salve salve pessoal como é que vocês estão Professor Alencar na área E hoje nós vamos falar de um livro chamado velhos Apesar do nome ele é novo um livro contemporâneo de 2020 de a mota um dos principais nomes Sem dúvida da literatura contemporânea brasileira Então fique até o final do vídeo comigo vai valer a pena como sempre e literatura éco Alencar [Música] já é inscrito aqui no canal tá acompanhando os vídeos tá aprendendo mas ainda não se inscreveu por favor então vai lá inscreva-se já sabe né Ative o Sininho faça os comentários tudo isso é
muito bom eu adoro essa interatividade com vocês falando um pouquinho de alota o nome dela na verdade é Alessandra mas ela não gosta eu sei disso porque eu fiz uma live com ela tá lá no meu perfil do Instagram @ Alencar schueroff vocês podem depois procurar se vocês não me seguem também Me sigam por gentileza lá no feed você vai encontrar uma live de uma hora em que eu conversei com a lemot sobre a vida e a obra dela ela é de São Fideles no interior do Rio de Janeiro hoje em dia mora em Niterói
com a sua família e exerce a profissão de arquiteta vejam vocês Ela é formada pela UFRJ É Uma arquiteta bem requisitada trabalha bastante pelo que ela me falou e também tem adentrado e muito bem o universo da literatura o primeiro livro ela Literário de projeção foi interrompidos de 2017 e na sequência vem velhos de 2020 sobre o próprio livro A autora diz o meu velhos é um livro de contos microcontos que são narrativas curtas eu gosto de chamar de textos curtos onde a prioridade é a concisão mas chame como quiser o que é um texto
Minha gente é o mesmo que me dá sinônimos enxuto sintético breve O Itamar viira Júnior do livro tortu arado que já está aqui no nosso canal é um dos vídeos mais acessados inclusive O Itamar viira Júnior escreveu a orelha do livro que seria essa partezinha aqui e na orelha ele comenta que não gosta da palavra microc Ele acha que é algo muito reducionista em relação a esse projeto tão intenso da alota particularmente eu acho que não eu gosto da expressão ou do termo microconto Eu gosto também de escrever microcontos tenho alguns novamente lá no meu
perfil do Instagram acho o microconto um gênero interessantíssimo é o de síntese do artista como ele consegue dizer muita coisa com poucas palavras isso sempre me agradou na arte talvez por isso eu goste mais de filmes do que de séries já aconteceu muitas vezes de eu começar a maratonar uma série e perceber que ela tá enrolando essa fala que não precisava essa passagem aqui é para ganhar um pouco de tempo para enrolar o espectador e o microconto foi se popularizando nos últimos anos em sintonia até com as redes sociais como por exemplo o Twitter as
palavras precisam ser muito bem escolhidas tudo tem que ser bastante direto e o livro da lemot também é assim não vou dizer que ela adota a mesma linguagem das redes sociais porque afinal de contas ela tem uma preocupação artística Então existe toda uma sonor idade uma preocupação com a estrutura mas em geral você não vai encontrar palavras de difícil compreensão em velhos o tempo que você vai perder digamos assim não é em tentar encontrar o significado de uma expressão de um significante o tempo que você vai ficar no texto é refletindo porque a profundidade psicológica
filosófica das narrativas da alota é algo impressionante como surgiu a ideia para esse livro pelo que diz a Lê foi a partir de um grande nome da nossa literatura chamado Marcelino Freire ele é um incentivador literário escritor também e um dia ele falou para ela que ela deveria escrever um livro sobre a velice e ela então aceitou o desafio e começou a escrever no computador dela fez lá um arquivo chamado velhos sempre que tinha um tempo ou uma inspiração ela produzia um texto e guardava lá quando ela menos percebeu já havia um livro pronto era
só fazer alguns ajustes e ele acabou saindo são no total 30 pequenas histórias algumas preenchem apenas uma página e as histórias vão se alternando entre primeira e terceira pessoa então obviamente todos os textos versam sobre velice e eu queria destacar dois comentários que eu peguei aqui para vocês da própria autora a respeito de como ela trata a questão da velice o meu livro nasceu do incômodo de ver muitos velhos ignorados ao nosso redor ativos intensos adaptados a modernidade solitários desesperançados vidas tão interessantes e valiosas então nós podemos perceber que ela vai mostrar o velho na
sociedade sendo excluído sendo silenciado porém velice não é sinônimo de doçura e gentileza A ideia é de deixar bem claro para o leitor que a vida do personagem a velha O velho está acontecendo com todas as suas pelancas rugas bengalas Manias remédios impossibilidades e possibilidades e agora vou acrescentar palavras minhas maturidades e imaturidades porque a idade não necessariamente quer dizer Sapiência maturidade muitas pessoas simplesmente não aprendem com o tempo com as suas experiências particularmente já conheci pessoas mais velhas absolutamente sem noção e pessoas mais jovens extremamente sábias de cara o primeiro conto já desconstrói esse
estereótipo de Bom Velhinho de Papai Noel se chama herança e vou dizer para vocês que quando eu li pela primeira vez fiquei muito impactado um livro de contos de poemas não é como um romance em que muitas vezes você tem uma narrativa só no livro de histórias curtas são várias narrativas Independentes autossuficientes ainda que elas tenham um tema em comum cada uma é independente em relação a outra então eu peguei o livro velhos que aqui está li alguns textos aleatórios gostei muito e um dia eu sentei em um café e resolvi começar pelo começo fui
ler herança quando terminei Eu passei uns 5 minutos mais ou menos pensando eu disse isso pra própria autora que achou bastante interessante deixa eu pegar o livro de novo aqui e deixa eu ler para vocês o comecinho desse conto ou microconto meu avô é um velho inconveniente que faz todas as perguntas que não devia fazer nos eventos familiares o narrador aqui vai falando sobre o o avô que é Inconveniente grosseiro agressivo preconceituoso o narrador em primeira pessoa vai discorrendo sobre esse velho tudo que ele faz que é muito perverso e mas pro final ele diz
que depois desse ridículo e despresível almoço de Natal aconteceu uma tragédia ele simples mente foi esfaqueado e o leitor fica surpreso ao descobrir que quem mata o avô Quem mata o velho é alguém da família um dos integrantes e lá na última frase há aquele chacoalhão que a gente recebe quando tá lendo a maldade que antes estava só no avô agora está em todos nós Essa é a herança percebam como nós temos aí uma ponta do texto conectada à outra quando se trata de um texto muito curto de um microconto toda a palavra importa mais
do que nunca na literatura há sempre uma grande preocupação dos escritores em relação ao que colocar no texto O que tirar né as palavras Elas têm que ser usadas de uma maneira muito consciente quando se trata de uma narrativa tão breve assim mais ainda o o título ele acaba jogando junto com o texto e observem que o avô em questão não tem nome muitos velhos durante o livro não tem isso quer dizer que você pode fácilmente associá-los a qualquer um não é ninguém em específico eles representam outras pessoas outros velhos falando um pouquinho sobre a
questão dos maus tratos da exclusão podemos citar também mudanças aqui o narrador é em primeira pessoa trata-se de um velho de 79 anos que perdeu tudo perdeu casa família mora na casa do genro que é o que tudo indica não gosta dele precisa dividir quarto com netos o momento que ele tem de lazer é pescar na Bahia de Guanabara o que me parece paradoxal porque para espairecer a lógica seria ele estar em um lugar de natureza exuberante límpida e ele afoga digamos as suas mágoas nas águas sujas poluídas da Bahia de Guanabara ainda nessa linha
de violência contra o velho há desculpas no caso de mudanças é algo mais psicológico agora algo físico é um velho também narrador que é negro Ele é uma pessoa muito esclarecida é um médico que mora em um condomínio que costuma correr fazer cooper e um dia correndo ele é confundido com um bandido única exclusivamente pelo fato de ele ser negro temos uma crítica social em relação ao racismo Há outras críticas embutidas nos microcontos da lemot às vezes é algo mais explícito às vezes mais ampassã em certos momentos há uma característica da autora do estilo dela
de narrar que nós não falamos aqui ainda que é o humor sarcástico irônico que faz lembrar às vezes até o humor machadiano acaba sendo aquilo que eu costumo chamar de humor Agridoce você dá um leve sorriso Mas de repente você pensa lembram daquele meme Tá certo isso é o que acontece por exemplo no texto lucros em que o velho que é obeso acaba quebrando a balança de uma farmácia e é filmado por um jovem que tava de iPhone esse jovem coloca o vídeo no YouTube acaba viralizando o nome do vídeo é velhão quebra tudo vou
ler aqui um trecho para vocês a trilha sonora é um funk a cena repete repete um vexame meus filhos e seus amigos viram meus netos e seus amigos viram meus vizinhos e seus amigos viram todo mundo que eu conheço viu Tem mais de 150.000 visualizações nas montagens do vídeo Além da balança da farmácia eu quebro a ponte Rio Niterói quebro o Palácio da Alvorada quebro Cristo Redentor e mais um monte de lugar famoso depois o senhor vai lá pagar o prejuízo da balança e novamente ele é filmado da primeira vez provavelmente ele é filmado por
acaso da segunda não você já percebe que o jovem tá perseguindo tá stalkeando como se diz para continuar viralizando na internet aí ele faz outro vídeo que é velhão paga tudo e ele paga até dívida externa no vídeo aqui o assunto são as redes sociais a tecnologia muitas vezes há um descompasso entre as pessoas mais velhas que não nasceram no mundo virtual versos as pessoas mais novas que desde que se entendem por gente já estão lidando com telas além desse poder de concisão desse humor amachado da qual a lemot se utiliza aqui no livro ela
também consegue captar alguns detalhes alguns aspectos que são muito específicos de quem é idoso das pessoas mais velhas até perguntei para lê se ela convivia com alguém se ela convivia com o pai com o avô se tinha algum idoso morando com ela ela me disse que não ela só escreveu mesmo com base em observações eu cada vez tenho mais claro para mim que todo artista é um grande observador Tá bom minha gente Leiam velhos vale muito a pena eu simplesmente adorei Valeu um abraço até a próxima