Café Filosófico | Simone de Beauvoir - Existe um conceito universal de mulher? | 14/05/2023

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Durante séculos, a mulher foi vista e definida a partir do homem. Diversas pensadoras dedicaram-se, ...
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[Música] desde os homens Caçadores das primeiras eras eram eles quem podiam oficialmente trabalhar estudar votar e filosofar por muito tempo a vida pública e intelectual foi quase exclusivamente do homem ainda que as mulheres exercessem sua intelectualidade raramente iam para as capas dos livros e tantas foram descritadas E desacreditados assim a história do mundo vem sendo contada de forma parcial de hoje buscam resgatado a pagamentos suas antecessoras para junto a elas criaram o mundo onde a segregação por gênero cor lugar de origem classe social Não determine mais quem deve ou não participar e contar a história
do mundo filosofia substantivo feminino [Música] filosófico O que é ser mulher quais as características necessárias para se definir uma mulher biologia raça cultura O que é preciso ser para ser mulher durante muitos séculos a mulher foi vista e definida a partir do homem diversas pensadoras dedicaram-se e dedicam-se ainda a repensar o lugar das mulheres ao longo da história até os dias de hoje [Música] o homem representa ao mesmo tempo o positivo e o neutro a ponto de dizermos os homens para designar seres humanos a mulher aparece como negativo de modo que toda determinação ele é
imputada como limitação sem reciprocidade a humanidade é masculina e o homem define a mulher não em si mas em relação a ele ela não é considerada um ser autônomo o homem é pensável sem a mulher ela não é pensável sem um homem esse percurso histórico que eu vou apresentar começa em 1949 com a publicação de um segundo sexo da filósofa Simone de Beauvoir e vai até 2019 quando o filósofo transpou apreciado faz o seu discurso Manifesto eu sou o monstro que vos fala na escola da causa freudiana em Paris onde ele formaliza uma ruptura com
o conhecimento científico sobre humano que esteja baseado na diferença sexual e também a sua ruptura com a diferença binária dos humanos entre homens e mulheres Então o que eu propondo é que essa ruptura já estava em latência desde a obra de Simone Embora tenha sido premiada como escritora na filosofia sim mão de vara era frequentemente apontada de maneira pejorativa apenas como a mulher do Sartre uma expressão que serve para confirmar exatamente o que ela tava criticando a mulher é sempre definida em relação ao homem ela foi uma filósofa existencialista que fez Literatura e filosofia porque
na verdade ela partiu do princípio de que era preciso borrar essa distinção entre filosofia Literatura e a outra fronteira que ela borrou com de uma maneira muito vanguardista foi encarnar na sua forma de vida o que ela pensava né acho que isso também é alguma coisa muito importante de dizer da Simone se ela tava pensando Contra esse lugar da mulher ela tava praticando isso na sua própria vida né é ao não querer se casar formalmente com Sartre ao querer viver uma vida mais livre do que era suposto que ela viveria ela tá dialogando ainda com
as reivindicações das mulheres da desde a revolução francesa então a gente tá em 1949 a Revolução Francesa foi em 1789 e ela ainda está enfrentando um problema que era moderno que era o problema de Educar as mulheres para a vida privada e orientar os homens para vida pública então também quando eu digo que ela viveu né encarnou a uma forma de vida é porque ela viveu uma vida pública o que em si já era a revolucionário no seu tempo porque ainda as mulheres ainda estavam limitadas a viver uma vida privada né uma vida exclusivamente voltada
para a família e é muito interessante porque na filosofia existencialista tem essa ideia né de que a existência precede A Essência né então é preciso a liberdade tá Justamente na ideia de uma existência né e o que ela percebe é que não é possível ela se engajar nessa filosofia existencialista do Sartre sendo mulher porque essa liberdade da existência não tava disponível para mulheres elas não podiam nem existir como é que ser Livres o primeiro volume do segundo sexo que é dedicado a demonstrar como em diversos Campos do saber a mulher era relegada ao estatuto de
outra de coisa de objeto de mercadoria de troca né o segundo sexo que dá título ao livro legado a uma posição secundária em relação ao primeiro que é o homem né com a Simone o feminismo do século 20 questiona esse conceito de sujeito Universal abstrato e torna-se um Marco inaugural da crítica ao humanismo aqui entendido humanismo como uma forma de pensar o mundo a partir do homem europeu branco como centro de saber e de poder essa crítica humanismo que toma conta do pensamento francês nos anos 60 já tava antecipada pela Simões justamente quando ela nos
leva e faz algumas perguntas né tornar-se mulher é tornar-se parte do conceito de sujeito Universal abstrato existe um conceito universal de mulher e as mãos para defender o argumento da mulher como o segundo sexo ela faz um Panorama no primeiro volume do livro de como na filosofia na psicanálise na antropologia na literatura a mulher tava mantida nesse lugar secundário então primeiro filósofo que eu vou trazer da abordagem dela é Rego ela tava imersa num ambiente francês de leitura de Rego um filósofo alemão que começa a ser lido na França nos anos 30 como um Pensador
da alteridade né então é interessante porque Alexandre correr Alexandre cogeve chanpolite de 1930 mais ou menos 1960 junto com o foco Sartre então autores que estão dedicados tomar a obra do reino e assim como os seus pares filósofos também tá estudando Rego especificamente a dialética do Senhor e do escravo né uma passagem da fenomenologia do Espírito Em que é que eu tava pensando e sobretudo os francês leitores franceses de Reguel tão pensando que eu me constituo a partir da minha relação intersubjetiva com o outro então eu não posso existir como eu sem que o outro
também existe em relação a mim e isso é tomado justamente como uma abertura alteridade no sentido de que é uma questão ética que eu reconheça a existência do outro para que eu possa reconhecer a minha própria existência e para voar teve a astúcia de perceber que essa relação com outro ainda não era suficiente para constituir a mulher como sujeito já que nesse jogo especular aí entre o eu e o outro o homem permaneceria sendo aquele que se constitui como sujeito e a mulher permaneceria restrita ao lugar de outro aquela que se constitui numa identidade que
está oprimida ou secundarizada em relação ao homem então na percepção que eu chamei de astúcia né a mulher não seria capaz de se identificar como origem da autoridade nem muito menos de obter reconhecimento para si né nesse jogo em que ela só fornece reconhecimento ao outro com essa crítica A Simone entra história da filosofia como a primeira filósofa a indicar que não havia nenhum roteiro para contemplar a Constituição da mulher como sujeito o que ela tá dizendo é que a experiência da Liberdade situada pensada no âmbito da filosofia existencialista da qual ela faz parte só
estaria acessível ao homem e não estaria possível de ser completada pelas mulheres Portanto o seu segundo sexo elimina da mulher a possibilidade de obter de alcançar uma liberdade autônoma que é uma expressão também da filosofia existencialista e todas essas restrições são decorrência dessa sobreposição entre o masculino e o neutro né entre o abstrato Universal e o homem que conferem ao homem uma liberdade radical e constrange a mulher a restrições que eles são impostas apenas pelo fato de ser mulher tratava-se para ela e em grande medida ainda se trata hoje de ampliar a universalidade do conceito
do humano universalidade é essa que é capturada pelo homem para definir apenas a si mesmo de forma muito particular tem um outro filósofo com quem ela dialoga que é se chama Emanuel levinais e estava vivo e atuante né na França e ela mantém com o livinais de um diálogo e um debate intenso durante muitos anos ela se refere a ele logo na introdução de um segundo sexo quando diz que a mulher determina se diferencia-se em relação ao homem e não ele em relação a ela ela escreve que a fêmea é o não essencial perante o
homem que é o essencial que ela faz uma crítica porque ela atribui a ele uma visão androcêntrica e um privilégio do homem em determinar a mulher como seu outro né nos mantendo então nós mulheres mais uma vez nessa posição secundária para levinais a diferença sexual precisava ser entendida como uma dualidade de dois termos complementares por isso ele ficava a manutenção das diferenças entre homens e mulheres sobre o argumento de que a igualdade seria uma forma de medjuidade uma repetição do mesmo né mas livrai eram filósofo judeu que tinha perdido toda a família nos campos de
concentração e que se estabeleceu na França depois da segunda guerra assumindo para si a tarefa de fazer da Ajuda das cidade um elemento de crítica a filosofia de Matriz Greco ocidental e o seu interesse era sobretudo pensar a diferença né que e esse interesse vinha da Concepção que ele tinha de que o holocausto e os término dos judeus era era um decorrência da impossibilidade que a filosofia tinha de pensar a diferença que precisava ser portanto no argumento dele preservada por isso para ele naquele momento acentuar a diferença era um gesto ético político mais importante que
pensar igualdade e de alguma forma leve estavam no mesmo campo né A Crítica de um pensamento humanista que restringia a concepção de humano ele tava interessado em pensar porque os judeus tinham sido excluídos do conceito de humano e ela tava interessado em pensar porque que as mulheres tinham sido excluídas do conceito de humano só que para Simone vara assim como para as mulheres que antecediam desde a revolução francesa era inconcebível que a diferença sexual continuasse sustentando uma hierarquia entre homens e mulheres tanto na vida social quanto nas relações éticas né entre as pessoas né de
alguma forma mantendo essa ideia do secundário que eu compreendia doutrinas filosóficas mais rápido e com mais mais precisão do que ele de fato ele tem dia interpretar filosofias de acordo com seu próprio esquema para ele era muito difícil esquecer de si mesmo e adotar sem reservas um ponto de vista estranho mas eu não tive tal resistência lutar meus pensamentos se adaptavam imediatamente ao pensamento que eu tentava compreender eu não aceitava passivamente mesmo quando eu concordava Eu também percebia lacunas incoerências e explorava elaborações possíveis se uma teoria me convencia ela não permanecia exterior a mim ela
mudava minha relação com o mundo colorir a minha existência insuma eu tinha uma capacidade Sadia para adotar um senso crítico para desenvolver para mim filosofia era uma realidade viva no próximo bloco A diferença sexual é sustentada por um ideologia que consegue mais parar em nome da natureza o que na verdade é uma oposição social entre homens e mulheres [Música] a contribuição do pensamento de simones bovoir foi uma abertura crítica sobre o conceito de mulher o movimento de ampliação do feminismo que foi criando forças entre as intelectuais de sua época e dos anos seguintes em todo
mundo diversas pensadoras passaram a questionar a heteronormatividade e as verdades até então pré-estabelecidas quando o termo sexismo entra para o dicionário na França em 1978 esse monte de povoar celebra dizendo nomear é revelar e revelar é agir que eu acho muito importante observar que nós no Brasil quando estudamos filosofia francesa contemporânea nós situamos os autores e as autores que nós estudamos em relação ao trauma da segunda guerra e do holocausto mas na grande maioria das vezes nós não incluímos o problema da crise da colonização francesa nem consideramos problema da França estar enfrentando um conjunto de
movimentos de emancipação das suas colônias no continente africano mas já um conjunto de indicadores né que a gente precisa tomar e para pensar que a França estava era um império colonial em declínio digamos né basta ler o discurso do colonialismo por exemplo proferido por mcese em 1948 portanto totalmente contemporâneo do segundo sexo né para perceber que a França não estava atravessada apenas pelo trauma do nazismo mas também pelo fim desse império colonial que terminaria com a última dessa independências na guerra da Argélia que fez parte fez parte de maneira traumática da vida social francesa entre
1954 e 1962 esse período né que é um pouco posterior a publicação do segundo sexo é um período filosófico importante em 1952 Franz fanon pública Pele Negra Máscaras Brancas e em 61 ele publica Os Condenados da terra que tem prefácio de Jean Paul Sartre e ao mencionar a guerra da Argélia eu acho importante também mencionar a filosofia de Jack é um filósofo Angelino que chega na França para estudar filosofia em 1954 e com o seu pensamento da desconstrução estabelecer no coração da colonização uma crítica aos seus pressupostos eu tô pontuando essas datas aqui porque no
Brasil nós ainda estudamos a França de modo muito colonizado e parece que propositalmente nós nos esquecemos das consequências das revoltas das pessoas negras e das pessoas colonizadas que aportavam né questões ao pensamento francês daquele momento né então a condição de possibilidade de liberdade que até então para todas as pessoas que até então não cabiam no conceito de humano estava em Pauta não apenas no pensamento crítico feminista mas também na crítica ao colonialismo E aí terminar aqui a passagem pela Simone povoar eu vou mencionar uma interlocução que ela tem com antropólogo levistro eles eram amigos e
contemporâneos ele mostrou a ela as estruturas elementares do parentesco ainda em manuscrito que foi citado no segundo sexo inédito ainda não tinha publicado e nesse livro O antropólogo propõe uma das noções que serão criticadas de forma veemente pela teoria feminista a troca de mulheres troca de mulheres é uma maneira sintética de expressar o fato de que as relações sociais de um sistema específico de parentesco determinam que os homens têm certos direitos sobre as mulheres de sua família e que as mulheres não tem os mesmos direitos nem sobre si mesmas nem sobre seus parentes do sexo
masculino nesse sentido a troca de mulheres revela uma percepção profunda de um sistema no qual as mulheres não têm direitos plenos sobre si mesmas apresenta uma proposição de que os casamentos são uma forma de troca das mulheres e as mulheres são o mais precioso dos presentes a serem trocados entre as famílias já que uma mulher é dada né como dádiva a uma outra família para se casar né e a Simone buvava argumentar que as mulheres são negociadas simplesmente por serem mulheres né portanto confirmando aí a hipótese dela de que as mulheres não alcançam a posição
de sujeito ficando mantidas como mero objetos como mercadorias cujas negociações servem para confirmar o poder do Homem Sobre as suas vidas mais tarde em 1975 a antropóloga gay de rubbin vai fazer uma decisiva crítica argumentando que as formas de parentesco essas formas de criação de família são também organizadoras de poder que é sempre mantido na mão dos homens porque são os homens que estabelecem os laços sociais e econômicos por meio da troca de mulheres que são elementos centrais para outras dádivas para outros presentes né Então a partir da troca de mulheres se tem acesso à
genealogia a sobrenomes a direitos sucessórios né e a atividade sexual também né E com essa crítica A rubbin tá indicando que a troca de mulheres já é o fundamento do sistema heteronormativo que começa então a ser criticado aqui no Brasil autoras como lélia Gonzales Beatriz Nascimento Sueli Carneiro por exemplo são mulheres que vão questionar cada uma ao seu modo o feminismo a partir de uma crítica produtiva a fim de reivindicar sua ampliação nos Estados Unidos as feministas negras como a geladeira também estavam se havendo com essa questão sobre os limites do conceito de mulher Para
representar as mulheres negras esse movimento também acontece nas latino-americanas e nas feministas lésbicas que também fazem essa pergunta se existe um conceito universal de mulher Quais são as mulheres que cabem nesse conceito operar um conceito universal de mulher não seria repetir a exclusão das Diferenças que o conceito de humano já havia produzido e no circuito Francis Estados Unidos tem uma autora fundamental que é a Francesa moniciv ela publica o seu primeiro livro que é um romance chamado as guerrilheiras em 1969 Então ela tá escrevendo sacudida pelas revoltas do mar de 68 A Monique Vitinho tem
uma imensa importância no debate sobre a necessidade de contestar o conceito universal de mulher conceito que segundo ela só poderia existir dentro daquilo que ela chama de sistema de heterossexualidade compulsória ou de heteronormatividade o chamado gênero masculino significa a forma abstrata a geral a Universal pois a classe dos homens se apropriou do universal para si é preciso entender que os homens não nascem com a faculdade do Universal e que as mulheres não são reduzidas a particular no Nascimento Universal foi e continuamente é apropriado pelos esses termos vão ser retomados pela butler depois e participam da
crítica de outros pensadores feministas como que eu já mencionei mas também a Adriane Rich e a Denise que são autores citadas pela butler em problemas de gênero a Monique ela foi lida pela Judith butler que segue a sua trilha de crítica heteronormatividade em problemas de gênero e foi uma influência muito importante para o presenciado que dedica ela o seu primeiro livro O Manifesto contrassexual que é de 2004 vitigar argumenta que a diferença sexual é sustentada por uma ideologia que consegue mais cara em nome da natureza o que na verdade é uma oposição social entre homens
e mulheres então para ela passa a ser fundamental desnaturalizar a existência de um conjunto homogêneo de mulheres né pensando que há uma enorme diferença entre as mulheres né E também pensando que o termo mulher só pode ser entendido como uma categoria única num sistema heteronormativo e patriarcal por isso tem um momento desse texto pensamento hétero que ela começa propondo uma distinção entre três categorias mulher ser mulher é uma coisa ser feminista é uma é outra coisa e ser lésbica é uma terceira coisa ela tá querendo destrinchar um pouco essa ideia né de que toda mulher
é igual é universal e eu acho que importante né o movimento que ela faz porque ela acaba acentuando né o fato de que essa o sexo funciona como uma categoria de opressão análogo com a ideia de raça né porque são dois elementos que reduzem a pessoa a s condição física e essa condição biológica do corpo né O que acreditamos ser uma percepção física e direta é somente uma construção sofisticada e Mística uma formação imaginária que reinterpreta características físicas ensino neutras como quaisquer outras mas marcadas pelo sistema social por meio da rede de relações em que
são percebidas são vistas como negras logo são negras são vistas como mulheres Logos são mulheres mas antes de serem vistas dessa forma tiveram que ser feitas dessa forma gosto muito dessa passagem eu escolhi ela porque eu acho que ela tem uma importância para a gente perceber que sexo e raças são fabricações sociais que se fundamentam em características físicas e só a partir daí que ela assinaturalizam né então de certa forma é contra essa naturalização que é a segunda onda feminista sim surge e que o conceito de gênero como construção social se constrói né se ergue
como um conceito para tentar dar conta desse problema da mulher como natureza e do homem como aquele que produz Cultura a Ângela deles quando escreve mulheres dos anos 80 ela tá justamente dialogando com já com esse problema de que o feminismo precisaria estar interseccionalizado porque não mulher não era a única categoria de opressão a classe e a raça também precisavam participar disso mas por exemplo no Brasil nos anos 60 final dos anos 60 começo dos anos 70 tem uma mulher branca Paulista de família abastada que a Eliete saffioti que escreve um livro que se chama
a mulher na sociedade de classes que eu considero como uma espécie do segundo sexo brasileiro e ela tá pensando a herança colonial brasileira e como era antes Colonial brasileira oprime de maneira diferente as mulheres conforme a sua classe Embora ela seja uma feminista Branca em nenhum momento ela ignora aquilo que no seu tempo Tava diante dela a questão da raça e a questão da classe ela não trata de fato do feminismo trans mas eram os anos 60 eu sei e Eu lamento que existam feministas que não considerem por exemplo as mulheres trans como mulheres mas
eu não acho que isso existe no feminismo branco eu acho que isso existe num feminismo essencialista então para ser coerente com essa crítica a ideia de essência não é possível Ignorar as mulheres trans as mulheres negras as mulheres não ocidentais porque a ideia de essência é ela mesma violenta com várias outras formas de ser mulher que não estariam contempladas digamos numa forma ideal numa forma universal de ser mulher e eu acho a lélia um nome muito importante no feminismo brasileiro porque ela enfrentou digamos na própria militância é esse problema ou essa pergunta eu vou ser
feminista ou eu vou ser anti-racista como se fossem coisas excludentes né E ela confrontou as feministas brancas brasileiras né justamente com esse problema que é um problema fundamental que é bom e as mulheres brancas no feminismo vão oprimir as mulheres negras da mesma maneira como as mulheres brancas são oprimidas pelos homens é disso que trata de uma repetição de opressão e de tal maneira que não certo momento ela Abraça o movimento negro Unificado porque ela passa a entender que a feminilidade contra o racismo é mais importante do que ser feminista né e de fato o
racismo é um tema fundamental para ser enfrentado na sociedade brasileira né e ela tem uma contribuição que eu considero monumental que a maneira como ela percebe que imobiliza um conceito de Freud que é o conceito de denegação para pensar o racismo brasileiro então Ela opera com uma frase que é uma frase muito comum muito banal que todo mundo diz que é eu não sou racista E ela diz problema dessa frase que o que essa frase afirma é justamente que a pessoa erra racista porque ela volta lá no Freud naquela na estrutura que o Freud pensa
da denegação que é quando você nega uma coisa você tá na verdade afirmando Então quando você diz eu não sou racista e tá se declarando racista E é assim que a sociedade Brasileira naturaliza uma forma de racismo e que eu considero uma contribuição indispensável da lélia e que ainda hoje a gente enfrenta exatamente isso que ela percebeu lá nos anos 80 90 né no próximo bloco por que que primeiro eu preciso me identificar como uma mulher para depois reivindicar me libertar da categoria dos limites impostos pela categoria mulher [Música] nos dias de hoje após tantos
estudos e uma ampla crítica ao conceito de mulher uma nova questão se apresenta o feminismo a questão de gênero o feminismo diz respeito apenas as mulheres Ainda cabe a pretensão de universalidade do conceito de ser mulher como disse a filósofa Carla Rodrigues a ideia de essência é violenta com outras formas de ser mulher que não estão contempladas na forma universal de ser mulher e aí então né eu chego a Judith butler o livro dela problema de gênero foi publicado nos Estados Unidos em 1990 chegou no Brasil em 2003 com umas primeiras proposições do livro que
é também uma pergunta que ela interessa ao feminismo é possível pensar em um feminismo que não seja feito apenas em nome do sujeito mulher é uma pergunta que tem como ponto de partida a percepção de um paradoxo paradoxo é por que que primeiro eu preciso me identificar como uma mulher para depois reivindicar me libertar da categoria dos limites impostos pela categoria mulher esse paradoxo vem acompanhado de uma questão na filosofia de Butler se ser mulher significa sustentar um conjunto de pressupostos essenciais dos quais eu tenho lutado para me libertar Por que que primeiro eu preciso
me afirmar como mulher para depois ser feminista é um deslocamento que Parece pequeno mas que eu acho que muda tudo então quando Bullet diz que o sujeito mulher não deve ser o fundamento da política feminista é uma espécie de libertação porque abre a possibilidade de romper com esse círculo fechado é um problema político que primeiro as mulheres precisam se identificar como mulheres sendo então constrangidas a categoria fechada e só nessa categoria fechada elas podem ser representadas na política para depois dentro dessa categoria reivindicar direitos e esses direitos já serão limitados pelo simples fato de atenderem
apenas as as mulheres que estão identificadas nessa categoria então esses limites impostos pela categoria mulher são ligados a ideia da secundação né para pensar com a Simone ou a ideia da subalternização da mulher para pensar com o feminismo negro ou com a ideia da heterosexualização da mulher para ecoar a questão das mulheres lésbicas né então quando a butler propõe ampliar o feminismo para além da mulher ela tá na verdade deslocando o eixo da crítica em vez de se concentrar como a segunda onda feminista já havia feito na diferença sexual binária ela faz um giro em
direção a heteronormatividade como principal chave de compreensão para as formas de segregação de todas as pessoas ela tá escrevendo num momento político feminista que os Estados Unidos estavam enfrentando no tribunal dos anos 80 que eram as forças conservadores conservadoras promovendo um grande discurso de retrocesso com narrativas pautadas pela ideia de que os objetivos feministas de emancipação e de liberdade estavam prejudicando e sobrecarregando as mulheres que já tinham conquistado tudo que precisavam e portanto podia se pôr um filho feminino com o fim do século XX porque as mulheres queriam mesmo era voltar para o fogão Então
nesse momento lá desse contexto que a Buster tá enfrentando esse retrocesso imposto pelas forças conservadoras ela resolve Então criar os seus próprios problemas ao invés de entrar nessa onda que anunciava o fim do feminismo ela na verdade tá propondo uma ampliação do feminismo para além da mulher né E é assim que sem nunca abandonar o conceito gênero afinal de contas o título do livro é problema de gênero né butler propõe um deslocamento da centralidade do gênero como instrumento de crítica as discriminações na vida social é para a heteronormatividade como elemento de opressão e normatização sobre
sobre os corpos Nos quais os gênero é mais um dos marcadores né E essa discussão sobre o uso do conceito de gênero tem sido para nós feministas um grande problema legado pela butler porque nos trata nem nos desfazer do conceito de gênero nem de nos apoiarmos apenas nesse conceito para pensar a posição secundária da mulher na vida social E desde então a filosofia política da butler tem se desenvolvido como uma crítica ao projeto de normatividade como compreensão para diferentes formas de segregação E essas formas de segregação elas visam separar as vidas que se tornarão mais
ou menos precários pelas políticas de estado as vidas que tem valor e as vidas que não tem as vidas vivíveis e as vidas matáveis né as vidas que têm direito ao luto e as vidas que não tem que é o tema Que Eu Discuto no meu livro né o luto entre Clínica e a política Judith butler para além do gênero para entender essa relação com o conceito de gênero é preciso entender também que o objetivo da crítica ao gênero e a diferença sexual binária é ampliar o feminismo ao fazer a hetero a crítica heteronormatividade né
que ao fim ao cabo volta ao mesmo Ponto do começo que é fazer a crítica do limite do conceito de humano por isso quando o publica problemas de gênero ela está fazendo dois movimentos complementares Primeiro ela tá sintetizando o debate que veio antes dela né E ao mesmo tempo ela tá abrindo novas possibilidades é suficiente que o feminismo seja feito apenas em nome da mulher o feminismo é um humanismo né ou seja vai se restringir novamente ao conceito de humano e na verdade eu entendo que se trata de reivindicar reconhecimento e inteligibilidade de todas as
pessoas que ainda não puderam ser abarcadas na pretensão de universalidade do conceito de humano onde historicamente só Coube o homem ter algo de perto na afirmação de povoar de que ninguém nasce e se torna-se mulher decorre que mulher é um termo em processo um Devir um construir de que não se pode dizer com acerto que tenha uma origem ou um fim como uma prática discursiva contínua o termo está aberto a intervenções e ressignificações é por causa desse argumento de que tornasse mulher é um processo é um Devir que eu tenho trabalhado com uma outra proposta
de tradução da famosa frase da semana do voar ou no nepafama onde deviam que a tradução convencional É Ninguém nasce mulher torna mulher eu tenho traduzido por não se nasce mulher se devem mulher né é uma tradução mais literal né mas que traz traz para cena o verbo dever né e o meu objetivo justamente é reforçar esse dever como indicação de movimento né um modo de confirmar o que eu leio naquela passagem quando ela diz que a teoria de Simone wear implicava consequências aparentemente radicais que a própria bivoir não pode antecipar então para mostrar como
essa radicalidade ainda se desdobra na butler eu tenho atribuído a ela uma nova versão dessa frase da Simone de Beauvoir fui eu que escrevi dizendo que ela poderia ter escrito não se é se devém em movimento de diferenciação e acho que é importante perceber que a palavra mulher desaparece embora se veja frequentemente em bovuá uma defensora do direito de as mulheres se tornarem de fato sujeitos existenciais e portanto de serem incluídas nos termos de uma universalidade abstrata sua posição também implica uma crítica fundamental a própria descorporificação do sujeito epistemológico masculino abstrato esse sujeito abstrato na
medida em que repudia sua corporificação socialmente marcada e em que além disso projeta essa corporificação renegada e desacreditada na Esfera feminina renomeando efetivamente o corpo como feminino essa associação do corpo com feminino funciona por relações mágicas de reciprocidade mediante as quais o sexo feminino se torna restrito a seu corpo e o corpo masculino plenamente renegado torna-se paradoxalmente um instrumento incorpore de uma liberdade ostensivamente radical no próximo bloco esse conceito universal de mulher ainda opera há uma insistência numa normatividade que constrange o próprio conceito de humano [Música] se não há um conceito universal de mulher se
é um Devir um tornar-se um construir se pode abarcar uma série de diferenciações está aberto a ressignificações este movimento de diferenciação nós podemos acompanhar na transição de Beatriz para Pou apreciado eu nunca vi a me sentido Universal era uma mulher era lésbica era migrante conhecia a alteridade não a universalidade se renunciasse a me afirmar publicamente como TRANS e aceitasse ser reconhecido como homem poderia abandonar de uma vez por todas o peso da identidade não existe identidade mais esclerosada e mais rígida do que a sua identidade invisível que a sua universalidade republicana sua identidade leve e
anônima é o privilégio da Norma sexual E de gênero ou bem todos temos uma identidade ou então não existe identidade ser marcado com uma identidade significa simplesmente não ter o poder de nomear sua posição monstro que vos fala é uma conferência proferida na escola da causa freudiana em Paris em 2019 num congresso que tinha como tema a mulher na psicanálise essa conferência do preciado apesar de um tom muito provocador dirigido aos psicanalistas ela não brotou de um impulso irrefredo de fúria né mas bem ao contrário quase tudo que tá ali vinha sendo elaborado por muitas
feministas algumas Eu mencionei aqui mas há muitas outras que se dedicaram a pensar o problema da diferença sexual binária especificamente na psicanálise João River sarakoffman Lucy cornel Elizabeth Gloss Mitchel todas elas discutir não ou com Freud ou com Lacan sobre esse problema da divisão entre homens e mulheres é importante observar que preciado também radicaliza crítica a diferença sexual que o precede na medida em que ele faz uma crítica ao modo de produzir conhecimento que sustenta a diferença sexual como paradigma para a compreensão do humano e opreciado usa como metáfora a imagem de um aeroporto e
é uma imagem que ele toma emprestado antropólogo Bruno latour a imagem é de que não é possível Pretender aterrizar um hidroavião no aeroporto de orli porque o próprio conceito de do avião não pode funcionar com o conjunto de instrumentos de que o lide expõe Então embora um aeroporto como ele ou como Viracopos tenha um conjunto muito avançado de tecnologia é toda essa tecnologia científica disponível ali não é capaz de compreender um hidro avião porque um hidrovão não pode pousar naquele aeroporto então quando apreciado recorre a essa metáfora e a ideia de paradigma é como se
ele tivesse dizendo a diferença sexual é esse hidro avião aí hoje o mundo já tem aeroportos como lhe ou Viracopos e há uma infinidade de outras possibilidades e o conhecimento científico sobre o humano continua operando com um hidro avião não se trata mais de discutir dentro das teorias que ainda se sustentam nesse paradigma da diferença sexual mas se trata de fazer um giro para fora dessas teorias de inventar de encontrar uma saída e uma saída dessa jaula do binismo homem e mulher ou masculino feminino que insiste em operar ali mesmo já não pode mais dar
conta dessa multidão de pessoas cujas vidas não são inteligíveis sem A transformação radical a que preciado se refere o que inclui pessoas negras pessoas trans pessoas homossexuais migrantes e muitos casos e ainda inclui também as mulheres quando falo de uma nova epistemologia não me refiro unicamente a transformação das práticas tecnocientíficas mas também é um processo de ampliação radical do Horizonte democrático para reconhecer como sujeito político todo corpo vivo sem que a designação sexual ou de gênero seja a condição de possibilidade desse reconhecimento social e político a violência epistêmica do paradigma da diferença sexual e do
regime patriarco Colonial está sendo posta em questão pelos movimentos feministas anti-racistas intersexo TRANS e Hand Clear que reivindicam um reconhecimento como corpos vivos plenos de direito daqueles daquelas e daqueles que haviam sido marcados como politicamente subalternos o que eu acho que nós podemos concluir é que ali onde esse conceito universal de mulher ainda opera há uma insistência numa normatividade que constrange o próprio conceito de humano então trata-se tanto de pensar a teoria a prática feminista como um movimento radical de abandono das restrições que o conceito de humano impõe as nossas formas de vida e fundamenta
todo tipo de violência a restrição do que entendemos como humano é um dos pilares de da violência estrutural e Colonial que nos constitui como sociedade essa violência é voltada Contra isso que muitas vezes chamamos de feminino para nomear esse elemento perturbador que constitui o humano e por isso eu resolvi levar a sério o termo feminicídio como uma palavra que se refere ao homicídio do feminino esteja o feminino Aonde Estiver não apenas nas mulheres isso me permite por exemplo chamar a violência contra as pessoas trans além de transfobia de também de feminicídio porque aqui essa violência
estaria dirigida contra o feminino que estaria supostamente fora do seu lugar natural por exemplo uma pessoa que transiciou de homem para mulher estaria expondo uma feminilidade inadequada o mesmo se poderia dizer de uma mulher lésbica que estaria recusando a sua própria feminilidade natural né ou de um homem gay que também supostamente estaria se apropriando de um feminino que não lhe é próprio então na minha hipótese é uma violência estrutural no feminicídio e essa violência está baseada na defesa da natureza como fundamento de quem pode reivindicar o conceito de humano a estrutura dessa violência que nos
constitui é colonizadora e é feita em nome da transformação da natureza em cultura da suposta barbárie em civilização daí decorre que todo elemento da natureza se transforma em objeto de violação justificada em nome dessa passagem da natureza para cultura Então se um homem ainda compreende a mulher como naturalmente votada a servi-lo e atendê-lo e se essa mulher falha ao cumprir esse destino natural a violência contra ela já está justificada no seu próprio comportamento no caso das pessoas lgbtqia+ a mera existência dessas vidas já suscitaria o recurso a violência por serem vidas que a priori só
podem existir contrair contrariando uma certa ideia de natureza e aqui é interessante pensar que no projeto Colonial a natureza deve ser transformada em cultura é disso que se trata né mas ela só pode ser transformada em cultura porque ainda tem o poder sobre a natureza que no entanto não pode modificada na sua essência e é para nos libertar dos grilhões da essência do humano que historicamente essa Essência tem sido usada para produzir todo tipo de violência que eu tenho feito filosofia feminista que eu considero uma mola propulsora de ampliação dos limites restritos do conceito de
humano como eu espero ter mostrado para vocês aqui nem o sistema nem a história poderiam não mais que o demônio malicioso cancelar a certeza viva de eu sou eu existo neste lugar nesse momento eu [Música] mais reflexões no site e Facebook do Instituto CPFL e no canal do Café Filosófico no YouTube Eu acho que a busca da qualidade de gênero é uma forma da gente retomar o problema da universalidade né é bom se fazer política se a política se faz a partir da representação se as mulheres são metade da humanidade logo elas devem estar de
maneira paritária em todas as decisões da vida social e política de todas as nações [Música]
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