[Música] Boa tarde amor Alô boa tarde a todos temos hoje como convidada Marisa lajolo que é pesquisadora crítica literária autora de literatura juvenil e professor universitário deu aula na Unicamp E hoje é professora da Universidade Presbiteriana Mackenzie 2009 em parceria com João Luiz tia cantini organizou a obra Monteiro Lobato obra infantil Eleita pelo prêmio Jabuti o melhor livro de 2009 na categoria não ficção em 2012 seu livro Gonçalves Dias o poeta do exílio foi premiado pela Academia Brasileira de Letras ou vocês Marisa um imenso prazer voltar aqui a essa casa e voltar essa casa Eu
já estive outras vezes aqui eu queria personalizar os meus agradecimentos na figura do sequinho da Ana Maria que são meus correspondentes acidos digitais e por escrito né E também queria agradecer a proposta de discutir Literatura Infantil na Academia Brasileira de Letras eu acho que a presença da Ana e você aqui na academia são também uma forma de ampliar a seriedade a importância de um gênero que continua muito pouco valorizado socialmente então para começar eu vou ter que acreditar foi uma crença inútil não é aqui que vocês vem [Música] é que nem aula de alfabetização que
você tá com o livro e todo mundo tá lendo outro né daí você não entende nada que se discute mas está ótimo Eu batizei essa minha fala de as letras e os números na Literatura Infantil brasileira e Originalmente eu estaria aqui dividindo essa mesa com a Regina zilberman e o problema de saúde quem pediu que ela viesse me deixa muito triste primeiro porque ela tá doente segundo porque a Literatura Infantil terá mais ela os números que eram mais meus eu acabei fazendo uma mistura dos dois né eu dei esse nome as letras e os números
na Literatura Infantil brasileira e eu queria dedicar de modo geral essa minha fala e o eventual paper que seguir a ela ao Pedro Bandeira que é um autor de Literatura Infantil juvenil e ele foi escolhido como personalidade literária para este ano pela câmara brasileira do livro O que eu achei incrivelmente bom porque é mais uma forma de valorizar o gênero da Literatura Infantil geralmente a personalidade literária Eleita pela CBL é uma figura das Letras Não infantis né E o Pedro Bandeira se essa figura hoje eu acho que é o motivo de festa para todos nós
além dele como eu ser santista e nós sermos compadres Portanto vocês não precisa imaginar é verdade mesmo eu sou suspeita para falar E aí para ser fiel ao título da palestra a gente vai começar com números e a partir deles que eu vou pedir uma espécie de solidariedade de vocês anualmente essas três instituições a câmera brasileira do livro A Nilson em book data e os Nelson sindicato nacional dos eleitores de livros fazem uma pesquisa vocês têm aí embaixo o link que dá acesso a ela e essa pesquisa é que vai me permitir falar dos números
da Literatura Infantil brasileira e falar dos números da Literatura Infantil Brasileira é uma coisa extremamente prazerosa E otimista porque o que se vende mais o que se produz mais é Bíblia em segundo lugar eu tenho os livros didáticos em terceiro lugar eu tenho a Literatura Infantil juvenil de jovens adultos e depois dela a produção da literatura desativada a gente tem aqui alguns números né então didáticos 212 milhões em 2020 e 2022 perdão em 2021 e 184 milhões em 2022 a gente vai perceber que há uma diminuição do ano passado do ano retrasado para o ano
passado tanto na produção de exemplares quanto na produção de títulos quanto na produção de livros de certa forma isso deve nos preocupar sobretudo aqueles de nós que somos profissionais do livro e produzimos livros né então a ideia não mas não compra os meus livros porque é verdade compram-se poucos livros no Brasil e a julgar pelos pelos números compram-se cada vez menos livros né vejam que os didáticos de 212 milhões passaram para 184 milhões Os Religiosos de 60 milhões passaram para 53 milhões passou para 20 milhões Literatura Infantil de 24 passou para 15 a literatura juvenil
de 24 passou para 14 a infantil era de 26 né a juvenil de 24 passou para 14 e a literatura de jovens adultos de 3 milhões 360 aumentou para 3 milhões 470 eu acho que dentro do tema da Literatura Infantil a gente precisaria pensar um pouco o que que é mesmo essa literatura de jovens adultos mas o exame eu conversamos sobre Quais são os critérios para os quais um livro pelos quais um livro passa a ser considerado livro para jovens adultos e não um livro juvenil e não ainda é um livro adulto pelo que eu
consegui entender de conversa com editores são livros que tem digamos uma liberdade maior para falar de sexualidade são livros que tem uma liberdade maior para falar de violência então seu livros por hipótese esses livros não seriam adotados pela escola portanto eles não estariam sujeitos ao crivo de ser uma leitura imprópria para adolescentes ou alguma coisa por aí E como Hoje nós estamos vivendo uma infestação de ideias do que o jovem não deve ler não pode ler o que a criança não pode ler não deve ler é muito interessante essa esse estratagema digamos assim editorial para
tirar da mira da censura um determinado tipo de livro né e histórias em quadrinhos que também num certo sentido faz parte da família dessa desses livros que não são Originalmente destinados a maiores de 30 anos digamos quando você até quantos anos vai adolescência hoje mas tem muita gente de 30 anos que volta para casa que fica em casa que não sai de casa né eu tenho de um milhão passou só para 951 mil bom vejam que isso tudo Eu tô trabalhando com o universo de 390 milhões de exemplares produzidos em 2021 para 323 milhões produzidos
em 2022 quando devia ser 2021 né mas eu fiz bastante contas para mexer com esses números e aqui é que eu peço um pouco a solidariedade de vocês porque pouca gente se interessa por isso eu não consigo entender porque que a câmera brasileira do livro sindicato Nacional de eleitores e Livres anualmente produz esses dados e pouquíssima a gente trabalha com eles né e vejam que seguindo as orientações da minha professora de matemática eu fiz uma soma Literatura Infantil 26 milhões literatura juvenil 24 milhões literatura de jovens adultos 3 milhões literatura adulta 22 milhões vejam que
ela sozinha já é menor tanto que é infantil quanto a Juvenil em 22 a situação é mais ou menos a mesma Eu tenho 22 milhões de Literatura Infantil 20 milhões de juvenil 3 milhões de jovens adultos e de literatura adulta Eu tenho 20 milhões mas vejam que fazendo jus a minha professora de matemática a professora Maria Helena Lambert do colégio Canadá de Santos então infantil juvenil mais jovem adulto dá 53 milhões de exemplares vejam que isso é absolutamente significativo em relação aos 22 milhões da literatura adulta do mesmo ano em 22 a pesquisa de 20
relativa a pesquisa feita esse ano ainda não foi divulgada né somando infantil juvenil e jovem adultos Eu tenho 46 milhões vejam que é uma diminuição significativa em relação a 21 mas ainda assim continua a dar de 10 a 0 na produção da literatura adulta literatura adulta Eu tenho 20 milhões de exemplares ou seja se alguém aqui tá pensando ah eu quero escrever que que eu devo escrever infantil juvenil jovens adultos que é o que tem público que é o que as editoras procuram que é o que as livrarias aceitam para venda então aqui é que
aquele meu apelo né Eu acho que eu tô na casa de Machado de Assis eu tô na casa dos escritores brasileiros eu acho que tem um trabalho é cansativo é chato mas ao mesmo tempo pode ser divertido a gente estudar detalhadamente discutir com a câmara brasileira do livro Quais são os critérios que ela adota para a classificação dos livros que ela quantifica com tanto cuidado eu penso que sobretudo a literatura jovem adulta jovem adulto e a literatura adulta ela merece uma discussão mais intelectualizada que valendo sbm do livro nas suas páginas iniciais Ok temos um
compromisso Vamos todos a partir de hoje Entrar no site da câmara Brasileira de livro eles têm lá disponível todos os resultados de pesquisa de muitos anos e a gente pode se beneficiar disso bom aí é o primeira coisa que eu acho que a gente precisava discutir com a câmera brasileira do livro Eu tentei levar essa conversa antes de vir para cá mas tinha Bienal de vocês do Rio que trouxe a CBL para o Rio tinha os feriados de 7 de Setembro que levou o mundo para beira da praia então eu não conseguia reunião que eu
precisava para saber porque que no cálculo dos exemplares porque aqui no cálculo dos títulos a câmera não tem uma uma classificação mais detalhada como ela tem dos exemplares eu só tenho dados gerais dos títulos eu sequer sei desses 48 mil títulos de 2021 Quantos são de Literatura Infantil Quantos são de literatura adulta Quanto são vejam que isso eu isso é fundamental para eu ter uma ideia de qual é o peso que a literatura tem na produção livre-seca brasileira eu preciso cruzar um pouco isso com a produção do livro didático porque talvez grande parte da Literatura
Infantil e da literatura juvenil ela seja consumida por escolas a um dos dados que a câmara levanta que essa pesquisa levanta é os sistemas de ensino quantos quantas são as compras do sistemas de ensino e os sistemas de ensino são algo extremamente importante e problemático hoje porque você tem coletivos de escolas com coletivos de professores que não necessariamente são consultados e tantos professores quanto os alunos eles são reunidos sobre uma age comum eles são todos do sistema objetivo eles são todos do sistema eles são todos do sistema Y não importa se moram no Tucuruvi se
moram no Ipiranga você moram em Vila Tabapuã de São Paulo o sistema é o mesmo para todos né então isso é uma coisa muito importante e uma outra questão que me interessa é que relativamente aos títulos Eu tenho um outro dado que a câmera favorece que é vocês veem que 2148 mil títulos 22 46 mil títulos houve um decréscimo assim como houve um decréscimo de exemplares houve um decréscimo de títulos desses títulos aí O resultado é igual para 21 e para 22 76% são Rei impressões e 24 por cento são títulos novos isso é um
pouco desanimador né quer dizer vejam que nós estamos lendo nós estamos produzindo poucos novos livros isso tem a ver de certa maneira com uma das tendências Daqui a pouco eu chego lá é uma das tendências da Literatura Infantil na minha perspectiva mais contemporânea que a questão da adaptação né embora uma adaptação não constitua uma repressão uma repressão é uma coisa diz respeito à materialidade do livro mas a adaptação a recriação a readaptação é você tomar a mesma história e recontá-la através de outras maneiras Mas eu continuo até algo básico igual ao que era original Ok
bom eu continuo disponibilizando aí o site onde vocês encontram todos esses dados E aí é uma questão interessante porque se a gente presta bastante atenção nesses lados a gente vai ver não sou eu que ponha sem 48.000 é 48 mil e um quebrado 76% e um quebrado é 24% tem um quebrado como eu fui uma má aluna de matemática eu Dispensei depois da vírgula mas vale a pena a gente pensar o que é que isso significa e conversar com a câmera porque eu perguntei para você já que eu não consegui ter um contato preparando essa
minha conversa aqui de hoje com vocês mas eu já tive outros contatos com a câmera eu fui coordenadora do prêmio Jabuti Durante algum tempo eu trabalhava muito na câmera e a impressão que eu tenho é que a câmera também não sabe bem o que fazer com esses dados que ela levanta né Eu acho que ela precisa ser xuxada por profissionais do livro e dos profissionais do livro vocês são aqueles em quem eu mais confio tudo isso tudo orando isso aqui que aparece ali aparece para vocês que coisa fantástica bom aqui a gente tem alguns dados
que não são mais da câmara brasileira do livro mas são dados do IBGE esses números todos eles têm que ser interpretados à luz das pessoas que por hipótese leriam esses exemplares e esses títulos isto é uma coisa que a CBL não faz e é uma coisa que eu tô convencendo dois orientando a trabalhar nisso não tô tendo muito sucesso mas acredito que até o fim deste ano eles decidem então vejam eu tentei misturar um pouco a população brasileira com as tiragens de livros o Brasil de 2022 tem mais ou menos 203 milhões de habitantes esse
mais ou menos é por minha conta porque isso é uma contagem não sei se mensal ou semanal ou quinzenal mas tem sempre alguma coisa depois da vírgula que não é igual a quantia que estava da vez que você consultou anteriormente o IBGE então o Brasil de 2022 tem mais ou menos 203 milhões de habitantes mais ou menos desta população tem até nove anos e portanto podemos supor que não são leitores Claro que tem as escolas em que as crianças leem a partir dos 6 anos que tem livro que tem biblioteca Mas como eu tô explicando
para vocês Isso é uma primeira tentativa de juntar números e esse não é absolutamente o meu ramo mas julgando os resultados das avaliações educacionais nem toda é muito pouca percentagem de crianças de 9 anos que é leitor capaz de ler um livro Por mais infantil que este livro seja então eu tô trabalhando com esse dado mais ou menos 10% dessa população tem até nove anos e portanto podemos supor que não são leitores esse ponto de interrogação é isso que eu acabei de dizer é possível e é necessário que a gente tem de outras interpretações para
isso portanto temos mais ou menos 183 milhões de brasileiros capazes de ler é um bocado de gente 183 milhões de brasileiros capazes de ler aqui a gente volta ao número de exemplares produzidos em 22 Eu tenho 20 milhões mas eu tenho 180 milhões de brasileiros capazes de ler então faltam 160 milhões de eleitores Neste País bom como em 22 a CBL registra tiragem de 323 milhões de exemplares podemos concluir que temos um pouco mais de dois exemplares por cidadão dos mais ou menos 183 milhões capazes de ler mais ou menos 40 milhões tem entre 5
e 19 anos que são por hipótese aquela população para qual livros infantis juvenis e de jovens adultos se voltam é claro que provavelmente vocês todos que são autores vocês sabem a tiragem dos livros de vocês vocês sabem a tiragem do livro de vocês ao longo do tempo é claro que isso não é algo para ser divulgado para ser Tornado público mas talvez seja uma forma importante de averiguar a variedade a seriedade a validade dos dados que estas pesquisas levantam posto isso eu chego agora o fim da minha parte dos números quero que eu tinha ficado
meu cargo e a regime entraria na parte da Literatura Infantil mais propriamente dita e aqui eu vou então fazer um pouco que eu e ela conversamos que seria feito Então vamos supor que a gente está falando do nosso século vamos esquecer um pouco o que veio antes eu não vou esquecer totalmente e pessoas da minha idade sempre se lembram do passado e sempre tendem achar que o passado tinha que era bom não é bem assim mas não dá para a gente pensar no século nesse século sem pensar um pouco que vinha antes mas o que
a gente percebe é uma pluralidade de textos e de gêneros textuais então pensando agora na produção do Século 21 da literatura infanto-juvenil e Incluindo aí a literatura de jovens adultos eu tenho uma pluralidade muito grande de textos vejam que a gente viu que havia muita reinpressão e menos e menos redições de textos menos impressões de uma primeira edição né mas assim mesmo se eu considero essas impressões eu acho que vão surgindo novas formas de texto é claro que se eu dissesse Isso numa classe para os meus alunos eles iam lembrar não próprio mas tinha aquela
história em quadrinhos de 1847 que era lida na escola Sim meu querido tinha essa história em quadrinho mas eu estou falando no global eu tô falando que história em quadrinhos hoje é uma categoria premiada ela não é mais uma categoria criminalizada como distinguindo como afastando o jovem da leitura a biblioteca infantil Monteiro Lobato em São Paulo é famosa Porque durante um certo tempo ela obrigava os consulentes as crianças que iam na biblioteca assinarem um compromisso de que eles nunca leriam uma história em quadrinhos e os coitados assinavam e claro que liam histórias em quadrinho mas
essa pluralidade de gêneros é algo que é muito positivo porque a gente tem agora agora é possível os alunos encontrarem coisas que interessem a eles e muitas vezes essas coisas que interessam a eles são coisas que não interessam os professores que não interessam à escola O que é um problema mas é um problema que reside na péssima formação que os professores têm Neste País os professores que chegam professores que vem dos cursos de letras raramente eles têm cursos de Literatura Infantil e muitas vezes o curso de Literatura Infantil é esse último item aqui desse essa
Tríade Literatura Infantil na área da Educação desqualifica o caráter literário da obra então Digamos que a presença dos a presença da Literatura Infantil como disciplina da formação de professores torna a Literatura Infantil uma espécie de refém da escola então a Literatura Infantil para ensinar o aluno a ser tolerante a não ter preconceito a ser respeitar os mais velhos o que tudo isso é verdade mas não como programa escolar Então essa pluralidade de textos e de gêneros textuais é algo que na minha perspectiva é um ponto positivo da literatura contemporânea infantil e juvenil brasileira mas ao
mesmo tempo é uma coisa curiosa que a Literatura Infantil e juvenil ele é muito efêmera eu gostaria que de um dia estudar com autores que estão a mais tempo trilhando os caminhos da Literatura Infantil juvenil o desaparecimento de certos textos e aqui eu vejo que por exemplo eu queria cumprimentar a Beto Serra que tá aqui da fundação que é um dos poucas instituições responsáveis pela existência e manutenção de uma Literatura Infantil e juvenil E aí eu peguei como exemplo Justino retirante da Dona Odete de Barros morte foi um livro que fez sucesso foi um livro
original foi um livro pela primeira vez pela primeira vez digamos com forte aparato comercial e editorial implantou a literatura infanto-juvenil de caráter político e social né já o título é isso Justino retirante pergunta para uma classe de Literatura Infantil se eles ouviram falar desse livro todos ouviram falar de Memórias Póstumas de Brás Cubas mas Justino retirante ninguém perdão acadêmicos eu sei que eu estou na casa de Machado de Assis e talvez seja uma completa ousadia fazer um paralelo entre Machado de Assis e dona Odete de Barros morte mas é assim mesmo quer dizer o que
os alunos leem se lembram é quando Lira é o Justino retirante eu tive uma experiência chocante outro dia num curso de literatura por um quarto semestre de letras quarto semestre né mais dois eles já vão dar aula a minha disciplina se chama a história do livro da leitura e da edição eu tava trabalhando com eles com as capas com capas e prefácios essas coisas todas Aí eu perguntei quem leu Dom Casmurro porque o meu slide ia ser uma série de capas de Dom Casmurro silêncio na classe que ele silêncio incômodo daqui a pouco uma aluna
Cutucou a vizinha e disse assim não é aquele livro de capa azul que a gente leu no semestre passado ou seja Dom Casmurro na cabeça de um estudante de letras do quarto semestre era aquele livro de capa azul que a gente leu no semestre passado e talvez seja assim mesmo eu não aprofundei mais a questão mas ela tá na minha cabeça para pensar um pouco qual é qual é a familiaridade que os futuros professores de Literatura e de português tem como as chamadas obras clássicas da literatura brasileira E aí uma segunda ousadia é pensar mesmo
que são mesmas obras clássicas etimologicamente elas são as obras que eram circulavam nas classes Mas hoje ela circulam e viram anônimas no semestre seguinte então Talvez não haja essa permanência que nós atribuímos aos clássicos bom mas eu acho que a falta das instituições que mantém um livro pelo menos uma certa memória da literatura infanto-juvenil brasileira é algo que viva a fundação que faz isso não é mais faltam ainda mais instituições voltadas para este gênero literário aí eu acho que essa presença da literatura infanto-juvenil como disciplina do curso de pedagogia é algo que merece a nossa
reflexão e que merece também a nossa militância política onde a gente dá aula ou seja chegar para o coordenador do curso de pedagogia eu posso dar laboratório de Literatura Infantil no próximo semestre vai ter disciplina durante um certo tempo eles vão se entusiasmas porque isso vai pedir que eles tenham um professor a mais para dar todas as metodologias que eles adoram dar aqueles dão e que as pessoas não aprendem absolutamente nada o que fazer na frente de 40 alunos numa sala da Periferia Mas é isso do que os cursos É nesse tipo de disciplina que
na minha na minha experiência os cursos de Educação de pedagogia se dedicam mais bom E aqui eu para um pouco não parecia que eu tô falando só o que sai da minha cabeça eu peguei um texto que é que fala da política curricular dos cursos de pedagogia política curricular dos cursos de pedagogia no que tange a formação de professores e a sua preparação para o ensino de Literatura Infantil levando em consideração a trajetória de leitura desses estudantes e o impacto dessa e o impacto dessa formação na atuação junto às crianças falta uma crase aí nessas
crianças mas vejam que não há nas se vocês pegarem a bncc vocês pegarem a legislação relativa ao ensino de letras a legislação relativa a presença de literatura no ensino médio no ensino fundamental 2 é muito parca a importância que é da literatura exceto no que essa literatura serve para aquilo que se chama de formação de valores éticos dos alunos que se confunde um pouco com valores escolares com valores que cumpre a escola com a escola família e isso mais ou menos é o que a gente vê aqui a base Nacional comum curricular considera a leitura
para além do texto escrito incluindo imagens estáticas foto pintura desenho ilustração infográfica etc ou em movimento filmes vídeos etc e som áudios e música que circulam em meios impressos ou digitais a lei 11.645 de 10 de Março de 2008 torna obrigatório o estudo da História e cultura indígena e afro-brasileira nos estabelecimentos de Ensino Fundamental e aqui é algo que é talvez essa parte de através desse tópico da Literatura Infantil é propriamente com esse tópico da literatura infanto-juvenil que eu tenho a ele que eu tenho me dedicado mais seria por exemplo muito interessante a gente ter
alguma ideia de qual é a percentagem de livros infantis juvenis de temática indígena e de temática afro-brasileira e como é que esses livros se fazem presentes na sala de aula vejam de novo aqui nós temos os dados os exemplares de Literatura Infantil mais literatura juvenil mais literatura de jovens adultos São 46 milhões de quantos desses exemplares são dos autores indígenas por exemplo existe uma autora indígena chamada graça Graúna é uma poetisa e quantos livros dela rolam por aí não é a mesma coisa dos autores dos autores afro-brasileiros então eu tenho no escute que é o
escritor responsável pelos contos contos negros que é uma publicação do grupo de Literatura afro-brasileira e que são autores muito pouco conhecidos né Então isto é algo que a gente precisava entrar nas pesquisas para pensar um pouco mais para dar um pouco mais de substância do que a gente considera literário esses números que a câmera nos fornece todos os anos E aí eu vou pensar um pouco agora em algumas Produções desses gêneros e que são penso eu são extremamente importante eu queria que retomar um livro de 2000 é um livro do Joel Rufino dos Santos chamado
quando eu voltei para quando eu voltei tive uma surpresa esse livro tá completamente desaparecido por favor donos de editoras O Joel é falecido a mulher dele mora aqui no Rio de Janeiro ou é o Rufino dos Santos esse livro merecia uma Redenção é um Primor de livro Joel Rufino dos Santos era um militante político que foi preso durante a ditadura de 68 e esse livro reconstitui as cartas que ele escrevia para o filho Nelson e algumas respostas do filho para ele vejam que atualmente a escola precisa ensinar gêneros para os coitados dos alunos e um
dos gêneros que tem que pistolar eu tenho uma meta de 14 anos eu tenho Desgosto de ver que ela de vez em quando tem que escrever uma carta para uma prima comentando as férias que passaram não sei aonde isso não é uma carta que existe hoje na vida de nenhum aluno de nenhuma pessoa eles falam por WhatsApp dizem o que querem sem ter que pô querida prima veja que estamos não existe isso esse livro seria uma excelente exemplo de cartas efetivas e foram mesmo mandadas são cartas que tem 20 anos de idade mas são cartas
que tem uma atualidade muito grande sobretudo as respostas do filho do Joel chamado Nelson são bastante interessantes seria possível eu acho que se a gente pensasse no resgate desse livro A gente pensar na Ida por exemplo do menino do filho do joelder hoje deve ser um adulto de 40 50 anos ele conversar com as crianças sobre o que representou aquilo na vida dele né mas é só uma hipótese eu queria fazer essa homenagem ao Joel Rufino dos Santos que morreu aqui no Rio de Janeiro quando ele foi tentar passar uma briga em que um negro
tava sendo agredido e ele tinha saído do hospital e morreu de bobagem né ele era um grande intelectual um Historiador um escritor de primeira e a obra do Joel que é editada pela Rocco ela é uma obra que tem vários títulos sobre a temática afro-brasileira histórias inclusive voltadas para a cultura africana representada pelos candomblés pelas religiões africanas esse livro de novo voltando da Fundação Nacional do livro juvenil Esse livro foi considerado altamente recomendável pela Fundação né O que significa que ele teve uma apreciação naquela época Mas assim mesmo ele desapareceu né eu tô vendo aqui
que tem bastante jovem aqui na plateia eu gostaria de saber se vocês conhecem esse livro Ok Então vale a pena conhecer olha até para achar na Internet esse livro é complicado não se encontra muito mas enfim pesquisa em que vocês acabam encontrando outro livro que eu queria trazer como exemplo da temática afro-brasileira é o livro chamado da minha janela Esta é a capa do livro o livro ganhou o prêmio Jabuti em 2020 não é quando eu coordenava jabuti portanto eu não tô fazendo elogio em boca própria Eu já tinha saído da coordenação do prêmio e
um livro extremamente interessante porque é desses livros que que tem menos texto e mais imagem é o livro que vai apresentar o que o que esse menino via da janela da casa dele numa favela no morro carioca e o livro mostra o que ele via de bonito o que ele via de brincadeira ou que ele via de dança e o que ele via de violência o que ele via de tiros e a curioso que quando o livro vai falar dessa violência ele fecha a janela é como se o menino quer dizer como não o menino
não quer ver aquilo ele diz isso e ao final dessa história meio que o livro se o livro é efetivamente literário mas o livro se apropria de certas tendências da literatura na escola o livro termina com algumas perguntas ao leitor do livro O que você faria o que você acha e portanto é uma espécie de inclusão na Literatura Infantil de um paratexto né de uma coisa que é uma espécie de diálogo com leitor meio que direcionando a leitura que esse leitor poderia fazer do livro Ok bom isso com isso Eu me desempenho Professor asilo bem
mas espero que esteja assistindo lá de Porto Alegre Aliás ela contou hoje que o aeroporto de Porto Alegre que mesmo que ela não tivesse doente ela não poderia estar aqui porque o aeroporto tá fechado por causa da chuvas do Rio Grande do Sul eu espero que ela esteja assistindo aqui não fique muito indignada tá dizendo alguma bobagem para ela mas enfim a gente chega agora a literatura de tradição indígena e aqui tem um livro do Daniel munduruku que foi dos Pioneiros da Literatura Infantil de temática indígena é um livro de 2018 que se chama o
Caraíba uma história do Pré Brasil O livro é fascinante porque é um livro que conta a vida de jovens índios Então tinha um índio que tinha um problema na perna eu tô muito sensibilizada eu tô comendo bem galinha aqui problema na perna é sempre complicado e esse moço ele tinha ele era o mensageiro da tribo então ele ia para as outras tribos para dar o recado e não queriam que ele fizesse isso porque ele tinha um problema de perna mas ele bateu o pé e virou mesmo mensageiro conheceu a moça com quem se apaixona Porque
se apaixonou etc e tal mas o bonito desse livro é que o livro termina quando olhando para o horizonte ele vê os navios chegando e quem são esses navios são os navios portugueses é que ele confunde num primeiro momento com aves gigantescas de asas brancas né somos navios a vela chegando de Portugal Então essa história do Pré Brasil o título ele é muito feliz porque a história do Brasil antes do Brasil ser Brasil né o Brasil era sabe sei lá o que o Brasil era um conjunto de culturas de diferentes povos originários daqui e o
livro tem um bom senso de parar quando chegam chegam os brancos quando chegam aos portugueses outro livro é um livro extremamente recente é um livro chamado Maíra Maíra e a floresta viva é um livro do ano passado e eu gosto desse livro porque ele é um livro que conta a seguinte história eu vou dar um spoiler mas como todos aqueles são profissionais não se incomodam com isso né é uma índia que mora na floresta e tem uma menina branca que vai passear como pai na floresta Essa menina é mordida por uma cobra venenosa e a
menina índia que mostra o que que ela precisava fazer naquele momento para não morrer infeccionada mas ao mesmo tempo a menina branca que foi mordida pela cobra mostra para índia várias coisas importantes tecnológicas e ainda se interessa muito eu gosto muito desse livro porque esse livro tenta fazer uma ponte Não é que a tecnologia não presta não é que os brancos são péssimos todos os índios maravilhosos e vamos todos curar o câncer com poção de ervas o livro levanta os pontos diferentes de duas civilizações que são respeitadas pelos respectivos membros da outra a menina indígena
fica amiga da menina branca e a menina branca fica amiga da medida indígena e é uma amizade que se traduz em troca de experiências culturais eu penso que é um livro que tá inaugurando uma nova uma nova forma de se trabalhar com uma questão da literatura indígena brasileira depois Finalmente uma outra tendência vou voltar um pouquinho aqui né a pluralidade de textos e de gêneros textuais o desaparecimento de textos antigos falta de instituições que os mantenham vivos isso é mais ou menos verdade porque textos É verdade e o desaparecimento de textos antigos talvez esses textos
antigos desapareçam porque eles renascem de outra forma então o último exemplo com que eu vou trabalhar aqui é a adaptação para jovens e para crianças um deles é o livro que ganhou jabuti o ano passado Alguém leu esse livro romieta e Julião para quem tem ouvido bem calibrado sabe que isso aqui é alguma coisa que tem a ver com o Romeu e Julieta né é um livro curiosíssimo é um livro totalmente pós-moderno é um livro em que o Romeu e a Julieta se falam por WhatsApp é um livro em que os empregados dos Capuletos dos
vão ter que em carteira de trabalho assinada é um livro que eu até hoje não sei se eu me horrorizo com ele se eu me deslombro com ele então tão diferente é o que esse livro apresenta da história do Romeu e Julieta mas eu acho que é um livro que a gente precisa conhecer porque talvez seja essa uma das tendências da Literatura Infantil juvenil das mais variadas formas Não é a primeira adaptação do Romeu e Julieta várias outras Mas esta inclui nessa adaptação questões de tecnologia que eu conheço anteriores não incluíam a forma vocês estão
vendo a capa do livro o interior do livro é mais ou menos como essa capa é cheio de cores diferentes de letras grandes letras pequenas margens desenhadas é um livro cuja materialidade é absolutamente contemporânea né é um livro que tem um narrador que explica Quem era Romeu Quem era Julieta enfim eu sugiro que vocês se não quiserem comprar o livro entre numa livraria peça para dar uma olhada no livro sentem folheia o que vocês terão uma boa ideia de para onde está indo esse tipo de Literatura Infantil e o outro livro é um livro contemporâneo
que tá acabando de ser lançado pelo toureiro é um livro que se chama os penteados de Rapunzel Rapunzel todo mundo sabe quem é aquela menina que é trancada na torre e que tinha longos cabelos que trançava os cabelos e que lançava as tranças pela janela que tirou o príncipe são felizes para o resto da vida os penteados de Rapunzel é um livro muito curioso porque é um livro que lembra muito história em quadrinhos eu tô sendo eu tô errando não é que ele lembra muito história em quadrinhos mas é que ele ele tem episódios que
são apresentados em quadros nas páginas quadro um quadro dois quadro três e a mesma história é a Rapunzel que vê a história do casal que se amava a mulher tava grávida ficou com vontade de comer rabanetes imagine rabanetes E aí o marido vai roubar rabanetes da casa do vizinho a casa do vizinho era casa de uma bruxa a bruxa cortar o cabelo a cabeça do marido e só não corta a cabeça do marido se eles descem para bruxa a filha quer nascer eles deram Essa menina é a Rapunzel a bruxa trancou na torre o resto
a gente se lembra bem no caso da do original do Green né esse começo do século XIX é o príncipe é quando a Rapunzel conhece o príncipe é trágica história porque ele tem os olhos furados ela choras lágrimas dela acabam Restaurando a visão dele mas essa adaptação do toureiro a Rapunzel salva-se graças as coisas que ela faz com o cabelo dela ela não tem dinheiro essa história não tem heróis então por exemplo ela tem ela cada quadro da história o cabelo da Rapunzel é de um jeito então tem uma hora que ela tem cabelos que
são cabelos de palha aí os passarinhos todos se Encantam com os cabelos da Rapunzel e com isso eles vêm e tira uma Rapunzel da Torre e ela se salva no outro quadro que é meio Digamos que o antígeno desenvolve muita caspa na cabeça quando Ela coça a cabeça aquela caspa vai fumando um monte embaixo da Torre E com isso ela pula na janela e é pela caspa aquela foge da Torre o livro são 12 situações nas quais diferentes usos da cabeça e do cabelo tornam a Rapunzel uma mulher livre e eu acho que é uma
mudança bastante significativa na história original e o livro é uma festa para os olhos é um livro muito bonito né o Roberto toureiro e o Marcos aurélios eles têm eles têm vários livros eles são muito assíduos na produção da Literatura Infantil e tem sempre um toque irônico no que eles recontam das histórias que eles recortam eu acho que se a gente pegar o rometo e o julieu e o penteado de Rapunzel a gente talvez tenha clareza de duas tendências que a Literatura Infantil mais contemporânea parece seguir bom essa era minha parte da fala corrigir Obrigado
Marisa lajolo por sua fala eu queria aqui anunciar o próximo encontro vai ser no dia 19 que se chama o indígena e a literatura do outro ao nosso será proferida por Lívia Penedo Jacob e no dia 26 Encerrando o nosso ciclo teremos os feminismos de hoje proferido pela acadêmica Luiza Teixeira antiga Heloísa Buarque de Holanda também convido a todos para palestra literatura de cordel em Portugal e no Brasil que será proferido no dia 14 de setembro às 5:30 da tarde aqui na sala José de Alencar fácil correspondente Arnaldo Saraiva Boa tarde obrigado a todos