por causa de uma tolice ele Fabiano tinha sido provocado tinha ou não tinha salto de reuna em cima da alpercata impacientar a-se e largara o palavrão natural xingar a mãe de uma pessoa que não vale nada porque todo mundo vê logo que a gente não tem a intenção de maltratar ninguém um ditero sem importância o amarelo devia saber disso não sabia saíra se com quatro pedras na mão ap pitara
e Fabiano comera a Banda Podre desafastar deu um passo para Catingueira se ele gritasse agora desafastar que faria o polícia não se afastaria Aria colado ao pé de pau uma lazeira a gente podia xingar a mãe dele mas então Fabiano estirava o beiço e rosnava aquela coisa arriada e achac metia as pessoas na cadeia dava-lhe surra não entendia se fosse uma criatura de saúde muk estava certo enfim apanhar do governo não é desfeita e Fabiano até sentiria orgulho ao recordar-se da Aventura mas aquilo soltou uns grunido por que motivo o governo aproveitava gente a assim
só se ele tinha receio de empregar tipos direitos aquela cambada Só servia para morder as pessoas inofensivas ele Fabiano não seria tão ruim se andasse fardado iria pisar os pés dos trabalhadores e da pancadas neles não iria aproximou-se lento fez uma volta achou-se em frente do polícia que embasbacado ao tronco a pistola e o punhal inúteis esperou que ele se mexesse era uma lazeira certamente mas vestia farda e não ia ficar assim os olhos arregalados os beiços brancos os dentes chocalhando como boros ia bater o pé gritar levantar a espinha bater-lhe o salto da reuna
em cima da alpercata desejava que ele fizesse isso a ideia de ter sido insultado preso moído por uma criatura morfina era insuportável mirava se naquela covardia via-se mais lastimoso e miserável que o outro baixou a cabeça coçou os pelos ruivos do queixo se o soldado não pusesse o acão não gritasse ele e Fabiano seria um vivente muito desgraçado devia sujeitar-se aquela tremura aquela amarelidão era um bicho resistente calejado tinha nervo queria brigar meter-se em espalhafatos e saíra de crista levantada recordou-se de lutas antigas em danças com fêmea e cachaça uma vez de lambedeira em punho
espalhara a negrada Aí sim a Vitória começara a gostar dele sempre fora reimoso iria esfriando com com a idade quantos anos teria ignorava mas certamente envelhecia e fraquejava se possuísse espelhos veria rugas e cabelos brancos arruinado um caco não sentira a transformação mas estava se acabando o suor umedeceu lhe as mãos duras então suando com medo de uma peste que se escondia tremendo não era uma infelicidade Grande a maior das infelicidades provavelmente não se esquentaria nunca mais Passaria o resto da vida assim e ronceiro como a gente muda era estava mudado outro indivíduo muito diferente
do Fabiano que levantava poeira nas salas de dança um Fabiano bom para aguentar facão no lombo e dormir na cadeia virou a cara enxergou o facão de rasto aquilo nem era facão não servia para nada ora não servia Quem disse que não servia era um facão verdadeiro sim senhor mova-se como um raio cortando Palmas de kipá e estivera a pique de rachar o quengo de sem vergonha agora dormia na bainha rota era um troço inútil mas tinha sido uma arma se aquela coisa tivesse durado mais um segundo o polícia estaria morto imaginou o assim caído
as pernas abertas os bugalhos apavorados um fio de sangue empastado lhe os cabelos formando um Riacho entre os seixos da Vereda muito bem ia arrastá-lo para dentro da Catinga entregá-lo aos urubus e não sentiria remorço dormiria com a mulher sossegado na cama de varas depois gritaria para os meninos que precisavam criação era um homem evidentemente aprumou se fixou os olhos nos olhos do polícia que se desviaram um homem besteira pensar que ia ficar murcho o resto da vida estava acabado não estava para que suprimir aquele doente que bambe Ava e só queria ir para baixo
in utilizar-se por causa de uma fraqueza fardada que validava na feira e insultava os não valia a pena inutilizar se guardava a sua força vacilou e coçou a testa havia muitos bichinhos assim ruins havia um horror de bichinhos assim fracos e ruins afastou-se inquieto vendo o acanalhado e ordeiro o soldado ganhou coragem avançou pisou firme perguntou o caminho governo é governo tirou o chapéu de couro curvou-se e ensinou o caminho ao soldado Amarelo Capítulo 12 o mundo coberto de apenas o Mulungu do bebedouro cobria-se de arribações mau sinal Provavelmente o sertão ia pegar fogo vinham
em bandos arranchavam-se nas árvores da beira do rio descansavam bebiam e como em redor não havia comida seguiam viagem para o sul o casal agoniado sonhava desgraças o sol chupava os Poços e aquelas Escom unad levavam o resto da água queriam matar o gado sim a Vitória falou assim mas Fabiano resmungou franziu a testa achando a frase extravagante áveis matarem bois e cabras que lembrança olhou a mulher desconfiado julgou que ela estivesse tres variando foi-se sentar-se no banco do copiar examinou o céu Limpo cheio de claridades de mau agouro que a sombra das arquiba sões
cortava um bicho de penas matar gado provavelmente sen a Vitória não estava regulando Fabiano estirou o beiço e enrugou mais a testa Suada impossível compreender a intenção da mulher não atinava um bicho tão pequeno achou a coisa obscura e desistiu de aprofundá-la entrou em casa trouxe o aó preparou um cigarro bateu com o fuzil na pedra chupou uma tragada longa espiou os quatro cantos ficou alguns minutos voltado para o norte coçando o queixo xi que fim de mundo não permaneceria ali muito tempo no silêncio Comprido só se ouvia um rumor de asas como era que
sim a Vitória tinha dito a frase dela tornou ao espírito de Fabiano e logo a significação apareceu as arribações bebiam a água bem o gado curtia sede e morria muito bem as arribações matavam o gado estava certo matutando a gente via que era assim mas tinha a Vitória largava tiradas embaraçosas agora Fabiano percebia o que ela queria dizer esqueceu a infelicidade próxima riu-se encantado com a esperteza de sim a Vitória uma pessoa como Aquela valia ouro Tinha idei sim senhor tinha muita coisa no miolo situações difíceis encontrava saída então descobriu que as arribações matavam o
gado e matavam aquela hora o Mulungu do bebedouro sem folhas e sem flores uma barrania pelada enfeitava se de penas desejou ver aquilo de perto levantou-se botou o aó a tira colo foi buscar o chapéu de couro e a espingarda de pederneira desceu o copiar atravessou o pátio avizinhou-se da lareira pensando na cachorra Leia Coitadinha tinha-lhe parecido aquelas coisas horríveis na boca o pelo caíra e ele precisara matá-la teria procedido bem nunca havia refletido nisso a cachorra estava doente podia consentir que ela mordesse os meninos podia consentir loucura expor as Crianças A hidrofobia pobre da
baleia sacudiu a cabeça para afastá-la do Espírito era o diabo daquela espingarda que lhe trazia a imagem da cadelinha a espingarda Sem dúvida virou o rosto de Fronte das Pedras do fim do pátio onde baleia aparecera fria inteiriça com os olhos comidos pelos urubus alargou o passo desceu a ladeira pisou a terra de aluvião aproximou-se do bebedouro havia um bater doido de asas por cima da Poça de Água Preta a garrancheira do Mulungu estava completamente invisível pestes quando elas desciam do Sertão acabava-se tudo o gado ia afinar-se até os espinhos secarias de fazer fugir de
novo aboletar se noutro lugar recomeçar a vida levantou a espingarda puxou o gatilho sem pontaria cinco ou seis aves caíram no chão o resto se espantou os galhos Queimados surgiram nos mas pouco a pouco se foram cobrindo aquilo não tinha fim Fabiano sentou-se desanimado na ribanceira do bebedouro carregou lentamente a espingarda com chumbo miúdo e não socou a bucha para a carga espalhar-se e alcançar muitos inimigos novo tiro novas quedas mas isto não deu nenhum prazer a Fabiano tinha ali comida para dois ou TRS dias se possuísse munição teria comida para semanas e meses examinou
o polvinho e a chumbeira pensou na viagem estremeceu tentou iludir-se imaginou que ela não se realizaria se ele não a provocasse com ideias ruins reacendeu o cigarro procurou distrair-se falando baixo sin terta era pessoa de muito saber naquelas beiradas como andaria as contas com o patrão estava ali o que ele não conseguia nunca decifrar aquele negócio de juros engolia tudo e afinal o branco ainda achava que fazia favor o soldado Amarelo Fabiano en caiporas mãos e deu murros na coxa Diabo forçava se por esquecer uma infelicidade e vinham outras infelicidades não queria lembrar-se do patrão
nem do soldado amarelo mas lembrava-se com desespero enroscando-se como uma cascavel assanhada era um infeliz era a criatura mais infeliz do mundo devia ter ferido Naquela tarde o soldado Amarelo devia tê-lo cortado a facão cabra ordinário morfino encolhera-se e ensinara o caminho esfregou a testa suada e enrugada para que recordar vergonha pobre dele estava então decidido que viveria sempre assim cabra safado mole se não fosse tão fraco teria entrado no Cangaço e feito misérias depois levaria um tiro de emboscada ou envelheceria na cadeia cumprindo sentença mas isto não era melhor que acabar-se numa beira de
caminho assando no calor e a mulher e os filhos acabando se também devia ter furado o pescoço do amarelo com faca de ponta devagar talvez estivesse preso e respeitado um homem respeitado um homem assim como estava ninguém podia respeitá-lo não era homem não era nada aguentava zinco no lombo e não se vingava Fabiano meu filho tem coragem tem vergonha Fabiano mata o soldado Amarelo os soldados amarelos são os desgraçados que precisam morrer mata o soldado amarelo e os que mandam nele como gesticulava com furor gastando muita energia pôs-se a resfolegar e sentiu sede pela cara
vermelha e queimada o suor corria tornava mais escura a barba ruiva desceu a ribanceira agachou-se à beira da água salobra pôs-se a beber ruidosamente nas palmas das mãos uma nuvem de arribações voou a assustada Fabiano levantou-se um brilho de indignação nos olhos Miseráveis a cólera dele se voltava de novo contra as aves tornou a sentar-se na ribanceira atirou muitas vezes nos Ramos do Mulungu o chão ficou todo coberto de cadáveres iam ser salgados estendidos em cordas tonou aproveitá-los como alimento na viagem próxima devia gastar o resto do dinheiro em chumbo e pólvora passar um dia
no Bebedouro depois largarse pelo mundo seria necessário mudar-se apesar de saber perfeitamente que era necessário agarrou-se a esperanças frágeis talvez a seca não viesse talvez chovesse aqueles Malditos bichos é que lhe faziam medo procurou esquecê-los mas como poderia esquecê-los se estavam ali voando em torno da cabeça agitando-se na lama empoleirados nos galhos espalhados no chão Mortos se não fossem eles a seca não existiria pelo menos não existiria naquele momento viria depois pois seria mais curta assim começava logo e Fabiano sentia a de longe sentia como se ela já tivesse chegado experimentava adiantadamente a fome a
sede as fadigas imensas das retiradas alguns dias antes estava sossegado preparando látegos consertando cercas de repente um risco no céu outros riscos milhares de riscos juntos nuvens o medonho rumor de asas a anunciar destruição ele já andava meio desconfiado vendo as fontes minguarem e olhava com desgosto a brancura das manhãs longas e a vermelhidão sinistra das tardes agora confirmava se as suspeitas Miseráveis as bichinhas Escom unad eram a causa da seca se pudesse matá-las a seca se extinguiria mexeu-se com violência carregou a espingarda furiosamente a Mão Grossa cabeluda cheia de manchas e descascada tremia sacudindo
a vareta pestes impossível dar cabo da aquela praga estirou os olhos pela Campina achou-se isolado Sozinho no Mundo coberto de penas de aves que iam comê-lo pensou na mulher e suspirou coitada de S A Vitória novamente nos descampados Transportando o baú de folha uma pessoa de tanto juízo marchar na terra queimada esfolar os pés nos seixos Era duro as arribações matavam o gado como tinha assim a Vitória descoberto aquilo difícil ele Fabiano Endo os miolos não diria semelhante frase S A Vitória fazia contas direito sentava-se na cozinha consultava montes de sementes de várias espécies correspondentes
a r000 réis tostões e vinténs e acertava as contas do patrão eram diferentes arranjadas à tinta e contra o vaqueiro mas Fabiano sabia que elas estavam erradas e o patrão queria enganá-lo enganava que remédio Fabiano um desgraçado um cabra dormia na cadeia e e aguentava zinco no lombo podia reagir não podia um cabra mas as contas de senha Vitória deviam ser exatas pobre de sen a Vitória não conseguiria nunca estender os ossos numa cama o único desejo que tinha os outros não se deitavam Em camas receando magoá-la Fabiano concordava com ela embora aquilo fosse um
sonho não poderiam dormir como gente e agora iam ser comidos pelas arribações desceu da Ribanceira apanhou lentamente os cadáveres meteu os no aó que ficou cheio empanzinado retirou-se devagar ele sim a Vitória e os dois meninos comeriam as arribações se a cachorra baleia estivesse viva iria regalar-se Porque seria que o coração dele se apertava Coitadinha da cadela Matara a forçado por causa da moléstia depois voltava aos látegos as cercas as contas embaraçadas do patrão subiu à Ladeira avizinhou-se dos juazeiros junto à raiz de um deles A pobre gostava de espojar-se cobrir-se de garranchos e folhas
secas Fabiano suspirou sentia um peso enorme por dentro se tivesse cometido um erro olhou a planície torrada o morro onde os preás saltavam confessou as carting iras e aos alastrado que o animal tivera hidrofobia ameaçara as crianças Matara o por isso aqui as ideias de Fabiano atrapalharam a cachorra misturou-se com as arribações que não se distinguiam da seca ele a mulher e os dois meninos seriam comidos sim a Vitória tinha razão era atilada e percebia as coisas de longe Fabiano arregala os olhos e desejava continuar a admirá-la mas o coração Grosso como um cururu enchia-se
da lembrança da cadela Coitadinha magra dura interessada os olhos arrancados pelos urubus diante dos juazeiros Fabiano apressou-se sabia lá se a alma de baleia andava por ali fazendo visagem chegou-se à casa com medo e escurecendo e aquela hora ele sentia sempre uns vagos terrores ultimamente vivia esmorecido mofino porque as desgraças eram muitas precisava consultarse em a Vitória combinar a viagem livrar-se das arribações explicar-se convencer-se de que não praticara injustiça matando a cachorra necessário abandonar aqueles lugares amaldiçoados sim a Vitória pensaria como ele Capítulo 13 fuga a vida na fazenda se era difícil sem a Vitória
benzia-se Tremendo manejava o Rosário mexia os beiços rezando rezas desesperadas encolhido no banco do copiar Fabiano espiava a catinga amarela onde as folhas secas se pulverizavam trituradas pelos redemoinhos e os garranchos se torciam negros torrados no céu azul as últimas arribações tinham desaparecido pouco a pouco os bichos se finavam devorados pelo carrapato e Fabiano resistia pedindo a Deus um milagre mas quando a fazenda se despovoou viu que tudo estava perdido combinou a viagem com a mulher matou o bezerro Morino que possuía salgou a carne largou-se com a família sem se despedir do amo não poderia
nunca liquidar aquela Dívida exagerada só lhe restava jogar-se ao mundo como negro fugido saíram de madrugada S A Vitória meteu o braço pelo buraco da parede e fechou a porta da frente com a taramela atravessaram o pátio deixaram na escuridão o chiqueiro e o Curral vazios de Porteiras abertas o carro de bois que apodrecia o juazeiros ao passar junto às pedras onde os meninos atiravam cobras mortas senha Vitória lembrou-se da cachorra baleia chorou mas estava invisível e Ninguém percebeu o choro desceram a ladeira atravessaram o rio seco tomaram rumo para o sul com a fresca
da madrugada andaram bastante em silêncio quatro sombras no caminho estreito coberto de seixos Miúdos os meninos à frente conduzindo trouxas de roupa sem a Vitória sob o baú de folha pintada e a cabaça de água Fabiano atrás de facão de rasto e faca de ponta a cuia pendurada por uma Correia amarrada ao cinturão o aió a tiracolo a espingarda de pederneira num ombro o saco da matalo agem no outro caminharam bem três Léguas antes que a barra do Nascente aparecesse fizeram alto e Fabiano depôs no chão parte da carga olhou o céu as mãos em
pala na testa arrastaram-se até ali na Incerteza de que aquilo fosse realmente mudança retardara-se e repreendera os meninos que se adiantavam aconselhara-os a poupar forças a verdade é que não queria afastar-se da fazenda a viagem parecia-lhe sem jeito nem acreditava nela preparava lentamente adiara tornara a prepará-la e só se resolvera a partir quando estava definitivamente perdido podia continuar a viver no cemitério nada o prendia aquela terra dura acharia um lugar menos seco para enterrar-se era o que Fabiano dizia pensando em coisas alheias o chiqueiro e o Curral que precisavam conserto o cavalo de fábrica bom
companheiro a égua alã as catingueiras as panelas de losna as pedras da cozinha a cama de varas e os pés deles esmoreciam as alpercatas calavam na escuridão seria necessáo largar tudo as alpercatas chiavam de novo no caminho coberto de seixos agora Fabiano examinava o céu a barra que tingia o nascente e não queria convencer-se da realidade procurou distinguir qualquer coisa diferente da vermelhidão que todos os dias espiava com coração aos Baques as mãos grossas por baixo da Aba curva do Chapéu protegiam lhe os olhos contra a claridade e tremiam os braços pender desanimados acabou-se antes
de olhar o céu sabia que ele estava negro num lado cor de sangue no outro e ia tornar-se profundamente Azul estremeceu Como Se descobrisse uma coisa muito ruim desde o aparecimento das arribações vivia desassossegado trabalhava demais para não perder sono mas no meio do serviço um arrepio corria-se num canto da cama de varas mordido pelas Pulgas conjecturando misérias a luz Aumentou e espalhou-se na Campina só aí principiou a viagem Fabiano atentou na mulher e nos filhos apanhou a espingarda e o saco dos mantimentos ordenou a marcha com uma interjeição áspera afastaram-se rápidos como se alguém
os Tang e as alpercatas de Fabiano iam quase tocando os calcanhares dos meninos a lembrança da cachorra baleia picava o intolerável não podia livrar-se dela os mandacarus e os alastrado vestiam a Campina espinho só espinho e baleia aperrear o precisava fugir daquela vegetação inimiga os meninos corriam sen a Vitória procurou com a vista o Rosário de contas brancas e azuis arrumado entre os peitos mas com o movimento que fez o baú de folha pintada ia caindo arrumou-se endireitou o baú remexeu os beiços numa oração Deus nosso senhor protegeria os inocentes sim a Vitória fraquejou uma
ternura imensa encheu lhe o coração re animou-se tentou libertar dos Pensamentos tristes e conversar com o marido por monossílabos apesar de ter boa ponta de língua sentia um aperto na garganta e não podia explicar-se mas achava-se desamparada e miúda na solidão necessitava um apoio alguém que lhe desse coragem indispensável ouvir qualquer som a manhã sem pássaros sem folhas e sem vento progredia num silêncio de morte a faixa vermelha desaparecera diluir-se no azul que enchia o céu sem a hisória precisava falar se ficasse calada seria como um pé de Mandacaru secando morrendo queria enganar-se gritar dizer
que era forte e que a quentura medonha as árvores transformadas em garranchos a imobilidade e o silêncio não valiam nada chegou-se a Fabiano amparou e amparou se esqueceu os objetos próximos os espinhos as arribações os urubus que farejava carniça falou no passado confundiu o com o futuro não poderiam voltar e se o que já tinham sido Fabiano hesitou resmungou como fazia sempre que lhe dirigiam palavras incompreensíveis mas Achou bom que sen a Vitória tivesse puxado conversa ia num desespero o saco da comida e o aó começavam a pesar excessivamente sem a Vitória fez a pergunta
Fabiano matutou e andou bem meia Légua sem sentir a princípio quis responder que evidentemente eles eram o que tinham sido depois achou que estavam mudados mais velhos e mais fracos eram outros para bem dizer sim a Vitória insistiu não seria bom tornarem a Viver Como tinham vivido muito longe Fabiano agitava a cabeça vacilando talvez fosse talvez não fosse coxixar uma conversa longa e entrecortada cheia de Mal entendidos e repetições viver como tinham vivido numa casinha protegida pela bolandeira de seu Tomás discutiram e acabaram reconhecendo que aquilo Não valeria a pena porque estariam sempre assustados pensando
na Seca aproximavam-se agora dos lugares habitados haveria de achar morada não andariam sempre à toa como ciganos o vaqueiro assombrava com a ideia que se dirigia a terras onde talvez não houvesse gado para tratar sem a Vitória tentou sossegar dizendo que ele poderia entregar-se a outras ocupações e Fabiano estremeceu voltou-se estirou os olhos em direção à Fazenda abandonada recordou-se dos animais feridos e logo afastou a lembrança que fazia ali virado para para trás os animais estavam mortos encarquilhar contendo as lágrimas uma grande saudade espremeu lhe o coração mas um instante Depois vieram lhe ao Espírito
figuras insuportáveis o patrão o soldado Amarelo a cachorra baleia inteiriça junto às pedras no fim do pátio os meninos sumiam se numa curva do caminho Fabiano adiantou-se para alcançá-los era preciso aproveitar a disposição deles deixar que andassem à vontade Sen V acompanhou o marido chegou-se aos filhos dobrando o cotovelo da estrada Fabiano sentia distanciar-se um pouco dos lugares onde tinha vivido alguns anos o patrão o soldado amarelo e a cachorra baleia esmoreceram no seu espírito e a conversa Começou agora Fabiano estava meio otimista endireitou o saco da comida examinou o rosto carnudo e as pernas
grossas da mulher bem desejou fumar como segurava a boca no saco e a Coronha da esping não pde realizar o desejo temeu o arriar não prosseguir na caminhada continuou a tagarelar agitando a cabeça para afugentar uma nuvem que vista de perto escondia o patrão soldado amarelo e a cachorra baleia os pés calosas duros como cascos metidos em alpercatas novas caminhariam meses ou não caminhariam sen a Vitória achou que sim Fabiano agradeceu a opinião dela e gabou lhe as pernas grossas as nádegas volumosas os peitos cheios as bochechas de senha Vitória avermelhar não-sei-o-quê Por que não
haveria de sergente possuir uma cama igual a de seu Tomás da bolandeira Fabiano franziu a testa lá vinham os despropósitos sim a Vitória insistiu e dominou porque haveria de ser sempre desgraçados fugindo no mato como bichos com certeza existiam no mundo Coisas extraordinárias podiam viver escondidos como bichos Fabiano respondeu que não podiam o mundo é grande realmente para eles era bem pequeno mas afirmavam que era grande e marchavam meio desconfiados meio inquietos olharam os meninos que olhavam os montes distantes onde havia seres misteriosos que estariam pensando zumbiu em a Vitória Fabiano estranhou a pergunta e
rosnou uma objeção menino é bicho miúdo não pensa mas sen a Vitória renovou a pergunta e a certeza do marido abalou ela devia ter razão tinha sempre razão agora desejava saber que iriam fazer os filhos quando crescessem vaquejar opinou Fabiano sen a Vitória com uma careta enjoada Balançou a cabeça negativamente arriscando-se derrubar o baú de folha Nossa Senhora os livrasse de semelhante desgraça vaquejar que ideia chegariam a uma terra distante esqueceriam a catinga onde havia Montes baixos cascalhos Rios secos espinhos urubus bichos morrendo gente morrendo não voltariam nunca mais resistiriam à saudade que ataca os
sertanejos na mata então eles eram bois Para Morrer tristes por falta de espinhos fixa iam muito longe adotariam costumes diferentes Fabiano ouviu os sonhos da mulher deslumbrado relaxou os músculos e o saco da comida escorregou lhe no ombro aprumou se deu um puxão na carga a conversa diss a Vitória servira muito haviam caminhado Léguas quase sem sentir de repente veio a fraqueza devia ser fome Fabiano ergueu a cabeça piscou os olhos por baixo da Aba Negra e queimada do Chapéu de Couro meio-dia pouco mais ou menos baixou os olhos encandeado procurou descobrir na planície uma
sombra ou sinal de água estava realmente com um buraco no estômago endireitou o saco de novo e para conservá-lo em equilíbrio andou pendido um ombro alto outro baixo o otimismo de sim A Vitória já não lhe fazia moça ela ainda se agarrava a fantasias Coitada armar semelhante planos assim B o peso do Baú e da cabaça enterrando-o pescoço no corpo foram descansar sob os garranchos de uma Quixabeira mastigar punhados de farinha e pedaços de carne beberam na cuia uns goles de água na testa de Fabiano o suor secava misturando-se a poeira que enchia as rugas
fundas em bebendo na correia do Chapéu a tontura desaparecera o estômago sossegar quando partissem a cabaça não envergar o espinhaço de sinh Vitória instintivo amente Procurou no descampado indício de fonte um friozinho Agudo arrepiou mostrou os dentes sujos no riso infantil como podia ter frio com semelhante calor ficou um instante assim besta olhando os filhos a mulher e a bagagem pesada o menino mais velho esbrugar um osso com apetite Fabiano lembrou-se da cachorra baleia outro arrepio correu-lhe a espinha o riso besta esmoreceu se achassem água ali por perto beberiam muito sairiam cheios arrastando os pés
Fabiano comunicou Isto assim a Vitória e indicou uma depressão do terreno era um bebedouro não era sim a Vitória estirou o beiço indecisa e Fabiano afirmou o que Havia perguntado então ele não conhecia aquelas paragens estava a falar variedades se a mulher tivesse concordado Fabiano a referia pois lhe faltava convicção como s a Vitória tinha dúvidas Fabiano exaltava procurava incutir-lhe coragem inventava o bebedouro descrevia o mentia sem saber o que estava mentindo e sem a Vitória excitava se transmitia lhe esperanças andavam por lugares desconhecidos qual era o emprego de Fabiano tratar de bichos explorar os
arredores no lombo de um cavalo e ele explorava tudo para lá dos Montes afastados havia outro mundo um mundo temeroso mas para cá na planície tinha de cor plantas e animais buracos e pedras os meninos deitaram e pegaram no sono semha Vitória pediu binga ao companheiro e acendeu o cachimbo Fabiano preparou um cigarro por enquanto estavam sossegados o bebedouro indeciso tornara-se realidade voltaram a coxixar projetos as fumaças do cigarro e do cachimbo misturaram-se Fabiano insistiu nos seus conhecimentos topográficos falou no cavalo de fábrica i a morrer na certa um animal tão bom se tivesse vindo
com eles transportaria a bagagem algum tempo comeria folhas secas mas Além dos Montes encontraria alimento Verde infelizmente pertencia ao fazendeiro e definhava sem ter quem lhe desse a ração ia morrer o amigo ia morrer o amigo lazarento e com os paravesical os olhos a lembrança das aves medonhas que ameaçavam com bicos P todos os olhos de criaturas vivas horrorizou Fabiano Se ela tivessem paciência comeriam tranquilamente a carniça não tinham paciência aquelas pestes Vorazes que voavam lá em cima fazendo curvas pestes voavam sempre não se podia saber de onde vinha tanto urubu pestes Olhou as sombras
movediças que enchiam a Campina talvez estivessem fazendo círculos em redor do pobre cavalo esmorecido num canto de cerca os olhos de Fabiano Se umedecer coitado do cavalo estava magro pelado Faminto e a arredondavam uns olhos que pareciam de gente pestes o que indignava Fabiano era o costume que os miseráveis tinham de atirar bicadas aos olhos de criaturas que já não se podiam defender ergueu-se assustado como se os bichos tivessem descido do céu azul e andassem ali perto num voo baixo fazendo curvas cada vez menores em torno do seu corpo dissem a Vitória e dos meninos
sim a Vitória percebeu lhe a inquietação na cara torturada e levantou-se també acordou os filhos arrumou os picuás Fabiano retomou o carrego sim a Vitória desatou lhe a correia presa ao cinturão tirou a cuia e emborcou a na cabeça do menino mais velho sobre uma rodilha de molambos em cima pôs uma trouxa Fabiano aprovou o arranjo sorriu esqueceu-se os urubus e o cavalo sim senhor que mulher assim ele ficaria com a carga aliviada e o pequeno teria um guarda-sol o peso da Cuia era uma significância mas Fabiano achou-se leve pisou Rijo e encaminhou-se ao bebedouro
chegariam lá antes da noite beberiam descansaram continuariam a viagem com o luar tudo isso era duvidoso mas adquiria consistência e a conversa recomeçou Enquanto o Sol descamba tenho comido toic com mais cabelo declarou Fabiano desafiando o céu os espinhos e os urubus não é murmurou s a vitória sem perguntar apenas confirmando o que ele dizia o Pouco a Pouco uma vida nova ainda confusa foi se esboçando acomodar-se iam num sítio pequeno o que parecia difícil a Fabiano criado solto no mato cultivaram um pedaço de terra mudariam depois para uma cidade os meninos frequentaram escolas seriam
diferentes deles sem a Vitória esquentava se Fabiano ria tinha desejo de esfregar as mãos agarradas a boca do saco e a Coronha da espingarda de pederneira não sentia a espingarda o saco as pedras miúdas que entravam nas alpercatas o cheiro de carniça que empeste avam o caminho as palavras de senha Vitória encantavam iriam para adiante alcançariam uma terra desconhecida Fabiano estava contente acreditava nessa terra porque não sabia como ela era nem onde era repetia docilmente as palavras de sinha Vitória as palavras que senha Vitória murmurava porque tinha confiança nele e andavam para o sul metidos
naquele sonho uma cidade grande cheia de pessoas fortes os meninos em escolas aprendendo coisas difíceis e necessárias eles dois velhinhos acabando como os cachorros inúteis acabando como baleia que iriam fazer retardaram se temerosos chegariam a uma terra desconhecida e civilizada ficariam presos nela e o sertão continuaria a mandar gente para lá o sertão mandaria para a cidade homens fortes brutos como Fabiano s Vitória e os dois meninos fim
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