Homilia Dominical | Como colher os frutos dos dons do Espírito Santo? (Solenidade de Pentecostes)

Meus queridos irmãos, minhas queridas irmãs, grande alegria quero acolher você no nosso programa Testemunho de Fé. Quero convidar você a refletir conosco nos próximos minutos um pouco a respeito da riquíssima liturgia da igreja para esse domingo, que é o domingo de Pentecostes. Aqui quem fala é o padre Paulo Ricardo e quero realmente acolhê-los com grande alegria para esse momento de reflexão.

Vamos pedir a Deus que ilumine mesmo o nosso coração com o dom do Espírito Santo para podermos mergulhar nesse grande mistério. Bom, não é necessário dizer, acho que todo mundo sabe, Pentecostes é a festa do Espírito Santo. É quando o Espírito Santo foi derramado sobre os apóstolos e, portanto, é derramado sobre toda a igreja.

E é a ocasião que nós temos de renovar um pouco nos nossos corações o nosso fervor e a nossa abertura para os dons que nós recebemos no sacramento do batismo e sobretudo no sacramento da crisma, onde nós recebemos o Espírito Santo com seus sete dons. Agora vamos entender aqui o que é que significa esta realidade dos dons do Espírito Santo. Olha forma que a gente tem de entender isso aqui é nós entendermos que o primeiro a receber estes dons do Espírito Santo na sua eh abundância e plenitude foi Jesus, ou seja, a alma de Cristo.

Os sete dons do Espírito Santo, eles se encontravam de forma exemplar e se encontram ainda lá no céu, na alma de nosso Senhor. E, portanto, vejam, receber os dons do Espírito Santo é receber dentro de nós uma capacidade de captar o sopro do espírito que quer ir modelando a nossa alma e configurá-la a alma de Cristo. Ou seja, quer que a nossa alma seja semelhante à alma de Jesus.

É por isso que os santos são aqueles que manifestam mais claramente os dons do Espírito Santo. Você chega e diz assim: "Escuta, eu fui batizado, eu fui crismado, eu recebi esse tal desses dons do Espírito Santo, mas eu não vejo eles se manifestando em mim. Cadê os dons do Espírito Santo?

" O bispo me crismou, eu não senti nada, não vi diferença nenhuma. Para mim tá tudo a mesma coisa. Como é possível que eu tenha recebido esses dons e e esteja agora configurado a Cristo e eu não vejo diferença nenhuma.

Veja, é o seguinte, você recebeu os dons, mas os dons são uma realidade como que passiva, receptiva. São como antenas que são capazes de captar os sinais que vêm de Deus. Os santos padres, eles comparam os dons do Espírito Santo com as velas de um navio.

Você quer ser santo, então o que que você faz? Você rema. são as virtudes.

Você vai remando, vai fazendo seu esforço. Só que acontece que se você tiver as velas do navio abertas no momento certo, no momento em que o Espírito Santo sopra, fica mais fácil de conduzir o barco. Você faz isso com menos esforço.

Ou seja, é um auxílio divino necessário para que você possa agir divinamente, para que você possa agir como os santos agem, para que você possa agir como Cristo age, porque ele é a alma de Cristo que recebeu o Espírito Santo em abundância. nós e digamos assim, vamos distinguir aqui, nós recebemos o Espírito Santo. Eh, Maria recebeu o Espírito Santo, os santos receberam o Espírito Santo, os anjos recebem o Espírito Santo, mas em Jesus o Espírito Santo permanecia porque ele é o Cristo.

Então, os dons do Espírito Santo, eles acontecem no Cristo em plenitude, porque ele recebe o tempo todo o sopro do espírito. Essa é a beleza. Bom, mas isso não resolve ainda o nosso problema.

Ou seja, o problema nosso fundamental é o seguinte: porque é que eu não vejo os dons do Espírito Santo no meu dia a dia? Bom, a razão fundamental pela qual nós não vemos os dons do Espírito Santo agir em nossa vida, é o problema dos pecados veniais habituais. Ou seja, que você faça um pecado venia hoje é uma coisa.

Mas que você habitualmente continue fazendo pecados veniais, que você dê de ombros e diga assim: "Não, mas esse pecadinho aqui não é problema". Ou seja, aquele palavrão que você sempre diz que você dá de ombros e diz: "Ah, que que é um palavrão? " aquele aquela piadinha suja, aquele comentário malicioso, esses pecados veniais, onde você eh faz orações com desleixo, em que você não desvia, não guarda o olhar quando poderia guardar o olhar, quando você come excessivamente, quando você alimenta certas vaidades, Esses pecados veniais que você vai alimentando, eles vão como que embotando a sua alma e você vai sendo incapaz, incapaz de ver a realidade espiritualmente.

É, você fica como que cego, uma espécie de cegueira espiritual em que você vê o mundo de forma carnal, você vê o mundo de forma mundana, você é cristão, mas a mundanidade está ainda muito presente dentro de você. Por isso, já que você não combate os pecados veniais e eles se tornaram algo de habitual, de permanente na sua vida, você até, vamos supor que você seja um bom cristão, que você esteja em estado de graça, não é que você combate os pecados mortais, pelo amor de Deus, você vai à missa, você, sei lá, é um bom cristão, há 20 anos que você não comete nenhum pecado mortal, Você é de missa de área, você reza o seu santo terço, mas mas você tem aqueles pecadinhos de estimação, os pecados veniais que não extinguem a caridade, não extinguem o estado de graça. Você é amigo de Deus, mas acontece o seguinte, você não combate os pecados veniais.

E isto faz de você um mundano. Sim, você não é um pecador, mas as suas avaliações são avaliações carnais. Você, contudo, se irrita.

Sempre procura aquilo que é o mais cômodo, o mais prazeroso, os melhores lugares. Procura sempre estar em evidência. Procura sempre os elogios, procura sempre esse tipo de coisa de uma virtude medíocre.

Se você se vê descrito nesse tipo de atitude, não se espante que os dons do Espírito Santo não apareçam na sua vida. Eles estão aí, estão no seu coração. Você que está em estado de graça, você que comunga, você que não está em pecados mortais, que e não tem uma vida devasta, depravada, você é até um um cristão legal.

O pessoal acha você até acima da média, puxa vida num mundo perdido como o nosso. Que é que Deus pode esperar mais de mim? Final das contas, bom, acontece o seguinte, que você não quer ser santo.

E os sete dons do Espírito Santo são feitos para a santidade. O Espírito Santo quer soprar no seu navio, quer levar você para a santidade, mas você está com as velas dobradas. Sim, os pecados geniais são como dobras na alma.

Os pecados veniais habituais, aqueles que você sempre repete, aqueles que você não faz esforço nenhum para combater, aqueles que você já se resignou e disse: "Não, eu sou assim". Como eu sou assim? Ninguém é assim.

Ninguém nasceu para pecar. Meu irmão, minha irmã, primeira coisa que você precisa entender que nós estamos celebrando em Pentecostes é o Espírito santificador. Este espírito santificador que foi dado a você no batismo, que foi confirmado em você na crisma, que foi derramado abundantemente no dia da sua confirmação, esse Espírito Santificador quer fazer de você ser um santo.

Os dons foram dados para isso, para fazer de você um santo. O próprio Concílio Vaticano II nos diz na Lumengo, no capítulo 5, que existe uma vocação universal de todos os fiéis. a santidade, mas não, você não ouve esse chamado.

Essa vocação é um chamado. Vocação é isso. Deus tá chamando.

O Espírito Santo está apelando. Ele está dizendo pro seu coração. Ele está tocando a sua alma.

Você não sente esse apelo. Você não sente o sopro do espírito? Aquele dia que você foi rezar e que você sentiu amor por Deus.

Aquele sentimento de consolação em que você viu o amor de Deus por você, era o espírito convidando você. As pessoas quando vão rezar e sentem o amor de Deus, elas acham que já estão amando. Não.

Quando você vai rezar e você sente o amor de Deus, você não está amando. Deus está amando você. Aquilo lá é um convite ao amor.

Você foi rezar, você sentiu a unção do Espírito Santo, você sentiu o toque do Espírito Santo, você sentiu a consolação do Espírito Santo. Ótimo. Deus seja louvado.

Graças a Deus você sentiu isto, porque você sentiu um apelo, você recebeu o convite, você recebeu o chamado para ser santo, para corresponder, para amar Deus. Mas você não atende ao chamado, você não faz nada, você fica aí palmão parado, porque não, mas afinal todo mundo e faz como eu faço. Eu sou até melhor do que os outros.

Mas meu irmão, acorda, minha irmã, ouve o chamado de Deus para a santidade. Deus se aproxima de você. Como ele se aproximou daquela samaritana na beira do poço e diz: "Dá-me de beber.

Dá-me de beber". E se você ouvir este apelo, se você ouvir este chamado do Espírito Santo que vem através de Jesus, que é o Cristo de Deus, o ungido de Deus, ele fará brotar uma fonte de água viva que jorra para a vida eterna. Pois bem, então, então vamos ser práticos.

Como que a gente faz para realmente desenvolver esses dons do Espírito Santo? Bom, os sete dons do Espírito Santo, eles têm uma graduação, é uma escada de sete degraus. Primeiro degrau, então, é o começo.

Começo é o temor de Deus. O temor de Deus é o princípio da sabedoria, ou seja, é uma escadaria de sete degraus. No sétimo degrau lá em cima tá a sabedoria, que é o maior dos dons.

Mas o primeiro é o temor do Senhor. E o que quer dizer o temor de Deus? Vamos gastar um pouquinho de tempo com o temor de Deus, porque ele é o primeiro passo.

Ou seja, quando você põe em movimento a sua alma na direção da santidade, o os primeiros passos são os fundamentais. O dom do Espírito Santo, do temor de Deus, é daquela pessoa que começou a combater os pecados veniais, ou seja, que você combatia os pecados mortais. Isso aí é óbvio, porque eu suponho que você tá em estado de graça, tá?

Eu não tô ensinando você a ser salvo, eu tô ensinando você a ser santo. É diferente. Ser salvo, você pode ficar aí com seu salário mínimo, vai pro purgatório e seja feliz se conseguir.

Mas ser santo é outra coisa. Então vamos lá. Você já tá em estado de graça, você já combate.

Tô supondo que você combate os pecados mortais. Então, comece a combater os pecados geniais, principalmente os pecados veniais habituais, aqueles que vão sugando a sua energia espiritual, que deixam a sua energia, você tíbio, morno espiritualmente. Combate os pecados veniais.

E aí, combatendo os pecados venhais, você vai começar a notar dentro de você. Isso é uma coisa muito comum. Veja isso aqui que eu tô dizendo, não é para as almas mais elevadas das moradas de santidade.

Não, isso aqui é o básico. É o básico, é o basicão. Você vai começar a notar dentro de você um certo medo de pecar.

Algumas pessoas podem confundir isso com escrúpulo, mas não é escrúpulo, não. É realmente um medo de cometer um pecado. E você vai começar a notar, se você progredir ainda mais, que este medo de cometer um pecado vai se revelando, vai mostrando o seu rosto e você vai notando que na verdade, na verdade você tem medo de ofender a Deus que ama tanto você.

Já é uma evolução. Veja, você começou simplesmente com medo de pecar. Agora, esse temor servil que você tinha, ele se manifesta como um temor filial.

Você já se mostra um filho que não quer ofender o pai. Deus é tão bom com você. Ele morreu na cruz por você.

Ele te deu tanta coisa. Por que é que você vai ofendê-lo? Ele é tão bom.

E ali começa a surgir dentro de você uma coisa maravilhosa que é um verdadeiro dono de Deus, um verdadeiro milagre que acontece na alma. Chama-se contrição. Contrição perfeita.

Esta realidade de não querer ofender a Deus. Veja, é o Espírito Santo já operando dentro de você. É o dom, é o dom do temor de Deus que já começa a mostrar a sua presença.

E são as velas do seu navio que começaram a se desdobrar e o Espírito Santo começa a soprar. E aí, exatamente por causa desta realidade do temor de Deus, que você começa a fazer generosamente mais mortificação, começa a fazer mais oração, começa a buscar os meios, se confessar com frequência, etc. , você começa a ver uma certa facilidade de buscar as coisas de Deus.

Mas o dom do temor de Deus, ele é um dom até, digamos assim, com um certo aspecto negativo. Você tem medo de ofender a Deus como um filho por amor tem medo de ofender ao pai. É necessário dar um passo a mais.

O lado positivo desta mesma realidade é o dom da piedade, a piedade filial, ou seja, o filho que quer agradar. Então, quando você usando as palavras de Santa Teresa Dávila, com esta determinada determinação de procurar não ofender a Deus e agora procurando agradá-lo, você começa a ver que o sopro do Espírito Santo vai conduzindo você a querer realmente manifestar uma confiança filial. As palavras do Pai Nosso vão te encher de confiança.

Quando você olha pro céu e diz: "Pai, se eu sou filho, eu sou herdeiro. Ele quer me dar a vida eterna". Essa é a herança.

Eu sou coerdeiro de Cristo. O Cristo ressuscitado recebeu a herança. Eu sou filho coerdeiro com ele.

Que confiança, que beleza saber que o Pai quer me dar esta herança maravilhosa. E sendo assim, nesta fase, quando a pessoa que já começou a rezar, que já tinha aquelas consolações iniciais, aqueles chamados iniciais, quando a pessoa esbarra com a aridez, ela mesmo assim tem força para continuar, porque é o dom da piedade. O dom da piedade faz com que a gente continue, apesar da aridez.

Porque a gente confia, a gente vê que tem o Espírito Santo não está me dando consolações, mas está me dando confiança. Esses dois dons, o temor de Deus, da piedade, são os dois degraus, os dois primeiros degraus que são bastante importantes. E nós precisamos dar esses dois primeiros passos de forma bastante firme.

Vejam, na realidade eu estou dizendo dois passos, mas na verdade é Deus quem dá estes passos com o nosso consentimento, com a nossa permissão, digamos assim. A gente simplesmente dá o sinal verde para Deus. E como é que a gente dá esse sinal verde para Deus?

Eu já disse, você começa combatendo os pecados geniais para realmente através de uma vida de oração generosa e de combate os pecados veniais. Com uma certa mortificação, você começa a notar a ação do Espírito Santo em você. E aí virão depois os outros dons.

Eu gastei mais tempo nesses dois dons primários fundamentais. Depois virá o dom da ciência, onde você vai saber distinguir o bem do mal, onde Deus vai mostrar claramente a sua presença nas coisas boas da natureza, tudo aquilo que de bom ele fez. Você vai ver o bem e você também vai ver o mal.

Ou seja, o dom da ciência vai lhe dar um horror do pecado. Vai, você vai enxergar a feiura do pecado, a feiura da morte eterna, a feiura da maldade. Mas ver com o dom da ciência não é suficiente.

Você precisa ir pro próximo degrau, que é o dom da fortaleza. Porque o dom da fortaleza agora, uma vez que você viu o que é o bem e o mal com a ciência, você precisa agora combater o mal e lutar pelo bem. É a fortaleza.

Você precisa ser forte. O Espírito Santo vai te ajudar nisto. Mas a fortaleza muitas vezes vai ver que a ciência que ela tem do bem e do mal não é suficiente.

Porque às vezes não é só questão de bem ou de mal, é questão de decidir as coisas. Existem momentos em que a gente fica numa sinuca de bico e não sabe por onde sair. É o dom do conselho, o Espírito Santo como seu conselheiro que lhe ajuda a tomar decisões.

Porque às vezes não é uma questão de discernir entre o bem e o mal. É uma questão de discernir entre dois duas coisas boas que você não sabe o que fazer. O dom do conselho, o dom da inteligência.

vai lhe dar a capacidade de penetrar nas coisas que Deus revelou. Para uma pessoa que não tem o dom da inteligência, os dogmas são simplesmente fórmulas de um catecismo. Mas para alma simples que recebeu o dom da inteligência, embora ela não tenha estudado teologia, ela entende perfeitamente mistérios como a encarnação, como a Eucaristia, esses mistérios continuam misteriosos, mas ela tem uma luz que é capaz de penetrar algo desta realidade que lhes dá lhe dá uma capacidade de intos ledger, inteligência, de ler dentro das coisas que nem os sábios deste mundo seriam capazes.

E finalmente, o dom da sabedoria, o mais elevado de todos eles, que nos conduz à capacidade de saborear o amor verdadeiro. Saborear o amor, mesmo quando ele é um amor crucificado. saborear o amor e a entrega de amar de volta aquele que nos amou por inteiro.

Meus queridos, esses são os sete dons e é isto que nós precisamos renovar em nós em Pentecostes. O Espírito Santo derramado no Cristo deu de forma permanente, abundante e plena na alma de Cristo os seus sete dons. Por isso, ele é o Cristo, ele é o ungido.

Todos os santos e santas partilham da abundância deste óleo que foi derramado no Cristo e que agora transborda em todos nós. É como o óleo que é derramado sobre a cabeça e agora vai descendo pela barba, pela barba de Arão e chegando até a orla de suas vestes. Por isso, celebre bem Pentecostes.

Renove seu batismo e sua crisma. Tome uma firme decisão de procurar não ofender a Deus e de agradá-lo. Com esta determinada determinação, você verá os dons do Espírito Santo brotarem no seu coração.

Eles já estão aí, só estão escondidos. Se determine, seja generoso e o Espírito Santo que está soprando irá inflar as velas do seu navio, conduzi-lo até o céu. Deus abençoe você em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

Amém.