eu estava dormindo acordei com um tiro nas costas porque na hora que eu recebi o tiro eu eu disse o Marco me matou eu pensei né eu tinha essa convicção de que tinha sido [Música] ele [Música] [Aplausos] você demorar quase 20 anos para fazer justiça a justiça tem que ser rápida né você deu várias oportunidades o agressor de est convivendo em sociedade enquanto a vítima né Estou retido na cadeira de rodas quantas foram assassinadas um apoio né de de duas ones do país uma em São Paulo outra no Rio né que tomaram conhecimento do meu
caso e que perguntaram se eu queria denunciar o paí junto a eles topi a nossa denúncia né foi resultou numa coisa muito positiva que foi na condenação do Brasil pela oa né pela maneira com que as mulheres vítimas de violência doméstica era tratada pelo estado pelo país violência contra a mulher ela é considerada uma violação aos direitos humanos a mulher por mais que ela esteja lutando por uma condição de igualdade nós ainda não temos nós Ainda temos uma sociedade patriarcal conservadora Então tudo isso leva a um sentimento e a um a um pensamento de que
a mulher ainda em alguns lugares são subjugadas pelo [Música] homem ele chegou lá no sábado dia 4 de abril à C voltas das 18 horas aí ele falou assim Pode falar com você a falei assim olha só a nossa conversa é só no juiz eu não tenho que falar com você ele chamou minha irmã para conversar perguntou pelo meu cunhado meu cunhado não estava lá ele não foi aí ele fez minha irmã ligar pro meu cunhado que ele queria saber tipo assim será que ele tá em casa mesmo porque se meu cunhado tivesse lá né
ele Talvez teria outra atitude não sei e na áre zinha de que ele entrou tava sem a Lu tinha queimado tava escuro aí minha mãe quando viu ele entrar minha mãe começou a chamar uma de nós Ô nem Ô Zan vem aqui comecei a sentir um cheiro e dele já tava com a mão aqui e com a com a um esqueiro nessa mão aí ele falou assim aqui ó quando ele jogou explodiu que cara gasolina fez um um bola de fogo pareceu que entrou dentro de mim aquilo quando eu falei assim não eu tenho que
me apagar eu tenho que me apagar saí correndo pra rua me enrolei no chão que eu falei assim não eu tenho que apagar não quero morrer eu não quero você encontra a violência doméstica em todas as classes sociais em todas as etnias em todas as culturas em todos os países né eu descobri que o meu pai tinha uma amante contei pra minha mãe a minha mãe ficou com raiva de mim porque eu não tinha contado antes o meu pai deixou de falar comigo ficou com raiva de mim porque eu contei pra minha mãe depois a
minha mãe contou pro meu pai que eu tinha uma namorada então foi mais um motivo para ele ficar com muita raiva de mim eles me arrastavam pela casa pelos cabelos ele me batia de cinturão a minha mãe me segurava para ele me bater é uma situação assim de extrema impotência Ele me levou pra cozinha e quis jogar o lixo em cima de de mim aí eu chutei e esparramou o lixo pela cozinha e ele me deu um murro e me e eu caí no chão e ele começou a enfiar lixo dentro da minha boca tinha
uma uma percepção aí também do movimento de mulheres né que fala que a violência doméstica ela tá muito atrelada há uma desigualdade de poderem os gêneros na nossa sociedade e essa desigualdade histórica a gente não vai mudar uma cultura de 5 6000 anos em 100 anos entendeu a gente precisa de mais tempo talvez 500 anos para que isso aconteça Quais são os fatores então que freiam a violência doméstica Porque se o sistema é patriarcal se o sistema é de desigualdade de gênero né se o sistema é de homens exercendo poder sobre as mulheres O que
explicaria então o fato da da não corrência de violência doméstica em algum caso né porque se essa explicação ela teria o tempo inteiro que tá acontecendo Então na verdade né ainda se quer um marchão em determinados aspectos e não se quer esse marchão em outros aspectos é contraditório isso e se a gente refletir muito bem eh se tem uma desigualdade de poder essa desigualdade de poder também ela diz o seguinte o homem é o provedor o homem er o protetor o homem que não não bate uma mulher nem com uma flor não é isso mesmo
hoje n as mulhes acham muito bonitinho muito interessante um homem mais feminino mais alternativo e tal mas Muitas querem que o homem né banque Então se entende hoje que é um dos fatores a justificar a violência e a fomentar a violência mas ele não é o único e nem é o determinante o caso dessa cabira em Belo Horizonte é muito interessante pra gente pensar todas essas falhas do sistema mesmo porque ela fez denúncia oito vezes foram várias matérias que passaram sobre isso Teve teve uma coisa assim das pessoas visualizarem a situação de violência né Porque
se ela às vezes acontece muito no âmbito privado e as pessoas não estão vendo isso essa esse caso específico ele foi uma coisa que aconteceu e todo mundo viu ali todo mundo foi sentindo aquilo também né fo sentido aquele medo as pessoas dentro do salão saindo correndo aquele homem chegando com a arma disparando na direção dela então foi uma coisa que a sociedade um pouco partilhou daquela daquela daquele medo daquela insegurança né uma denúncia dessa que existe uma arma arma sem porte é crime inafiançável eu vou na tua casa na casa de qualquer pessoa toma
a arma trago o cabra e ele vai ficar preso é muito simples teriam evitado a morte daquela jovem Ela tentava fazer de tudo para que ele mudasse que ele eh fosse uma boa pessoa ela ainda acreditava nele ainda acreditava no relacionamento acreditava voltava Durava uma semana duas apanhava de novo e assim Foi várias vezes que aconteceu alguma coisa aconteceu senão ele teria sido preso e e teria evitado a morte dela ela procurou ajuda o papel dela era era procurar ajuda o papel da polícia era o quê proteger a lei não foi criada para isso então
Cadê a proteção quantas outras vão morrer a lei prevê que que essa mulher tenha todo o Equipamento necessário para que ela não seja uma vítima de violência ou se for Que ela possa se socorrer de todos todos os mecanismos existentes no estado no município na União para lidarem essa proteção e a Lei Maria da Penha ela consegue dar esse conceito abrangente quer dizer existe a violência psicológica a violência moral e a violência patrimonial a violência física né quando você coloca um detetive para perseguir uma mulher ou quando você tem uma arma guardada no armário você
olha para ela e olha pro armário quer dizer essa é uma violência ele cuspiu na minha cara porque eu preferia que ele me enchesse de porrada muita porrada podia até matar mas foi a pior de todas as humilhações que eu já [Música] passei que aconteceu isso comigo era um momento que começou a aparecer a visibilidade para a violência doméstica o meu caso aconteceu em 1983 e a primeira delegacia criada no Brasil foi em 1985 delegacia da mulher as delegacias especializad de atendimento a mulher que surgi em São Paulo aí na década de 80 elas são
fundamentais em termos da da estrutura né do sistema de justiça para o Atendimento à Mulher fundamental porque era a possibilidade dessa mulher que sofria violência e que buscava algum Amparo na justiça ter uma ter a possibilidade ter um olhar diferenciado sobre a situação dela então nós queremos uma Justiça ágil nós queremos que os avanços que temos conquistado para as mulheres brasileiras elas sejam concretizadas também com o apoio legal de uma legislação que ampare de uma legislação que proteja de uma legislação acima de tudo que Puna aqueles que ainda insistem em violentar as mulheres brasileiras muitas
vezes a mulher ela é vítima dos homens e da Justiça gosto muito de falar da Lei Maria da Penha pelo fato de que é a única forma de nós agarrarmos com unhas e dentes a nossa causa é uma lei que protege somente a mulher ela ela é específica para a pessoa do sexo feminino e por isso gerou e vem gerando muitas controvérsias dentro do Meio jurídico e também da sociedade civil que questiona o tempo todo por uma lei somente paraa mulher por que que essa lei não protege também as crianças não protege o idoso ou
mesmo o homem que sofre com a violência os movimentos feministas tiveram um papel fundamental paraa colocação dessas situações de de que eram corriqueiras no âmbito familiar das do que hoje se chama dessa violência psicológica né que são essas situações de do ciúme extremo da da ameaça da chantagem que era muito comum no âmbito privado eh tornarem isso um problema político tornarem isso o problema público a ser tratado nessa esfera da política da Justiça no âmbito público Por que que ela precisa de uma lei exclusiva para ela para que ela tenha uma proteção maior do que
outro segmento para que ela consiga atingir esse patamar de igualdade com o homem a estimativa da ONU de que somente em 2490 as mulheres conseguirão ter uma posição de igualdade com os [Música] homens o amor eu acho que é mais compartilhar e muito a individualidade do outro tá eu acho que sanar o egoísmo eu acho que é unir e assim eu tô muito vendo isso assim que o homem tem que viver um pouco o lado feminino e a mulher viver um pouco mais o lado masculino para poder um compreender o outro senão não não não
não haverá amor para mim amar é isso é você respeitar e dar o espaço do outro porque às vezes a gente a gente quer prender até o marido mesmo ou a esposa a gente não quer que vá no lugar se não não for com a gente então assim o outro não é tua extenção você ama mas você precisa ter essa liberdade o que eu posso dizer é que amor só não basta né Digamos que esse tipo de amor é o que você quer é suficiente agora mais recentemente o ano passado eu recebi uma mulher que
trabalha no gabinete de um grande político no Rio de Janeiro de expressão Nacional percebe que ela o marido tentou enforcar duas vezes sufocá-la a segunda vez ele tava enforcando em frente à casa dela porque eles já tinham eh se separado né E pra sorte dela na hora que ela desmaiou a uma patrulhava passando achou aquilo estranho que tava acontecendo uma mulher caindo e tal com o cara ali parou o cara tava tentando matar a mulher ele foi preso em flagrante ficou se meses preso antes de ser julgado e ela vinha para cá chorava e dizia
aqui eu posso dizer eu amo esse sujeito entendeu eu não tenho como dizer que não é amor amar é você proporcionar Felicidade ao outro acho como toda mulher ela tem o sonho da Cinderela né que isso já tá caindo por terra então eu vim com aquele romantismo né das histórias medievais e hoje o meu romantismo ele é mais assim seguro um romantismo mais real não aquele Imaginário aquela coisa de de estar com você em todos os momentos Nos difíceis no nas alegrias nas tristezas aquela coisa bem de casamento mesmo né Eu acho que o companheiro
é para isso fale se meses que ele me dando soco nas costas falou assim miserável falou assim fal Eu repito PR você apra tudo que você precisar você pode contar comigo mas eu quero que você denuncie eu falei não tenho coragem F você ama demais fi fi amo demais você faz o que com essa história vou condenar essa mulher porque tá amando o cara não é isso que eu tenho que fazer amor a gente não Condena mas é muito complexo por essas outras questões que TM a ver com a estrutura eh familiar que tem a
ver com a a precariedade Econômica na qual essas pessoas vivem eu acho que as famílias hoje elas perderam muito o que havia antes que é aquela tradição de sentar para conversar que seja uma refeição por dia todos juntos na mesa conversando eu acho que isso está se perdendo isso tem também contribuído para que as pessoas não tenham tanta solidariedade tanto respeito pelo outro a paz no mundo começa em casa né então a gente tenta até sensibilizar os operadores do direito de que a gente conseguindo diminuir a violência dentro da família e em via de consequência
essa violência vai ser diminuía no porque é uma família melhor estruturada vou fazer uma uma comida que ele gostava ele adava o pudinho eu fazia sempre tudo que ele gostava eu fazia el eu me retribuí até até anos cas PR mim é muito difícil me acostuma com o fato de de não ter Mas a vida que eu tinha antes porque se fosse o caso para você vai ser fácil porque você sai você se diverte você namora eu não faço nada disso eu trabalho para casa eu cuido da minha filha eu não consigo me acostumar muitas
dessas mulheres que chegam até o sistema de Justiça elas estão querendo mais uma ajuda pra situação que ela vem Vivendo em casa e não necessariamente estão querendo rompimento da relação não necessariamente estão querendo e criminalizar o marido não tem às vezes muita consciência do que que isso implica em termos do do trâmite Judiciário o que que isso vai chegar então tão pedindo uma ajuda violência física Treve a psicológica Treve a sexual por aí você tira então eu perdi todo contato com a minha família eu passei 5 anos 5 anos sem sem ver meu pai sem
ver minha mãe sem ver meus filhos meu pai faleceu eu não pude visitar meu pai eu não pude ver meu pai eu não pude entro sabe não pude nada tive que saber pela boca dos outros que meu pai tinha falecido quando meu pai eu soube que meu pai tinha falecido já ia ter a missa de sétimo dia esse é o maior remorço maior culpa que eu carrego [Música] quando foi no Sábado eu tava deitada levar meu filho à praça de manhã tava deitada dormindo ele vamos embora vamos embora bota esse garoto na cama quero [
__ ] eu vou embora cara eu não vou ficar contigo não mas eu vou te arrebentar na porrada e tu vai [ __ ] comigo quantas vezes eu quiser levanta falei eu não vou Você tem que me respeitar eu sou a mãe do teu filho eu sou tua esposa eu não mereço O que você tá fazendo comigo você merece isso e muito mais bora bota esse garoto no berço vamos bora e saiu me puxando eu botei o menino na cama vamos [ __ ] vira faz assim faz assado e me machucou sangrou um dia antes
ele já tinha me agredido aí eu fui para Hospital fiz o raio x o cara me botou ca tipoia no dia seguinte aí ele acabou de me arrebentar e nesse quarto aí do lado que era o berço do meu filho meu filho vendo eu no chão ele me batendo meu filho querendo pular da do berço aí quando eu consegui Eu mordi ele eu dei uma mordida na coxa dele consegui me sair botei a roupa e peguei meu filho eu falei pra minha vizinha falei olha quando você escutar eu pedir socorro chama a polícia aí ligou
para cá ele atendeu o telefone Ela falou ela xingou muito ele e falou a polícia tá chegando pegou todos as roupas e foi [Música] embora então ela chega machucada na delegacia e o delegado pergunta foi que ela fez para merecer Aquela aquele machucado quer dizer ele não tem que querer saber o que foi que ela fez a mulher está machucada ele tem que atender aquela mulher né e aplicar porque quem a machucou cometeu um crime e ele precisa penalizar o crime roso enquanto esses atores que estão na porta de entrada do sistema de justiça que
são esses eh os inspetores de Polícia Civil esses que são os que fazem a primeira escuta sobretudo e se tratando de delegacias que não são legais ou seja delegacias que não tem estrutura de delegacia legal que não tem um um atendimento prévio né de assistentes sociais e psicólogas né quando essas mulheres vão direto aos inspetores a gente tem uma expectativa muito diferente você chega numa delegacia de polícia vai fazer uma queixa não havia ainda delegacia de mulheres na minha época aí cheguei o delegado que hoje em dia é meu colega me trata até com muita
muita educação muita gentileza me veja mão mas foi o mesmo homem que quando era titular aqui da 52 DP em Nova Iguaçu e eu estava com olho roxo fui a ele ele falou não há nada que uma boa noite na cama não resolva querida eu me senti a última das prostitutas não precisa dizer né acompanhamos também uma situação muito estranha que aconteceu em Itaboraí onde uma mulher eh foi obrigada a ter relações sexuais com um cachorro pelo marido que amarrou que ela foi até a delegacia e a na delegacia o registro bo foi registrado como
maus tratos aos animais eu não acreditaria se não fosse vero na na delegacia eles fazem você se sentir como se não fosse nada sabe como se você não fosse um ser humano porque da onde que a gente vai sair de casa vai denunciar uma pessoa que você ama e eles vão olhar para você e falar que você tá mentindo então no momento que ela vai na gracia que é atendida por esse delegado ou essa delegada que não tem o perfil de entender da violência doméstica Então ela se decepciona e ela não faz mais a denúncia
nós Ainda temos uma eu acredito assim uma deficiência na capacitação eh dos policiais né que estão nas ruas e você vocês sabem que a polícia militar ela é a primeira polícia que a mulher entra em contato no momento da agressão quando a agressão ocorre em via pública ou mesmo na sua casa quem é chamado é a polícia militar então esses policiais eles precisam ser capacitados em violência de gênero em Direitos Humanos eu acho que essa é uma questão ainda que precisa ser muito trabalhar os juizados especiais foram uma im conquista que que resolveu assim enormemente
uma série de problemas que o Brasil tinha eh a Lei Maria da Penha Não é uma lei pelo pelo Direito Penal mínimo não é uma lei de de querer encarcerar todo mundo ao contrário é uma lei que tem uma uma ela é extensiva na área da prevenção é uma lei que permite ao juiz tomar medidas que a gente chama de medidas eh eh de protetivas imediatas como afastamento do agressor não a mulher sair com os filhos de casa mas o agressor sair de casa para ela poder voltar pedi as medidas protetivas também da Lei Maria
da Penha eh foi no caso eles não eles não podem se aproximar de mim a menos de 100 m também não podem manter nenhum contato vou frequentar lugares que eu frequento ele não pode se aproximar nem por nem perturbação por telefone nem por internet por meio de comunicação nenhum no caso público do dado do labela que né descumpriu a justiça dizer não olha aqui vou botar uma fita métrica vamos ver quantos mos de distância tava dizendo disso né E como ele descumpriu isso ele foi preso e ainda bem que ele foi preso e ainda bem
que foi preso um homem que é rico Branco heterossexual que é formador de opinião que é um cara extremamente agressivo né para que isso sirva de exemplo que a lei ela foi feita para todos independente da classe social e até hoje eu tenho essa convicção A grande maioria ainda sofre violência por medo ela deve denunciar no momento em que ela se sente fragilizada de não poder mais ter naquele relacionamento naquele casamento um relacionamento saudável né no momento em que ela começa a ser xingada no momento em que ela começa a sentir as a ser proibida
de estudar de trabalhar de ir na casa de um parente na casa da mãe então tá na hora dela decidir a tomar uma atitude porque daí tende a piorar aqui é o setor de atendimento onde as denúncias são registradas o nosso atendimento ele funciona 24 horas e tem como base O Anonimato e temos um software e nesse software nós temos uma tela específica ã para trabalhar estatística sobre a violência contra a mulher então através desse atendimento Ah ela recebe além da própria denúncia ela recebe orientações que podem ser úteis ã para que ela tome determinadas
atitudes e recorra aos serviços públicos para poder sair de uma situação de violência então desde 99 a gente tem um projeto chamado DD mulher dis que defesa mulher onde a gente busca trabalhar a tanto as parcerias né visando efetivamente o atendimento não basta criarmos serviços de denúncia que não tem o que informar né e que não garantam o atendimento a operacionalização do que tá sendo denunciado Fi agredida H 22 anos física de bater no meu rosto assim de deixar negro que não se passar semana sem poder comer entendeu sem poder fazer nada tomando S líquido
no canudinho també eu posso ter sido culpada né de de por deixar rolar essa desde o início entendeu pensando que ia melhorar que ia melhorar que que realmente não melhorou entendeu um trabalho importante também é o trabalho da prevenção né é impedir muitas vezes que a violência aconteça então ah no momento de construção da violência muitas mulheres ligam pra gente para poder saber ah o que que pode ser feito e a gente pode sim conseguir romper impedir que atos como homicídio de mulheres ven acontecer queria fazer alguma coisa só que eu não sabe o qu
eu amava ainda muito então assim Aí eu falava Gente o que que eu vou fazer com o homem que eu amo eu não sei explicar Ele era Deus no céu e ele para mim na terra ele era tudo ele era a minha vida tudo tudo tudo eu endeusa ele no grupo a gente costumava falar que ele era o câncer dela ele era minha doença no começo é tudo bonitinho é tudo cor de rosa é é o príncipe vou dar um castelo à minha princesa e no fim virar sapo não dá nem um barraco comigo não
foi nada diferente só que eu tive coragem de ir a luta de vencer o medo ele encontrou o meu ponto fraco Ele sabia que eu tinha medo dele e como eu tinha medo dele eu não ia contar para ninguém o que eu passava eu Ela sonhava que não fosse assim que que ele ia melhorar que ele ia ser uma boa pessoa que ela ia construir uma família com ele inclusive dizem que no dia que a polícia achou ele tinha uma carta dela no bolso dele e ela pedia para ele que ele que melhorasse para que
eles pudesse continuar junto construir uma família e ser feliz então eu acredito que que talvez ela tivesse medo que isso pudesse acontecer ao mesmo tempo Ela sonhava de que ele ia melhorar isso ia ficar no passado essas agressões Tod eu não sei o que passa na cabeça de cada um a cada um quando elas não têm recursos elas são pobres demais elas elas têm medo de não conseguir cuidar dos filhos Elas têm a vergonha de dizer que apanha do marido porque na comunidade dela no ambiente dela na família dela ela é incompetente ela ap do
marido porque mereceu né Isso aí são coisas da cultura já existe desde março de 2006 é o Centro Estadual de referência e apoio a mulher nós recebemos Essas Mulheres vítimas de violência qualquer tipo de violência nós fazemos o acolhimento né pelo serviço social ou então por uma socióloga ou pela enfermagem e encaminhamos também pra defensoria ou pro Juizado né onde é feito os trâmites judiciais Então ela se fortaleceu para ela poder conseguir chegar aqui quando ela chega aqui a gente procura ouvir realmente a gente tá aqui para ouvir quando ela para ela falar com calma
ela chora às vezes ela não consegue falar ela pede para retornar e a gente tá aqui a gente porque tem que partir dela porque todas as decisões no final tem que ser dela nós não induzimos a nada quando a gente fala procure a justiça procure além dela est se protegendo também Vi de consequência indireta Tá ensinando aos filhos Olha isso não pode foi na delegacia da mulher registrei o BO depois hospital e fiz exame de corpo e delito fui no no Juizado e contra a violência doméstica e me indicaram o seran houve de Março até
dezembro 343 atendimentos em 2007 587 em 2008 994 e 2009 nós fe chamos com 1324 a gente vê que puxa tá sendo mais mulheres agredida eu acho que não seja só isso eu acho assim que a visão não é bem essa e sim o esclarecimento aqui dentro desses 1324 tem não só aquela mulher que foi acedida ontem antes de antem ou nesse ano mesmo Sim mulher que foi agredida há muito tempo aqui ela cansou se agora eu vou para mim foi a minha salvação recebi muita força muita coragem aqui né me orientaram muita coisa que
eu não sabia que poderia existir eh pelo menos essa lei eu não sabia que existia e a mulher tem não sei se todas TM essa vergonha a mulher não tem coragem de dizer que sofre violência vai ter problema sim mas você vai ter força para reagir você vai ter como resolver o que acontecia era que os problemas chegavam e eu não tinha forças nem para levantar que sa para para reagir para numa coisa que des resolver e os poliis foram perguntar mim o que que houve Eu não abri a boca na verdade que teve um
momento quando escutei a sirene chegar de me jogar da janela morava no quarto andar porque eu senti pena dele vergonha pela situação tudo queria morrer naquele momento a vida elaz vocêis O Homem Não Deve bater e a mulher não deve permitir a menina veio tirou ele de cima de m aço veio o menino tirou também e eu quando eu vi ele pond a mão na minha filha que ele foi para bater na menina aquilo ali levantou Tuda da minha raiva falei nossa você não você não vai fazer isso nunca mais eu tirei ele de cima
da menina na menina não eu tirei ele de cima da menina e não sei como Eu arrastei ele pra casa fora rasguei a camisa toda que tava e falei você não põe a mão nos meus filhos em mim você pôs até agora ponto final o que eu lhe contava era sabe as torturas que ele fazia no quartel com os soldado então no meio das nossas brigas eu dizia assim tu quer fazer comigo como tu fazia com teus soldados mas eu não sou teus soldado eu sou tua mulher ele era a gente penitenciário né e eu
sabia que ele chegava em casa e contava os espancamentos que ele fazia na cadeia e me chamava de piranha assim né nomes assim que eu não quero falar e tal ele virou outra pessoa ele ele me prendeu na cama assim e ele começou a me bater a ele ele me bateu muito lá sabe ele me obrigou a fazer umas coisas que eu não queria e o tempo todo ele tava com a arma no no criado né e ele falou comigo que ia me matar lá dentro que se ele me matasse lá dentro que não ia
acontecer nada não ia né ninguém ia nem saber que e eu assim eu ficava eu eu fiquei com muito medo de acontecer alguma coisa mesmo porque eu antes eu achava que ele não teria coragem de de me matar não sabe e aquele dia eu vi que ele tava falando a verdade entendeu então é assim é muito humilhante né para mim assim eu já tava numa situação que eu já tava me sentindo um pouco assim dentro de um motel com ele né e ele falou comigo quem é que vai acreditar em você você veio para uma
Hotel comigo porque você quis eu não não obriguei você a vir eu fiquei com medo dele de eu falar que ele tá descumprindo as medidas e sei lá o juiz determinar sei lá uma prisão alguma coisa assim não adianta ele vai sabe ele vai preso dois dias e depois que ele sair ele me [Música] passa chegou 1995 aí criaram a maldita lei 9099 de 95 o que fazia esta lei de prejudicial essa lei impedia qualquer Delegado de Polícia de prender em flagrante um homem que desse uma bofetada na cara de uma mulher a violência contra
a mulher tava no mesmo nível da batida de carro da briga de vizinho do de um furto de uma fruta no no terreno do vizinho ou seja os chamados crimes de menor potencial ofensivo quem sabe a intensidade a dor da lesão é quem sofre a lesão os casos eram julgados pelos pelos juizados especiais criminais e os homens assinavam um termo circunstanciado e bastava ele se comprometer a comparecer em juízo que ele era liberado na delegacia ele ia embora a gente começou a sensibilizar o juízo para esse olhar pra vítima para essa necessidade da vítima pra
necessidade de você a mulher apanha Apanha apanha tá toda quebrada o cara vai lá paga uma cesta básica ainda tira do próprio alimento da casa dos filhos entendeu uma coisa totalmente incongruente né ele era contemplado eu digo contemplado que eu acho que era uma beness com a pena de pagar uma cesta básica ou duas pra instituição de idade Santo Antônio São Francisco lá o que fosse chegava em casa BOL achava Ah foi barato pô essa lei então veio nos atrapalhar porque a mulher chegava lá toda escin rasgada roxa vermelha hematomas de diversas cores e nós
só podíamos fazer o registro com a Lei Maria da Penha Não h a prisão flagrante desde que esteja ocorrendo flagrante né o sistema de Justiça precisa ser melhorado não basta ter a Lei Maria da Penha e eh e que ela seja aplicada ela precisa ser corretamente aplicada E para isso todos esses atores precisam est treinados e capacitados para fazer uma aplicação correta muitos dos juizados eles vão combinando então a Lei Maria da Penha com a lei 9099 e vão operando muito m eh com a conciliação até pelo entendimento que o juiz tem de que será
que são esses conflitos vão ser resolvidos mesmo no âmbito de judiciário entende que muitas das das questões TM a ver com questões estruturais né de de de falta de emprego de uma desestrutura Econômica muito grande né de doenças psicológicas também que cortam essas populações que são muito mal assistidas nesse sentido Então essa esses atores do sistema Justiça reflete será que é aqui que vai resolver isso me agrediu no estacionamento lá do hospital entendeu me fez me ameaçou disse que tava armado que ia fazer me levou pro hotel entendeu no hotel me bateu houve violência sexual
entendeu que eu não sairia dali que ia me matar depois se arrependeu pediu desculpa e tal mas mesmo assim eu registrei só que não existia a Lei Maria da Penha temos a Lei Maria da Penha temos é ótima é maravilhosa mas só a lei não funciona pertinho da sua casa deve ter uma mulher sendo assassinada nesse momento e você nem vai saber o ser é um serviço como o próprio nome diz um serviço de educação e responsabilização para homens eh que cometeram ou cometem violência de gênero contra mulheres no espaço doméstico ou seja nós atendemos
homens que são encaminhados prioritariamente pela justiça eh que porque praticar algum tipo de violência física ou psicológica contra suas parceiras que nem todo homem agressor vai em ao ser atendido no centro de reflexão ele vai mudar né mas existe casos realmente em que principalmente numa relação jovem mais jovem né com menos tempo de desgaste emocional eu acho que é uma boa pedida e nesse encontros eles são tem tem várias pautas né temáticas que são abordadas com esses grupos e tem uma importância muito grande essa ideia do grupo porque eles vão se escutando metade desses homens
não se separam ou seja Eles continuam no casamento que nos diz que a gente precisa trabalhar com os homens né trabalhar com as mulheres até porque eles vão continuar casados mesmo que não continuasse eles se separam e vão arrumar outras relações esse marido que bate quis tanto casar quis tanto disse tanto que amava gostava de beijar de abraçar de viver com você Que que aconteceu sabe e então após um mês de entrevista 5 meses de trabalho de grupo e esses homens ficam mais um ano em acompanhamento uma vez por mês também através de grupos reflexivos
pra gente ver a permanência o impacto do trabalho que foi realizado nos três primeiros meses as mulheres hoje em dia elas têm um um aparato legal né seja da Prefeitura do Estado vários financiamentos ONGs que promovem essa escuta das mulheres a a instrumentalização até do do lugar político que ela deve tomar enquanto os homens eles não têm esse espaço você não muda 45 50 anos em se meses Então na verdade a gente defende hoje que esse trabalho não tenha um tempo pré-determinado pela justiça e sim pela equipe técnica que recebe esse autor de violência de
gênero eu acho que hoje o homem tá tendo mais medo da mulher medo das atitudes que ela está tendo porque a mulher tá pegando eh tá tomando atitudes que seria do homem vamos dizer do antigo né ela tá tomando conta da vida ela ajudando no lá ela ela tendo mais dinheiro ela tendo a posição Então eu acho que o medo é mais isso não medo físico você encontra homens que TM medo das mulheres quer dizer eu digo que os homens só agride as mulheres porque os homens não gostam de ouvir isso mas é porque eles
têm medo das mulheres porque a sua salvação a sua vida tá dependendo desse processo não é o processo de guarda de pensão não é o Maria da pena porque é o único que ele tem medo acho que tem medo das mulheres Exatamente porque a mulher tem habilidades né que nós não temos no geral da sociedade toda olha para esse homem como ele sendo um culpado um semim monstro um monstro então ele tem medo de de ser culpabilizado em todo e qualquer atitude dele que ele tenha tomado nessa relação aí no âmbito privado Então os homens
desconhecem né como é que se lida com as emoções os homens não sabem falar a respeito das emoções Eles não sabem falar a respeito das relações Eles não sabem falar do seu amor pelos filhos Eles não sabem falar de nada que é mais su a eu acho que hoje ele tem mais receio da pessoa que eu sou que ele sabe que ele não tem mais poder sobre mim e sabe que eu fui à justiça e sabe de uma série de coisas que eu sabe eu consegui muitas coisas que ele dizer que eu não ia conseguir
nada quem que seria eu sem ele quando eu vou em comunidades às vezes mais carentes eu tenho muito esse tipo de depoimento depois que o meu vizinho foi preso nunca mais o meu marido bateu em mim né porque ele viu quer dizer realmente que o estado cumpriu seu papel prendeu aquele agressor e e os outros ficam repensando as suas condutas acho que o medo de de violência da mulher contra hom Acho que não existe é o medo dele que ele está perdendo um pouco o papel dele na sociedade como homem aquele homem antigo uhum o
que eu acho é que tem que ter um um forte comprometimento público em termos de disponibilizar instrumentos que façam com que os vários atores dos vários camadas sociais tem a possibilidade de lidar com as situações de extrema pressão psicológica Econômica com a drogadição com o alcoolismo de instrumentos possíveis para essas pessoas lidarem com isso sem lançar mão do recurso da violência né mas não há justificação para para violência doméstica não h justificação para pro estupro pro abuso sexual isso aí o que isso causa aí na em termos do de uma vida poxa Isso aí Isso
isso a justiça não repara exatamente né a justiça vai punir vai tentar eh coibir a ação desse indivíduo em outros casos Mas o que aconteceu com aquele indivíduo isso aí é uma memória que dificilmente vai ser apagada né então acho que tem uma situação muito séria aí que não dá para não dá para relevar não dá para desculpar o patriarcado VII Arcado com suas expressões machistas sexistas misóginas homofóbica entendeu eh isso precisa é um mal cultural né digamos Talvez seja o malestar da civilização Nossa hoje que precisa ser tratado entendeu por um conjunto de ações
a Lei Maria da pên está em pleno vigor não veio para prender homem mas para punir agressor pois em mulher não se bate nem mesmo com uma flor e até hoje ele tá fugindo ele não nenhum oficial de justiça consegue encontrá-lo nem no trabalho porque ele tem meso da Maria da já foi iniciado o processo criminal contra eles eles vão ser julgados e condenados Man meu vínculo trabalhista que eu me afastei eu fiquei um bom tempo sem trabalhar e mantive o fato do Abrigo né que eles me proporcionaram só que eu não fui porque eu
fui PR casa de parente a transferência de escola do meu filho e do meu trabalho que eu vim trabalhar próximo de casa por conta da Lei Maria da peia isso tudo tá na lei É uma opção minha hoje eu não quero mais nenhum relacionamento para mim eu não vejo assim o meu futuro mais como outra pessoa a pessoa dá um grito assim falar não esse grito amanhã vai se transformar numa agressão que perca o medo denunci porque ninguém é obrigado a ficar com a pessoa que tá te machucando a cada momento em que eu queria
desistir eu pensava eu me me policiava e me me autodetermina não que não deixe e continuar que corte do início porque não tem jeito não tem jeito que procurem sim tem a Lei Maria da pen que ajuda muito a gente e que dá a gente segurança vão correr atrás se uma porta fechar mil vão se abrir mas você tem que querer eu quero e não quero mais violência para mim me envolver com outra pessoa tá difícil sabe tá muito difícil porque simplesmente eu não consigo confiar se for aquele homem que chegue meu amor minha querida
um Dom Juan esse aqui eu não confio mesmo não confio eu tenho muito medo e que ela hoje era uma mulher que tinha uma profissão tinha a renda dela com a renda dela ela conseguiu comprar uma casa simples mas comprar uma casa Consegue hoje em dia fazer confraternizações consegue sorrir consegue olhar pros filhos consegue levantar a cabeça então assim aquilo foi tão bom inclusive PR que estav em tratamento psicológico ainda né como aí as outras foram se apresentaram como ex vítimas de violência achei assim essa palavra vítimas de violência muito importante quando elas frisaram mulheres
que estão acho que acordando pra vida eu quero ter uma família Quero muito ter uma família independente do que aconteu comigo do aconteu com a minha famía capaz de vencer de ir em frente eu vejo minha estrada bem longa sabe eu tenho certeza que você ser feliz o fim de Toda tempestade vem a bonância né vem um sol quente ou vem um céu estrelado por que não sorrir a vida é maravilhosa só depende de nós fazer a diferença diante das coisas que eu já passei das coisas que eu já suportei sabe eu vou vencer tenho
certeza é a única certeza que eu tenho na vida não sei como não sei por onde começar mas que eu vou a luta eu vou ela fez a tragédia pessoal sua bandeira de luta com apoio de organizações não governamentais como claden e o centro pela justiça e o direito internacional ela ainda teve forças para levar o marido a Jú duas vezes e denunciou o Brasil perante aa novamente os advogados do réu recorreram só debaixo de pressões locais e internacionais a sentença foi mantida a luta dela por Justiça Demorou quase 20 anos apesar do apoio de
uma instituição do peso da oa ela ainda teve coragem em agente de escrever o livro sobrevivi posso contar e porque você minha amiga não pode se levantar levantaremos todos para lhe homenagear para receber o diploma da mulher cidadã bertal e representar toda a nossa repulsa indignação pela violência contra mulher chamamos a nossa sofrida Maria da Penha uma cearense para lá de corajosa [Aplausos] oa do Bras da Sila para entregar o diploma e a placa [Música] [Música] Maria no Jardim das emoções as pilastras das famílias e das realizações as mulheres são canções que os anjos vivem
cantando e o mundo tá precisando de mais flores menos canhões mais homens menos machões pois mulheres não são apenas mulheres são flores são poesias são canções vi aqui fal guerreira mulher brasileira que não esmorece pelo seu talento e sua coragem a nossa homenagem pois ela merece tiro o meu chapéu pra mulher moderna que hoje já governa