MEMORIAL DO CONVENTO, DE JOSÉ SARAMAGO (#270)

o olá gente já estamos de volta com mais uma resenha aqui no canal antes de mais nada quero agradecer vocês pela audiência que vocês deram no último vídeo que eu publiquei aqui quando eu falei para vocês do fim do meu clube do livro eu quero agradecer também a todos os que ajudaram a liquidar os últimos itens da nossa lojinha todas as caixinhas esgotaram todas com exceção só sobrou alguns exemplares do da caixinha de setembro o cortiço de aluísio azevedo então para quem quiser ainda tem uma lembrança do meu clube que como eu contei para vocês

precisou fechar atividades por causa da crise do coronavírus se você ainda quiser ter uma lembrança do meu clube que é isso aqui atrás de mim né eu vou guardar a coleção completa e muita gente eu sei que vai conseguir guardar a coleção também é só acessar o endereço que eu deixo aqui embaixo na descrição o link da lojinha só sobrou a caixinha muito obrigado a todos vocês hoje eu quero falar sobre um livro que eu li nas férias de verão lá em janeiro antes da gente saber que o ano de 2020 dia se essa desgraça

que está sendo quando a gente era feliz e não sabia né eu li nas minhas férias de verão um dos mais importantes livros escritos em língua portuguesa considerado a obra-prima do único escritor de língua portuguesa aqui foi vencedor de um prêmio nobel de literatura estou falando de memorial do convento de josé saramago essa edição da companhia das letras tem essa caligrafia do escritor raduan nassar é uma coleção limitada que eles fizeram dos livros do josé saramago sempre escritos com a grafia de outros importantes escritores da língua portuguesa que tem no saramago grande inspiração e é

uma ideia inclusive emprestada da editora que edita os livros lado saramago em portugal esse também tem outras grafias né para dar título os livros do saramago é esse é o livro mais lido provavelmente mais amado de saramago em portugal é diferente aqui do brasil onde a gente prefere o ensaio sobre a cegueira talvez porque a nossa realidade brasileira seja mais semelhante àquela distopia moderna labiríntica e urbana né talvez seja por isso que a gente prefere mensagem sobre a seguir os portugueses no entanto tem como unanimidade o memorial do convento o melhor romance de saramago é

um romance histórico que fala sobre portugal du por isso existe essa conexão evidente entre o livro e o povo português ele é composto de 25 capítulos não numerados então quando eu tava estudando a obra eu para me ela falou que postites em cada um dos capítulos enumerei eu mesma porque às vezes a gente vai na internet ler alguma coisa ali um comentário e aí o comentarista falando capítulo 8 como eu não sabia qual era o capítulo 8 eu mesmo não mereço mas não é necessário tá só porque eu resolvi estudar um pouquinho mais a fundo

para poder gravar esse vídeo para vocês quem foi josé saramago esse senhorzinho aqui de olhar diz a sossegado na minha miniatura um dos meus escritores prediletos ele foi um filho de agricultores um homem de origem humilde que não teve formação acadêmica tradicional humanística não frequentou a universidade e no entanto era gênio como se revelou mais para frente ao longo da vida um auto de data que demorou muitas décadas para encontrar a sua voz como e ele escreveu embora muita gente não saiba ele escreveu vários gêneros ele escreveu poesia escreveu o ensaio crítica literária trabalhou como

jornalista trabalhou como dramaturgo escreveu peças de teatro não sei se suas peças chegaram a ser montadas foi só na terceira idade quando ele já tava na maturidade da vida que ele consolidou o seu estilo pelo código ficaria conhecido e descobriu que a prosa ficção era o seu estilo favorito encontrou a sua maneira de contar histórias memorial do convento foi publicado em 1932 e então saramago já tinha mais ou menos uns 60 anos e foi ele ainda era um tanto desconhecido principalmente fora de portugal já não era conhecido de maneira nenhuma em 1982 com esse seu

segundo romance já nessa fase mais madura ele teve grande sucesso de público e de crítica e foi aí que o seu trabalho passou a ser traduzido em outros idiomas começando a lente a jornada que em 1998 e a fazer dele o único primeiro e único nobel da língua portuguesa uma das conquistas inclusive do memorial do convento na vida do saramago foi o amor da sua esposa pilar viúva dele né tá vivo até hoje ela sempre conta que ela se apaixonou imediatamente por ele quando ela leu esse livro bem antes de conhecê-lo pessoalmente enfim é do

que se trata memorial do convento é um romance histórico que se faça a em portugal no começo do século 18 a gente tá falando do ano de 1710 em diante mais ou menos reinado do rei dom joão quinto e por haver muitos reis da história de portugal né muitos dons dons pedro sons miguéis donas marias dos afonsos a gente esse olá tudo com isso e não tem muita compreensão do que foi o começo do século 18 e o reinado do dom joão quinto e no entanto esse é um rico e tem profunda ligação com o

brasil e cuja história teria sido completamente diferente se não tivesse sido no reinado dele a época em que mais ouro recebeu portugal vindo das recém-descobertas minas de ouro em minas gerais em mato grosso e em goiás estima-se que durante esse ciclo esse período de mais ou menos 60 70 anos de surgiu da exploração de ouro e diamantes aqui no brasil tenha chegado em portugal mais ou menos calcula-se mais ou menos prepare-se para esse número mil toneladas de ouro mil toneladas são 1 milhão de quilos de ouro um bilhão de gramas de ouro a gente que

paga em 12 vezes daqueles brin o que tem medo de gramas a gente pode ter uma ligeira noção do que representa mil toneladas de ouro e foi justamente esse rei dom joão quinto esse sortudo o que usufruiu dessa quantidade de riquezas nunca dantes usufruídos por nenhum monarca português ou é portanto um período de apogeu econômico portugal conseguiu se reorganizar depois de um século 17 sequência ele é muito complicado portugal tinha passado por 60 anos de dominação da coroa espanhola eles tiveram que lutar pela sua independência numa guerra que durou 28 anos da qual se seguiu

um reinado também claudicante né daquele que foi o pai do dom joão quinto foi na época o que que se descobriu o ouro no brasil é que as coisas finalmente ficar um pouquinho mais sossegada e a coroa portuguesa pode usufruir de uma segurança financeira que eles nunca tinham visto antes e só abrindo um parêntesis a gente está falando no mesmo período a nossa que coincidência o mesmo período em que se passa memorial do convento a principal história de josé saramago lá em portugal é o período em que se passa o romance que estou lendo agora

a muralha da dinah silveira de queiroz aqui no brasil e essa é uma história sobre uma família de bandeirantes paulistas que foi o grupo de desbravadores né gravadores traficantes de escravos gente de má índole não mas foram eles que tinham acabado de descobrir essas minas de ouro lá na região das minas gerais então é mais ou menos nessa época aqui no brasil que se passa a história de memorial do convento e eu não poderia estar mais encantada com esse tipo de conexão entre as duas livros que eu leio eu adoro umas históricos eu adoro história

do brasil e eu estou encantada ainda tô no meio da leitura do da muralha tá então a fazer mais nenhum comentário fecha-se parentes vamos voltar para o memorial do convento do que a gente tava falando assim do fluxo de riquezas inimagináveis que eram trazidos todos os meses de navios de navios carregados de ouro que vinham aqui do brasil o que que o monarca pode fazer com tanto dinheiro ele pode ele tem um mundo pela sua frente né mas ele preferiu pegar tudo esse óleo que chegou tudo brasil em investir na construção de prédios e monumentos

de natureza extravagante o mais famoso deles tendo sido o convento de mafra a e aí e aí e aí e aí a onde fica mafra muito próximo de lisboa mais ou menos uns 25 km que hoje pode ser feito rapidamente de carro de trem daquela época era algum algumas horas talvez alguns dias de caminhada mas era muito próximo de lisboa e foi lá que dom joão quinto que construir a sua obra mais ousada o equivalente ao palácio de versailles que ainda não existia lá na frança né ele antecipou essa megalomania em mafra o convento de

mafra veja bem que ele não ia servir somente como uma casa para freiras e padres o projeto megalomaníaco de dom joão e inclui a construção de um espaço que ia servir como um palácio nacional ia ver um espaço para o hospital biblioteca naturalmente uma grande igreja uma grande basílica e esse controle no lugar e espaços que irão servir como escritórios administrativos das secretarias do império português era para ser um grande palácio de versailles a sede do império português diz a lenda que o dom joão quinto resolveu construir o convento de mafra por causa de uma

promessa que ele tinha feito para frades franciscanos de que ele construiria um grande convento caso a sua esposa dona mariana é engravidasse e isso linda se não foi confirmado mas a história que ficou conta até hoje que aquele palácio enorme foi construído simplesmente em agradecimento a deus por ter feito dona mariana engravidar agora vocês podem imaginar que um prédio como esses dessas dimensões dificilmente pode ser construído no período de vida de um único ser humano as catedrais por exemplo medievais demoraram séculos para ficar prontas mas não joão quinto estava tão determinado a conseguir inaugurar aquela

obra pelo menos durante o seu espaço de vida que ele não poupou esforços e me recursos humanos estima-se que a construção do convento de mafra tem a empenhado mais ou menos cerca de 100 mil trabalhadores entre pedreiros pintores carpinteiros e o fato é que tudo parece ter sido feito na ilusão de que aquelas riquezas que vinham no brasil aquele ouro aquelas pedras preciosas eram infinitas não iriam acabar jamais que todos nós sabemos nova for que aconteceu porque o ciclo do ouro ele foi rápido quando a gente vai ver a partir de 1760 mais ou menos

a produção do ouro começou a declinar declinaria que na até se esgotar completamente a ambição a ganância daqueles garimpeiros daqueles fazendeiros com seus milhares de escravos que morriam as piores condições possíveis arrancando o ouro da terra eram tão grandes que muito rapidamente essas reservas de ouro terminaram e eu o e não voltou a passar por dificuldades financeiras então os historiadores costumam enxergar a grande obra do grande convento palácio de mafra como um símbolo do desperdício de riquezas que caracterizou a coroa portuguesa durante esse período de grande bonança por causa do ouro que vem ou no

brasil o saramago por exemplo quem conhece a obra dele tá careca de saber gostava de colocar no seus textos nas suas obras muita crítica social muita crítica histórica então é evidente que ele vai aproveitar essa oportunidade para falar da construção desse que foi um grande megalomaníaco projeto que consumiu riquezas e que não levou a lugar nenhum somente a construção daquele prédio nome ele também não vai poupar críticas ao desperdício de vidas que essa obra também representou porquê desses 100 mil trabalhadores a grande maioria vivia e trabalhava em os níveis sofria tenebrosos acidentes de trabalho esmagavam

perna perdi uma vida era muito comum então ele vai aproveitar essa oportunidade para dar nome para dar biografias para dar profundidade para esses trabalhadores que serão personagens aqui no livro em que normalmente não aparecem nos livros de história representando todos esses trabalhadores do convento de mafra a gente tem o nosso protagonista baltazar ele foi soldado então ainda prestou serviço portugal indo para a guerra e sobrevivente da guerra somente uma perda né de mamão ele passou a usar um gancho na mão e livro depois foi trabalhar na construção do convento de mafra juntamente com a sua

família o seu pai seu cunhado toda a família foi empregada só que essa não é a única construção de que saramago fala aqui nessa história paralelamente à construção do convento a gente é uma outra construção a gente tem a construção de um invento uma máquina idealizada por um homem que hoje a gente aprendeu a valorizar uma vez sonhador visionário inventivo eu tô falando do padre bartolomeu de gusmão personagem histórico também e que veja só como o brasil é importante nessa história do saramago é nascido e criado aqui no brasil ele nasceu em santos educou-se em

são vicente e também em salvador se ordenou padre e não porque tivesse uma grande vocação religiosa mas é porque naquela época era a melhor forma de você receber boa educação mas o que o bartolomeu de gusmao tinha realmente era espírito de inventor de e cientista ele é o antepassado histórico de santos dumont antes de completar 20 anos de idade ele já tinha inventado máquinas hidráulicas já tinha solucionado algum é mas com suas invenções ali no seminário onde ele estudava ele já tinha inclusive tido patentes reconhecidas pelo próprio dom joão lá em portugal ele era tão

brilhante ele chamou tanta atenção pela sua prodigiosa memória ela sua capacidade de raciocínio que ele conseguiu bolsa para estudar na universidade de coimbra e impressionou o rei de portugal pessoalmente antes dos 24 anos ele conseguiu autorização do próprio rei e patrocínio do rei para a construção de uma ambiciosa máquina de voar veja só 1709 aeróstato uma máquina de voar mais leve que o ar ou como a gente chama hoje em dia um balão não pensem que ele foi que nem o padre dos balões lá que se encheu de balão de gás hélio e saiu voando

não mas ele construiu de fato cientista que era pequeno os modelos de balão e demonstrou diversas vezes ele teve quatro protótipos que ele demonstrou na frente do reino salão do palácio e de fato o balãozinho voou não havia ninguém imaginava que pudesse é possível construir um balão grande suficiente para uma pessoa entrar dentro e controlar aquilo né então eles acharam aqui no evento bacana porém meio inútil e as pesquisas do padre bartolomeu não foram adiante ele foi estudar outras coisas essas são as informações históricas existiu de fato um padre chamado bartolomeu lourenço de gusmão que

vai ser personagem também aqui no memorial do convento e ele de fato era um padre cientista um padre inventor nascido no brasil só que o josé saramago vai se aproveitar de uma lenda que foi criada em torno da figura desse padre que era a construção de uma máquina de voar movida a um pouco de bruxaria que ganharam o nome de passar ola dizem que essa foi uma lenda que o próprio padre ajudou a espalhar uma trollagem que ele fez na época ele criou esse desenho de uma máquina em forma de passarinho e disse que ia

fazer lá voar usando o magnetismo que naquela época era considerado assim quase irmã da bruxaria e além da se espalhou inclusive foi contada pela europa inteira que tinha um padre que tinha criado essa máquina de voar isso é lenda isso não é verdade essa máquina chamada passar cola nunca existiu ela foi uma brincadeira uma trollagem do padre que não por acaso depois né ia ter problemas com a inquisição porque ele era inteligente demais e fazia piadas demais mas é com base nessa lenda o josé saramago vai trazer o padre como um dos personagens do livro

ea construção da passarela vai acontecer então a gente vai ter essas duas e simultânea e completamente diferentes primeiro a construção de um convento que representa os caprichos de um reino megalomaníaco e não muito brilhante dom joão quinto não era um homem especial ele foi só o cara que deve sorte de ser o rei de portugal na época em portugal recebeu mais dinheiro assim caindo do céu e nós temos também a construção de uma máquina de voar uma invenção que representa a criatividade humana a liberdade a elevação do espírito o triunfo da ciência contra o obscurantismo

são essas duas construções que paralelamente vão conduzir as histórias de memorial do convento o padre bartolomeu lourenço de gusmão é um dos personagens ele vai ficar amigo do protagonista o volta das sete sóis e da sua companheira abre muda sete luas bermuda depois eu também fui descobrir segundo a pesquisa do professor oi josé horácio da costa da universidade de são paulo foi uma personagem que o josé saramago criou aqui para história inspirada numa vidente que é descrita por historiadores e viajantes do século 18 uma mulher que tinha capacidade de enxergar através das pessoas e através

dos objetos e o casal blimunda e baltasar vão ser um dos mais encantadores e mais inesquecíveis da história da literatura em língua portuguesa memorial do convento é uma história ao mesmo tempo de amor é uma história sobre liberdade liberdade de pensamento liberdade intelectual é uma história crítica é uma história que critica a tirania arbitrariedade e faz uma arqueologia do poder da coroa portuguesa o seu período mais absolut street nos leva de volta ao século da literatura barroca ao século da inquisição fortíssimo em portugal castigando as pessoas assim pelos mais esdrúxulas acusações de judaísmo de bruxaria

ou subversão de qualquer maneira veremos muitos episódios da inquisição aqui nesse livro é um livrasso que livro maravilhoso livro que eu tenho vontade de reler eu recomendo fortemente que vocês coloquem essa obra na vida de vocês tragam memorial do convento para o repertório para a vida de vocês eu tenho certeza absoluta que vocês não vão se arrepender vou deixar o link aqui embaixo na descrição também para quem ficou curioso quiser comprar e se você tem outros comentários a fazer sobre essa obra que tem inúmeras possibilidades de interpretação usa aqui embaixo campo dos comentários e vou

adorar ver quais foram as impressões de é um beijo para todo mundo a gente se vê no próximo vídeo então até mais