Meus queridos irmãos, muito bom dia, meus queridos irmãos. Muito bom dia. Bom dia. Como é que eu vou renunciar a um couro desse? É com muita emoção e alegria que vivenciamos nesta nona conferência a data magna dos espíritas a ser evocada no próximo 18 de abril, que é a do Sesc Centenário do Espiritismo, codificado em Paris por Allan Kardec. Essa doutrina dos espíritos ou espiritismo, como quisermos, ao longo da sua trajetória vem nos possibilitando reflexões bastante profundas em torno de nossas vidas. vem nos facultando refletir sobre essas dimensões fatais da vida humana, a vida e
a morte. Não há como fugirmos da vida. E quando encarnados, não há como evitar a morte. Exatamente. Uma e outra coisa, representando cara e coroa, verso e anverso, se quisermos, de uma mesma fenomenologia, a fenomenologia da vida. Lamentavelmente, no curso dos séculos, nós fomos aprendendo a ver a morte como uma tragédia insuperável. E essa visão da morte física como uma tragédia insuperável, ela decorre exatamente de uma cultura que as religiões nos impuseram nos vários quadrantes do mundo e particularmente no ocidente, para que nós víssemos na morte. o fim para que nós enxergássemos na morte o
nec plus ultra, o nada mais além. A morte acabaria com tudo. E as religiões, principalmente adivindas do cristianismo institucionalizado, trataram de ir colocando panos negros, panos roxos, panos escuros para representar a morte e todas as cerimônias fúnebres com caráter de despedida. total. Os nossos mortos estariam mortos, definitivamente mortos. E diante dessa tragédia, não havia como não nos desesperarmos ao constatar que essa despedida era para todo sempre, os pais aos quais amáramos, uma vez silenciado o coração, estagnada a frequência do cérebro, estariam desaparecidos para sempre. A mesma coisa com nossos irmãos, com os nossos filhos, com
os nossos amigos. A morte, a grande ceifadora, definitiva destruidora. E quando passamos a falar na morte, nos corria um fio gelado pela coluna dorsal. Os olhos se nos marejavam e passamos a ter horror, a enunciar sequer esse nome. Com isto, a chegada do Espiritismo no mundo fez-nos perceber que o fenômeno da morte é um fenômeno tão natural quanto acordar e dormir, quanto sentarse e levantar, quanto dia e noite no cômputo da vida. A doutrina espírita nos fez ver que não há morte de fato em caráter absoluto, mas a morte em caráter relativo. E se há
morte em caráter relativo, é porque ninguém morre em caráter absoluto. Vamos examinar algumas propostas da codificação espírita em torno da morte. E dentro desse exame iremos fazendo algumas pontuações que nos façam que nos permitam valorizar a vida sem perder de nossa visão essa fatalidade da qual nenhum de nós escapará. a da desencarnação. É claro que há pessoas que não desencarnarão, há umas que desoçarão, há outras que desembanharão, mas todas sairemos do corpo em que estamos para assumir um corpo espiritual. Já escreveu Paulo de Tarso, o grande apóstolo de Jesus. que nós vivemos no mundo num
corpo corruptível e vamos entrar na vida com um corpo incorruptível. É óbvio que a partir dessas falas de Paulo e depois das propostas da doutrina espírita, nós temos tudo para ter uma nova visão da vida e da morte. Vamos nos valer de algumas projeções apenas para que os senhores tenham contato com esses textos e vamos trabalhando em torno deles. O primeiro texto, por favor, nós temos Allan Kardec perguntando em o livro dos espíritos: "Qual a causa da morte nos seres orgânicos?" Pergunta simples. E a resposta é de uma simplicidade meridiana. O esgotamento dos órgãos. Tem
nada de fúnebre, não tem nada de arrasador. Na medida em que os órgãos se desgastam, na medida em que os órgãos físicos se esgotam, nós morremos. Mas meu Deus, quando é que os nossos órgãos começam a se esgotar? Quando é que nós começamos a morrer? Não há como fugir desse esgotamento gradativo, porque nós começamos a morrer biologicamente quando nascemos. Sim, quando nascemos. A partir do momento que assumimos a própria respiração, a partir do momento em que se enchem nossos foles pulmonares e a criança chora e nós chegamos à luz, o mundo diz assim: "Nasceu meu
filho". E o mundo dos espíritos diz: "Está começando a viagem de volta para cá outra vez. Porque começamos a queimar as células. Se eu tenho que respirar, se eu tenho que me alimentar para repor, é sinal que as minhas células estão consumindo energia. É sinal que meu corpo orgânico, como um carro que 0 km, eu liguei a chave e ele começou a caminhar, a se mover consumindo combustível até chegar ao ponto em que esse veículo, esse carro orgânico se tornou tão alquebrado, tão velho, tão desgastado, que por melhor que seja O combustível que eu ponha,
ele já não reage convenientemente. Por melhor que seja a estrada, ele já não tem a mesma desenvoltura. Assim o nosso corpo físico. Temos tido ensejo de enfocar esse quadro dizendo que quando nós somos criancinhas, e quem tem criancinhas hoje sabe disso, elas parecem estar ligadas a uma bateria que nada consegue desligar. No momento em que as crianças acordam, é uma maratona para os pais, para as babás, porque elas têm uma pilha alcalina e elas não param nunca. Elas saem de um brinquedo para outro, elas saltam daqui para ali, elas pulam dali para colar. Elas têm,
elas têm a mãe com 1 m de língua para fora, as babás desesperadas, os pais fingem que não vem ler em jornal e elas enlouquecem. Crianças, algumas pessoas dizem jocosamente, onde é que a gente desliga? Não desliga. Aí essa criança vai se desenvolvendo assim. Nesse pique e chega a adolescência, parece que esses fluidos, essas energias estão dinamizadas ainda mais. O jovem solta o foguete e corre atrás da flecha. Não tem cansaço. Eles viram noite, dançam, cantam, brincam de manhã, retomam a vida e vão pro futebol e vão pra praia e vão pra piscina e vão
para aqui, vão para ali. O futebol, primeira partida se arrebentam. Segunda [Música] partida, no dia seguinte, a mesma coisa. 90 minutos e brigam e se indispõem os times uns com os outros, todos jovens. Uma maravilha. Aí o tempo vai passando, nós vamos fazendo 25 anos, 30 anos. Bem, quer dizer, eu gosto muito de futebol, mas eu deixo a partida toda pros mais jovens. A gente só joga metade. 40 anos. Aquelas escadas que eu subia de dois em dois degraus, eu já subo de um em um e a respiração já não é a mesma. 50 anos.
Que futebol. Só pela televisão, ó. Pela televisão a gente é juiz. A gente é técnico, a gente resolve tudo, mas não vai mais lá. A gente fica só no entorno, não tem mais energia subir escadas, se houver elevador, jamais. Então, nós vamos percebendo, por mais que não queiramos, que já vai aparecendo no nosso rosto as marcas de algumas aves que vão passando por ele. Alguns dizem que são pés de galinha, mas como galinha não voa tão alto, podem ser pés de outras aves, mas vão a os nossos tecidos se desidratando e aparece uma coisa horrorosa
que nós chamamos de rugas. Não adianta Avon Cristian Grey, não adianta só Pitangui. Mas aí Pitangui não consegue resolver o buso. Tem que lixar, tem que ferir e o pescoço. A gente tá com aquela cara lisa de porcelana e aquele papo de peru. Há sinais desse esgotamento que a gente não consegue esconder. Todas as senhoras, comumente as senhoras que fazem essa arrumação facial. Agora a golinha sempre alta, porque senão alguma coisa balouça. E as mangas são sempre compridas porque tem umas bandeiras que a gente carrega nos braços. Não tem jeito. Essa ideia de esgotamento esgota
os nervos da gente, porque a gente não tem mais como amarrar, como segurar, como prender. Agora o povo injeta silicone, mas chega um ponto que uma bochecha tá maior que a outra. O botox vai nos deixando assim meio paralisado. Nós parece que a gente tá com anestesia dentária no tempo todo. Não tem jeito. A gente não tem mais o vício do pêssego da juventude. O esgotamento dos órgãos esgota todos os órgãos. Só posso comer agora até às 5 da tarde. Antes a gente comia de madrugada, parava no sanduba, na praça, se acabava de comer, tinha
nenhum problema, deitava, dormia. A partir de certa idade, aliás, a partir de uma errada idade, a gente não pode mais comer depois das 5, senão não dorme. Não digere a comida. Vejamos, a máquina já não está funcionando devidamente. E porque ela não está funcionando devidamente, a tendência é ir parando. É ir parando. Aí eu tenho problema de rim, eu tenho problema de fígado, eu tenho problema de baço, eu tenho problema, eu tenho problema, eu tenho problemas. Até que temos tantos problemas. de funcionamento da máquina orgânica, que a divindade entende que já precisamos de outra. Não
há mais repostos, não há mais peças de reposição, precisamos de outra máquina nova. Então, esse esgotamento dos órgãos dá ensejo à nossa saída desse conjunto de órgãos que nós chamamos de organismo. E voltamos para casa. O mundo normal primitivo. Sim, é a nossa casa, é o mundo verdadeiro. As religiões nos ensinaram a ter como mundo verdadeiro este em que nós estamos encarnados. E aí ninguém quer deixar esse filezinho ou esse jabá. ninguém deixa. Por outro lado, esse gostar de ficar aqui obedece a lei de conservação, porque senão nós morreríamos com muita facilidade. Se não nos
quiséssemos cuidar, se não tivéssemos interesse em nos tratar, a reencarnação falharia nos seus objetivos. Porque nós adoeceríamos, deitaríamos, esperaríamos a morte. Mas quando adoecemos, por acreditamos que isso aqui é bom, nós vamos pro médico. E a divindade pôs medicina no mundo para que nós tenhamos vontade de ficar sãos. Vamos ao médico, vamos ao analista, vamos ao ginasta, arranjamos um personal trainer para manter o corpo em bom estado. Fazemos tudo em função desse corpo. É a parte que a gente vê de nós próprios. Então, nós fazemos de tudo para preservá-lo, para arrumá-lo. Alguém acha que o
nariz não tá bom, aí vai e conserta. Alguém acha que tem orelha de abano, aí vai e cola cirurgicamente. Alguns acham que estão assim perdendo a barriga, elas estão caindo por cima do cinto. Alipo, alipo escultura, ali aspiração. E nós vamos arrumando o que podemos manter o corpo em dia. Até aí morreu neves. Até aí faz parte do nosso dia a dia terrestre. É como alguém que pregasse botão na própria roupa. É como alguém que pusesse remendo na roupa que rasgou. É como alguém que tingisse a roupa, já estava cansado daquela cor antiga, mas sabendo
que aquilo somente nos é roupa, não é a gente. Então, não há nenhum problema em cuidar do corpo, em tratar do corpo, em melhorar o corpo, se aquilo vai arrumar nossa cabeça, nossa mente, mas sabendo de que nós não somos o corpo e que daqui a pouco ou daqui a muito nós teremos que deixá-lo se vivermos com essa mentalidade de que enquanto eu estiver vivendo Nessa casa biológica, eu preciso cuidar dela. Uma pinturinha aqui, um remendo ali, um desvio de uma instalação qualquer para facilitar o trânsito nela. Tudo isso nós fazemos. É a nossa casa
biológica. Mas como toda a casa, um dia ela ficará tão degenerada que já não me interessará viver nela, já não poderei viver nela, ela me oferecerá perigo. É isso que o esgotamento dos órgãos vai fazendo. Quando nós vamos ficando muito idosos, muito velhos, muito cansados, nós temos um monte de ideais, porque os ideais são da alma, não são do corpo. Só que a gente não tem mais como implementar esses ideais com a carcaça alquebrada que estamos carregando. Ela se nos transforma num peso. Nós vemos uma pessoa idosa, que dificuldade para sentar e que tormento para
levantar. Que agonia para caminhar. Que infelicidade se tiver que correr, é melhor a morte, porque já não podemos falar mais, fazer o que fazíamos. Se quisermos fazer uma comida, ir pra cozinha, fazer um prato, não conseguimos mais. Não temos mais controle motor para segurar as facas, as panelas pesadas, as panelas quentes. Vamos ficando limitados em tudo. A cabeça funciona, a gente diz para os outros, mas já não consegue fazer. E quando vamos envelhecendo mais, até para dizer para os outros, vamos tendo dificuldade, porque se nos falha a memória. Então, a coisa mais impressionante que Deus
fez foi permitir que a gente continuasse na escola terrestre para o aprendizado devido, mas agora com um novo uniforme. Nós temos que trocar esse uniforme. Nós temos que jogar fora esse uniforme gasto quebr quebrado, cansado. Então, essa dualidade vida e morte é de uma tranquilidade incrível. É óbvio que estamos falando dos processos naturais, esgotamento dos órgãos. Segunda pergunta, é a causa da morte nos seres orgânicos. morte morrida, como diz popularmente. Mas se nós olharmos o reino animal, passa-se à mesma coisa com os irracionais. Eles envelhecem cedinho de acordo com a raça, com o tipo de
animal, tirando alguns animais que vivem séculos, como tartarugas, por exemplo. Mas todos eles nascem, crescem, velhecem e morrem. Quando olhamos os vegetais, a mesmíssima coisa, o esgotamento dos órgãos. As árvores vão ficando velhas, velhas, velhas. As galhagens vão quebrando, os bichinhos conseguem penetrar-lhe o tronco antes impenetrável. E dali a pouco, ainda que ela esteja plantada no melhor terreno, ela já não consegue florir do mesmo jeito, ter a mesma vergonha, a nova, a folhagem e ela cai ou se esfarcela, rachando, rompendo-se. montanhas metálicas também. Elas duram milênios, mas morrem um dia. Onde nós encontramos o barro
vermelho maravilhoso em dias de chuva que a gente enche os sapatos, as botas, os pneus dos carros naquele barro vermelhão. Ali temos a montanha de ferro que morreu e virou barro. Eram montanhas de ferro, de minério de ferro. Pisamos nas areias das praias, dos rios. Aquela areia fina, aquela areia grossa, aqueles grãos de areia, eram montanhas de sílica, de silício. Daí nós temos nas areias silicato que morreu. E aí nós temos as montanhas de caibro branco, de caibro rosado, de caibro amarelo, correspondendo aos diversos metais que morreram. A sua estrutura elétrica se alterou. A estrutura
elétrica dos átomos se modificou e aquelas ligações de eletrovalência, de covalência simples das moléculas se alteraram e morreu a montanha. Daí então não há nada no mundo físico que não se transforme na voragem, no passar, no galopar do tempo. Por isso Jesus Cristo um dia disse num determinado contexto: "Não ficará pedra sobre pedra que não seja derrubada. Nada do que está no mundo material ficará como está." Então, o nosso corpo orgânico, material, como faz parte desse mundo material, também não ficará como está. Cada dia nós estamos morrendo um pouco. Se considerarmos a visão do mundo
material, cada dia estamos nascendo um pouco se olharmos pela visão do mundo dos espíritos. Aqui na terra, cada dia estamos ficando mais velhos para a visão do além. Cada dia estamos retornando. É a grande gestação que dura 15 anos, 30 anos, 60 anos, 80 anos. De acordo com nossos méritos e deméritos, de acordo com as nossas necessidades, nós ficamos na terra um tempo maior, um tempo menor. E diante do mundo espiritual, esse tempo que passamos na Terra é uma grandíssima gestação, porque nós aqui é que somos para eles almas do outro mundo, já que o
mundo normal primitivo é o mundo invisível. Agora para nós é o mundo dos espíritos. Eles lá é que estão vivos. Nós aqui é que estamos mortos e não precisaremos de muito esforço para perceber que aqui estamos mortos. Vamos pensar isto ainda. Vamos para o segundo quadro. Estas informações nos vêm do livro Céu e Inferno, que é um trabalho da codificação espírita, em que os espíritos com Allan Kardec desenvolveram a quarta parte de o livro dos espíritos, das esperanças e consolações. Essa quarta parte originou um livro notável. que Allan Kardec chamou de o céu e o
inferno ou num subtítulo interessante a justiça divina segundo o espiritismo. Então, nesse o céu e o inferno, nós encontramos o seguinte: a extinção da vida orgânica acarreta a separação da alma em consequência do rompimento do laço fluídico que a une ao corpo. Mas essa separação nunca é brusca. É o que estamos falando. Nós vamos devagarzinho. Quando eles dizem que essa separação nunca é brusca, porque ele está falando que a extinção da vida orgânica carreta a separação da alma em consequência do rompimento do laço fluídico que une a alma ao corpo. Tudo relacionado à chamada morte
natural, ao esgotamento dos órgãos. Porque mortes bruscas a gente vê todos os dias, mas no sentido comum da vida, na marcha comum da vida, isso não se dá bruscamente. Por isso estamos falando que a gente nasce, se desenvolve, vai envelhecendo, vai voltando gradativamente. Então, os espíritos vão nos arrumando as ideias, a princípio, falando-nos da morte natural, espontânea, em que os nossos órgãos vão perdendo tonos. A terceira imagem, por favor. Aí nós temos a volta ao livro dos espíritos. Quando Allan Kardec perguntando aos espíritos a respeito dessa vida orgânica, o que que nutre a vida? Na
questão 70, ele então escreverá uma nota imensa, a resposta que os espíritos deram. E nessa nota ele diz o seguinte: "Os corpos orgânicos são assim uma espécie de pilhas ou aparelhos elétricos nos quais a atividade do fluido, do fluido vital, sobre o qual ele vinha falando antes, do fluido, determina o fenômeno da vida. A cessação dessa atividade do fluido causa a morte." Aqui nessa questão 70, Allan Kardec levanta um elemento importantíssimo para a nossa visão espírita, que é a ideia do fluido vital. fluido vital é uma substância que provoca a expressão da vida, que provoca
a exteriorização da vida, dos fenômenos vitais. Nós olhamos uma flor e ela está vivais, acesa, brilhante. Nós dizemos: "Está viva". Dali a pouco ela vai murchando, murchando, murchando. Nós dizemos: "Murchou". Está desvitalizada. Depois ela seca, seca, seca, está morta completamente. O nosso corpo orgânico também. Quando nós nos vinculamos ao ventre materno, no fenômeno do renascimento, no fenômeno da reencarnação, o espírito se liga ao zigoto, ao ovo, no ventre materno, quando se efetua a fecundação. E a partir daí, a própria dinâmica psíquica do espírito impõe o desenvolvimento celular. O espírito que se liga ao ovo carrega
em torno de si um campo vibratório, um campo energético, se quisermos, e um campo vibratório tem a sua frequência de pulsação, a sua frequência vibratória. E aí, em função da frequência que essa mente impõe ao fluido à sua volta, são formados os órgãos. Quanto mais evoluídos os espíritos, mais alta a sua frequência vibratória. Quanto mais atrasados os espíritos, mais baixas são as suas frequências vibratórias. Quanto mais alta a frequência vibratória, melhor seleção da matéria onde esse espírito vai se ligar. Se a frequência é alta, ele atua sobre a matéria mais desenvolvida do planeta. Se a
vibração é baixa, o espírito atua inconscientemente ou conscientemente sobre a matéria mais grosseira do planeta. Daí então nós nos ligamos ao ovo e o processo do desenvolvimento biológico do corpinho está por conta dos registros que nós carregamos no cerne da alma, dos registros que nós carregamos no psiquismo, registros de coisas harmônicas. registros de coisas desarmônicas e como Cristo nos ensinou que a cada um é dado conforme suas obras, de acordo com a maior densidade dos nossos registros, aquilo que a gente tenha demais na mente, imprimimos o desenvolvimento, a aglutinação das células em torno do nosso
campo energético, do nosso campo fluídico. E esse campo energético e esse campo fluídico em torno da alma propriamente dita, nós aprendemos a chamar de ao redor do espírito, em torno do espírito ou como Allan Kardec chamou, perespírito, o envoltório do espírito, como o circuito ao redor da cidade é chamado de perímetro. peri em torno de como a membrana que envolve o coração é pericardio em torno do coração, o estômago peritônio. E dessa forma pere quer dizer sempre em torno de. E nós com o nosso perespírito, esse campo energético que nos envolve, vamos estabelecendo como é
que as células vão se juntar na formação dos nossos órgãos, na formação do nosso corpo. E porque essas células são arrumadas, organizadas, estruturadas em cima dessas linhas de força, dessas linhas energéticas, dessas linhas eletroeletrônicas do nosso corpo perespiritual ou perespírito. As células estão ligadas a esse perespírito, uma a ou perespírito se liga às células orgânicas uma a uma. É como se nós tivéssemos um banco de areia, uma vasilha com areia e jogássemos água. Essa água vai se infiltrando e molhará todos os grãos da areia. com a diferença é que no processo da reencarnação, isso ocorre
de dentro para fora. é o ser pulsante que vai agregando, distribuindo e estruturando as células sobre si mesmo, as linhas de força desses campos vibratórios. Com isto, o fenômeno do nascimento se dá em função de que o ser espiritual está ligado às células orgânicas, às células biológicas. E quando esse fenômeno ocorre, se estabelece a produção de uma substância, vamos colocá-la entre aspas por falta de outra palavra. Substância essa que chamamos de fluido vital. O fluido vital só existe quando um espírito se liga à matéria. Não existe fluido vital nos espíritos. Não existe fluido vital na
matéria propriamente dita, a não ser naqueles raros momentos, naqueles poucos momentos em que o espírito acaba de sair. Quando nós olhamos um cadáver, a pessoa que acabou de morrer, nós dizemos assim: "Parece que está dormindo porque está tudo no lugar. Vão se passando as horas e percebemos que o cadáver vai murchando, a expressão vai ficando densa, cadavérica. Nós vamos notando que está morto como a flor. Eu corto da planta e ponho na jarra, ela está viçosa. No dia seguinte eu olho, ela está viçosa. Ela abre. as suas pétalas. Dali a pouco as pétalas já não
tem brilho. Dali a pouco mais as pétalas vão emchecendo, vão caindo. Morreu. Enquanto houver fluido vital, a gente põe na jarra d'água e a planta continua se desenvolvendo, retirando elementos da água ali para manter-se, mas dali a pouco não há mais. Nós tiramos a flor do tronco em que ela estava fincada no chão, da arte que a alimentava diretamente. Nós olhamos qualquer cadáver, ele é assim. No começo parece que está dormindo. Daí a pouco ele vai deteriorando. A deterioração dos cadáveres se deve à ausência gradativa do fluido vital que existia nele. O fluído vital, quando
o espírito se desliga, vai se misturando em a natureza, vai se evolando do corpo e vai se cindindo na natureza, vai se esfumando em a natureza ao redor, quando são criaturas do bem, os próprios benfeitores apressam a retirada desse fluío vital, aplicando passes de eliminação do fluído vital. tal, a fim de que espíritos vampirizadores, exploradores, oportunistas, não violem o cadáver cujo corpo pertenceu a um homem de bem, a uma pessoa de bem. Quando a criatura não é do bem e já tinha vínculos psíquicos com essas entidades, os benfeitores não podem, por lei de afinidade impedir,
por causa da lei de afinidade, impedir que as entidades vampirizadoras suguem esse cadáver. É essa sensação horrível que tem as pessoas de mentalidade mundana, que tudo para elas se refere ao mundo, que não tem essa janela espiritual, que imagina que tudo é aqui que acontece. Isto é o que se passa com as pessoas que dão cabo da vida diretamente, indiretamente, o fluido vital não se esgota de repente. E como a flor que a gente põe na jarra depois de cortada do da aste do caule, durante um tempo aquele corpo morto carrega em si vitalidade, fluido
vital. E o espírito que já está dele desprendido, porque foi ferido um órgão vital, porque foi contaminadas as vertentes vitais e o espírito teve que sair. Ele fica com a sensação de tudo que está acontecendo no corpo, a repercussão psicológica, a repercussão fluídica de tudo que está acontecendo no corpo. Por isso é que eles dizem quando têm oportunidade que estão sentindo o corpo carcomido pelos animálculos, pelos vermes, mas eles não estão lá chumbados no corpo. Mas a repercussão psíquica continua sendo registrada por eles, porque o corpo perespiritual estava ligado célula a célula ao corpo biológico,
ao corpo orgânico. Quando nós nos suicidamos, o perespírito, o corpo fluídico, não consegue se desprender gradativamente das células, como ocorre no esgotamento dos órgãos. O que ocorre é como se alguém pegasse um botão e arrancasse o botão. Ou se nós quiséssemos tirar a camisa rasgando os botões sem desabotoar. vão ficar os ferimentos no lugar onde eram botões com linha forte e que a gente arrebentou. Joana de nos propõe num outro contexto que estamos usando aqui na nossa fala que nunca se deve arrebentar o nó se a gente o pode desatar. Todo mundo que tem pressa,
que que é pavio curto, que é nervosinho, às vezes tá desfazendo o nó para usar o barbante e não consegue. O nó tá apertado, aí a gente pega e arrebenta. De um lado fica o caroço do nó, no outro lado o esgaçamento do cordão, os dois lados com problema. Então ela propõe que nunca arrebentemos onde possamos desatar. E isso serve para tudo na vida da gente. Aí o fenômeno da morte, quando ele é natural, vai permitindo que gradativamente o espírito vá se soltando das células orgânicas até a última instância, que é a ligação do espírito
com o centro coronário, chamado pelos místicos orientais, pelos videntes de cordão prateado. Quando nós saímos do corpo e flutuamos sobre o corpo, ficamos presos ainda ao corpo por esse cordão prateado, como se fôssemos balões cativos. Até que no momento azado os benfeitores vão e seccionam e retiram com fluidos. mais intensos desfazem essa ligação e o espírito sofre o recochete dessa retirada e o corpo começa de fato a conhecer o fenômeno da morte. É muito interessante. Recordam-me de que em 1990 um querido amigo meu, depois de meus pais, eu considero que ele foi a pessoa que
maior soma de bem me fez na vida atual, porque foi ele que me levou para o espiritismo, foi ele que me trouxe para essa seara de bênçãos. e foi acometido por uma doença muito grave. Médico, jovem adoeceu e os colegas médicos tinham tanto carinho por ele que não permitiram que ele fosse para uma enfermaria hospitalar. montaram em sua casa, no seu quarto, uma verdadeira UTI de recursos. E a cada dia o corpo ia se degenerando. E o meu querido amigo José Luiz me dizia: "Venha sempre me ver, venha me aplicar passes no que eu tinha
maior felicidade em fazer, embora a tristeza de saber que ele estava partindo". como médico, ele tinha consciência do seu quadro. Ele sabia o que estava se passando com ele e me pedia sempre. E por minha vez, eu pedi ao benfeitor Camilo que eu gostaria de estar junto dele na hora do seu passamento. Ele que estava junto de mim na hora do meu renascimento para o Espiritismo. Eu queria estar junto dele nessa volta para casa. E o benfeitor disse que me atenderia na medida do possível. Era uma sexta-feira quando eu costumo viajar, mas naquela sexta-feira eu
sairia no sábado e no meio da tarde recebi ligação da família dizendo: "José Luiz entrou em coma, Raul, não deverá ter muito tempo." Arrumei as coisas que eu tinha que arrumar em minha casa para a viagem do dia seguinte, corri para lá. Cheguei. Ele estava ainda mantido no soro na sua cama. Sua mãezinha sentada, a cabeceira por detrás dele fazendo tricô e ele naquele estado semimorto. Quando cheguei à sua casa eram 11 horas da noite e assentei-me na sua cama. Tomei a mão que estava livre e coloquei-a entre as minhas e perguntei ao benfeitor Camilo,
eu posso aplicar um passe nele? E o amigo espiritual me disse: "Não precisa, porque nós já estamos fazendo o seu desligamento. Antes da meia-noite ele já estará na vida. Eu olhei o relógio digital na cabeceira, eram 11:30, 23:30. Eu nunca estivera tão próximo da morte anunciada, sabendo que ela iria ocorrer naqueles próximos 30 minutos. O coração latiu forte e eu orei profundamente. Recordei-me da nossa juventude. Fóramos criados juntos. E na juventude, quando eu lhe narrei o que se passava comigo em termos mediúnicos e eu era coroinha da igreja romana, ele me disse que no grupo
de jovens que ele participava, aquilo era chamado mediunidade e convidou-me para ir conhecer, para ir até lá. Comecei a pensar nisto, na felicidade que ele me dera, na alegria da convivência amiga, o amigo querido que ele foi, que ele sempre tinha sido. E me emocionei, minhas mãos suavam, segurando a sua. Olhei o relógio, 23:45. O José Luís abriu os olhos, estava no coma, abriu os olhos, olhou-me fixadamente, cerrou os olhos e expirou profundamente. dei-me conta de que ele já houvera partido, mas de repente como um parto em que a placenta expulsa depois do feto, eu
vi sair do corpo como se fosse uma borboleta que sai da crisálida e balou em cima do corpo na cabeceira da cama como um balão. De fato, aquilo que eu tinha aprendido na doutrina espírita era verdade. Eu estava constatando diviso agora. O corpo perespiritual balçou para um lado e para outro e apareceu-lhe a velha tia Nair, a tia que houvera levado ao espiritismo e que agora se encontrava no além. Ela então abraçou por trás como se abraça uma criança. Ele recostou a cabeça nos ombros dela e ambos desapareceram. Eu tive uma vontade imensa de me
ajoelhar e agradecer a Deus. Levantei-me, deixei sua mão sobre a cama e disse para sua mãe que tricotava tranquilamente. Mãe, eu a chamava de mãe. Nosso doutor já se foi. Chamamos os irmãos. E quando eles entraram, eu digo, nenhum escândalo. Nosso doutor dorme. Todos choraram, deram-se as mãos, oraram: "Pai nosso, segundo sua crença, a família não era espírita, só ele levado pela tia". Embora acreditassem, ninguém era espírita. Oramos. chamar os médicos para constatar o óbito pelo exame ocular, etc. despedi-me deles. Já tinha sido cumprida a minha missão. Mas o que me chamou atenção foi aquele
sair do corpo de forma tão curiosa como se ele tivesse sido expulso do corpo que já não lhe servia mais. E naquele impulso ele flotava sobre o corpo irto, sobre a cama. A morte natural, o desgaste dos órgãos pela enfermidade. Quanto mais tempo a criatura passa enferma, ela vai queimando os fluídos vitais. A desencarnação é mais rápida no sentido de que a agonia vai sendo diluída ao longo da própria enfermidade, da própria patologia. A criatura vai tendo tempo de avaliar que não tem retorno, que ela tem mesmo que voltar para casa. Ela vai se conformando,
ela vai dizendo a família, estou me despedindo. Vocês têm que se conformar. Eu estou nas mãos de Deus. São as falas que a gente ouve aqui e ali de quem já está voltando para casa. E é tão bonito e é tão importante e é tão grave esse momento. Um dos nossos jovens companheiros da nossa casa espírita há 2 anos. Oficial da Marinha, oficial naval, instrutor de pilotagem de helicóptero. Teve o veículo caído no Rio de Janeiro numa notícia que todo o Brasil ficou sabendo quando o seu helicóptero [Música] caiu próximo ao Centro Benet de estudos
em Botafogo. Ele ainda fez de tudo para tirar o helicóptero para que ele não caísse sobre a quadra apinhada de gente no horário do recreio da escola. O avião explodiu, o helicóptero, o corpo carbonizado, mas a caixa preta analisada registrou os momentos derradeiros da vida daquele jovem que demandava o além. Quando ele tentou todos os recursos, ele que era o instrutor do outro oficial ao seu lado, ele então disse: "Vamos cair", registrou a caixa. "Que Deus nos abençoe". Todos os jornais estamparam a frase, as últimas palavras dele, a entrega a Deus. O que que é
a visão espírita? Nenhum desespero. Vamos cair. Que Deus nos abençoe. E foram os dois oficiais para o mundo dos espíritos. É tão importante perceber como é que a nossa visão de vida, de morte, vai tomando colorido novo quando a doutrina espírita nos penetra e nos clareia a visão. Quando a doutrina espírita nos ilumina e indica o que que é isto, o que que é aquilo, sua jovem esposa que ficou guardando uma gravidez à época de 6 meses do segundo filho, afirma-nos que ele sempre com ela dialogou sobre essa possibilidade, uma profissão de risco. Se eu
for primeiro, como é que você deverá cuidar dos filhos? Se você for primeiro, como é que eu farei para cuidar dos filhos? Não é uma questão mórbida na hora do jantar e quando eu morrer, hein, fulano? na hora do banho, olha, se eu morrer, não há momentos em que o casal conversa, a família conversa. Por que que a gente vai evitar falar de algo que a vida não vai evitar nos impor? Todos nós iremos. Então, é bom que nós estejamos sempre prontos. sempre prontos. A gente quer morrer, não, não é isso. Não existe essa patologia,
essa neura. Mas como sabemos que a única condição indispensável para que a gente morra é estar vivo? Isso pode se dar a qualquer momento. A qualquer momento. Eu estava na cidade de Miraçol do Oeste, no Mato Grosso, terminando uma conferência às 3 horas da tarde e ia para uma outra cidade onde eu deveria falar às 7 da noite. Fomos à casa dos confrades tomar um cafezinho rápido antes de pegar a estrada. Tomei de fato um cafezinho rápido. Os meus amigos vieram. Eu entrei no carro, no banco de trás, era uma belina. Ajustei-me à janela para
que os outros viessem assentasse no meio, na outra janela. Mas o povo que estava chegando para o lanche, me vendo sentado já dentro do carro para ir embora, me gritou lá de fora: "Quer dizer que você já está indo embora sem despedir?" E eu empurrei o banco, saí do carro para saudá-los. querendo ser gentil. O presidente da instituição, onde eu ia pregar às 7 da noite, entrou no carro e sentou-se então no lugar de onde eu tinha saído. O presidente da Federação do Mato Grosso, a época, o vice-presidente, aliás, entrou e assentou-se no meio. E
eu não tive outra alternativa se não assentasse na outra janela, atrás do carona. as duas senhoras à frente, a que dirigia, e a nossa anfitriã, quem me anfitrionava em Cuiabá, estava ali. O meu amigo que sentar-se no meu lugar tinha acabado de sair da sala do lanche com o guardanapo e os salgadinhos para ele acabar de comer no carro. 2 minutos depois, estávamos na pista de asfalto para tomarmos o rumo da cidade de Cáceres. A alegria tomava-nos conta da alma. Eu tinha acabado de fazer uma pregação e quando eu falo de espiritismo, eu tenho a
sensação de que eu vou voar, que eu posso morrer naquele momento, eu estou feliz. E todos estavam vibrando na mesma sintonia. Quando eu olhei para a frente e disse para a companheira ao volante: "Olha aquela C10 que vinha cortando no meio da fila de carros desgovernada. Ela teve tempo de diminuir a marcha e seguir para o acostamento, mas não foi o tempo suficiente. E o chofer com a sua C10 alcançou-nos exatamente na direção do banco de trás, um golpe surdo. E o carro capotou três vezes no asfalto. E quando eu escutei o golpe surdo, eu
tinha certeza de que o meu amigo ao qual eu iria homenagear às 7 da noite, acabara de morrer. Não havia como não ter morrido. E eu estava tranquilo, leve, sem um tormento. Saí do carro, não sei como, o carro de rodas para cima. Tive a pachorra de desligar a ignição e guardar a chave do carro, anotar a placa da C10. E o povo começou a chegar. O homem estava embriagado. E o povo foi chegando e eu chamei, pedi ajuda para retirar as pessoas de dentro do carro, nossos amigos. E deixei por último o meu amigo
Luiz. Ele já se foi ali no asfalto em Miraçol do Oeste. Ajoelhei-me para pedir misericórdia a Deus por ele, por nós. e registrei a minha velha e doce mãe, já desencarnada havia muitos anos, que me olhou profundamente, sem sorrir e desapareceu. Naquele momento, eu tive a certeza de que eu tinha sido poupado da desencarnação, de que eu receber do além uma moratória, como chamamos. Eu tinha recebido uma sobrevida. Um mês se passou. Aquela imagem não me saía da cabeça. Divaldo Franco realizava no Rio de Janeiro, no Hotel Glória, o lançamento de um dos seus livros.
E eu estava naquele sábado na cidade e disse aos confrades: "Vamos lá dar um abraço no Divaldo. Vamos lá no lançamento do livro". Viver e Amar era o livro da Joana. E quando eu chego o auditório lotado do Hotel Glória, ele me vê lá da mesa e faz sinal para que eu me aproximasse e segura a minha mão e diz assim: "No dia tal, assim, assim, às tantas horas." Eu estava no meu gabinete quando Joana adentrou e pediu que eu orasse agradecendo a Deus que você tinha sido poupado, porque sua mãe rogara e os espíritos
atenderam e você terá uma longa moratória. E disse-me ele: "Eu não sei, Raul, se eu o parabenizo ou se eu choro por você". Eu disse: "Na dúvida de, faça as duas coisas, porque ficar na terra corresponde a uma série de onertar com a vida. Se eu tivesse ido, teria me libertado desse canho, dessa estrada, dessa via, mas teria voltado ao além por força da lei de causa e efeito, mas sem haver quitado mais tantas outras coisas que ficariam para o futuro. Os espíritos entenderam que eu podia ficar um pouco mais e já ir acertando essas
coisas aqui, uma vez que a tarefa estava seguindo o bom curso sobre as bênçãos de Deus. A visão da morte. Eu saíra para pregação espírita. Eu não podia imaginar que a morte física me espreitava na estrada. E quando os espíritos entenderam mudar, colocaram no lugar alguém cujo karma não podia ser removido naquela circunstância. Morrer, viver são duas faces da mesmíssima moeda. É o claro escuro de um dia completo. Para que a gente mereça viver, tem que morrer. E de acordo com o lado em que a gente se encontra, a interpretação de vida e a interpretação
de morte é diferente. Allan Kardec então nos diz que os corpos orgânicos são assim como uma espécie de pilhas ou aparelhos elétricos, nos quais a atividade do fluido vital determina o fenômeno da vida. A cessação dessa atividade do fluido vital causa a morte. Nós vamos ficando desvitalizados. Chegamos a um ponto que os remédios já não fazem efeito. E desse modo não resta outra alternativa. se não trocar de roupa, se não trocar de uniforme e voltar ao lar e esperar o dia de retornar à escola planetária. Último quadro, por favor. A quantidade de fluido vital não
é absoluta em todos os seres orgânicos. A quantidade de fluido vital se esgota. o que estamos acabando de ver. E quando nós aprendemos que a quantidade de fluído vital não é absoluta em todos os seres orgânicos, não é a mesma em todos os seres orgânicos, isso corresponde às nossas necessidades reencarnatórias. Do mesmo modo que na Terra nós nos inscrevemos em cursos que duram um ano, outro curso que dura 2 anos, um curso dura 5 anos. E aí nós temos que ter cacife recursos para bancar esse curso de um ano, de 2 anos, de 3 anos,
de 5 anos. Também quando chegamos à Terra, nós chegamos com propostas, com propósitos de uma encarnação mais longa, de uma encarnação mais curta em função do que viemos fazer aqui. Se viemos acertar as pendências com a vida biológica, o mau uso do corpo e suicídios perpetrados, nós vamos ficar aqui pouco tempo. É só para cobrir aquele buraco que nós deixamos. E aí a gente nasce e morre com um ano de idade, com 2 anos de idade, com 5 anos de idade, com 10 anos, com 15 anos. De acordo com a nossa necessidade. A gente vem
fazer um curso rápido aqui, mas há outros indivíduos que vêm para uma tarefa prisional. E aí vai ficar 70 anos, 80 anos, 90 anos, 100 anos. Imaginamos que alguém que viva 100 anos está resgatando débitos porque vê as diversas gerações que já não são a sua. E a criatura vai se sentindo cada vez mais um estranho no ninho. Os mais jovens o olham como se ele fosse um dinossauro. Os da sua idade já não se entendem mais porque já faltam certos tinos. já não podem sair e se visitar reciprocamente com raras exceções. Elas se tornam
pessoas dependentes dos parentes, dos descendentes, para levar aqui, para levar a colá, até para cuidar-se, até para tratar-se. Só pode ser resgate para dobrar o orgulho e ficar nas mãos de pessoas que nem sempre têm amor por nós. Alguns velhos apanham, outros são explorados na sua aposentadoria, que os filhos e netos queimam e eles próprios não veem. Outros são colocados em asilos onde nunca recebem visitas. O curso que eles vieram fazer era de índole prisional. Há outros que vêm, cuidam da família, educam os filhos, colocam os filhos em condições de caminhar, fecham os olhos e
voltam para casa. Missão cumprida. eram aqueles com os quais me comprometi a impulsionar, a ajudar, a orientar em nome do amor. Aqueles que fizeram mau uso do lar, que agrediram a família, que foram ingrato com seus pais, nascem nos braços de mães felizes e expectantes que morrem de parto, que morrem deixando-os em muito terra idade, para que eles aprendam a valorizar o amor de mãe, valorizar o lar numa experiência sempre amarga. Por mais que a madrasta o ame, que as avós, que os avós os amem, por mais que receba carinho e calor, a frustração de
não ter tido sua mãe, sempre nos acompanha. E digo-o de experiência própria, a minha voltou para esse al de lá no infarto fulminante aos 44 anos, quando eu tinha 4 anos de idade e fiquei órfão de mãe e fiquei órfão de pai que tinha que trabalhar como chofer e só me podia ver no intern Renato uma vez por mês, quando tinha folga para isso. Só com o conhecimento da doutrina espírita. Tempos depois, em plena adolescência da rebeldia, pude entender porque é que essas coisas marcaram-me à vida. E felizmente entendi, não houve nenhuma rebeldia de minha
parte. Conheci o espiritismo aos 17 anos. Tive nem tempo de chutar o pau da barraca, de fazer bobagem, de bater cabeça, de usar droga, de beber, de fumar. Não houve tempo de brigar com a sociedade. Você rebelde, deixar o cabelo black power, pintar de roxo, de amarelo. Quisera, eu tive tempo. Ensaiava um conjunto. Nos anos 60 se chamava um conjunto, o que hoje são bandas. Ensaiava com os amigos. Eu queria começar a cantar com eles, ganhar um dinheirinho. O pai de um deles seria o nosso empresário. Iríamos lançar o nosso conjunto nas férias de julho
na nossa cidade. E eu exibido, aprendi as músicas. Já tinha época 120 músicas memorizadas. íamos começar em grande estilo. A própria escola já tinha oferecido o auditório para que nós fizéssemos o nosso primeiro show em julho. Daquele ano, em abril, eu conheci o Espiritismo. Lá se foi embora a banda, lá se foram os gorgeios do [Música] pretinho e ficamos encantados de tal modo com essa nova luz que brilhou na nossa vida, que eu queria mergulhar neste mundo que só Deus sabe quando é que eu sairia, como é que eu sairia, esse sairia nesta vida. Mergulhei
neste oceano profundo do pensamento espírita. Quando a gente tem mais de 50 anos, já pode falar de si sem problemas. Daí então morrer é algo que está sempre nas nossas cogitações. Digo sempre aos meus amigos da instituição que se tornaram a minha família. Olha, eu viajo pelo mundo, ando de avião, de carros, estou por aí. Se existe alguém exposto, somos nós que viajamos desse jeito. Claro que na hora que chega o momento de voltar, onde a gente estiver, vai. Mas estamos mais expostos. Não sabemos quando, mas a qualquer momento as coisas podem acontecer. E eles
me dizem: "Ai, Raul, para com isso". digo: "Não posso, eu prego isto para as pessoas para que pensem na vida sem perder o outro lado da medalha, o outro lado da moeda, que é a morte. Isso não significa que a gente vai parar de trabalhar, deixar de amar. Não. A visão que o Espiritismo nos dá de vida e de morte é de modo a nos fazer aproveitar bem a morte no corpo, começarmos a ser felizes aqui nessa morte corporal em prol de melhores recursos na vida quando retornarmos. É aqui que nós sofremos todas essas limitações
a que nos reportamos. O corpo que vai se alquebrando, que vai se definhando, que vai envelhecendo, a incapacidade que nos vai tomando conta quando voltamos para casa. Não somos ágeis como aqueles adolescentes. O descanso dos espíritos é a mudança de ação, é a mudança de atividade. E o que mais nós anelamos senão ter essa oportunidade de servir a Deus, singrar esses espaços, esses universos felizes, cheios de felicidade, cheio de alegria. Aqueles que estão educando filhos, eduquem-nos com essa visão de que a vida na terra é um ampassã. A vida na terra é um momento. Aqueles
que têm filhos adolescentes, prepotentes, donos da verdade, que dizem que não pediram para nascer, converse com eles e diga-lhes que tendo pedido ou não, essa é uma oportunidade que eles não podem perder, porque a juventude é período de empreendimento. É na juventude que a gente estabelece o que é que vai querer para a velice se chegar lá, porque vamos colher na velice do corpo o que tivermos plantado na juventude. O que fez Paulo, apóstolo, ao escrever ao jovem discípulo Timóteo, dizer no capítulo 2, versículo 22 da sua segunda epístola a Timóteo. Foge, Timóteu, dos desvarios
da juventude. Não é foge da juventude, foge dos desvarios da juventude e segue o amor, a justiça, a paz com aqueles que de coração puro louvam o Senhor. Então, orientar o nosso jovem, se ele quiser ter um ídolo, alguém em cujos passos ele gostaria de ir, escolha alguém em nome do Senhor que esteja envolvido com o amor, com a paz, com a saúde ética, ao invés de achar ídolos da droga, ídolos do crime, ídolos da sombra, da dissolução. Aqueles que já não t crianças, que já não tem jovens, aqueles que estão curtindo a própria maturidade,
avaliar o que fizemos da vida até agora. Se a morte nos chegasse hoje, o que é que teríamos para levar daquelas riquezas que o ladrão não rouba, que a ferrugem não corrói, tampouco a traça consome? O que levaríamos se a morte nos chegasse hoje? Mas há tempo, enquanto Deus nos permite ficar na terra, enquanto nos deixa estar no corpo, há tempo de fazer algum serviço pelo bem, de estudar, de aprender uma língua, uma arte, a cantar, a pintar, a desenhar, a praticar um esporte, a servir de voluntário numa obra social na nossa cidade, tem a
ela caráter religioso ou não. Não, porque o bem é sempre o bem onde quer que ele apareça, enquanto respiramos no corpo, o que é que Deus quer que eu faça? Era o dia 3 de outubro de 1226 na Umbria. Francisco, o antigo [Música] Bernardoni, aos 44 anos estava [Música] enfermo. O cansaço, o desgaste fizeram envelhecer precocemente. Ainda pouco tiveram os dois olhos queimados pelo cautério diante de uma enfermidade e oftálmica que lhe apareceu e que para a época não tinha outra solução senão o cautério. Ele houvera cantado enquanto os olhos eram queimados. uma ao irmão
fogo, agradecendo ao fogo que enquanto lhe fechava a visão para o mundo externo, permitia-lhe enxergar o reino dos céus interior, a vida imarcercível do mundo íntimo. Francisco, com ansinho nas mãos, arrancava as ervas daninhas dos jardins e com ansinho puxava para um canto. Era uma tarde outonal, o sol bruxulhava sobre aúmbria. suor lhe escorria em bagas da cabeça tonsurada e Frei Leão, seu mais próximo amigo, aproximou-se dele, encostou-se na parede de madeira da casa e ficou olhando o paizinho ceráfico na sua záfama com dificuldades. Agachava-se, erguia-se e Frei Leão o abordou. Paizinho, os discípulos o
chamavam de pai seráfico. Paizinho. Francisco ergueu-se e com os ouvidos procurou perceber de onde vinha o som. "Olá, Fratter", respondeu ele. "Que queres? E Frei Leão lhe perguntou: "Paizinho, se hoje tu soubesses que irias morrer, o que é que tu farias se a morte viesse te buscar a ti hoje mesmo?" Francisco narram as tradições. Apoiou um cotovelo no cabo do Anscinho. Com a outra mão trêmula, enxugou o suor em bagas. num sorriso que era quase um esgar pela magreza do rosto, respondeu: "Ora, Fratter, Fráter, se eu soubesse que hoje ainda a morte me viria buscar,
eu continuaria carpindo meu jardim." E na madrugada seguinte, 4 de outubro, os amigos jogavam pétala sobre o corpo, de onde a alma se houverolado para a imensidão em plena madrugada. Quando nós estamos fazendo a coisa certa, que importa se haja vida ou haja morte. Se estamos fazendo aquilo que preenche-nos a alma, qual é o problema entre a vida e a morte? É tão comum entre nós. Ai, se eu soubesse quando eu ia morrer, eu ia aproveitar tudo. Eu ia fazer de tudo que eu gosto. Eu ia comer de tudo que eu gosto. Eu ia usufruir
de tudo que eu quero. É sinal que eu não estou fazendo agora o que eu gosto, o que eu quero, o que eu devo, o que eu preciso. Para Francisco, se limpar o jardim era uma obra do bem. Por que que ele teria que trocar de atividade caso a morte o ameaçasse? Eu continuaria carpin do meu jardim. Teremos aprendido a viver quando a morte já não mais nos apoquentar, quando a morte já não se tornar sinistra visitante para nós, mas sim uma componente do mistério da vida. É tão bom a orientação da doutrina espírita para
nós, fazendo-nos ver, fazendo-nos crer que a vida que levamos aqui determinará a morte que nos levará para lá. Que o Senhor de bênçãos nos guarde, ilumine os nossos propósitos de realização interior, nos permita viver com sanidade na terra no exercício da santidade interior, da ética, da moral, da lisura. E que ele assim nos abençoe, guarde para sempre. Obrigado. [Aplausos]